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Concreto Armado Liana Parizotto Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094 P231c Parizotto, Liana. Concreto armado / Liana Parizotto. – Porto Alegre : SAGAH, 2017. 220 p. : il. ; 22,5 cm. ISBN 978-85-9502-090-0 1. Concreto armado – Engenharia civil. I. Título. CDU 624.012.45 Revisão técnica: Shanna Trichês Lucchesi Mestre em Engenharia de Produção (UFRGS) Professora do curso de Engenharia Civil (FSG) Iniciais_Concreto armado.indd 2 09/06/2017 17:36:38 Materiais: concreto Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Avaliar as propriedades mecânicas do concreto. Identi� car os principais tipos de concreto conforme sua composição. Determinar as exigências para o controle tecnológico do concreto. Introdução A maioria das obras da construção civil é composta por elementos de concreto armado. O concreto tem as principais funções de resistir aos esforços de compressão e proteger as armaduras contra intempéries, garantindo a durabilidade dos elementos. Além do concreto conven- cional, formado geralmente por agregados graúdos, agregados miúdos, cimento Portland e água, existem outros concretos com aditivos, adições ou mesmo diferentes agregados e dosagens que buscam modificar suas propriedades para adaptá-las conforme sua demanda de utilização. Além disso, todo o processo de construção, desde a fase de produção do concreto até a sua execução, deve contar com um controle rigoroso para que a união de seus componentes atenda as propriedades esperadas. Neste capítulo você vai conhecer as propriedades mecânicas do concreto, os diferentes tipos de concreto e suas exigências de controle tecnológico. Propriedades mecânicas do concreto Denominamos concreto o material de construção composto pela mistura de cimento, agregado graúdo (brita ou cascalho), agregado miúdo (areia) e água. Os materiais de construção precisam apresentar, dentre outras características, resistência e durabilidade, e isso explica o porquê de o concreto ser o material mais usado na engenharia. U2_C07_ Concreto armado.indd 101 09/06/2017 17:06:32 As principais propriedades mecânicas do concreto são: resistência à compressão simples; resistência à tração; e módulo de elasticidade. Você vai ver a seguir uma breve descrição de cada uma dessas propriedades. Resistência à compressão A resistência à compressão é a propriedade mecânica mais importante do concreto, isso porque há outros parâmetros físicos experimentais relacionados com a resistência à compressão. Para que seja medida, são moldados corpos de prova cilíndricos para ensaio, de acordo com a ABNT NBR 5738:2015, “Con- creto – Procedimento para moldagem e cura de corpos de prova” e ensaiados conforme a ABNT NBR 5739:2007, “Concreto – Ensaios de compressão de corpos de prova cilíndricos”. Realizado o ensaio em um número grande de corpos de prova, é encontrada a curva de distribuição normal (curva de Gauss), que fornece o valor médio da resistência do concreto à compressão (fcm), bem como o valor do desvio- -padrão (s). Com isso, a resistência característica do concreto à compressão (fck) pode ser calculada: fck = fcm – 1,65 × s Veja na Figura 1 a curva de Gauss para a resistência do concreto à com- pressão, com a indicação das resistências e do desvio-padrão. Concreto armado 102 U2_C07_ Concreto armado.indd 102 09/06/2017 17:06:33 Figura 1. Curva de Gauss para a resistência do concreto à compressão. Fonte: Pinheiro, Muzardo e Santos (2004, p. 2). A quantidade de água utilizada para a elaboração do concreto está direta- mente relacionada com a sua resistência. O concreto mais durável e resistente é aquele que possui a menor quantidade de água possível para dada quanti- dade de cimento, oferecendo, assim, uma trabalhabilidade que permita a sua compactação. De modo geral, quanto menor for a relação água/cimento do concreto, maior será a sua resistência (MEHTA; MONTEIRO, 1994). Resistência à tração A resistência à tração do concreto é obtida por meio de 3 ensaios: tração di reta (fct), tração na compressão diametral ou tração indireta (fct,sp) e tração na fl exão (fct,f). De acordo com a ABNT NBR 6118:2014, as resistências à tração indireta e na fl exão são obtidas por ensaios realizados segundo a norma ABNT NBR 7222:2011, “Concreto e argamassa – Determinação da resistência à tração por compressão