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Carolina Melo – Histologia UC IV – P2 HISTOLOGIA ESÔFAGO E ESTÔMAGO 1.ESÔFAGO ▪ É um tubo muscular fixo de aproximadamente 25 cm de comprimento que transporta os alimentos e os líquidos da faringe para o estômago. ▪ Ele está ancorado as estruturas adjacentes por tecido conjuntivo (que é a camada adventícia). Após entrar na cavidade abdominal, a parte restante curta do tubo passa a ser recoberta por serosa, o peritônio visceral. A parede do esôfago é geralmente pregueada, o que confere ao lúmen uma aparência irregular. A mucosa consiste em um epitélio estratificado pavimentoso relativamente espesso, uma camada fina de lâmina própria contendo alguns nódulos linfáticos e a muscular da mucosa. Existem glândulas mucosas na submucosa; seus ductos, que desembocam no lúmen do esôfago, não estão evidentes neste corte. Externamente à submucosa, nessa parte do esôfago, há uma muscular externa espessa, composta de uma camada interna de músculo liso de disposição circular e de uma camada externa de músculo liso de arranjo longitudinal. A adventícia é observada externamente à muscular externa. CAMADAS DO ESÔFAGO: MUCOSA: Apresenta um epitélio estratificado pavimentoso não queratinizado. A camada mais profunda da mucosa (chamada de muscular da mucosa) é composta por músculo liso organizado longitudinalmente, que se inicia próximo ao nível da cartilagem cricóidea. Essa camada é muito espessa na região proximal do esôfago e atua auxiliando na deglutição. Obs1.: A lâmina própria subjacente é semelhante à lâmina própria das demais regiões do canal alimentar. Obs2.: A região apresenta um tecido linfático difuso disperso por todo o tubo, e também é possível enxergar a presença de nódulos linfáticos, geralmente próximos aos ductos das glândulas mucosas esofágicas. Região da Mucosa SUBMUCOSA: Consiste em um tecido conjuntivo denso não modelado, que contém grandes vasos sanguíneos e linfáticos, fibras nervosas e células ganglionares. Há também a existência de glândulas e, além disso, o tecido linfático difuso e os nódulos linfáticos são encontrados principalmente nas porções superior e inferior do esôfago, onde as glândulas submucosas são mais prevalentes. Obs: As fibras nervosas e as células ganglionares constituem o plexo submucoso (plexo de Meissner). Está relacionado com as sensações. MUSCULAR EXTERNA: Consiste em duas camadas musculares: 1. Circular interna 2. Longitudinal externa: Difere daquela encontrada no restante do trato gastrintestinal, já que a parte superior consiste em músculo estriado, uma continuação do músculo da faringe. Os feixes de Carolina Melo – Histologia UC IV – P2 músculo estriado e músculo liso estão misturados e enrolados na muscular externa da parte mediana do esôfago; a muscular externa mais distante consiste apenas em músculo liso, como no restante do trato gastrintestinal. Obs.: Existe o plexo mioentérico (plexo de Auerbach) entre as camadas muscular externa e interna, que inerva a muscular externa e tem atividade peristáltica. Nessa parte também existem nervos e células ganglionares. Fotomicrografia de um corte na região proximal do esôfago. Glândulas mucosas são verificadas na submucosa; observa- se músculo estriado na camada muscular. AS GLÂNDULAS: As glândulas mucosas e submucosas do esôfago secretam muco, que lubrifica e protege a parede abdominal. Elas podem ser de dois tipos e diferem apenas pela localização: GLÂNDULAS ESOFÁGICAS PRÓPRIAS: Ficam na submucosa e estão dispersas ao longo de todo o esôfago, porém é mais encontrada na metade superior. Elas são pequenas glândulas tubuloalveolares compostas. O ducto excretor é composto de epitélio estratificado pavimentoso e, no geral, é evidente quando presente em um