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Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. APG 07 – “TEMPO É VIDA.” Abertura: 26/02/2021 Devolutiva: 02/03/2021. Objetivos: 1. DIFERENCIAR A DOR PRECORDIAL TÍPICA E ATÍPICA; 2. COMPREENDER A FISIOPATOLOGIA DA DOENÇA ARTERIAL CORONARIANA (DAC); 3. ENTENDER OS MECANISMOS DE AÇÃO DOS FÁRMACOS DA DAC; 4. DELINEAR OS EXAMES COMPLENTARES INICIAIS DA DAC. A dor precordial é a dor no peito na região à frente do coração que pode acontecer em qualquer hora do dia e desaparece após alguns segundos. APESAR DE MUITAS VEZES SER CONSIDERADO SINAL DE PROBLEMAS CARDÍACOS, A DOR PRECORDIAL ESTÁ RARAMENTE RELACIONADA COM ALTERAÇÕES DO CORAÇÃO, PODENDO SER DEVIDO AO EXCESSO DE GASES NO ORGANISMO OU COMO CONSEQUÊNCIA DE MUDANÇA REPENTINA DA POSTURA, POR EXEMPLO. Como não é considerada grave, não há necessidade de tratamento. No entanto, quando a dor não passa, é frequente ou surgem outros sintomas como dificuldade para respirar e náuseas, é importante consultar o cardiologista para que a dor seja investigada e possa ser indicado o tratamento mais adequado. A dor precordial normalmente dura poucos segundos e é descrita como sendo uma dor fina, como se fosse uma facada, que pode acontecer mesmo em repouso. Essa dor, quando surge, pode ser sentida mais fortemente ao inspirar ou durante a espiração, e é local, ou seja, não é sentida em outras partes do corpo, como o que acontece no infarto (angina), em que a dor no peito, além de ser em forma de pressão e pontada, irradia para o pescoço, axilas e braço. Apesar de não representar risco, uma vez que na maioria das vezes não está relacionada com alterações pulmonares ou cardíacas, é importante ir ao médico quando a dor surge frequentemente, quando a dor não passa após alguns segundos ou quando surgem outros sintomas, como náuseas, dor de cabeça intensa ou dificuldade para respirar, sendo importante investigar a causa da dor para que seja iniciado o tratamento caso haja necessidade. Além disso, é comum que as pessoas sintam-se ansiosas ao sentir esse tipo de dor, o que pode fazer com que haja aumento dos batimentos cardíacos, tremores e sensação de falta de ar, por exemplo. Causas de dor precordial A dor precordial não possui causa específica, no entanto ACREDITA-SE QUE ACONTEÇA DEVIDO À IRRITAÇÃO DOS NERVOS LOCALIZADOS NA REGIÃO INTERCOSTAL, QUE CORRESPONDE À REGIÃO ENTRE AS COSTELAS. Além disso, pode acontecer enquanto a pessoa está sentada, deitada, em repouso, quando há excesso de gases ou quando a pessoa muda rapidamente a postura. Apesar de muitas vezes a dor precordial ser motivo para a pessoa ir à emergência do hospital ou ao posto de saúde, raramente está relacionada com problemas cardíacos ou alterações pulmonares. Na anatomia, o precórdio é a porção do corpo sobre o coração e à esquerda da porção inferior do esterno. A dor precordial pode estar relacionada com angina e localiza-se na REGIÃO RETROESTERNAL DO LADO ESQUERDO, EPIGASTRO E INTER-ESCAPULAR, IRRADIANDO-SE NA FACE INTERNA DO BRAÇO ESQUERDO, OU AMBOS, PESCOÇO, MAXILA INFERIOR E EPIGASTRO, COM DURAÇÃO BREVE E QUE, GERALMENTE, SE INTENSIFICA COM ESFORÇOS FÍSICOS E SE ALIVIA COM O REPOUSO E NITROGLICERINA. CARACTERÍSTICAS DA DOR PRECORDIAL • Fatores desencadeantes Para se entender as características da dor precordial é necessário entender as suas principais causas. ✓ DOR TIPO A (DEFINITIVAMENTE ANGINOSA): dor em aperto ou queimação, em repouso, ou desencadeada pelo esforço ou estresse, com irradiação para o ombro, mandíbula ou face interna do braço, aliviada pelo repouso ou nitrato. Não são necessários exames complementares para a definição diagnóstica. ✓ DOR TIPO B (PROVAVELMENTE ANGINOSA): as características da dor torácica fazem da insuficiência coronária a principal hipótese, porém, são necessários exames complementares para a definição diagnóstica. ✓ DOR TIPO C (POSSIVELMENTE ANGINOSA): dor torácica cujas características não fazem da insuficiência coronária a principal hipótese (dor torácica atípica), porém, são necessários exames complementares para excluí-la. ✓ DOR TIPO D (DEFINITIVAMENTE NÃO ANGINOSA): dor torácica atípica, cujas características não incluem a insuficiência coronária aguda no diagnóstico diferencial. https://pt.wikipedia.org/wiki/Anatomia https://pt.wikipedia.org/wiki/Cora%C3%A7%C3%A3o https://pt.wikipedia.org/wiki/Esterno https://pt.wikipedia.org/wiki/Angina Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. ***FISIOPATOLOGIA*** A doença isquêmica do coração, também conhecida como doença cardíaca coronária, é o termo associado a um suprimento inadequado de sangue ao miocárdio devido à obstrução das artérias coronárias epicárdicas, geralmente por aterosclerose. Os pacientes podem ter doença crônica (estável) ou aguda (instável). A MAIORIA DOS PACIENTES PODE RECEBER O DIAGNÓSTICO DE SÍNDROME CORONARIANA CRÔNICA (CCS), TAMBÉM CONHECIDA COMO DOENÇA ISQUÊMICA DO CORAÇÃO