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Maria Raquel Tinoco Laurindo – MED 103 Etapas que precisam ocorrer para que o sistema digestório possa abastecer o organismo com água, eletrólitos, vitaminas e nutrientes: 1. Alimentação 2. Movimentação do alimento pelo trato alimentar 3. Secreções de soluções digestivas e digestão do alimento 4. Absorção 5. Circulação para o transporte de substâncias envolvidas 6. Controle destas funções pelo sistema nervoso e hormônios locais Anatomia histológica: Pelo plano geral, as paredes do tubo digestivo têm quatro camadas (túnicas): • Mucosa o Epitélio o Lâmina própria (conjuntivo) o Muscular da mucosa • Submucosa (conjuntivo) o Composta por estruturas plexo submucoso • Músculo liso (duas camadas) o Responsável pela peristalse o Camada circular interna o Plexo mioentérico – entre as camadas musculares; possui fibras excitatórias e inibitórias o Camada longitudinal externa • Serosa (conjuntivo + epitélio) // Adventícia Ondas elétricas: O músculo liso gastrointestinal é excitado por atividade elétrica intrínseca, contínua e lenta. Esta atividade consiste em dois tipos de ondas elétricas. As ondas lentas não são potenciais de ação, são variações do potencial de repouso. Geralmente, determinam o ritmo das contrações GI, parecem ser resultantes da interação das células musculares lisas com as células intersticiais de Cajal. Normalmente não causam contração efetiva, mas estimulam o disparo dos potenciais em ponta, os quais geram a contração. Quando há mudança do potencial de ação são abertos apenas canais de sódio (mais), porém não entra cálcio, por isso não ocorre concentração efetiva. Potenciais em ponta são potenciais de ação que surgem quando a membrana fica mais positiva do que -40 mV. São gerados pela entrada de Ca2+ e Na+ (canais cálcio-sódio) na célula. Fisiologia do Digestivo Maria Raquel Tinoco Laurindo – MED 103 A contração tônica de alguns músculos lisos GI se caracteriza por ser contínua, não associada às ondas lentas, e pode durar vários minutos ou horas. Essa contração tônica pode ser causada por potenciais em ponta repetidos interruptos, estimulados por hormônios, pela entrada contínua de cálcio, além de outros fatores. Sistema Nervoso Entérico: O trato gastrointestinal tem um sistema nervoso próprio (SNE) e localiza-se na parede do TGI. O SNE é composto por dois plexos, submucoso e mioentérico. O plexo submucoso localiza-se na camada submucosa e controla as secreções GI, a movimentação da mucosa e o fluxo sanguíneo local. O plexo mioentérico localiza-se na camada muscular externa, entre a camada longitudinal e a circular e é responsável pelo controle dos movimentos musculares do TGI. Quando estimulado, ↑ a contração tônica, ↑ a intensidade das contrações rítmicas, causa um ligeiro ↑ no ritmo das contrações e ↑ a velocidade das ondas peristálticas. Porém, o plexo mioentérico também tem ação inibitória em alguns pontos, causando um relaxamento na musculatura, o que é de extrema importância para os esfíncteres. Ambos plexos submucoso e mioentérico têm conexão com os sistemas simpático e parassimpático. Nesse caso, o SNA simpático tem ação inibitória e o SNA parassimpático tem ação estimulante. Em algumas situações as células sensoriais epiteliais captam determinadas agressões ou estímulos que podem ser transmitidos para os plexos. Reflexos: Na disposição anatômica do SNE suas conexões com o simpático e o parassimpático geram três tipos de reflexos que são essenciais para o controle do TGI: • Reflexos que controlam o peristaltismo, contrações de mistura do alimento, efeitos inibitórios, etc. • Reflexos do TGI para os gânglios simpáticos pré vertebrais e que voltam para o TGI – transmitem sinais para outras áreas do TGI. o Reflexo gastrocólico; Reflexo enterogástrico; R. colonoileal; etc – a primeira parte é de onde o reflexo surge e a segunda parte é para onde ele vai se manifestar. • Reflexos