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(antiemeticos) Introdução ❖ Vômito: Evento físico que resulta na evacuação vigorosa do conteúdo gástrico pela boca; ❖ Náusea: Sensação de enjoo ou vômito iminente; ❖ Ânsia: Contração repetida dos músculos abdominais, com ou sem expulsão do vômito. ❖ Causas de náuseas e vômitos: • Efeitos colaterais de medicações > anestésicos gerais, opiáceos, entre outros; • Distúrbios sistêmicos ou infecções • Início ou durante a gravidez > sintoma característico; • Infecção do Sistema Nervoso Central > como a meningite; • Peritonite; • Quimioterapia; • Radioterapia; • Infecções gastrintestinais. Fisiopatologia do vômito ❖ A regulação neural central do vômito é realizada em duas unidades separadas no bulbo: • O centro do vômito: controla os movimentos inter- relacionados do músculo liso e do músculo estriado; • A zona do gatilho quimiorreceptora (ZGQ) > próxima aos núcleos vagais; ❖ A ZGQ é sensível a estímulos químicos e constitui o local de ação de certas drogas, como, a apomorfina, a morfina, glicosídeos cardíacos e agentes usados na quimioterapia, que chegam até ela pela corrente sanguínea; ❖ A barreira hematoencefálica é relativamente permeável nessa região, que permite a atuação direta de mediadores circulantes; ❖ A cinetose (qualquer distúrbio causado por um movimento não habitual do corpo, como andar de barco, avião, etc) tem a origem primária no aparelho vestibular, o cerebelo seria um transmissor secundário e atuaria na ZGQ entretanto ainda não se sabe o modo como isso acontece; ❖ Impulsos da ZGQ > centro do vômito (tronco cerebral (controlam e integram as funções viscerais e somáticas envolvidas no vômito; ❖ O vômito pode ser deflagrado por uma variedade de estímulos: • Dor, visões, odores repulsivos e fatores emocionais > aferentes sensoriais e vias do SNC > centros superiores > centro do vômito; • Cinetose > labirinto > núcleos vestibulares > ZGQ > centro do vômito; • Toxinas endógenas e drogas > sangue ou liberação de agentes emetogênicos (>aferentes viscerais) > ZGQ > centro do vômito; • Estímulos provenientes da faringe e do estômago > aferentes viscerais > ZGQ ou Núcleo do trato solitário > centro do vômito. Neurotransmissores envolvidos no controle do vômito ❖ Dopamina > receptor D2; ❖ Acetilcolina > receptor M1; ❖ Histamina > receptor H1; ❖ Serotonina > receptor 5 – HT3; ❖ Substância P > neurocinina 1. Fármacos antieméticos ❖ Antagonistas do receptor D2 (dopamina): receptor D2 de dopamina, metabotrópico, ligado a proteína Gi, diminue os níveis de AMPc e Ca2+ intracelular e hiperpolariza a célula, quando o antagonista age sobre esse receptor na área postrema (ZGQ) ele impede sua estimulação e a consequente ativação do centro do vômito que é uma das causas de vômito. • Fenotiazinas > Clorpromazina (Amplictil) ✓ Indicações clínicas: episódios graves de náusea e vômitos associados a vertigens, cinetose e enxaqueca; ✓ Efeitos indesejáveis: sedação, hipotensão, sintomas extrapiramidais (limita o uso); • Butirofenonas > Droperidol (Droperdal),Haloperidol (Haldol) ✓ Neurolépticos e antieméticos; ✓ Indicações clínicas: vômitos induzidos por QT; ✓ Efeitos indesejáveis: sedação, síndrome extrapiramidal; • Benzamidas ✓ Metoclopramida (Plasil) → Antiemético e procinético periférico; → Antagonistas dos receptores dopaminérgicos D2 em diversas regiões do SNC; → Aumenta o tônus esfíncter esofágico, relaxa o piloro e duodeno, aumenta contração do antro gástrico exercendo efeito procinético.; → Reações adversas: Hiperprolactinemia, galactorréia, dismenorréia, síndrome extrapiramidais, sonolência, tontura, ansiedade, fadiga. ✓ Domperidona (Motilium) → Antiemético e procinético; → Difere da metoclopramida pois não ultrapassa BHE; → Não atua nos receptores D2 em outras regiões, somente ZGQ; → Ausência de efeitos colaterais SNC. ❖ Antagonista do receptor 5 – HT3 (serotonina): um receptor ionotrópico, o único dentre os 15 receptores de 5- HT que é um canal iônico regulado por ligante.. O canal é ́ seletivo para cátions (Na+ e K+) e mede a despolarização e excitação neuronal do SNC e do SNP. Estão presentes em áreas críticas envolvidas no vômito, incluindo aferentes vagais, núcleo do trato solitário (que recebem estímulo dos aferentes vagais) e a própria área postrema com aa zona do gatilho quimiorreceptora. A serotonina é liberada pelas células endocromafínicas do intestino delgado em resposta aos quimioterápicos e pode estimular os aferentes vagais e ativar o reflexo do vômito. Logo, inibindo seu receptor há a inibição do reflexo do vômito. • Ondansetrona, granisetrona e Dolasetrona ✓ Meia vida: 4-9h (1x ao dia); ✓ v.o. ou i.v. • Palonosetrona ✓ i.v.; ✓ Maior afinidade pelo receptor 5-HT3; ✓ Meia vida: 40h. • Extenso metabolismo de primeira passagem; • Excreção renal e hepática; • Usos clínicos: ✓ Náuseas e vômitos induzidos por quimioterapia: → Principais agentes para a prevenção de náuseas e dos vômitos agudos induzidos pela