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Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. APG 06 – “CORAÇÃO GRANDE É BOM?” Abertura: 19/02/2021 Devolutiva: 23/02/2021. Objetivos: 1. DESCREVER A FISIOPATOLOGIA DA MIOCARDIOPATIA DILATADA; 2. ENTENDER A FISIOPATOLOGIA DA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA E AS SUAS MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS E RADIOLÓGICAS; 3. DEFINIR E EXEMPLIFICAR AS DOENÇAS NEGLIGENCIADAS. 1 – DESCREVER A FISIOPATOLOGIA DA MIOCARDIOPATIA DILATADA: As cardiomiopatias são doenças do músculo cardíaco. Uma DEFINIÇÃO CONTEMPORÂNEA PARA CARDIOMIOPATIA É UM DISTÚRBIO MIOCÁRDICO NO QUAL O MÚSCULO CARDÍACO É ESTRUTURAL E FUNCIONALMENTE ANORMAL NA AUSÊNCIA DE DOENÇA ARTERIAL CORONARIANA, HIPERTENSÃO, DOENÇA VALVAR E DOENÇA CARDÍACA CONGÊNITA SUFICIENTE PARA EXPLICAR A ANORMALIDADE MIOCÁRDICA OBSERVADA. As cardiomiopatias incluem uma variedade de distúrbios miocárdicos que se manifestam com vários fenótipos estruturais e funcionais e são frequentemente genéticos. Embora alguns tenham definido a cardiomiopatia para incluir doença miocárdica causada por causas cardiovasculares conhecidas (como hipertensão, doença cardíaca isquêmica ou doença valvular), as definições atuais da grande sociedade de cardiomiopatia excluem doença cardíaca secundária a tais distúrbios cardiovasculares. https://www.uptodate.com/contents/heart-failure-clinical- manifestations-and-diagnosis-in- adults?search=insuficiencia%20cardiaca%20VENTRICULAR%20 ESQUERDA&topicRef=3504&source=see_link A CARDIOMIOPATIA DILATADA É UMA CONDIÇÃO NA QUAL O MÚSCULO CARDÍACO ENFRAQUECE E NÃO BOMBEIA O SANGUE TÃO BEM QUANTO DEVERIA. A principal câmara de bombeamento do coração é chamada de ventrículo esquerdo. ➔ Em pessoas com cardiomiopatia dilatada, o espaço dentro do ventrículo esquerdo fica maior. O espaço dentro do ventrículo direito também pode ficar maior: ➔ Quando o coração não bombeia o sangue tão bem quanto deveria, isso pode levar a um problema chamado "insuficiência cardíaca". ➔ O termo "insuficiência cardíaca" é enganoso. Se o seu médico lhe disser que você tem insuficiência cardíaca, isso não significa que seu coração parou de funcionar. Significa apenas que seu coração tem problemas para atender à demanda de sangue e oxigênio do corpo (que é transportado pelo sangue). Mas ainda está funcionando. CARDIOMIOPATIAS DILATADAS Neste grupo de cardiomiopatias, o diagnóstico diferencial permitido pela ressonância é fundamental, principalmente pela diversidade de etiologias que podem ser enquadradas sob essa classificação geral. Os casos mais comuns ainda são classificados na forma de cardiomiopatia dilatada idiopática, mas a RMC pode fornecer informação específica de risco de eventos cardiovasculares ao identificar o padrão típico de fibrose da doença localizado na porção mesocárdica do septo ou parede lateral. MESMO APÓS O AJUSTE PARA FRAÇÃO DE EJEÇÃO, PACIENTES COM CICATRIZES MIOCÁRDICAS TEM RISCO AUMENTADO DE 2 VEZES COM MORTALIDADE GERAL. ➔ DENTRE AS PATOLOGIAS ESPECÍFICAS DAS CARDIOMIOPATIAS DILATADAS, A https://www.uptodate.com/contents/heart-failure-clinical-manifestations-and-diagnosis-in-adults?search=insuficiencia%20cardiaca%20VENTRICULAR%20ESQUERDA&topicRef=3504&source=see_link https://www.uptodate.com/contents/heart-failure-clinical-manifestations-and-diagnosis-in-adults?search=insuficiencia%20cardiaca%20VENTRICULAR%20ESQUERDA&topicRef=3504&source=see_link https://www.uptodate.com/contents/heart-failure-clinical-manifestations-and-diagnosis-in-adults?search=insuficiencia%20cardiaca%20VENTRICULAR%20ESQUERDA&topicRef=3504&source=see_link https://www.uptodate.com/contents/heart-failure-clinical-manifestations-and-diagnosis-in-adults?search=insuficiencia%20cardiaca%20VENTRICULAR%20ESQUERDA&topicRef=3504&source=see_link Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. DOENÇA DE CHAGAS É PARTICULARMENTE PREVALENTE NO PAÍS E BOA PARTE DA BASE CIENTÍFICA DA RMC NA DOENÇA FOI DESENVOLVIDA POR PESQUISADORE S BRASILEIROS. Esses trabalhos MOSTRARAM QUE NA CARDIOMIOPATIA CHAGÁSICA O PADRÃO DE REALCE É CARACTERIZADO PELO ENVOLVIMENTO EPICÁRDICO OU MESOCÁRDICO COM PREDOMÍNIO DA PAREDE ÍNFERO-LATERAL, MAS QUE TAMBÉM O ÁPICE PODE ESTAR ENVOLVIDO DE MANEIRA SIMILAR A PACIENTES COM DAC COM IMPACTO PROGNÓSTICO. A sarcoidose é outra doença que pode ser identificada pela RMC de maneira característica pela presença de realce tardio transmural associado às áreas de afilamento miocárdico predominantes nos segmentos basais e laterais sendo o achado encontrado em um quarto dos casos com aumento significativo do risco de desfechos cardiovasculares. ➔ Uma patologia cujo diagnóstico diferencial inclui síndromes coronárias agudas é a cardiomiopatia de Tako-Tsubo, cuja avaliação pela ressonância é bastante importante no sentido de descartar a presença de realce tardio que não é encontrada nessa doença assim como, mais recentemente, poder identificar a presença de inflamação/edema regional na sua fase aguda. Essa distinção é fundamental dado o caráter reversível da doença em comparação a outras etiologias cuja perpetuação da disfunção ventricular é crônica. Um exemplo da identificação de edema/ inflamação na doença na fase aguda é demonstrado a seguir. FINALMENTE, NAS DOENÇAS COM DEPÓSITO DE FERRO POR HIPERTRANSFUSÃO, A PRINCIPAL MANIFESTAÇÃO TARDIA É, TAMBÉM, A CARDIOMIOPATIA DILATADA. Por meio da técnica de T2 é possível determinar com bastante exatidão a sobrecarga de ferro miocárdico, podendo não só classificar esse quadro, mas direcionar para tratamento específico de que relação com reversão completa da disfunção ventricular. DEFINIÇÃO: Em 1980, a Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu cardiomiopatias como "doenças do músculo cardíaco de causa desconhecida" para distinguir cardiomiopatia de disfunção cardíaca devido a entidades cardiovasculares conhecidas, como hipertensão, doença isquêmica do coração ou doença valvular. Na prática clínica, entretanto, o termo "cardiomiopatia" também foi aplicado a doenças de causa cardiovascular conhecida (por exemplo, "cardiomiopatia isquêmica" e "cardiomiopatia hipertensiva"). Como resultado, a Força-Tarefa da OMS / Sociedade Internacional e Federação de Cardiologia (ISFC) de 1995 sobre a Definição e Classificação das Cardiomiopatias expandiu a classificação para incluir todas as doenças que afetam o músculo cardíaco e levar em consideração a etiologia, bem como a fisiopatologia dominante. Nessa classificação de 1995, as cardiomiopatias foram definidas como "doenças do miocárdio associadas à disfunção cardíaca". Eles foram classificados de acordo com a anatomia e fisiologia nos seguintes tipos, cada um dos quais tem várias causas diferentes: • CARDIOMIOPATIA DILATADA (DCM) • CARDIOMIOPATIA HIPERTRÓFICA (HCM) • CARDIOMIOPATIA RESTRITIVA (RCM) • CARDIOMIOPATIA ARRITMOGÊNICA / DISPLASIA VENTRICULAR DIREITA (ARVC / D) • CARDIOMIOPATIAS NÃO CLASSIFICADAS Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. As cardiomiopatias associadas a distúrbios cardíacos ou sistêmicos específicos geralmente se enquadram em um ou mais dos tipos morfológicos acima. Essas categorias estão incluídas nos sistemas de classificação subsequentes da American Heart Association / European Society of Cardiology (AHA / ESC). ➔ As etiologias incluem uma série de doenças genéticas, inflamatórias, metabólicas, tóxicas eoutras; ➔ O sistema de classificação da OMS / ISFC de 1995 incluiu doenças isquêmicas, valvares e hipertensivas entre as causas de cardiomiopatia. Uma declaração científica da AHA de 2006 propôs uma definição e classificação contemporâneas das cardiomiopatias. O PAINEL DE CONSENSO DE ESPECIALISTAS PROPÔS A SEGUINTE DEFINIÇÃO: "CARDIOMIOPATIAS SÃO UM GRUPO HETEROGÊNEO DE DOENÇAS DO MIOCÁRDIO ASSOCIADAS A DISFUNÇÃO MECÂNICA E / OU ELÉTRICA QUE GERALMENTE (MAS NÃO INVARIAVELMENTE) EXIBEM HIPERTROFIA VENTRICULAR INADEQUADA OU DILATAÇÃO E SÃO DEVIDAS A UMA VARIEDADE DE CAUSAS QUE FREQUENTEMENTE SÃO GENÉTICOS. As cardiomiopatias estão confinadas ao coração ou fazem parte de distúrbios sistêmicos generalizados, muitas vezes levando à morte cardiovascular ou incapacidade progressiva relacionada à insuficiência cardíaca." As cardiomiopatias são categorizadas em dois grupos: ➔ CARDIOMIOPATIAS PRIMÁRIAS (ENVOLVENDO PREDOMINANTEMENTE O CORAÇÃO): As cardiomiopatias primárias são subdivididas em genéticas, mistas (predominantemente não genéticas; menos comumente genético) ou adquirido. As cardiomiopatias genéticas incluem HCM, ARVC / D, ventricular esquerdo não compactado, doenças de armazenamento de glicogênio PRKAG2 e