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Um transtorno da personalidade é um padrão persistente de experiência interna e comportamento que se desvia acentuadamente das expectativas da cultura do indivíduo, é difuso e inflexível, começa na adolescência ou no início da fase adulta, é estável ao longo do tempo e leva a sofrimento ou prejuízo. EPIDEMIOLOGIA • Cerca de 10% da população geral e até metade dos pacientes psiquiátricos em unidades hospitalares e ambulatoriais têm transtorno de personalidade. • Não há distinções claras em termos de sexo, classe socioeconômica e raça. • O distúrbio de personalidade esquizoide, a prevalência estimada foi entre 3 e 7,5%, respectivamente. • O transtorno de personalidade esquizotípico estima- se que 3% da população possua o distúrbio • O transtorno borderline, há variação entre 2 e 3%, sendo duas vezes mais comum entre mulheres do que em homens o No transtorno de personalidade borderline, as mulheres superam os homens em 3:1 (mas apenas em ambientes clínicos, não na população em geral). • A prevalência do transtorno de personalidade antissocial na população geral seja de 3% para homens e de 1% para mulheres o No transtorno de personalidade antissocial, homens superam as mulheres em 6:1. ETIOLOGIA • FATORES GENÉTICOS • FATORES BIOLOGICOS o Hormônios − Indivíduos que exibem traços impulsivos frequentemente também apresentam níveis elevados de testosterona, 17-es-tradiol e estrona. − Resultados do TSD são anormais em alguns pacientes com transtorno da personalidade borderline que também apresentam sintomas depressivos. o Monoaminoxidase Plaquetária − Baixos níveis plaquetários de monoaminoxidase (MAO) em pacientes com transtornos esquizotípicos. o Neurotransmissores − Endorfinas apresentam efeitos semelhantes aos da morfina exógena, como analgesia e a supressão de excitação. − Níveis elevados de endorfinas endógenas podem estar associados a indivíduos apáticos. − Estudos de traços de personalidade e sistemas dopaminérgicos e serotonérgicos indicam uma função de ativação da excitação para esses neurotransmissores. Níveis de ácido 5-hidróxi- indolacético (5-HIAA), um metabólito de serotonina, são baixos em indivíduos que tentam suicídio e naqueles que são impulsivos e agressivos − Níveis crescentes de serotonina com agentes serotonérgicos como fluoxetina podem produzir alterações drásticas em alguns traços de personalidade referentes ao caráter. − Aumento das concentrações de dopamina no sistema nervoso central produzido por determinados psicoestimulantes (p. ex., anfetaminas) pode induzir euforia. − Os efeitos de neurotransmissores sobre traços de personalidade geraram muito interesse e controvérsia a respeito de se eles são inatos ou adquiridos. o Eletrofisiologia − Mudanças na condução elétrica no eletrencefalograma (EEG) ocorrem em alguns pacientes com transtornos da personalidade, com maior frequência dos tipos antissocial e borderline, essas mudanças aparecem como atividade de ondas lentas em EEGs TIPOS Grupo A TRANSTORNO DA PERSONALIDADE PARANOIDE • 2 - 4% da população geral • É um padrão de desconfiança e de suspeita tamanhas que as motivações dos outros são interpretadas como malévolas “Maldosas” • Quadro Clinico o Esses pacientes costumam ser hostil, irritável e irascível, intolerantes, colecionadores de injustiças, cônjuges patologicamente ciumentos e mal-humorados, litigiosos. o Quase de modo invariável, indivíduos com o transtorno esperam ser explorados ou lesados pelos outros de alguma forma. o Eles com frequência questionam, sem qualquer justificativa, a lealdade ou integridade de caráter de amigos ou sócios. o Essas pessoas costumam ser patologicamente ciumentas e, sem algum motivo, questionam a fidelidade de seus cônjuges ou parceiros sexuais o Indivíduos com esse transtorno exteriorizam suas próprias emoções e usam o mecanismo de defesa de projeção; atribuem a outros os impulsos e pensamentos que não podem aceitar em si mesmos. o Pessoas com transtorno da personalidade paranoide têm afeto restrito e parecem frias, sem emoção. o Orgulham-se de sua racionalidade e objetividade, mas isso não corresponde à realidade. o O transtorno é diagnosticado com maior frequência em homens do que em mulheres, em amostras clínicas. o Durante o exame psiquiátrico, pacientes com transtorno da personalidade paranoide podem apresentar modos formais e agir perplexos por terem que buscar ajuda psiquiátrica. • Tratamento o A psicoterapia é o tratamento recomendado para indivíduos com transtorno da personalidade paranoide. Terapeutas devem tratar esses pacientes sempre de forma direta. − Indivíduos paranoides não se saem bem em psicoterapia de grupo, embora ela possa ser útil para melhorar habilidades sociais e reduzir suspeitas por meio de psicodrama. − Muitos não conseguem tolerar a intromissão da terapia comportamental, também usada para treinamento de habilidades sociais. − O indivíduo paranoide fica profundamente assustado quando sente que as pessoas que tentam ajudá-lo são fracas e desamparadas; portanto, o terapeuta nunca deve se oferecer para assumir o controle a menos que esteja disposto e seja capaz de fazê-lo. o Farmacoterapia − é útil para lidar com agitação e ansiedade. − Na maioria dos casos, um agente ansiolítico como diazepam é o suficiente. − Pode ser necessário, no entanto, usar um antipsicótico como haloperidol em pequenas doses e durante períodos curtos de tempo para o manejo de agitação grave ou pensamento quase delirante. TRANSTORNO DA PERSONALIDADE ESQUIZOIDE • 5% da população geral • É um padrão de distanciamento das relações sociais e uma faixa restrita de expressão emocional. • Quadro Clinico o Indivíduos com esse transtorno costumam ser vistos pelos outros como excêntricos, isolados ou solitários. CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS A. Um padrão de desconfiança e suspeita difusa dos outros, de modo que suas motivações são interpretadas como malévolas, que surge no início da vida adulta e está presente em vários contextos, conforme indicado por quatro (ou mais) dos seguintes: 1. Suspeita, sem embasamento suficiente, de estar sendo explorado, maltratado ou enganado por outros. 2. Preocupa-se com dúvidas injustificadas acerca da lealdade ou da confiabilidade de amigos e sócios. 3. Reluta em confiar nos outros devido a medo infundado de que as informações serão usadas maldosamente contra si. 4. Percebe significados ocultos humilhantes ou ameaçadores em comentários ou eventos benignos. 5. Guarda rancores de forma persistente (i.e., não perdoa insultos, injúrias ou desprezo). 6. Percebe ataques a seu caráter ou reputação que não são percebidos pelos outros e reage com raiva ou contra-ataca rapidamente. 7. Tem suspeitas recorrentes e injustificadas acerca da fidelidade do cônjuge ou parceiro sexual. B. Não ocorre exclusivamente durante o curso de esquizofrenia, transtorno bipolar ou depressivo com sintomas psicóticos ou outro transtorno psicótico e não é atribuível aos efeitos fisiológicos de outra condição médica. Nota: Se os critérios são atendidos antes do surgimento de esquizofrenia, acrescentar “pré-mórbido”, isto é, “transtorno da personalidade paranoide (pré-mórbido)”. o Seu desconforto com a interação humana, sua introversão e seu afeto frio e constrito são destaques. o Em um exame psiquiátrico inicial, o paciente com transtorno da personalidade esquizoide pode parecer pouco à vontade. Ele raramente tolera contato visual, e o entrevistador pode supor que esse tipo de paciente esteja ansioso para que a entrevista termine. o As histórias de vida dessas pessoas refletem interesses solitários e sucesso em empregos solitários e não competitivos que outras pessoas acham difíceis de tolerar. o Eles podem investir quantidades enormes de energia afetiva a interesses não humanos, como matemática eastronomia, e podem ser muito ligados a animais. o Modismos de saúde e alimentação, correntes filosóficas e esquemas de melhora social, em especial os que não exigem envolvimento pessoal, costumam absorver sua atenção. • Tratamento o O tratamento de pacientes com transtorno da personalidade esquizoide é semelhante àquele para indivíduos com transtorno da personalidade paranoide. o Com o desenvolvimento de confiança, o paciente esquizoide pode, com bastante apreensão, revelar uma abundância de fantasias, amigos imaginários e temores de dependência insuportáveis – até mesmo de se fundir ao terapeuta. o Farmacoterapia − com pequenas doses de antipsicóticos, antidepressivos e psicoestimulantes beneficia alguns pacientes. − Agentes serotonérgicos podem deixar o paciente menos sensível a rejeição. Benzodiazepínicos podem ajudar a diminuir a ansiedade interpessoal TRANSTORNO DA PERSONALIDADE ESQUIZOTÍPICA • 3% da população geral CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS A. Um padrão difuso de distanciamento das relações sociais e uma faixa restrita de expressão de emoções em contextos interpessoais que surgem no início da vida adulta e estão presentes em vários contextos, conforme indicado por quatro (ou mais) dos seguintes: 1. Não deseja nem desfruta de relações íntimas, inclusive ser parte de uma família. 2. Quase sempre opta por atividades solitárias. 3. Manifesta pouco ou nenhum interesse em ter experiências sexuais com outra pessoa. 4. Tem prazer em poucas atividades, por vezes em nenhuma. 5. Não tem amigos próximos ou confidentes que não sejam os familiares de primeiro grau. 6. Mostra-se indiferente ao elogio ou à crítica de outros. 