Buscar

Resumo Ordem do Progresso P2

Prévia do material em texto

Resumo Ordem do Progresso P2
Capítulo 3 – Crise, Crescimento e Modernização Autoritária: 1930-1945 [Marcelo de Paiva Abreu].
Getúlio Vargas, teve seu 1o governo entre 1930-45. Foi o líder civil da Revolução de 1930 que pôs fim a República Velha. 1930-45 pode ser dividido em três períodos:
1930-34: chefe do “governo provisório”.
1934-37: chefe do Governo Constitucional, eleito Presidente da República pela Assembléia Constitucional de 1934, derrotando Borges de Medeiros.
1937-45: “Estado Novo”, implantado após um golpe de estado – favorável a intervenção do Estado na atividade econômica.
Capítulo será dividido em três seções:
São consideradas as pol. eco. do governo provisório e seus impactos: no auge da crise de 1930-31 e no começo da recuperação até 1934.
Sobre a liberalização econômica e do rápido crescimento da economia durante o Governo Constitucional (1934-37). Tendências interrompidas em 1937 com a deterioração do BP associada à recessão norte-americana.
Analisa as pol. eco. do Estado Novo e a acomodação da economia as mudanças estruturais associadas à guerra.
A Grande Depressão gerou diminuição da importância relativa dos fluxos comerciais e financeiros, especialmente em países como o Brasil, que recuperou-se rapidamente dos efeitos mais graves da crise. Houve o favorecimento da economia interna.
Seção 1 – Superação da Crise e a pol. eco. do governo provisório, 1930-34
Choque externo atingiu o BP brasileiro principalmente devido a queda nos preços das exportações – não compensados por aumento no quantum das mesmas. Reservas entraram em trajetória de queda: 1929: 31 milhões de libras; 1931: desapareceram. Tanto exportações quando importações declinaram, mas a última de forma mais considerável.
Governo aboliu o monopólio cambial – estabelecido ao fim da República Velha – justificando-se pelo argumento que este era ineficaz e retornava o retorno da eco. à normalidade. Setembro de 1931: retorno ao monopólio cambial devido às sucessivas moratórias da dívida em moeda estrangeira.
Entre 1930-31, câmbio se desvaloriza em 55%. Governo tentou impedir, porque isto implicava em uma grande redução das receitas do setor cafeeiro – interesses do setor eram protegidos da competição internacional pela existência do controle de importações e tinham acesso a insumos relativamente baratos.
No final dos anos 1930, tornou-se inviável a continuação do pagamento da dívida pública, pois envolveria uma proporção excessiva do saldo comercial [desvalorização cambial aumentou significadamente a carga do serviço da dívida pública externa sobre os orçamentos].
Em 1931, FL parcial é negociado: garantiu o pagamento integral dos FL de 1898 e 1914, mas desfavoreceu os EUA – relação deste com o Brasil já não estava boa desde o início da década, talvez pelo exagerado apoio norte-americano ao governo deposto em 1930 e pela maior generosidade de Londres na concessão de empréstimos de CP.
Capitais britânicos investidos restringiram-se a setores tradicionais (serviços públicos, ferrovias) e os dos EUA setores modernos (indústria de transformação e atividades comerciais). Começa a decadência comercial do UK no Brasil a partir desse período. Os EUA tenderam a adotar uma pol. conciliatória em relação à dívida pública externa e concentraram esforços na manutenção da sua posição comercial no mercado brasileiro – proporção de investimentos totais dos EUA, aumenta sensivelmente como resultado da contração sofrida pelos investimentos europeus.
A demanda agregada teria sido sustentada por pol. expansionistas de gastos – especialmente c/ a aquisição de café p/ posterior destruição. A imposição de controle sobre as importações foi acomodada por utilização mais intensiva da capacidade previamente instalada da indústria, segundo Furtado. Revolução de 1940: versão brasileira da revolução burguesa. Interesses da classe média começam a se sobrepor aos dos cafeicultores na formulação e implementação de políticas econômicas.
Nota: importante ver novas pesquisas sobre a coincidência de interesses do café e da indústria (Fritsch). Precoce diversificação de interesses da oligarquia cafeeira, que investiu na infra-estrutura de exportação e na indústria substitutiva de importações (Dean, 1971).
Vargas teria encarnado o “Estado de Compromisso”: encarando os interesses conflitantes sem alinhar-se a posição de qualquer grupo específico (Fausto, 1970). De qualquer modo, é fato que Vargas favoreceu muito a indústria e há muita contestação das ideais de Fausto.
O Brasil recuperou-se rapidamente – também comparado a outros países - da Grande Depressão, crescendo 4% em 1932 e 9% em 1933-34. Conseqüências suaves da crise tem sido associadas à pol. econômicas do governo provisório, especialmente com relação ao café: houve compras de estoques pelo governo federal – financiadas pelo BB – e por taxação das exportações. Em meados de 1931, inicia-se a destruição dos estoques acumulados, devido ao descompasso entre o seu nível e a capacidade de absorção do mercado mundial.
Acomodação política de SP após a derrota de 1932, ditou as alterações da pol. cafeeira. Foram fixadas parcelas da colheita a serem destruídas, bem como os preços diferenciados de compra. A situação financeira da cafeicultura foi aliviada pelo Reajustamento Econômico: dividas dos cafeicultores foram nominalmente reduzidas em 50% e reencontradas para prazos de 10 anos.
De acordo com a interpretação tradicional de Furtado, o governo teria adotado políticas keynesianas de sustentação do nível de atividade econômica. Argumento refutado, pois pelo contrário, a política econômica prejudicou a retomada do nível de atividade, pois as pol. fiscal e cafeeira teriam sido ortodoxas – objetivavam o equilíbrio fiscal do governo. Em particular, sugere-se que os gastos c/ a compra dos excedentes foram financiados c/ a taxação de exportações.
A expansão do saldo do balanço comercial (BC) foi conseqüência da desvalorização cambial e do controle cambial que impedia a importação de bens não essenciais. Estas políticas implicaram em reorientação da demanda em benefício da produção doméstica. 
Abandono do padrão ouro ocorre em 1930 e rompe a vinculação entre contração monetária e choque externo que resultara em contração da base monetária anteriormente. Só voltou a crescer após a saída de Whitaker do ministério da fazenda. A queda dos preços estabilizou-se em 1932-33.
Após cair 9% entre 1928-30 e ficar estagnado no período de 1931-32, o PIB cresceu 10% a.a entre 1932-39. Participação das importações cai de 45% em 1928 p/ 20% em 1939. Refuta-se a idéia de Dean – coerente durante a República Velha – de que o desempenho da indústria dependia crucialmente do café.
Seção 2 – Boom econômico e interregno democrático 1934-37
O alivio da posição do BP não resultou em melhoria significativa da escassez de cobertura cambial. Missão chefiada por John Williams – do FED de NYC – para avaliar a situação cambial brasileira, contatou que a solução para retomada da atividade econômica brasileira não dependia das autoridades e sim da melhoria do cenário externo e da redução aos obstáculos do livre comércio.
No início de 1935, foi proposta pelo Presidente do BB a suspensão do pagamento do serviço da dívida externa. Para apaziguar as preocupações, o ministro da fazenda, Fernando Souza Costa, comprometeu-se a liberalizar o mercado de câmbio e manter o serviço da dívida. O novo regime cambial obrigava os bancos a repassar 35% das cambiais de exportação à taxa oficial p/ o BB: esta divisas seriam usadas p/ pagamentos de compromissos do governo. Os restantes 65% seriam negociados em mercado livre. Neste, também seriam adquiridas as cambiais necessárias ao pagamento de compromissos no exterior, exceto os do governo.
Em 1935, a taxa de câmbio para importação se mantêm, mas a taxa de exportações varia consideravelmente. Durante 1936 e início de 1937, o BB acumulou rapidamente razoável reservas cambiais. A relativa folga propiciou a adoção de política extremamente liberal quanto a remessa de lucros, bem como relaxamentodos controles de importação – com intuito de atrair capital estrangeiro.
Em 1934, países credores e Brasil decidem iniciar negociações c/ o objetivo de acertar um acordo p/ retomar o serviço dos empréstimos excluídos do FL de 1931. A pressão britânica assegurou tratamento mais favorável, por intermédio de Otto Niemeyer (diretor do BoE), que sugeriu as linhas básicas de classificação dos empréstimos à Oswaldo Aranha. O Brasil comprometeu-se a pagar cerca de 8 milhões de libras por ano até 1938. Aranha, no afã de defender o acordo frente ao público, argumentou – indevidamente – que tantos os ganhos relativos à redução das taxas de juros contratuais, quanto o mero adiamento do pagamento de amortizações, correspondiam a um ganho efetivo, quando só era verdade no primeiro caso.
A despeito das dificuldades do BP, a economia continuou a crescer entre 1934-37. Encarecimento das importações permitiu a utilização de capacidade ociosa da indústria enquanto a continuada adoção de políticas fiscais, monetária, cafeeira e creditícia expansionistas permitiram a sustentação da demanda.
