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PROBLEMA 2- ABERTURA MEDICINA DE FAMÍLIA E COMUNIDADE - É uma nova especialidade médica, sendo que novas especialidades podem se iniciar de 03 modos: Transformação de uma antiga especialidade: É o caso da Medicina da Família e Comunidade, o qual evoluiu de uma ramificação mais antiga da medicina, a clínica geral. Criação de uma área completamente nova Fragmentação de uma área mais ampla - Mudanças na sociedade geram mudanças na medicina e no atendimento médico. Sendo assim, os médicos, antigamente, estavam acostumados e preparados a lidarem com doenças graves agudas, como a febre tifoide, e atualmente enfrentam doenças crônicas, acidentes, doenças infecciosas. Esse novo padrão produziu uma mudança gradual do papel do médico: Uma pessoa afetada por uma antiga infecção ou se recuperava ou morria em um curto espaço de tempo, ao contrário da atualidade em que há a necessidade do médico buscar ajudar aos seus pacientes afetados por doenças crônicas atingirem um novo equilíbrio devido ao seu estado de saúde. - A realidade atual demonstra que muitas das situações encontradas pelos médicos são resultados de combinações, por vezes complexas, de fatores físicos e comportamentais. A medicina preventiva também muda com o contexto atual: A saúde passa a depender mais de decisões individuais, como tabagismo, etilismo, planejamento familiar, do que de criações de novas legislações. Nesse sentido, o médico tem papel educacional fundamental. Primeira metade do século XX - Foi a era da especialização, momento em que o progresso tecnológico era rápido e a educação médica voltou-se, cada vez mais, para as ciências laboratoriais e tecnologia da medicina. Houve um crescente prestígio aos especialistas e, em contrapartida, um decrescente prestígio aos médicos generalistas. Além da deterioração da classe médica generalista e da relação pessoal médico-paciente. - À medida que a era da especialização chega ao seu clímax, percebeu-se a necessidade de um novo tipo de médico generalista com mudanças em relação aos antigos clínicos gerais. Movimento da Medicina Comunitária - Foi um movimento que lutou contra a hiperespecialização e foi uma forma de resistência à ênfase dada ao modelo Flexneriano, que preconizava o estudo científico e parcializado do paciente estritamente no ambiente dos hospitais universitários. Aquele movimento, ao contrário, tinha uma preocupação com as demandas psicossociais dos pacientes. Pressupunha que a prestação de cuidados de saúde aos indivíduos se desse em seu contexto epidemiológico e social. Assim teve início ao conhecimento das condições e necessidades de saúde e o seu manejo por meio de métodos e intervenções apropriadas sobre populações definidas e conhecidas. FATOR IMPORTANTE DA MFC - A ciência do comportamento. Essa área científica direciona o olhar para o modo com que as pessoas procuram atendimento médico, aumenta o entendimento acerca da relação médico-paciente, relacionamentos familiares e aspectos comportamentais da experiência com a doença. - A medicina de família e comunidade marca o ressurgimento do interesse no atendimento de saúde fora dos hospitais. O médico de família e comunidade tem como campo de atuação a Atenção Primária a Saúde A MFC é um componente primordial da APS - A MFC presta atenção ao marginalizado na sociedade. Talvez por trabalharem na comunidade, os médicos dessa área estão mais atentos para os efeitos das necessidades que não são satisfeitas. OBJETIVOS DA MFC - Atuar, de forma prioritária, no âmbito da APS, a partir de uma abordagem biopsicossocial do processo saúde-adoecimento. Os médicos não se limitam pelo tipo de problema de saúde, eles estão disponíveis para qualquer problema, para qualquer gênero e para qualquer idade. O médico não define o problema, a pessoa define. O médico não encerra seu comprometimento com a cura ou o fim de um tratamento. Isso é algo que será acompanhada - Desenvolver ações integradas de promoção, proteção, recuperação da saúde no nível individual e coletivo. - Priorizar a prática médica centrada na pessoa, na relação médico-paciente, com foco na família e orientada para comunidade, privilegiando o primeiro contato, o vínculo, a continuidade e a integralidade do cuidado na atenção à saúde. O método clínico centrado na pessoa se inicia desde o primeiro contato na consulta, existem alguns