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Argumentação 1ª e 2ª séries

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FILOSOFIA – APROFUNDAMENTO
	
	
	SÉRIE: 1ª
	DATA: 
	1ª ETAPA
	
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	TURMA:
Argumentação
O ponto de partida dessa reflexão acerca da argumentação é de caráter ético e não simplesmente lógico. Acreditamos que uma das características da boa argumentação é o compromisso com a verdade. Por isso, insistiremos sempre que, a argumentação é uma das formas de convencimento, mas nem toda forma de convencimento é argumentação ou, em outros termos, toda argumentação tem função diretiva; porém, nem toda linguagem diretiva é argumentação.
O que queremos dizer com isso? Simplesmente que não se argumenta para enganar, para ludibriar ou por simples “amor ao debate”. Argumentamos para tentar buscar a verdade. Assim, não consideramos as formas de convencimento, por exemplo, usadas na mídia e, muitas vezes pelo próprio Jornalismo e, é claro, pelo Direito, o qual deve, por principio, ter compromisso com a verdade, verdadeira argumentação. Em relação à questão ética, Breton (2003, p. 35) realça que:
“Toda ação está ligada a uma ética que, acima dela, fixa seus limites, a partir de critérios exteriores ao funcionamento da própria ação. Sem esta ligação, a argumentação estaria condenada a ter como único critério a eficácia.”
Em síntese, nosso posicionamento decorre de uma concepção ética não pragmática. Combatemos assim, a ideia de eficácia a qualquer preço. Nesse sentido, optamos por demarcar o campo da argumentação a partir de três critérios: nem tudo é argumentável; nem todos os argumentos são válidos para defender qualquer ideia e há limites para a ação (sedução, manipulação) que decorre do ato argumentativo, seja ele oral ou escrito.
Além disso, é importante que, principalmente no ensino das Ciências Humanas, em especial nas áreas do Direito, da Comunicação e da Filosofia, os professores valorizem a prática da argumentação. Não só no sentido de técnica, mas como ponto de partida para uma reflexão acerca da ética da informação/argumentação. Também hoje se faz necessário que os mestres incentivem a criatividade de seus alunos, que os motive à busca de solução de problemas, sejam de ordem prática como de ordem teórica. Que não tomem a arte de ensinar como uma maneira de transmitir fórmulas prontas; receitas a serem aplicadas e ponto final.
Bem, antes de iniciarmos o estudo do processo argumentativo em si, é necessário ainda fazer a distinção entre três termos usuais: Retórica, Oratória e Eloquência.
Normalmente encontramos nos textos dedicados à “arte da argumentação”, três denominações diferentes: retórica, oratória e eloquência. As três palavras derivam de diferentes raízes, mas todas significam falar. Assim, etimologicamente se sublinha a ideia de falar em oposição a escrever. Embora sinônimas, elas não se sobrepõem, em certos contextos se substituem, em outros, não. O termo eloquência é a mais fácil compreensão. Pode significar: 1) teoria do discurso persuasivo – nesse sentido, é sinônimo de retórica antiga; 2) prática dos discursos – significa o conjunto dos discursos produzidos. Por exemplo, quando se diz eloquência jurídica brasileira, isto é, o conjunto dos discursos judiciais produzidos na cultura brasileira; 3) dons naturais, espontâneos no sentido de fazer um discurso 4) juízo de valor - indica a qualidade positiva de um discurso.
A palavra “oratória” é de origem latina que traduz a palavra grega retórica. Significa: 1) teoria do discurso persuasivo; 2) prática do discurso. Já, o termo retórica significa apenas teoria do discurso persuasivo e aplica-se, porém, não só à retórica antiga como também as demais.
Fundamentos da teoria da argumentação
A primeira pergunta que devemos fazer, antes de apresentar qualquer técnica ou estratégia, é: o que é argumentação e quais seus limites.
A origem do termo “argumentar” vem do latim argumentum, que tem como tema argu, cujo sentido principal é “fazer brilhar”, “iluminar”. Pela sua origem, então, podemos, num primeiro momento, dizer que argumento é tudo aquilo que ilumina.