A indústria cresceu mais de 11% a.a. entre 1934-37. Gêneros não tradicionais (borracha, papel, cimento, metalurgia, química e também a indústria têxtil) expandiram à taxas superiores à média industrial. A maior utilização da capacidade instalada explica o desempenho da indústria brasileira no período.
A melhoria das condições competitivas da indústria brasileira doméstica entre 1928-31, deveu-se principalmente a desvalorização cambial, pouco tendo a ver c/ a pol. tarifária. 1934-35, EUA preocupam-se c/ o incremento do intercâmbio comercial teuto-brasileiro. Mesmo c/ a pressão norte-americana, entre 1935-38, comércio continua a se expandir. Posição independente de Vargas, decorria da boa vontade dos EUA c/ relação ao Brasil. A contenção da influência alemã na America Latina dependia do fortalecimento da relação com o Brasil às expensas da Argentina: “a ditadura brasileira era mais aceitável que as outras”. Ocorre uma queda na participação britânica no comércio brasileiro, a dos EUA segue estável e a alemã aumenta – comércio c/ este interessava tanto exportadores quanto o mercado consumidor.
Seção 3 – Estado Novo e economia de guerra, 1937-45
Implantação do Estado Novo em novembro de 1937, reverte a descentralização republicana, fortalecendo o poder central. São criadas novas agencias governamentais c/ objetivos reguladores na área econômica – mostrando amadurecimento de tendências que já se revelavam antes mesmo de 1930.
 
Decisões relacionas à absorção de choques externos provocados pela recessão norte-americana configuram grande reversão da pol. anterior quanto ao café e câmbio, bem como em relação a dívida externa. A legislação social: apesar das ambigüidades, favorece a classe operária. Decisão de construir a primeira usina siderúrgica em 1940 após sugestão do Major Macedo Soares – que viajou aos EUA e Europa para estudar a possibilidade do Brasil passar a exportar minério de ferro e visitar as modernas instalações que la existiam. Em 1939, foi criada a Comissão Preparatória do Plano Siderúrgico Nacional – presidida pelo próprio Macedo. Aí então se inicia um imbróglio sobre como seria financiada a siderúrgica. O primeiro interessado, a gigante US Steel – que entraria com parte do capital, desiste com a iminência da 2a Guerra Mundial. Vargas então decide buscar empréstimos para a criação da empresa. Inicia-se uma busca pelo capital necessário (20 milhões dólares) com o governo dos EUA e o Eximbank. Este refuta a emprestar já que se quebraria o monopólio americano e europeu da produção de aço. Grande manobra política de Vargas: que faz um discurso interpretado como a adesão do Brasil aos países do Eixo. Impacto imediato: consegue o empréstimo junto ao Eximbank => mostra mudanças na forma de ação do Estado: agora, transita da arena normativa da atividade econômica para a provisão de bens & serviços.
Em fins de 1937, há escassez de divisas decorrente de aumentos substanciais das importações, forçando a adoção do monopólio cambial após o golpe de novembro (controle cambial similar aos de 1931 e 1934). Mudança justificada pela reorientação da pol. cafeeira, pois se decidiu abandonar parcialmente a sustentação de preços seguida desde o início do século.
Missão de Aranha nos EUA, marca longo período de relações especiais com este. Deve ser entendida pelas crescentes dificuldades enfrentadas pelo Brasil em sua relação c/ o comércio de compensação c/ a Alemanha, da perda de importância das relações anglo-brasileiras e de que as relações econômicas de interesse dos EUA no Brasil eram explicitamente examinadas à luz de objetivos políticos norte-americanos no Brasil.
O comércio de compensação c/ Alemanha é gradativamente sufocada à medida que se torna perigoso acumular marcos compensados que perderiam automaticamente o seu poder aquisitivo em caso de guerra.
A eclosão da guerra resultou na perda de mercados na Europa Central, agravada em 1940, com a invasão do Eixo de boa parte da região ocidental. Isso resulta em brusca redução do saldo na BC.
Só depois de 1941, a expansão das exportações asseguradas dado aos acordos de suprimentos de materiais estratégicos aos EUA, do aumento da demanda por produtos brasileiros em mercados tradicionalmente supridos por UK e pelos EUA (reduzidos por causa do esforço de guerra de ambos) e dos melhores preços de café – garantidos pelo acordo Interamericano, resultou em considerável expansão dos saldos da BC.
As dificuldades relativas à obtenção de importações resultaram em efeitos contraditórios sobre a economia, pois o crescimento industrial era limitado pela dificuldade de obtenção de insumos essenciais e de bens de capital que possibilitassem a ampliação da capacidade da industria doméstica. 
De qualquer modo, isso não resultou em queda substancial da taxa de crescimento da produção industrial doméstica agregada – 1939-42: 1,6% a.a.; 1942-45: 9,9% a.a. (comparável a taxa de 1933-39). O comportamento do PIB foi pior devido a estagnação do produto agrícola, cresceu a taxa de 04,% entre 1939-42 e 6,4% entre 1942-45. O ano de 1942 seria então um ano de inflexão p/ a economia brasileira: houve aceleração do crescimento industrial, acumularam-se as reservas cambiais e observa-se a entrada de capitais privados norte-americanos, após longo período de desinteresse. Essa retomada do crescimento não estava dissociada das políticas fiscal, monetária e creditícia expansionistas adotadas a partir de 1942. A partir de 1942, o governo reverte a política de financiamento do déficit público, acumulando maciço déficits financiados através de emissão monetária.
A inflação acelerou-se a partir de 1941, mantendo-se a grosso modo, entre 15%-20%, estimulada pelos saldos na BC. As tentativas de contenção inflacionária foram muito tímidas quando comparada as de outros países.
As restrições ao comércio brasileiro acarretam aumento considerável da dependência com relação aos EUA, seja como mercado, seja como fonte supridora de produtos importados. De qualquer modo, os EUA se interessava no acesso ao comércio exportador dos países latino-americanos e desejavam garantir o seu acesso a matérias-primas necessárias à condução da guerra, bem como privar os países do Eixo desses produtos. Ajudando assim, a sustentar os preços de produtos de exportação dos países latino-americanos.
O endurecimento da pol. norte-americana c/ o Brasil, ocorrido c/ a aproximação da paz, é transparente ao examinar-se a pol. de preços de café. As pressões brasileira p/ o reajustamento dos preços devido ao aumento explosivo dos custos de produção foram em vão, pois os EUA argumentavam que isso contrariava a pol. e controle de preços nos EUA. Porém, eles não conseguiram insistir em suas políticas, pois os consumidores europeus voltavam ao mercado e um número crescente de pessoas tomava consciência do alto custo político da recusa em ceder às pressões dos países produtores de café. O caso do café mostra a generosidade inicial norte-americana tornando-seprogressivamente menos magnânima (que perdoa facilmente), à medida que diminuía a necessidade de recorrer a incentivos econômicos p/ garantir apoio político latino-americano.
Em 1937, logo após o golpe de Estado, fora decidido suspender o pagamento do serviço da dívida, com base no argumento de que não seria possível respeitar as disposições do esquema Aranha de 1934. A alternativa de um novo FL foi descartada pois envolveria um aumento da dívida já em circulação – esta já substancial se comparada com a capacidade de gerar divisas. A reação britânica contrasta c/ a cautela norte-americana, que deve ser entendida à luz dos objetivos estratégico destes no Brasil sob o contexto de ‘boa vizinhança’. A avaliação da política relativa à dívida pública externa sugere que nos anos iniciais da década de 1930, o Brasil pagou o serviço acima de suas possibilidades cambiais, enquanto que a partir de 1937, pagou menos do que indicava a sua presumível capacidade de pagar. Isso não é surpreendente quando se considera a regra de que argumentos econômicos cedem lugar a critérios políticos quando se trata de reajustar o montante da dívida pública externa. 
Com a aproximação do final da guerra, verifica-se uma reorientação da política norte-americana relativa ao apoio a governos latino-americanos que não haviam sido eleitos por voto popular (como Brasil – Estado Novo = golpe de estado em 1937 sob a argumentação de planos comunistas). O Brasil, antes uma “ditadura mais aceitável do que outras” passa a ser uma preocupação quanto a falta de democracia interna. É nesse contexto e como resultado de considerável agitação da política interna que devem ser vistas as tentativas de Vargas de redefinir as bases políticas em 1944-45, absorvendo os segmentos mais radicais do cenário político nacional, mas essas tentativas fracassa com sua deposição ao final de 1945. A eleição de um novo governo menos apto a ter dúvidas quanto à necessidade de respeitar os compromissos implícitos e explícitos assumidos pela Brasil em relação aos EUA, marca o início de um longo período de hegemonia econômica e políticas dos interesses norte-americanos no Brasil.
Capítulo 4 – Política Econômica Externa e Industrialização: 1946-1951 [Sérgio Besserman].
