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A economia brasileira no Império 1822-1889 - Marcelo de Paiva Abreu

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Resumo: “A economia brasileira no Império, 1822-1889” – Marcelo de Paiva Abreu
Objetivo: colocar em perspectiva as análises mais detalhadas referentes à política econômica durante o período republicano.
A partir de 1580, Brasil, torna-se o principal produtor mundial de açúcar, c/ base no trabalho de escravos africanos, posição que manteve até segunda metade do século XVII. A colônia também produzia fumo, madeiras e couros. Nas últimas décadas do século, a concorrência de colônias inglesas, francesas e holandesas no Caribe prejudicou a economia açucareira do Brasil, que perdeu sua hegemonia, mas a descoberta do ouro nos anos 1690 resultou em nova fase de prosperidade p/ a colônia. No século XVIII, o Brasil foi o maior produtor mundial de ouro c/ cerca de 40% do volume total produzido entre 1701 e 1800. Entre a vinda da família real p/ o Brasil em 1808, a independência, o café, cultivado no Sudeste se tornou a terceira maior exportação em valor, excedida ainda pelas de açúcar e de algodão, ambas produzidas c/ trabalho escravo predominante nas grandes plantações.
População
Na independência, em 1822, população entre 4,5 e 4,8 milhões (1/3 escrava).
1850: 7,5 milhões (1/3 escrava).
1872: 10,1 milhões, escravos: 1,5 milhão.
1890: 14,3 milhões (1886/87 às vésperas da abolição da escravidão: 700 mil escravos).
Durante os anos 1819 a 1872, dados mostram que Nordeste concentrava a maior parte da população (+-40%) e região cafeeira ou Sudeste c/ cerca de 40%. Em 1890: perda relativa do Nordeste p/ 41,9% enquanto região cafeeira: 42,6%. 
3. Atividade
3.1 Agricultura e regiões
Quando alcançou a independência, setor primário certamente respondia por grande parte do PIB e X’s, c/ predominância na agropecuária. 
No período imperial três produtos agrícolas que tinham sido importantes no período colonial continuaram a ter grande relevância na pauta de X, o açúcar, o algodão e o fumo, mas o café ultrapassaria definitivamente o açúcar como o principal produto exportado, em termos de valor, no início da década de 1830. Predominância destes na composição das exportações, caindo apenas a partir de 1888 c/ a ascensão da borracha.
C/ crescimento demográfico superior a 1,5% ao ano, grande parte dos produtos exportados passavam a ser consumidos no mercado interno.
Entre início e fim do Império participação de café nas exportações totais aumento de menos de 20% p/ mais de 60%.
Importância do açúcar nas exportações durante o Império caiu de cerca de 30% p/ em trono de 10% do total de exportações (Pernambuco principal exportador, RJ e SP: mercado interno).
Importância algodão nas exportações durante Império: caiu de cerca de 21% p/ 4% das exportações totais. 
Participação de fumo nas exportações totais se reduziu durante Império, mas seu volume aumentou gradativamente.
Borracha não foi inicialmente um produto importante na pauta de exportações do Império. A partir de 1840 e principalmente 1950, quantidades e valores aumentaram consideravelmente passando a ser um dos principais produtos de exportação do Império.
3.2 Indústria
Primeira metade do século marcado pelos importantes custos associados a concessões tanto à antiga metrópole quanto à Grã-Bretanha, intermediária natural p/ a legitimação do novo regime. 
Concessões à Grã-Bretanha tiveram muito mais importância a LP p/ a economia do Brasil independente.
Enorme poder de barganha da GB resultou na renovação dos compromissos em relação à escravidão e à tarifa de importação.
Renovação por 15 anos da tarifa de importação de 15%. Limitação tarifária gerou grande vulnerabilidade nas finanças públicas Imperiais até metade da década de 1840. Só em 1845 liberdade na definição de política comercial permitira um aumento paulatino da tarifa de importação.
