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Otávio Olivo – MEDICINA UNESC Criciúma - SC Resumo por Otávio Olivo DISTÚRBIOS HIPERTENSIVOS DA GESTAÇÃO Doença Hipertensiva Específica da Gravidez (DHEG) é um termo genérico que se refere à hipertensão que se desenvolve durante a SEGUNDA METADE da gravidez, decorrente de alterações ocorridas na invasão trofoblástica. • Esses distúrbios hipertensivos são a maior causa de morte materna no Brasil – 35% dos casos – principalmente em raça negra. • Índice de cesariana de 39%. Complicam 12-22% das gestações. • Pré-eclâmpsia – 3-14% de todas as gestações • DHEG e pré-eclâmpsia hipertensão que se desenvolve na 2ª metade da gestação com PROTEINÚRIA. CLASSIFICAÇÃO Nomenclatura é baseada em um consenso da Sociedade Internacional de Hipertensão na Gravidez – em 2000. • Pré-eclâmpsia – induzida por gravidez • Eclâmpsia – induzida pela gravidez • Hipertensão crônica de qualquer etiologia – agravada pela gravidez • Hipertensão crônica com pré-eclâmpsia sobreposta – agravada pela gravidez. • Hipertensão gestacional ou transitória. – induzida pela gravidez De forma geral, a gravidez pode induzir hipertensão arterial em mulher normotensa ou agravar uma preexistente. PRÉ-ECLÂMPSIA Aparecimento de HIPERTENSÃO e PROTEINÚRIA após 20 semanas de gestação em gestante NORMOTENSA • É uma desordem multissistêmica, idiopática, específica da gravidez humana e do puerpério. • Trata-se de um distúrbio placentário. • Hipertensão e proteinúria pioram no 3º trimestre. • HAS NA GRAVIDEZ >140x90mmHg. 5º Ruído de Korotkoff com a paciente em repouso, sentada, com o braço no mesmo nível do coração. Medidas espaçadas de 4 horas. o PA também poderá ser aferida em decúbito lateral esquerdo, para não comprimir a veia cava em gestações avançadas. • PROTEINÚRIA Presença de 300mg ou mais de proteína em urina 24h. Em 2013, o American College of Obstetricians and Gynecologists – nova diretriz para diagnóstico, mesmo que tenha um quadro hipertensivo sem proteinúria. Basta que tenha • Trombocitopenia. • Alteração da função hepática (elevação transminases) • Piora da função renal • Edema agudo de pulmão • Sintomas visuais ou cerebrais. ECLÂMPSIA Ocorrência de CRISES CONVULSIVAS seguidas ou não de COMA, em uma paciente com PRÉ-ECLÂMPSIA, descartando-se outras causas. • Crises geralmente TÔNICO-CLÔNICAS GENERALIZADAS • Podem aparecer antes, durante, após o parto. • São mais raras após 48h de puerpétio. • Algumas pacientes vão para o coma direto sem convulsão Otávio Olivo – MEDICINA UNESC Criciúma - SC • Pode ter como CAUSAS Vasoespasmo cerebral com isquemia local, encefalopatia hipertensiva, edema vasogênico e dano endotelial. • Geralmente as convulsões são autolimitadas durando 2-3 minutos e são PRECEDIDAS POR CEFALEIA, ALTERAÇÕES VISUAIS, EPIGASTRALGIA E DOR NO QUADRANTE SUPERIOR DIREITO NO ABDOME. • Edema cerebral é o achado mais comum em exames de ressonância nuclear. • Na necropsia – hemorragia intracraniana e petéquias. HIPERTENSÃO GESTACIONAL / TRANSITÓRIA • Hipertensão leve que se desenvolve na parte FINAL da gestação. • Sem presença de proteinúria ou outros sinais de pré-eclâmpsia • PA retorna aos níveis normais nas primeiras 12 semanas de puerpério. Recorre em 80% das gestações subsequentes. HIPERTENSÃO AGRAVADA PELA GRAVIDEZ – Pré