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3 Adeno-hipófise

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ADENO-HIPÓFISE
SO II- LUCAS GÓIS- 3º SEMESTRE
A adeno-hipófise desempenha um papel fundamental na regulação da função endócrina, por meio da produção e liberação dos hormônios tróficos. A função da adeno-hipófise e a produção dos hormônios são controlados pelo hipotálamo por meio dos neuropeptídeos hipofisiotróficos liberados na eminência mediana. 
Anatomia funcional 
O lobo anterior conhecido como adeno-hipófise é maior e consiste em uma parte anterior e uma parte intermédia, separadas por uma estreita fenda, o remanescente da bolsa de Rathke. 
A adeno-hipófise é uma estrutura: 
a) Altamente vascularizada
b) Constituída por células derivadas do revestimento ectodérmico do palato 
As células hipofisárias que revestem os capilares produzem os hormônios tróficos: 
· ACTH (hormônio adrenocorticotrófico)
· TSH (hormônio tireoestimulante)
· GH (hormônio do crescimento) 
· Prolactina (Prl)
· LH (hormônio luteinizante) e FSH (hormônio folículo-estimulante). 
Controle hipotalâmico da liberação de hormônios adeno-hipofisários 
Os neuro-hormônios alcançam a adeno-hipófise por uma rede especializada de capilares. Os neuropeptídeos são transportados pelas longas veias hipofisárias até a adeno-hipófise, onde se ligam a receptores específicos de superfície celulares acoplados à proteína G, ativando cascatas intracelulares de segundos mensageiros que levam à liberação dos hormônios hipofisários pelas respectivas células-alvo. 
A liberação dos hormônios adeno-hipofisários é de natureza cíclica, governado pelo sistema nervoso. Os ritmos são, em sua maioria, impulsionados por um relógio biológico interno localizado no núcleo supraquiasmático do hipotálamo, sendo influenciado por sinais externos, como períodos de luz e escuridão. 
Hormônios da adeno-hipófise 
Os hormônios da adeno-hipófise podem ser classificados em três famílias: as glicoproteínas, os hormônios derivados da pró-opiomelanocortina (POMC) e os pertencentes à família do GH e da Prl.
GLICOPROTEÍNAS 
Consistem no TSH, FSH, LH e gonadotrofina coriônica humana. Esses hormônios são glicoproteínas heterodiméricas, constituídas por uma subunidade alfa-comum e uma subunidade beta-única, que confere especificidade biológica a cada hormônio.
HORMÔNIOS DERIVADOS DA PRÓ-OPIOMELANOCORTINA 
A POMC é um pró-hormônio precursor sintetizado pelos corticotropos da adeno-hipófise. A produção e a secreção dos hormônios derivados da POMC pela adeno-hipófise são reguladas predominantemente pelo hormônio de liberação da corticotrofina (CRH), que é produzido no hipotálamo e liberado na eminência mediana.
FAMÍLIA DO HORMÔNIO DO CRESCIMENTO E DA PROLACTINA 
1. Hormônio do crescimento (GH)
É um hormônio peptídico de 191 aminoácidos. É liberado dos somatotropos, um tipo celular presente na adeno-hipófise em quantidades abundantes e tem estrutura semelhante a prolactina e a somatomamotrofina, um hormônio derivado da placenta. A liberação ocorre em surtos pulsáteis e a maior parte da secreção é noturna, ocorrendo em associação ao sono de ondas lentas. 
Regulação da liberação do GH
Os dois principais reguladores hipotalâmicos da liberação de GH pelo adeno-hipófise são o GHRH (excitatório) e a somatostatina (inibitório). A liberação do GH também é inibida pelo fator de crescimento semelhante a insulina 1 (IGF-1), o hormônio produzido nos tecidos periféricos em resposta à estimulação do GH. O IGF-1 derivado da síntese hepática faz parte de um mecanismo de liberação de GH por retroalimentação negativa clássica. A grelina é um peptídeo liberado predominantemente pelo estômago, mas também expresso no pâncreas, no rim e fígado e no núcleo arqueado do hipotálamo,que foi identificado como outro secretagogo do GH. 
