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Emili Mariane- Med 3° semestre 1 Sp1-Geriatria Sp2-Geriatria 1. Reconhecer as alterações do envelhecimento fisiológico do sistema cardiovascular Alterações morfológicas Ao contrário do que ocorre com outros órgãos o coração aumenta seu peso com a idade, aumenta em massa, aproximadamente, 1 g/ano em homens e 1,5 g/ano em mulheres. É o único órgão que com o envelhecimento não só se atrofia, mas, pelo contrário, se hipertrofia, que é decorrente do aumento da pós carga* associada ao envelhecimento, decorrente primordialmente do enrijecimento arterial. O crescimento do coração se deve principalmente a um aumento no tamanho das células musculares individuais do coração. O enrijecimento das paredes do coração relacionado à idade impede o ventrículo esquerdo de se encher tão bem e, às vezes, pode resultar em insuficiência cardíaca (chamado insuficiência cardíaca diastólica ou insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada), sobretudo em pessoas idosas com outras doenças como hipertensão arterial, obesidade e diabetes. Verifica-se também o aumento da espessura do septo interventricular** maior quando comparado ao da parede do ventrículo esquerdo. No miocárdio, nota-se o acúmulo de gordura nos átrios e no septo interventricular Além de degeneração muscular com substituição de células miocárdicas por tecido fibroso, Aumento do colágeno, Hipertrofia do ventrículo esquerdo, Depósitos intracelulares de lipofuscina (pigmento resultante da digestão incompleta dos restos celulares) e de substâncias amiloide (amiloidose senil). No pericárdio as modificações são decorrentes do desgaste progressivo, ocorre um espessamento difuso, mais acentuado nas cavidades esquerdas e aumento da taxa de gordura. Já no endocárdio ocorre um espessamento e opacidade, que são mais evidentes nas câmaras esquerdas, com proliferação de fibras colágenas e elásticas, fragmentação e desorganização acompanhadas da perda da disposição uniforme habitual, resultado da hiperplasia irritativa resultante da longa turbulência sanguínea. *O conceito de pós-carga cardíaca se dá pela dificuldade da realização do esvaziamento ventricular, sendo assim a tensão na parede muscular cardíaca durante a sístole. Tem relação inversa com a função sistólica, pois quanto maior for a sua pós-carga, maior a dificuldade de ejetar o sangue, logo ao final da sístole teremos um menor volume ejetado. **Septo interventricular corresponde à parede muscular ou septo localizado na porção inferior do coração. Tem a função de separar o ventrículo esquerdo do direito, para que não haja mistura de sangue venoso (pobre em oxigênio) com o arterial (rico em oxigênio). https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-do-cora%C3%A7%C3%A3o-e-dos-vasos-sangu%C3%ADneos/insufici%C3%AAncia-card%C3%ADaca/insufici%C3%AAncia-card%C3%ADaca-ic https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-do-cora%C3%A7%C3%A3o-e-dos-vasos-sangu%C3%ADneos/hipertens%C3%A3o-arterial/hipertens%C3%A3o-arterial https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-nutricionais/obesidade-e-a-s%C3%ADndrome-metab%C3%B3lica/obesidade https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-hormonais-e-metab%C3%B3licos/diabetes-mellitus-dm-e-dist%C3%BArbios-do-metabolismo-da-glicose-no-sangue/diabetes-mellitus-dm Emili Mariane- Med 3° semestre 2 Sp1-Geriatria ***A hipertrofia ventricular esquerda (HVE) representa uma resposta adaptativa do coração à hipertensão arterial, a qual é considerada uma resposta compensatória, cujo objetivo seria normalizar a tensão na parede ventricular. Alterações valvares O tecido valvar é composto, preponderantemente, por colágeno, e por isso, está sujeito a grandes pressões. Com o envelhecimento há a degeneração, espessamento e calcificação dessas estruturas, mais frequentes na aorta e na mitral. Primeiramente ocorre uma redução do conteúdo de mucopolissacarídeos e aumento de lípides; com o aumento da idade pode haver moderados processos de espessamento, esclerose