eclampsia sobreposta Hipertensão crônica preexistente se agrava em algumas gestantes após 24 semanas. • Esta elevação pode ser acompanhada de proteinúria sobreposta – que piora muito o prognóstico materno-fetal. Diferenciar entre pré-eclâmpsia, hipertensão essencial ou secundária anterior à gravidez e hipertensão prévia à gestação com pré eclampsia é uma das tarefas mais difíceis do manejo da hipertensão na gestação. • Anamnese bem colhida é suficiente para esclarecer essas dúvidas. • DURANTE O EXAME CLÍNICO – uma PA maior ou igual a 180x110mmHg fala mais a favor de Hipertensão Crônica. • FUNDOSCOPIA HIPERTENSÃO LONGA DURAÇÃO Estreitamento de arteríolas, cruzamentos arteriovenosos, exsudatos. • EVIDÊNCIAS QUE SUGEREM PRÉ-ECLÂMPSIA SOBREPOSTA – aparecimento recente de proteinúria, trombocitopenia e elevação das enzimas hepáticas. • Na pré-eclâmpsia, o ácido úrico é o primeiro a se elevar. DOENÇA VASCULAR HIPERTENSIVA CRÔNICA Hipertensão crônica na gravidez é definida como um estado hipertensivo (PA >140x90mmHg) presente antes do início da gestação ou diagnosticado antes de 20 semanas. • Não tá associada com edema ou proteinúria. • Persiste decorridas 12 semanas de pós-parto • PA sofre queda na gravidez decorrente do relaxamento vascular fisiológico – especialmente após 16 semanas, o que pode tornar normal uma PA antes elevada – comprometendo o diagnóstico de Hipertensão crônica. • Manejo durante a gravidez considera de quem tem PAD maior que 100 ou que já estava fazendo uso de medicação anti-hipertensiva antes da gravidez com bom controle pressórico – devem ser medicadas durante a gestação. • DIU evitados • ECA contraindicados. DVHC se associa a uma alta taxa de implicações maternas e fetais, principalmente nas hipertensas graves, com lesão de órgão alvo e nas pacientes não aderentes ao pré-natal. • Risco é menor quando há sobreposição de pré-eclâmpsia. FATORES DE RISCO Complicações hipertensivas são mais comuns entre as nulíparas e nos extremos da vida reprodutiva. • NEGRAS – pela maior hipertensão nessa raça. • HISTÓRIA FAMILIAR • PRÉ ECLAMPSIA PRÉVIA Otávio Olivo – MEDICINA UNESC Criciúma - SC • GÊMELAR e GESTAÇÃO MOLAR – aumento da massa placentária. • DM, OBESIDADE, TROMBOFILIAS, HIPERTENSÃO CRÔNICA, DOENÇA RENAL, HIDROPSIA FETAL • Exposição ao sêmen do parceiro – diminui risco • Troca de parceiro e uso de preservativo (pela menor exposição ao antígeno do pai) – aumentam probabilidade. FISIOPATOLOGIA Etiologia ainda é desconhecida e motivo de investigação – propostas várias teorias para explicar desenvolvimento. • Hoje tem 4 teorias que devem atuar de forma conjunta. TEORIA DA PLACENTAÇÃO ANORMAL Placenta desenvolve-se primariamente de trofoblastos – que se diferencia em sinciotrofoblasto – invasão da decídua e das células espiraladas e o citrotrofoblasto, que é o precursor de todos os outros trofoblastos. • Invasão dessas artérias pelo sincício leva a um alargamento do diâmetro do vaso de 4-6x – aumentando o fluxo sanguíneo e se desenvolvendo feto e placenta. • Na PRÉ-ECLÂMPSIA – Invasão trofoblástica e remodelamento das a. espiraladas é deficiente – resultando em diâmetros 40% menores que na gravidez normal Isquemia placentária (alteração que vai ser observada em mulheres que desenvolverão sinais de pré-eclâmpsia. Na gestação sem anormalidades, a