Hormônio de liberação do GH
O GHRH estimula a secreção do GH pelos somatotropos por aumento na transcrição do gene e biossíntese do GH e proliferação dos somatotropos. 
O GHRH liga-se aos receptores acoplados à proteína Gs, ativando a subunidade catalítica da adenilato-ciclase. Essa estimulação leva ao acumulo intracelular de AMPc e à ativação da subunidade catalítica da proteína-quinase. O Pit-1 aumenta a transcrição do gene do GH e também estimula a transcrição do gene do receptor do GHRH. 
Somatostatina 
 A liberação estimulada do GH é inibida pela somatostatina, um peptídeo sintetizado na maioria das regiões do cérebro, predominantemente no núcleo periventricular, arqueado e ventromedial do hipotálamo. 
É produzida também em órgãos periféricos como o pâncreas endócrino, onde também desempenha um papel na inibição da liberação hormonal. 
A somatostatina produz seus efeitos fisiológicos por sua ligação aos receptores de somatostatina acoplados à proteína Gi, resultando em diminuição da atividade da adenilato-ciclase, do AMPc intracelular e das concentrações de Ca2+, bem como em estimulação da proteína tirosina-fosfatase.
Outros reguladores 
As catecolaminas, a dopamina e os aminoácidos excitatórios aumentam a liberação do GHRH e diminuem a da somatostatina, resultando em aumento da liberação do GH. 
Hormônios como cortisol, estrogênio, os androgênios e hormônio tireoidiano também pode afetar a responsividade dos somatotropos ao GHRH e à somatostina. Certos sinais, como a glicose e aminoácidos também podem afetar a liberação do GH. 
Hipoglicemia: estimula a secreção do GH. 
Glicose e os ácidos graxos não esterificados: diminuem a liberação do GH. 
Aminoácidos: particularmente, a arginina aumenta a liberação de GH por conta da redução da somatostatina. 
A meia-vida hormonal é, em média, de 6 a 20 minutos. O GH é degradado nos lisossomos, após a ligação a seus receptores e a internalização do complexo hormônio-receptor.
Efeitos fisiológicos do GH
O efeito fisiológico mais importante do GH consiste na estimulação do crescimento longitudinal pós-natal. Esse hormônio também desempenha um papel na regulação do/na:
a) metabolismo de substratos 
b) diferenciação dos adipócitos
c) manutenção e no desenvolvimento do sistema imune
d) regulação da função cerebral e cardíaca.
Nos tecidos periféricos, o GH liga-se aos receptores específicos de superfície celular que pertencem a superfamília dos receptores de citocinas da classe 1. A molécula do GH exibe dois sítios de ligação para o receptor de GH, resultando na dimerização do receptor, uma etapa necessária para a atividade biológica do hormônio. A dimerização do receptor é seguida da ativação de uma quinase associada ao receptor, a Janus-quinase 2. Essa quinase atua por transdutores de sinais e ativadores das proteínas de transcrição (STATs) especiais, que sofrem dimerização e translocação para o núcleo, transmitindo sinais a elementos de resposta reguladores específicos do DNA.
Efeito do hormônio GH sobre os órgãos-alvos 
OSSO
Crescimento longitudinal, aumentando a formação do novo osso e cartilagem. 
Desempenha um papel na regulação da fisiologia normal da formação óssea no adulto, aumentando a renovação do osso, com aumento na formação e, em menor grau, na reabsorção óssea. 
TECIDO ADIPOSO 
Estimula a liberação e a oxidação de ácidos graxos livres, particularmente durante o jejum (redução da lipase lipoproteica), favorecendo a disponibilidade de ácidos graxos livres para armazenamento no tecido adiposo e oxidação no músculo esquelético. 
MÚSCULO ESQUELÉTICO 
Exerce funções anabólicas, estimulando a captação de aminoácidos e sua incorporação em proteínas, a proliferação celular e a supressão da degradação proteica. 
FÍGADO
Estimula a produção e liberação hepática do IGF-1, estimulando a produção hepática de glicose. 
SISTEMA IMUNE
O GH afeta múltiplos aspectos da resposta imune, incluindo as respostas das células B e a produção de anticorpos, a atividade das células natural killer, a atividade dos macrófagos e a função dos linfócitos T.
