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1 Mayra Alencar @maydicina | IMAGEM | P4 – UC10 | MEDICINA UNIT AL ANATOMIA RADIOLÓGICA DA CAVIDADE ORAL E OROFARINGE • A faringe pode ser dividida em: nasofaringe, orofaringe e hipofaringe (laringofaringe). • MÉTODOS DE IMAGEM: RX e o USG não são bons para avaliar essas regiões. A TC e a RM são os ideais, por terem cortes axiais (mas a RM dá detalhe melhor de partes moles e musculatura). OROFARINGE • A mucosa da orofaringe é diferente da cavidade oral, já que deriva do endoderma. • A orofaringe é separada da cavidade oral por uma linha imaginária que passa pelas papilas circunvaladas da base da língua, pela união do palato ósseo e fibroso e pelos pilares anteriores das lojas amigdalianas, terminando inferiormente no osso hioide. • Fazem parte da orofaringe: base da língua, lojas amigdalianas e seus pilares (pregas mucosas que revestem os mm. palatoglosso e faringopalatino), palato fibroso e valéculas. • A drenagem linfática da orofaringe é extensa e cruza facialmente para o lado oposto, o que facilita a disseminação de doença. Os linfonodos que primeiro recebem a linfa da orofaringe são os jugulodigástrico (nível II) e depois os níveis III, IV, V e retrofaríngeos. Neoplasias da Cavidade Oral e Orofaringe RM sagital da divisão da faringe. RM sagital. PF: palato fibroso; OF: orofaringe; V: valécula. Linha unindo o palato ósseo e o osso hióide demarcando a separação entre a orofaringe e a cavidade oral. 2 Mayra Alencar @maydicina | IMAGEM | P4 – UC10 | MEDICINA UNIT AL CAVIDADE ORAL • A cavidade oral é a entrada do tubo digestório, sendo inteiramente revestida por mucosa com epitélio escamoso. • Formada por: lábios, vestíbulos bucais, gengivas, assoalho da boca, língua oral, palato ósseo, superfície interna das bochechas... • Encontramos na CO o espaço mucoso oral, o espaço sublingual e o espaço submandibular. Todas essas estruturas são entremeadas por gordura – por isso a importância da supressão de gordura (STIR). TC. (A) plano axial sem contraste no plano do músculo digástrico. Seta preta: pequeninos linfonodos submandibulares medianos (nível IA), ponta de seta: ventre anterior do músculo digástrico, seta branca: platisma. (B) plano axial após contraste no plano do músculo gênio-hióideo. Pontas de seta brancas: músculos gênio-hióideos, setas pretas: músculos milo-hióideos, pontas de seta pretas: glândulas submandibulares, seta branca: pequeno linfonodo nível IIA. (C) plano axial pós contraste no nível dos músculos genioglossos. GG: Genioglosso; HG: hioglosso; SM: glândula submandibular, pontas de seta: septo lingual. (D) plano axial pós contraste no nível da musculatura intrínseca da língua. Seta branca: músculo orbicular da boca. (E) TC no plano coronal pós contraste no nível do ângulo da mandíbula. Pontas de seta: músculos milo-hióideos. MIL: músculos intrínsecos da língua. (F) plano coronal após contraste no nível do corpo da mandíbula. Ponta de seta: septo lingual, seta branca: ventre anterior do músculo digástrico. 3 Mayra Alencar @maydicina | IMAGEM | P4 – UC10 | MEDICINA UNIT AL RM em T2 STIR (A) e T1 SE sem contraste (B) no nível do músculo genioglosso (GG). MH: músculo milo-hióideo; SM: glândula submandibular; canais dos nervos mandibulares (setas em A e B). RM em T2 STIR (C) e T1 SE sem contraste (D) no nível do GG. MH: milo-hióideo; SL: glândula sublingual; canais dos nervos mandibulares (setas em C e D); músculo orbicular da boca (pontas de seta em C e D). Estruturas normais da cavidade oral e espaços no coronal T1 RM ponderadas com diagrama esquemático. M: m. mio-hióideo; ABD: ventre anterior do m. digástrico; H: m. hioglosso; GH: m. gênio-hióideo; GG: m. genioglosso; LS: septo lingual; SLS: espaço sublingual; SMS: espaço submandibular; ROT: raiz da língua e MS: espaço mucoso. 