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Resumo Parte I Dialética da Totalidade Concreta KOSIK, Karel

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KOSIK, Karel. A dialética do Concreto. São Paulo. Paz e Terra, 1976. (p. 13 a 64)
Resumo Parte I: Dialética da Totalidade Concreta
 Cap. 1: O mundo da Pseudoconcreticidade e sua Destruição
“A dialética trata da coisa em si, mas a coisa em si não se manifesta diretamente ao homem.” (p.13)
Kosik argumenta que para que a nossa apreensão das coisas não seja superficial, é necessário um esforço de reflexão, e no caso a dialética seria um método de análise no qual observa-se: o fenômeno, a coisa em si como se vê; o sentido do fenômeno e através do detour, chegar à essência. Segundo ele, o homem prioriza a ação prática em sua vida cotidiana em detrimento das reflexões sobre a realidade abstrata. “(...) o indivíduo em situação cria suas próprias representações das coisas e elabora todo um sistema correlativo de noções que capta e fixa o aspecto fenomênico da realidade.”
Sobre o senso comum e a práxis utilitária, estes seriam necessários para que o homem se oriente dentro das relações sociais e de produção. Logo, quem determina estas relações está em posição confortável em relação ao silenciamento e alienação que sustentam a práxis utilitária imediata. O homem que não reflete sobre as estruturas e toma seus fenômenos como dados tende a reproduzi-las. 
A práxis do que se trata neste contexto é historicamente determinada e unilateral, é a práxis fragmentária dos indivíduos, baseada na divisão do trabalho, na divisão da sociedade em classes e hierarquias de posições sociais que sobre ela se ergue. Nesta práxis se forma tanto o determinado ambiente material do indivíduo histórico quanto a atmosfera espiritual em que a aparência superficial da realidade é fixada como o mundo da pretensa intimidade, da confiança e da familiaridade em que o homem se move “naturalmente” e com que tem de se avir na vida cotidiana (p. 14 e 15)
Ao mundo da pseudoconcreticidade pertencem: o mundo dos fenômenos externos, o mundo da manipulação e do tráfico, o mundo das representações comuns e o mundo dos objetos fixados (seriam as construções sociais naturalizadas). O mundo da pseudoconcreticidade seria então ambíguo, ao evidenciar o fenômeno e esconder sua essência. A essência é inerente e indissociável do fenômeno, porém não se mostra totalmente ao observarmos o fenômeno. A essência não é inerte e passiva (p.15), mas parte da atividade do fenômeno. Os fenômenos se transformam em relação com a sua essência (p.16). Kosic fala em mundo fenomênico, alcançável à realidade dos homens, porém, já pontuado, indissociável da essência. “A realidade é a unidade entre o fenômeno e a essência. Por isso a essência pode ser tão irreal quanto o fenômeno, e o fenômeno tanto quanto a essência, no caso em que apresentem isolados, e, em tal isolamento sejam apresentados como ‘a única realidade’” (p.16).
 Antes de começar a investigar sobre a realidade oculta atrás dos aspectos fenomênicos, então, o homem deve ter a consciência de que os fenômenos são dotados de uma estrutura, e nesta estrutura está a essência, que diferente do aspecto fenomênico (que se mostra primeiro) a essência é descoberta através “da ciência e filosofia” (p. 17). É tarefa da filosofia se debruçar sobre a totalidade das coisas: “neste sentido a filosofia pode ser caracterizada como um esforço sistemático e crítico que visa captar a coisa em si, a estrutura oculta da coisa, a descobrir do modo de ser do existente” (p. 18). Logo, para que o conhecimento pleno sobre as realidades ocultas seja viável, é necessário decompor os fenômenos para analisar sua constituição.