do TGI para a medula ou para o tronco cerebral e que voltam para o TGI. o R. da dor; R. da defecação; etc. Efeitos Hormonais: Em geral, os efeitos hormonais são mais importantes para as funções secretórias do que para a motilidade. Interferem na motilidade: • Colecistocina: Inibe o esvaziamento gástrico, causa contração da vesícula biliar. O estímulo para sua liberação são alimentos proteicos, gordurosos e ácidos. Secretada pelas células I da mucosa do duodeno e do jejuno. • Motilina: Estimula a motilidade gástrica e intestinal. O estímulo para sua liberação são alimentos gordurosos, ácidos ou sua própria inervação. Secretada pelo estômago e pelo duodeno superior. É inibida na digestão. • Gastrina • Secretina • Peptídeo inibidor gástrico Movimentos: No TGI ocorrem dois tipos de movimentos: • Propulsivos (peristaltismo): fazem com que o alimento percorra o trato com uma velocidade apropriada para a digestão e absorção. o Lei do Intestino: A direção do fluxo de digestão é sempre boca- ânus. Quando surge uma onda constritiva em um ponto, à frente dele haverá um ponto de relaxamento. • De Mistura. Maria Raquel Tinoco Laurindo – MED 103 Circulação Esplâncnica: Todo o sangue que passa pelo intestino, baço e pâncreas vai para o fígado pela veia porta. Esse sangue que chega no fígado é, em sua maioria, venoso e, por isso, rico em nutrientes. o Para potencializar a absorção, o intestino (especialmente o delgado) é revestido por microvilosidades. Fatores que aumentam o fluxo sanguíneo durante a atividade GI: • Liberação de substâncias vasodilatadoras durante o processo digestivo: colecistocinina, peptídeo vasoativo intestinal, gastrina e secretina. • Liberação de duas cininas: calidina e bradicinina (potentes vasodilatadores) por algumas glândulas GI. • Redução da concentração de oxigênio durante a atividade metabólica da mucosa e da parede GI. Atividade Parassimpática: • ↑ motilidade do TGI • ↑ atividade secretora glandular • ↑ fluxo sanguíneo Vaso linfáticos, arteríolas, capilares e vênulas passam por dentro das microvilosidades; no fluxo em contracorrente das vilosidades intestinais, o oxigênio não alcança o ápice da vilosidade. Propulsão e mistura dos alimentos no TGI: A primeira etapa da digestão é a mastigação. O controle da mastigação é feito pelo tronco encefálico e pelo 5º par de nervos cranianos (trigêmeos). A segunda etapa corresponde à deglutição: • Peristaltismo primário – continuação da onda peristáltica que começa na faringe; • Peristaltismo secundário – resultam da distensão do próprio esôfago pelo alimento distendido; Faringe e 1/3 superior do esôfago: músculo estriado esquelético – controle por nervos motores glossofaríngeo e vago. Outros 2/3 do esôfago: músculo liso – controle pelo nervo vago em conexão com o plexo mioentérico. • Esfíncter esofágico inferior (EEI) em constrição tônica; o Evita refluxo da secreção gástrica (ácida com enzimas proteolíticas). • Alimento próximo ao estômago; • Onda de relaxamento transmitida por neurônios inibidores mioentéricos; • Relaxamento do EEI, estômago e duodeno (relaxamento receptivo). A terceira etapa é o estômago, onde o alimento será armazenado e haverá a formação do quimo (alimento + secreções gástricas). As paredes do estômago têm uma distensão e, posteriormente, começam as ondas lentas (de mistura) até que gerem um potencial em ponta para a peristalse, que corresponde à contração para o quimo passar pelo esfíncter pilórico – bomba pilórica. Esse fenômeno faz com que uma parte do alimento seja ejetada para o duodeno (primeira parte do intestino delgado), a outra parte continua no estômago (aumenta o processo de mistura) – movimento de retropulsão. Esse movimento acontece repetidas vezes, por isso o esvaziamento doestômago é um processo lento, ou seja, a intensidade do esvaziamento gástrico é limitada à quantidade de quimo que o intestino delgado pode processar. Sendo assim, os fatores