4 Mayra Alencar @maydicina | IMAGEM | P4 – UC10 | MEDICINA UNIT AL • Cerca de 90 a 95% dos tumores encontrados são carcinomas espinocelulares (CEC). Outros tipos que podem ser encontrados: carcinomas das glândulas salivares acessórias (adenoide cístico, mucoepidermoide e adenocarcinoma de baixo ou alto grau), linfomas (por causa da riqueza de tecido linfoide nessa região), melanomas, sarcomas e metástases. TÉCNICA DE EXAME • Melhor avaliação das superfícies mucosas da cavidade oral: manobra de Valsalva e a boca de peixe. No exame de imagem, como a TC, ao redor ficará preto por causa do ar. • Impede a boca de estar colabada na hora do exame e permite melhor visualização das estruturas. RM em T2 STIR (A) e T1 SE sem contraste (B) no nível do músculo genioglosso (GG). HG: músculo hioglosso; músculo orbicular da boca (setas em A e B); (C, D) RM em T1 SE sem contraste no nível dos mm. Intrínsecos da língua (MIL). PM: músculo pterigóideo medial; MAS: músculo masseter; músculo bucinador (ponta da seta branca); coxim gorduroso retromaxilar (ponta de seta preta). RM T1 SE no plano sagital na linha medial. LO: língua oral; BL: base da língua. (A) Técnica da boca de peixe com respiração suave pelo nariz. (B) técnica da boca mole com a língua afastada do palato e a respiração suave pelo nariz ou pela boca. Se necessário, podemos usar um rolo de gaze na boca para mantê-la aberta. 5 Mayra Alencar @maydicina | IMAGEM | P4 – UC10 | MEDICINA UNIT AL CARCINOMA DE CÉLULAS ESCAMOSAS (CEC) • O carcinoma de células escamosas (CEC) representa 70 a 90% das lesões malignas das vias aerodigestivas altas, sendo mais frequente nas tonsilas palatinas, base da língua, nasofaringe e seios piriformes. • Como é frequente a presença de linfonodos cervicais metastáticos no momento do diagnóstico, o conhecimento da drenagem linfática dessas áreas facilita a busca da lesão. Tanto a TC quanto a RM e o PET/CT, têm papel relevante na investigação. CEC DE OROFARINGE • A maioria das lesões da orofaringe é benigna. • Dos tumores malignos, o CEC é o principal, representando mais de 90% dos casos. O CEC da orofaringe tende a ser mais agressivo que o de cavidade oral, mais indiferenciado e a apresentar pior prognóstico. • É mais frequente nas lojas amigdalianas e base da língua (80%), seguido do palato (15%) e da parede posterior (4%). • Em 50 a 70% dos casos há comprometimento linfonodal no momento do diagnóstico. • SINTOMAS CLÍNICOS: Tumores pequenos: geralmente são assintomáticos. Tumores mais avançados: halitose, odinofagia, sangramento e rouquidão por comprometimento da laringe, perda de peso e aparecimento de massa cervical, geralmente por metástase linfonodal. • DISSEMINAÇÃO: Disseminação direta para mucosa, músculos e osso. Disseminação linfática. Disseminação perineurovascular. • Tumores da orofaringe podem migrar para o palato pela mucosa dos pilares, para o trígono retromolar e para a cavidade oral. São três regiões de maior interesse na investigação clínica: os pilares da loja amigdaliana e as amigdalas palatinas, a base da língua e o palato fibroso e úvula. • ACHADOS DE IMAGEM: geralmente apresenta como massa infiltrativa, podendo apresentar áreas de necrose. TC axial com contraste. CEC de orofaringe. (A) Tumor na base da língua (seta) e linfonodos no nível II bilateral (pontas da seta). (B) Tumor bilateral no espaço faringomucoso (setas) e linfonodos no nível II direito (ponta da seta). (C) Tumor com área de necrose (seta). Processos inflamatórios e tratamentos prévios com radioterapia e cirurgia podem alterar a drenagem linfática dessas regiões pela fibrose dos linfáticos e redirecionar o fluxo da linfa para outros níveis ou cadeiras linfáticas cervicais. Por isso, é importante levar em consideração a história do paciente na leitura do exame de imagem. ACHADOS DE IMAGEM • Tumor mais infiltrativo do que expansivo. • Pode provocar destruição óssea. • Pode provocar áreasde necrose que podem ulcerar. • Os linfonodos comprometidos podem ter áreas de necrose. 