direta, fragmentação colágena e formação de nódulos no bordo de fechamento das cúspides. A calcificação pode estender-se até o feixe de his na valva aórtica, com áreas fibróticas nas bordas das cúspides = excrescências de lambia. Calcificação na valva aórtica é mais comum em homens. As artérias coronárias sofrem alterações semelhantes. Alterações vasculares As alterações vasculares podem ser dividas em estruturais que são espessamento endotelial; calcificação da musculatura lisa; aumento do teor de colágeno; teor reduzido de fibras elásticas; perda da integridade das válvulas venosas. e fisiológicas que são menor retração elástica; resistência periférica total aumentada; tendência para comprometimento da difusão; complacência reduzida e por fim tendência para acúmulo venoso. As paredes das artérias e das arteríolas tornam-se mais espessas e o espaço dentro das artérias se expande discretamente. O tecido elástico existente dentro das paredes das artérias e arteríolas é perdido. Em conjunto, essas alterações fazem com que os vasos se tornem mais rígidos e menos elásticos. Como as artérias e arteríolas são menos elásticas, a pressão arterial não consegue se ajustar rapidamente quando as pessoas se levantam, e pessoas idosas correm risco de sofrer tontura ou, em alguns casos, desmaiar quando se levantam repentinamente. Como as artérias e as arteríolas se tornam menos elásticas à medida que a pessoa envelhece, elas não conseguem relaxar tão rapidamente durante o bombeamento rítmico do coração. Por conseguinte, a pressão arterial aumenta mais quando o coração se contrai (durante a sístole) – por vezes, acima dos valores normais – do que em pessoas mais novas. Em idosos, é comum que haja pressão arterial anormalmente elevada durante a sístole e pressão arterial normal durante a diástole. Essa doença denomina-se hipertensão sistólica isolada. Ocorre à migração de células lisas vasculares ativadas para dentro da camada íntima dos vasos arteriais, o que aumenta a produção da matriz extracelular (estimulada pela angiotensina II), ocorrendo alteração na inatividade de metaloproteinases, com maior produção de colágeno e https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-do-cora%C3%A7%C3%A3o-e-dos-vasos-sangu%C3%ADneos/hipertens%C3%A3o-arterial/hipertens%C3%A3o-arterial Emili Mariane- Med 3° semestre 3 Sp1-Geriatria perda de fibras elásticas, resultando em dilatação e calcificação arterial responsável pela rigidez arterial aumentada. Nas artérias, ocorre acúmulo de gordura (aterosclerose), perda de fibra elástica e aumento de colágeno. Dessa forma, a função cardiovascular fica prejudicada, diminuindo a resposta de elevação de frequência cardíaca ao esforço ou estímulo, aumentando a disfunção diastólica do ventrículo esquerdo e dificultando a ejeção ventricular. Além disso, ocorre a diminuição da resposta às catecolaminas e a diminuição a resposta vascular ao reflexo barorreceptor. Ocorre maior prevalência de Hipertensão Arterial Sistólica Isolada com maior risco de eventos cardiovasculares (PASI, 2006). O miocárdio passa por alterações, que resultam em perda celular e a alteração do seu funcionamento Alterações funcionais Os sistemas respiratório, cardíaco e vascular reduzem a capacidade do coração em realizar suas funções. As alterações relacionadas a idade afetam diretamente a função cardíaca. A função cardíaca no idoso sadio em repouso, em especial a função sistólica, não apresenta queda de frequência cardíaca, volume cardíaco, débito cardíaco, a fração de ejeção é similar a dos jovens, porém a reserva cardíaca diminui o que resulta em dois processos ligados ao envelhecimento, elevação progressiva da pós-carga ou impedância à ejeção ventricular e a redução da resposta cardiovascular à estimulação beta-adrenérgica que se manifesta através da resposta cronotrópica,inotrópica e vasodilatadora. Os idosos, em razão da menor resposta cronotrópica, demonstram aumento no volume sistólico. Acredita-se que a diferença na frequência cardíaca esteja relacionada com