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Semiologia – 3º período Denise Matos – Turma 108 SEMIOLOGIA CARDÍACA NOÇÕES DE ANATOMIA E FIS IOLOGIA • Coração: principal estrutura do mediastino, dividido em direito e esquerdo, cada um com átrio + ventrículo • Fluxo Sanguíneo/Circulação: corpo -> veias cavas -> átrio direito -> válvula tricúspide -> ventrículo direito -> válvula pulmonar -> artéria pulmonar -> pulmões -> veias pulmonares -> átrio esquerdo -> válvula mitral -> ventrículo esquerdo -> válvula aórtica -> artéria aorta -> corpo. • Camadas do Coração: epicárdio (pericárdio visceral), miocárdio (camada muscular); endocárdio (camada endotelial). • Anatomia do coração: análogo a pirâmide Face esternocostal: parte mais anterior, formada principalmente pelo ventrículo direito. Base do Coração: átrios; situação súpero-posterior aos ventrículos. Por onde as veias pulmonares e cavas penetram o coração. Ápice: “ponta” do coração; formado pelo ventrículo esquerdo; contato direto com gradil costal (5º espaço intercostal direito) Face esquerda: ventrículo esquerdo, relação com face medial do pulmão esquerdo. Face diafragmática: inferodorsal; formada por ambos ventrículos. • Fatores de variação do tamanho, formato e posição do coração: idade, respiração, biotipo do paciente, posição do paciente. • Aparelhos Valvares: atrioventriculares e semilunares Atrioventriculares: anel fibroso que circunscreve o óstio átrio ventricular. Tricúspide (direita) ou mitral (esquerda) Semilunares: situadas nas origens das artérias. Pulmonar (direita) e aórtica (esquerda). • Vascularização do Coração: Irrigação: coronárias esquerda e direita Drenagem: numerosas veias que desembocam diretamente nas câmaras cardíacas ou se unem para formar o seio coronariano, tributário do átrio direito. Semiologia – 3º período Denise Matos – Turma 108 • Inervação do Coração: fibras nervosas autônomas, oriundas do nervo vago e dos troncos simpáticos. • Sistema de Formação e Condução do Estímulo: o estímulo origina-se no nó sinusal; progride na direção do nó atrioventricular por meio dos tratos intermodais (anterior, médio e posterior) e na direção do átrio esquerdo pelo feixe de Bachmann; alcança o nó atrioventricular, sofrendo atraso em sua transmissão, necessário para que a contração atrial se complete antes da ventricular; percorre então o feixe de His e seus ramos para chegar à rede de Purkinje. • Propriedades Fundamentais do Coração: Automaticidade: propriedades de fibras especializadas de causarem estímulos espontaneamente, sem necessidade de intervenção extrínseca. Excitabilidade: propriedade que as fibras apresentam de iniciar um potencial de ação em resposta a um estímulo adequado. Condutibilidade: propriedades das fibras de transmitir e conduzir um estímulo às células vizinhas. Contratilidade: capacidade de responder ao estimulo elétrico com uma atividade mecânica -> contração miocárdica. CICLO CARDÍACO • Sístole: tem como principal característica a contração ventricular. – acontece no pico de ejeção Contração Isovolumétrica: ventrículo se contrai, fechando a valva atrioventricular (1ª bulha). Corresponde a fase isovolumétrica o período de contração anterior à abertura da valva semilunar. Período em que ambas valvas estão fechadas, que modo que haja variação (aumento) na pressão, sem alteração do volume (fluxo de sangue) Ejeção Ventricular/Cardíaca: a pressão ventricular aumenta, sendo capaz de abrir a valva semilunar, permitindo o fluxo de sangue para fora do ventrículo, em direção às artérias. Valvas atrioventriculares permanecem fechadas. • Rápida: 1º terço da ejeção; 70% do volume é ejetado. • Lenta: 2 terços restantes; 30¢ do volume é ejetado. • Diástole: tem como principal característica o relaxamento ventricular e a contração