corte, já que seu lúmen dilatado. Essas pequenas glândulas tubuloalveolares compostas produzem muco que lubrifica a superfície epitelial do esôfago. Observe o muco corado dentro do ducto excretor. A submucosa remanescente consiste em tecido conjuntivo denso não modelado. A camada interna da muscular externa (parte inferior) é composta de músculo liso de disposição circular. GLÂNDULAS CARDÍACAS ESOFÁGICAS: São chamadas assim graças a sua semelhança com as glândulas cárdicas do estômago e são encontradas na lâmina própria da mucosa. Estão presentes na parte terminal do esôfago e, com frequência, também na porção inicial do esôfago. Obs.: O muco produzido pelas glândulas esofágicas próprias é ligeiramente ácido e serve para lubrificar a parede luminal. Como a secreção é relativamente viscosa, observa-se com frequência a ocorrência de cistos transitórios nos ductos. As glândulas cárdicas esofágicas produzem muco de pH neutro. As glândulas próximas do estômago tendem a proteger o esôfago do conteúdo gástrico regurgitado. No entanto, algumas vezes, elas não são totalmente efetivas, e o refluxo excessivo resulta em pirose, uma condição mais comumente conhecida como azia. Essa condição pode evoluir para a doença do refluxo gastresofágico (DRGE). Carolina Melo – Histologia UC IV – P2 2. ESTÔMAGO ▪ O estômago é uma parte expandida do tubo digestivo (que se localiza abaixo do diafragma) e recebe o bolo alimentar macerado (amolecido) do esôfago. ▪ É responsável pela digestão parcial dos alimentos e pela secreção de enzimas e hormônios (funções exócrinas e endócrinas). ▪ A mistura e a digestão parcial do alimento no estômago pelas suas secreções gástricas produzem uma mistura líquida pastosa, denominada quimo. Em seguida, o quimo passa para o intestino delgado, em que ocorrem a digestão e absorção. Obs.: A digestão química se deve a: 1. continuação da digestão de carboidratos iniciada na boca; 2. adição de um fluido ácido (HCl) ao alimento ingerido; 3. digestão parcial de proteínas (ação da pepsina); 4. digestão parcial de triglicerídios (lipases gástrica e lingual). O estômago também produz fator intrínseco e hormônios. ▪ O estômago é dividido, histologicamente em três regiões, de acordo com o tipo de glândula encontrado em cada uma delas. (Lembre-se de que a anatomia macroscópica subdivide o estômago em 4 regiões distintas, a cárdia, o fundo gástrico, o corpo gástrico e a porção pilórica). Histologicamente, a porção do estômago adjacente à entrada do esôfago é a região cárdica (cárdia), na qual estão localizadas as glândulas cárdicas. Uma linha tracejada indica aproximadamente seus limites. Uma região ligeiramente maior, que leva em direção ao esfíncter pilórico – a região pilórica (piloro) – contém as glândulas pilóricas. Outra linha tracejada indica aproximadamente os seus limites. O restante do estômago, a região fúndica (fundo gástrico), está localizado entre as duas linhas tracejadas e contém as glândulas fúndicas (gástricas). CAMADAS DO ESTÔMAGO: REGIÃO CÁRDICA (CÁRDIA): a parte próxima ao óstio cárdico (orifício esofágico), que contém as glândulas cárdicas. ▪ Ela é uma banda circular estreita, com cerca de 1,5 a 3,0 cm de largura, na transição entre o esôfago e o estômago. ▪ Sua mucosa contém glândulas tubulares simples ou ramificadas, denominadas glândulas da cárdia. As porções terminais dessas glândulas são frequentemente enoveladas, com lúmen amplo. ▪ O orifício esofágico, em combinação com a das glândulas cárdicas esofágicas, contribui para a composição do suco gástrico e ajuda a proteger o epitélio esofágico contra o refluxo gástrico Carolina Melo – Histologia UC IV – P2 REGIÃO PILÓRICA (PILORO): a parte proximal ao esfíncter pilórico, que contém as glândulas pilóricas. Ele contém