Danon, defeitos de condução, miopatias mitocondriais e distúrbios do canal iônico. As cardiomiopatias mistas incluem DCM e RCM. ➔ CARDIOMIOPATIAS SECUNDÁRIAS (ACOMPANHADAS POR ENVOLVIMENTO DE OUTROS SISTEMAS ORGÂNICOS). As cardiomiopatias adquiridas incluem miocardite induzida por estresse (takotsubo), periparto, induzida por taquicardia e bebês de mães diabéticas insulinodependentes. A definição e classificação da AHA não se destinam a fornecer metodologias para o diagnóstico clínico, mas sim a um esquema científico que visa auxiliar na compreensão deste complexo grupo de doenças. O principal desvio da definição da Declaração Científica da AHA proposta em relação às classificações anteriores é a inclusão das canalopatias iônicas como cardiomiopatias primárias, apesar da ausência de anormalidades estruturais grosseiras. ▪ Os genes que contribuem para a cardiomiopatia hipertrófica são identificados com mais frequência do que os genes que contribuem para a cardiomiopatia dilatada ou restritiva. No entanto, os dados sugerem que uma pequena fração das cardiomiopatias classificadas como adquiridas no esquema AHA, incluindo miocardite, têm contribuições genéticas Em 2008, o grupo de trabalho da ESC sobre doenças miocárdicas e pericárdicas apresentou uma atualização da classificação da OMS / ISFC, na qual cardiomiopatia foi definida como: "UMA DOENÇA MIOCÁRDICA NA QUAL O MÚSCULO CARDÍACO É ESTRUTURAL E FUNCIONALMENTE ANORMAL NA AUSÊNCIA DE DOENÇA ARTERIAL CORONARIANA, HIPERTENSÃO, DOENÇA VALVULAR E DOENÇA CARDÍACA CONGÊNITA SUFICIENTES PARA EXPLICAR A ANORMALIDADE MIOCÁRDICA OBSERVADA ". A classificação ESC pretende ser particularmente útil na prática clínica diária. Em resumo, as cardiomiopatias foram originalmente definidas como distúrbios idiopáticos. No entanto, na prática clínica, os termos "isquêmica", "valvular" e "cardiomiopatia hipertensiva" têm sido comumente usados, principalmente na América do Norte. Disfunção sistólica A disfunção sistólica é caracterizada por uma diminuição da contratilidade miocárdica. Quando a contratilidade miocárdica diminui globalmente (ou seja, em todo o VE), ocorre uma redução na fração de ejeção do VE (FEVE). Embora uma variedade de abordagens esteja disponível para a medição quantitativa da função sistólica do VE, a FEVE é frequentemente avaliada qualitativamente. Quando ocorre disfunção sistólica, o débito cardíaco é inicialmente mantido de duas maneiras: 1. Aumento do VE, o que resulta em um volume sistólico maior; 2. A relação Frank-Starling (um aumento na contratilidade em resposta ao alongamento crescente) No entanto, esses mecanismos compensatórios são eventualmente excedidos e o débito cardíaco diminui, resultando nas manifestações fisiológicas de insuficiência cardíaca (IC) A DISFUNÇÃO SISTÓLICA É CARACTERÍSTICA DA CARDIOMIOPATIA DILATADA. Também é observada em alguns pacientes com cardiomiopatia hipertrófica (CMH) que desenvolvem adelgaçamento progressivo da parede do VE, um pequeno aumento na dimensão diastólica e uma diminuição na FEVE. Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. Disfunção diastólica A disfunção diastólica se refere à disfunção cardíaca na qual o relaxamento e enchimento do VE são anormais e são acompanhados por pressões de enchimento elevadas. A disfunção diastólica pode ocorrer com ou sem disfunção sistólica associada. Em pacientes que apresentam IC, mas sem disfunção sistólica, a disfunção diastólica é uma das causas potenciais. AS CAUSAS DE IC COM FEVE NORMAL OU QUASE NORMAL INCLUEM CARDIOMIOPATIAS COM FRAÇÃO DE EJEÇÃO PRESERVADA (POR EXEMPLO, CARDIOMIOPATIA HIPERTRÓFICA, CARDIOMIOPATIA RESTRITIVA, LV NÃO COMPACTADO), DOENÇA CARDÍACA VALVULAR, DOENÇA PERICÁRDICA, IC DIREITA E IC COM FRAÇÃO DE EJEÇÃO PRESERVADA (HFPEF). ➔ HFPEF é uma síndrome clínica de IC em pacientes com FEVE ≥50 por cento e evidência de disfunção cardíaca como causa dos sintomas; ➔ O diagnóstico de ICFEP requer a exclusão de outras causas de IC, incluindo cardiomiopatias. A DIÁSTOLE DO VE INCLUI DOIS COMPONENTES. O RELAXAMENTO DO VE É UM PROCESSO DINÂMICO QUE OCORRE DURANTE O RELAXAMENTO ISOVOLUMÉTRICO (O PERÍODO ENTRE O FECHAMENTO DA VÁLVULA AÓRTICA E A ABERTURA DA VÁLVULA MITRAL) E, ENTÃO, DURANTE O ENCHIMENTO RÁPIDO PRECOCE DO VENTRÍCULO. MAIS TARDE NA DIÁSTOLE, APÓS O RELAXAMENTO ESTAR COMPLETO, O ENCHIMENTO DO VE É UM PROCESSO PASSIVO QUE DEPENDE DA COMPLACÊNCIA OU DISTENSIBILIDADE DO MIOCÁRDIO E TERMINA NA FASE DE ENCHIMENTO ATRIAL. Tanto o relaxamento ativo quanto a complacência passiva ou ambos podem ser prejudicados em um paciente com disfunção diastólica. A disfunção diastólica é mais difícil de identificar e quantificar ecocardiograficamente do que a disfunção sistólica e pode se r perdida ou subestimada em muitos casos. A AVALIAÇÃO ECOCARDIOGRÁFICA DA DISFUNÇÃO DIASTÓLICA DO VE INCLUI AVALIAÇÃO DOPPLER DO FLUXO TRANSMITRAL E DO FLUXO VENOSO PULMONAR, BEM COMO IMAGEM DOPPLER TECIDUAL. A disfunção diastólica é característica tanto da CMH quanto da cardiomiopatia restritiva (RCM). No entanto, algum componente da disfunção diastólica também é comum em pacientes com cardiomiopatia dilatada (DCM). CLASSIFICAÇÃO ANATÔMICA E FISIOLÓGICA: As cardiomiopatias são classificadas nas seguintes categorias com base na morfologia e fisiologia. Alguns distúrbios cardíacos podem se apresentar como mais de um tipo de cardiomiopatia ou podem cruzar as categorias de classificação à medida que progridem, conforme ilustrado pelos seguintes exemplos: 3. CARDIOMIOPATIA AMILÓIDE, que pode se manifestar como cardiomiopatia hipertrófica ou como cardiomiopatia restritiva. 4. SARCOIDOSE CARDÍACA que pode progredir de se manifestar como uma anormalidade de movimento da parede focal para uma CARDIOMIOPATIA DILATADA OU RESTRITIVA, geralmente com bloqueio cardíaco e arritmias ventriculares como características de apresentação inicial. CARDIOMIOPATIA DILATADA: A cardiomiopatia dilatada (DCM) é caracterizada por dilatação e contração prejudicada de um ou ambos os ventrículos. A dilatação frequentemente se torna grave e é invariavelmente acompanhada por um aumento na massa cardíaca total (hipertrofia). Os pacientes afetados têm função sistólica prejudicada e o quadro clínico geralmente apresenta características de insuficiência cardíaca (IC). Quando as manifestações de apresentação incluemanormalidades de condução, arritmias atriais e/ou ventriculares e morte súbita, deve-se considerar uma cardiomiopatia arritmogênica causada por mutações no desmossoma, canal iônico e no gene lamin. A incidência de DCM foi estimada em cinco a oito casos por 100.000 habitantes, com uma prevalência de 36 por 100.000. Esses números podem subestimar a frequência do distúrbio porque muitos pacientes com DCM têm expressão incompleta da doença, que não é reconhecida. Foi sugerido que até 14 por cento da população de meia-idade e idosa tem disfunção sistólica assintomática do ventrículo esquerdo (VE) A lista completa das causas do DCM é extensa. AS CAUSAS COMUNS INCLUEM VÍRUS E MUTAÇÕES GENÉTICAS, que agora são reconhecidos como relativamente comuns entre pacientes com DCM idiopática. Além disso, os estágios posteriores da doença cardíaca hipertrófica podem se assemelhar ao DCM (como a cardiomiopatia hipertrófica genética [CMH]). O ECOCARDIOGRAMA EM DCM MOSTRA DILATAÇÃO CAVITÁRIA DO VE (COM UMA TENDÊNCIA PARA A FORMA DA CAVIDADE SE TORNAR MENOS OVOIDE E MAIS ESFÉRICA), ESPESSURA DE PAREDE NORMAL OU DIMINUÍDA, ESPESSAMENTO INSUFICIENTE DA PAREDE E / OU MOVIMENTO SISTÓLICO INTERNO ENDOCÁRDICO REDUZIDO https://www.uptodate.com/contents/heart-failure-clinical- https://www.uptodate.com/contents/heart-failure-clinical-manifestations-and-diagnosis-in-adults?search=insuficiencia%20cardiaca%20VENTRICULAR%20ESQUERDA&topicRef=3504&source=see_link Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. manifestations-and-diagnosis-in- adults?search=insuficiencia%20cardiaca%20VENTRICULAR%20 ESQUERDA&topicRef=3504&source=see_link Além dessas alterações no VE, outros achados incluem aumento do átrio esquerdo e, menos frequentemente, aumento e disfunção do ventrículo direito. Nesses pacientes, todas as quatro câmaras podem estar dilatadas. A doença arterial coronariana e a valvopatia são outras causas de dilatação ventricular com disfunção sistólica (comumente chamada de "cardiomiopatia isquêmica" ou "cardiomiopatia valvular", embora não sejam definidas como cardiomiopatias sob a atual American Heart Association / European Society of Cardiology [AHA / ESC] sistemas de classificação). Essas causas de doenças cardíacas devem ser diferenciadas do DCM para aconselhamento genético e gerenciamento