Introdução
Com a queda de Getúlio e o Estado Novo, em 1945 – por influência de pressões políticas domésticas (militares) e também da pressão dos EUA, Eurico Gaspar Dutra é eleito Presidente da República.
Política Econômica de seu governo pode ser delimitada por dois marcos relevantes: mudança na política de comércio exterior, c/ a adoção do sistema de contingenciamento às importações, entre meados de 1947 e início de 1948, e o afastamento do Min. Faz. Corrêa e Castro, em meados de 1949, indicando o fim de uma política econômica contracionista tipicamente ortodoxa para outra, mais flexível nas metas fiscais e monetárias.
As perspectivas que o governo Dutra tinha em seu início foram fundamentalmente determinadas pela idéia de uma rápida reorganização da economia mundial, de acordo c/ os princípios liberais de Bretton Woods (envolviam prioritariamente a eliminação de barreiras ao livre fluxo de bens e a multilateralização do comércio internacional). 
‘Ilusão de divisas’ – ao final da 2a GM autoridades monetárias e cambiais se julgavam credores dos EUA pela ajuda oferecida durante a guerra e acreditava que uma política liberal de câmbio atrairia bom fluxo de IED’s.
É um equívoco imaginar, contudo, que a reorganização da economia mundial no pós-guerra tenha resultado de uma implementação automática das decisões da conferencia de Bretton Wood (1944). 
Na verdade, o restabelecimento do sistema padrão ouro-divisas tendo o dólar como moeda internacional de reserva, o objetivo de livre convertibilidade das moedas após um curto período de transição, a criação do FMI p/ zelar pelos aspectos monetários dos acordos de Bretton Woods e conceder empréstimos aos países cujos BP apresentassem déficits, a criação do GATT c/ a função de reduzir obstáculos ao comércio internacional, e o fato do BIRD ter sido criado sem possuir recursos p/ ajudar efetivamente os países europeus no esforço de reconstrução, revelam que Bretton Woods era compreendido como um sistema de equilíbrio e que o objetivo norte-americano era o de moldar a economia do pós-guerra congelado a relação de forças entre os EUA e o resto do mundo capitalista, tanto em seus aspectos econômicos quanto políticos.
Não havia equilíbrio possível nas condições imediatas do pós-guerra. Os EUA haviam crescido muito nos anos da guerra enquanto a Europa e Japão estavam devastados.
O governo dos EUA via a reconstrução do pós-guerra sob uma ótica liberal e multilateral. Entretanto, estes conceitos exigem condições estruturais normais. Seria arriscado e poderia reduzir as trocas entre europeus, a pretexto de salvaguardar os ‘direito’ dos exportadores norte-americanos.
Só os EUA podiam, entre 1945-49, fornecer ao mundo inteiro os bens de consumo e os equipamentos que se necessitava. A volta ao multilateralismo em 1947 era prematura.
O resultado foi um forte desequilíbrio nas transações em ouro e dólar do resto do mundo com os EUA, gerando o período de ‘escassez de dólares’ (dollar shortage).
O quadro econômico sem perspectivas e as difíceis condições de vida, aliado ao prestigio de forças de esquerda, geravam condições p/ que efetivas rupturas ocorressem na Europa Ocidental. Assim, os EUA aceitaram postergar os objetivos de BW, compreendendo a predominância de seus interesses estratégicos e de organização de sua hegemonia no mundo sobre seus interesses econômicos imediatistas. Em 1947, é anunciada a Doutrina Truman – disposição dos EUA em combater a expansão comunista e a aprovação do Plano Marshall. Nesse mesmo ano, comunistas foram excluídos dos governos da França e da Itália, enquanto no Brasil foram postos na ilegalidade. Começava a Guerra Fria.
No plano econômico, alem das ajudas financeiras, foi aceita a postergação da livre conversibilidade das moedas e assinado acordo de compensação monetária entre países.
Começa uma longa transição de uma década em direção a livre convertibilidade e ao multilateralismo. Em 1949, ocorrem fortes desvalorizações cambiais frente ao dólar das principais moedas do mundo. EUA aceitam restrições européias e japonesas a seus produtos sem retaliações. Em 1950, surge a União Européia de Pagamentos, consolidando a idéia da transição. As políticas cambial e comerciais adotadas no Brasil de 1947-61 relacionam-se c/ esse movimento da eco. mundial.
O governo Dutra foi marcado pelas expectativas bastante favoráveis quanto a situação econômica externa. Havia, a esperança de grande alta no preços do café (1946, elimina-se o preço-teto por parte do governo dos EUA). Logo, autoridade estavam frente a uma ilusão de divisas que se apoiava sob três pontos: 1) o país parecia estar em situação bastante confortável em relação às suas reservas; 2) julgava-se credor dos EUA pela colaboração oferecida durante a 2a GM; 3) acreditava-se que uma pol. liberal de câmbio seria capaz de atrair significativo fluxo de IED’s, dando solução duradoura p/ o potencial desequilíbrio no BP.
Política Econômica Externa
Devem ser analisadas com a ‘ilusão de divisas’ que se tinham as autoridades brasileiras, em mente. A taxa de câmbio foi mantida em torno de Cr$18-19 por dólar, havendo um relaxamento dos controles cambiais no início de 1946, pela instituição do mercado livre, c/ a abolição das restrições a pagamentos existentes desde o início dos anos 30 – sobrevalorização real era evidente.
Objetivos dessas medidas incluíam: 1) atender a demanda de matérias-primas e de bens de capital p/ reequipamento da indústria – desgastados durante a guerra; 2) forçar a baixa dos preços industriais e estimular o ingresso de capitais, com a liberalização da saída dos mesmo – como fator de atração, levando a um aumento da oferta de importados pelo câmbio sobrevalorizado. Alem disso, acreditava-se ser possível fazer política anti inflacionária reduzindo as reservas em dólaresatravés de saldos negativos na BC; 3) a pol. liberal de câmbio refletia a esperança de que a liberalização das saídas de capital pudesse estimular também ingressos brutos em proporção significativa no futuro.
A ilusão que se tinha, foi primeiro vista como falsa pela avaliação da situação das reservas internacionais – a quantidade liquida e utilizável era muito menor que a esperada, alem do que, evoluíram de modo desfavorável: na medida que o problema na BC era o fato de que acumulava superávits comerciais apenas na área de moeda inconversível, enquanto acumulava déficits crescentes com os as outras moedas fortes.
Mudança na estratégia global dos EUA, esvaíram as esperanças de grande influxo de capital norte-americano no Brasil – deram preferência a ajuda na reconstrução da Europa. Ao Brasil restava recorrer aos capitais privados.
Desfeitas as ilusões que a restrição externa havia sido superada, a opção que se mostrava clara era a desvalorização da moeda – opção posta de lado por Dutra, por alguns motivos: 1) uma vez que a demanda estrangeira por café era relativamente inelástica ao seu preço, uma taxa de câmbio sobrevalorizada – ao desestimular a oferta do produto – era útil p/ sustentar os preços internacionais do café; 2) autoridades temiam que essa medida fosse contra produtiva aos esforços de combates a inflação; 3) a desvalorização ajudaria a obter superávits com áreas de moeda inconversível e não afetaria demasiadamente o saldo c/ as áreas de moedas fortes, pois a exportação p/ esta eram especialmente de café (70%), que tinham demanda inelástica ao preço. Os possíveis superávits não ajudariam portanto, a minorar o problema c/ a área conversível e acabariam exercendo pressão sobre a base monetária; 4) as importações eram relativamente inelásticas ao preço, então uma desvalorização dificilmente reduziria o dispêndio total em produtos importados, assim como não garantiria nenhuma seletividade na composição da pauta.
A alternativa imposta em julho de 1947 foi a instituição de controles cambiais e de importações – controle este, não rigoroso e as restrições ao comércio exterior foram apresentadas como temporárias. Apenas em 1948 adotou-se o primeiro sistema de contingenciamento de importações baseado na concessão de licenças prévias, de acordo com as prioridades do governo.
Analisando sua capacidade de reduzir o déficit com a área conversível, o sistema de licenciamento funcionou a contento. Este foi reduzido de déficit de US$313mi. em 1947 para pequeno superávit de US$18mi. em 1949. Na área de moeda inconversível , ocorreram superávits em 1947 e 48 e equilíbrio nos anos até 49.
Contudo, um resultado não desejado da manutenção da taxa cambial foi a perda de competitividade das exportações brasileiras – principalmente mercados europeus, devido a desvalorização das principais moedas nestes em 1949. Levando as exportações de manufaturados que haviam crescido durante a guerra a perder espaço no mercado internacional. As outras, exceto o café também contraíram. Entretanto, atribuir essa queda apenas à sobrevalorização do cruzeiro é um exagero. Outras causas foram: a progressiva reorganização da economia mundial após a guerra, a decisão de evitar acúmulo de moedas inconversíveis c/ superávits comerciais nessas área, e a opção de reduzir pressões inflacionárias através de um aumento da oferta p/ consumo doméstico.