fossetas gástricas profundas, nas quais as glândulas pilóricas tubulosas simples ou ramificadas se abrem. Comparada à região da cárdia, a região pilórica apresenta fossetas mais longas e glândulas maiscurtas Essas glândulas secretam muco, assim como quantidades apreciáveis da enzima lisozima. A região pilórica contém muitas células G, intercaladas com células mucosas. As glândulas abrem-se nas fovéolas gástricas profundas que ocupam cerca da metade da espessura da mucosa. Fotomicrografia de uma célula em divisão no istmo de uma glândula pilórica. As fovéolas gástricas nesta fotomicrografia foram seccionadas em um plano oblíquo ao eixo da fovéola. Observe que, neste corte, as fovéolas gástricas (setas) podem ser identificadas como invaginações do epitélio superficial, que são circundadas pela lâmina própria. A lâmina própria é altamente celularizada, devido à existência de grande número de linfócitos. REGIÃO FÚNDICA (FUNDO): a maior parte do estômago, que está localizada entre a cárdia e o piloro e que contém as glândulas gástricas ou fúndicas. A mucosa nas regiões do fundo e do corpo está preenchida por glândulas tubulares, das quais três a sete abrem-se em cada fosseta gástrica. As glândulas contêm três regiões distintas: istmo, colo e base ▪ Istmo: tem células mucosas em diferenciação que substituirão as células da fosseta e as superficiais, células-tronco e células parietais (oxínticas). ▪ Colo: contém células-tronco, mucosas do colo (diferentes das mucosas do istmo e da superfície) e parietais (oxínticas); ▪ Base: contém principalmente células parietais e zimogênicas (principais) OUTRAS CAMADAS: ▪ Submucosa gástrica: composta de um tecido conjuntivo denso contendo quantidades variáveis de tecido adiposo e vasos sanguíneos, bem como fibras nervosas e células ganglionares que compõem o plexo submucoso (de Meissner). Este último inerva os vasos da submucosa e o músculo liso da muscular da mucosa. Carolina Melo – Histologia UC IV – P2 ▪ Muscular da mucosa: é composta de duas camadas relativamente finas, geralmente dispostas em uma camada circular interna e uma camada longitudinal externa. Em algumas regiões, é possível observar uma terceira camada, cuja orientação tende a ser circular. Finos prolongamentos de células musculares lisas estendem-se na lâmina própria a partir da camada interna da muscular da mucosa, em direção à superfície. ▪ Muscular externa gástrica: é tradicionalmente descrita como constituída de uma camada longitudinal externa, uma camada circular média e uma camada oblíqua interna. Obs.: O arranjo das camadas musculares é funcionalmente importante, uma vez que está relacionado com a sua atividade de misturar o quimo durante o processo digestivo, bem como com a sua capacidade de forçar o conteúdo parcialmente digerido para dentro do intestino delgado. Entre as camadas musculares, são vistos grupos de células ganglionares e feixes de fibras nervosas não mielinizadas. ▪ Serosa gástrica: o estômago é revestido por uma membrana serosa delgada que é contínua com o peritônio parietal da cavidade abdominal por meio do omento maior, e com o peritônio visceral do fígado, no omento menor. A MUCOSA GÁSTRICA: As pregas submucosas longitudinais, denominadas pregas gástricas, possibilitam a distensão do estômago. Elas estão mais presentes nas regiões mais estreitas do estômago, visto que estão pouco desenvolvidas na parte superior. As camadas mucosa e submucosa do estômago não distendido repousam sobre dobras direcionadas longitudinalmente. Quando o estômago está distendido pela ingestão de alimentos, essas dobras se achatam. A mucosa gástrica é formada por epitélio glandular, cuja unidade secretora é tubular e ramificada e desemboca na superfície, em uma área denominada fosseta