Argumentar é discutir, mas principalmente, é raciocinar, é deduzir e concluir. A argumentação deve ser construtiva na finalidade, cooperativa em espírito e socialmente útil.
Podemos dizer que a argumentação é, de certa forma, uma técnica de emitir opiniões, de defender uma determinada posição. Portanto, se dá mediante o uso da razão, entendida aqui como “a faculdade por intermédio da qual concebemos, julgamos, isto é, refletimos, pensamos”. 
Alguns autores definem a argumentação como arte, por exemplo, dizem que a argumentação é a “arte de influenciar os outros por meio da evidência e da lógica”. Outros, já colocam em evidência mais o método, o procedimento argumentativo. Por exemplo, o ato de argumentar como a orientação do discurso “no sentido de determinadas conclusões”. Outros definem o argumento como “uma sequência de enunciados na qual um dos enunciados é a conclusão e os demais são premissas, as quais servem para provar ou, pelo menos, fornecer alguma evidência para a conclusão”. Outros, ainda, tomam como ponto central o objetivo do ato argumentativo. Por exemplo, a argumentação, conforme Breton (2003, p. 7), pertence à família das ações humanas que tem como objetivo convencer. Porém, devemos nos lembrar que, nem todo tipo de convencimento é argumentação. Podemos dizer que a argumentação é tudo isso.
Os meios de convencimento são extremamente variados, podendo utilizar-se de procedimentos simples, até procedimentos mais complexos, que, por exemplo, utilizam informações acerca do comportamento humano.
Nesse sentido, por exemplo, há uma enorme variedade de publicações e estudos acerca do comportamento do consumidor. Tais estudos envolvem várias áreas da psicologia comportamental, da psicanálise, da psicobiologia (cronobiologia, por exemplo), das neurociências entre outras. Pode-se dizer, a partir disso que, muitas vezes, o ato de convencer se apresenta como uma alternativa ao uso da violência física , por exemplo relatam dizem como muitas vezes as técnicas de venda exercem certa dose de violência sobre as pessoas, mediante a manipulação psicológica.
Outros meios, como vimos no estudo acerca das funções de linguagem, são menos agressivos. Exemplo disso é a sedução, que, como vimos, é frequentemente utilizada para levar o outro, ou até públicos inteiros, a partilhar determinado ponto de vista, a consumir determinado produto ou serviço, etc.
Já, outros meios apelam mais para a razão. Trata-se, por exemplo, da demonstração, concebida aqui como um conjunto de meios que permitem transformar uma afirmação ou um enunciado em um “fato estabelecido”, a menos que se oponha a ele um outro enunciado, mais bem demonstrado. (BRETON, 2003, p. 9-10). Ou seja, temos diferentes maneiras de convencer.
De forma resumida, podemos, a partir dos elementos apresentados até agora, delimitar o campo da argumentação, a partir de três elementos:
1) Argumentar é comunicar. 2) Argumentar não é convencer a qualquer preço. 3) Argumentar é raciocinar. 4) Argumentar é propor e dar aos outros razões para aderir à proposta.
A visão de mundo existe previamente ao ato da argumentação e, consequentemente desempenha papel fundamental na recepção do argumento, ou seja, na sua aceitação ou recusa ou ainda na adesão variável parcial. Por isso, é um erro considerar o(s) receptor(es) como ente(s) passivo(s). Na realidade, mesmo em um auditório, ocorre, muitas vezes em silêncio, um processo dialético, no qual os receptores avaliam e confrontam as ideias apresentadas com seus próprios “pré-conceitos”.
O que vimos até agora nos autoriza a dizer apenas que, argumentar é um ato complexo; é mais do que simplesmente conceber um argumento. É também, mais globalmente, comunicar, dirigir-se ao outro, propor-lhe boas razões para ser convencido a partilhar de uma opinião. Porém, tal processo precede um amplo conhecimento das “razões” do outro, do público, do adversário e, principalmente, das “nossas razões”. É um ato que requer ética.
BRETON, P. Argumentação na comunicação. 2 ed. Bauru: EDUSC, 2003.
https://www.youtube.com/watch?v=ASNtlFJAJw4

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