diametral de corpos de prova cilíndricos” e a norma ABNT NBR 12142:2010, “Concreto – Determinação da resistência à tração na fl exão de corpos de prova prismáticos”, respectivamente. A resistência à tração direta (fct), e o consequente valor da resistência média à tração (fctm), são obtidos pela correlação de valores dos outros dois ensaios. No entanto, na falta deles, os valores são determinados utilizando a resistência à compressão (fck) em outras fórmulas. Módulo de elasticidade O módulo de elasticidade (E) é determinado pela relação entre a tensão (σ) e a deformação específi ca (ε) obtidas no ensaio de corpos de prova conforme 103Materiais: concreto U2_C07_ Concreto armado.indd 103 09/06/2017 17:06:33 a norma ABNT NBR 8522:2008, “Concreto – Determinação do módulo es- tático de elasticidade à compressão”. Sabe-se que o concreto apresenta um comportamento não linear quando submetido a certas tensões, no entanto, a relação entre a tensão e a deformação pode ser suposta como linear para alguns intervalos, com o material obedecendo à Lei de Hooke (σ = E x ε). Veja o módulo de elasticidade, ou módulo de deformação longitudinal, no gráfi co tensão-deformação da Figura 2 (PINHEIRO; MUZARDO; SANTOS, 2004). Figura 2. Módulo de elasticidade/deformação longitudinal (E). Fonte: Pinheiro, Muzardo e Santos (2004, p. 6). Quando não houver uma parte retilínea, o módulo é defi nido como a tangente da curva do gráfi co tensão-deformação, como mostrado na Figura 3, chamado módulo de deformação tangente inicial (Eci). Figura 3. Módulo de deformação tangente inicial (Eci). Fonte: Pinheiro, Muzardo e Santos (2004, p. 6). Concreto armado 104 U2_C07_ Concreto armado.indd 104 09/06/2017 17:06:34 De acordo com a ABNT NBR 6118:2014, quando não existirem ensaios ou dados precisos sobre o concreto, é possível estimar o valor do módulo de elasticidade usando o valor da resistência característica à compressão (fck). A fórmula define o módulo de deformação tangente inicial (Eci), sendo esse valor o especificado em projeto (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2014): Eci = αE 5600 × fck 1/2 O coeficiente αE é um parâmetro em função da natureza do agregado presente na mistura, que influencia o módulo de elasticidade. Para o caso de análises lineares, em que se admite o comportamento elástico-linear para os materiais, os resultados são comumente utilizados para verificar os estados limites de serviço (ELS). Deve-se, em princípio, utilizar o módulo de elasticidade secante (Ecs), que multiplica o módulo de elasticidade tangente inicial (Eci) por um fator (αi) que depende da resistência à compressão do concreto (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2014). Veja na Figura 4 um diagrama tensão-deformação idealizado para o concreto submetido à compressão e utilizado para análises no estado limite último (ELU) para concretos com fck de até 50 MPa. O valor de 0,85 multiplicando a resistência de cálculo à compressão do concreto (fcd) é devido ao efeito Rüsch, que é a consideração da diminuição da resistência do concreto para cargas de longa duração. Figura 4. Diagrama tensão-deformação idealizado para a compressão do concreto. Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (2014). 105Materiais: concreto U2_C07_ Concreto armado.indd 105 09/06/2017 17:06:35 Concretos especiais Com o intuito de melhorar alguns aspectos do concreto convencional, feito com cimento Portland e agregados comuns, foram desenvolvidos concretos especiais a partir de inúmeros avanços tecnológicos.Você vai ver aqui alguns tipos de concretos especiais e as suas defi nições, as principais propriedades (como a trabalhabilidade, a massa específi ca e a resistência) defi nidas pela dosagem, além de suas aplicações e vantagens como material de construção. A dosagem do concreto é o processo pelo qual é estipulada a proporção ideal dos seus materiais componentes para determinadas características de desempenho. Com a dosagem é possível obter um produto que atenda aos principais requisitos previamente estabelecidos: a trabalhabilidade (para o concreto fresco) e a resistência (para o concreto endurecido). A trabalhabi- lidade é a propriedade que determina a facilidade de manuseio do concreto para ser lançado, adensado ou acabado, sem que haja segregação nociva. Ela depende, principalmente, da relação de