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18/11/2020 1 Hematologia Fundamental FFC 322 Marcos K. Fleury Laboratório de Hemoglobinas Faculdade de Farmácia - UFRJ mkfleury@ufrj.br @marcoskfleury • Coleta com anticoagulante adequado. • Identificação do paciente. • Rotulagem prévia dos frascos de coleta. • Posição do paciente – sentado ou deitado. • Imobilização correta de crianças. • Uso de luvas durante a coleta. Coleta de sangue φ F le u ry Coleta de sangue φ F le u ry • Coleta de material preferencialmente da fossa antecubital (cubital mediana, cefálica ou basílica). • Desinfecção da pele com etanol a 70%. • O garroteamento deve se estender por, no máximo, 1 minuto. 1 2 3 18/11/2020 2 • Coleta a vácuo ou com seringa. (0,9 mm e 0,8 mm para adultos e 0,7 mm e 0,6 mm para as crianças). • Pressão negativa mínima. • Liberar o garrote antes de retirar a agulha. • Pressionar o local da punção com o braço esticado. • Homogeneizar o material por inversão (4 ou 5 vezes) . Coleta de sangue φ F le u ry Anticoagulantes e contêineres • Anticoagulante de escolha – K2EDTA, K3EDTA e o Na2EDTA. • K2EDTA seco ou em solução, em concentração final de 1,5 a 2,2 mg/ml (ICSH) . • Evitar o excesso de EDTA → morfologia e eritrócitos. • K3EDTA causa desidratação dos eritrócitos. Coleta de sangue φ F le u ry Padronização dos procedimentos. • Toda amostra é potencialmente infectante. • Uso de luvas pelo coletador • As luvas devem ser trocadas a cada paciente. • O sistema a vácuo é preferível ao de seringas. • Se a transferência de material for necessária, não retirar a tampa do tubo. • O tubo não deve ser segurado com a mão durante a transferência. Coleta de sangue φ F le u ry 4 5 6 18/11/2020 3 Técnicas Básicas φ F le u ry H em ác ia s : 4 5% Pl as m a: 5 4% H em ató crito • Produção de eritrócitos – Eritropoese • Eritropoietina – Análise laboratorial das hemácias • Contagem de hemácias • Hematócrito • Hemoglobina Hematologia Básica φ F le u ry Contagem de eritrócitos – Contados automaticamente permite uma estimativa do volume globular correlacionando-a ao hematócrito. Expressa como número de células por unidade de volume. • Realizada em contadores automatizados pelo método de impedância. VN: 4,30 a 5,60 x 1012/l Os equipamentos contam de 20.000 a 50.000 células melhorando a reprodutibilidade. Hematologia Básica φ F le u ry 7 8 9 18/11/2020 4 plasma hemácias X cm Y cm Hematócrito – fração ocupada pelos eritrócitos em uma coluna de sangue centrifugado expresso como fração decimal volume/volume. Hematócrito - Representa o percentual de células vermelhas na amostra de sangue. VN: 39 a 48% É determinado por meio de centrifugação a uma velocidade de 10.000 a 15.000 g por 5 minutos Pode ser usado sangue com EDTA ou heparina. Pode apresentar uma variação de 2 a 3% em relação aos equipamentos automatizados. Hematologia Básica φ F le u ry Hemoglobina – medida por colorimetria sendo expressa como uma fração decimal massa/volume. A dosagem é feita pela dissolução de um volume de sangue em diluente que lisa as hemácias produzindo uma solução de hemoglobina. VN: 13,0 a 16,0 g/dl A dosagem é feita por densidade ótica (ou absorvância) em 540 nm. O método recomendado pelo ICSH é o da cianometehemoglobina. Hematologia Básica φ F le u ry Hematologia Básica Hemoglobina – Molécula transportadora de O2 – Composta de 4 subunidades: » Globina (1 molécula de O2) » Heme (ferro) – Totalmente saturada = 4 subunidades de globina com O2 » cada grama de hemoglobina = 1,34 ml O2 φ F le u ry 10 11 12 18/11/2020 5 Índices hematimétricos - calculados a partir dos