quimioterapia; → Mais efetivos quando administrados em dose única 30min antes da administração da quimioterapia; → Eficácia potencializada pela terapia de combinação com um corticosteroide (dexametasona) e um antagonista dos receptores NK1. ✓ Náuseas e vômitos pós-operatórios e pós radioterapia: → Prevenção de náuseas e dos vômitos pós- operatórios; → Prevenção e no tratamento de náuseas e dos vômitos em pacientes submetidos a radioterapia corporal total ou do abdômen. • Efeitos colaterais: ✓ Cefaleia; ✓ Tontura; ✓ Constipação. ❖ Antagonista de receptor Muscarínico (acetilcolina): são receptores metabotrópicos ligados a proteína Gq (induz ativação de PLC, que hidrolisa PIP2 em IP3 e DAG) e estimulam efeitos muscarínicos como o vômito. Os antagonistas muscarínicos demonstram ações anticolinérgicas no aparelho vestibular e no estômago, mas são pouco eficazes quando o estímulo do vômito é proveniente da ZGQ. • Atropina e Escopolamina (Hioscina- Buscopan) ✓ Indicações clínicas: → Profilaxia e tratamento da cinetose; → Alguma atividade nas náuseas e nos vômitos pós- operatórios; → Não são eficazes no tratamento das náuseas induzidas por quimioterapia. ✓ Reações adversas: → Xerostomia; → Taquicardia; → Sonolência; → Sedação. ❖ Antagonista de receptor H1 (histamina): Os receptores H1 parecem coexistir em dois estados de conformação – inativo e ativo – que estão em equilíbrio na ausência de histamina ou de anti- histamínico. No estado basal, o receptor tende à sua ativação constitutiva. Os avanços na farmacologia dessa substância mostraram que os anti- histamínicos H1 são agonistas inversos, mais do que antagonistas dos receptores. Estes se ligam preferencialmente à conformação inativa do receptor H1 e desviam o equilíbrio para o estado inativo. São divididos em duas categorias: • Os de primeira geração que consistem em dois anéis aromáticos ligados a um arcabouço de etilamina substituído. Esses fármacos são divididos em seis subgrupos principais, com base em suas cadeias laterais substituídas – etanolaminas, etilenodiaminas, alquilaminas, piperazinas, fenotiazinas e piperidinas: ✓ Difenidramina, hidroxizina, clorfeniramina e prometazina; ✓ Menos seletivos para o receptor H1 e, além disso, podem ligar-se a receptores colinérgicos, α- adrenérgicos e serotoninérgicos em doses convencionais. • Os anti-histamínicos H1 de segunda geração podem ser estruturalmente divididos em quatro subclasses principais – alquilaminas, piperazinas, ftalazinonas e piperidinas; ✓ Entre os amplamente utilizados estão loratadina, cetirizina e fexofenadina; ✓ Mais específicos e tem menos efeitos sobre o SNC • Indicações clínicas: ✓ Controle da náusea e dos vômitos associados a cinetose. • Reações adversas: ✓ Sedação, sono. ✓ Boca seca (efeito anticolinérgico).• B6 associada à anti-histamínico (como o dramim) potencializa o seu efeito e reduz a dose necessária > por que B6 participa da aquisição e produção de neurotransmissores. ❖ Antagonistas da neurocinina 1 (substância P- sinalizadora de distúrbios inflamatórios, relacionada com a dor e o estresse): receptor NK-1 é um receptor acoplado à proteína G, são encontrados em muitos tipos celulares incluindo neurônio centrais e periféricos, além de células do músculo liso, ativam por processos indiretos a PKA e PKC, aumentando os níveis de AMPc, de IP3, DAG e cálcio. • Aprepitanto: ✓ Efeito antiemético nas náuseas tardias e melhoram a eficácia dos regimes antieméticos- padrão em pacientes que recebem sessões múltiplas de quimioterapia; ✓ Administrado por três dias em conjunto com a quimioterapia altamente emetogênica, mais o antagonista de 5-HT 3 e um corticosteroide. ❖ Canabinodes: o dronabiol (THC) é um canabiode natural que pode ser sintetizado ou extraído da maconha. Seu mecanismo exato não é conhecido, mas supõe-se que esteja relacionado com a estimulação de receptores canabinoides do tipo CB1 nos neurônios e ao redor do centro do vômito no tronco encefálico. • A nabilona é um canabinoide sintético análogo do THC; • Prevenção de náuseas e dos vômitos induzidos pela quimioterapia; • Administrado 1 a 3 h antes da quimioterapia. • Efeitos adversos: ✓ Palpitações ✓ Taquicardia ✓ Vasodilatação ✓ Hipotensão ❖ Corticosteroides: suprimem a inflamação peritumoral e a produção de prostaglandinas. • Adjuntos úteis no tratamento da náusea em pacientes com câncer disseminado possivelmente pela inflamação e produção de PGs • Dexametasona: ✓ 8-20 mg i.v. antes da quimioterapia; ✓ 8 mg v.o. durante 2 a 4 dias. • Associação de drogas: ✓ Dexametasona ✓ Ondansetron > antagonista de 5-HT3 ✓ Droperidol > antagonista D2 • Cautela com relação as reações adversas ❖ Benzodiazepínicos: não são antieméticos muito eficazes, mas seus efeitos sedativos, amnésicos e ansiolíticos podem ser uteis para reduzir o componente antecipatório das náuseas e vômitos desses pacientes. • Lorazepam e o alprazolam; • Via receptores gabaérgicos.
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