atrial – acontece no fechamento da valva aórtica OBS: 2ª Bulha: ventrículo relaxa, diminuindo sua pressão, de modo que a pressão na artéria (que acabou de receber o fluxo) fique maior. Desse modo, a pressão realizada pelo conteúdo de sangue nas artérias promove o fechamento da valva semilunar (formando o som da 2ª bulha). Relaxamento Isovolumétrico: ocorre quando o ventrículo está relaxado e as duas valvas permanecem fechadas (após 2ª bulha), sem variação de volume (influxo de sangue). Enchimento Ventricular: a pressão no interior dos ventrículos diminui progressivamente em relação à pressão atrial (que aumenta pelo recebimento de sangue das veias). A diferença de pressão entre as câmaras torna-se suficiente para promover a abertura da valva atrioventricular, promovendo o enchimento do ventrículo. • Rápido: 70% do volume no 1º terço; esse enchimento pode gerar um 3º som fisiológico (3ª bulha) • Lento (diástase cardíaca): 10% do volume, sangue que continua chegando da circulação. Contração Atrial: ejeta 20% do volume restante de sangue nos átrios; seguido pela contração ventricular, que fecha as valvas A..V. • Observações relativas ao funcionamento de ambos ventrículos: P. direita < P. esquerda: resistência vascular pulmonar menor que resistência vascular periférica. A valva mitral se fecha ligeiramente antes da tricúspide: ventrículo esquerdo possui mais rede de Purkinje e recebe o sinal antecipadamente. Esvaziamento ventricular direito ocorre antes do esquerdo: a resistência pulmonar é mais facilmente superada que a resistência periférica. 2ª bulha: componente aórtico e pulmonar. • Básico do ECG RESUMO DAS FASES SISTÓLICAS E DIASTÓLICAS DO CICLO CARDÍACO • Sístole Período de contração isovolumétrica Período de ejção ventricular • Ejeção rápida • Ejeção ventricular • Protodiástole de Wiggers Semiologia – 3º período Denise Matos – Turma 108 • Diástole Período de relaxamento isovolumétrico Peíodo de enchimento ventricular • Rápido • Lento Período de contração atrial • Básico do eletrocardiograma Onda P: estimulação elétrica dos átrios Complexo QRS: estimulação elétrica dos ventrículos – tem mais fibras musculares Contração isovolumétrica do ventrículo Semiologia – 3º período Denise Matos – Turma 108 EXAME CLÍNICO ANAMNESE • Apresenta importante elementos para raciocínio diagnostico. • Idade: nas crianças e jovens são mais comuns anomalias congênitas; hipertensão arterial mais frequente dos 20 aos 50 anos; doença arterial coronariana mais comum acimas dos 50 anos. • Sexo: lesões mitrais mais comuns em mulheres; aterosclerose coronária mais presente em homens ate os 45 anos de idade. • Cor da Pele: hipertensão mais frequente nos negros, com evolução mais rápida e acomete faixa etárias mais baixas. • Profissão: profissões que exigem esforço intenso é mais frequente a ocorrência de insuficiência cardíaca. Atividades acompanhadas de estresse emocional -> hipertensão e cardiopatia isquêmica. • Naturalidade/Moradia: relação epidemiológica com doença de Chagas. • Antecedentes Pessoais: alimentação rica em lipídios (dislipidemia) -> aterosclerose; lesões renais -> hipertensão; perturbações emocionais -> manifestações cardiovasculares de ansiedade e/ou depressão; diabetes - > alterações vasculares. • Antecedentes Familiares: doenças cardiovasculares em geral; hipertensão; diabetes. • Hábitos de Vida: tabagismo, alcoolismo e sedentarismo -> relacionados ao aparecimento de arteriosclerose e hipertensão arterial. INSPEÇÃO E PALPAÇÃO • Incidências: frontal e tangencial • Realizadas juntamente; aspectos a serem pesquisados -> abaulamentos, análise do ictus cordis, analise de batimentos ou movimentos visíveis/palpáveis, pesquisa de frêmito cardiovascular, retrações. • Abaulamentos: identificados a partir da observação da região