dados relativos a série vermelha • Volume globular médio - VR: 80 a 96 fL. VGM (fL) = Ht (%) x 10 Hm (milhões/ml) • Hemoglobina globular média – VR: 27 a 32 pg HGM (pg) = Hb (g/dl) x 10 Hm (milhões/ml) • Concentração de Hemoglobina globular média – VR: 31 a 35% CHGM (g/dl ou %) = Hb (g/dl) x 100 Ht (%) Hematologia Básica φ F le u ry Técnicas Básicas φ F le u ry Leucócitos – Leucometria • Normal 5,0 a 9,0 x 109/l – Leucopoese • Granulócitos – Neutrófilos – Basófilos – Eosinófilos • Monócitos • Linfócitos Hematologia Básica φ F le u ry 13 14 15 18/11/2020 6 Contagem de leucócitos – contados em câmara (hemocitômetro) ou automaticamente. Expressos em número de células por unidade de volume. VN – 5 a 9 x 109/l Na contagem manual é difícil distingui-los dos eritroblastos. Amostras leucopênicas devem ser contadas manualmente. Hematologia Básica φ F le u ry Contagem diferencial de leucócitos – é a especificação dos tipos leucocitários expressa em percentagem. O ICSH preconiza a expressão dos resultados em valores absolutos. Hematologia Básica φ F le u ry Função Precursores das células segmentadas Fagocitose; diapedese B (20%); produção de Ac T (70%) defesa citotóxica. Fagocitose Defesa contra parasitos regulação imune Resposta a inflamações localizadas Contagem (%) 0 – 4% 50 – 70% 20 – 50% 2 – 8% 1 – 4% 0 – 1% Tipo celular Bastões Segmentados Linfócitos Monócitos Eosinófilos Basófilos Hematologia Básica φ F le u ry 16 17 18 18/11/2020 7 Técnicas Básicas φ F le u ry Contagem de plaquetas – Contadas por microscopia ótica ou automaticamente são expressas como número de células por unidade de volume. VN de 150 a 450 x 109/l As técnicas manuais incluem metodologias usando sangue total ou plasma rico em plaquetas sedimentado ou centrifugado. O tamanho das plaquetas pode interferir nas contagens. Hematologia Básica φ F le u ry Contagem de reticulócitos – Podem ser contados manualmente ou por métodos automatizados. Os métodos manuais carecem de reprodutibilidade devido ao pequeno número de células contadas. As metodologias automatizadas podem classificar os reticulócitos de acordo com o grau de maturação da célula além de calcular os índices hematimétricos. Hematologia Básica φ F le u ry 19 20 21 1 Hematopoese @marcoskfleury 1 Marcos K. Fleury Laboratório de Hemoglobinas Faculdade de Farmácia - UFRJ mkfleury@ufrj.br • É o processo de formação , maturação e liberação das células sanguíneas Eritropoese - Hemácias Leucopoese - Leucócitos Trombopoese - Plaquetas • Tem como objetivo: Manter a população de células circulantes. Responder a um determinado estímulo Hematopoese φ F le u ry Hematopoese Requisitos básicos 1. Stem cells (células tronco hematopoéticas). 2. Meio ambiente medular (fibroblastos, macrófagos e células endoteliais). 3. Fatores de crescimento (GM-CSF, Eritropoietina ...) φ F le u ry 1 2 3 2 Hematopoese Feto 0 – 2 meses saco vitelino 2 – 7 meses fígado e baço 5 – 9 meses medula óssea Lactente medula óssea (praticamente todos os ossos) Adultos extremidades proximais do fêmur e úmero, vértebras, costelas, crânio, esterno, sacro e pelve φ F le u ry Sítios hematopoéticos φ F le u ry • Nas regiões hematopoéticas, 50% do tecido medular é representado por gordura. • O espaço ocupado pela medula óssea gordurosa é capaz de dar lugar ao tecido hematopoético. • O fígado e o baço podem retomar seu papel de órgão hematopoético (hematopoese extramedular). Hematopoese Hoffbrand, 2004 φ F le u ry 4 5 6 3 • A célula tronco tem capacidade de auto-renovação. A medida que a célula amadurece esta capacidade diminui. • A celularidade é