Tentando fazer frente às dificuldades envolvidas na exportação, o governo permitiu aos exportadores de gravosos (produtos que não tinham colocação no mercado internacional devido à taxa de câmbio sobrevalorizada) vender em suas cambiais diretamente aos importadores de taxa de câmbio mais favorável, o que equivalia a uma desvalorização implícita. Essas operações, denominadas vinculadas, surgiram em 1948 por iniciativa de particulares e foram posteriormente regulamentadas e incentivadas pela Carteira de Exportação e Importação (CEXIM), entre outras razões porque ofereciam certa margem de defesa contra a desvalorização da libra esterlina, seja no tocante à penetração de produtos brasileiros em mercados cuja moeda havia sido desvalorizada em linha c/ a libra, seja c/ relação à competição em outros mercados, visto que a desvalorização alcançara e favorecera regiões produtoras concorrentes do Brasil. É evidente que, nessas condições as únicas importações que se tornavam rentáveis p/ o importadores eram as de bem duráveis, p/ os quais havia permanente excesso de demanda. O objetivo de colocação de gravosos foi colocado em segundo lugar, diante das possibilidades abertas ao comércio importador, e as operações vinculadas chegaram a movimentar 25% da compra e venda de cambiais no comércio exterior em 1950. Metade do valor das operações vinculadas realizou-se na área do dólar. As principais exportações foram cacau e derivados e madeiras (exclusive pinho) e as principais importações, automóveis e geladeiras.
Importações continuaram comprimidas e controladas. Há indícios de que em 1949, começou a surgir novo posicionamento frente à questão das importações: o sistema de licenças prévias passava a ser encarado conscientemente como instrumento de promoção de substituição de importações.
Como a compressão das importações era extrema na área de moeda forte, produziu-se tensão em setores chaves da economia, nos quais o nível de estoque estava tão baixo que a escassez afetava a produção. Isso, aliado ao aumento da capacidade de importar devido a alta nos preços do café levaram o governo Dutra a iniciar certa liberalização na concessão de licenças p. importar no segundo semestre de 1950.
Substituição de Importações e Crescimento Industrial
Embora instituído para fazer frente ao desequilíbrio externo e dar melhor uso a pouca moeda estrangeira disponível, o controle cambial acabou por ajudar no crescimento da indústria no pós-guerra. 
A taxa de câmbio sobrevalorizada e às medidas discriminatórias de bens de consumo não-essenciais e daqueles com similar nacional (controle de importações), tiveram três efeitos: 1) efeito subsídio, associado a preços relativos artificialmente mais baratos para bens de capital, matérias primas e combustíveis importados; 2) efeito protecionista, através de restrições a importação de bens competitivos; 3) efeito lucratividade - combinação dos dois primeiros, taxa de câmbio sobrevalorizada levou a uma alteração da estrutura das rentabilidades relativas, estimulando a produção p/ o mercado doméstico em comparação com a produção p/ exportação. Esse último efeito só não recaia sobre o setor cafeeiro, c/ preços internacionais altos.
Paralelamente à imposição aos controles cambiais, o crédito real à indústria cresceu de 1947-50.
A combinação dos dois, levou a produção real da indústria de transformação a crescer em pouco mais de 9% a.a. em 
Em suma, o avanço do processo de industrialização nos primeiros anos apos a Segunda Guerra foi, essencialmente, um efeito indireto dos controles cambiais e de importação adotados como resposta aos problemas no BP. Tratou-se de um movimento fundamentalmente levado adiante pelo setor privado (exceção da CSN) como resposta a mudança de preços relativos, que permitia acesso a insumos essenciais a custo baixo, simultaneamente, conferia proteção à produção doméstica de produtos finais.
A única intervenção planejada do Estado p/ o desenvolvimento terminou sendo o Plano State, tentativa de coordenação dos gastos públicos p/ os setores de saúde, alimentação, transporte e energia, que previa investimentos p/ os anos 1949-53. Principal dificuldade: falta de formas de financiamento definidas. Atravessou o segundo governo Vargas sem grandes resultados e foi extinto durante a administração Café Filho.
(...resumo passa a ser do livro do Giambiagi)
Política Econômica Interna
Marcadamente Ortodoxa. Inflação que fora identificada como o principal problema a ser enfrentado, foi diagnosticada oficialmente como derivada de excessos de demanda agregada. Sua eliminação dar-se-ia através de uma política monetária contracionista reduzindo o dispêndio privadoe política fiscal austera.
Apos enorme déficit em 1946, as contas da União geraram pequenos superávits em 1947 e 48 c/ a contenção dos gastos em investimentos públicos. A política monetária contanto foi pressionada pela expansão do crédito do BB - voltado principalmente p/ o financiamento da indústria. PIB cresceu 9,7% em 1948 – graças ao crescimento industrial, apos cair 2,7% em 1947.
A substituição de Correa e Castro por Guilherme da Silveira no Min. Faz. marca um ponto de inflexão na política econômica ortodoxa até então praticada no governo Dutra. O que gerou enorme déficit no orçamento público (3 esferas) em 1949 e 50. A expansão real do crédito do BB, c/ a política monetária “frouxa” levou à inflação anual a níveis de dois dígitos nesses anos. PIB cresceu 7,7% e 6,8% nesses mesmos anos.
Três motivações para essa reversão na política econômica nos dois últimos anos de Dutra. Em primeiro lugar, proximidade das eleições e em segundo, aumento da demanda do setor industrial c/ as políticas de câmbio sobrevalorizado e controle de importações que aumentavam os investimentos na indústria de bens de consumo duráveis. Em terceiro lugar, a desvalorização da libra e outras moedas em 1949, indicava a transição em direção à livre conversibilidade das moedas seria lenta.
O Governo Vargas: 1951 – 1954
Retorno de Getúlio ao poder se deu de forma triunfal como uma campanha baseada na defesa da industrialização e na necessidade de se ampliar a legislação trabalhista. Iniciou seu governo com espírito conciliatório, procurando atuar como árbitro diante das diversas forças sociais.
O Projeto de Governo
No plano doméstico, destaque para a volta do processo inflacionário e recorrência do desequilíbrio financeiro do setor público. No setor externo, expectativas eram mais favoráveis e decorriam da elevação dos preços do café e na mudança de atitude do governo norte-americano para com o continente latino-americano (possibilidade de novos fluxos de poupança externa). 
Particularmente, para o Brasil, a vitória de Getúlio parece ter acelerado a disposição norte-americana p/ colaborar com o vasto programa de equipamento e expansão de setores de infra-estrutura básica proposto desde o fim da Guerra. Assim surge a CMBEU – foco em elaborar projetos concretos a serem financiados pelo Eximbank e o BM, ao final de 1950, antes da posse de Vargas e iniciando suas atividades um ano depois.
CMBEU era fundamental para o sucesso das aspirações de desenvolvimento econômico do novo governo. Em primeiro lugar, para assegurar financiamentos para a superação de “gargalos” na infra estrutura e em segundo, como conseqüência dessa desobstrução, o fluxo de capitais dirigidos ao Brasil poderia aumentar. Projeto da CMBEU foi comparado por Getúlio, Min. Faz. Horácio Lafer e Aranha em mensagem ao Congresso Nacional 1951, ao governo Campos Sales (de austeridade econômica) e Rodrigues Alves (marcado pelo vigoroso programa de obras públicas).
Dentre as realizações de Getúlio, destaca-se a criação de duas empresas estatais – o BNDE e Petrobras.
Rumo ao Colapso Cambial: 1951-1952
Os objetivos da política econômica da fase “Campos Sales”: comprimir severamente as despesas governamentais e aumentar, na medida do possível, a arrecadação e adotar políticas monetária e creditícia contracionistas. As primeiras foram efetivamente reduzidas e a política monetária também foi conduzida ortodoxamente, embora a política creditícia tenha se movido de forma contrária. A variação do IGP-DI revelou a persistência do processo inflacionário iniciado ao final do governo Dutra. O PIB real cresceu 4,9% e 7,3%, respectivamente.
A criação do BNDE e da Petrobras
BNDE (1952) – Com a utilização dos financiamentos obtidos pela CMBEU, foi dada a incumbência ao banco de gerir o Fundo de Aparelhamento Econômico, de administrar e garantir os créditos em moeda estrangeira comprometidos c/ o Programa de Reaparelhamento Econômico preparar, analisar e financiar projetos específicos dentro do programa. 
Petrobras (1953) – Remonta aos debates, iniciados ao final da Primeira República, em torno da nacionalização das jazidas de petróleo brasileiras, com as recorrentes dificuldades de abastecimento de petróleo e derivados caracterizavam o setor petrolífero como de caráter estratégico p/ a economia e soberania do país. Campanha “o petróleo é nosso” iniciou-se logo no pós-guerra, engajando alem de políticos, militares e vários setores urbanos. Debate atravessaria o governo Dutra e com a imposição do imposto único sobre derivados do petróleo, coordenado pela CNP, os recursos deste seriam utilizados para a criação da estatal. Foi conferido a Petrobras, o monopólio da extração do petróleo, cabendo as companhias estrangeiras o mercado distribuidor de combustíveis.