6 Mayra Alencar @maydicina | IMAGEM | P4 – UC10 | MEDICINA UNIT AL TC axial com contraste. (A) tumor da amígdala palatina (seta). (B) infiltração do palato fibroso com envolvimento da úvula e dos músculo pterigóideo medial (setas). TC axial de dois pacientes com CEC de orofaringe. (A) tumor com necrose (ponta da seta) invadindo os espaços submandibular (seta branca) e carotídeo (seta preta). (B) tumor invadindo o espaço mastigador e carotídeo (setas) com linfonodos com necrose nos níveis II e V direito (pontas de seta). TC axial (A) e sagital (B) pós-contraste. CEC da base da língua (pontas de seta em A e B) e linfonodomegalias no nível II bilaterais (setas em A). 7 Mayra Alencar @maydicina | IMAGEM | P4 – UC10 | MEDICINA UNIT AL • TRATAMENTO: geralmente o CEC é tratado com rádio e quimioterapia. A cirurgia tem ficado para casos de resgate pós-radioquimioterapia e tumores em fase inicial. POR QUE A TC COM CONTRASTE ENDOVENOSO É IMPORTANTE? Por causa do comprometimento linfonodal muito rápido. É recomendada a injeção do volume de contraste dividido em duas etapas com intervalo de aproximadamente 15 a 25 segundos entre elas e a aquisição das imagens dentro de 90 segundos pós-injeção para se conseguir uma boa opacidade da mucosa/submucosa e melhor definição da área de lesão. É indispensável porque o pescoço é uma região altamente vascularizada, então o contraste ajuda a diferenciar o que é vaso do que é linfonodo e lesão, assim como ajuda a saber se houve o comprometimento. Sem o contraste, a lesão fica da mesma cor das estruturas adjacentes. TC axial sem contraste (A) e com contraste (B-D). (A) Massa discretamente hipodensa na loja da amígdala direita e palato fibroso (setas em A e B). (C-D) Extensão ao pilar anterior (seta em C) e a inserção do músculo pterigoide medial (seta em D). 8 Mayra Alencar @maydicina | IMAGEM | P4 – UC10 | MEDICINA UNIT AL CEC DA CAVIDADE ORAL • Tumores da cavidade oral representam cerca de 2 a 3% das neoplasias masculinas e 1 a 2% femininas e tem fortes fatores de risco: tabagismo, etilismo, exposição excessiva ao sol, má higiene bucal, dieta s pobres em frutas e vegetais, infecções secundárias pelo EBV, HPV 16 e HSV. • Os locais mais frequentes são lábios, língua oral e assoalho da boca e o menos comum palato ósseo. • O câncer oral pode se espalhar pelas seguintes vias: extensão ao longo da submucosa, invasão direta em estruturas adjacentes, disseminação perineural e metástase linfonodal. ACHADOS CLÍNICOS ACHADOS DE IMAGEM TUMORES DO LÁBIO • Mais frequente no lábio inferior, mais comum em homens acima de 50 anos. • Lesão pouco espessa, ulcerada e até elevada ou vegetante, que se inicia como vermelhidão no lábio. • As lesões mais avançadas se estendem à mucosa bucal, mandíbula e nervo mental. • Disseminação perineural via nervo alveolar inferior. • TC: lesão discretamente infiltrativa, com leve realce após a injeção do meio de contraste venoso, que caminha para o músculo orbicular da boca e a pele adjacente. • RM: lesão hipointensa em T1 em relação à gordura subcutânea e hiperintensa ao músculo T2, com realce discreto. LOCAL DO TUMOR ROTAS DE PROPAGAÇÃO Língua Musculatura intrínseca e extrínseca, invasão do feixe neurovascular, assoalho da boca, mandíbula Trígono Retromolar Mandíbula, nervo alveolar inferior do SNP/V3, bucinador e constritor superior Lábio (inferior e superior) Músculo orbicular da boca, pele, mucosa bucal, mandíbula/maxila Assoalho da boca Propagação submucosa, invasão