Preponderância da Agricultura durante Império foi marcante. Indústria brasileira tinha peso econômico modesto.
3.3 Mineração (principalmente ouro e diamantes)
Alcançou pico na década de 1850 e depois declinaram lentamente.
Três empresas britânicas se instalaram durante 1820-30 p/ extração de ouro e tiveram algum sucesso.
Exportação de ouro e diamantes declinaram de 5% p/ 1% das exportações totais de 1840 p/ final de 1880.
3.4 Serviços
Dados sobre o setor são fragmentários.
Mais de 8000 km de ferrovias foram construídos de 1870 até 1889.
Investimentos , inclusive estrangeiros na provisão de serviços públicos tornavam-se importantes (estrangeiro: companhias de iluminação a gás, bondes, suprimento de águas e esgoto).
Predomínio do emprego rural, correspondendo a 2/3 da população economicamente ativa limitava o desenvolvimento dos setores.
4. Fatores de Produção: trabalho
4.1 Imigração: trabalho assalariado
Entre 1822 – 1850 imigração européia muito modesta vs. Influxo de escravos africanos.
Tentativa por parte do governo imperial de promover “colônias” agrícolas de imigrantes europeus.
Houve também imigração espontânea, principalmente de portugueses.
Meados do século c/ interrupção do tráfico africanos, 2 tipos de iniciativas resultaram em aumento da imigração européia na região cafeeira e sul do Brasil.
1884, pagamento de passagens autorizado abre definitivamente o caminho p/ substituição do trabalho escravo pelo livre europeu.
4.2 Escravidão
Primeira metade do século XIX, importação de escravos p/ região cafeeira = mais de 2/3 das importações totais de escravos no Brasil (1,3 milhões pessoas).
População de escravos reduzida no Nordeste – que enfrenta preços desfavoráveis, aumenta na região cafeeira.
Acordo c/ GB em 1826 p/ tornar tráfico ilegal em 1830. Durante quase 20 anos, ‘letra morta p/ inglês ver’. Uso da Royal Navy, c/ base no Bill Aberdeen (1945) p/ coibir tráfico brasileiro. Governo decide tornar tráfico ilegal em 1850.
Efeito na oferta de escravos: forte aumento de preço dos escravos e intensificação do tráfico interprovincial => concentração cada vez maior na região cafeeira nas duas décadas seguintes.
2 conseqüências no Nordeste: aumento m-d-o livre na prod. açúcar e de algodão e a significativas exportações interprovinciais de escravos p/ região cafeeira.
Região cafeeira: inicialmente fazendeiros tentaram importar trabalhadores europeus. Lei de 1837 muito desfavorável p/ trabalhadores => endividamento destes quase permanente. Falha dos contratos de parcerias.
Lei do Ventre Livre (LDVL) 1871, elimina condições p/ crescimento da população escrava no país.
Década de 1870 extremamente desfavorável p/ Nordeste: fim do boom do algodão e dificuldades enfrentadas pelo setor açucareiro => violenta seca 1877-79 que estimulou a exportação de escravos p/ região cafeeira. Governo consciente do perigo político da concentração de escravos na região, estabelece imposto alto na importação interprovincial estimulando a libertação espontânea de todos os escravos.
Na região Cafeeira, por ocasião da LDVL, cultivo de café e do açúcar continuava caracterizado pela utilização quase exclusiva de m-d-o escrava.Pouco colonos europeus permaneciam nas fazendas em 1870.
Aprovação da legislação que permitia província pagar passagem dos imigrantes estrangeiros leva a maciça entrada de imigrantes.
5. Fatores de produção: Terra
C/ exceções, principalmente no sul do país, estrutura fundiária resultante do período colonial, baseada em grandes propriedades, não se alterou significadamente ao longo do século XIX, nem como resultado da abolição da escravidão.
6. Fatores de produção: Capital
Crescente produção cafeeira gerou demanda por infra-estrutura de exportação (ferrovias, portos, etc). Em um segundo momento, investimento expressivos foram realizados em empresas de serviços públicos (água, esgotos, gás, energia elétrica, telefones). Em grande parte, dependeram da atração do IED, essencialmente britânico até o final do Império.