água/materiais secos e do tipo de cimento e agregados. A consistência (em inglês, slump), avaliada pelo ensaio de abatimento do concreto, e a coesão, avaliada pela resistência à segregação, são os fatores que determinam a trabalhabilidade. A resistência, que está diretamente relacionada com a durabilidade, depende da relação água/cimento do concreto e do teor de ar incorporado. Veja agora algumas informações do concreto convencional em comparação com os concretos especiais abordados a seguir (MEHTA; MONTEIRO, 1994): resistência à compressão aos 28 dias: 21 a 42 MPa; massa específica: em torno de 2400 kg/m³; e relação água/cimento: 0,4 a 0,7. Concreto leve Os concretos leves possuem peso específi co reduzido, pois são produzidos com agregados leves, e elevada capacidade de isolamento térmico e acústico. Como o objetivo dos concretos leves é justamente ter um peso reduzido, o peso específi co máximo admissível é limitado. No entanto, como a diminui- ção da densidade afeta a resistência do concreto, as especifi cações exigem uma resistência mínima para que sua qualidade seja garantida (MEHTA; MONTEIRO, 1994). A trabalhabilidade para esses concretos requer atenção especial, pois misturas com fluidez elevada podem fazer o agregado graúdo flutuar na Concreto armado 106 U2_C07_ Concreto armado.indd 106 09/06/2017 17:06:35 superfície, já que ele é geralmente poroso, com baixa densidade e textura áspera. Para evitar isso, podem ser usados aditivos incorporadores de ar. A massa específica de concretos leves é limitada ao valor máximo de 1850 kg/ m³, sendo que o valor para os concretos convencionais é bem mais elevado. A resistência à compressão dos concretos leves de uso estrutural deve ser maior que 17 MPa aos 28 dias (MEHTA; MONTEIRO, 1994). Apesar de o custo por metro cúbico desse concreto ser maior do que o do concreto convencional, a estrutura pode custar menos, já que há a redução do peso próprio, acarretando um menor custo com as fundações. Embora sejam utilizados em edifícios e obras de arte, a maioria das aplicações dos concretos leves é na produção de elementos e painéis pré-fabricados, uma vez que o manuseio, o transporte e a construção ficam facilitados (MEHTA; MONTEIRO, 1994). Concreto de alto desempenho Os concretos de alto desempenho possuem uma baixa relação água/cimento, e, como consequência, redução de porosidade e, portanto, maior durabilidade. Para a sua produção, de modo a harmonizar a sua consistência e resistência, é necessário o uso de aditivos redutores de água. É prática comum que parte do cimento seja substituída por adições (pozolanas), pois, além de reduzir o custo, os riscos de fi ssuração térmica são minimizados (MEHTA; MONTEIRO, 1994). Inicialmente, os concretos de alta resistência tinham a sua trabalhabi- lidade comprometida, já que contêm grande quantidade de materiais finos (cimento e adições) e baixa relação água/cimento, tornando-se viscosos e rijos e dificultando o seu lançamento e adensamento. Com o uso de aditivos do tipo superplastificantes, a trabalhabilidade é muito melhorada, mesmo para relações de água/cimento muito baixas, da ordem de 0,3 ou menos. Para que um concreto seja denominado de alta resistência, ele precisa ter um valor de resistência à compressão superior a 40 MPa aos 28 dias. No entanto, valores muito mais altos que esse são praticados, chegando a 120 MPa (MEHTA; MONTEIRO, 1994). Edifícios, pontes e pré-moldados são construídos com esse tipo de concreto e podem apresentar vantagens econômicas, já que a resistência elevada permite que as dimensões estruturais sejam reduzidas (seção de pilares, por exemplo). Esse concreto viabiliza a construção de edifícios muito altos. 107Materiais: concreto U2_C07_ Concreto armado.indd 107 09/06/2017 17:06:35 Concreto autoadensável Os concretos autoadensáveis possuem consistência fl uida, a qual permite que eles sejam lançados e compactados sem vibração, apresentando a habilidade de contornar obstáculos, como peças com elevadas taxas de armadura ou de difícil acesso. Ao mesmo tempo, os concretos autoadensáveis precisam ser sufi cientemente coesos para resistir à segregação e à exsudação, por isso, requerem o uso de aditivos redutores de água. Além dessas características, esse tipo de concreto apresenta alta trabalha- bilidade sem que o fator água/cimento seja elevado e sem que haja a perda