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Hermenêutica jurídica
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
(Redirecionado de Hermenêutica Jurídica)
A hermenêutica jurídica se refere à interpretação do "espírito da lei", ou seja, de suas finalidades quando foi
criada. É entendida no âmbito do Direito como um conjunto de métodos de interpretação consagrados. O
objeto de interpretação privilegiado do Direito é a norma, mas não se limita a ela (pode-se interpretar o
ordenamento jurídico, a lei positiva, princípios).
A demanda por compreensão do conteúdo de uma norma gerou muitas discussões sobre como interpretar. De
acordo com Tércio Sampaio F. Junior, "a hermenêutica jurídica é uma forma de pensar dogmaticamente o
direito que permite um controle das consequências possíveis de sua incidência sobre a realidade antes que elas
ocorram." O sentido das normas, para o autor, é "domesticado." Essa é uma concepção pragmática de
interpretação, e suficientemente abstrata para dar conta das variadas regras de interpretação que compõem a
hermenêutica.
Por exemplo, a interpretação pela letra da lei é eminentemente gramatical. Dirá Tércio Sampaio, presume-se
que "a ordem das palavras e o modo como elas estão conectadas são importantes para obter-se o correto
significado da norma." Essa forma de interpretação explora as equivocidades da lei, no entanto, há uma
limitação para essa concepção: ela não discute o objetivo de uma norma (outra forma de interpretar). Portanto,
e ainda para o autor, a interpretação pela letra da norma pode ser um ponto de partida, mas não esgota a
hermenêutica.
À pressuposição lógica de unidade do sistema jurídico, fundamentada principalmente pela Escola Positivista do
Direito, deriva uma outra forma de interpretação: a interpretação sistemática. A doutrina jurídica compartilha
que qualquer preceito normativo deve ser interpretado em harmonia com os princípios gerais de um
ordenamento jurídico. Tércio Sampaio explica a questão por um exemplo representativo, se buscássemos no
todo do ordenamento jurídico um conceito de 'empresa nacional' , ele mudaria dependendo do contexto
normativo analisado? Sim, portanto, há de se cuidar às especificidades de cada conteúdo expresso numa ou
noutra norma, além do cuidado com o âmbito de aplicabilidade da lei específica.
Por fim, uma outra forma de interpretação consagrada é a interpretação histórica, que busca o sentido inicial do
conceito jurídico ou da norma. Ela o faz através de precedentes normativos, justificativas de elaboração de leis,
jurisprudência. Cabe enfatizar, concluindo, que uma tendência atual do direito é distanciar-se do entendimento
da letra da lei e aproximar-se do propósito da norma. Por isso a proliferação de interpretações
principiológicas que apareceram no contexto normativo pós Constituição de 88.
Segue adiante um conjunto de métodos de interpretação classificados sucintamente:
Índice
1 Métodos de interpretação
2 Resultados decorrentes da interpretação
3 Veja também
4 Bibliografia
[1]
[2]
[3]
Métodos de interpretação
Autêntico: é aquela que provém do legislador que redigiu a regra a ser aplicada, de modo que demonstra
no texto legal qual a mens legis que inspirou o dispositivo legal.
Doutrinário: é dada pela doutrina, ou seja, pelos cientistas jurídicos, estudiosos do Direito que inserem os
dispositivos legais em contextos variados, tal como relação com outras normas, escopo histórico,
entendimentos jurisprudenciais incidentes e demais complementos exaustivos de conhecimento das
regras.
Jurisprudencial: produzida pelo conjunto de sentenças, acórdãos, súmulas e enunciados proferidos tendo
por base discussão legal ou litígio em que incidam a regra da qual se busca exaurir o processo
hermenêutico.
Literal: busca o sentido do texto normativo, com base nas regras comuns da língua, de modo a se extrair
dos sentidos oferecidos pela linguagem ordinária os sentidos imediatos das palavras empregadas pelo
legislador.