precordial, nas incidências tangencial e frontal. A presença de abaulamentos pode indicar cardiopatiascongênicas, lesões valvares, aneurisma de aorta, cardiomegalias, derrame pericárdico e alterações na caixa torácica. Normalmente, dilatação do ventrículo direito determina abaulamentos -> ocorrência de impulsão do precórdio (distingue dos casos causados por alterações osteomusculares) Causas mais frequentes: cardiopatias congênitas e lesões valvares reumáticas. • Ictus Cordis: choque da ponta; investiga-se localização, extensão, mobilidade, intensidade e tipo de impulsão, ritmo e frequência. • OBS: ritmo de galope pode ser reconhecido pela palpação do precórdio. • Batimentos/Movimentos: visíveis/palpáveis. Retração Sistólica: aparece em casos de hipertrofia ventricular direita; durante a sístole, em vez de um impulso, o que se percebe é uma retração apical Levantamento em massa do precórdio/Impulsão Sístólica: hipertrofia do V.D.; impulso sistólico que movimenta uma área grande nas proximidades do esterno. Choque Valvar: bulhas se tornam hiperfonéticas e podem ser sentidas pela mão como um choque de curta duração Cliques: bulhas hiperfonéticas – choque de curta duração • Clique de ejeção sistólica: abertura da válvula aórtica durante a sístole • Clique mesossistólico: prolapso de valva mitral • Estalido de abertura mitral: estenose valvar mitral durante a diástole Pulsações epigástricas: transmissão à parede abdominal das pulsações da aorta (normal); • Podem denunciar hipertrofia do V.D (no nível do ângulo xifoesternal); • Podem representar pulso hepático (pulsação pré- sistólica em razão de estenose tricúspide e sistólica em razão de insuf. tricúspide) Pulsação supraesternal/fúrcula esternal: podem ser observadas em pessoas normais; quando muito intensas, indicam hipertensão arterial. • Frêmito Cardiovascular: sensação tátil determinada por vibrações produzidas no coração ou nos vasos. Deve-se investigar: localização (baseando-se nas áreas de ausculta), situação no ciclo cardíaco (sistólico, diastólico ou sistodiastólico, de acordo com a coincidência com ictus cordis ou pulso carotídeo) e intensidade (+ a ++++). Frêmitos correspondem aos sopros. Frêmito = sopro • Ictus Cordis : Localização: varia de acordo com o biotipo, situando-se aproximadamente no cruzamento da linha hemiclavicular esquerda com o 5º espaço intercostal • Normolíneo: linha hemiclavicular/5° espaço intercostal esquerdo • Brevilíneo: 2cm para fora e para cima (4° EIC) • Longilíneo:1-2cm para dentro (6°EIC). Semiologia – 3º período Denise Matos – Turma 108 Pode tornar-se invisível ou impalpável nos casos e enfisema pulmonar, obesidade, musculatura muito desenvolvida ou grandes mamas. Deslocamento: indica dilatação ou hipertrofia do ventrículo esquerdo (estenose aórtica, insuf. aórtica, insuf. mitral, hipertensão, etc) Extensão: avalia-se pela quantidade de polpas digitais necessárias para cobrir o ictus cordis. • Normal: 1 ou 2 polpas. • Hipertrofia ventricular esquerda: 3 polpas ou mais, até toda palpa da mão (grande dilatação/hipertrofia) Mobilidade: em condições normais, sua localização varia de 1 a 2 cm com as mudanças de posição (decúbito dorsal e laterais). Não se desloca quando os folhetos do pericárdio estão aderidos -> sínfise pericárdica. (imóvel) Intensidade: avaliada pela palpação; repousa-se a mão sobre a região. Varia dentro de certos limites em pessoas normais. Aumenta a intensidade com situações que provocam o aumento da atividade cardíaca (emoção, exercício, hipertireoidismo, eretismo cardíaco). Hipertrofia ventricular esquerda aumenta consideravelmente a intensidade do ictus cordis. Ponto de impulso máximo: ausente (30%), normal, forte (magros, emoções, exercício, hipertireoidismo), vigoroso (HVE). Referente a intensidade. • Ictus