ESTÁVEL (SIHD), com base em uma história clássica de angina pectoris na presença de fatores de risco ou doença cardiovascular aterosclerótica conhecida. ✓ ANGINA PECTORIS OU INSTÁVEL, OU ANGINA PARA ABREVIAR, REFERE-SE AO DESCONFORTO NO PEITO QUE OCORRE QUANDO A DEMANDA DE OXIGÊNIO DO MIOCÁRDIO EXCEDE O SUPRIMENTO DE OXIGÊNIO. ✓ ANGINA ESTÁVEL REFERE-SE AO DESCONFORTO NO PEITO QUE OCORRE DE FORMA PREVISÍVEL E REPRODUZÍVEL EM UM DETERMINADO NÍVEL DE ESFORÇO E É ALIVIADO COM REPOUSO OU NITROGLICERINA Outros pacientes podem ter doença estável, mas não apresentar sintomas anginosos clássicos. Eles podem ter dor torácica atípica, sintomas não anginosos relacionados à redução do fluxo sanguíneo cardíaco, como dispneia aos esforços, ou isquemia silenciosa (principalmente em pacientes com diabetes mellitus). Nesses pacientes, o diagnóstico de CCS pode ser confirmado por teste de estresse ou, se for ambivalente, por uma avaliação invasiva da circulação coronária. Vários mecanismos fisiopatológicos podem causar CCS. O mais comum é a obstrução da artéria coronária epicárdica aterosclerótica. No entanto, até um terço dos pacientes pode não ter doença epicárdica significativa e, frequentemente, ter doença microvascular como fisiopatologia subjacente. Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. COMPREENDER A FISIOPATOLOGIA DA DOENÇA ARTERIAL CORONARIANA (DAC); - EPIDEMIOLOGIA; - FATORES DE RISCO. - FISIOPATOLOGIA. EPIDEMIOLOGIA: A PREVALÊNCIA APROXIMADA DA SÍNDROME METABÓLICA EM PACIENTES COM DOENÇA ARTERIAL CORONARIANA (DAC) É DE 50%, COM UM A PREVALÊNCIA DE 37% EM PACIENTES COM DOENÇA DA ARTÉRIA CORONÁRIA PREMATURA (COM 45 ANOS DE IDADE OU MENOS), PARTICULARMENTE NAS MULHERES. Com reabilitação cardíaca apropriada e alterações no estilo de vida (p. ex., nutrição, atividade física, redução do peso e, em alguns casos agentes farmacológicos), a prevalência da síndrome pode ser reduzida. ✓ De maneira geral, as doenças isquêmicas do coração demonstraram taxas mais elevadas no sexo masculino; no entanto, em idades mais avançadas, a diferença entre os sexos tende a ter uma diminuição. ✓ O tabagismo, ingestão de álcool, dieta, obesidade e síndrome metabólica constituem os principais fatores de risco modificáveis implicados no desenvolvimento de DAC no sexo feminino. ✓ Já dentre os não modificáveis temos a hipertensão, diabetes, dislipidemias e a menopausa. Entre as mulheres ainda a depressão desponta comoum fator de risco de destaque no desenvolvimento da DAC. FATORES DE RISCO: Devido à impossibilidade de identificar com certeza quem desenvolverá uma síndrome isquêmica consequente de uma lesão aterosclerótica, existem alguns fatores de risco diretamente relacionados com a progressão e as complicações da lesão aterosclerótica. Estes fatores de risco são igualmente importantes em ambos os sexos, apesar da importância de ser relativamente maior para um determinado grupo. ✓ A associação entre eles tem efeito cumulativo; isto é, quanto maior o número e intensidade dos fatores de risco, maior a incidência das doenças cardiovasculares. Atualmente, sugere-se que mais de 80% dos casos de morte por doenças cardiovasculares estejam associadas a fatores de risco já conhecidos. A valorização dos chamados fatores de risco, foi uma das grandes mudanças na maneira de encarar a DAC. Isto nada mais é do que a transposição para a cardiologia do CONCEITO DE MULTICAUSALIDADE DAS DOENÇAS. Já foram reconhecidos mais de 21 fatores de risco. Porém, muita distância existe entre o conhecimento destes fatores de risco e a influência que os mesmos têm entre si no sentido de se atribuir como causa para a DAC. Os fatores de risco pedem ser divididos em modificáveis e não modificáveis. ✓ Quanto maior o número de fatores de risco presentes, maior a chance de apresentar um evento cardiovascular. ✓ OS FATORES DE RISCO NÃO-MODIFICÁVEIS ESTÃO RELACIONADOS À HERANÇA GENÉTICA DE UM INDIVÍDUO E DEIXAM QUESTÕES EM ABERTO COM RELAÇÃO À DAC. Mesmo sabendo que não se pode alterar a herança genética de um indivíduo, existe a possibilidade de alterar seu estilo de vida, reduzindo a possibilidade de ter um evento cardíaco precocemente. ✓ OS FATORES DE RISCO NÃO-MODIFICÁVEIS TAMBÉM INCLUEM O SEXO OU GÊNERO E SUA INCIDÊNCIA DE MORBI-MORTALIDADE É MAIOR E MAIS PRECOCE NO SEXO MASCULINO. HAVENDO, PORÉM, UMA DIMINUIÇÃO DESTA DISCREPÂNCIA QUANDO RELACIONADOS A MULHERES PÓS MENOPAUSA. Em mulheres, as manifestações clínicas aparecem em média cerca de 10 a 15 anos mais tardiamente que os homens, fato este que possivelmente é explicado pela proteção estrogênica. De fato, a DAC ocorre de duas a três vezes mais em mulheres após a menopausa do que aquelas na pré-menopausa. Estudos das décadas de 50 e 60 descreveram que a menopausa precoce estava associada a um aumento de DAC. ✓ Outro fator é a idade, a qual devido a mudanças hemodinâmicas e anatômicas do sistema cardiovascular levam a uma disfunção arterial progressiva mesmo em pessoas normais. ✓ Outro fator não-modificável é o antecedente familiar. Considera-se este fator quando o indivíduo tem familiares diretos como pai, mãe e irmãos que apresentaram a doença antes dos 55 anos de idade. Relacionado a este fator é necessário ressaltar o papel dos fatores genéticos, os quais por não serem modificáveis, não recebem a mesma atenção nas pesquisar epidemiológicas por um nítido interesse comercial por parte das indústrias farmacêuticas. Presença de histórico familiar evidencia maior probabilidade de desenvolver DAC. Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. ✓ Por outro lado, os fatores de risco modificáveis, são os que mais podem receber a atenção no sentido das intervenções preventivas. O TABAGISMO É O PRINCIPAL FATOR MODIFICÁVEL ELEVADOR DA PROBABILIDADE DE MORBIDADE E MORTALIDADE NA DAC E EM DOENÇAS NEUROCARDIOVASCULARES, É TAMBÉM A PRINCIPAL CAUSA DE MORTE RELATIVA A OUTRAS PATOLOGIAS QUE SE PODE PREVENIR. A magnitude do problema é identificada ao se considerar a estimativa da OMS de que cerca de 1/3 da população mundial adulta seja fumante. Os malefícios do cigarro estão diretamente ligados à quantidade e tempo de consumo. É notável a diminuição da prevalência de DAC em homens que reduzem o consumo de cigarros. E o consumo de cigarros reduz a relativa proteção a DAC no sexo feminino. ✓ A HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA (HAS) É CONSIDERADA COMO O MAIS IMPORTANTE FATOR DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO NÃO SOMENTE DA DAC COMO PARA TODAS AS DOENÇAS ISQUÊMICAS INCLUINDO O ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO. Em indivíduos hipertensos o risco para doenças cardíacas é quatro vezes maior entre as mulheres e três vezes entre os homens, quando comparadas com indivíduos normotensos. Nas mulheres o risco para hipertensão é consideravelmente maior principalmente nos últimos três meses de gravidez, e no pós-menopausa. OUTRO FATOR DE RISCO MODIFICÁVEL É A DIABETES MELLITUS (DM). EM PORTADORES DE DM AS DOENÇAS CARDIOVASCULARES SÃO RESPONSÁVEIS POR APROXIMADAMENTE 80% DOS ÓBITOS. ✓ A DISLIPIDEMIA é a condição na qual há concentrações anormais de lipídios ou lipoproteínas no sangue. ✓ Trata-se de um fator de risco importante para o desenvolvimento de complicações da aterosclerose. ✓ Em diferentes populações, estão bem estabelecidas as correlações entre o risco para DAC e CONCENTRAÇÕES SÉRICAS ELEVADAS DE COLESTEROL TOTAL (CT), particularmente de lipoproteínas de baixa densidade (LDL-C), assim como concentrações reduzidas de lipoproteínas de alta densidade (HDL-C). ✓ O SEDENTARISMO, que é a falta de atividade física regular, assume um papel extremamente importante como fator de risco para DAC. Estudos comprovam que a atividade física aeróbica de moderada intensidade quando realizada de forma regular, no mínimo 30 minutos ao dia pelo menos 3 vezes na semana pode atingir impacto na redução do risco de evento cardiovascular na ordem de 30% a 40%. ✓ O SOBREPESO é outro fator de risco importante para o desenvolvimento de DAC. Aproximadamente 32% da população brasileira apresenta sobrepeso, ou seja: Índice de Massa Corporal (IMC) >25, sendo esta taxa de 38% para o sexo feminino e de 27% para o sexo masculino. A obesidade (IMC >30) foi encontrada em 8% da população brasileira. A palavra ESTRESSE tornou-se de uso corriqueiro. Usa-se como sendo a causa ou a explicação para inúmeros acontecimentos que afligem a vida humana moderna. O estresse está diretamente ligado ao estilo de vida adotado pelo indivíduo. Na verdade, não é fácil definir o que seja estilo de vida, pois depende de fatores intrínsecos e extrínsecos como os socioeconômicos e culturais. A incidência destes riscos em diversas populações específicas tem sido estudada. Coelho et al, estudaram o perfil lipídico entre estudantes de medicina e verificaram que há significância entre o IMC elevado associado ao perfil lipídico como fator de risco para DCV. ➔ FISIOPATOLOGIA: A ATEROSCLEROSE É UM PROCESSO PATOLÓGICO QUE CAUSA DOENÇAS NAS ARTÉRIAS CORONÁRIAS, CEREBRAIS E PERIFÉRICAS E NA AORTA. Formas de arteriopatias aceleradas, como reestenose após intervenção coronária percutânea com implante de stent e vasculopatia de transplante coronário diferem na patogênese. ✓ ESTRIAS GORDUROSAS - A primeira fase na aterosclerose histologicamente ocorre como espessamento focal da íntima com acúmulo de macrófagos carregados de lipídios (células espumosas) e matriz extracelular. As células musculares lisas também podem povoar a íntima, algumas das quais podem surgir de células-tronco hematopoiéticas, migrar e proliferar. Os lipídios se acumulam no início da formação da estria gordurosa, originando depósitos intracelulares e extracelulares, que produzem a estria gordurosa. Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. ✓ Biglycan, um pequeno proteoglicano de dermatan sulfato detectado na íntima de segmentos da artéria coronária aterosclerótica, pode ligar e prender lipoproteínas, incluindo lipoproteínas de densidade muitobaixa e lipoproteína de baixa densidade. ✓ A estria gordurosa também pode conter linfócitos T. ✓ Células de espuma constituem a marca registrada do ateroma inicial. ✓ À medida que essas lesões se expandem, mais células musculares lisas se acumulam na íntima. ✓ As células do músculo liso dentro da camada profunda da estria gordurosa podem sofrer apoptose, que se associa com maior acúmulo de macrófagos e microvesículas que podem calcificar, talvez contribuindo para a transição das estrias gordurosas em placas ateroscleróticas. ➔ CAPA FIBROSA - OS ATEROMAS DA CAPA FIBROSA SÃO DEFINIDOS COMO PLACAS COM NÚCLEO LIPÍDICO BEM DEFINIDO COBERTO POR CAPA FIBROSA, QUE PODE SER RELATIVAMENTE ACELULAR (FEITA DE COLÁGENO DENSO) OU RICA EM CÉLULAS LISAS. ➔ Vasa vasorum - Os vasa vasorum formam uma rede de microvasos que se originam principalmente da camada adventícia de grandes artérias. Esses vasos fornecem oxigênio e nutrientes para as camadas externas da parede arterial. À medida que as placas ateroscleróticas se desenvolvem e se expandem, elas adquirem sua própria rede microvascular, estendendo-se da adventícia através da mídia até a íntima espessada. Esses vasos de paredes finas estão sujeitos à ruptura, levando à hemorragia dentro da substância da placa e contribuindo para a progressão da aterosclerose coronariana ➔ PLACA FIBROSA - A PLACA FIBROSA EVOLUI DA ESTRIA GORDUROSA POR MEIO DO ACÚMULO DE TECIDO CONJUNTIVO COM UM NÚMERO AUMENTADO DE CÉLULAS MUSCULARES LISAS CHEIAS DE LIPÍDIOS E, FREQUENTEMENTE, UM POOL LIPÍDICO EXTRACELULAR MAIS PROFUNDO. ➔ Lesões avançadas - lesões mais avançadas geralmente contêm um núcleo necrótico rico em lipídios e, eventualmente, regiões calcificadas. A formação de ateroma está associada à remodelação da artéria coronária. ➔ A remodelação positiva envolve a expansão da placa e da área da membrana elástica externa devido a um aumento compensatório no tamanho do vaso local, enquanto a remodelação negativa se refere a uma área menor da membrana elástica externa no local da lesão devido ao encolhimento local do tamanho do vaso. Atua como um mecanismo compensatório na doença arterial coronariana precoce, evitando a perda luminal apesar do acúmulo de placa. No entanto, a remodelação arterial consequente à formação e expansão da placa está associada à fisiologia arterial anormal, bem como ao desenvolvimento de sintomas clínicos. ➔ A remodelação positiva é observada com placas complexas e instáveis em pacientes que apresentam angina instável; em contraste, a remodelação negativa está associada a placas obstrutivas em pacientes com angina estável. ➔ Hemorragia intraplaca - A hemorragia intraplaca resulta principalmente da neovascularização da placa e aumento da permeabilidade neovascular, é uma característica comum de lesões ateroscleróticas avançadas e um elemento crítico que leva à progressão acelerada da placa, instabilidade da placa, e eventos vasculares isquêmicos. Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. A aterosclerose começa na infância com o desenvolvimento de estrias gordurosas. As lesões avançadas da aterosclerose ocorrem com frequência crescente com o envelhecimento. VÁRIOS FATORES CONTRIBUEM PARA A PATOGÊNESE DA ATEROSCLEROSE E SUAS COMPLICAÇÕES, INCLUINDO DISFUNÇÃO ENDOTELIAL, FATORES INFLAMATÓRIOS E IMUNOLÓGICOS, RUPTURA OU EROSÃO DA PLACA E OS FATORES DE RISCO TRADICIONAIS DE HIPERTENSÃO, DIABETES, DISLIPIDEMIA E TABAGISMO. Apesar da atratividade da infecção como um fator potencial contribuinte, faltam evidências clínicas para apoiar seu papel. Os estágios histológicos da aterosclerose incluem estrias gordurosas, capa fibrosa, placas fibrosas e lesões avançadas. ENTENDER OS MECANISMOS DE AÇÃO DOS FÁRMACOS DA DAC; ➔ VASODILATADORES: Os nitratos são pré-drogas que necessitam ser convertidos em óxido nítrico (NO), nas células endoteliais e musculares lisas, para exercerem seus efeitos vasodilatadores. SUA AÇÃO BÁSICA É O RELAXAMENTO DA MUSCULATURA LISA DOS VASOS. ✓ Sua disponibilidade nas formas venosa, oral, sublingual e transdérmica os tornam especialmente versáteis. ✓ Sua ação vasodilatadora tem início rápido, sendo de menor duração nas artérias do que nas veias, onde perdura por horas. ✓ Atuam por vários mecanismos: REDISTRIBUEM O FLUXO CORONÁRIO PREFERENCIALMENTE PARA AS ZONAS MIOCÁRDICAS HIPOPERFUNDIDAS, COMBATEM VASOESPASMO, DIMINUEM O RETORNO VENOSO, A PRÉ-CARGA, A TENSÃO NA PAREDE VENTRICULAR E, PORTANTO, REDUZEM O (volume de oxigênio no miocárdio) ~MVO2~; AGEM TAMBÉM COMO ANTIAGREGANTES PLAQUETÁRIOS. ✓ São excelentes para o tratamento da angina estável e instável, IS, miocardiopatia isquêmica e angina pós-IAM. ✓ Seus EFEITOS COLATERAIS mais indesejáveis são cefaleia e hipotensão; esta última mais comum e preocupante entre idosos. Defeitos de ventilação/perfusão pulmonares e metemoglobinemia também foram relatados, porém sua importância clínica é questionável. ✓ Importantes características são o desenvolvimento da tolerância medicamentosa e a recuperação da ação em curto intervalo de tempo. ✓ Para impedir a tolerância medicamentosa, recomenda-se deixar “intervalos livres” de 12h a cada 24h. ✓ Apesar de sua comprovada ação no alívio, prevenção de sintomas isquêmicos e aumento na tolerância ao exercício físico ainda não foi demonstrada redução da mortalidade com o uso de nitratos. ➔ BETABLOQUEADORES: ✓ Betabloqueadores inibem as respostas cronotrópicas, inotrópicas e vasoconstritoras à ação das catecolaminas nos receptores beta- adrenérgicos. Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. ✓ Seu mecanismo anti-hipertensivo envolve diminuição inicial do débito cardíaco, redução da secreção de renina, readaptação dos barorreceptores, vasodilatação (em algumas classes) e diminuição das catecolaminas nas sinapses nervosas. Existem diferentes subtipos de receptores β: β1, β2 e β3. * RECEPTORES Β1: Aumento do débito cardíaco, por aumento da frequência cardíaca e do volume ejetado em cada batimento. Liberação de renina nas células justaglomerulares. * RECEPTORES Β2: são predominantes nos músculos lisos e causam o relaxamento visceral. Entre as suas funções conhecidas, estão: relaxamento da musculatura lisa, por exemplo, nos brônquios; relaxamento gastrintestinal, do esfíncter urinário, e do útero gravídico; relaxamento da parede da bexiga; dilatação das artérias do músculo esquelético; glicogenólise e gliconeogênese; aumento da secreção das glândulas salivares; inibição da liberação de histamina dos mastócitos; aumento da secreção de renina dos rins. * RECEPTORES Β3: São receptores adrenérgicos que causam predominantemente efeitos metabólicos, nos quais as ações específicas incluem, por exemplo, a estimulação da lipólise do tecido adiposo. Os betabloqueadores podem ser diferenciados em três categorias de acordo com a seletividade. a) Não seletivos: bloqueiam tantos os receptores adrenérgicos β1 quanto os β2. Em consequência, apresentam efeitos periféricos mais acentuados como aumento da resistência arterial periférica e broncoconstrição. Ex: propranolol, nadolol e timolol. O pindolol, se destaca por apresentar atividade simpatomimética intrínseca, agindo como um agonista adrenérgico parcial e, portanto, apresentando menos bradicardia e broncoconstrição que os demais betabloqueadores desta categoria. b) Cardiosseletivos: bloqueiam apenas os receptores β1 adrenérgicos, portanto, sem os efeitos de bloqueio periférico indesejáveis. No entanto, em doses muito altas podemtambém ter ação nos receptores β2 . c) Ação vasodilatadora: manifesta-se por antagonismo ao receptor alfa-1 periférico, como o carvedilol e o labetalol, e por produção de óxido nítrico, como o nebivolol. Agem antagonizando os efeitos da estimulação dos receptores beta por catecolaminas. Duas grandes classes de receptores são conhecidos: β1 e β2. Os receptores β1 predominantemente cardíacos, quando estimulados, respondem com aumento da frequência cardíaca (FC), da contratilidade e da condução A-V, liberam renina pelas células justa-glomenulares do rim e induzem lipólise em adipócitos. A estimulação dos receptores β2 causa broncodilatação, vasodilatação e glicogenólise. Bloqueando a ação de catecolaminas, os betabloqueadores são eficientes drogas para o tratamento de angina, essencialmente porque reduzem o MVO2, devido à diminuição da FC. Isto também aumenta o período diastólico, aumentando o período de perfusão coronária. Igualmente demonstrou-se que, embora os betabloqueadores diminuam o fluxo coronário total, melhoram a perfusão endocárdica, favorecendo portando a região miocárdica mais atingida pela isquemia. São também medicamentos muito eficientes para o tratamento da HA e arritmias dependentes da ação simpática. Demonstrou-se, além disso, que reduzem MS e reinfartos pós-IAM. Também reduzem aumentos da pressão e da FC durante esforço. Por isso, são especialmente úteis em angina de esforço. Seus efeitos indesejáveis, porém, podem ser verdadeiramente limitantes: fraqueza, alterações do sono e humor, disfunção sexual com impotência e ejaculação retrógrada, bronco espasmo, insuficiência circulatória periférica, precipitação de insuficiência cardíaca e indução ou acentuação de bloqueios cardíacos, intensificação de hiperglicemia induzida por insulina. Bloqueadores cardiosseletivos, como atenolol e metoprolol, agem preferencialmente sobre receptores β1, tendo menores efeitos sobre β2; assim, reduzem MVO2 com menos efeitos sobre brônquios, circulação periférica ou glicogenólise. Por outro lado, os não-seletivos, como propranolol e nadolol, bloqueiam receptores β1 e β2. A cardiosseletividade, porém, é relativa do ponto de vista clínico. Alguns betabloqueadores também causam vasodilatação, como o labetalol, carvedilol e bucindolol. Carvedilol, em particular, tem mostrado