Também considerável investimento do governo central, especialmente em ferrovias.
Investimentos ferroviários corresponderam a uma fração crescente dos investimentos diretos totais, alcançando 80% na década de 1890.
Empresas mais importantes de navegação durante Império eram Britânicas.
Sistema de garantias de taxasde retorno amplamente utilizado pelo governo Imperial p/ atrair o IED. Tipicamente eram de 7%; dívida pública Britânica rendia entre 2,4% e 3,4% entre 1860 e 1902.
Benefícios do sistema de garantia de taxas de retorno questionável. A favor: redução de custos, aumento de capacidade, rapidez e pontualidade, alcance, etc. Contra: custo de construção e operação possa ter sido excessivamente elevando em função da garantia de juros.
7. Comércio Exterior
Estrutura das exportações modificou-se consideravelmente durante o Império.
Exportação do café crescente, leva participação brasileira mundial p/ em torno de 60% em 1880.
Exportações de açúcar perderiam muito de sua importância relativa. Mais de 21% 1850, menos de 10% 1880 (explicado pelo aumento da X de açúcar de beterraba).
Exportações de algodão comportamento parecido ao do açúcar.
Exportação de borracha mostraram franca expansão apos 1870.
Brasil passou de 2,8% do total p/ maior produtor mundial respondendo por mais de 60% da oferta.
Reorientação geográfica na estrutura das exportações c/ a perda de importância do modesto mercado p/ café da GB p/ os EUA e p/ países da Europa continental. No final de 1880 Brasil = 70% café dos EUA.
Exportações p/ GB caíram de quase 1/3 p/ 1/6 ou 1/7. Enquanto p/ os EUA ultrapassaram 40%.
Estrutura das importações, queda da capacidade competitiva das M britânicas substituídas p/ concorrentes principalmente dos EUA e Alemanha. Mas c/ GB permanecendo como principal fonte de importação (maioria bens manufaturados: artefatos de algodão, de lã, trigo e farinha).
Tarifas aumentaram significadamente no decorrer do Império: até 1830 em torno de 17%, c/ tarifa Alves Branco (1844) fica entre 25%-30% até 1860. Depois volta a aumentar, primeiro p/ patamar entre 35%-40% depois p/ quase 50% no final dos 1880.
8. Regimes monetários, câmbio e sistema financeiro.
8.1 Regimes monetários
Depois da independência, BB continuou a emitir cédulas que constituíam boa parte do meio circulante. 
Em 1829, quase nenhuma circulação metálica, a não ser cobre mas muita falsificação.
Década de 1830 marcada pela escassez de moeda – estimulando expulsão do ouro, prata e cobre da circulação monetária do país.
Circulação metálica volta a ser importante no fim de 1840 c/ cunhagem de ouro.
Preços dobraram entre 1830 e 1889, inflação muito superior a economias desenvolvidas.
8.2 Câmbio e preços
Câmbio flutuou de forma significativa durante o Império. Desvalorizou de forma contínua até o inicio dos 1840, atingindo mínima durante Guerra do Paraguai.
C/ dificuldades de 1870 desvaloriza novamente mas aprecia-se rapidamente no final do Império rumo ao par.
Em 1888-89 houve adesão formal ao padrão ouro, rapidamente abandonada c/ a proclamação da República.
Depreciação praticamente em linha c/ a inflação estimada no período.
8.3 Sistema financeiro
BB liquidado em 1829 em meio a denúncias de gestão desastrada.
Novo BB surge em 1853, c/ novo código comercial de 1850.
Ao longo do período Imperial, alguns serviços financeiros foram providos aos cafeicultores pelos comissários que operavam como agentes dos cafeicultores e também por grandes comerciantes aos senhores de engenho.
Bancos privados surgem a partir de 1837. Diversos criados no final de 1850 c/ capacidade de emissão.