Cordis Difuso: quando sua área corresponde a 3 ou mais polpas digitais. Indica dilatação. • Ictus Cordis Propulsivo: quando a mão que o palpa é elevada a cada contração). Indica hipertrofia ventricular esquerda. Semiologia – 3º período Denise Matos – Turma 108 AUSCULTA CARDÍACA SEMIOTÉCNICA • Utiliza-se estetoscópio; sendo a posição padrão do paciente o decúbito dorsal com a cabeça apoiada em um travesseiro com tórax completamente descoberto. O paciente pode também ser examinado em pé ou sentado na beira do leito, com o tórax ligeiramente inclinado para frente. Manobras especiais: são realizadas com objetivo de tornar mais nítidos ou complementar os dados estetoacústicos. As mais usadas são: manobras respiratórias (inspiração ou expiração forçadas), o exercício físico e o uso de medicamentos que agem sobre o sistema circulatório. Todo precórdio e regiões circunvizinhas (região axilar esquerda, dorso e pescoço) precisam ser auscultados. Os focos são pontos de referência pois correspondem a regiões onde encontram-se informações mais pertinentes sobre suas respectivas valvas. • Sistemática: reconhecer o ritmo (regular/irregular/2T/3T), determinar a FC; distinguir B3 do ritmo de galope, analisar as características das bulhas (intensidade, timbre, tonalidade, desdobramento e mascaramento); identificar cliques, estalidos, sopros e atrito pericárdico; relacionar achados da ausculta com afecções cardíacas. OBS: deve-se observar a influência da respiração sobre a intensidade dos sons cardíacos (inspiração: coração direito/expiração: coração equerdo) FOCOS DE AUSCULTA • Não corresponde à região anatômica (projeção superficial) das valvas. Foco Mitral: cruzamento entre linha hemiclavicular e 5º espaço intercostal; corresponde ao ictus cordis. Desloca-se lateralmente na cardiomegalia acentuada. Foco Aórtico: 2ª espaço intercostal direito, lateralmente/junto ao esterno. Foco Aórtico Acessório: entre o 3º e 4º espaço intercostal esquerdo, próximo ao esterno. Foco Pulmonar: 2º espaço intercostal esquerdo, lateralmente/junto ao esterno. Principal foco de observação e analise dos desdobramentos da 2ª bulha (fechamento da aórtica e da pulmonar), pois é o único local onde se escuta o fechamento da valva pulmonar. Foco Tricúspide: corresponde à base do apêndice xifoide, ligeiramente para esquerda. Outras áreas da rotina da ausculta: borda esternal esquerda e direita, endoápex/mesocárdio; regiões infra e supraclaviculares; regiões laterais do pescoço e regiões interescapulovertebrais OBS: na inspiração, obtém-se intensificação do sopro de origem tricúspide. BULHAS CARDÍACAS • Sons produzidos como resultados das vibrações produzidas durante o ciclo cardíaco. • Características Semióticas: intensidade (normofonese, hipofonese, hiperfonese); timbre (normal, agudo ou grave); tonalidade (alta ou baixa); desdobramentos; mascaramentos. 1ª Bulha: é o fechamento das válvulas mitral e tricúspide na sístole; coincide com o ictus cordis e com o pulso carotídeo; timbre grave; representada pelo “TUM”; mais intensa no foco mitral; tem maior duração. 2ª Bulha: corresponde ao fechamento das valvas aórtica e pulmonar na diástole; possui timbre agudo; maior intensidade nos focos da base (aórtico e pulmonar); representada pelo TÁ ou TLÁ (quando desdobrada). • Obs: o componente pulmonar é apenas auscultado no F.P.; portanto, é o único foco onde pode ser percebido desdobramento da bulha. • Inspiração: maior demanda se sangue para pulmões -> sístole V.D. ligeiramente prolongada -> componente pulmonar (direito) sofre atraso -> percebe-se os 2 componentes separadamente na ausculta -> desdobramento fisiológico da 2ª bulha. 