Perspectivas relativas às transações c/ o exterior, no início do governo Vargas, eram animadoras. Alem do novo quadro de relações c/ os EUA, a situação das transações comerciais externas era bastante favorável, graças à elevação do preço internacional do café, iniciada em 1949.
Política de comércio exterior nos dois primeiros anos de Vargas manteve-se igual (moeda sobrevalorizada e concessão de licenças de importação) e assim mantinha dois objetivos: primeiro, prevenir-s quanto a uma possível generalização da guerra da CORÉIA em conflito mundial e segundo, utilizar as importações feitas a uma taxa de câmbio favorável p/ combater a persistente pressão inflacionária.
Ao contrário do esperado, em 1952, a receita das exportações caiu 20% em comparação a 1951. Em face dessa queda, o governo limitou a concessão de licenças de importação no segundo semestre de 1951 e, no início de 1952. Contanto as licenças tinham prazo de vida longo e o nível de importações permitiu bastante elevado. A crise cambial impediu os sonhos de estabilização que sustentavam o projeto “Campos Sales – Rodrigues Alves”.
A Instrução 70 da Sumoc
No início de 1953, a conjuntura econômica estava dominada pelo colapso cambial do país. Com grande volume de atrasados comerciais acumulados e sem êxito na tentativa de redução da inflação. O projeto “sanear” p/ depois iniciar uma fase de empreendimentos parecia sofrer fortes abalos.
Dificuldades essas que aumentariam no final de 1952 com a vitória do Republicano, general Eisenhower nos EUA: mudança na visão dos EUA com relação a America Latina – como conseqüência da Guerra Fria, o combate ao comunismo passou a merecer atenção prioritária e a política do ponto IV, de Truman (pregava ajuda a países subdesenvolvidos p/ ampliar as condições de trocas dos EUA c/ estes) foi abandonada. Com relação ao Brasil, ficou claro que o novo governo dos EUA não manteria o financiamento aos projetos elaborados pela CMBEU.
A partir do acúmulo de vultosos atrasados comerciais pelo Brasil, o BM decidiu interferir na política econômica conduzida no país. De início pressionou o Eximbank a adotar condições mais duras de financiamentos, p/ regularizar a situação dos atrasados comerciais. Em seguida, foi o fim da CMBEU, e a interrupção do financiamento até mesmo dos projetos já elaborados e apresentados pela comissão.
Em meio à conjuntura econômica adversa, Vargas decidi reorientar a política de seu governo. Em junho de 1953, promove uma ampla reforma ministerial: p/ o Min. Trab., Jango e p/ Min. Faz. Aranha.
A política de Aranha constituiu uma nova tentativa de estabilização da economia mantendo a visão ortodoxa do problema, mas desta vez com foco no ajuste cambial. Dois problemas centrais: situação cambial e o financiamento do déficit público sem emissão de moeda e expansão do crédito.
Meses antes, o governo havia através da Lei do Mercado Livre, instituído o sistema de taxa múltiplas de câmbio c/ objetivo de aumentar as exportações e desestimular as importações ao mesmo tempo que se permitia a entrada de capitais à taxa de câmbio do mercado livre (esperava-se que estimularia o fluxo de capitais p/ o país). Resultados foram decepcionantes. Havendo recuou no fluxo de exportações no 1o semestre de 1953 e fluxo de capitais.Em 1953, o governo atacou simultaneamente os problemas fiscal e cambial ao baixar a Instrução 70 da Sumoc. Principais mudanças introduzidas no sistema de câmbio foram: restabelecimento do monopólio cambial no BB, extinção do controle quantitativo de importações e instituição de leilões de câmbio. P/ exportações: substituição das taxas mistas por um sistema de bonificações incidentes sobre a taxa oficial.
Com a Instrução 70 passaram a existir três tipos básicos de cobertura cambial p/ as importações brasileiras: taxa oficial sem sobretaxa (M especiais), taxa oficial acrescida de sobretaxas fixas (M diretas dos governos e derivados do petróleo), taxa oficial acrescida de sobretaxas variáveis (segundo lances feitos em leilões de câmbios – onde as M eram classificadas em cinco categorias de ordem decrescente de essencialidade) p/ as demais importações.
As taxas múltiplas de câmbio, determinadas através do sistema de leilões, permitiram, simultaneamente: a realização de amplas desvalorizações cambiais, substituindo o controle de importações anteriormente imposto como instrumento de equilíbrio da BC; e a manutenção de uma política de importações seletiva, dando preferência a determinados bens, e por conseqüência protegendo à produção industrial doméstica. Alem disso, o ágio recolhido nos leilões, virou importante fonte de receita p/ União, reduzindo a necessidade de se recorrer ao financiamento inflacionário do déficit fiscal.
No tocante as exportações as taxas fixas foram substituídas por uma bonificação (subseqüentemente majorada).
Enquanto isso, apesar das intenções de Lafer e de Aranha, o governo enfrentava dificuldades em realizar uma política fiscal austera. Uma das fontes irresistíveis dos gastos públicos tendo sido as obras necessárias p/ adequação da infra-estrutura do país e do crescimento industrial sustentado desde 1948.
O objetivo da ampliação da infra-estrutura econômica do país ganhara reforço a partir das propostas elaboradas pela Assessoria Econômica do Gabinete Civil da Presidência, órgão constituído em 1951. Os técnicos desta que propuseram a criação de diversas empresas estatais, exemplos: BNDE, Petrobras e Eletrobrás.
Balanço da economia em 1953: PIB apresentou crescimento de 4,7% (inferior a todos anos anteriores). Entretanto, a indústria cresceu 9,3%. Crescimento mais modesto do PIB deu-se pelo medíocre desempenho da agricultura devido à forte seca ocorrida no Nordeste naquele ano e também pela estagnação do setor de serviços, com a diminuição das importações. A inflação deu um salto de 12,5% para 20,5%. A explicação, na visão ortodoxa: retorno do déficit público e conseqüente aumento dos meios de pagamento. Mas na verdade, também pode ser atribuída ao impacto das desvalorizações cambiais decorrentes da Instrução 70, que pressionaram os custos de produção das empresas.
1954 – Novas Dificuldades: Salários e Café
No início de 1954, as perspectivas de evolução do setor externo pareciam favoráveis. A BC deficitária em 1952, fechara 1953 superavitária, reversão causada pela dramática queda de um terço no valor das importações.
As grandes dificuldades para o programa de estabilização de Aranha, situavam-se na (i) política p/ o salário mínimo e (ii) problemas do café:
A decisão a respeito do aumento salarial foi precedida de intensa polêmica e tensão política. Jango propunha reajuste de 100% e enquanto o percentual necessário p/ recomposição do pico do reajuste anterior era de cerca de 53%, contra estavam a UDN, oficiais do exército (Manifesto dos Coronéis) e Aranha que propunham reajuste próximo a 33%. Como conseqüência do manifesto, Min. Guerra, afastado do cargo e Jango destituído. Preocupado c/ o desgaste de seu governo Vargas, em discurso na cidade de Petrópolis, concedeu reajuste de 100%, elogiou Jango e concluiu com vigoroso apelo à mobilização das classes trabalhadoras. O aumento contrariou profundamente Aranha e seu principal colaborador, Souza Dantas – presidente do BB que chegou a pedir demissão. 
Além do reajuste salarial, as dificuldades com os altos preços do Café no mercado internacional, prejudicavam o plano de estabilização econômica, já que as exportações brasileiras caíram abruptamente, atingidas por um boicote de consumidores dos EUA que enxergavam práticas monopolistas dos países exportadores de café.
Em suma, as dificuldades do café voltavam a colocar no horizonte a possibilidade de uma crise cambial e o combate a inflação foi prejudicado pelas desvalorizações cambiais embutidas na Instrução 70 e pelo reajuste de 100% no salário mínimo.
O Desfecho Trágico
Setores conservadores –representados na UDN – davam prosseguimento à campanha contra Vargas e seu governo – acusado pela maioria esmagadora da imprensa de populistas, corruptos e excessivamente simpáticos aos sindicatos. Pressão para retirada de Vargas do poder não parava de crescer ao ponto que porta vozes da oposição começavam a admitir o golpe de estado e pedir o impeachment do Presidente.
Com o incidente da rua Tonelero, contra o deputado Carlos Lacerda - prócer da UDN carioca e critico mais virulento do regime, onde seu acompanhante, um major da Aeronáutica, foi assassinado, a investigação das Forças Armadas, insufladas pelo coro dos círculos antivarguistas, culminaria com a exigência da renúncia do presidente. Primeiro Vargas aceitou afastamento do cargo até que o incidente da Tonelero fosse concluído, mas com a marcha de um grupo de generais no mesmo dia ao Palácio do Catete exigindo sua renúncia imediata, Vargas recolheu-se a seus aposentos e se matou com um tiro no peito.