de coesão. Os aditivos superplastificantes são os responsáveis por tais ca- racterísticas, pois a fluidez aumenta (alto abatimento) sem que haja redução na resistência. Muitas vezes, a dimensão dos agregados graúdos é limitada, tornando-o mais homogêneo e facilitando o bombeamento (MEHTA; MON- TEIRO, 1994). Entre as aplicações dos concretos autoadensáveis estão as peças pré-fabri- cadas, mas eles também são empregados no local no canteiro, principalmente para estruturas muito armadas. O uso desses concretos reduz custos, pois, apesar de os aditivos serem caros, os vibradores são dispensados (eliminando os gastos relativos à sua manutenção), diminuindo também a quantidade de trabalhadores na obra. Concreto compactado a rolo O concreto compactado a rolo (CCR) nada mais é do que uma variação do concreto massa e consiste na compactação de camadas de concreto por meio de rolos compressores vibratórios. O concreto massa é utilizado em estruturas de grande volume e, por isso, requer atenção especial para o excesso de calor gerado (e consequente fi ssuração) e as mudanças posteriores de volume. O CCR e o concreto massa convencional possuem aparência física e propriedades semelhantes, mas o CCR exige menos cuidado (MEHTA; MONTEIRO, 1994). A consistência de concretos compactados a rolo deve ser tal que impeça que o equipamento de rolo afunde, mas que permita a distribuição adequada dos materiais. Por isso, tanto o consumo de cimento quanto o de água são baixos. Nesse caso, a minimização do fator água/cimento para uma melhor resistência não é primordial. De fato, é possível praticar fatores elevados, já que a melhor compactação se dá para uma mistura mais úmida. A consistência do CCR é o fator mais importante para obter uma boa resistência (MEHTA; MONTEIRO, 1994). Concreto armado 108 U2_C07_ Concreto armado.indd 108 09/06/2017 17:06:35 Os concretos compactados a rolo são utilizados na construção de barragens e comportas, bem como em obras rodoviárias (como base de pavimentos). Apresentam alta produtividade e reduzido consumo de cimento, tornando-se uma opção vantajosa financeiramente. Concreto projetado Os concretos projetados são transportados através de uma tubulação e são lançados, sob pressão, em alta velocidade, diretamente sobre a superfície. Há dois modos de projetar o concreto: via seca e via úmida. A diferença entre eles é que, no processo por via seca, a água é adicionada no momento da projeção, ao passo que no processo por via úmida, todos os componentes são previamente misturados antes de serem projetados. Os concretos projetados possuem relação água/cimento baixa para ga- rantir a aderência e a resistência. O uso de aditivos aceleradores de pega é imprescindível, mas também podem ser usados aditivosredutores de água (superplastificantes). Em geral os concretos projetados são empregados para o revestimento de obras subterrâneas (como túneis) e no reparo de estruturas, e apresentam vantagens na sua aplicação, pois dispensam o uso de fôrmas, e o lançamento e adensamento são realizados com grande velocidade. Controle tecnológico do concreto O concreto está sujeito, desde o momento da produção de suas matérias-primas até a sua aplicação, a sofrer muitas variações de qualidade, pois há inúmeras variáveis que podem intervir nas características do concreto e na determinação do produto fi nal para as suas diversas aplicações. O controle tecnológico do concreto é estabelecido, fundamentalmente, pela ABNT NBR 12655:2015, “Concreto de cimento Portland – Preparo, controle, recebimento e aceitação – Procedimento”, mas é complementado por outras normas específi cas para materiais e ensaios. De acordo com a Associação Brasileira de Cimento Portland (2010), as construções atuais, por envolverem uma grande quantidade de áreas de co- nhecimento, são difíceis de serem dominadas por um mesmo profissional. Portanto, os projetistas estruturais precisam dominar melhor a norma de projeto (ABNT NBR 6118:2014); os construtores, a norma de execução (ABNT NBR 14931:2004); as empresas de concretagem, a norma de dosagem do concreto 109Materiais: concreto U2_C07_ Concreto armado.indd 109 09/06/2017 17:06:36 (ABNT NBR 7212:2012); e os tecnologistas, a norma de controle (ABNT NBR 12655:2015). De modo sucinto, o controle tecnológico do concreto é dividido em 3 etapas: 1. controle da composição (materiais constituintes); 2. controle do concreto fresco e da sua produção; 3. controle do concreto endurecido. Para a construção de uma edificação, é fundamental que as responsabi- lidades dos diferentes profissionais envolvidos sejam previamente atribuí- das. No projeto estrutural, deve ser estabelecida a resistência característica à compressão do concreto, tanto o valor final quanto os valores para as etapas construtivas, além das exigências para a durabilidade (incluindo a classe de agressividade adotada). Com relação à parte de execução da obra, o profis- sional precisa escolher o modo de preparo do concreto (em obra ou central), o tipo do concreto (e os materiais utilizados) e sua consistência. Por fim, é necessário um responsável para receber e aceitar (ou não) o concreto que chegar à obra, junto com a documentação que comprove o cumprimento dos requisitos (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2015). Controle da composição do concreto Os materiais que compõem o concreto (cimento Portland, agregados, água, aditivos e adições) têm de ser escolhidos de acordo com as condições defi nidas em uma série de normas específi cas para cada um desses materiais. O concreto precisa estar apto para as operações de mistura, transporte, lançamento e adensamento, sendo atendidas as suas especifi cações para consistência, massa específi ca, resistência, durabilidade e proteção das armaduras (ASSOCIAÇÃO BRASILIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2015). As estruturas precisam atender às condições de segurança, estabilidade e aptidão em uso durante a sua vida útil, ou seja, elas precisam ter durabilidade. É preciso determinar a classe de agressividade ambiental a que a estrutura estará submetida e, a partir dela, definir a qualidade do concreto que será usado por meio da relação água/cimento, da classe de resistência do concreto (de acordo com a NBR 8953, sobre concretos para fins estruturais) e do consumo de cimento. Todos os dados são obtidos ao consultar tabelas da ABNT NBR 12655:2015, inclusive para o caso de estruturas sob condições especiais de exposição, sujeitas ao contato com agentes químicos, à agua, etc. Concreto armado 110 U2_C07_ Concreto armado.indd 110 09/06/2017 17:06:36 Os materiais constituintes do concreto devem ser armazenados de maneira correta, conforme estipulado pela norma. Os documentos referentes à origem e às características dos materiais têm de permanecer arquivados. Controle do concreto fresco e da sua produção É preciso defi nir como será feita a medida (em massa, em volume, ou combi- nada) dos componentes do concreto. A mistura tem de obedecer às regras de fabricação do equipamento utilizado e, no caso de concreto feito em central, deve seguir o que está disposto na ABNT NBR 7212:2012, sendo a mistura feita em caminhão-betoneira ou em centrais misturadoras. A ABNT NBR 12655:2015 prevê a realização de um estudo de dosagem, antecedendo o momento da concretagem, seguindo as mesmas condições que serão aplicadas na obra, com o intuito de definir um traço adequado. Antes de a concretagem iniciar, é necessário comprovar o traço estipulado no estudo de dosagem por meio de uma amassada do concreto fresco na obra (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2015). O transporte do concreto dosado em central até a obra deve ser feito por veículo que possua estanqueidade, equipado ou não de mecanismo de agitação, obedecendo a um tempo máximo de transporte. As limitações de tempo para as operações seguintes, de lançamento e adensamento, também estão previstas na ABNT NBR 7212:2012. Para saber mais sobre o processo de produção do concreto em central, consulte a norma ABNT NBR 7212:2012 – Execução de concreto dosado em central – Procedimento. Para o recebimento do concreto produzido em central na obra, é preciso verificar a sua consistência por meio do ensaio de abatimento (slump test), de modo a assegurar o seu lançamento. Os ensaios têm de ser realizados de acordo com a ABNT NBR NM 67:1998, “Concreto – Determinação da consistência pelo abatimento de tronco de cone” e repetidos a cada nova betonada que chega à obra. 111Materiais: concreto U2_C07_ Concreto armado.indd 111 09/06/2017 17:06:36 Controle do concreto endurecido Outro ensaio de controle que precisa ser feito é o de resistência à compressão, e ele está previsto na