3ª Bulha: vibrações da parede ventricular subitamente distendida durante o enchimento ventricular rápido (final da sístole atrial) (diástole); baixa frequência; mais comum em jovens e crianças; mais audível no F.mi (campânula é o receptor mais apropriado); representada pelo “TU”. 4ª Bulha:desaceleração da massa sanguínea impulsionada pela contração atrial contra o sangue já presente no ventrículo. O ruído débil no fim da diástole Semiologia – 3º período Denise Matos – Turma 108 ou na pré-sístole; normas-> mais rara, em crianças e jovens; gênese pouco esclarecida. OBS: desdobramento fisiológico das bulhas FREQUÊNCIA CARDÍACA • Determinar o número de batimentos por minuto, contando-se durante 1 minuto inteiro. • Bradicardias e Taquicardias causam distúrbios hemodinâmicos devido à alteração (diminuição) do débito cardíaco (quando está abaixo de 40 bpm ou acima de 160 bpm, pois nesse intervalo os mecanismos compensatórios são insuficientes). RITMO CARDÍACO Binário: ritmos de 2 tempos; possui 2 bulhas -> ritmo sinusal. Regularidade ? Trinário: ritmo tríplice, quando um 3º ruído é audível. • B3: geralmente indica alterações na fase de enchimento ventricular (galope protodiastólico) • B4: contração atrial (galope pré-sistólico.) ARRITMIAS Taquiaritmias e bradiarritmias sinusais -> distúrbios hemodinâmicos Taquicardia sinusal: aumento do numero de batimentos (> 100bmp); aumento da intensidade da 1ª bulha. Ocorre em condições fisiológicas (emoção, esforço) ou patológicas (insuf. cardíaca, hipertireoidismo, insuf. circulatória periférica) Bradicardia sinusal: diminuição da frequência cardíaca (<60bpm). Decorre de condições fisiológicas (sono, vagotomia), patológicas (hipotireoidismo, hipertensão intracraniana) ou ação de fármacos (ex bloqueadores b-adrenergicos) Arritmia sinusal: variação da frequência cardíaca, geralmente relacionada a respiração (na fase inspiratória há aumento no numero de batimentos e virse-versa). Condições fisiológicas (crianças e adolescentes) e patológicas (hipertensão intracraniana, cardiopatia aterosclerótica). Na ausculta, percebe-se irregularidade na sequência de bulhas (≠extrassistole e fibrilação) Extrassístoles: sístoles extras que resultam de estímulos em focos diferentes dos tradicionais. Supraventriculares (estímulos originados nos átrios ou junção atrioventricular; percebidas na ausculta como batimentos extras, superajuntados ao ritmo de base, 1ª bulha hiperfonética) e ventriculares (estímulos originados em qualquer ventrículo. Causas cardíacas, extracardíacas ou por ação de medicamentos. Fibrilação Atrial: atividade do no sinusal substituída por estímulos da musculatura atrial. Não existem contrações atriais, apenas movimentos irregulares das fibras, que prejudica o enchimento ventricular. Ritmo e frequência cardíacos muito irregulares. Na ausculta, observa-se mudanças na intensidade da 1ª bulha e variação no tempo de intervalo entre as bulhas. Causas: estenose mitral, doença de chagas, cardiopatia isquêmica e hipertireoidismo. RITMOS TRÍPLICES (DE GALOPE) • Ritmo de 3 tempos; adição de uma 3ª bulha (diástole) ao ritmo binário. Dividem-se em protodiastólicos (primeiro terço da diástole) ou pré-sistólico (3ª parte da diástole). Ritmo tríplice protodiastólico (fisiológico): presença de 3ª bulha fisiológica; se assemelha a um desdobramento longo da 2ª bulha; TUM-TA-TU; não lembra galope de cavalo. Ritmo de galope ventricular: ritmo tríplice protodiastólico por 3ª bulha patológica; som semelhante ao de patas de cavalo galopando; PA-TA- TA. Mais audível na ponta do coração (ictus cordis) ou na borda esternal (área tricúspide). Indica importante Semiologia – 3º período Denise Matos – Turma 108 comprometimento do miocárdio (coração em sofrimento – “grito de socorro”). • Sinal de insuficiência ventricular descompensada. *** • Quase sempre associado a taquicardia: determina o ruído de galopar de cavalo. Ritmo tríplice