constante em condições normais. Compartimentos estáveis em relação ao número de células. • O sistema é capaz de uma ampliação de 1 → 10 6. • As células tronco também originam os osteoclastos, células naturalmente citotóxicas (NK) e células dendríticas. Células tronco φ F le u ry Stem cell Progenitor mielóide Progenitor linfóide Megacariócito Plaquetas Hemácias Mastócitos Mieloblastos Basófilo Neutrófilo Eosinófilo Monócitos Macrófago Linfócitopequeno Natural Killer (Grande linfócito granular) Linfócito B Linfócito T Plasmócito Células tronco e progenitoras φ F le u ry Fatores de crescimento • Usualmente atuam em mais de uma linhagem celular. • São glicoproteínas que atuam em concentrações mínimas • Atuam de acordo com uma hierarquia. • São produzidos pelos linfócitos T, monócitos (macrófagos), rins, fígado e células do estroma. φ F le u ry 7 8 9 4 Fatores de crescimento • Atuam nas células tronco / progenitoras e nas células funcionais maduras. • Têm interações sinérgicas ou aditivas com outros fatores. • Atuam da mesma forma em células normais ou neoplásicas. • Têm ações múltiplas: proliferação, diferenciação, maturação, ativação funcional e prevenção da apoptose. φ F le u ry Sítio de ação HGF Célula do estroma IL-1, TNF Stem cell pluripotente Stem cell factor (SCF), Flt ligante (Flt-L) Célula progenitora multipotente IL-3, GM-CSF, IL-6, G-CSF, trombopoietina Célula progenitora comissionada G-CSF*, M-CSF, IL-5 (eosinófilo-CSF), eri tropoietina, trombopoietina* Hoffbrand, 2004 φ F le u ry Proliferação φ F le u ry 10 11 12 5 Diferenciação Maturação φ F le u ry Apoptose Ativação funcional. φ F le u ry Medula óssea normal φ F le u ry 13 14 15 6 Células Imaturas CFU-GEMM BFU-E CFU-E Compartimento de Proliferação Pró-eritroblasto Eritroblasto basófilo Eritroblasto policromático Compartimento de Maturação Eritroblasto ortocromático Reticulócito Hemácia Eritropoese φ F le u ry • A eritropoese é regulada pela eritropoietina produzida nas células intersticiais peritubulares renais e no fígado • O estímulo para produção de eritropoietina é a pO2 no tecido renal. • O incremento à hematopoese é feito pelo aumento do número de células progenitoras (BFU-E e CFU-E). • Os níveis plasmáticos de eritropoietina são valiosos no diagnóstico clínico. Eritropoese BFU-E CFU-E Reticulócitos Eritropoietina Sensor de O2 Rim φ F le u ry Eritropoese φ F le u ry 16 17 18 7 Eritropoese φ F le u ry Hemoglobina • A hemoglobina é uma molécula tetramérica composta de 2 pares de cadeias globínicas, cada uma delas ligada a um grupamento heme. • O adulto normal apresenta três hemoglobinas diferentes: Hb A Hb F Hb A2 a2b2 a2g2 a2d2 96 – 98% 0,5 – 1% 2 – 3,5% φ F le u ry • A síntese do grupamento heme é realizada nas mitocôndrias tendo como coenzima o fosfato de piridoxina (B6) estimulado pela eritropoietina. • O núcleo de porfirina combina-se com o Fe +2 formando o heme, que se liga às cadeias de globina. Glicina + B6 + Succinil-CoA d- ALA Protoporfirina Uroporfirinogênio Coproporfirinogênio Porfobilinogênio Fe• • Heme Fe Mitocôndria Grupamento Heme φ F le u ry 19 20 21 8 Hemoglobina φ F le u ry Linhagem mielóide φ F le u ry CFU - G Linhagem mielóide GranulócitosMieloblastos Pró-mielócitos Mielócitos Metamielócitos Bastões φ F le u ry 22 23 24 9 Linhagem linfóide φ F le u ry Função Precursores das células segmentadas Fagocitose; diapedese B (20%); produção de Ac T (70%) defesa citotóxica. Fagocitose Defesa contra parasitos regulação imune Resposta a inflamações localizadas Contagem (%) 0 – 4% 50 – 70% 20 – 50% 2 – 8% 1 – 4% 0 – 1% Tipo celular Bastões