efeitos benéficos em ICC, parcialmente por esse motivo. Por outro lado, o sotalol tem significativo efeito antiarrítmico (tipos classes II e III) e, assim, é útil para tratamento de angina associada a arritmias ventriculares. A tolerância individual aos betabloqueadores pode variar bastante. Assim, metoprolol e propranolol podem causar efeitos muito acentuados (intensa bradicardia) em certas pessoas, conhecido como “metabolizadores pobres”; isto se deve a um polimorfismo genético particular que afeta ±10% da Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. população branca. Por isso, é sempre recomendável começar terapêutica com doses baixas destas substâncias. Ainda quanto a metabolismo, betabloqueadores, especialmente propranolol, podem aumentar triglicérides e diminuir HDL, não alterando porém o LDL. Isto deve ser considerado quando se medicam pacientes com DAC e dislipidemia. ➔ ANTIAGREGANTES PLAQUETÁRIOS: ~ÁCIDO ACERILDALICÍLICO (AAS) Não é de hoje que o AAS vem sendo usado para tratar DAC, tanto em sua forma crônica quanto na DAC aguda. ✓ O medicamento tem como mecanismo de ação inibir de forma irreversível a enzima cicloxigenase (COX), bloqueando dessa maneira formação do tromboxane A2, um potente mediador da agregação plaquetária e da vasoconstrição. ✓ Como as plaquetas são incapazes de nova síntese de COX, o efeito é permanente durante a vida de sete a dez dias da plaqueta afetada. Esse medicamento representa uma das melhores relações custo-benefício da prática médica, sendo capaz de reduzir em mais de 20% a mortalidade no infarto agudo do miocárdio. ➔ DEVE SER USADO NA DOSE DE 81 A 325 MG, EM ESPECIAL NA SUSPEITA DE SÍNDROME CORONARIANA AGUDA, QUANDO DEVE SER MASTIGADO, E NÃO SIMPLESMENTE ENGOLIDO, EM UMA DOSE DE ATAQUE. As contraindicações são basicamente alergia ao composto e sangramento ativo. A partir do primeiro evento de síndrome coronariana aguda ou do diagnóstico de DAC todo paciente livre de contraindicações deve utilizar o AAS indefinidamente. O medicamento é usado também para prevenção de trombose de stent. Outros medicamentos anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) podem prevenir a acetilação da COX pelo AAS. Por exemplo, existem evidências de que a administração concomitante de alguns AINEs não seletivos, como o ibuprofeno, pode inibir os efeitos do AAS sobre a COX e reduzir a eficácia antiplaquetária do mesmo. ➔ CLOPIDOGREL O clopidogrel é um fármaco na classe dos inibidores da agregação plaquetária mediada pela adenosina difosfato (ADP), que agem bloqueando o recepto P2Y12 de maneira irreversível. Também reduzem o nível de fibrinogênio circulante e também bloqueiam parcialmente os inibidores da glicoproteina IIb/IIIa, dificultando sua ligação ao fibrinogênio e ao fator de von Willebrand. INICIALMENTE CRIADO COM A INTENÇÃO DE SUBSTITUIR O AAS NOS PACIENTES QUE POSSUÍAM ALGUMA CONTRAINDICAÇÃO AO USO, O CLOPIDOGREL SE MOSTROU MUITO EFICAZ INCLUSIVE QUANDO USADO EM CONJUNTO COM O AAS, REDUZINDO O RISCO DE EVENTOS CARDÍACOS COMBINADOS (ÓBITO CARDIOVASCULAR, INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO E ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO) COM UM PEQUENO AUMENTO NO RISCO DE SANGRAMENTO. O FÁRMACO É DE LONGE O SEGUNDO ANTIAGREGANTE MAIS ESTUDADO NA DOENÇA ARTERIAL CORONARIANA E JÁ FOI TESTADO EM DIVERSOS CENÁRIOS, COMO INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO COM E SEM SUPRA DE ST, ANGINA INSTÁVEL, PÓS ANGIOPLASTIAS, E AINDA É A ÚNICA OPÇÃO AO LADO DO AAS APROVADA PARA USO EM PACIENTES TROMBOLISADOS. ESTÁ INDICADO NO TRATAMENTO DA SÍNDROME CORONARIANA AGUDA NA DOSE DE ATAQUE DE 300 MG (EM PACIENTES COM MAIS DE 75 ANOS A DOSE DE ATAQUE DEVE SER DE 75 MG) SEGUIDA DE DOSE DE MANUTENÇÃO DIÁRIA DE 75 MG POR UM PERÍODO TOTAL DE 12 MESES INDEPENDENTE DA MODALIDADE DE TRATAMENTO. Está indicado também em pacientes com doença arterial coronariana crônica que se submeteram a revascularização do miocárdio com implante de stent. Pelo menos três meses em associação com o AAS ou 12 meses em associação com o AAS para pacientes que implantaram stent convencional e farmacológico, respectivamente. Há descrição bem fundamentada de resistência à ação do fármaco, inclusive impactando nos índices de eventos, nenhum estudo mostrou que o aumento da dose do fármaco se mostrou extremamente eficaz sem trazer riscos para os pacientes, portanto o clopidogrel mantém suas dose iniciais de uso indicadas optando-se por doses maiores em casos particulares. O uso concomitante com o bloqueador de bomba de prótons omeprazol deve ser cauteloso, por suspeita de interação farmacológica ainda não confirmada como importante em estudos clínicos. Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. ➔ PRASUGREL O prasugrel é um inibidor da ADP P2Y12 mais potente e possui uma farmacocinética mais favorável com um início de ação mais rápido que o clopidogrel. No estudo TRITON com pacientes de risco moderado a alto para síndromes coronarianas agudas, pacientes que receberam o prasugrel apresentaram um menor índice composto para morte por causas cardiovasculares, infarto não fatal do miocárdio ou acidente vascular encefálico não fatal em comparação com aqueles que receberam clopidogrel, mas com um risco mais elevado de grandes sangramentos. O prasugrel MOSTROU UM RISCOMAIOR DE SANGRAMENTO EM TRÊS GRUPOS DE PACIENTES: IDOSOS COM MAIS DE 75 ANOS, PACIENTES COM ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO PRÉVIO E PESSOAS COM MENOS DE 60 KG. O medicamento deve ser evitado nesses grupos de pacientes. O prasugrel está indicado na dose inicial de 60 mg, seguido de 10 mg dia no tratamento da síndrome coronariana aguda também por um período de 12 meses. Também é indicado nos casos em que se suspeita de resistência ao clopidogrel. O medicamento foi testado apenas em pacientes com anatomia coronariana conhecida (pacientes que se submeteram a cineangiocoronariografia), portanto só pode ser utilizado nesse tipo de paciente. É importante salientar que, na indicação de cirurgia cardíaca, tanto o prasugrel quanto o clopidogrel devem ser suspensos cinco dias antes dos procedimentos devido ao risco de sangramento durante a cirurgia. ➔ TICAGRELOR O ticagrelor também age inibindo o ADP P2Y12, porém de maneira reversível. O medicamento não precisa ser metabolizado no fígado, fato este que confere ao ticagrelor efeito antiagregante mais rápido, intenso e consistente em relação ao clopidogrel. O medicamento apresentou redução significativa de desfecho primário (morte cardiovascular, (re) infarto do miocárdio e AVE) em relação ao clopidogrel, com um aumento discreto, porém significativo, na taxa de sangramento não fatal. O ticagrelor apresentou como efeito colateral dispneia, o que levou a interrupção de seu uso em menos de 1% dos pacientes no principal estudo que avaliou sua eficácia (PLATO); acredita-se que a dispneia estaria relacionada ao metabolismo da adenosina. O ticagrelor está aprovado para uso nas mesmas indicações do clopidogrel (excetuando pacientes trombolisados) na dose de ataque de 180 mg seguido de 90 mg 2 vezes ao dia por 12 meses. ➔ ESTATINAS: O mecanismo de ação das estatinas para obtenção da redução do colesterol se deve a inibição da enzima HMG- CoA redutase, por meio de uma afinidade destes fármacos com o sítio ativo da enzima. Esta inibição é reversível e competitiva com o substrato HMG-CoA. Algumas estatinas possuem uma grande seletividade de atuação, principalmente como decorrência de características como a lipossolubilidade. Neste aspecto, verifica-se que a pravastatina e a rosuvastatina são fármacos que podem ser considerados relativamente hidrossolúveis, quando comparados com as demais estatinas. AS ESTATINAS ATUAM PRIMARIAMENTE NO FÍGADO, ONDE UM SISTEMA ESPECIAL DE TRANSPORTE PERMITE SUA INCORPORAÇÃO AO TECIDO HEPÁTICO PARA BIOTRANSFORMAÇÃO, COM AMPLA VARIAÇÃO TANTO NO SEU SÍTIO METABÓLICO, COMO FORMAÇÃO DE METABÓLITOS ATIVOS ATÉ SUA ELIMINAÇÃO PELA BILE. Alguns polimorfismos genéticos e a interação com alguns fármacos podem determinar dificuldade na sua captação, metabolização e eliminação. ➔ TROMBOLÍTICOS: Na verdade, o nome “trombolítico” é um engano para estes agentes, pois o que fazem, na verdade, É ATIVAR O PLASMINOGÊNIO EM SUA TRANSFORMAÇÃO PARA PLASMINA, ESTA SIM COM CAPACIDADE PARA DEGRADAR A FIBRINA, O MAIOR COMPONENTE DO TROMBO. Assim, na verdade, estes agentes devem ser chamados de agentes fibrinolíticos. Atualmente, existem no mundo seis agentes fibrinolíticos disponíveis para uso clínico: a estreptoquinase (SK), o ativador do complexo plasminogênio-estreptoquinase sem acilação (APSAC ou anistreplase), o ativador do plasminogênio do tipo uroquinase de dupla Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. cadeia (tcu-PA), o ativador do plasminogênio do tipo uroquinase de cadeia única (scu-PA), o ativador tecidual do plasminogênio (t-PA) na sua forma recombinante (rt-PA) e a recentemente incorporada reteplase (r-PA). A estreptoquinase, APSAC e o scu-PA induzem a geração de grande quantidade de plasmina sistêmica, apesar da tentativa de inibição da α2 - antiplasmina circulante que pode se esgotar durante a terapia lítica, pois sua concentração no plasma é cerca de metade daquela do plasminogênio. Como resultado, a plasmina, que tem uma ampla gama de substratos específicos, degradará várias proteínas plasmáticas, como o fibrinogênio, fatores da coagulação V, VIII, XII e fator de von Willebrand. Por isto estes agentes são considerados não fibrinoespecíficos. Outros agentes, como t-PA, rt-PA, tcu-PA e os novos derivados mutantes do t-PA (r-PA, TNK-tPA) são fibrino-específicos, porque ativam o plasminogênio, preferencialmente, na superfície da fibrina e menos na circulação. A plasmina, aderida na superfície da fibrina, é protegida da rápida inibição da a2- antiplasmina, porque os locais de ligação à lisina estão