modelos de abordagem médicas interessantes nesse método. O MCCP tem 6 componentes: 1. Explorar a doença e a experiência da pessoa em estar doente 2. Entender a pessoa como um todo 3. Elaborar um projeto comum ao médico e à pessoa para manejar os problemas 4. Incorporar prevenção e promoção da saúde na prática diária 5. Intensificar a relação médico-pessoa 6. Realismo - Coordenar os cuidados de saúde prestados a determinado indivíduo, família e comunidade, referenciando, sempre que necessário, para outros especialistas ou outros níveis e setores do sistema, mas sem perda do vínculo. PRINCÍPIOS DA MFC O médico da família e comunidade é um clínico qualificado: - O médico de família e comunidade deve ser competente no método clínico centrado na pessoa ao receber aqueles que buscam ajuda, devendo investigar suas queixas de maneira integrada, sensível e apropriada. Em um primeiro momento é possível que as queixas traduzidas do paciente não caracterizem um diagnostico imediato ou preencham os critérios de urgência e emergência dos protocolos da medicina tradicional. Nesses casos, é papel de MFC avaliar e dar uma resposta ao paciente. A atuação MFC é influenciada pela comunidade: - O MFC deve conhecer bem a saúde coletiva do local em que está trabalhando para dominar com habilidade os problemas mais frequentes. Sendo assim, o MFC deve ser capacitado para a abordagem, de problemas de Saúde Mental, os quais, na APS, costumam assumir uma apresentação caracterizada por sintomas somáticos ou sem explicação médica O MFC é um recurso de uma população definida: - O MFC deve atender entre 1800 e 2200 pessoas, o que lhe permitiria manter sua resolubilidade e disponibilidade. Seu compromisso com as pessoas é de uma responsabilidade contínua, independendo da condição de saúde em que se encontram. Deve aproveitar ao máximo cada consulta com o paciente a fim de identificar todos os pontos pendentes possíveis e assim evitar um posterior retorno. A relação médico-pessoa é fundamental para o desempenho do médico de família e comunidade: - Um pilar fundamental é colocar a pessoa em primeiro lugar, e tendo uma relação clínica utilizando o método clínico centrado na pessoa. A visita domiciliar e a abordagem familiar são recursos de intervenção de que poucas especialidades ou disciplinas dispõem. Atender uma pessoa em sua casa proporciona informações diagnósticas, possibilita intervenções terapêuticas e fortalece o vínculo da relação clínica de uma forma especial e definitiva. Já em relação a abordagem familiar, utilizar a família como fonte de informações ou recurso de intervenção e outro aspecto fundamental no tratamento de um paciente ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA - A ESF visa à reorganização da Atenção Primária no país, de acordo com os preceitos do SUS, e é tida pelo Ministério da Saúde e gestores estaduais e municipais como estratégia de expansão, qualificação e consolidação da atenção primária. A ESF busca promover a qualidade de vida da população brasileira e intervir nos fatores que colocam a saúde em risco, como falta de atividade física, má alimentação, uso de tabaco, dentre outros. - Com atenção integral e contínua, a ESF se fortalece como a porta de entrada do SUS. A proximidade da equipe de saúde com o usuário permite que se conheça a família e a comunidade. Issogarante uma maior adesão do usuário aos tratamentos. O resultado é mais problemas de saúde resolvidos na AB, sem a necessidade de intervenção de média e alta complexidade em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA 24h) ou hospital. A - Equipe de Saúde da Família (eSF) está ligada à Unidade Básica de Saúde (UBS) local. Esse nível de atenção resolve 80% dos problemas de saúde da população. Entretanto, se a pessoa precisar de um cuidado mais avançado, a ESF faz este encaminhamento. ESF e outras estratégias organizativas da Atenção Básica devem seguir as diretrizes da Atenção Básica e do SUS, considerando as especificidades locorregionais. EQUIPE DE SAÚDE DA FAMÍLIA - Para um número grande de pessoas, distribuído em um território, é preciso desenvolver tanto um trabalho colaborativo e conjunto, envolvendo todos os membros da equipe, quanto trabalhos específicos, seguindo as disposições legais que regulamentam o exercício de cada uma das profissões. - Cada equipe de Saúde da Família deve ser responsável por, no máximo, 4.000 pessoas