Segmentados Linfócitos Monócitos Eosinófilos Basófilos Leucócitos circulantes φ F le u ry CFU-GEMM CFU-Meg Megacarioblasto Megacariócito Plaquetas SF IL-3 IL-11 SF Trombocitopoese: Controle Humoral φ F le u ry 25 26 27 10 φ F le u ry Megacariócitos φ F le u ry Plaquetogênese 28 29 1 METABOLISMO DO FERRO Marcos K. Fleury Faculdade de Farmácia - UFRJ mkfleury@ufrj.br O ferro na dieta • Está presente nos alimentos como hidróxidos férricos, complexos protéicos férricos e complexos heme-proteínas. • As carnes oferecem melhor absorção deste elemento do que vegetais, ovos e laticínios. • Uma dieta média contém de 10 a 15 mg de ferro / dia, onde 5 a 10% são normalmente absorvidos. • Em estados carenciais esta absorção pode aumentar para 20 a 30%. φ F le u ry Dcytb – Redutase citocromo b duodenal DMT-1 – Proteína transportadora de metal divalente. (Mn, Cu, Co, Zn) HCP1 – Proteína transportadora do Heme. Grotto HZW. RBHH 2008;30(5) Aquisição de Ferro φ F le u ry 1 2 3 2 Fe +2 HFE – Proteína da hemocromatose TfR – receptor da transferrina Ferroportina – único exportador celular de Fe O HFE regula a necessidade de absorção intestinal de ferro de acordo com a saturação do TfR. Grotto HZW. RBHH 2008;30(5) Aquisição de Ferro φ F le u ry • Realizada pelos macrófagos do baço, da medula e, em menor escala, as células de Küpffer. • A degradação de hemácias senescentes representa de 25 a 30 mg de ferro reaproveitado/dia. Fe +2 CO Bilirrubina NADPH citocromo C redutase Biliverdina redutase Macrófago Aquisição de Ferro (reciclagem) φ F le u ry Fatores que favorecem a absorção • Ferro heme. • Forma ferrosa (Fe+2). • Ácidos (HCl, Vitamina C). • Agentes solubilizantes (açúcares, aa). • Deficiência de ferro. • Aumento da eritropoese. • Gravidez. Fatores que diminuem a absorção • Ferro inorgânico. • Forma férrica (Fe+3). • Álcalis (antiácidos, secr. pancreáticas). • Agentes precipitantes (fitatos, fosfatos). • Excesso de ferro. • Diminuição da eritropoese. • Infecção. • Chá, café, mate. Aquisição de Ferro φ F le u ry 4 5 6 3 Ferro sérico • Reflete a quantidade de Fe circulante ligado à transferrina. Transferrina • Proteína transportadora de Fe. Pode ser dosada direta (ensaio imunológico) ou indiretamente (CTLF). Crit Rev Clin Lab Sci, 2015: 52(5): 256-272 Avaliação laboratorial do Fe BJH 2015, 170, 15-28 φ F le u ry Avaliação laboratorial do Fe IST • (Fe / Transferrina) x 100 • IST < 16% = suprimento de Fe insuficiente • Útil na decisão de iniciar a terapia quelante. • Impreciso durante o uso de quelantes. (2 x ½ vida) Ferritina • Proteína responsável pelo armazenamento do Fe. • Marcador confiável na ausência de inflamação (PCR < 5 mg/L) • Acompanhamento com dosagens seriadas • Proteína de fase aguda Crit Rev Clin Lab Sci, 2015: 52(5): 256-272 φ F le u ry Crit Rev Clin Lab Sci, 2015: 52(5): 256-272 sTfR • É uma forma incompleta do TfR 1 • Quando o TfR não está ligado a transferrina carregada de ferro, é clivado, liberando sTfR. • Os níveis sTfR serão altos quando os estoques de ferro são baixos, mas normais ou baixos na presença de inflamação. • É uma medida indireta da atividade / tamanho do éritron não sendo afetado por processo inflamatório. Avaliação laboratorial do Fe φ F le u ry 7 8 9 4 Best Practice & Research Clinical Endocrinology & Metabolism 29 (2015) 799e810 sTfR Avaliação laboratorial do Fe φ F le u ry Hepcidina • É um regulador negativo da absorção e transporte do Fe. • Produzida no fígado em resposta ao aumento de marcadores inflamatórios. • Diminuição da liberação de ferro dos macrófagos e enterócitos. • Diminuição da sobrevida