O reajuste do salário mínimo que acirrou as tensões entre os agentes econômicos e atores do processo políticos somados a natureza política de Vargas, que se propunha a contentar um amplo espectro da sociedade sem a realização de transformações e sem contar com uma sociedade civil organizada, mostrou-se frágil quando colocada diante de um quadro de adversidades econômicas. Sem poder contar com o apoio popular, o isolamento político de Vargas era um fato. A conjuntura era extremamente propícia à intensificação da virulenta campanha oposicionista.
O gesto trágico do suicídio de Vargas, teve profundas repercussões históricas: possibilitou formação de uma frente anti-golpista em favor da democracia e impulsionou a recomposição da frente de centro-esquerda, mais adiante, responsável pela eleição de JK.
O Interregno Café Filho: 1954-55
Prioridade imediata da política econômica era o enfrentamento da grave situação cambial, fruto da queda dos preços de café e do vencimento de créditos de CP.
Devido ao prestígio que tinha junto à comunidade financeira internacional, Eugênio Gudin foi escolhido p/ a pasta da Fazenda. Apesar de considerar necessário obter pelo menos US$300mi. em novos créditos p/ superar a crise cambial, apenas US$80mi. foram conseguidos. E assim, sem restar alternativas, buscou-se os bancos privados, dos quais foi possível levantar mais US$200mi. oferecendo como garantia os US$300mi em reservas estrangeira em ouro que o Brasil possuía. 
Em compensação à medida que a economia mundial caminhava em direção à conversibilidade das principais moedas, a perspectiva de restabelecimento de um movimento internacional de capitais privados tornava-se mais promissora.
Gudin desejava remover os obstáculos à livre entrada de capital estrangeiro, e é sob esse prisma que deve ser vista a controvertida Instrução 113 da Sumoc de 1955. Esta, consolidou a legislação anterior e deu uma passe adiante autorizando a Carteira de Comércio Exterior – CACEX do BB, a emitir licenças de importação sem cobertura cambial p/ equipamentos e bens de produção.
Tratava-se de um mecanismo claramente vantajoso p/ o investidor externo. Desde que a taxa de câmbio livre permanecesse inferior à taxa cambial aplicável à categoria III (bens de capital) de importações era mais vantajoso para a firma estrangeira internar bens de capital diretamente pela Instrução 113 do que comprar licenças de importação no leilão pertinente.
Período correspondente àgestão Gudin testemunhou um dos mais ortodoxos programas de estabilização da história econômica contemporânea, gerando ampla crise de liquidez e substancial elevação do numero de falências e concordatas no primeiro semestre de 1955, elem de significativa queda na formação bruta de capital fixo. Ao se juntarem o descontentamento da cafeicultura c/ a taxa de câmbio (relativamente valorizada) p/ exportação de café – o que o setor chamava de ‘confisco cambial’ – e o início de pressões sobre a política econômica decorrentes da aproximação das eleições presidenciais, Gudin pediu demissão, no início de abril de 1955.
Visando apaziguar as elites econômicas de São Paulo, particularmente os cafeicultores, Café Filho nomeia para Min. Faz., José Maria Whitaker. Este um contundente critico das taxas de câmbio múltiplas tinha como meta principal a eliminação do ‘confisco cambial’ que reduzia a lucratividade do setor exportador. Whitaker abandonou a política de contenção de crédito, e , em relação ao combate à inflação, permaneceu no plano da retórica.
Quanto à pol. cambial, Whitaker estava determinado a instituir um mercado totalmente livre, unificando as taxas e procedendo a uma razoável desvalorização cambial. Antes disso, contudo, julgava que seria preciso fortalecer significadamente a posição externa do país e reformular o sistema tarifário brasileiro, p/ garantir relativa proteção às indústrias apos a eliminação dos ágios cambiais.
O FMI aprovou o plano de reformulação do sistema cambial brasileiro, preparado pelo economista Roberto Campos, presidente do BNDE. No entanto, Café Filho, decidiu encaminhar o projeto ao Congresso Nacional, o que significava, na prática, sepultar a reforma cambial. Com a rejeição à proposta, Whitaker renunciou ao cargo. Seu substituo Mário Câmara, nada pode fazer nos três meses que restavam para o mandato de Café Filho.
Balanço e Conclusões
Os dez anos que se seguiram ao fim da 2a GM foram de forte expansão do PIB e de pressões inflacionárias. A taxa de investimento média também cresceu, refletindo o avanço do ISI e investimentos públicos de infra-estrutura. As exportações e importações que cresceram a taxas de dois dígitos no governo Dutra, perderam fôlego entre 1951-55, no contexto da queda das receitas de café e do avanço do ISI, c/ a economia crescentemente voltada para dentro.
Buscando-se o principal legado do período 1945-55, este parece residir no reforço da industrialização baseada na substituição de importações e na continuidade de um nacionalismo de cunho pragmático.
Cap. II – Dos “Anos Dourados” de JK à Crise Não Resolvida (1956-1963), André Villela
Introdução
Período entre 1956 e 1963 inscreve-se no continuum democrático-populista iniciado no pós-Segunda Guerra. Pelo lado da economia, esse período também dá continuidade – até 1962 – a um longo ciclo de expansão, cujo início data da recuperação relativamente precoce da economia brasileira dos efeitos da Grande Depressão dos anos 30.
As mudanças, no plano político, não tomariam a forma de ruptura até o Golpe Militar de 1964. A posterior deposição do presidente Jango seria “apenas” o ponto culminante de um processo gradual de polarização da sociedade brasileira, em marcado contraste com o clima de relativa estabilidade política sob JK.
A inesperada renúncia de Jânio ajudaria a agravar a crise econômica que, sob Jango, se misturaria a um quadro político que se deteriorava rapidamente. Ao final, o país assistiria à deposição de Jango, pela via da força, pondo fim à crise política.
Período é marcado indelevelmente pela figura carismática do presidente JK e lembrado como a “era de ouro” tropical: da economia brasileira, 1a Copa do Mundo vencida, florescimento da Bossa Nova e do Cinema Novo.
Crescimento e Transformações Econômicas
As eleições de outubro de 1955, colocarem a frente quatro candidatos, entre eles JK. Este, ressaltou durante sua campanha eleitoral, o fato de o país estar atravessando uma fase transição, entre um passado agrário e um futuro industrial e urbano. Assim, seu plano de governo falava explicitamente em acelerar o desenvolvimento econômico, como forma de transformar o país estruturalmente. Com 36% JK foi eleito com Jango sendo eleito seu vice, assegurando assim, a vitória dos partidos herdeiros do getulismo.
Baseando-se no sinal de atraso econômico advindo da alta participação do setor agropecuário no PIB que JK se empenhou para reverter este quadro através de pesados investimentos públicos e privados nos setores industrial e de infra-estrutura econômica, reunidos em seu Plano de Metas.
O êxito do plano é confirmado pelo comportamento do PIB. Apos crescimento modesto em 1956, entre 1957-60 a economia cresceu, respectivamente, 7,7%, 10,8%, 9,8% e 9,4%. Em 1961 – ano da breve passagem de Jânio pela presidência, a economia cresceu respeitáveis 8,6% - embalados pelos vultosos investimentos do Plano de Metas de JK.
Se em termos de expansão de produto não há como se questionar o sucesso do plano, o mesmo não pode ser dito com relação ao comportamento da inflação das finanças públicas e das contas externas do Brasil. No início do mandato JK, a inflação o IGP estava em 12,2% ao final, rodava entre 30% e 40%. No tocante às contas públicas, o quadro não era dos melhores, o déficit do governo federal dobrou em termos reais entre 1956-63.
Os indicadores macroeconômicos foram quase sempre melhores durante o governo JK que nos governos Jânio-Jango. Não resta dúvida que o aumento do patamar inflacionário e da razão da dívida externa liquida/exportações no período 1961-63 foi em grande medida herdada dos anos JK. Até mesmo a desaceleração do PIB nos governos J-J pode ser vista como um legado do período anterior. De fato essa perda de dinamismo deu-se pelo termino grande bloco de investimentos associado ao Plano de Metas, mas também, das tentativas de estabilização dos dois governos.
No campos social, o objetivo enunciado por JK em seu Plano de Desenvolvimento (“aumentar o padrão de vida do povo, abrindo oportunidades p/ um futuro melhor”) parece ter se cumprido. A esperança de vida ao nascer dos brasileiros aumentou assim como houve queda na taxa de mortalidade infantil. O analfabetismo também deixou de caracterizar a maior parte da população com mais de 15 anos na década de 1950.
No campo estrutural, o setor agropecuário que respondia por 23,5% do PIB em 1955 a partir da implementação do Plano de Metas, perde espaço para o setor industrial, e em 1960 tem peso de 17,8% do PIB. Com a indústria passando de 25,6% para 32,2% nesses anos. A perda de importância do primeiro continuou até 1963, atingindo 16,3% enquanto a indústria atingia 32,5%. Com a parcela de serviços no PIB tendo permanecido, a grosso modo, constante entre 1956-63 em torno de 50% do total.