Kosik afirma que o pensamento se move naturalmente em uma direção oposta à natureza da realidade, e que esta abstração não caracteriza necessariamente uma emancipação, mas provém de sua função prática (p.19). “Todo agir é unilateral, já que visa um fim determinado, portanto isola alguns momentos da realidade como essenciais aquela ação, desprezando outros, temporariamente” (idem). A espontaneidade advinda da práxis, no filtrar o que é essencial e o que é secundário, provém de uma percepção da realidade e do todo, no qual este isolamento de partes viabiliza a ação produtiva imediata. Logo, a reprodução dos aspectos fenomênicos das coisas advém do senso comum e das estruturas da práxis cotidiana. A práxis utilitária produz o pensamento comum, no qual o aspecto superficial das coisas é assimilado; porém, o que se mostra ao homem não corresponde à totalidade nem à realidade das coisas, mas corresponde à práxis “feitichizada”, validada como real, porém fundamentada superficialmente. A representação de algo não constitui sua realidade, mas sim uma projeção consciente em um determinado tempo histórico.
A distinção entre representação e conceito, entre o mundo da aparência e o mundo da realidade, entre a práxis utilitária cotidiana dos homens e a práxis revolucionária da humanidade, ou numa palavra, “a cisão do único”, é o modo pelo qual o pensamento capta a coisa em si. (p.20)
Neste contexto a dialética seria “o oposto da sistematização doutrinária ou da romantização das representações comuns” (p.20). A dialética instrumentalizaria o pensamento crítico, visando a destruição da pseudoconcreticidade. O que torna os fenômenos falsamente concretos não é a sua mera existência, mas a sua “pretensa independência”; a dialética pretende desnudar a naturalização dos fenômenos, pois os mesmos não são dados de maneira independente, mas derivam de uma estrutura anterior. A dialética não considera as partes componentes da totalidade como independentes, nem como matrizes originárias. Convém a dialética desmontar a pretensa originalidade das partes que compõem as estruturas da vida cotidiana e material, assim como as diluições das representações do mundo real produzidas pelas relações sociais.
A reflexão acrítica não amparada pela dialética pode levar a noções equivocadas sobre a materialidade concreta, como a tomada de consciência da realidade, mas doutrinada debaixo da crença nas aparências. Cabe a teoria materialista analisar o todo em que se manifestam e as condições para que explicações sobre a realidade baseadas em fé se conectam com a realidade concreta. 
Entretanto a destruição da pseudoconcreticidade como método dialético-crítico graças à qual o pensamento dissolve as criações feitichizadas do mundo reificado e ideal, para alcançar a realidade é apenas o outro lado da dialética, como método revolucionário de transformação da realidade. Para que o mundo possa ser explicado criticamente, cumpre que a explicação mesma se coloque no terreno da práxis revolucionária. (p.22)
O indivíduo produz a realidade humano-social e é produzido por ela; logo, a revolução nas relações sociais (e de produção) se faz possível, porque elas são produto da práxis humana dentro da estrutura social. O mundo real, ocultado pelo que é falsamente concreto “é a compreensão da realidade humana-social como unidade de produção e produto, de sujeito e objeto, de gênese e estrutura (p. 23)”. O mundo da realidade é o mundo onde se processam as relações que produzem a verdade, não como uma variante fixa e predestinada, mas como fruto da história, que está em fluxo constante. “Por esta razão, a história humana pode ser o processo da verdade e a história da verdade” (idem). 
Para destruir a pseudoconcreticidade é necessário: 1) a crítica revolucionária à práxis humana; 2) a dissolução das representações feitichizadas através da dialética e 3) “realizações da verdade e criação da realidade em um processo ontogenético”, ou seja, a tomada de consciência acerca dos processos pessoais de apreensão e vivência da verdade a partir de cada indivíduo “pessoalmente e sem que ninguém possa substitui-lo (p. 24). Destruir a pseudoconcreticidade não é descobrir o que há atrás do que é visível: a pseudoconcreticidade, de acordo com Kosik reduz o homem à sua utilidade dentro da esfera de produção; a reação contra ela significa a tentativa de chegar à uma “’autêntica realidade’ do homem concreto por trás da realidade reificada pela cultura dominante” (p. 25).
Cap. 2 Reprodução Espirituale Racional da Realidade.

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