protodiastólico fisiológico x patológico: a diferenciação depende do exame do paciente em sua totalidade, pois, para considerar uma 3ª bulha patológica, são necessários outros dados que indiquem a existência de uma cardiopatia (ex insuf. mitral, miocardite, miocardiopatia, comunicação interatrial). Na ausência dessas cardiopatias, uma 3ª bulha deve ser considerada fisiológica. • 3ª bulha patológica + bradicardia: confusão com ritmo tríplice fisiológico. • 3ª bulha fisiológica + taquicardia: confusão com ritmo tríplice patológico. Ritmo tríplice pré-sistólico: depende da presença de 4ª bulha; mais frequente quando há alteração da complacência ou distensibilidade ventricular (miocardiopatia, isquemia miocárdica, sobrecarga de pressão). • Ritmo de galope atrial: ritmo tríplice pré-sistólico patológico. • Fisiológico: 4ª bulha sem doença associada é + raro; ocorre em crianças e jovens. Ritmo de galope atrial: ritmo tríplice pré-sistólico patológico; transformação do ritmo tríplice pela existência de uma 4ª bulha em ritmo de galope. Menos nítido que o ventricular, pois as cardiopatias que o produzem não geram uma frequência cardíaca alta o suficiente para determinar o ruído. Indica insuficiência iminente. Encontrado principalmente na hipertensão arterial grave, crise hipertensiva, cardiopatia isquêmica, estenose aórtica e miocardiopatia hipertrófica e insuf. coronária crônica (geram síndrome de disfunção diastólica). TRUM-TÁ Ritmo de galope ventricular: sempre associado à taquicardia, sendo indicativo de ICC; B3 patológica (TUM-TÁ-TÁ) Ritmo de galope de soma: ritmo de galope ventricular+ ritmo de galope atrial (B3+B4) ALTERAÇÕES DA 1ª BULHA • Alterações na intensidade, timbre e tonalidade; mascaramentos e desdobramentos. Intensidade: avaliada nos focos mitral e tricúspide. Hipofonese -> fechamento de valvas semifechadas. Hiperfonese -> fechamento de valvas muitos abertas. A intensidade também pode ser alterada por fatores que interferem na transmissão do ruído (barreiras). OBS.: nas lesões valvulares, a intensidade é determinada pela dinâmica pressórica nas cavidades. • Hiperfonese: taquicardia, hipertireoidismo, extrassistoles (diminuição do enchimento ventricular -> contração ventricular no momento em que as valvas estão baixas), estados hiperdinâmicos, estenose mitral (Îpressão atrial) • Hipofonese: diminuição da pressão* intraventricular; regurgitação e insuficiência mitral, enfisema, DP, bloqueio átrio ventricular de 1° grau • Desdobramento: se muito amplo, suspeitar de bloqueio de ramo direito, acrretando atraso no fechamento da válvula tricúspide (TLUM-TA) - assincronia ventricular ALTERAÇÕES DA 2ª BULHA Intensidade: influenciada pela posição das valvas no início do seu fechamento. • Hiperfonese: estados hiperdinâmicos, hipertensão arterial, hipertensão pulmonar (HAP), dilatação aórtica e coarctação de aorta • Hipofonese: baixo debito cardíaco, hipotensão, enfisema, extrassistoles, estenose aórtica calcificada e regurgitação aórtica. • Pulmonar hipofonético: aumento do diâmetro ântero-posterior do tórax e estenose pulmonar • Pulmonar hiperfonético: hipertensão pulmonar, dilatação da artéria pulmonar e comunicação interatrial Desdobramento: normal (inspiração) estuda-se no foco pulmonar. Distúrbios na condução elétrica (bloqueio do ramo direito do feixe de his); comunicação interatrial (aumento do fluxo de sangue p ventrículo direito, que leva então mais tempo para se fechar) ALTERAÇÃO 3ª E 4ª BULHAS 3ª bulha: comunicação interatrial (CIA), comunicação interventricular (CIV), persistência do canal arterial (PCA) -> alterações hemodinâmicas ou da própria parede ventricular que originam 3ª bulha patológica. 