uma diminuição na resposta simpática em pessoas com a idade avançada, secundários às alterações do envelhecimento. A resposta diminuída do sistema nervoso simpático afeta a contratilidade miocárdica e reatividade vasomotora em pessoas idosas. O ventrículo tende a hipertrofia, devido ao aumento da pós- carga, juntamente a redução da complacência ventricular, ao prolongamento do relaxamento ventricular e ao aumento da pós- carga contribui para a diminuição da fase de enchimento rápido do ventrículo no início da diástole. Dessa maneira o coração do idoso torna-se dependente da fase final do enchimento ventricular. A complacência ventricular menor deixa o idoso sensível as elevações da pré-carga, e dessa forma pequenos aumentos de volume podem determinar elevação da pressão de enchimento ventricular até o edema agudo de pulmão, a perda de contração atrial devido a fibrilação atrial pode causar queda importante do débito cardíaco. No idoso saudável o débito cardíaco pode ser mantido se o volume de ejeção ou sistólico for capaz de aumentar e compensar qualquer resposta reduzida da frequência cardíaca. Cronotropismo é um efeito que algumas substâncias tem sobre o ritmo cardíaco, fazendo com que ele acelere. É produzido um rítmo cardíaco em condições não-patológicas, em um grupo de células conhecidas Emili Mariane- Med 3° semestre 4 Sp1-Geriatria como "nódulo sinusal". Estas células possuem uma proteína de membrana denominadas "canais de cálcio". São canais de cálcio que se encontram abertos quando os canais de cálcio típicos de qualquer célula estão fechados. Isto provoca uma lenta despolarização da célula, a partir do qual se origina a contração do coração. Assim, os canais de cálcio regulam a frequência da contração cardíaca. As substâncias cronotrópicas são aquelas que promovem a abertura dos canais de cálcio, e assim, a rápida despolarização e um aumento da freqüência cardíaca. O inotropismo e o cronotropismo representam força de contração e a freqüência cardíaca, respectivamente Complascencia =indica a capacidade de distensão de certas estruturas elásticas como os vasos sanguíneos, o coração etc Na fisiologia cardíaca, pré-carga é a pressão de sangue presente no ventrículo do coração, após seu enchimento passivo e contração do átrio. Em outras palavras, refere-se ao máximo de estresse da parede do ventrículo, quando está cheio de sangue. Frequência cardíaca irregular e muitas vezes acelerada que geralmente provoca má circulação sanguínea Débito cardíaco ou Gasto cardíaco é o volume de sangue sendo bombeado pelo coração em um minuto. É igual à frequência cardíaca multiplicada pelo volume sistólico. Portanto, se o coração está batendo 70 vezes por minuto e a cada batimento 70 mililitros de sangue são ejetados, o débito cardíaco é de 4900 ml/minuto. Alteração do sistema de condução O envelhecimento altera a condução cardíaca das células marcapasso no nó sinoatrial, ainda que no coração em repouso a função cardíaca não pereça ser afetada. O número de células do nó sinoatrial reduz-se acentuadamente e podem comprometer o nó atrioventricular e o feixe de his. A degeneração do sistema de condução predispõe ao aparecimento de arritmias, principalmente a doença do nó sinusal. A infiltração gordurosa separando nó sinusal da musculatura subjacente contribui para o aparecimento de arritmia sinusal, sendo mais frequente a fibrilação atrial. Distúrbios do ritmo variam de arritmias benignas até bloqueios de ramos que evoluem para bloqueios atrioventriculares. A estimulação do sistema nervoso simpático, especificadamente pelos receptores beta- adrenérgicos, afeta diretamente a contratilidade miocárdica. Mesmo com os níveis de catecolaminas aumentado, principalmente durante o esforço, ocorre a diminuição da eficácia da modulação beta-adrenérgica. A diminuição da influência simpática sobre o coração e os vasos do idoso são observadas principalmente durante o exercício. Devido a isso, a medida em que se envelhece, a obtenção do aumento do débito cardíaco durante esforço ocorre