7. Demonstra frieza emocional, distanciamento ou embotamento afetivo. B. Não ocorre exclusivamente durante o curso de esquizofrenia, transtorno bipolar ou depressivo com sintomas psicóticos, outro transtorno psicótico ou transtorno do espectro autista e não é atribuível aos efeitos psicológicos de outra condição médica. Nota: Se os critérios são atendidos antes do surgimento de esquizofrenia, acrescentar “pré-mórbido”, isto é, “transtorno da personalidade esquizoide (pré-mórbido)”. • É um padrão de desconforto agudo nas relações íntimas, distorções cognitivas ou perceptivas e excentricidades do comportamento. • Quadro Clinico o Indivíduos com transtorno da personalidade esquizotípica exibem perturbação de pensamento e comunicação. Embora não haja transtorno do pensamento totalmente manifesto, sua fala pode ser distinta ou peculiar, pode fazer sentido apenas para eles mesmos e com frequência necessita de interpretação. o Seu mundo interior pode estar cheio de relacionamentos imaginários vívidos e temores e fantasias infantis. Eles podem admitir ilusões da percepção ou macropsia e confessar que outras pessoas parecem ser feitas de madeira e todas iguais. o Visto terem poucos relacionamentos interpessoais e poderem agir de forma inadequada, indivíduos com transtorno da personalidade esquizotípica são isolados e têm poucos ou nenhum amigo. o Sob estresse, pacientes com transtorno da personalidade esquizotípica podem sofrer descompensação e apresentar sintomas psicóticos, mas que costumam ser breves. Aqueles com casos graves do transtorno podem apresentar anedonia e depressão grave. • Tratamento • Tratamento o Os princípios de tratamento do transtorno da personalidade esquizotípica não diferem dos usados no tratamento do transtorno da personalidade esquizoide, mas o clínico deve lidar com o primeiro com maior sensibilidade. CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS A. Um padrão difuso de déficits sociais e interpessoais marcado por desconforto agudo e capacidade reduzida para relacionamentos íntimos, além de distorções cognitivas ou perceptivas e comportamento excêntrico, que surge no início da vida adulta e está presente em vários contextos, conforme indicado por cinco (ou mais) dos seguintes: 1. Ideias de referência (excluindo delírios de referência). 2. Crenças estranhas ou pensamento mágico que influenciam o comportamento e são inconsistentes com as normas subculturais (p. ex., superstições, crença em clarividência, telepatia ou “sexto sentido”; em crianças e adolescentes, fantasias ou preocupações bizarras). 3. Experiências perceptivas incomuns, incluindo ilusões corporais. 4. Pensamento e discurso estranhos (p. ex., vago, circunstancial, metafórico, excessivamente elaborado ou estereotipado). 5. Desconfiança ou ideação paranoide. 6. Afeto inadequado ou constrito. 7. Comportamento ou aparência estranha, excêntrica ou peculiar. 8. Ausência de amigos próximos ou confidentes que não sejam parentes de primeiro grau. 9. Ansiedade social excessiva que não diminui com o convívio e que tende a estar associada mais a temores paranoides do que a julgamentos negativos sobre si mesmo. B. Não ocorre exclusivamente durante o curso de esquizofrenia, transtorno bipolar ou depressivo com sintomas psicóticos, outro transtorno psicótico ou transtorno do espectro autista. Nota: Se os critérios são atendidos antes do surgimento de esquizofrenia, acrescentar “pré-mórbido”, isto é, “transtorno da personalidade esquizotípica (pré-mórbido)”. o Esses pacientes apresentam padrões de pensamento peculiares, e alguns estão envolvidos em cultos, estranhas práticas religiosas e o ocultismo. o Farmacoterapia − Medicamentos antipsicóticos podem ser úteis para lidar com ideias de referência, ilusões e outros sintomas do transtorno e ser usados em conjunto com psicoterapia. − Antidepressivos são válidos quando houver um componente depressivo da personalidade. Grupo B TRANSTORNO DA PERSONALIDADE NARCISISTA • 1-6% da população geral • É um padrão de grandiosidade, necessidade de admiração e falta de empatia. • Quadro Clinico o Pessoas com transtorno da personalidade narcisista têm um sentimento de autoimportância grandioso; consideram-se especiais e esperam tratamento especial. o Seu sentimento de merecimento é impressionante. o Elas lidam mal com críticas e podem ficar com raiva quando alguém ousa criticá-las, ou podem parecer completamente indiferentes a críticas. o Querem que as coisas sejam do seu jeito e com frequência têm ambição de obter fama e fortuna. o Seus relacionamentos são pouco importantes, e podem deixar os outros furiosos por sua recusa em obedecer às regras convencionais de comportamento. o A exploração interpessoal é frequente. o Não conseguem demonstrar empatia e fingem simpatia apenas para atingir seus próprios objetivos egoístas. o Devido a sua frágil autoestima, são suscetíveis a depressão. CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS Um padrão difuso de grandiosidade (em fantasia ou comportamento), necessidade de admiração e falta de empatia que surge no início da vida adulta e está presente em vários contextos, conforme indicado por cinco (ou mais) dos seguintes: 1. Tem uma sensação grandiosa da própria importância (p. ex., exagera conquistas e talentos, espera ser reconhecido como superior sem que tenha as conquistas correspondentes). 2. É preocupado com fantasias de sucesso ilimitado, poder, brilho, beleza ou amor ideal. 3. Acredita ser “especial” e único e que pode ser somente compreendido por, ou associado a, outras pessoas (ou instituições) especiais ou com condição elevada. 4. Demanda admiração excessiva. 5. Apresenta um sentimento de possuir direitos (i.e., expectativas irracionais de tratamento especialmente favorável ou que estejam automaticamente de acordo com as próprias expectativas). 6. É explorador em relações interpessoais (i.e., tira vantagem de outros para atingir os próprios fins). 7. Carece de empatia: reluta em reconhecer ou identificar-se com os sentimentos e as necessidades dos outros. 8. É frequentemente invejoso em relação aos outros ou acredita que os outros o invejam.9. Demonstra comportamentos ou atitudes arrogantes e insolentes. • Tratamento o Visto que os pacientes precisam renunciar a seu narcisismo para progredir, o tratamento do transtorno da personalidade narcisista é difícil. o Alguns clínicos defendem terapia de grupo para que seus pacientes aprendam a compartilhar e, sob circunstâncias ideais, possam desenvolver uma reação empática com os outros. o Psiquiatras como Kernberg e Heinz Kohut defendem o uso de abordagens psicanalíticas para efetuar mudanças. o Farmacoterapia − usou-se lítio em pacientes cujo quadro clínico incluía mudanças de humor. − Uma vez que os pacientes com transtorno da personalidade narcisista têm baixa tolerância a rejeição e são suscetíveis a depressão, antidepressivos, especialmente fármacos serotonérgicos, também podem ser úteis TRANSTORNO DA PERSONALIDADE BORDERLINE • 1-2% da população geral • É um padrão de instabilidade nas relações interpessoais, na autoimagem e nos afetos, com impulsividade acentuada. • O transtorno também foi chamado de esquizofrenia ambulatorial, personalidade “como se” (expressão cunhada por Helene Deutsch), esquizofrenia pseudoneurótica (descrita por Paul Hoch e Phillip Politan) e transtorno de caráter psicótico (descrito por John Frosch). A 10ª revisão da Classificação internacional de doenças e problemas relacionados à saúde (CID-10) usa a denominação de transtorno de personalidade emocionalmente instável. • Um aumento de prevalência do transtorno depressivo maior, de transtornos por uso de álcool e de abuso de substância é encontrado em parentes em primeiro grau de indivíduos com transtorno da personalidade borderline. • Quadro Clinico o Indivíduos com transtorno da personalidade borderline quase sempre parecem estar em crise. Mudanças de humor são comuns. o A pessoa pode estar inclinada a discussões em um momento, deprimida no momento seguinte e, mais tarde, se queixar de não ter sentimentos. o Pode apresentar episódios psicóticos de curta duração (denominados episódios micropsicóticos) em vez de crises psicóticas totalmente manifestas, e seus sintomas psicóticos quase sempre são limitados, fugazes ou questionáveis. o O comportamento do paciente com transtorno da personalidade borderline é de extrema imprevisibilidade, e é raro suas realizações estarem no mesmo nível de suas capacidades. o Uma vez que se sentem tanto dependentes quanto hostis, as pessoas com esse transtorno têm relacionamentos interpessoais tumultuosos. o Elas podem ser dependentes das pessoas com quem têm intimidade e, quando se frustram, expressar uma grande raiva dirigida aos amigos mais íntimos. o Essas pessoas não conseguem tolerar a ideia de ficar sozinhas e preferem uma busca frenética por companhia, sem importar o quanto ela lhe seja insatisfatória. o Para mitigar a solidão, mesmo que por breves períodos, aceitam um estranho como amigo ou se comportam de forma promíscua. • Tratamento o A psicoterapia para pacientes com transtorno da personalidade borderline é uma área intensamente pesquisada e se tornou o tratamento recomendado. Para a obtenção de melhores resultados, acrescentou-se farmacoterapia ao regime de tratamento. o Terapia comportamental dialética o Tratamento baseado na mentalização - é um construto social que permite a uma pessoa estar atenta a seus estados mentais e aos dos outros; o Psicoterapia focada na transferência - é uma forma modificada de psi-coterapia psicodinâmica usada para o tratamento do transtorno da personalidade borderline com base na teoria de relações objetais de Otto Kernberg. o Farmacoterapia − é útil para lidar com características específicas da personalidade que interferem no funcionamento geral do paciente. − Usaram-se antipsicóticos para controlar raiva, hostilidade e episódios psicóticos breves. Antidepressivos melhoram o humor deprimido comum em indivíduos com transtorno da personalidade borderline. Inibidores da MAO (IMAOs) modularam com sucesso o comportamento impulsivo em alguns pacientes. − Benzodiazepínicos, especialmente alprazolam, ajudam com ansiedade e depressão, mas alguns pacientes exibem desinibição com essa classe de fármacos. CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS Um padrão difuso de instabilidade das relações interpessoais, da autoimagem e dos afetos e de impulsividade acentuada que surge no início da vida adulta e está presente em vários contextos, conforme indicado por cinco (ou mais) dos seguintes: 1. Esforços desesperados para evitar abandono real ou imaginado. (Nota: Não incluir comportamento suicida ou de automutilação coberto pelo Critério 5.) 