do feixe neurovascular lingual/musculatura extrínseca da língua, músculos milo-hióideo e hioglosso, mandíbula Palato (duro e mole) Erosão óssea do palato duro, nervos palatino maiores e menores do SNP ao retalho faríngeo posterior Mucosa/gengiva bucal Propagação submucosa, erosão da maxila/mandíbula CEC vegetante de ambos os lábios e da comissura labial. (B) TC coronal, partes moles mostram invasão do espaço bucal e infiltração do m. orbicular da boca. (C) TC axial submentual com linfonodos aumentados e densidade homogênea no nível IA (seta). (D) TC axial, nível dos ramos mandibulares que mostram a destruição do m. orbicular da boca e as áreas de ulcerações tanto externas quanto na mucosa bucal (pontas de seta) 9 Mayra Alencar @maydicina | IMAGEM | P4 – UC10 | MEDICINA UNIT AL TUMORES DA LÍNGUA • Mais frequente na borda lateral, na face dorsal ou na face ventral, mais comum em homens a partir dos 60 anos. • Pode surgir como uma área de leucoplasia, vermelhidão ou ulceração irregular, de profundidade variável • Não melhora em 3 semanas. • Pode ser uma tumoração associada ou não a massas palpáveis no pescoço por linfonodomegalias. • A lesão ulcerada pode sangrar, e o tumor da face ventral pode estender-se ao assoalho. • TC: massa sólida com realce após injeção venosa do contraste, com ou sem necrose ou área ulcerada. A lesão se espalha facilmente pela musculatura intrínseca da língua. Estende-se à musculatura extrínseca em direção às suas inserções de origem com invasão do assoalho, base da língua, mandíbula, tonsila e orofaringe. • RM: lesão hipointensa em T1 e hiperintensa em T2, mais evidente com saturação de gordura. Após contraste venoso, a massa tem realce moderado ou a tumoração se mostra com margens menos ou mais espessas que realçam em torno da ulceração. Em pequenas lesões, a RM permite medir a profundidade e a extensão contralateral da lesão. • PET/CT: lesão captante de FDG, mas a técnica não é utilizada para dianóstico. TUMORES DO ASSOALHO DA BOCA • Lesão pode apresentar uma área de leucoplasia ou como uma pequena massa endurecida dolorosa. • Com ou sem ulceração. • Não melhora em 3 semanas. • TC: há massa irregular ou infiltrante, com realce moderado e intenso após contraste. Quando muito extensa, pode invadir a face ventral da língua e daí o terço posterior e orofaringe, ou invadir o rebordo gengival inferior até a frente e daí a mandíbula. • RM: massa hipointensa em T1 e T2, obliterando a gordura do espaço sublingual, porém hiperintensa em relação aos outros tecidos. Após contraste EV, a lesão apresenta realce leve a moderado. (B) TC axial após contraste mostra extensa lesão infiltrante na hemilíngua oral esquerda, que alcança porém não ultrapassa o septo lingual (setas). (C) TC coronal após contraste mostra profundidade da lesão (seta branca), bem como a infiltração do músculo milo-hióideo (ponta de seta) e as linfonodomegalias nível IB (seta preta). (D) TC coronal após contraste mostra a ulceração na borda lateral esquerda da língua (seta) 10 Mayra Alencar @maydicina | IMAGEM | P4 – UC10 | MEDICINA UNIT AL TUMORES DO REBORDO ALVEOLAR (GENGIVAL) • Lesão da mucosa gengival é mais difícil de detectar. • A lesão se apresenta como afta ou úlcera que não cura em 3 semanas. • Algumas vezes, a lesão é clinicamente sutil, mas com alto grau de extenso profunda, com erosão/destruição óssea. • A invasão óssea é comum. As lesões do rebordo gengival inferior podem invadir os espaços bucal, mastigatório e o assoalho da boca, e as do rebordo superior podem alcançar o seio maxilar, o palato ósseo e a cavidade nasal. • TC: deve ser realizada com a “boca de peixe”, com alteração para o estudo da cortical da mandíbula e/ou maxila. Os mentais dentários devem ser evitados com angulação da cabeça