com maior uso da lei de Frank- Starling (define que o coração possui uma capacidade intrínseca de se adaptar a volumes crescentes de afluxo sanguíneo, ou seja, quanto mais o miocárdio for distendido durante o enchimento, maior será a força de contração e maior será a quantidade de sangue bombeada para a aorta). Havendo dilatação cardíaca e aumento de volume sistólico para compensar a resposta atenuada da frequência cardíaca. Emili Mariane- Med 3° semestre 5 Sp1-Geriatria O efeito vasodilatador dos agonistas beta-adrenérgicos sobre a aorta e grande vasos também diminui com a idade, bem como a resposta inatrópica do miocárdio às catecolaminas e a capacidade de resposta dos barorreceptores às mudanças de posição. 2. Descrever a fisiopatologia dos processos inflamatórios crônicos vasculares. Resumo O endotélio é uma camada que reveste a parte interna dos vasos sanguíneos, sendo um extenso tecido celular que recobre toda a malha vascular, desde grandes veias e artérias até pequenos vasos, arteríolas e capilares. O endotélio contribui para a homeostase vascular e possui múltiplas funções endócrinas, autócrinas e parácrinas; por isso, é responsável pela síntese de substâncias vasoconstritoras e vasodilatadoras. O endotélio íntegro desempenha um papel protetor do vaso sanguíneo. Essa ação acontece através de estímulos fisiológicos, como o estresse de cisalhamento (shear stress) exercido pelo fluxo sanguíneo sobre as células endoteliais, que resulta na formação de óxido nítrico (NO), cuja função é manter o vaso sanguíneo em um estado constante de vasodilatação. Por outro lado, a endotelina-1 (ET-1) age em sentido oposto ao NO, com efeito vasoconstritor. A disfunção endotelial é um desbalanço entre vasodilatação e vasoconstrição, e está relacionada à aterosclerose e aos eventos cardiovasculares. A mesma é também caracterizada por um desequilíbrio entre mediadores que regulam o tônus vascular e a hemostasia. Alguns fatores de risco, como dislipidemia e hipertensão arterial, causam danos vascular e perda progressiva das funções protetoras do endotélio, aumentando, deste modo, o estresse oxidativo e a inflamação. A inflamação parece ser um ponto chave em todos os estágios do processo da aterosclerose, desde o nascimento da lesão até o evento coronariano. O processo inflamatório vascular crônico está relacionado fundamentalmente com a capacidade do endotélio de secretar citocinas pró-inflamatórias*, fatores e moléculas de adesão. Algumas citocinas e fatores, como Interleucina-6 (IL-6) e Fator de necrose tumoral alfa (TNF-α), respectivamente, são liberados pelo endotélio e estimulam moléculas de adesão, aumentando o risco vascular. A IL-6 é uma importante citocina envolvida em diversos processos imunológicos e atua na regulação metabólica da Proteína C-Reativa (PCR). Durante uma reação inflamatória, a IL-6 e a PCR podem causar efeitos indesejáveis em diversos órgãos. Portanto, o aumento dos níveis séricos de IL-6 e PCR pode causar um down regulation na produção de NO, por inibição da enzima óxido nítrico sitase endotelial (eNOS), facilitando a formação de trombos e, consequentemente, o risco de eventos cardiovasculares. *Citocinas pró-inflamatórias atuam promovendo o processo inflamatório, garantindo que as reações ocorram e o insulto inicial seja eliminado. As anti-inflamatórias atuam como um freio desse processo, impedindo uma resposta exacerbada e que possivelmente produza efeitos indesejáveis da própria inflamação e do processo de cicatrização. Entre as citocinas mais conhecidas e usadas na pratica clínicae experimental, estão as interleucinas (IL), as quais estão envolvidas na progressão ou terapia de diversas doenças, principalmente a hipertensão arterial e diabetes. As interleucinas atuam entre leucócitos ativando ou inibindo processos celulares, como proliferação, diferenciação, produção de moléculas e desenvolvimento de células Emili Mariane- Med 3° semestre 6 Sp1-Geriatria hematopoiéticas. Alguns exemplos de IL são; fator de necrose tumoral, interferons e