clínico apropriados. OS PRINCIPAIS FENÓTIPOS DE CARDIOMIOPATIA SÃO AS CARDIOMIOPATIAS DILATADAS, HIPERTRÓFICAS, RESTRITIVAS, ARRITMOGÊNICAS DO VENTRÍCULO DIREITO E NÃO CLASSIFICADAS. CADA FENÓTIPO DE CARDIOMIOPATIA É CAUSADO POR UMA VARIEDADE DE DISTÚRBIOS FAMILIARES E NÃO FAMILIARES https://www.uptodate.com/contents/heart-failure-clinical-manifestations-and-diagnosis-in-adults?search=insuficiencia%20cardiaca%20VENTRICULAR%20ESQUERDA&topicRef=3504&source=see_link https://www.uptodate.com/contents/heart-failure-clinical-manifestations-and-diagnosis-in-adults?search=insuficiencia%20cardiaca%20VENTRICULAR%20ESQUERDA&topicRef=3504&source=see_link https://www.uptodate.com/contents/heart-failure-clinical-manifestations-and-diagnosis-in-adults?search=insuficiencia%20cardiaca%20VENTRICULAR%20ESQUERDA&topicRef=3504&source=see_link Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. ETIOLOGIA DA CARDIOMIOPIA DILATADA: AS CAUSAS DE CMD INCLUEM UMA VARIEDADE DE AGENTES TÓXICOS, METABÓLICOS OU INFECCIOSOS, ALÉM DE UM GRANDE NÚMERO DE CAUSAS GENÉTICAS. Quando todas as causas de CMD tenham sido excluídas, a CMD é classificada COMO IDIOPÁTICA; entretanto, o termo idiopático reflete a incapacidade de se estabelecer um diagnóstico específico, ou seja, a etiologia está presente, mas não foi detectada. Em uma revisão das causas de cardiomiopatia dilatada inicialmente inexplicada, foi observado que 50% eram de origem idiopática, 9% por miocardite, 7% isquêmica, 5% por doenças infiltrativas, 4% periparto, 4% hipertensiva, 4% por HIV, 3% por doenças do tecido conectivo, 1% por quimioterápicos. Dos pacientes com diagnóstico inicial de cardiomiopatia dilatada idiopática, 20 a 50% apresentam cardiomiopatia dilatada familiar, quando realizada a triagem clínica dos membros da família. As infecções virais e mutações genéticas são consideradas relativamente comuns em pacientes com CMD. Foi observado em uma metanálise que 1O a 20% dos casos de CMD são causados por sequela de infecção viral, em especial por vírus do grupo Coxsackie. Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. Resumo As cardiomiopatias representam um grupo de doenças que afetam o miocárdio e incluem doenças que acometem tanto primariamente o músculo cardíaco como doenças sistêmicas, sendo frequentemente de origem genética. Discutimos as cardiomiopatias dilatada, periparto e alcoólica, com relação a sua apresentação clínica, fisiopatologia, diagnóstico e particularidades terapêuticas. A CARDIOMIOPATIA DILATADA É DEFINIDA COMO A DILATAÇÃO DO VENTRÍCULO ESQUERDO ASSOCIADA À DISFUNÇÃO SISTÓLICA, QUE NÃO É CAUSADA POR DOENÇA ARTERIAL CORONARIANA, HIPERTENSÃO OU DOENÇA VALVAR, MANIFESTANDO-SE CLINICAMENTE POR INSUFICIÊNCIA CARDÍACA PROGRESSIVA, ARRITMIAS VENTRICULARES E SUPRAVENTRICULARES, ANORMALIDADES DO SISTEMA DE CONDUÇÃO, TROMBOEMBOLISMO E MORTE SÚBITA A CARDIOMIOPATIA PERIPARTO É UMA FORMA DE CARDIOMIOPATIA IDIOPÁTICA, QUE SE MANIFESTA CLINICAMENTE POR SINAIS E SINTOMAS DE INSUFICIÊNCIA CARDÍACA SECUNDÁRIA À DISFUNÇÃO SISTÓLICA DO VE (FEVE: 45%), COM INÍCIO NO ÚLTIMO MÊS DE GESTAÇÃO OU ATÉ O 6° MÊS DO PUERPÉRIO, AFETANDO MULHERES SEM DOENÇA CARDIOVASCULAR CONHECIDA. A CARDIOMIOPATIA ALCOÓLICA É UMA FORMA DE CARDIOMIOPATIA DILATADA NÃO ISQUÊMICA, SECUNDÁRIA AO CONSUMO EXCESSIVO DE ÁLCOOL(> 90 G/DIA DE ÁLCOOL POR > 5 ANOS). A disfunção pode ser reversível com a abstinência do álcool. O tratamento medicamentoso das cardiomiopatias é semelhante ao tratamento da insuficiência cardíaca. Na cardiomiopatia periparto durante a gestação, alguns ajustes devem ser observados por causa do risco de toxicidade ao feto. Na cardiomiopatia alcoólica, a medida mais importante é a abstinência total do consumo de álcool, a qual pode levar, de forma isolada, à melhora da função ventricular. Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. OBJETIVO 02: ENTENDER A FISIOPATOLOGIA DA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA E AS SUAS MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS E RADIOLÓGICAS; INSUFICIÊNCIA CARDÍACA: FUNÇÃO DE BOMBA INADEQUADA DO CORAÇÃO, QUE LEVA À CONGESTÃO RESULTANTE DE LÍQUIDO NOS PULMÕES E TECIDOS PERIFÉRICOS, É O RESULTADO FINAL COMUM A MUITOS PROCESSOS DE DOENÇA CARDÍACA. Insuficiência cardíaca (IC) está presente em aproximadamente 3 milhões de pessoas nos Estados Unidos; mais de 400 mil novos casos são relatados anualmente. A apresentação clínica é altamente variável; para um paciente individual, os sintomas dependem da rapidez com que a insuficiência cardíaca se desenvolve, e se ela envolve o ventrículo esquerdo, direito, ou ambos. Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna– Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. INSUFICIÊNCIA VENTRICULAR ESQUERDA: ➔ APRESENTAÇÃO CLÍNICA: OS PACIENTES COM INSUFICIÊNCIA DO VENTRÍCULO ESQUERDO APRESENTAM-SE MAIS COMUMENTE COM UMA SENSAÇÃO DE DISPNEIA, PARTICULARMENTE QUANDO DEITADOS (ORTOPNEIA) OU À NOITE (DISPNEIA PAROXÍSTICA NOTURNA). Além disso, o paciente pode se queixar de escarro com rajas de sangue (hemoptise) e, ocasionalmente, dor torácica. Fadiga, noctúria e confusão também podem ser causadas por insuficiência cardíaca. AO EXAME FÍSICO, O PACIENTE GERALMENTE TEM FREQUÊNCIAS RESPIRATÓRIA E CARDÍACA ELEVADAS. A pele pode estar pálida, fria e suada. Na insuficiência cardíaca grave, a palpação do pulso periférico pode revelar alternância de batimentos fortes e fracos (pulso alternante). A ausculta dos pulmões revela ruídos anormais, chamados de ESTERTORES CREPITANTES, que têm sido descritos como "folhas estalando” Além disso, as bases dos campos pulmonares podem estar maciças à percussão. Ao exame cardíaco, o impulso apical com frequência está deslocado lateralmente e mantido. Terceira e quarta bulhas cardíacas podem ser ouvidas à ausculta do coração. COMO MUITOS PACIENTES COM INSUFICIÊNCIA VENTRICULAR ESQUERDA TAMBÉM TÊM INSUFICIÊNCIA VENTRICULAR DIREITA ACOMPANHANTE, SINAIS DE INSUFICIÊNCIA VENTRICULAR DIREITA TAMBÉM PODEM ESTAR PRESENTES. ➔ ETIOLOGIA: A insuficiência cardíaca é um complexo fisiopatológico associado com disfunção do coração, e é um ponto terminal comum para muitas doenças do sistema circulatório. Há muitas causas possíveis, e a razão específica para insuficiência cardíaca em um determinado paciente sempre deve ser pesquisada. Em geral, a insuficiência cardíaca pode ser causada por 1. CARGAS DE TRABALHO INADEQUADAS COLOCADAS SOBRE O CORAÇÃO, COMO SOBRECARGA DE VOLUME OU SOBRECARGA DE PRESSÃO; 2. DIMINUIÇÃO DO ENCHIMENTO VENTRICULAR; 3. PERDA DE MIÓCITOS; OU 4. CONTRATILIDADE DE MIÓCITOS DIMINUÍDA. Qualquer uma dessas causas pode iniciar uma sequência evolutiva de eventos que serão descritos em seguida. ➔ FISIOPATOLOGIA: A fisiopatologia da insuficiência cardíaca é complexa e deve ser compreendida em múltiplos níveis. Tradicionalmente, A PESQUISA TEM ENFOCADO AS ALTERAÇÕES HEMODINÂMICAS DO CORAÇÃO INSUFICIENTE, CONSIDERANDO O CORAÇÃO COMO UM ÓRGÃO ISOLADO. Contudo, estudos do coração insuficiente têm enfatizado a importância de se compreender alterações ao nível celular e as interações neuro-hormonais entre o coração e outros órgãos do corpo Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. A. ALTERAÇÕES HEMODINÂMICAS: de um ponto de vista hemodinâmico, A INSUFICIÊNCIA CARDÍACA PODE SURGIR DEVIDO À PIORA DA FUNÇÃO SISTÓLICA OU DIASTÓLICA, OU, MAIS FREQUENTEMENTE, A UMA COMBINAÇÃO DE AMBAS. ➔ NA DISFUNÇÃO SISTÓLICA, a curva de pressão sistólica isovolumétrica da relação pressão-volume é desviada para baixo. Isso reduz o volume sistólico do coração com uma diminuição concomitante do débito cardíaco. PARA MANTER O DÉBITO CARDÍACO, O CORAÇÃO PODE RESPONDER COM TRÊS MECANISMOS COMPENSATÓRIOS. Primeiro, o retomo aumentado de sangue ao coração (pré-carga) pode levar ao aumento da contração de sarcômeros (relação de Frank- Starling). Na relação pressão-volume, o coração opera em a' em vez de a, e o volume sistólico aumenta, mas à custa de pressão diastólica final aumentada (D). Segundo, a liberação aumentada de catecolaminas pode elevar o débito cardíaco tanto pelo aumento da frequência cardíaca quanto pelo desvio da curva isovolumétrica sistólica para a esquerda (C). Finalmente, o músculo cardíaco pode se hipertrofiar e o volume ventricular pode aumentar, o que desvia a curva diastólica para a direita (B). Embora cada um desses mecanismos compensatórios possa manter temporariamente o débito cardíaco, cada um é limitado em sua capacidade de fazê-lo, e se a causa subjacente para a disfunção sistólica permanecer sem tratamento, o coração, por fim, entra em falência. ➔ NA DISFUNÇÃO DIASTÓLICA, a posição da curva