do paciente. A erosão ou assimetria do canal mandibular e/ou do forame palatino, ou ainda a obliteração da gordura nesse introito, são evidênciasindiretas de disseminação perineural. Reconstruções especiais favorecem detalhes dos ossos da face, canais e forames neurais. (A) TC axial após contraste; lesão na região anterior do assoalho da boca até o rebordo gengival (seta preta), que determina obstrução dos óstios dos ductos submandibulares, que estão alargados (setas brancas). (B) TC após contraste coronal; ductos alargados (setas) e linfonodos submentuais aumentados (pontas de seta) (B) TC após contraste no plano coronal; (C) reconstrução concêntrica, mostra lesão que infiltra o assoalho da boca e a face ventral da língua, mediana (setas pretas), alargamento dos ductos das glândulas submandibulares (setas brancas) até o interior dessas, e ainda linfonodomegalias submentuais (pontas de seta). (D) TC com reconstrução concêntrica em algoritmo e janela para osso mostra erosão cortical e destruição da medula do arco central da mandíbula pela lesão. 11 Mayra Alencar @maydicina | IMAGEM | P4 – UC10 | MEDICINA UNIT AL TUMORES DO TRÍGONO RETROMOLAR (TRM) • O trígono Retromolar é uma pequena área triangular revestida de mucosa que se localiza imediatamente atrás do terceiro dente molar inferior, contígua ao pilar amigdaliano anterior, à mucosa bucal e à mucosa gengival inferior. • A lesão é de difícil acesso, o diagnóstico é tardio e o sintoma mais importante é o trismo, em virtude do envolvimento do músculo pterigóideo medial. • A invasão óssea (ramo ascendente da mandíbula) costuma já estar presente no momento do estudo por imagem. Pode ter extensão à mucosa bucal, mandíbula, maxila, músculo milo-hióideo, aspecto posterior do assoalho da boca e língua, loja tonsilar, orofaringe, espaço mastigatório e placa pterigoide. • TC: massa sólida de tamanho variado e realce moderado após contraste. • RM: massa sólida, hipointensa em relação à gordura medular óssea e isointensa ao músculo em T1 e hiperintensa em T2, com moderado realce após contraste venoso. Avalia disseminação perineural e extensão tumoral na medula óssea. (a) TC axial aumentada (nível de alvéolo mandibular) e (b) coronal demonstram uma massa de trígono Retromolar esquerdo (setas). A avaliação do trígono Retromolar na TC pode ser obscurecida por artefato dental, neste caso a destruição óssea é evidente. (c) RM T1 axial (nível do alvéolo mandibular) e (d) RM T1 coronal de gordura saturada demonstram invasão local na mandíbula esquerda (seta curta) e músculo bucinador (seta fina). 12 Mayra Alencar @maydicina | IMAGEM | P4 – UC10 | MEDICINA UNIT AL TUMORES DA MUCOSA BUCAL (MUCOSA JUGAL) • Localizados na mucosa que reveste internamente a bochecha, desde o limite da mucosa labial até o limite da mucosa gengival superior e inferior. • A lesão em geral é indefinida, como uma afta que não melhora ou uma elevação da mucosa que se insinua entre os dentes, com a sensação de mordedura frequente dessa mucosa. • Mais comum em homens aos 60 anos. • TC: deve ser realizada em “boca de peixe”. • RM: deve ser realizada com um rolo de gaze no sulco jugal para afastar a bochecha da mucosa gengival. A massa pode ser extensa, com invasão da pele e ossos. TUMORES DO PALATO ÓSSEO (PALATO DURO) • São pouco evidentes, como discreta área de leucoplasia. • Podem ter milímetros a centímetros de espessura na direção do osso, com invasão do assoalho da cavidade nasal ou seio maxilar e extensão perineural ao canal palatino maior. • Local da cavidade oral menos acometido pelo CEC. Imagens em coronal e sagital são necessárias. • TC: massa com realce moderado, de tamanho variado. • RM: lesão hipointensa em T1 em relação à medula gordurosa do palato, com realce leve a moderado