migração trofoblástica acontece em 2 ondas – no primeiro e no segundo trimestre. • Ondas convertem as artérias em vasos de baixa resistência – característica fisiológica da circulação uteroplacentária. • Acredita-se que em grávidas pré-eclâmpsia, por mecanismos imunológicos e genéticos, a segunda onda de migração trofoblástica não ocorra – aí a RESISTÊNCIA ARTERIAL NÃO CAI e os vasos permanecem ESTREITOS – desenvolvendo ISQUEMIA PLACENTÁRIA. • Hipoperfusão placentária se torna mais pronunciada com a progressão da gestação – uma vez que a vascularização uterina anormal é incapaz de acomodar o crescimento do fluxo sanguíneo para o feto e placenta – que ocorre com o progredir da gestação. • Evento isquêmico – INJÚRIA DO ENDOTÉLIO VASCULAR. Síndrome clínica então aparece, resultante das alterações generalizadas na função da célula endotelial. • Durante a gravidez, o endotélio placentário intacto produz quantidades certinhas de vasodilatadores e anticoagulantes – como Prostaciclina e pró-coagulantes, como Tromboxano – fazendo que seja controlada a reatividade vascular – não ocorrendo espasmo arteriolar. Sensibilidade de ANGT II e Noradrenalina está naturalmente diminuída durante a gravidez por isso. Endotélio lesado – pela isquemia – tem coagulação e aumenta sua sensibilidadeaos agentes vasopressores. • PRÉ-ECLÂMPSIA – PGI reduzida e TXA aumentada. promove vasoconstrição e agregação plaquetária que sensibiliza os vasos à ação da ANGT II e NORADRENALINA Ocorrendo ESPASMO ARTERIOLAR PLACENTÁRIO E SISTÊMICOS – evento básico da fisiopatologia dos DISTÚRBIOS HIPERTENSIVOS da gestação. • Lesão endotelial também faz depositar FIBRINA NOS LEITOS VASCULARES CIVD – responsável por lesões orgânicas e morbidade de grávidas com distúrbios hipertensivos. As lesões características na eclampsia são em grande parte causadas por TROMBOSE DE ARTERÍOLAS E CAPILARES por todo o organismo, particularmente no fígado, rins, cérebro e placenta. • Por isso se indica a prevenção de tromboembolismo em pacientes pré-eclâmpsia. PERMEABILIDADE VASCULAR Aumentada pela lesão endotelial EDEMA PERIFÉRICO. • Pra ajudar o edema hipertensão (Aumento da pressão hidrostática) e menor P coloidosmótica. Otávio Olivo – MEDICINA UNESC Criciúma - SC TEORIA DA MÁ ADAPTAÇÃO É baseada numa resposta imune materna deficiente aos antígenos paternos – que parece ser deflagrada pelo antígeno HLA. • Quando há atuação diferente desse sistema – adaptação inadequada ao tecido placentário. TEORIA DO ESTRESSE OXIDATIVO Cita que a hipoxemia placentária gera RADICAIS LIVRES derivados de oxigênio – ganham a circulação e causam DANOS ENDOTELIAIS. • Mobilização de ácidos graxos das reservas adiposas (pelo aumento do catabolismo na gestação) – diminui eficácia da albumina plasmática como PROTETORA dos tecidos pelos radicais livres. TEORIA DA SUSCETIBILIDADE GENÉTICA Pré-eclâmpsia é mais observada em mulheres com HISTÓRIA FAMILIAR, GÊMEAS, NEGRAS – o que faz considerar fator genético implicado. REPERCUSSÕES SISTÊMICAS ALTERAÇÕES CARDIVASCULARES • Atividade contrátil do coração raramente está alterada. • Rendimento cardíaco varia inversamente com a resistência vascular (pós carga) • Medicamentos que reduzem pós carga – aumentam rendimento cardíaco. • Reposição volêmica vigorosa – eleva PRÉ CARGA – aumentando