Em 1866 abolida a emissão bancária e o Tesouro Nacional assume o monopólio de emissor.
Bancos estrangeiros ganham importância a partir de 1860.
Até 1850, casas bancárias prevaleciam na intermediação financeira. Devido a vulnerabilidade dessas à crises internacionais, perdem importância.
9. Finanças Públicas
9.1 Receita
Durante Império receita dependeu crucialmente dos impostos relacionados ao comércio externo (X e M). Ao final do Império, mais de 70% das receitas advinham dos impostos sobre comércio.
Tendência (já mencionada) no aumento da tarifa de importação.
Houve no período imperial, tendência a desvalorização cambial. Essas tinham impacto desfavorável sobre os não-exportadores em geral, pois oneravam os preços de importações de bens de consumo e não havia aumento de sua receita. Os exportadores de commodities fora o café eram beneficiados pelo aumento de receitas. P/ os produtores de café que eram price makers, essa desvalorização ao mesmo tempo que aumentava receitas tendia a enfraquecer o preço mundial de café, pois estimulava uma desova de estoques por parte de agentes interessados em realizar lucros.
Taxação interprovincial de escravos.
9.2 Despesa
Dependia em grande parte dos gastos militares (guerra Cisplatina 1820, operações contra os separatistas no sul 1830, Paraguai em 1864).
Verificou-se déficit persistente em geral refletindo os gastos militares.
9.3 Dívida Pública
Entre 1821 e 1889, aumentou de cerca de 5,1 milhões de libras p/ 33,6 milhões.
Apos o pesado endividamento dos primeiros anos de independência, dívida externa manteve-se praticamente estável em termos nominais até 1850, só então aumentando lentamente.
Relação dívida-exportações caiu de 1,7 em 1820, p/ 0,42 em 1860 e no final do Império estava em 1,18.
Em 1830, cerca de 80% da dívida era externa. Em 1889, inferior a 40%.
C/ a aceleração da inflação nas décadas de 1850-60, lançaram empréstimos internos denominados em mil-réis ouro. 
Proporção dos gastos c/ serviços da dívida caiu de cerca de 25% 1820, p/ 16-17% entre 1850-60, permanecendo abaixo dos 20% em 1870 e ultrapassando 30% em 1880.
Detentores de títulos da dívida interna sem indexação enfrentavam perdas potenciais devido à maior inflação no Brasil do que no resto do mundo.
10. Conclusões
Em 1820 PIB brasileiro comparável ao Mexicano, perdendo terreno em 1890 (3/4 do Mexicano).
Taxa de crescimento de 0,4% ao ano p/ o período Imperial decorrente essencialmente do crescimento de 1,5-2% da renda per capita da zona cafeeira após 1850.
Anos 1850 e segunda metade dos anos 80 refletem os períodos mais rápidos de expansão da economia imperial.
Década de 1870 marcada pela Grande Seca no Nordeste (77-79).
Produção de café requeria m-d-o escrava. C/ proibição em 1850, começa a passar p/ m-d-o assalariada. Processo longo só acelerado em 1880 c/ aumento dos subsídios à importação.
Expansão do café acompanhada de retração das commodities do Nordeste (açúcar, algodão e fumo). Expansão da borracha começa a ganhar força.
Economia cafeeira e outros pólos de exportação estimulam criação de importante infra-estrutura em especial ferrovias públicas e privadas. No final do período imperial respondendo as demandas da urbanização, ganha importância provisão de serviços públicos c/ importante papel do IED.
Paralelo à expansão cafeeira, aumenta importância dos EUA como mercado brasileiro. GB perde participação nas importações brasileiras.
Embora tenha havido desvalorização, modesta comparada à da República Velha. Brasil foi bom pagador de sua dívida externa. Em 1888 conversão de toda dívida externa p/ reduzir juros pagos pelo governo Imperial.
No plano político, ganham força os interesses paulistas vs. Nordeste. Cresce influência dos militares,

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