isovolumétrica sistólica permanece inalterada (a contratilidade dos miócitos está preservada). Entretanto, a curva pressão-volume diastólica está desviada para a esquerda, com um aumento da pressão diastólica final do ventrículo esquerdo e sintomas de insuficiência cardíaca. A disfunção diastólica pode estar presente em qualquer doença que cause relaxamento diminuído, diminuição da retração elástica ou aumento da rigidez do ventrículo. A hipertensão frequentemente leva a aumentos compensatórios da espessura da parede ventricular esquerda, que pode causar disfunção diastólica por alterar todos os três parâmetros. A escassez de sangue para os miócitos (isquemia) também pode causar disfunção diastólica por diminuição do relaxamento . Se a isquemia for grave, como no infarto do miocárdio, pode ocorrer dano irreversível dos miócitos, com substituição das células contráteis por fibrose, o que levará à disfunção sistólica. Na maioria dos pacientes, uma combinação de disfunção sistólica e diastólica é responsável pelos sintomas de insuficiência cardíaca. B. ALTERAÇÕES NEURO-HORMONAIS: após uma lesão no coração, observa-se secreção aumentada de neuro-hormônios endógenos e citocinas. Inicialmente, a atividade aumentada do sistema adrenérgico e do sistema renina-angiotensina fornece uma resposta compensatória que mantém a perfusão de órgãos vitais. Entretanto, com o tempo, Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. essas alterações podem levar à deterioração progressiva da função cardíaca. AUMENTO DA ATIVIDADE SIMPÁTICA OCORRE PRECOCEMENTE NO DESENVOLVIMENTO DE INSUFICIÊNCIA CARDÍACA. 1. Os níveis plasmáticos elevados de noradrenalina causam aumento da contratilidade cardíaca e aumento da frequência cardíaca, que, inicialmente, ajudam a manter o débito cardíaco. 2. Contudo, aumentos continuados levam a uma pré- carga aumentada (como um resultado da vasoconstrição venosa) e pós-carga aumentada (da vasoconstrição arterial), que pode piorar a insuficiência cardíaca. 3. Além disso, a hiperatividade simpática causa alterações celulares deletérias. A PRESSÃO SANGUÍNEA RENAL REDUZIDA ESTIMULA A LIBERAÇÃO DE RENINA E AUMENTA A PRODUÇÃO DE ANGIOTENSINA II. Tanto a angiotensina II quanto a ativação simpática causam vasoconstrição arteriolar glomerular eferente, que ajuda a manter a taxa de filtração glomerular apesar do débito cardíaco reduzido. A angiotensina II estimula a síntese de aldosterona, que leva à reabsorção de sódio e à excreção de potássio pelos rins. ENTRETANTO, UM CÍRCULO VICIOSO SE INICIA QUANDO A HIPERATIVIDADE CONTINUADA DO SISTEMA RENINA-ANGIOTENSINA LEVA A VASOCONSTRIÇÃO INTENSA, PÓS-CARGA AUMENTADA E REDUÇÃO MAIOR DO DÉBITO CARDÍACO E DA TAXA DE FILTRAÇÃO GLOMERULAR. A insuficiência cardíaca está associada com liberação aumentada de vasopressina pela neuro-hipófise. A vasopressina é outro vasoconstritor potente que também promove reabsorção de água nos túbulos renais. A insuficiência cardíaca está associada com liberação de citocinas e outros peptídeos circulantes. AS CITOCINAS CONSTITUEM UMA FAMÍLIA HETEROGÊNEA DE PROTEÍNAS QUE SÃO SECRETADAS POR MACRÓFAGOS, LINFÓCITOS, MONÓCITOS E CÉLULAS ENDOTELIAIS EM RESPOSTA À LESÃO. ➔ AS INTERLEUCINAS (ILS) E O FATOR DE NECROSE TUMORAL (TNF) SÃO OS DOIS GRUPOS PRINCIPAIS DE CITOCINAS QUE PODEM DESEMPENHAR UM PAPEL FISIOPATOLÓGICO IMPORTANTE NA INSUFICIÊNCIACARDÍACA. ➔ A SUPRARREGULAÇÃO DO GENE RESPONSÁVEL POR TNF, COM UM AUMENTO DOS NÍVEIS CIRCULANTES PLASMÁTICOS DE TNF, TEM SIDO ENCONTRADA EM PACIENTES COM INSUFICIÊNCIA CARDÍACA. ➔ O TNF parece exercer um papel importante no ciclo de hipertrofia de miócitos e na morte celular (apoptose) descritos na seção seguinte. Dados preliminares in vitro sugerem que IL-1 pode acelerar a hipertrofia de miócitos. Outro peptídeo importante para mediar alguns dos efeitos fisiopatológicos observados na insuficiência cardíaca é o vasoconstritor potente endotelina, que é liberado por células endoteliais. Dados preliminares têm sugerido que a liberação excessiva de endotelina pode ser responsável pela hipertensão nas artérias pulmonares observada em pacientes com insuficiência cardíaca ventricular esquerda. A endotelina também está associada com crescimento de miócitos e depósito de colágeno na matriz intersticial. C. ALTERAÇÕES CELULARES: as alterações fisiopatológicas no nível celular são muito complexas e incluem mudanças no manejo de Ca2 +, receptores adrenérgicos, aparelho contrátil e estrutura dos miócitos. Na insuficiência cardíaca, tanto o aporte de Ca2 + ao aparelho contrátil quanto a recaptação de Ca2 + pelo retículo sarcoplasmático estão lentos. Níveis diminuídos de ácido ribonucleico mensageiro (RNAm) para os canais especializados de liberação de Ca2 + têm sido relatados por alguns pesquisadores. De modo semelhante, MIÓCITOS DE CORAÇÕES INSUFICIENTES TÊM NÍVEIS REDUZIDOS DE RNAM PARA AS DUAS PROTEÍNAS DO RETÍCULO SARCOPLASMÁTICO, FOSFOLAMBAM E CA2 +-ATPASE. Duas classes principais de receptores adrenérgicos são encontradas no coração humano. adrenérgicos são importantes para indução da hipertrofia do miocárdio; níveis de receptores alfa estão levemente aumentados na insuficiência cardíaca. A INSUFICIÊNCIA CARDÍACA ESTÁ ASSOCIADA COM DESSENSIBILIZAÇÃO SIGNIFICATIVA DE RECEPTOR ~-B ADRENÉRGICO COMO UM RESULTADO DA ATIVAÇÃO SIMPÁTICA CRÔNICA. Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. Este efeito é mediado pela regulação para baixo de receptores B adrenérgicos, desacoplamento a jusante da via de transdução de sinal e suprarregulação de proteínas G inibidoras. Todas essas mudanças levam a uma redução maior da contratilidade dos miócitos. Os miócitos cardíacos não podem proliferar uma vez que tenham amadurecido para sua forma adulta. Contudo, há uma renovação constante das proteínas contráteis que compõem o sarcômero. Em resposta aos esforços hemodinâmicos associados com a insuficiência cardíaca, angiotensina II, TNF, noradrenalina e outras moléculas induzem a síntese de proteínas por meio de mediadores intranucleares da atividade gênica, tais como c- fos, c-jun e c-myc. Isso causa hipertrofia de miócitos com um aumento do número de sarcômeros e uma re-expressão de formas fetais e neonatais de miosina e troponina. A ativação desse programa primitivo resulta no desenvolvimento de MIÓCITOS GRANDES que não se contraem normalmente e têm atividade diminuída de ATPase ou remodelamento. O coração aumenta em resposta ao estresse hemodinâmico continuado. Alterações no tamanho e no formato do miocárdio associadas com insuficiência cardíaca são designadas coletivamente como remodelamento ventricular esquerdo. Várias alterações teciduais parecem mediar esse processo. ➔ PRIMEIRAMENTE, A INSUFICIÊNCIA CARDÍACA ESTÁ ASSOCIADA COM PERDA DE MIÓCITOS POR MEIO DE UM PROCESSO CHAMADO APOPTOSE (MORTE CELULAR PROGRAMADA). Ao contrário do processo de necrose, as células em apoptose inicialmente demonstram volume celular diminuído sem desintegração da membrana celular. Entretanto, quando o processo de apoptose continua, o miócito finalmente morre e "lacunas" são deixadas no miocárdio. A perda de miócitos ocasiona esforço aumentado sobre os miócitos remanescentes. O processo de apoptose é acelerado pelos sinais proliferativos que estimulam a hipertrofia de miócitos, como o TNF. Embora a apoptose seja um processo normal que é essencial em órgãos compostos por células em proliferação, no coração a apoptose inicia um círculo vicioso no qual a morte celular causa aumento do esforço que leva à hipertrofia e maior aceleração da apoptose (remodelamento). ➔ UMA SEGUNDA ALTERAÇÃO TECIDUAL OBSERVADA NA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA É UMA QUANTIDADE AUMENTADA DE TECIDO FIBROSO NOS ESPAÇOS INTERSTICIAIS DO CORAÇÃO. O depósito de colágeno é devido à ativação de fibroblastos e à morte de miócitos. A liberação de endotelina leva ao depósito de colágeno intersticial. O aumento de tecido conectivo faz crescer a rigidez das câmaras e desvia a curva de volume-pressão diastólica para a esquerda. Finalmente, a insuficiência cardíaca está associada com dilatação gradual do ventrículo. O "escorregamento'' de miócitos como um resultado da ativação de colagenases que desintegram a rede de colágeno pode ser responsável por esse processo. ➔ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: A. SINTOMAS: DISPNEIA, ORTOPNEIA, DISPNEIA PAROXÍSTICA NOTURNA - embora muitos detalhes dos mecanismos fisiológicos para a sensação de dispneia sejam indefinidos, o evento incitante provavelmente é uma elevação das pressões capilares pulmonares em consequência ao aumento das pressões ventricular e atrial esquerda. O aumento da pressão capilar pulmonar em relação à pressão oncótica do plasma causa o movimento de líquido para os espaços intersticiais do pulmão (edema pulmonar), que pode ser visualizado na radiografia de tórax. O edema intersticial provavelmente estimula receptores justacapilares, o que, por sua vez, causa respiração reflexa superficial e rápida. A SUBSTITUIÇÃO DE AR NOS PULMÕES POR SANGUE OU LÍQUIDO INTERSTICIAL PODE CAUSAR UMA REDUÇÃO DA CAPACIDADE VITAL, FISIOLOGIA RESTRITIVA E ALÇAPONAMENTO DE AR RESULTANTE DO FECHAMENTO DE VIAS AÉREAS PEQUENAS. Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. O trabalho de respiração aumenta quando o paciente tenta distender pulmões rígidos, o que pode levar à fadiga de músculos respiratórios e à sensação de dispneia. Alterações na distribuição de ventilação e perfusão resultam em desequilíbrio relativo ventilação-perfusão, com o consequente aumento do gradiente de 0 A 2 alveolar-arterial, hipoxemia e espaço morto aumentado. Edema das paredes brônquicas pode levar à obstrução de vias aéreas pequenas e produzir sibilância ("asma cardíacà'). ➔ A dispneia ocorre na posição de decúbito (ortopneia) devido ao acúmulo de sangue reduzido nas extremidades e no abdome, e, como o paciente está operando na porção íngreme da curva pressão-volume diastólica, qualquer aumento no retorno de sangue leva a elevações acentuadas das pressões ventriculares. Os pacientes geralmente aprendem a minimizar a ortopneia dormindo com a parte superior do corpo apoiada por dois ou mais travesseiros. O início súbito de dificuldade respiratória intensa à noite - dispneia paroxística noturna - provavelmente ocorre em razão da redução do suporte adrenérgico da função ventricular que ocorre com o sono, do aumento do retorno de sangue como descrito previamente, e da depressão noturna normal do centro respiratório. Fadiga, confusão – a fadiga provavelmente surge devido à incapacidade do coração de suprir quantidades adequadas de sangue aos músculos esqueléticos. Confusão pode se manifestar na insuficiência cardíaca avançada em consequência de má perfusão do cérebro. Nictúria – a insuficiência cardíaca pode levar à perfusão renal reduzida durante o diaenquanto o paciente está de pé, que se normaliza somente à noite enquanto o paciente está em supinação, com diurese consequente. Dor torácica – se a causa da insuficiência for doença arterial coronariana, os pacientes podem apresentar dor torácica secundária à isquemia (angina de peito). Além disso, mesmo sem isquemia, a insuficiência cardíaca aguda pode causar dor torácica por mecanismos desconhecidos. B. EXAME FÍSICO: Estertores crepitantes, derrame pleural – o aumento de líquido nos espaços alveolares por mecanismos descritos anteriormente pode ser ouvido como estertores crepitantes. Pressões capilares aumentadas também podem causar acúmulo de líquido nos espaços pleurais. Íctus deslocado e mantido – na maioria das pessoas, a contração do coração pode ser examinada por palpação cuidadosa da parede torácica (impulso apical ou íctus). O impulso apical normal é sentido na linha medioclavicular no quarto ou quinto espaço intercostal e só é palpável durante a primeira parte da sístole. Quando o impulso apical pode ser palpado durante a parte mais tardia da sístole, ele está mantido. Impulsos mantidos sugerem que aumentos do volume ou da massa ventricular estão presentes. Além disso, quando o volume ventricular esquerdo está aumentado como um mecanismo compensatório da insuficiência cardíaca, o impulso apical é deslocado lateralmente. Terceira bulha cardíaca (B3 ) – a terceira bulha cardíaca é um som de timbre baixo que é ouvido durante o enchimento rápido do ventrículo no início da diástole. O mecanismo exato responsável pela gênese da terceira bulha não é conhecido, mas o som parece resultar ou da desaceleração súbita do sangue, quando os limites elásticos da câmara ventricular são alcançados, ou do impacto real da parede ventricular contra a parede torácica. Embora uma terceira bulha cardíaca seja normal em crianças e adultos jovens, ela raramente é ouvida em adultos sadios com mais de 40 anos de idade. Nestes indivíduos, a presença de uma terceira bulha cardíaca é quase patognomônica de insuficiência ventricular. Os volumes e pressões sistólicos finais aumentados do coração com insuficiência provavelmente são responsáveis pela terceira bulha cardíaca proeminente. Quando ela surge em consequência de insuficiência ventricular esquerda, a terceira bulha cardíaca geralmente é mais bem ouvida no ápice. Ela pode estar presente em pacientes com disfunção diastólica ou sistólica. Quarta bulha cardíaca (B4 ) – normalmente, sons originários da contração atrial não são ouvidos. Entretanto, se há rigidez aumentada do ventrículo, um som de baixo timbre no fim da diástole, que ocorre concomitantemente à contração atrial algumas vezes pode ser ouvido. Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. Como na terceira bulha cardíaca, o mecanismo exato para a gênese da quarta bulha não é conhecido. Contudo, ela provavelmente se origina da desaceleração súbita de sangue em um coração não complacente, ou do impacto repentino de um ventrículo rígido contra a parede torácica. Ela é mais bem ouvida lateralmente sobre o ápice no ponto de impulso máximo, sobretudo quando o paciente está girado parcialmente sobre o lado esquerdo. A QUARTA BULHA CARDÍACA É AUDÍVEL COMUMENTE EM QUALQUER PACIENTE COM INSUFICIÊNCIA CARDÍACA RESULTANTE DE DISFUNÇÃO DIASTÓLICA. Pele pálida, fria e suada – pacientes com insuficiência cardíaca grave frequentemente têm vasoconstrição periférica, o que mantém o fluxo de sangue para os órgãos centrais e a cabeça. Em alguns casos, a pele parece escura devido ao conteúdo de oxigênio reduzido no sangue venoso, como um resultado do aumento de extração de oxigênio nos tecidos periféricos que estão recebendo fluxo sanguíneo baixo. A sudorese ocorre porque o calor do corpo não pode ser dissipado através do leito vascular constringido da pele. INSUFICIÊNCIA VENTRICULAR DIREITA: ➔ APRESENTAÇÃO CLÍNICA: Os sintomas de insuficiência ventricular direita incluem dispneia, edema de membros inferiores (ou pré-tibial) e dor abdominal. Os achados do exame físico são semelhantes aos de insuficiência ventricular esquerda, mas em posições diferentes, porque o ventrículo direito está anatomicamente anterior e à direita do ventrículo esquerdo. Pacientes com insuficiência ventricular direita podem ter uma terceira bulha cardíaca mais bem ouvida no rebordo esternal, ou uma impulsão sistólica mantida do esterno. A inspeção do pescoço revela pressões venosas jugulares elevadas (turgência jugular). Como a causa mais comum de insuficiência ventricular direita é a insuficiência ventricular esquerda, sinais desta última frequentemente também estão presentes. Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. ➔ ETIOLOGIA: A insuficiência ventricular direita pode ser devida a várias causas. Como mencionado anteriormente, A INSUFICIÊNCIA VENTRICULAR ESQUERDA PODE CAUSAR INSUFICIÊNCIA VENTRICULAR DIREITA EM RAZÃO DA PRÉ-CARGA AUMENTADA IMPOSTA AO VENTRÍCULO DIREITO. Pós-carga aumentada também pode estar presente por anormalidades das artérias ou dos capilares pulmonares. Por exemplo, fluxo aumentado por um shunt congênito pode causar constrição reativa da artéria pulmonar, pós-carga ventricular direita aumentada e, finalmente, insuficiência ventricular direita. A insuficiência do ventrículo direito pode ocorrer como uma sequela de doença pulmonar (cor pulmonale) devida à destruição do leito capilar pulmonar, ou por vasoconstrição das arteríolas pulmonares induzida por hipoxia. A insuficiência ventricular direita também pode ser causada por isquemia do ventrículo direito, geralmente na situação de um infarto da parede inferior do miocárdio. ➔ FISIOPATOLOGIA: A fisiopatologia da insuficiência ventricular direita é semelhante à descrita para o ventrículo esquerdo. Tanto anormalidades sistólicas quanto diastólicas do ventrículo direito podem estar presentes, e muitas vezes ocorrem devido a cargas inapropriadas colocadas sobre o ventrículo ou à perda primária de contratilidade dos miócitos. Pacientes com insuficiência ventricular direita isolada (hipertensão pulmonar, cor pulmonale) podem ter uma razão mecânica para insuficiência ventricular esquerda. O septo interventricular geralmente é encurvado na direção do ventrículo direito de paredes mais finas e pressão mais baixa. Quando a pressão ventricular direita aumenta em relação à esquerda, o septo interventricular pode se encurvar para a esquerda e impedir o enchimento eficiente do ventrículo esquerdo, o que pode levar à congestão pulmonar. Raramente, o encurvamento pode ser tão intenso que o fluxo de saída do ventrículo esquerdo pode ser parcialmente obstruído. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: A. DISPINEIA: se HÁ INSUFICIÊNCIA VENTRICULAR ESQUERDA, os pacientes podem apresentar dispneia devido ao edema pulmonar. EM PACIENTES COM INSUFICIÊNCIA DO LADO DIREITO resultante de doença pulmonar, a dispneia pode ser uma manifestação da doença subjacente (p. ex., embolia pulmonar, doença pulmonar obstrutiva crônica). Em alguns pacientes com insuficiência ventricular direita, congestão das veias hepáticas com formação de ascite pode interferir na função normal do diafragma e contribuir para a sensação de dispneia. Além disso, o débito cardíaco reduzido do lado direito por si só pode causar acidose, hipoxia e dispneia. SE A CAUSA DA INSUFICIÊNCIA DO LADO DIREITO É UM DEFEITO DO LADO ESQUERDO, COMO ESTENOSE MITRAL, O INÍCIODA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA DIREITA PODE ÀS VEZES DIMINUIR OS SINTOMAS DE EDEMA PULMONAR EM RAZÃO DA DIMINUIÇÃO DA CARGA COLOCADA SOBRE O VENTRÍCULO ESQUERDO. B. PRESSÃO VENOSA JUGULAR ELEVADA (TURGÊNCIA JUGULAR: a posição das pulsações venosas da veia jugular interna pode ser observada durante o exame do pescoço. A distância vertical acima do coração na qual as pulsações venosas são observadas é uma estimativa da pressão atrial direita ou da pressão venosa central. Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. Como a posição do átrio direito não pode ser determinada precisamente, a altura da pulsação venosa jugular é mensurada em relação ao ângulo de Louis no esterno. A pressão atrial direita pode então ser aproximada somando- -se 5 cm à altura da coluna venosa (porque o átrio direito está aproximadamente 5 cm inferior ao ângulo). As pulsações venosas jugulares geralmente são observadas menos de 7 cm acima do átrio direito. PRESSÕES ATRIAIS ELEVADAS ESTÃO PRESENTES EM QUALQUER TEMPO EM QUE ESSA DISTÂNCIA SEJA MAIOR QUE 10 CM E INDICAM QUE A PRÉ-CARGA DO VENTRÍCULO É ADEQUADA, MAS A FUNÇÃO VENTRICULAR ESTÁ DIMINUÍDA E O LÍQUIDO ESTÁ SE ACUMULANDO NO SISTEMA VENOSO. Outras causas de pressões jugulares elevadas, além de insuficiência cardíaca, incluem tamponamento pericárdico, pericardite constritiva e embolia pulmonar massiva. Além da posição relativa, formas de onda individuais do pulso venoso jugular podem ser avaliadas. Podem ser identificadas três ondas positivas (a, c e v) e duas ondas negativas (x e y). A onda a é causada por pressão atrial direita transmitida a partir da contração atrial. A onda c geralmente não está presente no exame à beira do leito; acredita-se que ela surja do abaulamento da valva tricúspide durante a contração isovolumétrica do ventrículo direito. A descida x provavelmente deve-se ao relaxamento atrial e deslocamento para baixo do anel tricúspide durante a sístole. A onda v surge do enchimento continuado do átrio direito durante a parte mais tardia da sístole. Uma vez que a valva tricúspide se abre, o sangue flui para dentro do ventrículo direito e a descida y começa. C. ANASARCA, ASCITE, EDEMA DE MEMBROS INFERIORES, REFLUXO HEPATOJUGULAR, DOR ABDOMINAL: a pressão elevada no lado direito leva a acúmulo de líquido na circulação venosa sistêmica. A CONGESTÃO VENOSA PODE SER MANIFESTADA POR EDEMA GENERALIZADO (ANASARCA), ASCITE (ACÚMULO DE LÍQUIDO NO ESPAÇO PERITONEAL) E EDEMA GRAVITACIONAL (INCHAÇO DOS PÉS E DAS PERNAS). A pressão sobre o fígado por aproximadamente 5 segundos pode causar deslocamento de sangue para a veia cava; quando o ventrículo direito não pode acomodar esse volume adicional, um aumento da pressão venosa jugular ("refluxo hepatojugular") pode ser observado. A expansão do fígado por acúmulo de líquido pode causar distensão da cápsula hepática com dor abdominal acompanhante no quadrante superior direito. Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. MANIFESTAÇÕES RADIOLÓGICAS: Uma radiografia de tórax – A radiografia de tórax mostra se há fluido nos pulmões. Ele também mostra a forma e o tamanho gerais do coração e dos grandes vasos sanguíneos do tórax. Um eletrocardiograma (ECG) - esse teste mede a atividade elétrica do coração. Pode mostrar se o seu coração bate em um ritmo normal e se você já teve um ataque cardíaco no passado. Um ecocardiograma (ou "eco" para breve) - um eco usa ondas sonoras para criar uma imagem do coração. Este teste permite aos médicos medir as paredes e câmaras do coração, ver como o coração está bombeando e ver como as válvulas cardíacas estão funcionando. (As válvulas cardíacas são abas de tecido que se abrem e fecham como portas giratórias. Elas ajudam a manter o sangue fluindo na direção certa.) Um teste de esforço - durante um teste de esforço, você pode ser solicitado a correr ou caminhar em uma esteira enquanto também faz um ECG. A atividade física faz o coração bater mais rápido e aumenta a necessidade de sangue do coração. Este teste ajuda os médicos a ver se o coração está recebendo sangue suficiente. Se você não consegue andar ou correr, seu médico pode fazer este teste dando-lhe um medicamento para dilatar os vasos sanguíneos ou fazer o coração bater mais rápido. Cateterismo cardíaco (também chamado de "cateter cardíaco") - Durante este teste, o médico coloca um tubo fino em um vaso sanguíneo em sua perna ou braço. Em seguida, ele move o tubo até o seu coração. Quando o tubo está no coração ou nos vasos sanguíneos, ele fará as medições. O médico também pode colocar um corante que aparece em um raio-X em um tubo. Isso pode mostrar se alguma das artérias do coração está estreitada ou bloqueada. Esta parte do teste é chamada de "angiografia coronária". Em alguns casos, o médico também fará uma pequena porção do músculo cardíaco (uma "biópsia"). Isso pode ajudar o médico a encontrar a causa de sua cardiomiopatia. Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. Resumo A síndrome da insuficiência cardíaca (IC) ainda é uma doença com destaque na saúde pública. Tem elevada prevalência na população, com alta mortalidade e morbidade, e é responsável por grande parte das internações hospitalares no Brasil, na Europa e nos Estados Unidos, principalmente entre os idosos. A síndrome clínica da insuficiência cardíaca (IC) representa um somatório de múltiplas alterações anatômicas, funcionais e biológicas que interagem entre si. Mesmo após a disfunção cardíaca instalada, a maioria dos pacientes pode permanecer assintomática por períodos variáveis, em decorrência da ativação de mecanismos adaptativos, dentre os quais se destacam o sistema renina-angiotensina-aldosterona e o sistema nervoso simpático. Essas adaptações iniciam-se rapidamente, em questão de minutos a horas, e são capazes de sustentar ou modular a função ventricular em níveis próximos do normal. Em longo prazo, outro mecanismo adaptativo é o remodelamento ventricular, no qual fatores neuro- -hormonais, mecânicos e possivelmente genéticos alteram tamanho, forma e função ventricular. Esse remodelamento ventricular, que a princípio é consequência da IC, passa em um segundo momento a contribuir para a deteriorização da disfunção miocárdica. Quando ocorre a falência dos mecanismos adaptativos, sobretudo o remodelamento ventricular, a IC torna-se sintomática. Apesar dos avanços no tratamento, ainda há uma elevada morbidade e mortalidade, assim, novos modelos têm sido propostos para explicar essa má progressão da IC, apesar do diagnóstico mais precoce e do tratamento otimizado, como o modelo do metabolismo energético. O diagnóstico da IC é realizado inicialmente pela história clínica e pelo exame físico, observando sinais e sintomas sugestivos da síndrome; associados a exames laboratoriais e métodos de imagem como ecocardiograma, eletrocardiograma e ressonância magnética ajudam no correto diagnóstico da IC, assim como em seu correto tratamento. Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. 