aproximadamente 25 tipos de IL Função endotelial O endotélio, há algum tempo, tem sido reconhecido não apenas como uma barreira física entre o sangue e a parede vascular, mas também como um órgão estrategicamente localizado e com múltiplas funções endócrinas, autócrinas e parácrinas. O endotélio é um tecido altamente especializado, que regula a homeostase vascular. Suas funções básicas consistem na regulação do tônus vascular*, da adesão de leucócitos, do crescimento das células musculares lisas e da agregação plaquetária. Fisiologicamente, o endotélio desempenha papel protetor do vaso sanguíneo. Essa ação acontece através de estímulos fisiológicos, como o shear stress, exercido pelo fluxo sanguíneo sobre as células endoteliais, que resulta na formação basal de NO, mantendo o vaso sanguíneo em um estado constante de vasodilatação. O NO participa ativamente de muitas das funções protetoras exercidas pelo endotélio intacto e, em conjunto com a Prostaciclina-2 (PGI-2), exerce potente efeito antiaterogênico, prevenindo a adesão e a agregação plaquetária. Palmer e colaboradores, em um estudo in vivo, demonstraram claramente que o NO e a ET-1, agindo em sentidos opostos, regulam o tônus vascular e a pressão arterial. A perda da integridade funcional ou a disfunção endotelial também está ligada a uma diminuição da expressão do NO e a um aumento da ET-1. A disfunção endotelial refere-se a um desequilíbrio na produção endotelial de mediadores que regulam o tônus vascular, a agregação plaquetária, a coagulação e a fibrinólise**, sendo o tônus vascular o aspecto mais estudado. A disfunção endotelial também é frequentemente referida como piora no relaxamento dependente do endotélio, causada, entre outros aspectos, pela perda da biodisponibilidade do NO. Algumas doenças, como hipertensão arterial, diabetes mellitus, insuficiência cardíaca e hipercolesterolemia, podem causar danos ao endotélio, gerando disfunção endotelial, que, muitas vezes, está relacionada à aterosclerose e aos eventos cardiovasculares. *O tônus vascular determina quanto de oxigênio e nutrientes são distribuídos às diferentes partes do corpo, incluindo o coração. Este tônus é regulado pela interação entre as células endoteliais e as células da musculatura lisa vascular, pelo SNA e mediadores neuro-hormonais **A fibrinólise é o processo através do qual um coágulo de fibrina (produto da coagulação do sangue) é destruído. A fibrina é degradada pela plasmina levando à produção de fragmentos circulantes que são depois destruídas por outras proteínas ou pelos rins e fígado. Função endotelial e inflamação A inflamação parece ser um dos principais pontos de um processo aterosclerótico, desde o nascimento da lesão até o evento coronariano. A inflamação causa um aumento da produção de Espécies Reativas de Oxigenio (EROs), que acaba ocasionando um processo de disfunção endotelial. A principal característica da disfunção endotelial é o prejuízo na vasodilatação dependente do endotélio, resultado de um desequilíbrio entre a síntese de NO e a produção de EROs; esse desequilíbrio pode ser diagnosticado utilizando um método de reatividade vascular por ultrassonografia. Em uma parede vascular intacta, o NO é sintetizado pela eNOS e representa um potente vasodilatador. Em um vaso sanguíneo com processo de aterosclerose, duas isoformas da NOS Emili Mariane- Med 3° semestre 7 Sp1-Geriatria contribuem para produção de NO, a neuronal (nNOS) e a induzível (iNOS), esta estimulada por citocinas pró-inflamatórias. Em algumas condições, o aminoácido L-arginina (substrato da enzima), na falta do cofator tetra- hidrobiopterina, poderia, através da NOS, produzir superóxido em maior quantidade do que NO, em uma condição conhecida como desacoplamento da NOS. Óxido nítrico e superóxido juntos podem formar peroxinitrito, podendo levar à oxidação da tetra-hidrobiopterina, um cofator crítico para a eNOS, perpetuando um ciclo vicioso de produção de EROs. Alguns estudos mostram marcadores inflamatórios, como IL-6 e PCR, atuando diretamente nesse