norma ABNT NBR 5739:2007, “Concreto – Ensaios de compressão de corpos de prova cilíndricos”. Assim que o concreto chega à obra, são preparadas amostras com corpos de prova de diferentes betonadas para serem, posteriormente, rompidas nas idades preestabelecidas. Os valores obtidos nos ensaios à compressão dos corpos de prova servem para estimar o valor da resistência característica à compressão do concreto empregado na obra. Tal valor precisa atender à resistência especificada no projeto estrutural para ser aceito, caso contrário, deve-se consultar a ABNT NBR 7680-1:2015, “Concreto – Extração, preparo, ensaio e análise de teste- munhos de concreto”. Concreto armado 112 U2_C07_ Concreto armado.indd 112 09/06/2017 17:06:37 1. Conforme sua dosagem, o concreto atingirá diferentes resistências e suas propriedades serão modificadas. Com relação às propriedades mecânicas do concreto, assinale a alternativa correta: a) O concreto não é um material muito resistente à tração; sua resistência à tração é, inclusive, ignorada para fins de dimensionamento. b) Quanto maior for o teor água/ cimento, maior será a resistência à compressão do concreto. c) A resistência à tração do concreto só pode ser medida por meio de 3 ensaios: tração direta; tração na compressão diametral; e tração na flexão. d) O módulo de elasticidade do concreto depende de sua resistência à compressão, visto que, na falta de ensaios, seu valor pode ser avaliado por meio da sua resistência à compressão. e) No diagrama tensão-deformação idealizado do concreto, encontra-se um coeficiente multiplicando sua resistência à compressão para considerar o aumento da resistência do concreto ao longo do tempo. 2. Conforme o tipo de concreto e as características de seus componentes, assinale a alternativa correta: a) O concreto convencional atinge, normalmente, resistência à compressão da ordem de 50 MPa. b) O concreto leve possui limitação de sua massa específica de 2400 kg/m3. c) O concreto de alto desempenho e o concretoautoadensável possuem aditivos superplastificantes na sua composição, para atingir a trabalhabilidade necessária para cada um deles. d) O concreto compactado a rolo deve possuir baixa relação água/cimento para permitir a sua compactação por meio de rolos compressores vibratórios. e) O concreto projetado possui aditivos retardadores de pega, já que seu processo de execução pode ser demorado. 3. Conforme o tipo de concreto e a sua utilização, assinale a afirmação correta: a) O concreto autodensável é utilizado em obras onde se deseja obter um peso próprio reduzido da estrutura. b) O concreto compactado a rolo é muito utilizado como base de pavimentos em obras rodoviárias. c) O concreto de alto desempenho é muito utilizado no revestimento de obras subterrâneas, como túneis, devido à sua elevada resistência. d) O concreto leve é indicado em obras diferenciadas, onde elevadas resistências são esperadas para os elementos. e) O concreto convencional é utilizado em elementos 113Materiais: concreto U2_C07_ Concreto armado.indd 113 09/06/2017 17:06:37 muito armados ou com difícil acesso para vibração. 4. O concreto pode ser produzido no próprio canteiro de obras ou ainda por centrais de dosagem. Quanto a essas duas formas de produção do concreto e levando em consideração o controle tecnológico do concreto, assinale a resposta correta: a) O concreto produzido no local, com auxílio de betoneiras, é normalmente utilizado em grandes obras, com grande volume de concreto. b) Para realizar o pedido do concreto dosado em central, são necessárias algumas especificações, que podem ser: especificações pela resistência característica do concreto; especificação pela composição da mistura; e por exigências suplementares. c) O concreto produzido no local pode ser utilizado para elementos que devam possuir elevadas resistências. d) Para concretos produzidos em central de dosagem, o transporte até a obra pode ser realizado por caminhões sem dispositivos de agitação somente para concretos segregáveis. e) Quando o concreto dosado em central é transportado por caminhões-betoneira, não é necessário se preocupar com o tempo de percurso, visto que esse tipo de caminhão oferece agitação contínua ao concreto. 