4ª bulha: lesões estenóticas das valvas semilunares, HAS, doença arterial coronariana e miocardiopatias hipertróficas -> situações em que há diminuição da complacência ventricular podem gerar 4ª bulha patológica. SOPROS • Produzidos por vibrações decorrentes de alterações do fluxo sanguíneo. Em condições normais, o sangue flui em corrente laminar; a alteração desse padrão gera vibrações que originam ruído denominados sopros. Decorrem de: alteraçõesdo próprio sangue, da parede do vaso ou das câmaras cardíacas e aparelhos valvares. Mecanismos de geração de sopros: aumento da velocidade da corrente sanguínea (formação de turbulência; ex exercício físico, febre, anemia, hipertireoidismo); diminuição da viscosidade sanguínea Semiologia – 3º período Denise Matos – Turma 108 (diminuição de efeito amortecedor de turbulências, ex sopro anêmico); passagem de sangue através de uma zona estreitada (turbilhonamento sanguíneo; ex estenosee insuficiência);passagem de sangue por zona dilatada (ex aneurisma); passagem de sangue para uma membrana de borda livre. Características semiológicas do sopro: • Situação no ciclo cardíaco (sopro sistólico, diastólico, sistodiastólico ou continuo); • Localização (localiza-se um sopro na área em que é mais audível, utilizando como referência os focos descritos); • Irradiação (a partir do local de maior intensidade; quanto mais intenso, maior irradiação; influenciada pela direção da corrente sanguínea); • Intensidade (sistema de cruzes; de + até ++++); • Timbre e tonalidade (suave, rude, musical, aspirativo, em jato de vapor, granuloso, piante e ruflar); • Modificação do sopro (fase da respiração, posição do paciente e exercício físico). • Irradiação por direção: sopro da estenose aórtica se irradia para vasos do pescoço, pois é para onde o sangue que passa pela valva se dirige. • Sistema de cruzes: + -> sopros débeis, pouco audíveis. ++ -> intensidade moderada; +++ -> sopros intensos; ++++ -> sopros muito intensos, audíveis quando se afasta o esteto da parede torácica. Relação do sopro com fase da respiração: depende do tipo de sopro (apneia expiratória -> relação com cavidades esquerdas / apneia inspiratória -> relação com cavidades direitas). Manobra de Rivero-Carvallo: função de diferenciar sofro de insuficiência mitral ou tricúspide; para isso, avalia-se a intensidade do sopro no foco tricúspide, com o paciente em decúbito dorsal, em dois momentos: respiração normal e inspiração profunda, quando deve-se observar se houve alguma modificação na intensidade do sopro. • Manobra negativa: não há aumento na intensidade; o sopro audível na área tricúspide é apenas irradiação de um sopro originado na valva mitral. • Manobra positiva: o sopro aumenta sua intensidade; origem do sopro é tricúspide. • Mecanismo: na inspiração profunda, há aumento na negatividade intratorácica, gerando maior afluxo de sangue ao coração direito, promovendo maior refluxo de sangue para o átrio na sístole (intensificação do sopro). Relação do sopro com posição do paciente: os sopros da base, especialmente o de insuficiência aórtica, tornam-se mais nítidos na posição sentada com tórax fletido para diante. Ruflar da estenose -> mais intenso em decúbito lateral esquerdo. Relação do sopro com exercício: determina quase sempre intensificação dos sopros (estimulo do sistema adrenérgico e aumento da velocidade sanguínea). • Classificação dos sopros (de acordo com a situação no ciclo cardíaco): Sopros sistólicos: pode ser de ejeção ou de regurgitação. Sopro sistólico de ejeção: causado por estenose das valvas aórtica ou pulmonar. Se originam durante o período de ejeção ventricular; começam logo após a 1ª bulha (contração isovolumétrica e fechamento das valvas atrioventriculares). Ruído decorrente da passagem do sangue por uma semilunar estreitada, que ocorre durante a ejeção. Termina antes da 2ª bulha (fechamento das semilunares), pois