de uma determinada área, que passam a ter corresponsabilidade no cuidado com a saúde. - Composta no mínimo por: 1. Médico, preferencialmente da especialidade medicina de família e comunidade, 2. Enfermeiro, preferencialmente especialista em saúde da família; 3. Auxiliar e/ou técnico de enfermagem 4. Agente comunitário de saúde (ACS). - Podendo fazer parte da equipe o agente de combate às endemias (ACE) e os profissionais de saúde bucal: cirurgião-dentista, preferencialmente especialista em saúde da família, e auxiliar ou técnico em saúde bucal. - O número de ACS por equipe deverá ser definido de acordo com base populacional, critérios demográficos, epidemiológicos e socioeconômicos, de acordo com definição local. - Em áreas de grande dispersão territorial, áreas de risco e vulnerabilidade social, recomenda-se a cobertura de 100% da população com número máximo de 750 pessoas por ACS. - Há a obrigatoriedade de carga horária de 40 (quarenta) horas semanais para todos os profissionais de saúde membros da eSF. Dessa forma, os profissionais da ESF poderão estar vinculados a apenas 1 (uma) equipe de Saúde da Família. - Independente da modalidade adotada, os profissionais de Saúde Bucal são vinculados a uma equipe de Atenção Básica (eAB) ou eSF, devendo compartilhar a gestão e o processo de trabalho da equipe. - Para que as equipes que atuam na AB possam atingir seu potencial resolutivo, de forma a garantir a coordenação do cuidado, ampliando o acesso, é necessário adotar estratégias que permitam a definição de um amplo escopo dos serviços a serem ofertados na UBS, de forma que seja compatível com as necessidades e demandas de saúde da população adscrita, seja por meio da ESF ou outros arranjos de eAB. ATIVIDADES DE UMA EQUIPE Conhecer a realidade das famílias pelas quais são responsáveis e identificar os problemas de saúde mais comuns e situações de risco aos quais a população está exposta; Executar, de acordo com a qualificação de cada profissional, os procedimentos de vigilância à saúde e de vigilância epidemiológica, nos diversos ciclos da vida; Garantir a continuidade do tratamento, pela adequada referência do caso; Prestar assistência integral, respondendo de forma contínua e racionalizada à demanda, buscando contato com indivíduos sadios ou doentes, visando promover a saúde por meio da educação sanitária; Promover ações e parcerias com organizações formais e informais existentes na comunidade para o enfrentamento conjunto dos problemas; Discutir, de forma permanente, junto à equipe e à comunidade, o conceito de cidadania, enfatizando os direitos de saúde e as bases legais que os legitimam; Incentivar a formação e/ou participação ativa nos conselhos locais de saúde e no Conselho Municipal de Saúde ATRIBUIÇÕES DE CADA PROFISSIONAL Enfermeiro - Exerce privativamente a direção dos órgãos de enfermagem e integra a estrutura básica de instituições de saúde, e a chefia de serviço de enfermagem, coordenando a atuação do auxiliar e do técnico. Ao enfermeiro cabe atender a saúde dos indivíduos e famílias cadastradas, realizando consulta de enfermagem, procedimentos, atividades em grupo e, conforme protocolos, solicitar exames complementares, prescrever medicações, gerenciar insumos e encaminhar usuários a outros serviços. Cabem a ele também as atividades de educação permanente da equipe de enfermagem, bem como o gerenciamento e a avaliação das atividades da equipe, de maneira particular do ACS. Médico - Se ocupa da saúde humana, responsabilizando-se pelo acompanhamento do plano terapêutico do usuário. Para que possa atender à demanda dos indivíduos sob sua responsabilidade, deve realizar atividades programadas e de atenção à demanda espontânea, de forma compartilhada, consultas clínicas e pequenos procedimentos cirúrgicos, quando indicado na Unidade de Saúde, no domicílio ou em espaços comunitários, responsabilizando-se pela internação hospitalar ou domiciliar e pelo acompanhamento do usuário. Além disso, o médico deve, em um trabalho conjunto com o enfermeiro, realizar e fazer parte das atividades de educação permanente dos membros da equipe e participar do gerenciamento dos insumos ACS e ACE - O ACS exerce o papel de “elo” entre a equipe e a comunidade, devendo residir na área de atuação da equipe, vivenciando o cotidiano das famílias e comunidade com mais intensidade. É capacitado para reunir informações de saúde