O GH também exerce efeitos sobre o sistema nervoso central, modulando o humor e o comportamento.
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Os aspectos-chave da fisiologia do GH podem ser resumidos da seguinte maneira:
· O GH é sintetizado e armazenado nos somatotropos da adeno-hipófise.
· A produção do GH é pulsátil, de ocorrência principalmentenoturna e controlada sobretudo pelo GHRH e pela somatostatina.
· Os níveis circulantes do GH aumentam durante a infância, atingem seu pico durante a puberdade e diminuem com o envelhecimento.
· O GH estimula a lipólise, o transporte dos aminoácidos nas células e a síntese de proteínas.
· O GH estimula a produção de IGF-1, responsável por muitas das atividades atribuídas ao GH.
Fatores de crescimento semelhantes à insulina 
Em relação a produção de IGF-1, é produzido principalmente pelo fígado em resposta à estimulação do GH e é transportado para outros tecido, atuando como hormônio endócrino. É também secretado por tecidos extra-hepáticos incluindo as células cartilaginosas, atuando localmente como hormônio parácrino. 
Efeitos fisiológicos do IGF-1
O IGF-1 medeia os efeitos anabólicos e de promoção do crescimento linear do GH hipofisário, e estimula a formação óssea, a síntese de proteínas, a captação de glicose no músculo, a sobrevida dos neurônios e a síntese de mielina.
2. Prolactina 
A prolactina (Prl) é um hormônio polipeptídico sintetizado e secretado pelos lactotropos presentes na adeno-hipófise. Os lactotropos respondem por cerca de 15 a 20% da população celular da adeno-hipófise, entretanto, essa porcentagem aumenta de modo notável em resposta a níveis elevados de estrogênio, particularmente durante a gravidez. As concentrações plasmáticas são maiores durante o sono. 
Regulação da liberação de prolactina
A liberação de Prl encontra-se predominantemente sob inibição pela dopamina derivada dos hormônios dopaminérgicos do hipotálamo. Além disso, também está sob controle inibitório pela somatostatina e pelo ácido gama-aminobutírico (GABA). 
Em particular, a dopamina ativa uma corrente de potássio que induz a hiperpolarização da membrana plasmática, enquanto diminui as correntes de cálcio ativadas por voltagem. Por conseguinte, a inibição da secreção de Prl induzida pela dopamina é uma função da inibição da atividade da adenilato-ciclase, da ativação dos canais de potássio sensíveis à voltagem e da inibição dos canais de cálcio sensíveis à voltagem.
A liberação de Prl é afetada por uma grande variedade de estímulos provenientes do ambiente e do meio interno, entre os quais os mais importantes são a sucção e o aumento dos níveis de hormônios esteroides do ovário, principalmente estrogênio. 
Foram identificados vários neuropeptídeos como fatores de liberação da Prl, incluindo o TRH, a ocitocina, o peptídeo intestinal vasoativo e a neurotensina.
Quando a concentração de dopamina aumenta no sangue porta hipotalâmico-hipofisário, a liberação de Prl dos lactotropos é suprimida.
Efeitos fisiológicos da prolactina 
Os receptores de Prl são encontrados na glândula mamária e no ovário, dois dos locais mais bem caracterizados de ação da Prl nos mamíferos, bem como em várias regiões do cérebro. A ativação do receptor de Prl envolve uma dimerização sequencial do receptor induzida pelo ligante. A ativação do receptor de Prl mediada pela Prl resulta na fosforilação da tirosina de inúmeras proteínas celulares, incluindo o próprio receptor.
Os principais efeitos fisiológicos da Prl consistem na:
a) Estimulação do crescimento e do desenvolvimento da glândula mamária
b) Síntese de leite 
c) Manutenção da secreção de leite 
d) Estimula a captação da glicose e aminoácidos
e) Síntese das proteínas do leite beta-caseína e alfa-lactalbumina, do açúcar do leite lactose e das gorduras do leite para células epiteliais da mama. 
Outros efeitos da Prl incluem a inibição da liberação de GnRH, a biossíntese de progesterona e a hipertrofia das células lúteas durante a gravidez.

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