5. Quanto ao controle tecnológico do concreto e suas etapas, é correto afirmar que: a) O teor água/cimento é o que define a resistência à compressão final do concreto. b) No momento do recebimento do concreto na obra, devem ser verificadas sua consistência e trabalhabilidade por meio do ensaio de corpos de prova. c) O controle tecnológico do concreto ocorre durante todas as suas etapas, desde sua dosagem e produção até a cura. No momento do pedido do tipo de concreto para uma determinada estrutura, devem ser levadas em consideração a trabalhabilidade necessária, a resistência do concreto à compressão, assim como sua classe de agressividade. d) Após a concretagem dos elementos e sua cura, caso o concreto tenha atingido a resistência almejada nos corpos de prova moldados em seu recebimento, já não é mais necessário arquivar os documentos referentes à origem e às características dos materiais. e) Os corpos de prova conhecidos como “testemunhos” são aqueles moldados no momento do recebimento do concreto, quando produzido em central. Concreto armado 114 U2_C07_ Concreto armado.indd 114 09/06/2017 17:06:38 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND. O que construtores, concreteiras, projetistas e laboratórios podem fazer para manter a qualidade no controle tecnológico dos concretos? São Paulo: ABCP, 2010. Disponível em: <http://www.abcp.org.br/cms/ perguntas-frequentes/o-que-construtores-concreteiras-projetistas-e-laboratorios- -podem-fazer-para-manter-a-qualidade-no-controle-tecnologico-dos-concretos/>. Acesso em: 06 abr. 2017. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 5738:2015. Versão Cor- rigida:2016. Concreto – Procedimento para moldagem e cura de corpos de prova. Rio de Janeiro: ABNT, 2015. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 5739:2007. Concreto – Ensaios de compressão de corpos-de-prova cilíndricos. Rio de Janeiro: ABNT, 2007. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 6118:2014. Projeto de estruturas de concreto – procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 2014. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 7212:2012. Execução de concreto dosado em central – Procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 2012. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 7222:2011. Concreto e argamassa – Determinação da resistência à tração por compressão diametral de corpos de prova cilíndricos. Rio de Janeiro: ABNT, 2011. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 7680-1:2015. Versão cor- rigida:2015. Concreto – Extração, preparo, ensaio e análise de testemunhos de estru- turas de concreto Parte 1: Resistência à compressão axial. Rio de Janeiro: ABNT, 2015. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 8522:2008. Concreto – Determinação do módulo estático de elasticidade à compressão. Rio de Janeiro: ABNT, 2008. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 12142:2010. Concreto – Determinação da resistência à tração na flexão de corpos de prova prismáticos. Rio de Janeiro: ABNT, 2010. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 12655:2015. Concreto de cimento Portland – preparo, controle, recebimento e aceitação – Procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 2015. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 14931:2004. Execução de estruturas de concreto – Procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 2004. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR NM 67:1998. Concreto – Determinação da consistência pelo abatimento do tronco de cone. Rio de Janeiro: ABNT, 1998. 115Materiais: concreto U2_C07_ Concreto armado.indd 115 09/06/2017 17:06:38 http://www.abcp.org.br/cms/ MEHTA, P. K.; MONTEIRO, P. J. Concreto: estrutura, propriedades e materiais. São Paulo: Pini, 1994. PINHEIRO, L.B.; MUZARDO, C. D.; SANTOS, S. P. Estrutura de concreto: capítulo 2. Cam- pinas: Unicamp, 2004. Disponível em: <http://www.fec.unicamp.br/~almeida/ec702/ EESC/Concreto.pdf>. Acesso em: 07 abr. 2017. Leituras recomendadas ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 14026:2012. Concreto projetado – especificação. Rio de Janeiro: ABNT, 2012. PFEIL, W. Concreto armado 1: introdução. 5. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1988. Concreto armado 116 U2_C07_ Concreto armado.indd 116 09/06/2017 17:06:38 http://www.fec.unicamp.br/~almeida/ec702/ Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Conteúdo:
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