sobre a comunidade, através de visitas domiciliares, e deve ter condição de dedicar oito horas por dia ao seu trabalho. Estudos identificam que o ACS, no seu dia a dia, apresenta dificuldade de lidar com o tempo, o excesso de trabalho, a preservação do espaço familiar, o tempo de descanso, a desqualificação do seu trabalho e o cansaço físico. - A esses profissionais cabe cadastrar todas as pessoas do território, mantendo esses cadastros sempre atualizados, orientando as famílias quanto à utilização dos serviços de saúde disponíveis. Devem desenvolver atividades de promoção da saúde, de prevenção das doenças e agravos e de vigilância à saúde, mantendo como referência a média de uma visita/família/mês ou, considerando os critérios de risco e vulnerabilidade, em número maior. A eles cabe o acompanhamento das condicionalidades do Programa Bolsa Família ou de qualquer outro programa similar de transferência de renda. O ACS também é responsável por cobrir toda a população cadastrada, com de 12 ACS por equipe de Saúde da Família. - O agente de controle de endemias(ACE) deve executar ações de campo para pesquisa ou coleta de reservatórios de doenças; realizar cadastramento e atualização da base de imóveis para planejamento e definição de estratégias de prevenção, intervenção e controle de doenças, através de medidas de controle químico, biológico, manejo ambiental e outras ações; realizar e manter atualizados os mapas e o reconhecimento geográfico de seu território, além de executar ações de campo em projetos que visem avaliar novas metodologias de intervenção para prevenção e controle de doenças. Técnico auxiliar de enfermagem - Cabe, sob a supervisão do enfermeiro, realizar procedimentos regulamentados no exercício de sua profissão, tanto na Unidade de Saúde, quanto em domicílio e outros espaços da comunidade; educação em saúde e educação permanente. Dentista - O cirurgião-dentista deve desenvolver com os demais membros da equipe atividades referentes à saúde bucal, integrando ações de saúde de forma multidisciplinar. A ele cabe, em ação conjunta com o técnico em saúde bucal (TSB), definir o perfil epidemiológico da população para o planejamento e a programação em saúde bucal, a fimde oferecer atenção individual e atenção coletiva voltadas à promoção da saúde e à prevenção de doenças bucais, de forma integral e resolutiva. Sempre que necessário, deve realizar os procedimentos clínicos, incluindo atendimento das urgências, pequenas cirurgias ambulatoriais e procedimentos relacionados com a fase clínica da instalação de próteses dentárias elementares, além de realizar atividades programadas e de atenção à demanda espontânea. Técnico em saúde bucal (TSB) e Auxiliar em saúde bucal (ASB) - Ao TSB cabe, sob a supervisão do cirurgião-dentista, o acolhimento do paciente nos serviços de saúde bucal, a manutenção e a conservação dos equipamentos odontológicos, a remoção do biofilme e as fotografias e tomadas de uso odontológicos, a limpeza e a antissepsia do campo operatório, e as medidas de biossegurança de produtos e resíduos odontológicos. - O ASB realiza procedimentos regulamentados no exercício de sua profissão, como limpeza, assepsia, desinfecção e esterilização do instrumental, dos equipamentos odontológicos e do ambiente de trabalho, processam filme radiográfico, seleciona moldeiras, prepara modelos em gesso, além das demais atividades atribuídas ao TSB. DEMANDA ESPONTÂNEA - É o nome dado para qualquer atendimento não programado na Unidade de Saúde, ou seja, representa uma necessidade momentânea do usuário. Ela deve ser atendida porque: 1. O usuário apresenta queixas que devem ser acolhidas e problematizadas 2. A atenção básica consegue absorver e ser resolutiva em grande parte dos problemas de saúde 3. Para criação e fortalecimento de vínculos 4. Cria-se oportunidade para invenção de novas estratégias de cuidado e reorganização do serviço DEMANDA PROGRAMADA - A ESF tem como um dos principais desafios o desenvolvimento do processo de trabalho embasado em planejamento de ações. Foi implantado com o intuito de reorganizar o acesso ao SUS e dar direcionamento as demandas da população adstrita, além de ter como um de seus eixos a promoção de saúde e prevenção de agravos, por meio da longitudinalidade. Para isso, as agendas dos profissionais são organizadas de forma programada com períodos específicos para procedimentos