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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E ECONÔMICAS DEPARTAMENTO DE DIREITO Aluno: Ana Gabriela Pinheiro Frisso Professora: Valesca Raizer Borges Moschen Disciplina: Direito Internacional Privado Data:03/08/2021 FICHAMENTO TEXTO DE VALERIO DE OLIVEIRA MAZZUOLI “CURSO DE DIREITO INTERNACIONAL PUBLICO” Item 9 Capitulo V DOS PAPEIS E COMPETÊNCIA O Ministro das Relações Exteriores, é competente para exercer a função de auxiliar o Presidente da República do Brasil bem como conduzir os negócios internacionais e da política exterior. Essa competência pode ser delegada aos Agentes Diplomáticos acreditados em país estrangeiro ou aos Chefes de Missão Diplomática. Esses três , quando permanentemente ,tem seu desígnio aprovado pelo Senado, que os sabatina em sessão secreta conforme a Constituição Federal. Todo funcionário de carreira, acreditado ou credenciado pelo país estrangeiro, pode ser agente plenipotenciário e ter representatividade para celebrar os tratados. O porque dessa permissão (com base na CF) de delegação da competência presidencial para celebrar tratados é explicada por Basdevant, quando observa “a participação direta dos chefes de Estado na negociação e na assinatura dá por vezes a esta um caráter definitivo, que se considera, ordinariamente, mais oportuno evitar”. FASES INTERNACIONAIS A fase das negociações preliminares são o processo de formação dos tratados com os atos de negociação, que são da competência geralmente do Poder Executivo. A competência do Executivo para participar das relações internacionais representando o Estado – atua de forma externa (desde as negociações preliminares de um tratado até sua ratificação) .Esse é um dos motivos do porquê o Executivo participa mais ativamente das relações internacionais que o Poder Legislativo, que se manifesta no processo de celebração de tratados uma vez que decide sobre a viabilidade de o Estado engajar-se no respectivo compromisso internacional fase que tem lugar depois da assinatura e antes da ratificação (o que será abordado posteriormente). O Executivo tem sua relevância na condução das relações externas do Estado, quando se diz respeito à celebração de tratados, assim, encontra-se na fase caracterizada negociações preliminares. As negociações de um tratado têm lugar quando os representantes dos Estados se reúnem em local e época preestabelecidos , a fim de estudar as possibilidades de se chegar a um entendimento de tal pauta internacional. As negociações que envolvem tratados bilaterais iniciam- se majoritariamente por meio do envio de uma nota diplomática ( linguagem informal), de um país para outro, de chancelaria para chancelaria, desenvolvendo-se depois no território de um dos dois Estados- denominados contratantes. Quando o Estado apresenta muitos interesses na conclusão do tratado isso significa que ele teve a iniciativa para a negociação. Nesse tipo de negociação, os poderes plenos não têm sido exigidos uma vez que se supõe que os agentes do Ministério das Relações Exteriores estão plenamente habilitados pelo Chefe de Estado. Os Estados são nelas representados por delegados investidos dos poderes necessários para negociar e concluir o texto convencional. O procedimento das negociações, nesse caso, reveste-se da mais alta complexidade e rigidez, obedecendo um regulamento interno já preestabelecido e utilizando-se, normalmente, de um ou mais dos seis idiomas oficiais da Organização da Nações Unidas (ONU) A Adoção Do Texto O texto final de um tratado deve resultar de um acordo de vontades das partes presentes às negociações. Esse acordo deve ser chancelado por um ato jurídico, para que seja válido. Esse ato jurídico que chancela o acordo das partes que pôs fim às negociações. Alguns efeitos jurídicos podem nascer, contudo, do tratado adotado, ainda que o instrumento não se imponha como norma jurídica aos Estados signatários. Um desses efeitos diz respeito à aplicabilidade imediata das cláusulas finais do tratado, tal como estabelece o art. 24, § 4o, da Convenção de Viena de 1969, Como se percebe, nas cláusulas finais, elas não dizem respeito a qualquer questão normativa do tratado, senão apenas à sua condição de ato jurídico. As regras para a adoção de um tratado pode se verificar nos termos do art 9 paragrafo primeiro e segundo da convenção de 1969. Existindo duas regras para a adoção do texto convencional 1) adoção efetua-se pelo consentimento de todos os Estados que participam da sua elaboração. 