gástrica. As células mucosas da superfície revestem a superfície interna do estômago e as fovéolas gástricas. Em cada região do estômago, as glândulas apresentam morfologia característica. Todo o epitélio gástrico está em contato com o tecido conjuntivo frouxo (lâmina própria), que contém células musculares lisas e células linfoides. Separando a mucosa da submucosa adjacente, existe uma camada de músculo liso, a muscular da mucosa. AS GLÂNDULAS DA MUCOSA: GLÂNDULAS FÚNDICAS DA MUCOSA GÁSTRICA: Carolina Melo – Histologia UC IV – P2 Fotomicrografia de um corte de estômago mostrando as glândulas gástricas na região do corpo. Observe o epitélio superficial secretor de muco. Também denominadas glândulas gástricas, são encontradas em toda mucosa gástrica, exceto em uma pequena região ocupada pelas glândulas cárdicas e pilóricas. As glândulas fúndicas são glândulas tubulares simples e ramificadas, que se estendem da base das fovéolas gástricas até a muscular da mucosa. O istmo da glândula fúndica é o local em que estão as células-tronco (nicho de células-tronco), no qual essas células se replicam e se diferenciam. As células das glândulas gástricas produzem suco gástrico (em torno de 2 ℓ/dia), que contém uma variedade de substâncias. Além da água e dos eletrólitos, o suco gástrico contém quatro componentes principais: 1. Ácido clorídrico (HCL): é produzido pelas células parietais e inicia a digestão das proteínas da dieta (promove a hidrólise ácida dos substratos). Além disso, converte o pepsinogênio inativo na enzima pepsina ativa. 2. Pepsina: e inicia a digestão das proteínas da dieta (promove a hidrólise ácida dos substratos). Além disso, converte o pepsinogênio inativo na enzima pepsina ativa. 3. Muco: um revestimento protetor contra o ácido para o estômago, secretado por vários tipos de células produtoras de muco. O muco e os bicarbonatos retidos dentro da camada mucosa mantêm um pH neutro e contribuem para a denominada barreira fisiológica da mucosa gástrica. 4. Fator intrínseco: uma glicoproteína secretada pelas células parietais, que se liga à vitamina B12. O fator intrínseco é essencial para a absorção da vitamina, que ocorre na porção distal do íleo. A ausência de fator intrínseco leva ao desenvolvimento de anemia perniciosa e deficiência de vitamina B12 As glândulas fúndicas são compostas de quatro tipos de células funcionalmente diferentes: 1. Células mucosas do cólon 2. Células principais 3. Células parietais 4. Células enteroendócrinas 5. Células-tronco adultas indiferenciadas. As células mucosas do cólon estão localizadas na região do cólon da glândula e estão entremeadas com células parietais. As células principais estão localizadas na parte mais profunda das glândulas e são células típicas secretoras de proteínas Obs.: As células das glândulas fúndicas apresentam um ciclo de vida relativamente longo. GLÂNDULAS CÁRDICAS DA MUCOSA GÁSTRICA: As glândulas cárdicas são compostas de células secretoras de muco. A sua secreção, em combinação com a das glândulas cárdicas esofágicas, contribui para a composição do suco gástrico e ajuda a proteger o epitélio esofágico contra o refluxo gástrico. GLÂNDULAS PILÓRICAS DA MUCOSA GÁSTRICA: As células das glândulas pilóricas assemelham-se às células mucosas da superfície e ajudam a proteger a mucosa pilórica. Carolina Melo – Histologia UC IV – P2 Observe que o epitélio superficial sofre invaginação para formar as fovéolas gástricas. Uma das fovéolas gástricas e sua glândula fúndica associada estão indicadas pelas linhas tracejadas. Essa é uma glândula tubular ramificada simples (as setas indicam o padrão ramificado) que se estende da base da fovéola gástrica até a muscular da mucosa.
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