e atividades. - De forma geral, a demanda programada é aquela que é agendada previamente, ou seja, toda demanda gerada de ação prévia a consulta, sendo um importante instrumento de ação quando se trata de um serviço que compõe a rede de Atenção Primária a Saúde pautada em ações preventivas. NÚCLEO AMPLIADO DE SAÚDE DA FAMÍLIA (NASF) - Constitui uma equipe multiprofissional complementar às equipes que atuam na Atenção Básica. Poderão compor o NASF: Acupunturista Assistente social Ginecologista/obstetra Geriatra Nutricionista Psiquiatra, entre outros - Compete especificamente à equipe do NASF: Participar do planejamento conjunto com as equipes que atuam na Atenção Básica à que estão vinculadas; Contribuir para a integralidade do cuidado aos usuários do SUS principalmente por intermédio da ampliação da clínica. Realizar discussão de casos, atendimento individual, compartilhado, construção conjunta de projetos terapêuticos, educação permanente, intervenções no território e na saúde de grupos populacionais de todos os ciclos de vida, discussão do processo de trabalho das equipes dentre outros, no território. HIPERTENSÃO ARTERIAL - A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é definida como uma condição clínica multifatorial caracterizada por níveis elevados e sustentados de pressão arterial (PA), associando-se frequentemente a alterações nas funções ou estruturas dos órgãos-alvo (coração, encéfalo, rins e vasos sanguíneos) e no metabolismo, ocasionando o aumento do risco de eventos cardiovasculares fatais e não fatais. - No Brasil, os desafios do controle e prevenção da HAS e suas complicações são, sobretudo, das equipes de Atenção Básica, as quais são multiprofissionais, cujo processo de trabalho pressupõe vínculo com a comunidade e a clientela adscrita. Nesse contexto, o Ministério da Saúde preconiza que sejam trabalhadas as modificações de estilo de vida, fundamentais no processo terapêutico e na prevenção da hipertensão. - Um dos problemas mais comum enfrentado pelas equipes de Saúde é a HAS e existem dificuldades em realizar o diagnóstico precoce, o tratamento e o controle dos níveis pressóricos dos usuários. PROTOCOLO DE ATENDIMENTO NA ATENÇÃO BÁSICA - Estratégias vêm sendo utilizadas para otimizar o atendimento e acompanhamento de pacientes hipertensos na APS, como no Brasil, que faz uso do protocolo para diagnóstico da HAS proposto pelo Ministério da Saúde e o da Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba. - A ESF deve realizar o acompanhamento dos hipertensos, através de: Consultas mensais, por profissional médico ou enfermeiro, com aferição do peso, pressão arterial, orientações e prescrição do tratamento medicamentoso e não medicamentoso. - Percebe-se então a necessidade de um instrumento de consulta e acompanhamento para hipertensos, que possa ser utilizado pela eSF. Assim, o objetivo do estudo foi de construir e validar um protocolo para consulta e acompanhamento de hipertensos na AB. Dessa forma, o protocolo ficou organizado em VII dimensões e 50 itens: I. Caracterização do paciente: composta por 10 itens que elencam dados do hipertenso, o que permite traçar um perfil sociodemográfico II. Indicadores de saúde: os 12 itens que os compõem permitem a identificação, registro e análise de fatores de risco cardiovasculares e metabólico III. Indicadores psicossociais: possui 7 itens que agregam condições contribuintes para o bem-estar social e mental IV. Sinais de cifras pressóricas elevadas: possui 5 itens compostos por sinais que indicam possíveis crises hipertensivas V. Ocorrências de complicações: possui 9 itens provenientes do não controle pressórico VI. Solicitação de exames: possui 6 itens que destacam os principais exames para o acompanhamento da função metabólica VII. Condutas: possui apenas 1 item que permite o registro da assistência prestada - O protocolo foi pensado de forma que, após o diagnóstico, seja possível a vinculação do usuário com o serviço, permitindo o acompanhamento por parte da equipe de saúde da APS. CONSULTA MÉDICA NA AVALIAÇÃO INICIAL - A consulta de avaliação inicial de pessoas com diagnóstico de HAS deverá ser realizada pelo médico da UBS, com objetivo de identificar fatores de risco e considerar a hipótese de hipertensão secundária ou outra situação clínica para encaminhamento à consulta em outro nível de atenção. - É fundamental: Investigar a