2) Quando a adoção tiver lugar em uma conferência internacional, efetua-se pela maioria de dois terços dos Estados presentes e votantes, salvo se esses Estados, pela mesma maioria, decidirem aplicar uma regra diversa. A autenticação Outro procedimento concernente à solidificação dos tratados é sua autenticação, ato pelo qual o texto do tratado é considerado “autêntico e definitivo”, nos termos do art. 10 da Convenção de Viena de 1969. A autenticação como explica Mazuolli, não é propriamente um ato jurídico stricto sensu, como é a adoção, mas uma formalidade diplomática de caráter meramente protocolar. Esses dois momentos (adoção e autenticação) estão conectados: primeiro se adota o texto do tratado e subsequentemente se lhe atribui autenticidade, quando então passa a existir um texto definitivo. A assinatura. O ato jurídico subsequente é o da assinatura do tratado. A assinatura põe termo a essa fase inicial do processo de formação dos tratados e arremata o ato protocolar da autenticação. Por assinatura se entende o sinal feito por uma alguém , escrito ou rasurado de próprio punho, ao final de um documento, a fim de patentear que tal documento foi elaborado com o seu conhecimento e que aceita com os termos ali presentes. Na assinatura de tratados há a mesma lógica, a não ser pela qualidade do sujeito que a manifesta, posto que ali está como representante de um Estado. A assinatura de um tratado tem natureza jurídica dúplice: trata-se de um aceite precário e formal, que não acarreta (salvo a exceção do art. 12 da Convenção de 1969) efeitos jurídicos vinculantes. O valor da assinatura é quase sempre ad referendum, necessitando do aval posterior do Estado, que se expressa por meio da ratificação. Trata-se, pois, da expressão do consenso do Estado de estar juridicamente vinculado ao texto adotado até sua ulterior confirmação pela ratificação, não conotando outra coisa que não o anúncio de um futuro (e eventual) engajamento das partes. A assinatura é uma fase necessária da processualística dos atos internacionais, pois com ela se encerra as negociações gerais e se expressa um minimum de vontade do Estado em proceder ao exame da questão, a fim de (futuramente, com a ratificação) aceitar definitivamente todo o tratado posto. A maioria dos autores entenderem que, em vez da utilização do sistema da assinatura diferida, muito melhor e mais prático seria deixar expresso no texto convencional a possibilidade de adesão. O art. 12 da Convenção de 69 trata da hipótese em que a assinatura do tratado pode ter valor de comprometimento definitivo, merecendo assim breve análise. Trata- se do que chamamos de “assinatura com efeito de ratificação”.: “Artigo 12. Consentimento em obrigar-se por um tratado manifestado pela assinatura. 1. O consentimento de um Estado em obrigar-se por um tratado manifesta-se pela assinatura do representante desse Estado: a) quando o tratado dispõe que assinatura terá esse efeito; b) quando se estabeleça, de outra forma, que os Estados negociadores acordaram em dar à assinatura esse efeito; ou c) quando a intenção do Estado interessado em dar esse efeito à assinatura decorra dos plenos poderes de seu representante ou tenha sido manifestada durante a negociação. 2. Para os efeitos do parágrafo 1: a) a rubrica de um texto tem o valor de assinatura de tratado, quando ficar estabelecido que osEstados negociadores nisso concordaram; b) a assinatura ad referendum de um tratado pelo representante de um Estado, quando confirmada por esse Estado, vale como assinatura definitiva do tratado.” A ratificação. Em regra geral, a participação de um Estado num tratado é realizada sob reserva de ratificação, o que significa que a assinatura do instrumento, por si só, não tem o poder de engajar definitivamente o Estado naquele dado tratado. Para que o engajamento definitivo ocorra, é necessário que depois de assinado pelos plenipotenciários seja o tratado submetido à apreciação e aprovação do Poder Legislativo, antes da formalidade final da ratificação, que é levada a efeito pelo Chefe do Poder Executivo. Para Mazuolli, a ratificação do tratado representa o momento em que o Executivo se manifesta na processualística dos atos internacionais. Se a assinatura vincula juridicamente o Estado ao texto adotado, a ratificação vincula o Estado ao tratado mesmo com todas as cláusulas obrigacionais que ali contêm. A expressão ratificação advém do latim vulgar ratificare, correspondente do latim clássico ratum facere, ratum esse, que significa “tornar válido”, ou ratum efficere, que traduzem o significado de “aprovação”. Todas as outras terminologias induzem à ideia de criação de uma situação jurídica nova, o que corresponde ao significado atribuído ao termo pelo Direito Civil, no sentido de aprovar . A ratificação também tem características próprias que devem ser analisadas separadamente, quais sejam: Ato externo e de governo. A ratificação é ato jurídico externo e de governo, levado a efeito pelas estritas regras do Direito Internacional Público e não pelas disposições constitucionais internas de cada país. Não há nos sistemas constitucionais dos Estados regras sobre ratificação de tratados, havendo apenas certa prática estatal – às vezes bem estabelecida, às vezes incipiente – relativamente ao tema. Assim sendo, não há que se falar – por absoluta impropriedade técnica – em “ratificação constitucional” ou em “ratificação de Direito interno”, como querendo significar a aprovação dada pelo Poder Legislativo