rendimento cardíaco. • Existe estado HIPERDINÂMICO DO MIOCÁRDIO. • HEMOCONCENTRAÇÃO – Com elevação do hematócrito – ocasionada por vasoconstrição – que eleva PHidrostática e pelo aumento da permeabilidade vascular – é uma característica marcante do distúrbios hipertensivo. • BAIXO VOLUME INTRAVASCULAR • HIPER-REATIVIDADE VASCULAR – VASOESPASMO. ALTERAÇÕES HEMATOLÓGICAS • Aumento do TURNOVER/renovação plaquetário na pré-eclâmpsia • TROMBOCITOPENIA – decorrente da formação de microtrombos. • Antitrombina III e Fibronectina – alteradas já no início. • HEMÓLISE MICROANGIOPÁTICA • ELEVAÇÃO DA DESIDROGENASE LÁTICA • QUEDA DO HEMATÓCRITO – pela hemólise. • Presença de hemólise com hemoconcentração pode gerar hematócrito normal. ALTERAÇÕES RENAIS • Lesão renal não é por fenômenos imunológicos. • ENDOTELIOSE CAPILAR GLOMERULAR – mais comum. • Comprometimento difuso. • Deposição de material parecido com fibrina por todo citoplasma da célula endotelial e abaixo dela também. • Proliferação do mesângio e não há espessamento da Mb basal. • Distúrbios PROTEINÚRIA, e TFG São secundários à LESÃO GLOMERULAR e por um componente PRÉ-RENAL devido espasmo muscular intrarrenal. • TFG cai cerca de 30% • Ácido úrico sobe • ELEVA CREATININA e desenvolve HIPOCALCIÚRIA. • Deslocamento precoce da placenta Isquemia renal – NTA, Necrose cortical bilateral. • CONDUTA Controle da PA, correção de distúrbio hidroeletrolítico e nutrição adequada. Hemodiálise. Otávio Olivo – MEDICINA UNESC Criciúma - SC ALTERAÇÕES ENDÓCRINAS E METABÓLICAS • Gravidez NORMAL Concentração do SRAA estão aumentadas (hiperaldosteronismo secundário da gravidez). Mas a resposta do sistema tá reduzida pelo equilíbrio de PGI e TXA. • PRÉ-ECLÂMPSIA Níveis de ANG II e Aldosterona se reduzem pra valores pré-gravídicos – mas responde mais porque tem aumento da concentração de TXA. ALTERAÇÕES CEREBRAIS • Hipertensão não tem influência nas crises convulsivas. • DISFUNÇÃO ENDOTELIAL – Deposita FIBRINA e forma TROMBOS PLAQUETÁRIOS no SNC – ISQUEMIA CEREBRAL. • Hiper-reatividade vascular, com vasoespasmo das artérias do SNC – se encontra presente e acentua a baixa perfusão cerebral. • CONVULSÕES – Parecem ser ocasionadas por ISQUEMIA do SNC. Predisposição é outro fator de risco. • Achado importante TC em pacientes com convulsões é a presença de EDEMA CEREBRAL. • Causa frequente de morte é a HEMORRAGIA CEREBRAL – petequial na forma de grandes hematomas. • Sangramento acomete a substância branca e se estende para o espaço subaracnoide. • Hemorragia é pelo aumento da permeabilidade vascular. • CEFALIEA, TURVAÇÃO VISUAL, ESCOTOMAS • Amaurose raramente. ALTERAÇÕES HEPÁTICAS Lesão endotelial hepática pelo vasoespasmo e depósito de fibrina leva à HEMORRAGIA PERIPORTAL, LESÕES ISQUÊMICAS e DEPÓSITOS DE GORDURA. • Dor em quadrante superior direito, dor epigástrica, elevação das transaminases • Hemorragia subcapsular ou rotura hepática – casos severos ALTERAÇÕES UTEROPLACENTÁRIAS Vasoespasmo generalizado e a ausência da segunda onda de migração trofoblástica aumentam RESISTÊNCIA VASCULAR no leito e diminuem a circulação uteroplacentária • Redução é de 40-60% - inexpressiva incidência de grandes infartos placentários, crescimento restrito da placenta e seu deslocamento prematuro. • Sofrimento fetal crônico e elevada mortalidade