história - Preciso ser dado destaque à obesidade, abuso de bebidas alcoólicas, predisposição familiar, uso de contraceptivos hormonais e transtornos do sono. - Também se deve dar especial atenção às síndromes clínicas como insuficiência cardíaca e acidente vascular cerebral prévios. - Ao avaliar a história, deve-se considerar que muitos pacientes com pressão arterial elevada têm queixas inespecíficas, como cefaleia, epistaxe e outras. Realizar exame físico - O exame físico da pessoa com HAS é muito importante e não somente classifica a PA, como pode detectar lesões de órgão-alvo e identificar outras condições que, associadas, aumentam a morbimortalidade e influenciam no tratamento. - É importante ressaltar que a AB trabalha com o princípio da longitudinalidade e que o exame físico pode ser feito ao longo de outros encontros com a pessoa. Solicitar exames laboratoriais - Sugere-se uma periodicidade anual destes exames rotina, sendo que devem ser avaliados alguns aspectos: ECG Proteinúria Potássio sérico Dosagem de colesterol e glicemia PLANEJAMENTO EM SAÚDE - Quando de pretende alcançarobjetivos complexos e de forma coletiva, torna-se imprescindível contar com um método de planejamento. Esse método deve possibilitar a compreensão e o compartilhamento de uma mesma “linguagem” (conceitos básicos, instrumentos utilizados, etc.) e deve contribuir para o dialogo e a efetiva participação de todos os envolvidos na operacionalização do plano. Segundo Matus, o planejamento é um cálculo que precede e preside a ação. Ele deve ser um cálculo situacional e sistemático capaz de articular o presente com o futuro. - O planejamento normativo surgiu em 1960, na América Latina, quando a Organização Pan-americana de saúde (OPAS) e o Centro de estudos do Desenvolvimento da Universidade Central da Venezuela (CENDES) elaboraram um método de planejamento para a saúde, que ficou conhecido como método CENDES/OPAS. Nesse método, a formulação do plano inicia com a realização do diagnóstico, e em seguida a seleção de prioridades, definindo as ações e recursos com o intuito de alcançar mais eficiência nas ações de saúde. - Na década de 1970 surgiram na América Latina as diferentes correntes do planejamento estratégico. PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO SITUACIONAL (PES) - O planejamento estratégico situacional foi concebido na década de 80 por Carlos Matus, economista chileno, como proposta teórico-metodológica para planejar e governar. Matus define o planejamento como uma ferramenta de liberdade e, devido à flexibilidade do PES, ele é utilizado e adaptado em áreas como saúde e educação. Triângulo de governo - O Triângulo do governo é a forma que Matus utiliza para representar 3 aspectos importantes dos fundamentos teóricos do PES, os quais devem ser vistos em uma inter-relação dinâmica: Projeto de governo: refere-se ao plano que uma equipe se propõe a realizar para alcançar seus objetivos Governabilidade: são as variáveis ou recursos que a equipe controla ou não e que são necessários para implementar o plano Capacidade de governo: diz respeito à experiência e à acumulação de conhecimentos que uma equipe domina e que são necessários para implementação do plano. - Esse triangulo procura refletir como essa relação é interdependente. Dessa forma, por exemplo, podem acontecer situações em que: A equipe tem baixa governabilidade pra realizar o projeto, mas possui alta capacidade de governo, o que permite acumular recursos. A equipe possui alta governabilidade, mas pode ficar isolada e impotente para realizar o projeto, devido à baixa capacidade de governo Momentos do planejamento - O PES propõe quatro momentos em um processo sistemático, visando a organização de intervenções e a produção de resultados sobre uma determinada realidade. Quando adotado como ferramenta de gestão em saúde coletiva, o PES possibilita a organização do trabalho, com base nos princípios do SUS, pois promove a participação da comunidade, requer a divulgação de informações sobre o potencial dos serviços de saúde e sua utilização pelo usuário, exige a utilização da epidemiologia para o estabelecimento de prioridades, a alocação de recursos e a orientação programática, e tem como finalidade a resolutividade dos serviços. 