2. Um padrão de relacionamentos interpessoais instáveis e intensos caracterizado pela alternância entre extremos de idealização e desvalorização. 3. Perturbação da identidade: instabilidade acentuada e persistente da autoimagem ou da percepção de si mesmo. 4. Impulsividade em pelo menos duas áreas potencialmente autodestrutivas (p. ex., gastos, sexo, abuso de substância, direção irresponsável, compulsão alimentar). (Nota: Não incluir comportamento suicida ou de automutilação coberto pelo Critério 5.) 5. Recorrência de comportamento, gestos ou ameaças suicidas ou de comportamento automutilante. 6. Instabilidade afetiva devida a uma acentuada reatividade de humor (p. ex., disforia episódica, irritabilidade ou ansiedade intensa com duração geralmente de poucas horas e apenas raramente de mais de alguns dias). 7. Sentimentos crônicos de vazio. 8. Raiva intensa e inapropriada ou dificuldade em controlá-la (p. ex., mostras frequentes de irritação, raiva constante, brigas físicas recorrentes). 9. Ideação paranoide transitória associada a estresse ou sintomas dissociativos intensos. − Anticonvulsivantes, como carbamazepina, podem melhorar o funcionamento global de algumas pessoas. − Agentes serotonérgicos, como inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRSs), foram úteis em alguns casos. TRANSTORNO DA PERSONALIDADE ANTISSOCIAL • 0,2-3% da população geral • É um padrão de desrespeito e violação dos direitos dos outros • Embora se caracterize por atos contínuos de natureza antissocial ou criminosa, o transtorno não é sinônimo de criminalidade. • A prevalência mais elevada é encontrada entre as amostras mais graves de homens com transtorno por uso de álcool (acima de 70%) e na população carcerária, na qual pode chegar a 75%. • É muito mais comum em homens do que em mulheres. Meninos com o transtorno vêm de famílias maiores do que meninas afetadas. • O início do transtorno ocorre antes dos 15 anos de idade. • Meninas normalmente apresentam sintomas antes da puberdade, e meninos, ainda mais cedo. Um padrão familiar está presente; o transtorno é cinco vezes mais comum entre parentes em primeiro grau de homens com o transtorno do que entre participantes do grupo-controle. • Quadro Clinico o Pacientes com transtorno da personalidade antissocial podem enganar até o clínico mais experiente o Durante a entrevista, podem parecer calmos e confiáveis, mas, sob o verniz (ou, para usar a expressão de Hervey Cleckley, a máscara de sanidade), escondem-se tensão, hostilidade, irritabilidade e fúria. o Uma entrevista de estresse, na qual o paciente seja confrontado vigorosamente com incoerências em sua história, pode ser necessária para revelar a patologia. o Frequentemente podem parecer normais e até mesmo simpáticos e lisonjeiro. Suas histórias, no entanto, revelam perturbação do funcionamento ou várias áreas da vida. o Mentiras, vadiagem, fuga de casa, roubos, brigas, abuso de substância e atividades ilegais são experiências típicas que os pacientes relatam ter início já na infância. o Indivíduos com transtorno da personalidade antissocial não exibem ansiedade nem depressão, uma ausência que pode parecer amplamente incongruente com suas situações, embora ameaças de suicídioe preocupações somáticas possam ser comuns. o Pessoas com esse transtorno são autênticas representantes dos vigaristas. Elas são extremamente manipuladoras e com frequência podem convencer os outros a participar de esquemas para obter dinheiro fácil ou para alcançar fama ou notoriedade. o Promiscuidade, abuso conjugal, abuso infantil e condução de veículos em estado de embriaguez são eventos comuns em suas vidas. Um achado de destaque é a ausência de remorso por tais atos; ou seja, eles parecem não ter uma consciência. o Desprezam os sentimentos e direitos alheios, auto-suficientes e vaidosos, arrogantes. o Também são irresponsáveis e exploradores nos relacionamentos, irresponsáveis na condição de pai ou mãe. • Tratamento o Caso sejam confinados (p. ex., internados em um hospital), pacientes com transtorno da personalidade antissocial frequentemente se tornam receptivos a psicoterapia. o Quando o indivíduo sente que está entre pares, sua falta de motivação para mudança desaparece. Talvez, por esse motivo, grupos de mútua ajuda são mais úteis do que o cárcere para atenuar o transtorno. o Antes que o tratamento possa ter início, é fundamental estabelecer limites firmes. O terapeuta deve encontrar formas de lidar com o comportamento autodestrutivo do paciente. o Farmacoterapia − É usada para lidar com sintomas incapacitantes como ansiedade, raiva e depressão, mas, como os pacientes com frequência abusam de substâncias, os fármacos devem ser usados de forma criteriosa. − Caso um paciente mostre evidências de transtorno de déficit de atenção/hiperatividade, psicoestimulantes como metilfenidato podem ser úteis TRANSTORNO DA PERSONALIDADE HISTRIÔNICA • 1-3% da população geral • É um padrão de emocionalidade e busca de atenção em excesso. • O transtorno é diagnosticado com maior frequência em mulheres do que em homens. • Quadro Clinico o Em entrevistas, pacientes com transtorno da personalidade histriônica costumam ser cooperativos e ávidos por fornecer uma história detalhada. CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS A. Um padrão difuso de desconsideração e violação dos direitos das outras pessoas que ocorre desde os 15 anos de idade, conforme indicado por três (ou mais) dos seguintes: 1. Fracasso em ajustar-se às normas sociais relativas a comportamentos legais, conforme indicado pela repetição de atos que constituem motivos de detenção. 2. Tendência à falsidade, conforme indicado por mentiras repetidas, uso de nomes falsos ou de trapaça para ganho ou prazer pessoal. 3. Impulsividade ou fracasso em fazer planos para o futuro. 4. Irritabilidade e agressividade, conforme indicado por repetidas lutas corporais ou agressões físicas. 5. Descaso pela segurança de si ou de outros. 6. Irresponsabilidade reiterada, conforme indicado por falha repetida em manter uma conduta consistente no trabalho ou honrar obrigações financeiras. 7. Ausência de remorso, conforme indicado pela indiferença ou racionalização em relação a ter ferido, maltratado ou roubado outras pessoas. B. O indivíduo tem no mínimo 18 anos de idade. C. Há evidências de transtorno da conduta com surgimento anterior aos 15 anos de idade. D. A ocorrência de comportamento antissocial não se dá exclusivamente durante o curso de esquizofrenia ou transtorno bipolar. o Gesticulações e exclamações dramáticas em seu discurso são comuns; eles cometem deslizes frequentes, e sua linguagem é pitoresca. Exibição afetiva é comum, mas, quando pressionados a reconhecer determinados sentimentos (p. ex., raiva, tristeza e desejos sexuais), podem reagir com surpresa, indignação ou negação. o Elas tendem a exagerar seus pensamentos e sentimentos e fazem tudo soar mais importante do que realmente é. Exibem ataques de raiva, choro e acusações quando não são o centro das atenções ou não estão recebendo elogios ou aprovação. o O comportamento sedutor é comum nos dois sexos. o As principais defesas de pacientes com transtorno da personalidade histriônica são repressão e dissociação. Em conformidade com essa característica, esses indivíduos não estão cientes de seus verdadeiros sentimentos e não conseguem explicar suas motivações. • Tratamento o Pacientes com transtorno da personalidade histriônica costumam não estar cientes de seus próprios sentimentos reais; a clarificação de seus sentimentos interiores é um processo terapêutico importante. o Psicoterapia e orientação psicanalítica, em grupo ou individual, provavelmente seja o tratamento mais indicado para essas pessoas. o Farmacoterapia ▪ pode funcionar como tratamento adjunto quando direcionada aos sintomas (p. ex., uso de antidepressivos para depressão e queixas somáticas, agentes ansiolíticos para ansiedade, e antipsicóticos para desrealização e ilusões). Grupo C TRANSTORNO DA PERSONALIDADE EVITATIVA “ESQUIVA” • 2-3% da população geral • É um padrão de inibição social, sentimentos de inadequação e hipersensibilidade a avaliação negativa. CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS Um padrão difuso de emocionalidade e busca de atenção em excesso que surge no início da vida adulta e está presente em vários contextos, conforme indicado por cinco (ou mais) dos seguintes: 1. Desconforto em situações em que não é o centro das atenções. 2. A interação com os outros é frequentemente caracterizada por comportamento sexualmente sedutor inadequado ou provocativo. 3. Exibe mudanças rápidas e expressão superficial das emoções. 4. Usa reiteradamente a aparência física para atrair a atenção para si. 5. Tem um estilo de discurso que é excessivamente impressionista e carente de detalhes. 6. Mostra autodramatização, teatralidade e expressão exagerada das emoções. 7. É sugestionável (i.e., facilmente influenciado pelos outros ou pelas circunstâncias). 