perinatal. Atividade uterina está aumentada – alcançando valores semelhantes ao do parto – PREMATURIDADE. • Útero é também sensível ao estímulo da OCITOCINA FORMAS CLÍNICAS PRÉ-ECLÂMPSIA DIAGNÓSTICO • Tem como base o aparecimento de hipertensão e proteinúria. • Registro de PA normal antes da gravidez e exames laboratoriais alterados fala muito a favor da existência desse distúrbio. • Pré-eclâmpsia surge depois de 20 semanas de gestação. HIPERTENSÃO Maior ou igual que 140x90mmHg PROTEINÚRIA Diagnóstico é questionável na sua ausência. Proteinúria 24h, em fita, dosagem em amostra isolada, relação proteína/creatinina urinária Otávio Olivo – MEDICINA UNESC Criciúma - SC EDEMA Mãos, face e abdome – não é mais considerado manifestação clínica. Rápido e repentino ganho de peso e edema facial frequentemente ocorrem em mulheres que desenvolvem pré-eclâmpsia. Não é achado por ser comum na gravidez. CLASSIFICAÇÃO PRÉ-ECLÂMPSIA LEVE Aumento súbito e exagerado do peso primeiro sinal. Mais de 1kg em uma semana ou 3kg em um mês. Aumento de peso é pela retenção hídrica e precede desenvolvimento do edema. HA é o próximo sinal. Só depois vem a PROTEINÚRIA PRÉ-ECLÂMPSIA GRAVE PA >160x110mmHg, Proteinúria >2g/24h ou 3+, oligúria, elevação da creatinina, complicações respiratórias, síndrome de HELLP, repercussões fetais, complicações neurológicas IMINÊNCIA DE ECLÂMPSIA Sinais incomuns nos casos leves e aumentam sua frequência a medida que o quadro se agrava. • Distúrbios cerebrais (cefaleia) • Distúrbios visuais (turvação da visão) • Dor epigástrica • Reflexos tendinosos profundos exaltados. SÍNDROME DE HELLP “Hemólise, aumento de transaminases e trombocitopenia” • Ocorre em cerca de 1 a cada 1000 gestações e em cerca de 10-20% das pacientes com pré-eclâmpsia grave ou eclampsia. • Hemólise – definida pela ANEMIA HEMOLÍTICA MICROANGIOPÁTICA – esquizócitos no sangue periférico • Aumento da bilirrubina indireta • Haptoglobina diminuída • LDH aumentado • Diminuição da hemoglobina. ESFREGAÇO PERIFÉRICO COM ESQUIZÓCITOS, LDH>600, TGO>70, PLAQUETAS<100 000 Se não apresentar todos esses critérios, são diagnosticadas como portadoras de HELLP parcial. ECLÂMPSIA Presença de convulsões tonico clônicas em uma paciente com pré-eclâmpsia. Curta duração (60-75s) e são indistinguíveis EEG de outras crises tônico clônicas. • Depois da convulsão – comatosa (estado pós-ictal) alterações respiratórias, taquicardia, hipertermia e acidose lática. • Coma profundo pode serocasionado por hemorragia dos centros cerebrais – prognóstico foda. Ritmo respiratório irregular. • Coma sem convulsão – raro. Extensas lesões hepáticas anóxias. Quadro neurológico se desenvolve de forma insidiosa. • Pode ser complicada por edema agudo de pulmão – precipitado por reposição volêmica exagerada e morte súbita secundária a uma hemorragia cerebral maciça • Trabalho de parto pode ser deflagrado durante a convulsão. • BRADICARDIA FETAL – Duração de 3-5 minutos é comum depois do quadro convulsivo. Estabilização da pressão materna, terapia anticonvulsivante e oxigenoterapia – suficientes para recuperação fetal. NÃO COMPLICADA Quadro convulsivo sem intercorrências COMPLICADA Associada a coagulopatia, insuficiência respiratória e cardíaca, icterícia, >38º, PAD>115 DESCOMPENSADA Choque, coma, hemorragia