das hemácias Avaliação laboratorial do Fe φ F le u ry Distribuição do ferro no organismo Quantidade ferro no adulto Hemoglobina Ferritina e hemossiderina Mioglobina Transferrina Outras Homem (g) 2,4 1 (0,3 - 1,5) 0,15 0,004 0,02 Mulher (g) 1,7 0,3 (0 - 1) 0,12 0,003 0,015 % 65 30 3,5 0,1 0,5 φ F le u ry 10 11 12 5 Hemoglobina φ F le u ry Distribuição do ferro no organismo Ferro funcional Ferro de depósito Ferro de transporte Hemácias circulantes Sistema Monócito/Macrófago Células musculares etc Trato GI Hepatócitos MO Hoffman , 2005 φ F le u ry • A síntese do grupamento heme é realizada nas mitocôndrias tendo como coenzima o fosfato de piridoxina (B6) estimulado pela eritropoetina. • O núcleo de porfirina combina-secom o Fe +2 formando o heme, que se liga às cadeias de globina. Glicina + B6 + Succinil-CoA d- ALA Protoporfirina Uroporfirinogênio Coproporfirinogênio Porfobilinogênio Fe• • Heme Fe Mitocôndria Grupamento Heme φ F le u ry 13 14 15 6 Deficiência de ferro • A deficiência de ferro é a causa mais comum de anemia (500 milhões de pessoas). • É a causa mais comum de anemia microcítica e hipocrômica. • Este aspecto é provocado por um defeito na síntese de hemoglobina. • Os principais diagnósticos diferenciais são: talassemia e anemia de doença crônica. Deficiência de Ferro Inflamação crônica Doença maligna Heme Globina Hemoglobina + Ferro Protoporfirina Anemia sideroblástica Talassemia a ou b φ F le u ry • Perda crônica de sangue Uterina Gastrintestinal (úlcera, varizes esofágicas, uso de aspirina, carcinoma gástrico, de ceco, colo ou reto, ancilostomose, colite, pólipos, diverticulose etc. • Hematúria, hemoglobinúria, hemossiderose pulmonar. • Aumento da demanda (gravidez, crescimento, menarca). • Tratamento com eritropoietina. • Má absorção (enteropatia gastrectomia parcial) • Dieta carente. Causas da deficiência de ferro φ F le u ry Balanço do ferro no 1º ano de vida Peso (kg) Hemoglobina (g/dl) Hemoglobina total (g) Volume sanguíneo (ml) Ferro na Hb (mg) Ferritina (mg) Ferro corporal (mg) Nascimento 3,3 20,0 58 290 198 60 258 1 ano 10,5 12,3 98 800 335 73 408 Nascimento 1,5 20,0 27 135 90 27 117 1 ano 9,5 12,3 89 720 300 67 367 A termo Prematuro φ F le u ry 16 17 18 7 Balanço do ferro na gravidez Quantidade (mg) Perda p/ o feto Perda p/ placenta e cordão Perda no parto Perda normal Usado na expansão do volume sanguíneo Total Reutilização pós-parto Total de perda mg / 9 meses mg / dia Média 270 90 150 170 450 1130 450 680 2,5 Intervalo (200 - 370) (30 - 170) (90 - 310) (150 - 200) (200 - 600) (670 - 1650) (200 - 600) (470 - 1050) (1,7 - 4,0) Ferro φ F le u ry Ferro no éritron Ferro de transporte Ferro de depósito Normal Depleção de ferro Eritropoese deficiente Anemia ferropriva Ferro medular Ferro sérico (mg/dL) % de saturação Hematócrito (%) Morfologia normal normal normal microcítico hipocrômico Diagnóstico laboratorial φ F le u ry Anemia • É definida como uma diminuição de hemoglobina e/ou hemácias no sangue periférico. • Os valores mínimos aceitáveis são de 12,0 g/dl para as mulheres e 13,0 g/dl para os homens. (WHO) Grupo Idade (anos) Hb (g/dL) Crianças (0,5 – 4,9) 11,0 (5,0 – 11,9) 11,5 (12,0 – 14,9) 12,0 Mulheres (> 15,0) 12,0 Gestantes 11,0 Homens (> 15,0) 13,0 φ F le u ry 19 20 21 8 Anemia Microcítica: Aspectos laboratoriais • VGM de 50 a 79 fl. • HGM de 21 a 29 pg. • CHGM de 24 a 31 g/dl. • Anisocitose e poiquilocitose em graus variados. • Avaliação do metabolismo do ferro. φ F le u ry • Deficiência de ferro. • Beta talassemia. • ADC (alguns casos). • Envenenamento por chumbo. • Anemia sideroblástica. Anemia