gástricos que promovem o esvaziamento do estômago: • Aumento do volume alimentar gástrico desencadeia reflexos mioentéricos – ativam a bomba pilórica e inibem o piloro. • Alguns alimentos promovem a liberação da gastrina – aumenta secreção de HCl, aumenta moderadamente a motilidade e a atividade da bomba pilórica. A quarta etapa é referente ao duodeno, o qual atua como o principal controlador do esvaziamento gástrico. Se o quimo que chega estiver com o volume excessivo, muito ácido, com alta concentração de proteína e gordura, hipertônico ou hipotônico, ou ainda, irritativo para a mucosa do duodeno, automaticamente haverá a formação de feedback inibitório para o estômago, são eles: • Reflexo nervosos endogástricos de feedback inibitório. o SN entérico, simpático e vago • Feedback hormonal. Maria Raquel Tinoco Laurindo – MED 103 o CCK (colecistocinina) – liberada tanto pelo duodeno quanto pelo jejuno o outros como a secretina, PIG (peptídeo inibitório gástrico) ou insulinotrópico dependente de glicose. Inibem a bomba pilórica e aumentam o tônus do esfíncter pilórico. O quimo segue lentamente pelo intestino delgado por meio de contrações propulsivas (peristálticas) e contrações de mistura. Ao chegar na válvula ileocecal, o quimo fica retido pelo esfíncter até que haja um novo estímulo do estômago, o qual ocorre quando o indivíduo se alimenta novamente. Os reflexos do ceco para o esfíncter ileocecal e íleo são mediados pelo plexo mioentérico e simpático. O esfíncter ileocecal é relaxado quando há pressão e irritação química no íleo – ↑peristaltismo no íleo. O esfíncter ileocecal é excitado quando há pressão ou irritação química no ceco – ↓ peristaltismo no íleo. O surto peristáltico corresponde a intensa irritação da mucosa intestinal (ex.: diarréia infecciosa) pode causar uma peristalse intensa e rápida. Envolve o sistema nervoso autônomo, tronco cerebral e reflexos do plexo mioentérico, se manifesta em cerca de minutos. Quando o quimo passa do ceco ele é, por conseguinte, encaminhado para o cólon. É no cólon onde ocorre a absorção de água, eletrólitos e é onde ocorre a formação e o armazenamento das fezes. Os movimentos do cólon são decorrentes das haustrações (“curvinhas” que formam a estrutura desse segmento), que realizam movimentos de mistura; além disso ocorrem movimentos propulsivos que empurram o bolo fecal. A defecação acontece a partir do seguinte processo: • O reto se enche com o material fecal, estimulando assim a defecação; • Ocorrem distensões das paredes do reto, o que gera dois sinais importantes: o Reflexo parassimpático da defecação. Maria Raquel Tinoco Laurindo – MED 103 o Sinais aferentes via plexo mioentérico. • Os reflexos estimulam ondas peristálticas a partir do cólon descendente; • As fezes são forçadas em direção ao ânus; • Esfíncteres anais interno e externo relaxados; • Defecação. Esfíncter anal interno – músculo circular Esfíncter anal externo – músculo esquelético O assoalho pélvico é composto por uma musculatura esquelética que é atravessada pela uretra e pelo reto. Essa musculatura forma o esfíncter anal, o qual tem contração voluntária. REVISANDO: Células intersticiais de Cajal • São células musculares lisas especializadas; • Sofrem contrações rítmicas e são consideradas as células marca-passo para a contração da túnica muscular externa • Formam uma rede entre si e se interpõe entre as camadas de músculo liso, com contatos do tipo sináptico com as células musculares lisas. • Possuem canais iônicos específicos que periodicamente se abrem permitindo correntes de influxo (marca-passo) e fazendo com que os potenciais de membrana desta célula passam por mudanças cíclicas. Assim podem gerar as ondas lentas. Importante: O músculo liso pode ser estimulado a se contrair por múltiplos tipos de sinais: 1. Nervosos. 2. Hormonais (podendo gerar ou não um potencial de ação). o uso dos receptores excitatórios ou inibitórios) 3. Estiramento do músculo (potenciais de ação espontâneo). 