Histórico: busca o contexto fático da norma, recorrendo aos métodos da historiografia para retomar o
meio em que a norma foi editada, os significados e aspirações daquele período passado, de modo a se
poder compreender de maneira mais aperfeiçoada os significados da regra no passado e como isto se
comunica com os dias de hoje.
Sistemático: considera em qual sistema se insere a norma, relacionando-a às outras normas pertinentes
ao mesmo objeto, bem como aos princípios orientadores da matéria e demais elementos que venham a
fortalecer a interpretação de modo integrado, e não isolado.
Teleológico: busca os fins sociais e bens comuns da norma, dando-lhe certa autonomia em relação ao
tempo que ela foi feita.
Tratando-se de hermenêutica jurídica, o termo significa a interpretação do Direito (seu objeto), que pode - e
deve - passar por uma leitura constitucional e política.
Vale ressaltar a interpretação sociológica - Que é a interpretação na visão do homem moderno, ou seja,
aquela decorrente do aprimoramento das ciências sociais, de modo que a regra pode ser compreendida
nos contextos de sua aplicação, quais sejam o das relações sociais, de modo que o jurista terá um
elemento necessário a mais para considerar quando da apreciação dos casos concretos ante a norma.
E ainda, a Holística, que abarcaria o texto a luz de um mundo transdiciplinar (filosofia, história,
sociologia...) interligado e abrangente. Inclusive, dando margem a desconsiderar certo texto em
detrimento de uma justiça maior no caso concreto e não representada na norma entendida
exclusivamente e desligada dos outros elementos da realidade que lhe dão sentido.
Resultados decorrentes da interpretação
Declarativo: há compatibilidade do texto da norma com o seu sentido. (in claris cessat interpretatio)
Restritivo: O texto da Lei (verba legis) se restringe a disposição legal.
Extensivo: O texto da Lei é menos conclusivo que a sua intenção. Amplia-se o significado literal para a
obtenção do efeito prático. (p. ex.: "os pais" devem ser entendidos como o pai e a mãe)
Veja também
Direito
Lenio Luiz Streck.
Jurisprudência dos conceitos
Jurisprudência dos interesses
Jurisprudência dos valores
Bibliografia
FERRAZ, SAMPAIO F. TERCIO Introdução ao Estudo do Direito. São Paulo: Editora Atlas S.A.,
2003
ASENSI, F. Curso prático de argumentação jurídica. São Paulo: Campus-Elsevier, 2010
CAMARGO, Margarida Lacombe. Hermenêutica e argumentação. Rio de Janeiro: Renovar, 1999.
CAPELA, Juan-Ramón. El derecho como lenguaje: un análisis lógico. Barcelona: Ariel, 1968.
COSTA, Alexandre Araújo. (1998). Hermenêutica Jurídica
<http://www.arcos.org.br/livros/hermeneutica-juridica>. Acessado em 2 de setembro de 2009.
FERRARA, Francesco. Interpretação e aplicação das leis. Coimbra: Arménio Amado, 1987 (1921).
KELSEN, Hans. Teoria pura do direito, 2ª versão. São Paulo: Martins Fontes, 3a ed., 1991 (1960).
LAMEGO, José. Hermenêutica e Jurisprudência. Análise de uma “recepção”, Editorial Fragmentos,
Lisboa, 1990.
MAGALHÃES, Maria da Conceição Ferreira. A hermenêutica jurídica. Rio de Janeiro: Forense,
1989.
MAXIMILIANO, Carlos. Hermenêutica e aplicação do Direito. São Paulo: Revista Forense, 1999
(1924).
PERELMAN, Chaïm. Lógica Jurídica. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
STRECK, Lenio Luiz. Hermenêutica jurídica e(m) crise. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 1999.
WARAT, Luís Alberto. O direito e sua linguagem, 2a versão. 2a ed. Porto Alegre: Sergio Antonio
Fabris, 1995.
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