Microcítica: Diagnóstico diferencial φ F le u ry Sintomas gerais • Glossite indolor. • Estomatite angular (queilose). • Unhas friáveis ou em colher. • Disfagia. • Perversão do apetite. Em crianças: • Irritabilidade. • má função cognitiva. • desenvolvimento psicomotor. Deficiência de ferro φ F le u ry 22 23 24 9 Talassemias As talassemias resultam de mutações que causam diminuição ou ausência da síntese de cadeias de globina alfa ou beta. Talassemia b+ ou b 0 – Diminuição ou ausência da produção de cadeias beta. φ F le u ry Talassemias Talassemia a – Deleção de 1 ou mais genes alfa φ F le u ry Talassemias Aspectos laboratoriais • VGM e HGM baixos. • Contagem de Hm elevada. • Anemia discreta em graus variados. • Presença de ponteado basófilo (b) •Presença de hemoglobina H (a) φ F le u ry 25 26 27 10 ba Normal Talassemia Hb Fetal – 0 a 1% Hb A2 - 1,8 a 3,5% Hb A – 96 a 98% Talassemia Beta b a Hb Fetal - ↑ Hb A2 - > 3,5% Hb A – ↓ φ F le u ry Principais causas • Doenças inflamatórias crônicas. • Infecções (abcesso pulmonar, tuberculose, osteomielite, pneumonia, endocardite bacteriana. • Não infecciosas ( artrite reumatóide, LES, doenças do tecido conectivo, Doença de Crohn). • Doenças malignas. Anemia de Doenças Crônicas φ F le u ry Anemia de Doenças Crônicas Características laboratoriais • Normocitose e normocromia ou discreta microcitose e hipocromia. • VGM raramente menor que 75 fl. • Morfologia normal dos eritrócitos. • Anemia discreta (Hb > 9,0 g/dl), não progressiva e diretamente relacionada à gravidade da doença. • Ferro sérico e transferrina diminuídos. • Ferritina normal ou aumentada. • Ferro medular normal (reticuloendotelial), e baixo nos eritroblastos. φ F le u ry 28 29 30 11 Patogenia • Diminuição da liberação de ferro dos macrófagos. • Diminuição da sobrevida das hemácias. • Resposta medular inadequada – IL-1, TNF. • Não responde a terapia com ferro. • Tratamento com EPO. • Associação com outras causas de anemia. Anemia de Doenças Crônicas φ F le u ry Ativação de monócitos e células T Inibe a liberação de EPO ↑ síntese de hepcidina ↓ Eritropoietina ↓ estímulo eritropoiético Disponibilidade limitada de Fe ↓ Fe +3 / transferrina ↑ Hepcidina Liberação do Fe reciclado via ferroportina Inibe a liberação de Fe do SRE Inibe a proliferação eritróide Hemofagocitose por macrófagos do SRE Estímulo da hemofagocitose CMAJ 2008; 179:333-37 Estímulo Inflamatório (infecção, autoimunidade, câncer) φ F le u ry Anemia Sideroblástica Características laboratoriais • Anemia refratária com defeito na síntese do heme. • Presença de sideroblastos em anel. • Sideroblastos → precursores eritróides apresentando acúmulo de ferro mitocondrial. • Eritropoese ineficaz. • Níveis aumentados de ferro tecidual. • Microcitose e hipocromia em graus variados. • Dupla população eritrocitária. φ F le u ry 31 32 33 12 Anemia Sideroblástica φ F le u ry Diagnóstico laboratorial Ferro sérico TIBC Ferritina Depósito (MO) Ferro no eritroblasto Eletroforese de Hb Deficiência de Fe Baixo Baixa Ausente Ausente N ADC N ou Presente Ausente N Talassemia a ou b N N N Presente Presente Hb A2 Anemia Sideroblástica N Presente Sideroblastos N φ F le u ry φ F le u ry 34 35 36 13 Transporte de ferro no hepatócito (1) Absorção da transferrina diférrica mediada pelo TfR1. A transferrina se liga ao seu receptor específico e é endocitada. O endossomo é acidificado e o Fe +3 é reduzido a Fe +2 pela STEAP3. O ferro é liberado e transportado para for a do endossomo v ia DMT1 e a apotransferrina é exocitada. (2) Absorção da transferrina diférrica mediada pelo