8. Considera as relações pessoais mais íntimas do que na realidade são. • Embora sejam tímidos, não são associais e demonstram um grande desejo por companhia, mas precisam de garantias muito fortes de aceitação não crítica. • Essas pessoas em geral são descritas com um complexo de inferioridade. • Quadro Clinico o Em entrevistas clínicas, a característica mais evidente do paciente é a ansiedade acerca de falar com um entrevistador. o Seu comportamento tenso e nervoso parece se expandir e se retrair conforme a percepção de ser apreciado ou não pelo entrevistador. o A hipersensibilidade à rejeição por outros é a característica clínica fundamental do transtorno da personalidade evitativa, e o traço principal da personalidade é a timidez. o Essas pessoas desejam o afeto e a segurança da companhia humana, mas justificam sua esquiva a relacionamentos por meio de seu suposto medo de rejeição. o Ao conversar com alguém, elas expressam incerteza, demonstram falta de autoconfiança e podem falar de modo discreto. o Na esfera profissional, pacientes com transtorno da personalidade evitativa costumam assumir empregos que recebem pouca atenção. o Eles raramente alcançam muito avanço pessoal ou exercem muita autoridade, mas parecem tímidos e ansiosos por agradar. o Essas pessoas, em geral, não estão dispostas a começar relacionamentos a menos que recebam uma forte garantia de aceitação sem críticas. • Tratamento o tratamento psicoterapêutico depende da solidificação de uma aliança com o paciente. o Com o desenvolvimento da confiança, o terapeuta pode transmitir uma atitude de aceitação dos temores do paciente, especialmente o medo de rejeição. o O terapeuta, por fim, encoraja-o a sair para o mundo e assumir o que parecem ser riscos enormes de humilhação, rejeição e fracasso. o Usa-se farmacoterapia para o manejo de ansiedade e depressão quando são associadas ao transtorno. CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS Um padrão difuso de inibição social, sentimentos de inadequação e hipersensibilidade a avaliaçãonegativa que surge no início da vida adulta e está presente em vários contextos, conforme indicado por quatro (ou mais) dos seguintes: 1. Evita atividades profissionais que envolvam contato interpessoal significativo por medo de crítica, desaprovação ou rejeição. 2. Não se dispõe a envolver-se com pessoas, a menos que tenha certeza de que será recebido de forma positiva. 3. Mostra-se reservado em relacionamentos íntimos devido a medo de passar vergonha ou de ser ridicularizado. 4. Preocupa-se com críticas ou rejeição em situações sociais. 5. Inibe-se em situações interpessoais novas em razão de sentimentos de inadequação. 6. Vê a si mesmo como socialmente incapaz, sem atrativos pessoais ou inferior aos outros. 7. Reluta de forma incomum em assumir riscos pessoais ou se envolver em quaisquer novas atividades, pois estas podem ser constrangedoras. TRANSTORNO DA PERSONALIDADE DEPENDENTE • 0,6% da população geral • É um padrão de comportamento submisso e apegado relacionado a uma necessidade excessiva de ser cuidado. • O transtorno da personalidade dependente é mais comum em mulheres do que em homens. • Quadro Clínico o Em entrevistas, o paciente parece ser complacente. Ele tenta cooperar, é receptivo a perguntas específicas e busca orientação. o Pessoas com o transtorno não conseguem tomar decisões sem uma quantidade excessiva de aconselhamento e tranquilização dos outros. o Elas evitam posições de responsabilidade e ficam ansiosas se precisam assumir um papel de liderança. o Preferem ser submissas. o Quando deixadas sozinhas, encontram dificuldades de perseverar em tarefas, mas podem achar fácil executá-las para outra pessoa. o Visto que não gostam de ficar sozinhos, indivíduos com esse transtorno buscam outras pessoas de quem possam depender; seus relacionamentos, portanto, são distorcidos por sua necessidade de estar apegados à outra pessoa. o Pessimismo, insegurança, passividade, temor de expressar sentimentos sexuais e agressivos tipificam o comportamento de indivíduos com transtorno da personalidade dependente. o Um cônjuge abusivo, infiel ou alcoolista pode ser tolerado durante longos períodos de tempo para evitar a perturbação da sensação de apego. • Tratamento o O tratamento do transtorno da personalidade dependente costuma ser bem-sucedido. CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS Uma necessidade difusa e excessiva de ser cuidado que leva a comportamento de submissão e apego que surge no início da vida adulta e está presente em vários contextos, conforme indicado por cinco (ou mais) dos seguintes: 1. Tem dificuldades em tomar decisões cotidianas sem uma quantidade excessiva de conselhos e reasseguramento de outros. 2. Precisa que outros assumam responsabilidade pela maior parte das principais áreas de sua vida. 3. Tem dificuldades em manifestar desacordo com outros devido a medo de perder apoio ou aprovação. (Nota: Não incluir os medos reais de retaliação.) 4. Apresenta dificuldade em iniciar projetos ou fazer coisas por conta própria (devido mais a falta de autoconfiança em seu julgamento ou em suas capacidades do que a falta de motivação ou energia). 5. Vai a extremos para obter carinho e apoio de outros, a ponto de voluntariar-se para fazer coisas desagradáveis. 6. Sente-se desconfortável ou desamparado quando sozinho devido a temores exagerados de ser incapaz de cuidar de si mesmo. 7. Busca com urgência outro relacionamento como fonte de cuidado e amparo logo após o término de um relacionamento íntimo. 8. Tem preocupações irreais com medos de ser abandonado à própria sorte. o Terapias voltadas para o insight possibilitam ao paciente compreender os antecedentes de seu comportamento e, com o apoio de um terapeuta, ele pode se tornar mais independente, assertivo e autossuficiente. o Pode surgir uma armadilha durante o tratamento quando o terapeuta encoraja um paciente a mudar a dinâmica de um relacionamento patológico (p. ex., apoia uma esposa que sofre abuso físico a denunciar a situação à polícia). Nesse momento, o paciente pode ficar ansioso e incapaz de cooperar na terapia; ele pode se sentir dividido entre concordar com o terapeuta e perder uma relação externa patológica. o O terapeuta deve mostrar grande respeito pelos sentimentos de apego desses pacientes, não importa o quanto esses sentimentos possam parecer patológicos. o Farmacoterapia − Tem-se usado farmacoterapia para lidar com sintomas específicos, como ansiedade e depressão, que são características comumente associadas a esse transtorno. − Pacientes que experimentam ataques de pânico ou que têm níveis elevados de ansiedade de separação podem ser beneficiados do uso de imipramina. TRANSTORNO DA PERSONALIDADE OBSESSIVO-COMPULSIVA • 2-8% da população geral • É um padrão de preocupação com ordem, perfeccionismo e controle. • Difere do TOC de forma que o transtorno de personalidade é em relação à ansiedade do outro não ter essa mesma organização. Já o TOC, a ansiedade é do próprio paciente com ele mesmo. • Quadro Clínico o Em entrevistas, pacientes com transtorno da personalidade obsessivo-compulsiva podem ter uma atitude formal, rígida, distante. Seu afeto não é embotado nem plano, mas pode ser descrito como constrito. Não demonstram espontaneidade, e seu humor costuma ser sério. Esses pacientes podem ficar ansiosos por não estarem no controle da entrevista. o São obcecadas por regras, regulamentos, método, limpeza, organização, detalhes e desejo de alcançar a perfeição. o Elas insistem em que as regras devem ser seguidas de forma rígida e não conseguem tolerar o que consideram infrações. Correspondentemente, não apresentam flexibilidade e são intolerantes. o Indivíduos com esse transtorno têm habilidades interpessoais limitadas. São formais e sérios e costumam não ter senso de humor. Isolam pessoas, são incapazes de ceder e insistem para que os outros se submetam a suas necessidades. • Tratamento o Diferentemente de pacientes com outros transtornos da personalidade, indivíduos com transtorno da personalidade obsessivo-compulsiva costumam estar cientes de seu sofrimento e buscam tratamento sozinhos. o O tratamento, no entanto, costuma ser prolongado e complexo, e problemas de contratransferência são frequentes. o Terapia de grupo e terapia comportamental eventualmente oferecem certas vantagens. o Clonazepam, um benzodiazepínico com uso anticonvulsivante, reduziu os sintomas em pacientes com transtorno obsessivo-compulsivo. Desconhece-se sua utilidade para transtornos da personalidade. o Clomipramina e agentes serotonérgicos como fluoxetina, normalmente em dosagens de 60 a 80 mg ao dia, podem ser úteis se sinais e sintomas obsessivo-compulsivos se manifestarem. MUDANÇA DE PERSONALIDADE DEVIDO A OUTRA CONDIÇÃO MÉDICA • É uma perturbação persistente da personalidade entendida como decorrente dos efeitos fisiológicos diretos de uma condição médica (p. ex., lesão no lobo frontal). • Manifestações comuns da mudança de personalidade incluem instabilidade afetiva, controle deficiente de impulsos, explosões de agressão ou fúria grosseiramente desproporcionais em relação a qualquer estressor psicossocial desencadeante, apatia acentuada, desconfiança ou ideias paranoides. • Um indivíduo com o transtorno costuma ser caracterizado pelos outros como “não sendo ele”. CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS Um padrão difuso de preocupação com ordem, perfeccionismo e controle mental e interpessoal à custa de flexibilidade, abertura e eficiência que surge no início da vida adulta e está presente em vários contextos, conforme indicado por quatro (ou mais) dos seguintes: 1. É tão preocupado com detalhes, regras, listas, ordem, organização ou horários a ponto de o objetivo principal da atividade ser perdido. 