4. Outras. Isto ocorre pois na membrana do músculo liso encontramos uma série de receptores proteicos que podem iniciar o processo contrátil. Outros receptores podem inibir a contração também. As fibras nervosas autônomas se ramificam muito, mas na camada muscular superior. Na sua extremidade apresentam as junções difusas que secretam a substância transmissora. Esta excitação passa para as camadas mais internas ou por condução do potencial de ação pela massa muscular ou por difusão da substância transmissora. Potenciais de ação em ponta Desencadeado pela estimulação elétrica, hormônios, substâncias transmissoras das fibras nervosas, estiramento ou como resultado da geração espontânea na própria fibra. Maria Raquel Tinoco Laurindo – MED 103 Função secretora do TGI: A gastrina e a colecistocinina têm ações antagônicas entre si. Enquanto a gastrina estimula a secreção ácida e a fome, a CCK inibe o esvaziamento gástrico – para o indivíduo parar de comer. As células com grânulos de secreção de pepsinogênio na submucosa se assemelham com as células principais da submucosa do esôfago numa perspectiva funcional, pois também conseguem produzir pepsinogênio O pepsinogênio não tem atividade digestiva, porém quando entra em contato com HCL, é clicado para formar pepsina ativa. A importância do muco no trato gastrointestinal: • Adere ao alimento e se espalha como um filme. • Adere à parede GI e evita o contato direto do alimento com a mucosa. • Facilita o deslizamento dos alimentos. • Promove maior adesão das partículas fecais. • Resistente à digestão pelas enzimas. • As glicoproteínas são anfotéricas, conseguindo tamponar pequenas quantidades de ácidos e bases. Proteção e lubrificação tanto da mucosa como do alimento, além de promover deslizamento de modo a evitar danos à mucosa. Quem produz o muco visível é a célula de revestimento superficial. Maria Raquel Tinoco Laurindo – MED 103 Neurotransmissores no epitélio digestivo – existe uma verdadeira comunicação entre as fibras sensoriais e os plexos mucoso e mioentérico. Normalmente, o parassimpático é quem estimula e o simpático inibe. O parassimpático tem uma atuação muito forte da cavidade oral até o duodeno, e depois essa atuação volta a ser forte do cólon sigmóide até o reto (estímulo para a defecação). De contra partida, o simpático é igualmente distribuído por todo trato digestório – logo, o alimento passa mais lentamente no intestino delgado. As secreções no TGI são: • Sucos digestivos – digestão • Enzimas – digestão • Muco – proteção e lubrificação As glândulas de Brunner, presentes na submucosa do duodeno, produzem um muco que contém bicarbonato (secreção) e são extremamente importantes para proteger a mucosa da acidez do quimo, além de produzirem a urogastrona, a qual atua no estômago diminuindo a secreção de ácido clorídrico. Criptas de Lieberkühn (duodeno) são glândulas tubulosas simples que se abrem nos espaços intervilosos. Possuem células: • Cilíndricas absortivas • Caliciformes • Neuroendócrinas • Reserva • Paneth o Presente no intestino delgado. O intestino grosso não possui células de Paneth pois essas são ricas em lisoenzimas, as quais podem destruir a flora bacteriana do intestino grosso. o O intestino grosso tem basicamente apenas a secreção de muco. As células secretoras podem ser estimuladas por: • Estímulo do SN Entérico – contato direto: tátil + irritaçãoquímica ou distensão abdominal da parede. • Estimulação autônoma do SN Parassimpático – estimula secreção. • Estimulação autônoma do SN Simpático – estimula secreção, mas faz vasoconstrição dos vasos que surgem as glândulas. • Hormonal – regulam o volume e as características químicas das secreções. A produção das secreções é feita quando os nutrientes chegam pelos vasos sanguíneos e atravessam por difusão passiva ou transporte ativo. Dentro da célula secretora: • Mitocôndrias – fornecem ATP • Retículo endoplasmático – síntese das secreções • Ribossomos – síntese de proteínas Maria Raquel Tinoco Laurindo – MED 103 • Complexo de Golgi – modificações e liberação das vesículas secretoras contendo a secreção Sinais nervosos ou hormonais aumentam a permeabilidade ao cálcio. Com esse aumento de Ca2+ intracelular as membranas da vesícula secretora e da célula se fundem com a secreção dentro, a qual, por sua vez, será eliminada no meio extracelular – exocitose. Boca: Secreção de saliva: • Glândulas salivares menores – secreção mucosa • Glândulas salivares maiores o Parótidas – secreção serosa o Submandibulares e sublinguais – secreção mista A saliva varia sua composição dependendo do grau de hidratação do indivíduo. Quanto mais desidratado, mais mucosa estará a saliva. Secreção serosa – contém ptialina (alfa amilase – digestão de amido) e lipase lingual Secreção mucosa – contém mucina (lubrificante) Nos ductos ocorre a absorção ativa de Na+, absorção passiva de Cl-, secreção ativa de K+ e secreção de HCO3+. As funções da saliva englobam a higienização para retirada de bactérias e restos de alimentos na superfície, além de destruir bactérias através dos íons tiocianato, lizoenzimas e anticorpos. Esôfago: Secreções do esôfago: • Na porção inicial – evitam a escoriação da mucosa pelo alimento. • Na porção final – evitam a digestão da parede pelos sucos gástricos Principalmente na terminação gástrica e, em uma pequena extensão, na porção inicial, glândulas mucosas produzem secreção mucosa. Estômago: Secreções do estômago: • Muco – células mucosas do cólon - proteção • Pepsinogênio (forma inativa) – células principais (ou pépticas) o em contato com meio ácido forma pepsina, enzima proteolítica ativa em meio ácido (pH 1,8 – 3,5) • Ácido clorídrico e fator intrínseco – células parietais (oxínticas) o HCl ativa o pepsinogênio o Fator intrínseco absorve a vitamina B12 pelo íleo • Muco visível – células cilíndricas absortivas – proteção mais intensa • Gastrina – células neuroendócrinas Para evitar o retorno do HCl para a mucosa existe uma barreira gástrica estomacal, constituída por muco alcalino (visível – contém duas camadas e retém bicarbonato) e junções de oclusão e adesão entre as células de revestimento. O uso constante de antiácido propicia um meio inadequado para a transformação do pepsinogênio em pepsina. Gastrite atrófica: ocorre atrofia/destruição de algumas células da mucosa gástrica, o que diminui a produção de HCl – gera dificuldade em digerir proteínas – ao mesmo tempo em que diminui ou cessa a produção do fator intrínseco – acarreta em anemia perniciosa por déficit de vitamina B12. Logo gastrite crônica = acloridria + anemia perniciosa o A vitamina B12 é muito importante para a manutenção da memória. Em alguns casos de cirurgia bariátrica se retira a parte do íleo do intestino, logo, esses pacientes precisam repor vitamina B12 constantemente. Fatores que estimulam a secreção gástrica: • Parassimpático – acetilcolina – estimula a secreção das células mucosas parietais e principais. • Gastrina e histamina – estimulam fortemente a secreção de HCl mas têm pouco efeito sobre as outras. o As células que estão localizadas na submucosa são estimuladas a secretar histamina pela gastrina. • HCl – estimula a secreção de pepsinogênio O muco visível é produzido pelas células cilíndricas superficiais (encontradas em toda mucosa Maria Raquel Tinoco Laurindo – MED 103 gástrica); é muito viscoso, e por isso atua como uma barreira de proteção ao formar uma camada gelatinosa de muco por cima da mucosa; e é alcalino, o que impede a mucosa ficar exposta à secreção proteolítica e ácida. Fases da secreção gástrica: • Cefálica – sinais neurogênicos se originam no córtex e nos centros do apetite (amigdalas e hipotálamo), decorrente de estímulos visuais, olfativos, de memória ou paliativos, são transmitidos pelos nervos vagos até o