ocupados e podem assim, de maneira eficiente, degradar a fibrina do trombo. DELINEAR OS EXAMES COMPLENTARES INICIAIS DA DAC. ➔ ELETROCARDIOGRAMA: ✓ O ECG deve ser realizado e analisado em até 10 minutos do primeiro contato médico. ✓ São necessários ECGs seriados, com o objetivo de aumentar a sensibilidade para a presença de alterações isquêmicas, conforme a necessidade. ✓ NO CONTEXTO CLÍNICO DE SCA, A ELEVAÇÃO DO SEGMENTO ST MEDIDA A PARTIR DO PONTO J, É CONSIDERADA SUGESTIVA DE OCLUSÃO ARTERIAL CORONÁRIA AGUDA NAS SEGUINTES APRESENTAÇÕES: PRESENÇA DO SUPRADESNÍVEL DO SEGMENTO ST ≥ 2,5MM EM HOMENS COM IDADE INFERIOR A 40 ANOS, ≥ 2MM EM HOMENS COM 40 ANOS OU MAIS, OU ≥ 1,5MM EM MULHERES NAS DERIVAÇÕES V2–V3 E / OU ≥ 1MM EM OUTRAS DERIVAÇÕES, NA AUSÊNCIA DE HIPERTROFIA VENTRICULAR ESQUERDA OU BLOQUEIO DE RAMO ESQUERDO. ✓ A presença do bloqueio de ramo esquerdo “novo” ou “presumivelmente novo” na presença de sintomas típicos também deve ser interpretada como IAM por oclusão arterial aguda, podendo ser levados em consideração os critérios de Sgarbossa que, quando igual ou maior que três pontos apresentam 90% especificidade e 36% de sensibilidade para o diagnóstico de IAM com supradesnível do segment ST: ➔ Elevação concordante de ST com QRS ≥ 1 mm= 5 pontos ➔ Infradesnível do segmento ST ≥ 1 mm em derivação V1, V2, or V3= 3 pontos. ➔ Elevação discordante do segmento ST com QRS ≥ 5 mm= 2 pontos. Dentro ainda do contexto de SCA, o ECG pode apresentar alterações isquêmicas, como o infradesnível dinâmico do segmento ST e/ou inversão das ondas T, que implicariam em risco aumentado de complicações cardiovasculares. O ECG também pode ser uma importante ferramenta para o diagnóstico diferencial das causas cardíacas de dor torácica, como o achado de supradesnível difuso do segmento ST na pericardite, baixa voltagem e/ou alternância elétrica no derrame pericárdico e a taquicardia sinusal e sinais de sobrecarga ventricular direita do TEP. Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. ➔ BIOMARCADORES: A necrose do músculo cardíaco promove a liberação de enzimas e proteínas estruturais dos miócitos que podem ser quantificadas por técnicas específicas no sangue dos pacientes com IAM. Os principais marcadores séricos de necrose miocárdica são a MIOGLOBINA, A CREATINOQUINASE ISOENZIMA MB (CK- MB), A CK-MB MASSA E AS TROPONINAS I E T. ➔ As diretrizes brasileiras e americanas recomendam a utilização das troponinas I e T e, se não disponível, a CK-MB massa para o diagnóstico de IAM ou para o diagnóstico de reinfarto em decorrência da sua normalização mais precoce. ➔ Portanto, as troponinas T e I são os marcadores laboratoriais mais sensíveis e específicos de lesão miocárdica. Em média, a troponina T tem sensibilidade de 96,9% e especificidade de 94,5% para o diagnóstico de IAM. Já a CK-MB massa pode ser uma alternativa às troponinas cardíacas, quando da não disponibilidadedestas. ➔ Os marcadores de necrose miocárdica devem ser solicitados em todos os pacientes com suspeita de SCA e repetidos entre seis e 12 horas. ➔ A elevação de tais marcadores não é exclusiva dos casos de IAM, mas também pode estar presente nas situações que cursam com injúria miocárdica de outra natureza, tais como taquiarritmias, miocardite, insuficiência cardíaca, pós- ressuscitação cardiopulmonar, trauma torácico, embolia pulmonar, hipertensão pulmonar. ➔ A radiografia de tórax tem importância para o diagnóstico diferencial da dor torácica (dissecção da aorta, TEP, pneumotórax e pneumomediastino) e na identificação de complicações do IAM. Portanto, tem sua maior utilidade no diagnóstico diferencial de dor torácica não isquêmica e pode sugerir a presença de pneumonia, pneumotórax, derrame pleural, derrame pericárdico, embolia pulmonar e hipertensão pulmonar. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 1) (DOR TORÁCICA NA SALA DE EMERGÊNCIA: QUEM FICA E QUEM PODE SER LIBERADO? ELIZABETE SILVA DOS SANTOS, ARI TIMERMAN. REVISTA DA SOCESP. 2018); 2) TROMBOLÍTICOS (ARTIGO DE REVISÃO Nº 6. CÉSAR CARDOSO DE OLIVEIRA. REVISTA SOCERJ, VOL. XIV Nº 1. 2001) 3) (FARMACOCINÉTICA DAS ESTATINAS. FRANCISCO ANTONIO HELFENSTEIN FONSECA. 2005); 4) (ANTIAGREGANTES PLAQUETÁRIOS NA DOENÇA ARTERIAL CORONARIANA: VOCÊ SABE COMO USÁ-LOS? GABRIEL QUINTINO LOPES. 2018) 5) (BLOQUEADORES: QUAIS OS MECANISMOS DE AÇÃO? THIAGO MIDLEJ. 2016 / DOENÇA CORONÁRIA CRÔNICA. PROTÁSIO LEMOS DA LUZ, DESIDÉRIO FAVARATO. ARQ BRAS CARDIOL VOLUME 72, (Nº 1), 1999) 6) (DOENÇA CORONÁRIA CRÔNICA. PROTÁSIO LEMOS DA LUZ, DESIDÉRIO FAVARATO. ARQ BRAS CARDIOL VOLUME 72, (Nº 1), 1999) 7) (FATORES RELACIONADOS AO RISCO DE DOENÇA ARTERIAL CORONARIANA ENTRE ESTUDANTES DE ENFERMAGEM. ALESSA ALVES, ISAAC ROSA MARQUES. 2009) 8) SÍNDROME CORONARIANA CRÔNICA: VISÃO GERAL DOS CUIDADOS. JOSEPH ET AL 2020. 9) PATOGÊNESE DA ATEROSCLEROSE. ZHAO ET AL. 2020. 10) TRATATO DE CARDIOLOGIA DA SOCESP.
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