2. Demonstra perfeccionismo que interferena conclusão de tarefas (p. ex., não consegue completar um projeto porque seus padrões próprios demasiadamente rígidos não são atingidos). 3. É excessivamente dedicado ao trabalho e à produtividade em detrimento de atividades de lazer e amizades (não explicado por uma óbvia necessidade financeira). 4. É excessivamente consciencioso, escrupuloso e inflexível quanto a assuntos de moralidade, ética ou valores (não explicado por identificação cultural ou religiosa). 5. É incapaz de descartar objetos usados ou sem valor mesmo quando não têm valor sentimental. 6. Reluta em delegar tarefas ou trabalhar com outras pessoas a menos que elas se submetam à sua forma exata de fazer as coisas. 7. Adota um estilo miserável de gastos em relação a si e a outros; o dinheiro é visto como algo a ser acumulado para futuras catástrofes. 8. Exibe rigidez e teimosia. OUTRO TRANSTORNO DA PERSONALIDADE ESPECIFICADO E TRANSTORNO DA PERSONALIDADE NÃO ESPECIFICADO São categorias utilizadas para duas situações: • O padrão da personalidade do indivíduo atende aos critérios gerais para um transtorno da personalidade, estando presentes traços de vários transtornos da personalidade distintos, mas os critérios para qualquer um desses transtornos específicos não são preenchidos • O padrão da personalidade do indivíduo atende aos critérios gerais para um transtorno da personalidade, mas considera-se que ele tenha um transtorno da personalidade que não faz parte da classificação do DSM- 5 (p. ex., transtorno da personalidade passivo-agressiva) CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS A. Uma perturbação persistente da personalidade que representa uma mudança do padrão característico prévio da personalidade do indivíduo. Nota: Em crianças, a perturbação envolve um desvio acentuado do desenvolvimento normal ou uma mudança significativa nos padrões habituais de comportamento da criança, com duração de pelo menos um ano. B. Há evidência, a partir da história, do exame físico ou de achados laboratoriais, de que a perturbação é a consequência fisiopatológica direta de outra condição médica. C. A perturbação não é mais bem explicada por outro transtorno mental (incluindo outro transtorno mental devido a outra condição médica). D. A perturbação não ocorre exclusivamente durante o curso de delirium. E. A perturbação causa sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. Determinar o subtipo: − Tipo lábil: Quando o aspecto predominante é labilidade afetiva. − Tipo desinibido: Quando o aspecto predominante é controle deficiente dos impulsos conforme evidenciado por indiscrições sexuais, etc. − Tipo agressivo: Quando o aspecto predominante é comportamento agressivo. − Tipo apático: Quando o aspecto predominante é apatia e indiferença marcantes. − Tipo paranoide: Quando o aspecto predominante é desconfiança ou ideação paranoide. − Outro tipo: Quando a apresentação não se caracteriza por nenhum dos subtipos anteriores. − Tipo combinado: Quando mais de um aspecto predomina no quadro clínico. − Tipo não especificado CRITERIOS DIAGNÓSTICO A. Um padrão persistente de experiência interna e comportamento que se desvia acentuadamente das expectativas da cultura do indivíduo. Esse padrão manifesta-se em duas (ou mais) das seguintes áreas: 1. Cognição (i.e., formas de perceber e interpretar a si mesmo, outras pessoas e eventos). 2. Afetividade (i.e., variação, intensidade, labilidade e adequação da resposta emocional). 3. Funcionamento interpessoal. 4. Controle de impulsos. B. O padrão persistente é inflexível e abrange uma faixa ampla de situações pessoais e sociais. C. O padrão persistente provoca sofrimento clinicamente significativo e prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. D. O padrão é estável e de longa duração, e seu surgimento ocorre pelo menos a partir da adolescência ou do início da fase adulta. E. O padrão persistente não é mais bem explicado como uma manifestação ou consequência de outro transtorno mental. F. O padrão persistente não é atribuível aos efeitos fisiológicos de uma substância (p. ex., droga de abuso, medicamento) ou a outra condição médica (p. ex., traumatismo craniencefálico). DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL • Transtornos psicóticos • Transtornos de ansiedade e depressivo • Transtorno de estresse pós-traumático • Transtornos por uso de substância • Mudança de personalidade devido a outra condição médica Sistemas Cerebrais Dissociáveis que Influenciam os Padrões de Est ímulo e Resposta Subjacentes ao Temperamento • Os transtornos relacionados a substâncias abrangem 10 classes distintas de drogas o Álcool o Cafeína o Cannabis o Alucinógenos o Inalantes o Opioides o Sedativos o Hipnóticos o Ansiolíticos o Estimulantes (substâncias tipo anfetamina, cocaína e outros estimulantes) o Tabaco • Todas as drogas que são consumidas em excesso têm em comum a ativação direta do sistema de recompensa do cérebro, o qual está envolvido no reforço de comportamentos e na produção de memórias. o A ativação do sistema de recompensa é intensa a ponto de fazer atividades normais serem negligenciadas. • Os mecanismos farmacológicos pelos quais cada classe de drogas produz recompensa são diferentes, mas elas geralmente ativam o sistema e produzem sensações de prazer, frequentemente denominadas de “barato” ou “viagem”. • SUBSTÂNCIA o É preciso considerar forma de apresentação, acessibilidade e custo o Modo de uso o Características químicas, como o potencial para gerar dependência o Efeitos fisiológicos. o Assim, o grau de lipossolubilidade da substância está intimamente relacionado com a capacidade de atravessar a barreira hematencefálica (BHE). Rápido início de ação e intensidade dos efeitos correlacionam-se com o maior ou menor potencial de abuso. Em geral, substâncias com menor meia- o As substâncias podem ser classificadas em três tipos, de acordo com os efeitos que causam: − Estimulantes do sistema nervoso central (SNC): aumentam não só a atividade do SNC, como também do sistema nervoso autônomo (SNA), gerando taquicardia, vasoconstrição, hipertensão, além de exaltação do humor e aceleração do pensamento. Nessa classe, incluem-se a cocaína, o crack, as anfetaminas, o ecstasy, a nicotina e a cafeína; − Depressoras do SNC: reduzem as atividades cerebrais e as funções orgânicas de modo geral. Seus efeitos se opõem aos dos estimulantes. Compõem esse grupo o álcool, os opioides, os benzodiazepínicos e os solventes; − Perturbadoras do SNC: alteram a percepção do tempo e do espaço, bem como da realidade à volta daqueles que as consomem. O LSD, a maconha e os cogumelos, além do ecstasy (droga com duplo efeito), fazem parte dessa categoria. EPIDEMIOLOGIA • A substância ilícita mais consumida no Brasil é a maconha: 7,7% dos brasileiros de 12 a 65 anos já a usaram ao menos uma vez na vida. • Em segundo lugar, fica a cocaína em pó: 3,1% já consumiram a substância. Dependência - O uso repetido de uma droga ou substância química, com ou sem dependência física. Abuso - Uso de qualquer tipo de droga, em geral autoadministrada, de um modo que desvia dos padrões médicos ou aceitos socialmente. Adição - Uso repetido e crescente de uma substância, cuja privação faz surgir sintomas de sofrimento e compulsão irresistível de usar o agente novamente, e que leva, também, à deterioração física e mental. Intoxicação - Síndrome reversível causada por uma substância específica (p. ex., álcool) que afeta uma ou mais das seguintes funções mentais: memória, orientação, humor, discernimento e funcionamento comportamental, social ou profissional. Abstinência - Síndrome específica decada substância que ocorre após a interrupção ou redução da quantidade da droga ou substância de uso regular durante um período prolongado. A síndrome se caracteriza por sinais e sintomas fisiológicos, além de alterações psicológicas, como perturbações no pensamento, sentimentos e comportamento. Também chamada de síndrome de abstinência ou síndrome de descontinuação. Neuroadaptação - Alterações neuroquímicas ou neurofisiológicas no corpo que resultam da administração repetida de uma droga. A neuroadaptação explica o fenômeno de tolerância. Codependência - Termo usado para se referir a familiares afetados ou que influenciam o comportamento do indivíduo que abusa de substância. Relacionado ao termo facilitador, que é a pessoa que contribui para o comportamento aditivo do indivíduo (p. ex., fornecer drogas diretamente ou os meios para adquiri-la). • Em 2012, 669 mil pessoas eram dependentes ou abusavam de heroína; 1,7% (4,3 milhões) abusava de maconha; 0,4% (1 milhão) abusava de cocaína; e 2 milhões foram classificados como dependentes ou fazendo abuso de analgésicos. • Entre os adultos a partir dos 21 anos cuja primeira experiência com álcool ocorreu até os 14 anos, 15% foram classificados como alcoolistas, em comparação a apenas 3% dos que consumiram álcool pela primeira vez a partir dos 21 anos • Em 2012, o índice de dependência ou abuso foi mais elevado entre adultos dos 18 aos 25 anos (19%), em comparação a jovens dos 12 aos 17 anos (6%) e a adultos a partir dos 26 anos (7%). FATORES DE RISCO • A disponibilidade da droga, sua aceitação social e a pressão dos pares podem ser os determinantes principais da experimentação inicial • Personalidade • Biologia individual • Ações específicas da droga, podem ser determinantes primários da progressão do uso para dependência, enquanto outros podem influenciar a probabilidade de que o uso de drogas conduza a efeitos adversos ou ao sucesso da recuperação de dependência ETIOLOGIA • A decisão de usar uma droga é influenciada por situações sociais e psicológicas imediatas, bem como pela história mais remota do indivíduo. • FATORES PSICODINÂMICOS o Aprendizado e condicionamento − Usuários de drogas reagem a estímulos relacionados a drogas com aumento de atividade nas regiões límbicas, incluindo a amígdala e o cingulado anterior. Essa ativação relacionada a drogas foi demonstrada com diversas substâncias, incluindo cocaína, opioides e cigarros (nicotina). Vale salientar que as mesmas regiões ativadas por estímulos relacionados à cocaína em seus usuários são ativadas por estímulos sexuais tanto em controles normais quanto em usuários de cocaína. − Além do reforço operante dos comportamentos de uso e de busca por drogas, outros mecanismos de aprendizado provavelmente contribuem para dependência e recaída. Fenômenos de abstinência de opioides e álcool podem ser condicionados (no sentido clássico ou pavloviano) a estímulos ambientais ou interoceptivos. − Durante um longo período após a abstinência (de opioides, nicotina ou álcool), o adito exposto a estímulos ambientais anteriormente associados ao uso ou abstinência da substância pode experimentar abstinência condicionada, fissura condicionada ou ambas • FATORES GENÉTICOS Devido o modo pelo qual os efeitos de determinada droga são percebidos e o grau em que o seu uso repetido produz alterações no sistema nervoso central (SNC). o Abuso de álcool • FATORES NEUROQUÍMICOS o Receptores e sistemas de receptores - Com exceção do álcool, pesquisadores identificaram neurotransmissores específicos ou receptores de neurotransmissores envolvidos com a maioria das substâncias de abuso. • VIAS E NEUROTRANSMISSORES o Os principais neurotransmissores possivelmente envolvidos no desenvolvimento de abuso e dependência de substância são os sistemas opioides, de catecolamina (particularmente dopamina) e de ácido γ-aminobutírico (GABA). o Os neurônios dopaminérgicos na área tegmentar ventral são particularmente importantes. Esses neurônios se projetam para as regiões cortical e límbica, especialmente para o nucleus accumbens. Essa via provavelmente está envolvida com a sensação de recompensa e pode ser o mediador principal dos efeitos de substâncias como anfetamina e cocaína. O locus ceruleus, o maior grupo de neurônios adrenérgicos, provavelmente medeia os efeitos dos opiatos e dos opioides. Essas vias foram chamadas coletivamente de circuito de recompensa do cérebro. • COMORBIDADE CLASSIFICAÇÃO DIAGNÓSTICA Transtornos por Uso de Substância • Consiste na presença de um agrupamento de sintomas cognitivos, comportamentais e fisiológicos indicando o uso contínuo pelo indivíduo apesar de problemas significativos relacionados à substância. • Uma característica importante dos transtornos por uso de substâncias é uma alteração básica nos circuitos cerebrais que pode persistir após a desintoxicação, especialmente em indivíduos com transtornos graves. • Os efeitos comportamentais dessas alterações cerebrais podem ser exibidos nas recaídas constantes e na fissura intensa por drogas quando os indivíduos são expostos a estímulos relacionados a elas. • O diagnóstico de um transtorno por uso de substância baseia-se em um padrão patológico de comportamentos relacionados ao seu uso. • Transtorno por uso de substância é o termo diagnóstico aplicado à substância específica de abuso (p. ex., transtorno por uso de álcool, transtorno por uso de opioides) e que resulta de seu uso prolongado. • Um padrão problemático de uso da substância, levando a comprometimento ou sofrimento clinicamente significativos, manifestado por pelo menos dois dos seguintes critérios, ocorrendo durante um período de 12 meses: o Uso recorrente da substância, resultando no fracasso em desempenhar papéis relevantes no trabalho, na escola ou em casa (p. ex., ausências repetidas ao trabalho ou baixo desempenho profissional relacionados ao uso da substância; ausências, suspensões ou expulsões da escola relacionadas à substância; negligência dos filhos ou dos afazeres domésticos). o Uso recorrente da substância em situações nas quais isso representa perigo para a integridade física (p. ex., condução de veículos ou operação de máquinas durante prejuízo de julgamento decorrente do uso da substância). o Uso continuado da substância apesar de problemas sociais ou interpessoais persistentes ou recorrentes causados ou exacerbados por seus efeitos (p. ex., discussões com o cônjuge sobre as consequências da intoxicação; agressões físicas). o Tolerância, definida por qualquer um dos seguintes aspectos: − Necessidade de quantidades progressivamente maiores da substância para atingir a intoxicação ou o efeito desejado. − Efeito acentuadamente menor com o uso continuado da mesma quantidade da substância. o Abstinência, manifestada por qualquer um dos seguintes aspectos: − Síndrome de abstinência característica da substância. − A mesma substância (ou uma substância estreitamente relacionada) é consumida para aliviar ou evitar os sintomas de abstinência. o A substância é frequentemente consumida em maiores quan-tidades ou por um período mais longo do que o pretendido. o Existe um desejo persistente ou esforços malsucedidos no sentido de reduzir ou controlar o uso da substância. o Muito tempo é gasto em atividades necessárias para a obten-ção da substância, na sua utilização ou na recuperação de seus efeitos. o Importantes atividades sociais, profissionais ou recreativas são abandonadas ou reduzidas em virtude do uso da substância. o O uso da substância é mantido apesar da consciência de ter um problema físico ou psicológico persistente ou recorrente que tende a ser causado ou exacerbado pela substância. o Fissura ou um forte desejo ou necessidade de usar uma substância específica. • PROCEDIMENTOS PARA REGISTRO o O clínico deve usar o código que se aplica àclasse de substâncias, mas registrar o nome da substância específica. Por exemplo, o clínico deve registrar 304.10 (F13.20) transtorno por uso de alprazolam moderado (em vez de transtorno por uso de sedativos, hipnóticos ou ansiolíticos moderado) ou 305.70 [F15.10] transtorno por uso de metanfetamina leve (em vez de transtorno por uso de estimulante leve). o No caso de substâncias que não se encaixam em nenhuma das classes (p. ex., esteroides anabolizantes), o código adequado de “transtorno por uso de outra substância” deve ser usado, e a substância específica deve ser indicada (p. ex., 305.90 [F19.10] transtorno por uso de esteroide anabolizante leve). o Se a substância consumida pelo indivíduo for desconhecida, o código para a classe “outra substância (ou substância desconhecida)” deve ser usado (p. ex., 304.90 [F19.20] transtorno por uso de substância desconhecida grave). o Se os critérios forem satisfeitos para mais de um transtorno por uso de substância, todos eles devem ser diagnosticados (p. ex., 304.00 [F11.20] transtorno por uso de heroína grave; 304.20 [F14.20] transtorno por uso de cocaína moderado). Transtornos Induzidos por Substância • VIA DE ADMINISTRAÇÃO E VELOCIDADE DOS EFEITOS DA SUBSTÂNCIA o As vias de administração que produzem a absorção mais rápida e eficiente na corrente sanguínea tendem a resultar em uma intoxicação mais intensa e em uma probabilidade maior de um padrão progressivo de uso da substância, levando à abstinência. • DURAÇÃO DOS EFEITOS o Em uma mesma categoria de drogas, as substâncias de ação relativamente curta tendem a ter um potencial mais alto para o desenvolvimento de abstinência do que aquelas de duração mais prolongada. Contudo, substâncias de ação mais prolongada tendem a apresentar abstinência de maior duração. A o meia-vida da substância tem paralelos com os aspectos da abstinência: quanto mais prolongada a duração da ação, mais tempo entre a interrupção e o início dos sintomas de abstinência e maior a duração da abstinência. o Quanto maior o período agudo de abstinência, menos intensa tende a ser a síndrome. • USO DE MÚLTIPLAS SUBSTÂNCIAS o A intoxicação e a abstinência de substâncias geralmente envolvem várias substâncias utilizadas simultânea ou sequencialmente. • PROCEDIMENTOS PARA REGISTRO PARA INTOXICAÇÃO E ABSTINÊNCIA o O clínico deve usar o código que se aplica à classe de substâncias, mas registrar o nome da substância específica. Por exemplo, o clínico deve registrar 292.0 (F13.239) abstinência de secobarbital (em vez de abstinência de sedativos, hipnóticos ou ansiolíticos) ou 292.89 (F15.129) intoxicação por anfetamina (em vez de intoxicação por estimulante). o As regras de codificação da CID-10-MC exigem que todos os códigos de abstinência indiquem um transtorno por uso de substância comórbido de moderado a grave para aquela substância o No caso de substâncias que não se encaixam em nenhuma das classes (p. ex., esteroides anabolizantes), o código adequado para “intoxicação por outra substância” deve ser usado, e a substância específica deve ser indicada (p. ex., 292.89 [F19.929] intoxicação por esteroide anabolizante). o Caso a substância consumida pelo indivíduo seja desconhecida, o código para a classe “outra substância (ou substância desconhecida)” deve ser usado (p. ex., 292.89 [F19.929] intoxicação por substância desconhecida). INTOXICAÇÃO • Intoxicação por substância é o diagnóstico usado para descrever uma síndrome (p. ex., intoxicação por álcool ou embriaguez simples) caracterizada por sinais e sintomas específicos resultantes da ingestão ou exposição recente à substância. Uma descrição geral de intoxicação por substância inclui os seguintes pontos: o O desenvolvimento de uma síndrome reversível específica de determinada substância que ocorreu devido a seu consumo (ou exposição) recente. Nota: substâncias diferentes podem