Como é sabido, a ISI teve início espontaneamente nos primeiros anos da República, no rastro do fenômeno especulativo conhecido como Encilhamento. Atravessando a 1a GM e Grande Depressão seguindo m curso “natural”. Alcançada a fase “fácil”, surgiram pontos de estrangulamento. A restrição cambial que caracterizaria o período pós-Segunda Guerra tornou ainda mais premente a necessidade de se contar com uma oferta doméstica desses insumos e máquinas. A partir da década de 1940, assiste-se a uma maior intencionalidade no processo de ISI, que passa a ser dirigido pelo governo, valendo-se, dentre outros instrumentos, de seletividade no mercado de câmbio. 
O governo JK aprofundaria mais ainda o processo de ISI, através do Plano de Metas. Resultado dos maciços investimentos realizados seria um aumento da taxa de investimento (formação bruta de capital fixo/PIB), que passou de 13,5% em 1955 para 15,7% em 1960, chegando a 17% em 1963.
O crescimento econômico e as mudanças estruturais no período de 1956-63 , decorrem em grande medidas econômicas, que, por sua vez, estiveram condicionadas em maior ou menor grau às restrições políticas e econômicas domésticas e externas.
Os Anos JK
A Política Cambial
Devido às dificuldades de se praticar políticas fiscale monetárias ativas na época, a política cambial terminou sendo o principal instrumento de política econômica na déc. 1950. Devido à “escassez de dólares”, tornou necessária a criação de mecanismos muitas vezes engenhosos de alocação de divisas escassas. Entre elas estão a Intrução 70 (1953) e Instrução 113 (1955) da Sumoc.
O Rei Café Perde A Sua Majestade
Durante muito tempo o café foi sinônimo de Brasil e o Brasil de café. Após início de expansão do plantio no período imperial (1822-1889) e passagens de crescente importância a economia e sociedade do Brasil durante a Primeira República, o setor começa a perder força no pós-Segunda Guerra. Ainda assim os 10 anos após o final do conflito foram de escassez de oferta do produto no mercado internacional.
A conseqüente elevação dos preços do produto entre 1945-54, foi favorecida pelo fim do preço-teto estabelecido pelos EUA durante a guerra e funcionou como forte estímulo a expansão do cultivo do café no Brasil e no resto do mundo. Resultado: mais um período de superprodução de meados de 1950 a meados de 1960. No caso brasileiro, as compras dos excedentes exerceram forte pressão sobre os gastos do Tesouro nos anos JK, prejudicando em muito a condução da política macroeconômica no período.
Após relativa estabilidade entre 1955-57, os preços internacionais do café dão início a uma trajetória de queda, refletindo a expansão da oferta mundial do produto. Se seu peso nas exportações permaneceu em torno de 60% na déc. de 1950, sua participação caiu pela metade, refletindo o avanço do ISI. Neste sentido, anos 50: marcam uma inflexão na primazia do café na eco. brasileira.
Se a Instrução 113 contribuiu p/ o aumento da dívida externa liquida brasileira, por outro, teve o mérito inquestionável de impedir que a restrição de divisas levasse ao abandono dos planos de investimento do Plano de Metas.
O Plano de Metas
Os antecedentes: Plano State (Dutra – implementado apenas parcialmente), CMBEU (41 projetos nos quais destacavam-se aqueles que visavam resolver os estrangulamentos nos setores de energia e transportes e também recomendou a criação do BNDE –fundado em 1952).
CMBEU ganha fôlego em 1956, c/ um decreto feito por JK que instituía o Conselho de Desenvolvimento, diretamente ligado à Presidência da República que seria responsável pela identificação de setores da economia que, uma vez adequadamente estimulados, poderiam apresentar capacidade de crescimento – desenvolveu 30 objetivos específicos, distribuídos segundo cinco setores, denominado Plano de Metas.
Plano contemplava investimentos nas áreas de energia, transporte, indústrias de base, alimentação e educação, cujo montante orçado equivaleria a cerca de 5% do PIB no período 1957-61. Os dois primeiros receberiam a maior parte dos investimentos (71,3%), a cargo quase que exclusivamente do setor público. P/ as indústrias de base, cerca de 22,3%, sob a responsabilidade principalmente do setor privado. As áreas de educação e alimentação os restantes 6,4%.
Além dessas áreas, havia uma meta autônoma particularmente cara a JK – a construção de Brasília, cujos gastos não estavam orçados no Plano (idéia apresentada por JK na campanha eleitoral). A nova capital era vista por JK como “a chave de um processo de desenvolvimento” que integraria economicamente o Brasil.
A supervisão desses investimentos foi entregue a uma estrutura paralela à burocracia estatal, composta pelos “grupos executivos”, formados no interior do Conselho de Desenvolvimento.
A implementação do Plano dependeu da adoção de uma tarifa aduaneira protecionista complementada por um sistema cambial que subsidiava tanto a importação de bens de capital como de insumos básicos e que atraía IED. Sua execução estava sob a coordenação geral do Conselho de Desenvolvimento, que, ia revendo as metas à medida que estas eram alcançadas ou desvios constatados.
Muitas das metas alcançaram elevado percentual de realização frente ao planejado, com destaque p/ a construção de rodovias, produção de veículos e a ampliação da capacidade de geração de energia elétrica.
É importante salientar que, ao lança o Plano, o governo se esquivou de apresentar, em paralelo, uma proposta de financiamento, preferindo “procurar sua solução ao longo da execução do programa”. 
O financiamento dos projetos do Plano viria diretamente de fundos públicos (cerca de 50%), do setor privado (35%) e de agencias creditícias governamentais (15%) esta divisão de encargos “colocava o peso maior do esforço de investimento sobre o setor público, o que, na ausência de uma reforma tributaria, certamente provocaria um déficit público incompatível com a contenção da inflação ao patamar previsto”.
De fato, o principal mecanismo de financiamento do Plano de Metas foi a inflação, resultante da expansão monetária. Mecanismo clássico de extração de “poupança forçada” da sociedade por vias da inflação. Na prática o BB promovia a expansão primária ao empresta ao Tesouro p/ ajudar a cobrir o déficit de caixa. A fim de estancar esse déficit, o governo teria de recorrer a uma das três alternativas:
elevação da tributação – não factível, dada arcaica estrutura tributária.
emissão de títulos – esbarrava na Lei da Usura (i<12%) e na proibição a qualquer forma de indexação na economia.
contenção de despesas – opção que restava, e tomava forma em atrasos de pagamentos a fornecedores envolvidos em projetos ligados ao Plano de Metas.
Confrontando as hipóteses macroeconômicas adotadas pelos formuladores do Plano de Metas aos resultados efetivos, emerge um quadro misto: se por um lado a economia logrou a crescer, em média, cerca de 5%a.a. em termos per capita (mais que o dobro dos 2%a.a. previstos) e o coeficiente de importações caiu p/ cerca de 8% em 1960 (10% previstos), por outros, a inflação média entre 1957 e 1960 (25%) excedeu largamente os 13,5% antecipados.
O Plano de Estabilização Monetária
Como visto, as políticas monetária e fiscal passivas durante governo JK ao objetivo de modernização estrutural da economia, fizeram necessário do uso financiamento inflacionário p/ atender à prioridade de desenvolvimento industrial, levando a inflação a altos patamares (24,4% em 1958). A reação do governo foi o imediato encaminhamento ao Congresso em 1958 do Plano de Estabilização Monetária – PEM, elaborado pelo Min. Faz. Lucas Lopes e pelo presidente do BNDE, Roberto Campos.
Origens do PEM remontam à tentativa, pelo Brasil, de obter no início de 1958 um empréstimo junto ao Eximbank dos EUA. Este que condicionou o crédito a um aval do FMI, que, por sua vez exigiu do Brasil uma série de medidas visando conter a elevação dos preços e o crescente déficit do BP do país.
Procurando contornar as críticas do congresso ao PEM, bem como compatibilizar suas diretrizes gerais c/ a continuidade dos investimentos previstos no Plano de Metas, Lopes e Campos optaram por uma estabilização monetária gradual, em oposição ao tratamento de “choque” imposto pelo FMI. Mesmo assim as criticas se seguiram. 
JK deu início à aplicação do PEM em janeiro de 1959. Entre as medidas anunciadas, estava a diminuição dos subsídios à importação de trigo e gasolina, c/ impactos imediatos no custo de vida. 
Com o acirramento do debate e da oposição política ao PEM ao longo do primeiro semestre de 1959, JK rompeu negociações c/ o FMI. Entre crescer ou estabilizar, JK optou pelo primeiro. Abandonando o PEM, JK preservava o Plano de Metas e seu sonho da nova capital mas legava a seu sucessor um quadro de deterioração de alguns do principais indicadores macroeconômicos.
