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RECOMENDAÇÕES PARA TERAPIA ANTI-RETROVIRAL EM ADULTOS INFECTADOS PELO HIV
UFSM
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da hi- percolesterolemia. Com exceção da pravastatina e da rosuvastatina, as estatinas são metabolizadas pela isoenzima 3A4 do citocromo P450, que é inibida pe- los inibidores de protease. Portanto, a administração das estatinas com os inibidores de protease pode resultar em elevação das concentrações séricas de estatina, atingindo níveis tóxicos, com risco de to- xicidade muscular esquelética (rabdomiólise), além de outros efeitos adversos. Pelas potenciais intera- ções, as estatinas devem ser utilizadas inicialmente em baixas doses, com reavaliações laboratoriais freqüentes. Teoricamente, as estatinas mais seguras para uso em associação aos inibidores de protease são a pravastatina, atorvastatina e rosuvastatina. A sinvastatina e a lovastatina não devem ser utilizadas, em função da interação com a TARV e o risco de toxicidade. Quando for necessário associar fibrato com estatina, deve-se ficar atento ao maior risco de rabdomiólise. C - Outros agentes: considerando-se a intensidade das alterações metabólicas, outros medicamentos podem ser usados de forma complementar ao trata- mento. Entre eles, os ácidos graxos ômega-3 podem ser úteis na redução da hipertrigliceridemia nos pa- cientes soropositivos. A metformina também auxilia na redução dos triglicérides, mas com risco poten- cial de acidose lática, especialmente na presença de uso contínuo de inibidores da transcriptase reversa. A colestiramina e o colestipol não são recomenda- dos, por interferirem com a biodisponibilidade dos inibidores de protease e por aumentarem os níveis de triglicérides. A ezetimiba atua inibindo a absor- ção intestinal do colesterol exógeno e endógeno decorrente de sua excreção biliar e é um importante potencializador das estatinas. Seu uso associado permite emprego de doses menores das estatinas, sendo uma opção para os pacientes intolerantes às mesmas. As glitazonas não se demonstraram úteis no tratamento da dislipidemia nesses pacientes. D - Outras estratégias: vários hipolipemiantes têm interação com os anti-retrovirais (ARV). Para evitá- la, algumas alternativas foram aventadas, tais como substituição do ARV suspeito (switch therapy). Em- bora a switch therapy tenha plausabilidade teórica, não tem acarretado benefícios consideráveis (des- fechos clínicos) relevantes nos estudos clínicos em termos de redução efetiva do risco cardiovascular caracterizado pelo escore de Framingham. Tabela.3 Doses.dos.fibratos.que.podem.ser.utilizados Medicamento Dose (mg/dia) Bezafibrato 400 a 600 Genfibrozila 900 a 1200 Etofibrato 500 Fenofibrato 250 Ciprofibrato 100 Tabela.4 Doses.das.estatinas.que.podem.ser.utilizadas Medicamento Dose (mg/dia) Comentário Pravastatina 20 a 40 Pode haver interação com Darunavir Atorvastatina 10 a 80 Pode haver interação com ARV Rosuvastatina 10 a 40 Pode haver interação com ARV Recomendações para Terapia Anti-retroviral em Adultos Infectados pelo HIV 67 Em conclusão, dadas as características do perfil de risco cardiovascular dessa população, as me- didas não-farmacológicas parecem ter o efeito mais importante no tratamento preventivo do paciente infectado pelo HIV. Os pacientes devem ser aconselhados a controlar os fatores de risco, seguindo as orientações de estilo de vida como parar de fumar, seguir dieta, realizar exercício físico, controlar hipertensão arterial e diabetes Tabela 4 . Fenômenos tromboembólicos Mesmo na ausência dos fatores de risco tradicio- nalmente conhecidos, têm sido descritos fenômenos tromboembólicos em pacientes infectados pelo HIV. Há relatos de casos de trombose acometendo diversos territórios, incluindo veias periféricas, pulmões, retina, cérebro, veia porta e artérias mesentéricas. O principal mecanismo fisiopatológico a ser inves- tigado, em indivíduos que já apresentaram fenômenos tromboembólicos arteriais e venosos, é a presença de anticorpos