produzir síndromes semelhantes ou idênticas. o Mudanças comportamentais ou psicológicas clinicamente significativas decorrentes do efeito da substância sobre o SNC (p. ex., beligerância, labilidade do humor, prejuízo na cognição, julgamento prejudicado, prejuízo no funcionamento social ou ocupacional) que se desenvolvem durante ou logo após o uso da substância. o Os sintomas não são atribuíveis a outra condição médica nem são mais bem explicados por outro transtorno mental ABSTINÊNCIA • Abstinência de substância é o diagnóstico usado para descrever uma síndrome específica que resulta da interrupção abrupta do uso intenso e prolongado de uma substância (p. ex., abstinência de opioides). Uma descrição geral de abstinência de substância requer que os seguintes critérios sejam satisfeitos: o O desenvolvimento de uma síndrome específica da substância devido à interrupção (ou redução) de seu uso intenso e prolongado. o A síndrome específica da substância causa sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. o Os sintomas não se devem a uma condição médica geral nem são mais bem explicados por outro transtorno mental. TRANSTORNOS MENTAIS INDUZIDOS POR SUBSTÂNCIA/MEDICAMENTO • Transtornos psicóticos, transtorno bipolar e transtornos relacionados, transtornos depressivos, transtornos de ansiedade, transtorno obsessivo-compulsivo e transtornos relacionados, transtornos do sono, disfunções sexuais, delirium e transtornos neurocognitivos • Os transtornos mentais induzidos por substância/medicamento são potencialmente graves, geralmente temporários, mas às vezes desenvolvem-se síndromes persistentes do sistema nervoso central (SNC) no caso dos efeitos de substâncias de abuso, medicamentos ou de várias toxinas. • Podem ser induzidos pelas 10 classes de substâncias que produzem transtornos por uso de substância ou por uma grande variedade de outros medicamentos usados no tratamento médico. • Todos os transtornos induzidos por substância/medicamento compartilham características comuns. o O transtorno representa uma apresentação sintomática clinicamente significativa de um transtorno mental pertinente. o Há evidências a partir da história, do exame físico ou dos achados laboratoriais de ambos: − O transtorno se desenvolveu durante, ou no prazo de um mês após, a intoxicação ou abstinência de substância ou da administração do medicamento; − A substância ou o medicamento envolvido é capaz de produzir o transtorno mental. o O transtorno não é mais bem explicado por um transtorno mental independente (i.e., que não seja induzido por substância ou medicamento). Tais evidências de um transtorno mental independente podem incluir as seguintes: − O transtorno antecedeu o início de intoxicação ou de abstinência grave ou a exposição ao medicamento; ou − O transtorno mental completo persistiu durante um período considerável de tempo (p. ex., ao menos um mês) após cessar a abstinência aguda ou a intoxicação grave ou a administração do medicamento. Este critério não se aplica a transtornos neurocognitivos induzidos por substância nem ao transtorno persistente da percepção induzido por alucinógenos, os quais persistem após cessar a intoxicação ou a abstinência aguda. o O transtorno não ocorre exclusivamente durante o curso de delirium. o O transtorno causa sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. PRINCIPAIS DROGAS/CLASSE DE ABUSO Transtornos Relacionados ao Álcool Transtorno por Uso de Álcool Intoxicação por Álcool Abstinência de Álcool Outros Transtornos Induzidos por Álcool Transtorno Relacionado ao Álcool Não Especificado • O transtorno por uso de álcool é definido por um agrupamento de sintomas comportamentais e físicos, os quais podem incluir abstinência, tolerância e fissura. • A abstinência deálcool caracteriza-se por sintomas de abstinência que se desenvolvem aproximadamente 4 a 12 horas após a redução do consumo que se segue a uma ingestão prolongada e excessiva de álcool. o Alguns desses sintomas (p. ex., problemas com o sono) podem persistir com intensidade menor durante meses e contribuir para a recaída. Assim que um padrão de uso repetitivo e intenso se desenvolve, indivíduos com transtorno por uso de álcool podem dedicar grandes períodos de tempo para obter e consumir bebidas alcoólicas. • A fissura por álcool é indicada por um desejo intenso de beber, o qual torna difícil pensar em outras coisas e frequentemente resulta no início do consumo. • O transtorno por uso de álcool costuma estar associado a problemas semelhantes aos associados a outras substâncias (p. ex., Cannabis; cocaína; heroína; anfetaminas; sedativos, hipnóticos ou ansiolíticos). • O álcool pode ser usado para aliviar os efeitos indesejados dessas outras substâncias ou para substituí-las quando não estão disponíveis. Problemas de conduta, depressão, ansiedade e insônia frequentemente acompanham o consumo intenso e às vezes o antecedem. • EPIDEMIOLOGIA o Nos Estados Unidos, estima-se que a prevalência de 12 meses do transtorno por uso de álcool seja de 4,6% na faixa etária dos 12 aos 17 anos e de 8,5% nos adultos a partir dos 18 anos. o As taxas do transtorno são maiores entre homens adultos (12,4%) do que entre mulheres adultas (4,9%). • FATORES DE RISCO o Ambiental o Genético e Fisiológico o Modificadores do curso • MECANISMO DE AÇÃO o O álcool (especificamente, etanol) afeta vários receptores diferentes, inclusive receptores de GABAA, receptores de glutamato NMDA e receptores de canabinóides. Embora sejam desconhecidos os locais de ação específicos, acredita-se que os canais de GABAA medeiem os efeitos ansiolíticos e sedativos do álcool, bem como os efeitos do álcool sobre a coordenação motora, a tolerância, a dependência e a auto-administração. o O álcool aumenta a condutância ao cloro mediada por GABA e promove a hiperpolarização do neurônio. Seus mecanismos de dependência e adicção tendem a ser semelhantes àqueles de outras drogasque afetam o sistema de neurotransmissão do GABA. o As evidências também indicam um papel dos receptores NMDA no desenvolvimento de tolerância e dependência de álcool, e os receptores NMDA podem participar da síndrome de abstinência do álcool. Especificamente, o álcool inibe subtipos de receptores NMDA que parecem ser capazes de potencialização a longo prazo. Assim, embora os receptores de GABA tenham papel fundamental na mediação dos efeitos do álcool, a capacidade de o álcool interagir com diversos tipos diferentes de receptor sugere que ainda não se conhecem por completo seus mecanismos de ação. • QUADRO CLINICO o Efeito farmacológico: Variação de efeitos estimulantes, geralmente iniciais (euforia, bem-estar e agitação), a depressores (relaxamento, sonolência e introversão) o Sintomas da abstinência: Tremores, sudorese, insônia, agitação, cefaleia, náuseas ou vômitos, ansiedade, convulsão e delirium tremens Transtornos Relacionados a Cannabis Transtorno por Uso de Cannabis Intoxicação por Cannabis Abstinência de Cannabis Outros Transtornos Induzidos por Cannabis Transtorno Relacionado a Cannabis Não Especificado • O transtorno por uso de Cannabis e os outros transtornos relacionados à substância incluem problemas associados com substâncias derivadas da planta Cannabis e compostos sintéticos de composição química semelhante. Ao longo do tempo, esse material vegetal acumulou diversas denominações (p. ex., maconha, baseado, erva, bagulho, Maria Joana, skunk, hemp, ganja, fuminho, baura e outras). Um extrato concentrado da planta Cannabis também de uso comum é o haxixe. Cannabis é o termo genérico e talvez o mais adequado cientificamente para a(s) substância(s) psicoativa(s) derivada(s) da planta e, portanto, é usado neste Manual em referência a todas as formas de substâncias semelhantes a Cannabis, incluindo compostos canabinoides sintéticos. • Os canabinoides têm diversos efeitos sobre o cérebro, sendo que entre os mais proeminentes estão as ações sobre os receptores de canabinoides CB1 e CB2, que são encontrados em todo o sistema nervoso central. Os ligantes endógenos para esses receptores atuam essencialmente como neurotransmissores. A potência da Cannabis (concentração de delta-9-THC) que está geralmente disponível apresenta grande variação, desde 1% até aproximadamente 15% no material vegetal típico de Cannabis e de 10 a 20% no haxixe. Nas duas últimas décadas, observou-se um aumento constante na potência de Cannabis apreendida. • A Cannabis em geral é fumada por uma variedade de métodos: cachimbos (pipes), narguilés (bongs), cigarros (baseados, fininhos) ou, mais recentemente, no papel de charutos esvaziados (blunts). Às vezes, também é ingerida oralmente, a partir da mistura com alimentos. Mais recentemente, desenvolveram-se aparelhos nos quais a Cannabis é “vaporizada”. A vaporização envolve o aquecimento do material vegetal para liberar canabinoides psicoativos para inalação. Assim como ocorre com outras substâncias psicoativas, o fumo (e a vaporização) geralmente produz um início mais rápido e experiência mais intensa dos efeitos desejados • a interrupção abrupta do uso diário ou quase diário de Cannabis frequentemente resulta no início de uma síndrome de abstinência da substância. Sintomas comuns de abstinência incluem irritabilidade, raiva ou agressividade, ansiedade, humor deprimido, inquietação, dificuldade em dormir e redução do apetite ou perda de peso. Embora não seja, em geral, grave como a abstinência de álcool ou de opiáceos, a síndrome de abstinência de Cannabis pode causar sofrimento significativo e contribuir para dificuldade em abandonar o hábito ou para a recaída entre as pessoas que tentam abster-se do uso. • Indivíduos que usam Cannabis regularmente costumam relatar que a consomem para lidar com