De fato, entre 1956 e 60, exportações caíram e a dívida externa liquida aumentou (50%). O déficit do governo federal, manteve-se em torno de 1/3 das receitas totais da União. Na origem desse desequilíbrio estavam o vigoroso programa de obras públicas do governo e, sobretudo, os gastos associados à política de compra dos excedentes de café. IGP-DI em 1959-59-60: 24,4%-39,4%-30,5%.
Os Governos Jânio Quadros e João Goulart
A disputa pela sucessão de Juscelino foi vencida por Jânio– com Jango novamente sendo eleito vice - e sua vassourinha que prometia enfrentar a inflação e, sobretudo, a corrupção que dizia, tomar conta do país no governo que saía.
Defrontado com os problemas macroeconômicos herdados, Jânio tratou de lançar um pacote de medidas de cunho ortodoxo, que incluíam uma forte desvalorização cambial e a unificação do mercado de câmbio (Instrução 204 da SUMOC), a contenção do gasto público, uma política monetária contracionista e a redução dos subsídios ainda concedidos às importações de petróleo e trigo.
Medidas foram bem recebidas pelos credores do Brasil e pelo FMI, garantindo significativo reescalonamento da dívida externa do Brasil, bem como a obtenção de novos empréstimos nos EUA e Europa. Tudo indicava que, se não possuía um conjunto de metas de desenvolvimento econômico à la JK, Quadros tinha, ainda que difusa, uma estratégia global para os seus cinco anos. Jamais poderemos avaliar o desenvolvimento de sua política porque já que não contava com uma base parlamentar de sustentação, em um Congresso dominado pelo PTB e PSD, renunciou a seu mandato, em um dos gestos mais dramáticos (e enigmáticos) da História do país.
A Constituição dizia que c/ a renúncia de Jânio, Jango deveria assumir a Presidência, mas logo surgiu forte oposição entre setores militares e civis – surgimento da organização das forças legalistas, lideradas por Leonel Brizola e com apoio militar. Ante a escalada das tensões, o Congresso adotou uma solução conciliatória, aprovando a mudança do sistema de presidencialista p/ parlamentarista. Permitindo a posse de Jango c/ poderes diminuídos e Tancredo Neves como Primeiro-Ministro. P/ pasta da fazenda foi indicado o banqueiro e embaixador Walter Moreira Salles, para tranqüilizar os mais conservadores, temerosos quanto à política econômica que seria adotada o governo Jango – tido como populista e excessivamente favorável aos trabalhadores.
Resultados econômicos foram favoráveis em 1961 – em que pese a grave crise política pelo qual o país passava – e certamente influenciadas pela manutenção de diversos projetos de investimentos iniciados na gestão de JK. PIB cresceu 8,6%, c/ inflação passando de 30,5 no ano antes p/ 47,8%. A taxa de investimentos caiu, num indício que o período bruto destes havia passado. De positivo, um leve aumento das exportações e queda da dívida externa liquida/exportações.
A experiência parlamentarista duraria até o final de 1962, tendo incluído três primeiros ministros distintos. Na Raiz dessa rotatividade estavam divergências entre João Goulart e os diversos gabinetes.
Vendo-se tolhido em seus poderes, Jango desejava antecipar o plebiscito sobre o regime de governo, saiu-se vencedor e o sistema voltou ao regime presidencialista. Antes, porém, c/ a deterioração do quadro econômico (crescimento em 1962 fora de 6,6% ante 8,6% um ano antes), era publicado o Plano Trienal de Desenvolvimento Econômico e Social – elaborado por Celso Furtado.
O objetivo mais geral deste era conciliar crescimento econômico c/ reformas sociais e o combate à inflação. Nas palavras de Furtado, era um desafio, contra a ortodoxia dos monetaristas, esposada e imposta pelo FMI, que visava demonstrar que era possível conduzir a economia c/ relativa estabilidade sem impor-lhe purga recessiva.
Objetivos específicos: garantir crescimento do PIB em 7,7% a.a.; reduzir a taxa de inflação; garantir um crescimento real dos salários à mesma taxa do aumento da produtividade; realizar a reforma agrária como solução não só p/ crise social mas p/ elevar o consumo de diversos ramos industriais; e renegociar a dívida externa p/ diminuir sua pressão sobre o BP.
Com relação à inflação o diagnóstico era o tradicional: advinha de um excesso de demanda causado pelo déficit público. Conjunto de medidas propostos era de cunho ortodoxo: correção de preços públicos defasados, realismo cambial, corte de despesas, controle da expansão do crédito ao setor privado e aumento do compulsório sobre depósitos à vista.
Já a estratégia de desenvolvimento de Furtado, dava ênfase ao aprofundamento do processo de industrialização pela ISI como forma de enfrentar os pontos de estrangulamento da economia. A crise econômica , p/ Furtado, era uma crise do modelo e que só poderia ser enfrentada com um aprofundamento dele, ou seja, c/ a ampliação do mercado interno, através da reforma agrária e de outras políticas voltadas a redistribuição de renda.
Enquanto isso, externamente o Brasil ia a Washington à procura de um alivio p/ os problemas no BP. Contrariamente à boa acolhida ao pedido feito durante o governo Jânio em 1961, dessa vez os EUA não se mostraram muitos dispostos a ajudar – posição fortemente pautada na deterioração da situação política do Brasil, o que incluía a aprovação da Lei de Remessas de Lucros em setembro de 1962.
A Lei acima, limitava em 10% sobre o capital registrado as remessas de lucro ao exterior considerava as remessas em excesso a esse limite como retorno de capital; e determinava que os lucros em excesso ao mesmo limite, quando não remetidos, seriam registrados como capital complementar, não dando direito à remessa de lucros no futuro. Como resultado, o volume liquido de investimentos externos a ingressar caiu cerca de 40% em 1963.
Descontentamento dos EUA também deve ser creditado a chamada política externa independente do Brasil iniciada no governo Jânio, onde o Brasil se aproximou de Cuba e outros países socialistas, assim como apoio ao anticolonialismo na África e o ingresso da China na ONU.
Diante do fracasso da missão a Washington e das criticas domésticas a esta e as medidas contracionistas previstas no Plano Trienal, ao final de abril, Jango decidiu restituir os subsídios ao trigo e ao petróleo e aumentou os vencimentos do funcionalismo e reajustou o salário mínimo. A taxa de inflação tornou a acelera e manteve-se em trajetória elevada até o fim de 1963.
Em meados de 1963, Jango promoveu um reforma ministerial, com troca no Ministério da Fazenda e a extinção do Ministério do Planejamento. Neste mesmo ano, observou-se um descontrole das contas públicas e à permanência do déficit do BP em meio a precária entrada de recursos externos. Por fim, teve início uma forte desaceleração econômica, resultante das medidas contracionistas do Plano Trienal, assim como uma perda de dinamismo do processo de ISI.
Politicamente, agrava-se a radicalização no país, por um lado, envolvendo invasores de terras e expropriação de empresas estrangeiras e, de outro, o acirramento da conspiração militar contra Jango. O lance final dessa tragédia política deu-se a 31 de março de 1964, com o golpe civil-militar que derrubou João Goulart.
Conclusões
Um balanço do período de 1956 a 1963 como um todo é dificultado pela existência de uma clara descontinuidade em 1961. São dois subperíodos bem demarcados: anos JK (1956-60) e os conturbados governos de Jânio e Jango (1961-1964).
No caso de JK, qualquer avaliação deve começar por ressaltar a virtuosa combinação de crescimento econômico acelerado, transformação estrutural da economia brasileira em pleno gozo das liberdades democráticas no país.
Prós: entre 1956-60, as principais metas reunidas no Plano de Metas, foram alcançadas, bem como a meta-síntese de construção de Brasília. Nesse sentido, a política de desenvolvimento econômico de JK foi coroada de sucesso, ainda que não deva se omitir que o Plano também agravou a concentração regional da produção, alem de ter sido omisso em relação à agricultura e à educação básica - reflexos da última podem ser vistos até hoje em dia.
Cons.: com um olhar mais critico sobre o período, destaca-se o fato que JK deixaria para seus sucessores a parte ruim dos “50 anos em 5”: a inflação alta, o déficit público elevado e a deterioração das contas externas, na certeza de encontrar, cinco anos mais tardem um país saneado, mas estagnado, pronto p/ reconduzi-lo a mais cinco anos de desenvolvimentismo presidencial – estratégia triste que mostra-se recorrente na história administrativa do país eque apenas lentamente vem sendo superada.
Como avaliar as gestões econômicas de Jânio e Jango? Ambos sucumbiram à mencionada dificuldade de formar coalizões antiinflacionárias. P/ piorar, tiveram de enfrentar uma herança macroeconômicas muito pior da que recebera JK ao assumir a presidência. Esta que se deterioraria c/ a inesperada renúncia de Jânio, e passaria intacta ao Plano Trienal. Sua permanência contribuiria p/ conturbar um quadro político já bastante instável, que culminaria c/ o golpe civil-militar de 1964.

Continue navegando