estômago. • Gástrica – reflexos vagovagais, reflexos entéricos e a gastrina promovem a secreção de suco gástrico. • Intestinal – alimento no duodeno; liberação de pequenas quantidades de gastrina. Secreção gástrica durante o período interdigestivo pode sofrer alterações decorrente de fatores emocionais – podem acarretar em gastrite nervosa. A secreção pancreática é estimulada pela presença do quimo nas porções superiores do intestino delgado. Contém as seguintes enzimas digestivas produzidas pelos ácinos: • Tripsina, quimiotripsina e carboxipolipeptidase – proteínas • Amilase pancreática – carboidratos • Lipase, colesterol esterase e fosfolipase A2 – gorduras • Água e bicarbonato secretados pelos ductos – alcaliniza o meio ácido Para evitar a digestão do pâncreas por suas próprias enzimas (autofagia) as células secretam simultaneamente tripsina e inibidor de tripsina. Fatores que estimulam a secreção pancreática: • Acetilcolina (via parassimpático) – muita enzima, mas pouca água e eletrólitos. • Colecistocinina – muita enzima, mas pouca água e poucos eletrólitos. • Secretina – secretada pelas células S da mucosa duodenal e do jejuno superior em presença de alimento muito ácido (HCl); grandes volumes de secreção aquosa de bicarbonato de sódio. Fases da secreção pancreática: • Cefálica e gástrica – acetilcolina (menor quantidade que no estômago). • Intestinal – quimo (secreção abundante basicamente em resposta à secretina). A bile é produzida pelo fígado e é armazenada e concentrada na vesícula biliar. Atua na digestão e absorção de gorduras devido a presença de ácidos biliares – emulsificam partículas grandes de gorduras em pequenas partículas que, então, serão atacadas pelas lipases. Servem como meio de excreção para produtos do sangue como a bilirrubina e o colesterol em excesso. A bile é estimulada pela CCK, em maior intensidade, pela acetilcolina (SNE) e pela secretina. A vesícula biliar se contrai e a bile é excretada no duodeno. A gastrina tem ação antagônica à secretina. A gastrina estimula a secreção ácida, ao passo que a secretina inibe a secreção de ácido gástrico, além de estimular a secreção pancreática rica em bicarbonato. Maria Raquel Tinoco Laurindo – MED 103 No intestino delgado encontra-se glândulas de Brunner, as quais são secretoras de muco alcalino. Em pessoas mais tensas, a estimulação simpática pode inibir essas glândulas deixando a mucosa desprotegida – risco de formação de úlceras duodenais. Nas criptas de Lieberkuhn ocorre certa secreção de sucos intestinais, como água e eletrólitos, esse fluxo auxilia no processo de reabsorção. Principalmente os enterócitos que recobrem as vilosidades (na borda em escova das células intestinais), contém enzimas digestivas que digerem substâncias alimentares enquanto elas estão sendo absorvidas através do epitélio: • Diversas peptidades – hidrólise de pequenos peptídeos a aminoácidos. • Sucrase, maltase, isomaltasee lactase – hidrólise de dissacarídeos e monossacarídeos. • Lipase intestinal – para clivagem das gorduras neutras em glicerol e ácido graxo. Estímulos táteis e irritantes do quimo sobre os intestinos causam reflexos no SNE e estimulam tais secreções. REVISANDO: Fatores que neutralizam a acidez que chega ao duodeno(do quimo): • Muco das glândulas de Brunner com bicarbonato • Bicarbonato da secreção pancreática • Bicarbonato da bile Secreções do Intestino Grosso: • Muco com bicarbonato o Estimulada pelo contato direto com a mucosa, reflexos nervosos locais e parassimpático (nervos pélvicos). o Tem função de proteger a parede intestinal e funcionar como um meio adesivo para as fezes. Digestão e Absorção do TGI: Na digestão de carboidratos, na boca, a ptilina (alfa amilase) inicia a digestão do carboidrato (30%), porém ao chegar no suco gástrico é inativada devido ao ambiente ácido – bloqueia a amilase salivar. No duodeno, a amilase pancreática termina de digerir o carboidrato em maltose