cerebral, assistência ventilatória. PREDIÇÃO DA PRÉ-ECLÂMPSIA Como a gestante pré-eclâmpsia é assintomática, a detecção precoce da doença tem que ter uma cuidadosa observação clínica em intervalos regulares – principalmente em quem tem predisposição pra doença. Otávio Olivo – MEDICINA UNESC Criciúma - SC • Ganho excessivo de peso e elevação na PAD, mesmo que em valores normais – são sinais de alerta. • Rastreio não tem muita função – porque também não tem como prevenir a progressão e não há cura para doença, exceto o parto. • TESTE DA HIPOTENSÃO SUPINA Entre 28-32 semanas. o Exame positivo quando PAD aumenta no mínimo 20mmHg ao mudar o paciente de decúbito lateral para dorsal. • FUNDO DE OLHO Espasmo arteriolar pode aparecer antes de detectar elevação das pressões. • DOPPLEFLUXOMETRIA Ver a circulação placentária, fetal ou uterina deficiente – que pode levar à pré-eclâmpsia e prognóstico adverso da gestação. • TESTE DA ANGIOTENSINA II Infundida até conseguir subir da PAD 20mmHg. Se atingir um determinado nível em minutos tem valor positivo • OUTROS MECANISMOS Dosagem urinária do fator de crescimento placentário PRÉ-ECLÂMPSIA X HIPERTENSÃO CRÔNICA PRÉ-ECLÂMPSIA HIPERTENSÃO CRÔNICA IDADE EXTREMOS >35 ANOS PARIDADE PRIMIGESTA MULTIGESTA INÍCIO DA HA >20 SEMANAS <20 SEMANAS HÁ NO PÓS PARTO DESAPARECE ATÉ 6 SEMANAS PERSISTE FUNDOSCOPIA EDEMA NA RETINA, ESPASMO ARTERIOLAR ALTERAÇÕES CRÔNICAS ARTERIOSCLETÓRICAS PROTEINÚRIA AUMENTADA MÍNIMA OU AUMENTADA ÁCIDO ÚRICO PRIMEIRO A SE ELEVAR NORMAL SEGUIMENTO E TRATAMENTO Única forma de se curar os distúrbios hipertensivos na gestação é com o TÉRMINO DA GESTAÇÃO • Risco de complicações, convulsões, edema de pulmão, hemorragia hepática e IR regridem completamente com o parto. • Pré-eclâmpsia é um processo completamente reversível. PRÉ-ECLÂMPSIA LEVE / HIPERTENSÃO GESTACIONAL Conduta deve ser conservadora até que o feto atinja o termo – 37 semanas. • Acompanhamento materno-fetal rigoroso • Atingindo o termo – se recomenda interromper a gravidez – mesmo com tudo controlado – porque o feto está em risco pelo suprimento placentário diminuído em cerca de 50% • Gestante que se apresenta no pré-natal com HÁ menor que 160x110mmHg sem proteinúria significativa – acompanhar ambulatorialmente, mas com série de cuidados ORIENTAÇÕES GERAIS • Retorno pré-natal em 7 dias e AFERIÇÃO DIÁRIA DA PA. • Orientação nutricional para evitar doces, gorduras, frituras, refrigerantes. • Ganho ponderal deve ser 500g por semana no máximo • Evitar ansiedade, fumo, café – elementos que não são bons para a PA. • Repouso no leito – controla a PA. • Decúbito lateral durante a noite. • Orientações quanto aos sinais de agravamentos da doença e possíveis efeitos adversos e complicações maternas. Otávio Olivo – MEDICINA UNESC Criciúma - SC TERAPIA MEDICAMENTOSA • Tratamento anti-hipertensivo não altera o curso da doença ou reduz a morbimortalidade perinatal. • Pode diminuir a perfusão uteroplacentária ou mascarar um aumento da PA – que é uma medida sensível de piora da doença. • TRATAMENTO NÃO INDICADO – Traz mais riscos de que benefícios – reserva só para casos mais graves. Permitindo uma hipertensão grave. • Restrição de sódio não deve ser instituída. AVALIAÇÃO DO BEM-ESTAR MATERNO Deve-se avaliar periodicamente a gestante do ponto de vista clínico e