4. DEFINIR E EXEMPLIFICAR AS DOENÇAS NEGLIGENCIADAS. Recentemente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e os Médicos SemFronteiras propuseram a classificação das doenças em globais (ocorrem em todo o mundo), negligenciadas (mais prevalentes nos países em desenvolvimento) e mais negligenciadas (exclusivas dos países em desenvolvimento). Essa classificação representa uma evolução da denominação "doenças tropicais" por contemplar os contextos de desenvolvimento político, econômico e social. Ultrapassa a visão herdada do colonialismo de um determinismo geográfico da causalidade de doenças. Sinaliza, também, que o combate a essas enfermidades, que atingem particularmente as populações marginalizadas, é essencial para o cumprimento dos objetivos de desenvolvimento da Organização das Nações Unidas (ONU) para o milênio. Se as causas principais de uma doença se limitassem a fatores geográficos, bastaria desenvolver uma intervenção específica contra esse agente para tornar possível o seu controle. Essa visão moldou os programas de pesquisa criados na década de 1970 (Programa Integrado de Doenças Endêmicas no Brasil e Programa Especial de Pesquisa e Treinamento em Doenças Tropicais da OMS), que dirigiram suas prioridades iniciais ao financiamento de pesquisa. Embora necessárias, atividades de pesquisa não são suficientes para o controle das doenças negligenciadas, mas apenas um componente de um complexo sistema de inovação em saúde. A erradicação da varíola é um bom exemplo do que estamos falando: a. INOVAÇÃO DE PRODUTO: ATIVIDADES DE PESQUISA GERARAM VACINA EFICAZ E DE BAIXO CUSTO; b. INOVAÇÃO DE MÉTODO: DESENVOLVIMENTO DE AGULHA BIFURCADA PARA INOCULAÇÃO DE QUANTIDADE CONSTANTE DA VACINA; c. INOVAÇÃO DE PROCESSO: ENVOLVIMENTO DE INSTÂNCIAS LOCAIS NA APLICAÇÃO DA VACINA, REDUZINDO OS CUSTOS; d. INOVAÇÃO DE ESTRATÉGIA: ADOÇÃO DA VACINAÇÃO "EM CÍRCULOS", EM VEZ DE VACINAÇÕES EM MASSA, GARANTINDO A SUSTENTABILIDADE DA ERRADICAÇÃO. Por que persistem as doenças negligenciadas? Devido a diferentes causas ou "falhas" que classificamos em três tipos: ➔ falha de ciência (conhecimentos insuficientes); ➔ falha de mercado (medicamentos ou vacinas existem, mas a um custo proibitivo); ➔ falha de saúde pública (medicamentos baratos ou mesmo gratuitos que não são utilizados devido a planejamento deficiente) (Innovation Strategy Today 2006, 2:1-12). Para diferentes diagnósticos, diferentes tratamentos. Falhas de ciência exigem mais pesquisa. Falhas de mercado requerem mecanismos inovadores de financiamento ou negociações para redução de preços. Falhas de saúde pública exigem novas estratégias. Verifica-se a necessidade de equacionar-se um Sistema Global de Inovação em Saúde capaz de integrar os sistemas dos países industrializados com os dos países em desenvolvimento inovadores e dos países que estão mais atrasados no desenvolvimento. Quais as perspectivas do Brasil nesse cenário? O desafio é imenso, pois o país investiu desbalanceadamente em pesquisa, desenvolvimento tecnológico e inovação; não investiu em educação o necessário para usufruirmos da "economia do conhecimento", nem para diminuirmos a iniqüidade que nos divide e tampouco logrou desenvolver uma política industrial que articulasse a academia, o governo e o setor produtivo. Alguns desenvolvimentos recentes, como a aprovação e regulamentação da Lei de Inovação, apontam na direção correta. Na área da saúde, a criação do Departamento de Ciência e Tecnologia, Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, Ministério da Saúde e o lançamento por esse departamento de vários editais estimulando a inovação em saúde, inclusive em doenças negligenciadas, constituem também passos importantes. Mas muito resta a fazer para que sucessos da saúde pública brasileira, como o internacionalmente reconhecido Programa Nacional de DST e AIDS, possam repetir-se em doenças negligenciadas, uma área cuja própria nomenclatura é indicativo de baixa prioridade. O emprego do termo “doenças negligenciadas” é relativamente recente e polêmico. Foi originalmente proposto na década de 1970, por um programa da Fundação Rockefeller como “the Great Neglected Diseases”, coordenado por Kenneth Warren. Em 2001 a Organização Não Governamental “Médicos Sem Fronteiras” (MSF) em seu documento “Fatal Imbalance” propôs dividir as doenças em Globais, Negligenciadas e Mais Negligenciadas (MSF 2001). Neste mesmo ano o Relatório da Comissão sobre Macroeconomia e Saúde (OMS, 2001) introduziu uma classificação similar, dividindo as doenças em Tipo I (equivalente às doenças globais dos MSF), Tipo II (Negligenciadas/MSF) e Tipo III (Mais Negligenciadas/MSF). Esta tipologia tem sido desde então utilizada para se referir a um conjunto de doenças causadas por agentes infecciosos e parasitários (vírus, bactérias, protozoários e helmintos) que são endêmicas em populações de baixa renda vivendo, sobretudo em paises em desenvolvimento na África, Ásia e nas Américas. Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. O adjetivo “negligenciada” originalmente proposto tomou como base o fato de que por um lado elas não despertam o interesse das grandes empresas farmacêuticas multinacionais, que não vêem nessas doenças compradores potenciais de novos medicamentos, e por outro o estudo dessas doenças vem sendo pouco financiado pelas agências de fomento. Para muitos a utilização do conceito de doenças emergentes e re- emergentes é mais adequada para se referir a este conjunto de doenças. Em um primeiro momento, as seguintes doenças foram incluídas no conceito de “doença negligenciada”: DOENÇA DE CHAGAS, DOENÇA DO SONO, LEISHMANIOSES, MALÁRIA, FILARIOSES, ESQUISTOSSOMOSE. Posteriormente foram incluídas outras doenças como a HANSENÍASE, A TUBERCULOSE, DENGUE, FEBRE AMARELA E HIV/AIDS. Mais recentemente outras doenças tais como Ascaríase, Tricuríase, Necatoríase, Ancilostomíase, Tracoma, Dracunculíase e a Úlcera de buruli foram também incluídas. No que se refere ao nível de financiamento internacional para pesquisa HIV/AIDS, Tuberculose e Malária tem recebido investimentos significativos, não podendo ser mais consideradas como “negligenciadas” se levarmos em consideração apenas o nível de financiamento. Por outro lado, no caso do Brasil não podemos esquecer algumas outras doenças causadas por fungos, como a Paracoccidiodemicose, a doença de Jorge Lobo, a esporotricose e a Cromoblastomicose, entre outras. No que se refere aos vírus, não podemos esquecer os arbovírus encontrados na região amazônica, alguns dos quais produzindo doença no homem. Devemos incluir ainda doenças causadas pela inoculação de toxinas oriundas de organismos os mais diversos como os venenos ofídicos e de artrópodes, alguns pouco conhecidos como a toxina da formiga tocandeira ou tocandira responsável por acidentes frequentes e extremamente dolorosos na Amazônia, bem como de plantas, como é o caso da mamona, hoje amplamente utilizada para produção de Biodiesel. 5. CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS: As doenças parasitárias causadas por protozoários e helmintos estão na base do desenvolvimento científico brasileiro há cerca de um século. Em 1908 Pirajá da Silva, um dos líderes da chamada Escola Tropicalista Bahiana realizou estudos fundamentais na área da biologia da esquistossomose, com importante contribuição ao melhor conhecimento do ciclo evolutivo do Schistosoma mansoni. Neste mesmo ano A. Splendore em São Paulo descreveu o protozoário hoje conhecido como Toxoplasma gondii, um dos mais importantes agentes patogênicos com distribuição universal. Em 1909 C. Chagas descreveu o Trypanosoma cruzi e a doença de Chagas, segundo alguns a mais importante contribuição da Ciência brasileira até o momento. Em 1911 Gaspar Viana descreveu a Leishmania braziliensis, importanteagente de uma das formas clínicas de leishmaniose. Posteriormente, inúmeros pesquisadores brasileiros aprofundaram estes estudos e deram contribuições importantes na área da Parasitologia e das doenças infecciosas e parasitárias. Os pesquisadores brasileiros que atuam na área da Protozoologia, sobretudo aqueles mais envolvidos com o estudo do Trypanosoma cruzi, criaram na década de setenta as bases para uma profunda transformação da ciência biomédica brasileira introduzindo as mais modernas abordagens celulares, bioquímicas, moleculares e imunológicas para o Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. estudo do T. cruzi, da sua interação com a célula hospedeira e da doença de Chagas. Tal fato está na base do desenvolvimento da Biologia Celular, da Biologia Molecular, da Bioquímica e da Imunologia brasileira, todas com forte impacto na atual produção científica quantitativa e qualitativa da nossa ciência. Dados recentes indicam mesmo que nesta área o Brasil já ocupa a segunda posição em termos de contribuição de artigos científicos publicados em revistas de circulação internacional. Certamente um fator preponderante para o desenvolvimento da Parasitologia brasileira foi a criação e o funcionamento regular entre 1976 e 1986 do Programa Integrado de Doenças Endêmicas (PIDE) que com sucesso investiu recursos significativos para a época (algo equivalente hoje a cerca de US$ 12 milhões) nos grupos que atuavam na área e que atraiu, em consequência da política de financiamento diferenciado, outros grupos a trabalharem nesta área. Posteriormente, a Organização Mundial de Saúde criou o Programa TDR (Tropical Diseases Research) que também contribuiu para a consolidação de vários grupos inicialmente apoiados pelo PIDE e estimulou o aparecimento de novos grupos Apesar da existência de programas de financiamento para pesquisa na área de Doenças Negligenciadas, sobretudo através do DECIT-MS e algumas fundações estaduais, eles são insuficientes para continuarmos avançando em uma área em que o Brasil deve perseguir a liderança mundial. 