não há passagem de sangue pelas valvas da base nesse momento. • Estetoacústica: sopro crescendo-decrescendo, pois a ejeção se inicia lenta, alcança seu máximo, e depois reduz novamente. Sopro sistólico de regurgitação: causado por insuficiência das valvas mitral ou tricúspide. Audível desde o início da sístole (contração isovolumétrica e fechamento das valvas atrioventriculares); aparece com a 1ª bulha, podendo mascará-la, e termina imediatamente antes da 2ª bulha, podendo recobri-la. São gerados pela regurgitação de sangue do ventrículo para os átrios através de valvas insuficientes (incapazes de evitar o refluxo efetivamente), por isso se iniciam com a 1ª bulha (fechamento das valvas defeituosas). Também podem ser gerados pela passagem de sangue através de uma comunicação interventricular. Semiologia – 3º período Denise Matos – Turma 108 Sopros diastólicos: aparecem durante a diástole, podendo ser protodiastólico, mesodiastólico e telediastólico/pré-sistólico. Podem ser por estenose das valvas atrioventriculares ou insuficiência das valvas semilunares. Sopro diastólico por estenose das valvas atrioventriculares: estenose mitral ou estenose tricúspide. Ocupa a parte média da diástole, durante o enchimento rápido dos ventrículos, sendo o ruído oriundo da passagem do sangue por essas valvas estreitadas nesse momento. Algumas vezes se prolonga, podendo sofrer algum reforço no fim da diástole/pré-sístole (quando ocorre contração atrial). Existe um intervalo entre a 2ª bulha e o inicio desses sopros (momento em que se passa pouco sangue entre os orifícios valvares em questão) l • Estetoacústica: baixa frequência e tonalidade grave; caráter de “ruflar” Sopros diastólicos por insuficiência das semilunares: ocorre quando as valvas aórtica ou pulmonar não se fecham completamente. Tem início imediato após a 2ª bulha (fechamento das valvas em questão). Seu ruído é causado pelo refluxo sanguíneo dos vasos da base em direção aos ventrículos, tendo em vista que a valva insuficiente não é capaz de se fechar completamente. Podem ficar restritos a primeira parte da diástole (após a 2ª bulha) ou se prolongar na mesodiástole e telediástole/pré-sístole. • Estetoacústica: sopro de alta frequência, decrescentes e de tonalidade aguda; caráter “aspirativo” Sopros sistodiastólico/contínuos: são ouvidos durante todas sístole e diástole, recobrindo e mascarando a 1ª e 2ª bulha. Aprecem na persistência de canal arterial, nas fistulas atriovenosas, nas anomalias de septos artopulmonares e no rumor venoso. • Estetoacústica: parte diastólica mais intensa/rude; sopro em “maquinaria” pois lembram ruído da maquina de vapor em movimento. • Persistência do canal arterial (PCA): quadro clínico em que o vaso sanguíneo que conecta a artéria pulmonar à aorta (canal arterial) não se fecha, como normalmente ocorre logo após o nascimento. • Outras classificações de sopros: Orgânicos: decorrem de lesão nas estruturas anatômicas das valvas ou septos. Funcionais: decorrem de alterações dos orifícios valvares por dilatação dos ventrículos ou dos grandes vasos; também por turbilhonamento decorrente de hiperfluxo. Não dependem de lesões e modificações em vasos ou aparelho valvares. Orgânicos x Funcionais: pouco significado clínico. Inocentes: quando um sopro não traduz alteração estrutural no coração; sua rotulação depende da avaliação completa do paciente (exame físico e complementares, ausculta). • Tabela: FOCO S. SISTOLICO (1) S. DIASTOLICO (2) A:Aórtico Estenose aórtica Insuficiência aórtica Semiologia – 3º período Denise Matos – Turma 108 P:Pulmonar Estenose pulmonar Insuficiência pulmonar M:Mitral Insuficiência mitral Estenose mitral T:Tricúspide Insuficiência tricúspide Estenose tricúspide
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