laboratorial para detectar precocemente a progressão da doença. • Ganho ponderal, PA, hemograma, plaquetas, ureia, creatinina, ácido úrico sérico, transaminases hepáticas e LDH. • EAS e proteinúria de 24h. AVALIAÇÃO DO BEM-ESTAR FETAL • CLÍNICA Movimentação fetal (alertar gestante quando ao sinal de alerta da redução da movimentação fetal); Crescimento uterino e volume do líquido amniótico • COMPLEMENTAR Cardiotocografia, USG e dopplervelocimetria. Cada paciente que apresente proteinúria grave ou agravamento da hipertensão arterial deve ser internada para acompanhamento mais cuidadoso. • Se controle da PA for satisfatório PAD<100 continuar com gravidez até 37 semanas – aí interrompe – por via vaginal. • Se houver persistência de HÁ, sinais clínicos de agravamento, cefaleia, náuseas, vômitos, escotomas, cintilantes, sofrimento fetal Interrupção imediata PRÉ-ECLÂMPSIA GRAVE/ECLÂMPSIA Surgimento de sinais que indiquem uma pré-eclâmpsia grave ou aparecimento de CONVULSÕES – indicam INTERRUPÇÃO DA GESTAÇÃO – para evitar hemorragia cerebral materna ou sério dano a outros órgãos vitais. Em gestações PREMATURAS Deve-se tentar estabilizar uma conduta conservadora com corticoides e posterior interrupção da gestação. ECLÂMPSIA – Sempre mais bem tratada com ANTECIPAÇÃO DO PARTO em qualquer idade gestacional para benefício MATERNO. • Menos que 23 semanas de gestação com pré-eclâmpsia grave – interromper a gestação pelo péssimo prognóstico materno fetal. Antes de interromper a gestação, deve-se aguardar uma 6-8h para estabilizar o quadro clínico e prevenção das CRISES CONVULSIVAS • Na presença das crises convulsivas – deve-se atentar para MANUTENÇÃO DAS VIAS AÉREAS LIVRES e prevenção da aspiração – adotar decúbito lateral esquerdo e oxigenoterapia suplementar. SULFATO DE MAGNÉSIO • Prevenir ou controlar as convulsões. • Não tem ação anti-hipertensiva. • Não previne progressão da doença. • Administrado em todo quadro de eclampsia ou pré-eclâmpsia grave com sinais de iminência de eclampsia. • Tratamento – efetivo e pode ser administrado na vigência de IR, com ajuste na dose a ser infundida. • Contraindicado em miastenia grave e junto com BCC. Otávio Olivo – MEDICINA UNESC Criciúma - SC • CUIDADOS – Porque intoxicação por Mg pode causar depressão muscular, respiratória e parada cardíaca. o REFLEXOS TENDINOSOS PROFUNDOS – especialmente o patelar – devem existir, embora hipoativo. Se desaparecer tá intoxicado. o Diurese menor que 25ml/h deve-se cuidar da dose do Mg também – porque é a principal via de eliminação. Se não eliminar, intoxica o Respiração menor que 12irpm – sugere intoxicação. • Qualquer sinal de intoxicação INTERROMPE MEDICAÇÃO, também administrando Gluconato de Cálcio. • Hidantoína – pode substituir o sulfato de magnésio. Mulheres com crises convulsivas eclâmpticas típicas que não apresentam DÉFICIT NEUROLÓGICO FOCAL ou COMA PROLONGADO – não necessitam de estudo de imagem ou EEG. TRATAMENTO DA HIPERTENSÃO Devem ser administrados sempre que a PAD for maior que 110 e PAS maior que 160mmHg, devido aos riscos de hemorragias cerebrais. • PAS parece ser melhor preditor de AVC que a diastólica. • Tratamento pode ser iniciado precocemente em mulheres com sintomas atribuíveis à elevação da pressão (cefaleia, distúrbios visuais, dor epigástrica) • Parenteral