ao tratado internacional ou a sua promulgação interna. Ato político e circunstancial . Caracteriza-se ainda a ratificação por ser um ato eminentemente político e circunstancial, posto não estar o Chefe do Executivo – a quem, quase sem exceção, o Direito Constitucional concede o poder para manter relações com potências estrangeiras – obrigado a proceder à confirmação, perante as outras partes, da vontade do Estado em obrigar-se. As Constituições determinam que a ratificação de tratados deve dar-se após o referendo do Poder Legislativo. Ato irretroativo. A ratificação não tem efeitos retroativos. A doutrina consagrada em todo o século XIX e início do século XX, na jurisprudência norte-americana, sobre a retroatividade da ratificação, não tem mais razão de ser. Se é a ratificação ou, antes, a troca ou o depósito dos seus instrumentos, que confere força obrigatória ao tratado, parece claro não se poder pretender sua retroação à data da assinatura. Não importa seja o tratado conhecido ou indicado pela data da assinatura. Isto serve para que se possa mais facilmente identificá-lo, pois nem sempre é fácil conhecer a data precisa da ratificação de cada Estado. Aliás, a data da assinatura do acordo é muito mais conhecida que a própria data de sua entrada em vigor. Mas isto não significa que a ratificação deva retroagir à assinatura. Ato irretratável A irretratabilidade opera mesmo antes do compromisso ter entrado em vigor internacional, tendo como termo a quo a sua manifestação mesma. Os governos têm a faculdade de sequer participar das negociações internacionais e, uma vez tendo dela participado, jamais enviar o texto convencional ao referendo parlamentar, e ainda, após manifestação positiva do Parlamento, deixar de ratificar o acordo, segundo o que entender relevante. Tal irretratabilidade também opera em dois períodos de tempo imediatamente anteriores à vigência do tratado na ordem internacional: 1) nos casos em que se aguarda alcançar o quorum de ratificações nos tratados condicionais, em homenagem aos princípios da boa-fé e da segurança jurídica 2) no eventual período de acomodação constante do próprio tratado para a sua entrada em vigor, posto já se encontrar o acordo perfeitamente consumado. A Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados regula a ratificação, de forma específica, nos §§ 1o e 2o do art. 14, que dispõem: “Artigo 14. Consentimento em obrigar-se por um tratado manifestado pela ratificação, aceitação ou aprovação. 1. O consentimento de um Estado em obrigar-se por um tratado manifesta-se pela ratificação: a) quando o tratado disponha que esse consentimento se manifeste pela ratificação; b) quando, por outra forma, se estabeleça que os Estados negociadores acordaram em que a ratificação seja exigida; c) quando o representante do Estado tenha assinado o tratado sujeito a ratificação; ou d) quando a intenção do Estado de assinar o tratado sob reserva de ratificação decorra dos plenos poderes de seu representante ou tenha sido manifestada durante a negociação. 2. O consentimento de um Estado em obrigar-se por um tratado manifestar-se pela aceitação ou aprovação em condições análogas às aplicáveis à ratificação.” A Adesão Caso o Estado tenha a intenção de ingressar num tratado ex post facto, poderá fazê-lo mediante adesão, seja porque o Estado não participou das negociações do tratado, tampouco o assinou, seja porque perdeu o prazo para ratificar, ou porque o denunciou e arrependeu-se, poderá, mesmo assim, dele se tornar parte caso o instrumento seja aberto à adesão. Esta consiste na manifestação unilateral de vontade do Estado, que exprime o seu propósito em se tornar parte de determinado tratado que não negociou nem assinou, ou, se o assinou, não o ratificou por qualquer circunstância ou o denunciou. Os motivos que levam um Estado a aderir a certo tratado são variados, podendo-se destacar nitidamente ao menos quatro situações: interesse em ser parte de um ato internacional de cujas negociações não participou; arrependimento por não ter assinado o tratado no momento oportuno; A adesão vem regulada pelo art. 15 da Convenção de Viena de 1969, nos seguintes termos: “Artigo 15. Ċonsentimento em obrigar-se por um tratado manifestado pela adesão. O consentimento de um Estado em obrigar-se por um tratado manifesta-se pela adesão: a) quando esse tratado disponha que tal consentimento pode ser manifestado, por esse Estado, pela adesão; b) quando, por outra forma, se estabeleça que os Estados negociadores acordaram em que tal consentimento pode ser manifestado, por esse Estado, pela adesão; ou c) quando todas as partes acordarem posteriormente em que tal consentimento pode ser manifestado, por esse Estado, pela adesão.” Com a adesão, permite-se a qualquer Estado que galgue a condição de parte em um tratado multilateral aberto, com extensas vantagens, como a facilidade de ingresso nesses tratados, sem a necessidade do desgaste das negociações.
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