o humor, sono, dor ou outros problemas fisiológicos e psicológicos, e as pessoas diagnosticadas com transtorno por uso de Cannabis frequentemente apresentam outros transtornos mentais concomitantes • EPIDEMIOLOGIA o Os canabinoides, especialmente a Cannabis, são as substâncias psicoativas ilícitas mais amplamente usadas nos Estados Unidos. A prevalência de 12 meses do transtorno por uso de Cannabis (combinação dos índices de abuso e de dependência do DSM-IV) é de 3,4% na faixa etária dos 12 aos 17 anos e de 1,5% entre adultos a partir dos 18 anos. As taxas do transtorno são maiores entre homens adultos (2,2%) do que entre mulheres adultas (0,8%) e entre meninos dos 12 aos 17 anos (3,8%) do que entre meninas na mesma faixa etária (3%). As taxas de prevalência de 12 meses do transtorno por uso de Cannabis entre adultos se reduzem com a idade, sendo que os índices são mais elevados na faixa dos 18 aos 29 anos (4,4%) e mais baixos entre indivíduos a partir dos 65 anos (0,01%). A prevalência elevada do transtorno por uso de Cannabis provavelmente reflete o uso muito mais disseminado da Cannabis em relação a outras drogas ilícitas em vez de um potencial maior de adição. o Diferenças étnicas e raciais na prevalência são moderadas. Prevalências de 12 meses do transtorno por uso de Cannabis têm grande variação de um subgrupo racial/étnico para outro nos Estados Unidos. Na faixa dos 12 aos 17 anos, os índices mais elevados estão entre índios norte-americanos e nativos do Alasca (7,1%) em comparação a hispânicos (4,1%), brancos (3,4%), afro-americanos (2,7%) e asiático-americanos e nativos das ilhas do Pacífico (0,9%). Entre adultos, a prevalência do transtorno por uso de Cannabis também é mais elevada entre índios norte-americanos e nativos do Alasca (3,4%) com relação aos índices entre afro-americanos (1,8%), brancos (1,4%), hispânicos (1,2%) e asiáticose nativos das ilhas do Pacífico (1,2%). Na última década, a prevalência do transtorno aumentou entre adultos e adolescentes. As diferenças de gênero quanto ao transtorno geralmente correspondem às diferenças presentes em outros transtornos por uso de substância. O transtorno por uso de Cannabis é observado com mais frequência no sexo masculino, embora a magnitude dessa diferença seja menor entre adolescentes. • FATORES DE RISCO o Temperamentais o Ambientais o Genéticos e fisiológicos • MECANISMO DE AÇÃO o O mecanismo de ação dos canabinoides envolve, inicialmente, a ativação das proteínas-G, primeiros componentes no processo de transdução de sinais, o que proporciona mudanças intercelulares, caracterizadas, por exemplo, pela abertura ou bloqueio dos canais de cálcio e potássio, o que ocasiona mudanças nas funções celulares. Os receptores canabinoides localizam-se na membrana celular, onde estão acoplados às proteínas-G e à enzima adenilatociclase (AC). Estes receptores são ativados quando interagem com ligantes, tais como anandamida ou D9-THC, e a partir desta interação, uma série de reações ocorre, incluindo inibição da adenilatociclase, o que diminui a produção de cAMP (as atividades celulares dependem da enzima adenosina monofosfato cíclica - cAMP) e abertura dos canais de potássio (K+), diminuindo a transmissão de sinais e fechamento dos canais de cálcio (Ca+2), levando à redução na liberação de neurotransmissores. Estes canais podem influenciar na comunicação celular. o Em resumo, canabinoides são substâncias que agem diretamente nos receptores canabinoides encontrados em diferentes partes do Sistema Nervoso Central, os quais podem ser CB1 e CB2. Estes receptores são responsáveis pela maioria dos efeitos, tanto bioquímicos quanto farmacológicos produzidos por esses compostos. Todavia, não existe comprovação sobre a funcionalidade específica de cada receptor e essas divergências são aumentadas pelas conformações estruturais. o Os receptores canabinoides CB1 e CB2 são, particularmente, abundantes em algumas áreas do cérebro. Os receptores CB1 também podem ser encontrados de forma numerosa no cerebelo (região que coordena os movimentos do corpo), no hipocampo (responsável pela aprendizagem, memória e resposta ao stress) e no córtex cerebral (responsável pelas funções cognitivas). Transtornos Relacionados a Estimulantes Transtorno por Uso de Estimulantes (Cocaína, Anfetamina, Crack) Intoxicação por Estimulantes Abstinência de Estimulantes Outros Transtornos Induzidos por Estimulantes Transtorno Relacionado a Estimulantes Não Especificado • A anfetamina e os estimulantes tipo anfetamina incluem substâncias com uma estrutura de feniletilamina substituída, tais como anfetamina, dextroanfetamina e metanfetamina. • Essas substâncias em geral são consumidas via oral ou intravenosa, embora a metanfetamina também seja consumida por via nasal. • A cocaína pode ser consumida por meio de diversas preparações (p. ex., folhas de coca, pasta de coca, cloridrato de cocaína e alcaloides de cocaína, tais como cocaína freebase e crack) que diferem em potência devido a variados níveis de pureza e de rapidez de início dos efeitos. Contudo, em todas as formas da substância, a cocaína é o ingrediente ativo. O pó de cloridrato de cocaína geralmente é “cheirado” através das narinas ou dissolvido em água e injetado via intravenosa. • Indivíduos expostos a estimulantes tipo anfetamina ou cocaína podem desenvolver transtorno por uso de estimulantes em apenas uma semana, embora o início nem sempre seja tão rápido. Independentemente da via de administração, ocorre tolerância com o uso repetido. • Sintomas de abstinência, em particular hipersonia, aumento do apetite e disforia, podem ocorrer e intensificar a fissura pela droga. • EPIDEMIOLOGIA o Estima-se que a prevalência do transtorno por uso de estimulantes tipo anfetamina nos EUA seja de 0,2% na faixa etária dos 12 aos 17 anos e de 0,2% entre indivíduos a partir dos 18 anos. As taxas são similares entre homens e mulheres adultos (0,2%), mas, dos 12 aos 17 anos, a taxa para meninas (0,3%) é superior à taxa para meninos (0,1%). o O uso de estimulantes via intravenosa apresenta uma proporção entre os sexos masculino e feminino de 3:1 ou de 4:1, mas as taxas são mais equilibradas entre usuários que não injetam a substância, sendo que indivíduos do sexo masculino constituem 54% das internações primárias para tratamento. o Estima-se que a prevalência do transtorno por uso de cocaína nos EUA seja de 0,2% na faixa etária dos 12 aos 17 anos e de 0,3% entre indivíduos a partir dos 18 anos. As taxas são mais elevadas entre o sexo masculino (0,4%) do que o feminino (0,1%). As taxas mais altas estão entre os 18 e os 29 anos (0,6%), e as mais baixas, dos 45 aos 64 anos (0,1%). o Os transtornos por uso de estimulantes ocorrem em todos os níveis da sociedade, e são mais comuns entre indivíduos dos 12 aos 25 anos em comparação àqueles a partir dos 26 anos de idade. o O primeiro uso regular entre pessoas sob tratamento ocorre, em média, por volta dos 23 anos. No caso da primeira internação para tratamento primário do uso de metanfetamina, a média de idade é de 31 anos. • QUADRO CLINICO o Efeito farmacológico: Hipertensão arterial, taquicardia, sudorese, midríase, euforia inicial, sensação de poder, sintomas depressivos posteriores (crash) o Sintomas da abstinência: Disforia, fadiga, insônia ou hipersonia, humor deprimido, retardo ou agitação psicomotora • FATORES DE RISCO o Temperamentais o Ambientais • MECANISMO DE AÇÃO o Bloqueia os canais de sódio dependentes de voltagem, exercendo seu efeito anestésico local, impedindo a condução de impulsos nervosos; o Atua nos terminais monoaminérgicos, o que inibe a recaptação de dopamina, serotonina e noradrenalina a partir do bloqueio competitivo de seus transportadores. Essa ação sobre os transportadores aumenta a quantidade de neurotransmissor na sinapse e estimulação sobre os receptores pós-sinápticos. Acredita-se que as propriedades de dependência e vício da cocaína estão relacionadas principalmente à inibição do transportador da dopamina; o Atua pré-sinapticamente sobre o transportador vesicular da dopamina, localizado nas terminações nervosas mesolímbicas e nigroestriais, responsável por armazenar a dopamina previamente sintetizada no citoplasma e/ou a dopamina recaptada na fenda sináptica; o Possui afinidade por sítios de receptores serotoninérgicos, muscarínicos (m1, m2) e sigma Transtornos Relacionados ao Tabaco Transtorno por Uso de Tabaco Abstinência de Tabaco Outros Transtornos Induzidos por Tabaco Transtorno Relacionado ao Tabaco Não Especificado • O transtorno por uso de tabaco é comum entre indivíduos que fazem uso de cigarros e outras formas de tabaco diariamente e incomum entre os que não fazem uso diário ou que usam medicamentos com nicotina. • Fumar nos primeiros 30 minutos após o despertar, fumar diariamente, fumar mais cigarros por dia e acordar à noite para fumar são características que estão associadas ao transtorno por uso de tabaco. • EPIDEMIOLOGIA o O cigarro é o produto de tabaco de uso mais comum e representa mais de 90% do consumo de tabaco/nicotina. o Nos Estados Unidos, 57% dos adultos nunca fumaram, 22% são ex-fumantes, e 21% são fumantes. Aproximadamente 20% dos fumantes norte-americanos atuais não fumam diariamente. o A prevalência de uso de tabaco não fumável é inferior a 5%, e a prevalência de tabaco usado em cachimbos e charutos é inferior a 1%. A anfetamina e a cocaína atuam em neurônios noradrenérgicos que têm origem no locus ceruleus e projetam-se em todo o córtex cerebral, hipotálamo, cerebelo e medula espinal (azul). Os neurônios noradrenérgicos que terminam no córtex cerebral mantêm o estado de alerta. A anfetamina e a cocaína também
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