após a injeção do contraste venosos. Atenção à disseminação perineural. (a) o ortopantomograma demonstra uma lesão destrutiva na maxila lateral esquerda (seta). (b) RM axial T1 no nível do alvéolo maxilar: lesão destrutiva envolvendo a maxila lateral esquerda (asterisco) – CEC. (c) RM axial T1 pós-contraste com supressão de gordura no nível dos seios maxilar: aumento anormal na fossa pterigopalatina esquerda (seta curta) compatível com a propagação do tumor. (d e e) RM coronal T1 pós contraste: tumor perineural espalhado via forame redondo (seta fina) no seio cavernoso esquerdo (seta aberta). DRENAGEM LINFÁTICA DAS PARTES DA CAVIDADE ORAL: • LÁBIO: se dá principalmente para os linfonodos submentuais ou submandibulares (níveis IA e IB) e nível II. • LÍNGUA: se dá primariamente aos linfonodos mandibulares (IB) → jugulodigástrico (IIA), tanto ipsolateral quanto contralateral, porém nas lesões mais anteriores pode haver drenagem direta aos níveis III e IV, dando origem às metástases linfonodais salteadas (skip nodes). • ASSOALHO DA BOCA: cadeias I e II, com alto índice de metástase linfonodal oculta. • MUCOSA JUGAL: se dá para os linfonodos bucais e para os níveis I e II, predominantemente. 13 Mayra Alencar @maydicina | IMAGEM | P4 – UC10 | MEDICINA UNIT AL (A) Paciente do sexo masculino, 70 anos, ex-fumante e ex- etilista, com carcinoma basocelular de células esclerodermiformes e diferenciação escamosa em lábio superior e comissura labial. (B) TC coronal mostra a extensão da massa e da ulceração. (C) TC axial após contraste, destruição do músculo orbicular da boca (seta) e infiltração do bucinador (ponta da seta) e da gordura do espaço bucal. (D) TC em plano acima de (C) mostrando infiltração dos músculos e do espaço bucal (ponta de seta). (A) Paciente do sexo feminino, 48 anos, fumante há 30 anos, com extensa lesão na hemilíngua esquerda. RM em T1 axial sem contraste mostra lesão profunda até o assoalho da boca, hipointensa em relação ao músculo, que desloca, mas não cruza o septo lingual (setas). (B) RM em T2 no plano coronal mostra que a lesão é hiperintensa em relação ao músculo (setas). (C) RM coronal em T1 com supressão de gordura e após contraste mostra o realce heterogêneo ao contraste e delineia melhor os limites da lesão. (D) RM axial em T1 após contraste mostra a extensão anteroposterior da lesão. Lembrar sempre de usar o padrão comparativo da direita e da esquerda para analisar imagens. 14 Mayra Alencar @maydicina | IMAGEM | P4 – UC10 | MEDICINA UNIT AL (a) RM axial T2 com supressão de gordura ao nível do corpo da mandíbula demonstra CEC no assoalho direito da boca (asterisco) e nódulo linfático submandibular direito (seta). (b) RM coronal T2 com supressão de gordura demonstra a disseminação do tumor para a língua direita ventrolateral (seta fina). O tumor não se estende através do músculo milo-hióideo (seta curta). QUANDO SE DEVE SUPRIMIR A GORDURA? Na supressão a gordura fica “preta”. Então deve suprimir: • Na busca de uma lesão em hipersinal em T2, fazer supressão de gordura faz muito sentido, uma vez que ficando o redor da lesão preto, fica mais fácil evidenciar a área de hipersinal. • Suprimir gordura em um T1 pós contraste também faz sentido, visto que com o contraste, a lesão fica com hipersinal e assim, a supressão auxilia na evidência da área. • Suprimir gordura em T1 SEM contraste não faz sentido. Afinal, a lesão em T1 já vai ter um baixo sinal. Assim, suprimir vai ficar mais difícil ainda de visualizar. OSSO – MEDULA O adulto possui muito mais medula amarela que vermelha, portanto: • Medula amarela → tem gordura → fica hipersinal. • Se uma lesão na medula óssea, o osso fica com hipossinal → significa que tem invasão óssea. O exame de imagem tem papel importante na evolução radiológica das lesões. É utilizado quimio/radioterapia e imagem para acompanhar a regressão da lesão para que assim possa ser feita cirurgia → REESTADIAMENTO.RECIDIVA X TUMOR RESIDUAL • Recidiva: quando renasce um novo tumor primário tempos após toda a retirada da lesão inicial. • Tumor residual: quando mesmo retirando o tumor, sobra resíduo que acaba se proliferando por ação mitótica. 