6. DOENÇAS DE INTERESSE ESPECIAL NO BRASIL: Levando em consideração os comentários acima identificamos como prioritário que as várias agências de financiamento do governo federal (MCT: FINEP e CNPQ; MEC: CAPES e MS: SCTIE/DECIT e SVS) e dos governos estaduais (FAPs) se unam no sentido de estabelecer um forte programa de longo prazo visando um apoio consistente à pesquisa e à formação de recursos humanos em um conjunto de doenças que afetam a população brasileira e que estão listadas abaixo. Tal medida tem algumas implicações. ➔ Primeiro, poderá consolidar a liderança da pesquisa brasileira em áreas de significativo impacto econômico e social. ➔ Segundo, assumir a responsabilidade de estimular o parque científico, tecnológico e industrial brasileiro a trabalharem em temas que não despertam o interesse dos países mais desenvolvidos. ➔ Terceiro, consolidar a capacidade da comunidade científica brasileira a trabalhar em um sistema integrado de Redes, como demonstrado em estudo recente de Morel e colaboradores que mostra claramente uma forte integração nesta área ente grupos de pesquisa distribuídos por todo o país. ➔ Quarto, constituir um dos temas relevantes para os programas de cooperação internacional com países do Hemisfério Sul cujas populações são afetadas por várias das mesmas doenças. Citamos como exemplos o interesse (a) pela doença de Chagas, por todos os países da América Latina, (b) das leishmanioses, por vários países da América do Sul e alguns paises asiáticos (Índia, Nepal, Paquistão, Bangladesh), (c) da malária, por países da América do Sul, Ásia (China e Índia) e da África, entre outros, e (d) das toxinas de origem animal, principalmente as ofídicas, por todas as regiões e países subdesenvolvidos contendo savanas e florestas. 7. APRESENTAÇÃO DAS DOENÇAS NEGLIGÊNCIADAS MAIS RELEVANTES NO BRASIL: A. DOENÇA DE CHAGAS: Certamente a doença de Chagas congrega o maior número de pesquisadores do país atuando em uma mesma problemática. Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. Apesar do avanço significativo no controle da infecção vetorial e por transfusão de sangue, ainda hoje existem cerca de oito milhões de pessoas infectadas. Desses, cerca de dois milhões já se encontram na fase crônica. Estima-se que apenas 0,5% destes recebam tratamento. Estima-se ainda que cerca de 23% dos pacientes infectados vivam no Brasil. O número de mortes é hoje de cerca de quatorze mil por ano. Ainda constitui a doença parasitária responsável pelo maior número de mortes na América Latina, superando a malária. Apesar da atuação de vários grupos de pesquisa os avanços no sentido de obter drogas mais efetivas e menos tóxicas são relativamente poucos. B. LEISHMANIOSES: As várias formas clínicas de leishmaniose são causadas por cerca de vinte espécies do protozoário do gênero Leishmania. A forma visceral é fatal quando não tratada. Algumas formas cutâneas podem levar a grandes deformações. Existem hoje cerca de doze milhões de pessoas infectadas em 88 países sendo que o Brasil, ao lado de Bangladesh, índia, Etiópia, Quênia e Sudão são os mais afetados. Cerca de 90% dos casos de leishmaniose na América Latina ocorrem no Brasil. Os dados de 2007 constaram 3505 casos, principalmente em crianças. O tratamento é ainda feito sobretudo com antimoniais e Anfotericina B. Mais recentemente a Mitelfosina vem sendo empregado com sucesso na Ásia. Além da ausência de drogas apropriadas, a leishmaniose tem representado uma preocupação sanitária tanto pela sua expansão geográfica quanto pela tendência de urbanização. No Brasil a doença avança na região centro-oeste e já se encontra na periferia das grandes cidades do Nordeste e do Centro-Oeste. O estudo da leishmaniose humana não pode ser realizado de forma integral sem a compreensão da leishmaniose canina. O cão é um importante hospedeiro da leishmaniose, tem grande importância como animal de estimação nas áreas endêmicas e representa um importante reservatório capaz de infectar os flebotomíneos. O controle da infecção do cão e o bloqueio da transmissão da Leishmania para os seus vetores O Brasil tem vários grupos de pesquisa em leishmaniose reconhecidos internacionalmente. É necessário um esforço para promover o financiamento adequado destes grupos, visto que o Brasil, onde ocorre um grande número de casos da doença, precisa desenvolver o conhecimento apropriado para o controle da infecção e manejo da doença. Os principais grupos brasileiros que se dedicam ao estudo das leishmanioses se voltam prioritariamente à investigação do parasita ou da patogênese da doença, havendo carência de estudos em temas e tópicos críticos para a completa compreensão da transmissão das leishmanioses e do controle dos casos que desenvolvem a doença. Há relativamente poucos estudos voltados para os vetores da leishmaniose, ocorrendo várias lacunas de conhecimento nas espécies envolvidas na transmissão em diferentes áreas, assim como limitada compreensão dos aspectos da biologia do vetor relacionados com a transmissão da enfermidade. Os estudos do vetor são necessários tanto com os envolvidos na transmissão da leishmaniose visceral quanto na transmissão da leishmaniose tegumentar. Grande parte dos estudos, no homem ou em modelos experimentais, tem se concentrado em aspectos da patologia ou da imunorregulação da doença. No caso da leishmaniose visceral,vários tópicos importantes, como os Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. problemas de coagulação, efeito do parasitismo sobre a atividade da medula óssea e localização especial de parasitas, têm recebido pouco atenção. O diagnóstico da leishmaniose visceral foi beneficiado recentemente pelo aparecimento de teste de realização prática e rápida (rK39). Um aspecto limitante em relação ao diagnóstico da leishmaniose no homem é a ausência de um teste capaz de identificar com eficiência os casos com formas leves da doença. Em relação ao cão, a situação é mais problemática devido ao fato do teste prático e rápido, com possibilidade de realização imediata na área endêmica, não funcionar adequadamente nesta espécie. As Figuras 6 e 7 mostram a evolução das formas tegumentar e viceral, respectivamente. Ao longo dos anos. As figuras mostram o destaque destes casos nas diferentes regiões do País. C. MALÁRIA: Doença causada por quatro espécies de protozoários do gênero Plasmodium (P. falciparum, P. vivax, P. malariae e P. ovale) está presente em 110 paises, É a principal causa de morte na África subsariana, matando cerca de 3.000 crianças por dias. O TRATAMENTO VEM SENDO FEITO COM MEDICAMENTOS À BASE DE CLOROQUINA E MAIS RECENTEMENTE DE ARTEMISINA. Duas novas combinações, usando artesunato + mefloquina e artesunato + amodiaquina, vêm sendo recomendadas como tratamento de primeira linha. Cabe ressaltar que existem várias instituições públicas e privadas que vêm realizando intenso investimento em pesquisas sobre a malária. Neste contexto, ela não pode ser mais considerada como uma doença negligenciada. No entanto, no Brasil ainda dispomos de um número reduzido de pesquisadores atuando na área, sobretudo no que se refere à pesquisa básica em P. vivax. Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 1. Tratado de Cardiologia SOSCEP ª EDIÇÃO; 2. Patologia de Robbins e Cottran; 3. Fisiopatologia da doença de Hammer; 4. UPTODATE. Educação do paciente: cardiomiopatia dilatada (o básico) 2021; 5. COLUCCI. Et al. Visão geral do tratamento da insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida em adultos. 2021; 6. COLLUCI. Et al. Manifestações clínicas e diagnóstico de insuficiência cardíaca avançada. 2021; 7. HERSHBERGER. Et al. Cardiomiopatia dilatada familiar: prevalência, diagnóstico e tratamento. 2020; 8. COOPER. Et al. Definição e classificação das cardiomiopatia. 2019; 9. WEIGNER. Et al. Causas da cardiomiopatia dilatada. 2019; 10. DE SOUZA. Et al. Doenças negligenciadas. Academia Brasileira de Ciências. 2010; 11. MOREL. M C. Inovação em saúde das doenças negligenciadas. 2006.
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