1. Primeira etapa: momento explicativo: - Propõe estratégias para identificar e explicar os problemas, considerando informações objetivos (p.ex. dados quantitativos) e subjetivas, como a percepção dos diversos atores sobre os problemas analisados. - Na prática pedagógica relacionada à área da saúde, faz-se o reconhecimento dos atores, que são trabalhadores de saúde, usuários e agentes que atuam no território adscrito ou não. Reconhecemos também o contexto do serviço, que inclui as instituições e organizações da comunidade. Para o PES, o valor atribuído pela população usuária aos problemas é critério fundamental e indispensável na seleção dos problemas prioritários à intervenção. 2. Segunda etapa: momento normativo: - Propõe a definição de objetivos e resultados a alcançar, assim como estratégias e ações necessárias para seu alcance. Essa etapa requer uma análise, a qual considera as finalidades a serem alcançadas, preservado tanto a coerência interna, que diz respeito aos princípios da instituição, quanto à coerência externa, que se refere ao SUS. - Assim, nesse momento o planejamento requer a observação dos obstáculos e oportunidades internas e externas, bem como o tempo de resolução dos problemas. 3. Terceira etapa: momento estratégico - Enfatiza a importância de analisar recursos econômicos, administrativos e políticos necessários ou disponíveis. A partir dos objetivos que já foram traçados na etapa 2, devem ser previstos projetos de intervenção, estabelecendo os efeitos esperados. - A análise dos recursos políticos avalia a motivação dos atores para se engajar e comprometer no processo. 4. Quarta etapa: momento tático- operacional - Prevê a programação da implementação das propostas, o que inclui cronograma, recursos, atores responsáveis e participantes na execução. É essencial rever os objetivos, definindo parâmetros e acompanhamento e avaliação dos resultados ou do processo. Conclusão - Na visão do PES, planejamento e gestão são inseparáveis, dessa forma, o alcance dos resultados propostos exige formas adequadas de gerenciamentos e monitoramento. HIPERDIA - A Hipertensão Arterial (Hiper) e o Diabetes Mellitus (Dia) são doenças crônicas, apontadas como os principais fatores de risco para as doenças cardiovasculares. No Brasil, cerca de 60 a 80% dos casos da HAS e DM podem ser tratados na rede primária de saúde, porém a AB recebe diariamente uma grande sobrecarga de trabalho inesperada de pacientes com crises hipertensivas e complicações graves. - Dessa forma, cria-se o HiperDia em março de 2002 (Portaria nº 371) por um Plano de Reorganização da Atenção à Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus, o qual objetiva estabelecer metas e diretrizes para ampliar ações de prevenção, diagnóstico, tratamento e controle dessas patologias, através da reorganização das unidades da rede básica dos Serviços de Saúde, que destina-se ao cadastramento e acompanhamento de portadores de HAS e DM. O sistema envia dados para o Cartão Nacional de Saúde, funcionalidade que garante a identificação única do usuário do SUS. - Os hipertensos e diabéticos que abandonarem o programa devem ser contatados para a identificação dos elementos dificultadores e para nova inserção no atendimento. Deve ser realizado um fluxograma de atendimento e de informação aos pacientes sobre a rotina de atendimento, para maior compreensão e maior adesão. Objetivos - O Programa HiperDia possui os seguintes objetivos: Garantir as consultas: evitar desmarcações sucessivas de consultas Diminuir o intervalo entre as consultas de controle Prevenção, diagnóstico e terapêutica mais precoce possível das complicações Diminuir a carga de trabalho inesperada Aumentar o acesso aos cuidados e orientações complementares à terapêutica Evitar o uso incorreto de medicamentos pelos pacientes Criar banco de dados fiel para pesquisa Criar uma rotina/ maior responsabilização dos pacientes Como funciona? - É destinado uma semana ou dias para atendimento deste grupo, através de um atendimento sistematizado: 1. Triagem feita pelo enfermeiro 2. Avaliação médica 3. Medicamentos na farmácia - Todos os dados devem ser devidamente anotados no cartão HiperDia. Vantagens - Melhor gestão das consultas/escala. - Diminuição das demandas espontâneas - Diminuição do pedido de receitas - Banco de dados fiel, de fácil acesso - Identificação rápida dos faltosos - Baixo custo de implementação - Diminuição e controle das complicações e fatores de risco
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