para tratamento agudo da hipertensão severa. • Medicamentoso objetivo – manter a pressão sistólica entre 140-155 e a diastólica entre 90-100 • Diminuição desses valores é para proteger a mãe e o feto de comprometimentos devido ao agravamento da perfusão placentária. TTO AGUDO • Dose deve ser controlada para não abaixar tanto a PA da mãe, que colocaria em risco o bemestar fetal – para não haver hipoperfusão placentária. • HIDRALAZINA parece ser a mais aceita. • Bloqueador alfa e beta, BCC, Nitroprussiato de sódio – também podem ser usados TTO CRÔNICO Deve ser instituído em casos de prematuridade extrema em que a manutenção da gestação é uma opção ou em pacientes com hipertensão prévia • METILDOPA, HIDRALAZINA, BCC, LABETLO, IECA, DIU VIA DE PARTO Deve ser de preferência vaginal, levando em conta idade gestacional, condições fetais, cesariana anterior, condições do colo. • Evitar períodos prolongados de indução e recomenda-se abreviar o período expulsivo com o fórcipe de alívio. • Gestações com menos de 30 semanas e colo desfavorável – cesáreo – pelo pequeno tamanho fetal. • Fetos menores que 1,500g – cesárea. Se tem menos de 34 semanas usa Glicocorticoide para acelerar a maturação pulmonar. Recomenda-se a prevenção de TROMBOEMBOLISMO em toda paciente com pré-eclâmpsia grave e eclampsia após o parto até a deambulação – HPBM. TRATAMENTO CONSERVADOR Tratamento padrão da pré-eclâmpsia grave e da eclampsia é a ANTECIPAÇÃO DO PARTO • Idade gestacional maior que 34 semanas – o parto é a única conduta possível. Otávio Olivo – MEDICINA UNESC Criciúma - SC SÍNDROME DE HELLP Pedra fundamental da terapia é INTERROMPER A GRAVIDEZ • Tratamento de hipertensão e Sulfato de Magnésio. • Acima de 34 semanas – interrompe gravidez e estabiliza quadro materno. • INDICAÇÕES DE INTERRUPÇÃO Idade gestacional maior que 32-34 semanas, disfunção de vários órgãos, hemorragia ou infarto hepático, IR, DPP, sofrimento fetal. • Menos de 34 semanas tenta estabilizar a paciente com Sulfato de Magnésio e anti-hipertensivos, corticoides, internação em centro terciário. • Parto vaginal é preferível. • Índice de HEMATOMA na cesariana é alto – devido aos distúrbios de COAGULAÇÃO • ROTURA HEPÁTICA – é uma das piores consequências da HELLP. Suspeita quando tiver dor no quadrante abdominal superior direito ou dor no ombro. Pede exames de imagem como US, TC, RM. o TTO Lapatoromia com incisão vertical e cesariana. o Explorar abdome após expulsão do feto – para ver se há expansão do hematoma. Se não tiver não precisa reparar • PLASMA FRESCO – Para tratar os distúrbios hematológicos na presença de CID. Em geral, nas primeiras 24-48 horas de puerpério, a síndrome de HELLP piora porque consome plaquetas e fatores de coagulação PREVENÇÃO DA PRÉ-ECLÂMPSIA • ASPIRINA Doses baixas para diminuir incidência de distúrbios hipertensivos. o Se baseia na propriedade inibitória da aspirina na síntese de TXA sem alterar prostaciclinas – restaurando equilíbrio entre essas 2 substâncias – aí o endotélio recupera sua capacidade anticoagulante e vasodilatadora, ocorrendo uma diminuição da reatividade vascular e substâncias vasopressoras. Usada em ALTO RISCO • ANTIOXIDANTES Altera a progressão da agressão endotelial por aqueles fatores oxidantes.; • CÁLCIO.
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