e pequenos polímeros de glicose. Ao chegar no intestino, o quimo entra em contato com as enzimas do epitélio intestinal. • Lactase – lactose = galactose + galactose • Sacarose – frutose + glicose • Maltose – x glicoses • Alfa dextrinas A maioria dos carboidratos são absorvidos na forma de monossacarídeos, poucos o são na forma de dissacarídeos e quase nenhum como polissacarídeo. O transporte de glicose em células epiteliais do intestino se dá por meio do cotransporte ativo com o sódio, e ocorre na região basolateral da célula. Para que o cotransporte ocorra, é preciso que 2Na+ entrem na célula juntamente com uma molécula de glicose, isso se dá através de uma Maria Raquel Tinoco Laurindo – MED 103 proteína transportadora de Na+-glicose. Uma vez dentro da célula, a glicose precisa passar por um transportador específico para, então, chegar à corrente sanguínea. O sódio que entrou na célula é retirado por meio de bomba Na+/K+. Na digestão das proteínas, a pepsina inicia o processo de hidrólise no estômago por meio da digestão de colágeno e converte as proteínas em proteoses, proteonas e outros polipeptídeos. No duodeno e no jejuno atuam as enzimas proteolíticas pancreáticas a fim de formar aminoácidos. • Tripsina e quimotripsina – formam pequenos polipeptídios. • Carboxipolipeptidase – quebra polipeptídeos em aminoácidos. • Proelastase – é convertida em elastase e digere as fibras de elastina. Ao final, apenas uma pequena quantidade é digerida completamente à aminoácidos, a maioria fica como dipeptídeo e tripeptídeo, estes serão digeridos pelas enzimas da borda em escova dos enterócitos – as mais importantes são as aminopeptidases e as dipeptidades. Aminoácidos, dipeptídeos e tripeptídeos são facilmente transportados para o interior do enterócito – absorção, cotransporte e difusão facilitada. Peptidases específicas no interior do enterócito (absorção e continuação da digestão) terminam a hidrólise em aminoácidos, os quais serão transferidos para o sangue. A digestão das gorduras começa na boca pela enzima lipase lingual, que continua a agir no estômago (10%). A emulsificação da gordura é decorrente da agitação no estômago e depois no duodeno pela ação da bile – secreção de sais biliares e lectina. No duodeno há a ação das enzimas pancreáticas lipase pancreática (digere todo triglicerídeo em 1 minuto), hidrolase de éster de colesterol e fosfolipase A2. Os triglicerídeos (gorduras neutras) serão transformados em ácidos graxos e monoglicerídeos, o éster de colesterol em colesterol livre e ácidos graxos (para serem absorvidos precisam estar aderidos às micelas – componentes da bile). Na borda em escova, as micelas (carreadoras) penetram entre os vilos e os ácidos graxos e monoglicerídeos se difundem das micelas para a serem absorvidos na membrana do enterócito. No enterócito (especificamente no retículo endoplasmático liso) novos triglicerídeos serão formados e, sob a forma de quilomícrons, serão transferidos aos lactíferos das vilosidades pelo ducto torácico até serem transferidos ao sangue. Alguns ácidos graxos de cadeia curta (como do leite) são absorvidos diretamente pelo sangue. REVISANDO: Intestino grosso: • Cólon proximal – cólon absortivo • Cólon distal – cólon de armazenamento • Absorção ativa de sódio e cloreto – leva à absorção de água • Secreta bicarbonato (absorve cloreto) Obs. Em casos de diarreia, há uma grande perda de água a fim de se tentar “lavar” o intestino, porém, junto da água também é excretado eletrólitos. Ação da flora bacteriana: Maria Raquel Tinoco Laurindo – MED 103 • É formada ao nascimento e nos primeiros anos de vida. • Ajuda no processo digestivo, na proteção e na imunologia do sistema – processos inflamatórios. • Alimentação, atividade física e medicamentos podem alterar a flora intestinal bacteriana. • Disbiose – alteração/desregulação da flora bacteriana (boa)
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