antifosfolípides - anticardiolipina e anticoa- gulante lúpico. Em caso positivo, esses pacientes devem ser acompanhados por médicos com experiência na área ou por especialista. Diabetes mellitus Desde o início da década de 90 vem ocorrendo aumento na incidência de diabetes tipo 2 na população em geral, havendo relação principalmente com obesi- dade. Em pacientes portadores do HIV também tem sido observada maior incidência de diabetes, intolerân- cia à glicose e resistência à insulina, após a instituição do tratamento anti-retroviral potente (TARV). Essas Tabela.5 Medidas.terapêuticas.iniciais.e.reavaliação Estrato Medida terapêutica inicial Reavaliação das metas Baixo risco MEV 6 meses Risco intermediário MEV 3 meses Alto risco MEV + tratamento farmacológico 3 meses Aterosclerose manifesta MEV + tratamento farmacológico Individualizada Metas.para.terapêutica.preventiva.com.hipolipemiantes Risco em 10 anos Meta terapêutica (mg/dL) LDL-C* Não-HDL-C Baixo risco <10% <160 <190 Risco intermediário 10 a 20% <130 <160 Alto risco ou diabéticos >20% <100 (opcional <70) <130 (opcional <100) Aterosclerose significativa >20% <70 <100 HDL-C TG Homens ≥40 <150 Mulheres ≥50 <150 Diabéticos ≥50 <150 *Estimado pela equação de Friedevald Obs.: quando não se conseguem as metas, recomenda-se obtenção da maior redução possível. Guia de Tratamento6� alterações do metabolismo da glicose são muitas vezes acompanhadas de alterações do metabolismo lipídico e podem levar ao maior risco de eventos cardiovascu- lares. Outros fatores que elevam o risco cardiovascular são a lipodistrofia com lipohipertrofia central e o pro- cesso inflamatório persistente associado à infecção pelo HIV, que pode estar relacionado à gênese primária da placa aterosclerótica no endotélio. O diagnóstico de Diabetes Mellitus (DM), em por- tadores do HIV, não se diferencia em relação à popu- lação geral. São considerados critérios diagnósticos, duas glicemias de jejum maior ou igual a 126 mg/dl, realizadas em dias diferentes. Outros critérios incluem: uma glicemia 2 horas após sobrecarga oral com 75 gra- mas de glicose superior ou igual a 200mg/dl ou valor superior ou igual a 200mg/dl em amostra coletada em qualquer hora do dia e em quaisquer condições, desde que acompanhada de sintomas característicos. Amostra coletada em qualquer hora do dia implica não haver relação com jejum. Os sintomas clássicos de diabetes são os mesmos descritos na população geral: poliúria, polidipsia e perda de peso sem causa aparente. Para o diagnóstico de DM gestacional baseado na aplicação desse teste, classifica-se como DM gestacional uma glicemia de jejum maior ou igual a 126mg/dl e/ou uma glicemia 2 horas após 75g maior ou igual a 140mg/dl, conforme tabela abaixo. Critérios diagnósticos de diabetes mellitus: Duas glicemias de jejum > 126 mg/dl ou Uma glicemia duas horas após sobrecarga oral com 75 g de glicose > 200 mg/dl ou Glicemia > 200 mg/dl em amostra coletada em qual- quer hora do dia com sintomas característicos. A resistência à insulina é considerada estado de pré-diabetes. Não existe definição precisa sobre resis- tência à insulina. Sabe-se, porém, que ela está presente em todo o paciente obeso. Laboratorialmente, consi- dera-se como portador de resistência à insulina todo paciente que apresenta intolerância à glicose no teste de tolerância à glicose. A medida de insulina plasmática não tem valor para definir esse problema. Lipodistrofia associada à infecção pelo HIV A partir do final dos anos 90, foram descritas alte- rações corpóreas significativas nos pacientes em uso de Terapia Anti-Retroviral (TARV). Essas alterações caracterizam-se principalmente por uma redistribuição dos depósitos de gorduras - descritos como lipodistrofia ou síndrome lipodistrófica - associada à infecção pelo HIV e incluem: Lipohipertrofia Tabela.6 Diagnóstico.laboratorial.de diabetes mellitus Valores de glicemia Interpretação Conduta diagnóstica Glicemia de jejum 75 a 99 mg/dl Glicemia de jejum normal - Glicemia de jejum > 100 mg/dl e < 126 mg/dl