TfR2. Mecanismo similar com exceção da ligação ao receptor TfR2. (3) Absorção do NTBI. O Fe é reduzido e é transportado para a célula por um carreador. (4) Captação de ferritina. A ferritina liga-se ao seu receptor específico e é endocitada. O endossomo é direcionado para os lisossomos e o ferro é transferido para o pool de trânsito ou ferritina endógena. (5) Captação de hemopexina-heme. O complexo heme-hemopexina liga-se ao seu receptor específico CD91 e é endocitado. O Heme é removido e é degradado pela heme oxigenase. (6) Captação de hemoglobina-haptoglobina. O complexo hemoglobina-haptoglobina liga-se a um receptor específico. Após endocitose, o complexo pode ser direcionado para a membrana canalicular para liberação na bile ou para os lisossomos para degradação. (7) Captação de lactoferrina. A lactoferrina liga-se à LRP ou à RHL-1 e é endocitada e direcionada para os lisossomos para degradação. (8) Liberação de ferro O ferro é libertado pela FPN e oxidado pela celuroplasmina e liga-se à apotransferrina. φ F le u ry 37 1 Anemias Macrocíticas Marcos K. Fleury Laboratório de HemoglobinasFaculdade de Farmácia - UFRJ mkfleury@ufrj.br Classificação das Anemias Índices hematimétricos Morfologia das hemácias Classificação das Anemias Macrocítica Normocítica e Normocrômica Microcítica e Hipocrômica φ F le u ry Anemias Macrocíticas • Hemoglobina de 7,0 a 8,0 g/dl, ao diagnóstico. • VGM de 96 a 130 fl. • HGM de 33 a 56 pg. • CHGM normal. • Macro-ovalocitose e hiper-segmentação dos neutrófilos. φ F le u ry 1 2 3 2 Deficiência de Vit. B12 e/ou folato Condição megaloblástica Vit. B12 e folato normais Avaliação da função medular Contagem de reticulócitos • Def. de Vit. B12. • Def. de folato. Reticulócitos normais Reticulócitos aumentados • Anemia hemolítica• Hepatopatia. Anemias Macrocíticas φ F le u ry Anemias macrocíticas Causas de anemia megaloblástica • Deficiência de vitamina B12. • Deficiência de folato. • Anomalias do metabolismo de vitamina B12 ou de folato (def. de TCII, drogas antifolato). • Deficiências enzimáticas adquiridas (alcoolismo, tratamento com hidroxiuréia e outros citostáticos. φ F le u ry Aspectos nutricionais Vitamina B12 Folato Ingestão normal 7 – 30 mg 200 – 250 mg Principais fontes Produtos animais Maioria dos alimentos (Fígado, vegetais) Cozimento Pouco afetada Destruído Necessidade / dia 1 – 2 mg 100 – 150 mg Depósitos 2 – 3 mg 10 – 12 mg (2 a 4 anos) (4 meses) Absorção Local Íleo Duodeno e jejuno Mecanismo Fator intrínseco Conversão a metil-THF Limite 2 – 3 mg/dia 50 – 80% da dieta Anemias macrocíticas φ F le u ry 4 5 6 3 Anemias macrocíticas Causas de deficiência de vitamina B12 Nutricional - Vegetarianismo estrito. Má-absorção • Causas gástricas - Anemia perniciosa, falta congênita ou anormalidade do FI, gastrectomia parcial ou total. • Causas intestinais – diverticulose jejunal, estenose, ressecção ileal, doença de Crohn. φ F le u ry Causas de deficiência de folato Nutricional - Idade avançada, pobreza, fome,dietas especiais etc. Má-absorção - Sprue tropical, enteropatia induzida por glúten, gastrectomia parcial, ressecção jejunal ou doença de Crohn. Excesso de utilização - Gravidez e lactação, anemias hemolíticas, mielofibrose, carcinomas, tuberculose, AR. Outras causas - Hepatopatia, uso de anticonvulsivantes, alcoolismo. Anemias macrocíticas φ F le u ry Aspectos clínicos • Instalação insidiosa com sintomatologia progressiva. • Icterícia leve → eritropoese ineficaz. • Glossite dolorosa. • Estomatite angular. • Perda de peso. • Púrpura. • Esterilidade. • Neuropatia (B12). • Espinha bífida. Anemias