15 Mayra Alencar @maydicina | IMAGEM | P4 – UC10 | MEDICINA UNIT AL CARCINOMA DE GLÂNDULAS SALIVARES • São tumores mais raros que o CEC. • 50% dos tumores das glândulas salivares menores é benigno e 50% maligno. Adenoma pleomórficos: principal benigno. Geralmente encontrado no palato fibroso com massa sólida, de limites bem definidos e regulares, com captação homogênea ou discretamente heterogênea do meio de contraste iodado, podendo haver calcificação de permeio. Carcinoma adenoide cístico é o principal maligno e subdivide-se em cribriforme (grau I), tubular (grau II) e sólido (grau III). Tem crescimento lento, progressivo, invasivo localmente e a disseminação perineural e uma característica particular e frequente (60% dos casos), podendo ser do tipo metástases salteadas. Os carcinomas mucoepidermoide ou acinar podem ser de baixo a alto grau, e os adenocarcinomas são mais agressivos e têm pior prognóstico. • As glândulas salivares menores são mais frequentes no palato ósseo e fibroso, sendo esses os locais principais dos tumores, formando massa sólida, homogênea, que pode ser lobulada e associada à distribuição óssea e à infiltração perineural. • Ocorrem com mais frequência entre 50 e 60 anos e igualmente entre homens e mulheres. • São localizados na submucosa, já a mucosa pode estar íntegra, porém abaulada. • Metástases para linfonodos cervicais são raras. Na fase terminal, pode ocorrer para pulmão, osso e cérebro. • ACHADOS DE IMAGEM: na TC e na RM, podem ser semelhantes às imagens do CEC. Lesão hipointensa em T2: mais celulares e sólidas → pior prognóstico. Lesão hiperintensa em T2: menos celulares (cribriformes e tubulares) → melhor prognóstico. Os adenocarcinomas podem ter calcificações grosseiras de permeio e até em “raio de sol”. LINFOMA • Geralmente é do tipo não Hodgkin, frequentemente nas regiões onde há tecido linfoide, como nas tonsilas faríngeas (adenoide), principalmente em jovens. • É mais frequente na orofaringe do que na cavidade oral, em geral localizado na área do anel de Waldeyer (anel de tecido linfático que circunda o limite entre a cavidade oral e a orofaringe). • Seu aspecto é semelhante ao do carcinoma epitelial. • As lesões não costumam apresentar infiltração profunda, apesar das grandes massas e se acompanham de grandes conglomerados linfonodais. São lesões homogêneas, com discreto realce periférico. Têm prognóstico reservado, com taxa de mortalidade de cerca de 30% em três anos após diagnóstico. • Em 80% dos casos de linfoma não Hodgkin há linfonodomegalia cervical, geralmente sem necrose, ao contrário do CEC, e pode haver comprometimento ósseo da base do crânio. • A presença de múltiplos linfonodos sem necrose nos níveis I, II, IV e V favorece o diagnóstico de linfoma. • Deve-se procurar invasão perineural e extensão à base do crânio. • ACHADOS DE IMAGEM: TC: massa homogênea com pouco realce pós-contraste venoso que geralmente não infiltra os planos profundos. Linfonodomegalias homogêneas estão presentes em mais de 50% dos casos. RM: massa com isossinal em comparação com os músculos em T1 e hipersinal em T2, realce pós contraste venoso. PET/CT: lesões hipercaptantes do FDG. TC axial. Aumento de volume das amígdalas palatinas (pontas de seta). Linfonodos nos níveis II e V à direita e II à esquerda (setas). Linfoma não Hodgkin.
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