macrocíticas φ F le u ry 7 8 9 4 Aspectos laboratoriais • Anemia macrocítica (VGM > 95). • Macro-ovalócitos. • Reticulócitos baixos. • Plaquetopenia. • Hipersegmentação de neutrófilos. • Medula com maturação megaloblástica. • LDH aumentada. Anemias macrocíticas φ F le u ry Tratamento da anemia megaloblástica Deficiência Vitamina B12 Folato Composto Hidroxicobalamina Ácido fólico Via IM VO Dose 1000 mg 5 mg Dose inicial 6 x 1000 (3 semanas) Diariamente (120 dias) Manutenção 1000 mg / 3 meses Depende da doença de base (lifetime). Profilático Gastrectomia ou Gravidez, AH graves, ressecção ileal. Hemodiálise, prematuridade. Anemias macrocíticas φ F le u ry H b ( g /d l) • • R e ti cu ló ci to s (% ) Hidroxicobalamina 1 mg IM 15 10 5 0 30 20 10 0 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • 0 2 4 6 8 10 12 14 60 dias Reticulócitos Hb φ F le u ry 10 11 12 5 P la q u e ta s (x 1 0 9 /l ) • • Le u có ci to s (x 1 0 9 /l ) 200 100 0 15 10 5 0 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • 0 2 4 6 8 10 12 14 60 dias 300 400 • • • Plaquetas Leucócitos Hidroxicobalamina 1 mg IM φ F le u ry φ F le u ry φ F le u ry 13 14 15 6 Outras causas de macrocitose • Alcoolismo • Hepatopatia • Drogas citotóxicas • Gravidez • Tabagismo • Reticulocitose • Neonatal φ F le u ry @marcoskfleury Anemias Hemolíticas Anemias Hemolíticas • Resultam do aumento do ritmo de destruição dos eritrócitos não compensado pela produção da MO. • A intensidade da anemia depende se a hemólise é gradual ou abrupta e da quantidade de células destruídas. • Os pacientes podem apresentar-se assintomáticos ou muito descompensados. φ F le u ry 16 17 18 7 Mecanismos de hemólise Hemácias Hemoglobina • Hemólise intravascular – 10% - Destruição das hemácias na circulação. Haptoglobina • Hemoglobinemia. • Hemoglobinúria • Hemossiderinúria Rim • Hemólise extravascular – 90% - Hemácias anormais ou senescentes são fagocitadas pelos macrófagos esplênicos e hepáticos. φ F le u ry Destruição normal dos eritrócitos Globina Aminoácidos Ferro Transferrina Protoporfirina Bilirrubina Bilirrubina não conjugada Aminoácidos Macrófago Anemias Hemolíticas φ F le u ry Achados laboratoriais Aumento da destruição de eritrócitos • Aumento da bilirrubina indireta. • Aumento de urobilinogênio. • Diminuição das haptoglobinas. • LDH aumentada. Aumento da produção de eritrócitos • Reticulocitose • Hiperplasia eritróide Alterações de eritrócitos • Macrocitose, microesferócitos, eliptócitos, hemácias fragmentadas. • Aumento da fragilidade osmótica. Anemias Hemolíticas φ F le u ry 19 20 21 8 Características clínicas • Palidez das mucosas • Icterícia. • Esplenomegalia. • Úlceras de perna. • Cálculos de bilirrubina. Anemias Hemolíticas φ F le u ry Hereditárias Membrana - Esferocitose hereditária, eliptocitose. Metabolismo enzimático - Deficiência de G6PD, PK. Hemoglobina Anormal - (Hb S, Hb C, Hb instáveis.) Anemias Hemolíticas φ F le u ry Adquiridas Imunológica - Anticorpos quentes e frios, reações transfusionais DHRN, TMO (DIVH), associada com drogas. Síndrome de fragmentação - Válvulas cardíacas, PTT, SHU, Septicemia por meningococo, pré-eclâmpsia, CID. Infecções - Malária, clostrídio. Agentes químicos e físicos - Drogas, queimaduras, substâncias domésticas. Anemias Hemolíticas φ F le u ry 22 23 24 9 Anemia Hemolítica Infecciosa: Malária • Hemólise intravascular. • CID. • Trombocitopenia na fase aguda. • ADC na malária crônica. • Hiperesplenismo → anemia → neutropenia • Diseritropoese. • Deficiência de folato. φ F le u ry 25
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