down regulation da NO e diminuindo a vasodilatação dependente do endotélio, aumentando com isso o processo de disfunção endotelial através da diminuição da concentração de NO e do aumento de ET-1. Crescente número de estudos em humanos tem relacionado o aumento da inflamação com a diminuição da disponibilidade de NO, promovendo evidências de que inflamação ou infecção crônica pode causar disfunção endotelial. Por exemplo, os autores têm investigado diferenças na função endotelial após administrações agudas de fatores pró-inflamatórios em sujeitos jovens. Alternativamente, investigadores estão completando estudos observacionais que demonstram correlações entre aumentos de marcadores pró-inflamatórios circulantes e diminuição da função endotelial em diversas populações e tipos de patologias. As inflamações crônicas de baixo grau podem ser causadas por diversos fatores, tais como lesões crônicas, diabetes e obesidade, entre outras doenças. 1. O aumento da inflamação provoca aumento na síntese de células, citocinas e proteínas pró- inflamatórias, como neutrófilos, monócitos, IL-6, TNFa e PCR, dentre outras. 2. O aumento de neutrófilos e macrófagos em resposta à inflamação provoca uma maior síntese de IL-6 que, por sua vez, aumenta a produção de PCR no fígado. 3. A PCR diminui a atividade da eNOS, diminuindo assim a disponibilidade de NO (vasodilatador), e aumenta a concentração de ET-1 (vasoconstritor); diminui-se, dessa forma, o processo de vasodilatação dependendo do endotélio. 4. Essa diminuição da vasodilatação provoca um maior estresse de cisalhamento e, consequentemente, maiores danos ao vaso sanguíneo, favorecendo assim o processo de aterosclerose e formação de trombos. Além disso, esse vaso sanguíneo em processo de aterosclerose também libera as mesmas substâncias pró-inflamatórias, aumentando ainda mais o processo inflamatório e o dano vascular (Figura 1). Emili Mariane- Med 3° semestre 8 Sp1-Geriatria Figura 1. Etiologia do processo inflamatório. Inflamação crônica de baixo grau aumenta concentração de marcadores e células inflamatórias, e isso leva ao aumento da produção de proteína c-reativa (PCR) no fígado, em resposta à interleucina-6 (IL-6), o que provoca diminuição da vasodilatação e aumenta o dano vascular. TNFa – Fator de necrose tumoral alfa; IL-6 - Interleucina-6; PCR – proteína c-reativa; NO – óxido nítrico; ET-1 – Endotelina-1; Shear Stress – Estresse de cisalhamento. Il-6 e endotélio A IL-6 é uma citocina com atuação tanto na resposta imune inata como na adaptativa. É sintetizada por monócitos, células endoteliais, fibroblastos e outras células em resposta a microrganismos, mas também é estimulada por outras citocinas, principalmente interleucina-1 (IL-1) e TNF-α. Uma vez que está envolvida em uma série de atividades imunológicas, em especial a síntese de substâncias de fase aguda pelo fígado, a IL-6 é um importante marcador inflamatório, estando envolvida na regulação metabólica da PCR. Tal como o seu receptor (gp130), a IL-6 é amplamente expressa durante uma reação inflamatória, produzindo efeitos indesejáveis em vários órgãos. A IL-6, normalmente, é expressa em níveis baixos, exceto durante infecção, trauma ou outros fatores estressantes. Entre os vários fatores que regulam a expressão do gene da IL-6, estãoo estrógeno e a testosterona. Após a menopausa ou a andropausa, os níveis séricos de IL-6 são elevados mesmo na ausência de infecção, trauma ou estresse. A hiperglicemia, característica da intolerância à glicose, tem relação com a síntese imediata de marcadores como IL-6, com variações dos níveis séricos positivamente relacionados e com aumentos mais significativos na hiperglicemia em pulsos, situação comum no diabético. Propôs-se que o aumento da idade associado à elevação sérica da IL-6 é responsável por algumas das mudanças fenotípicas da idade avançada, especialmente aquelas relacionadas à doença inflamatória crônica – diminuição da massa corporal magra, osteopenia, anemia, diminuição da albumina e aumento de proteínas inflamatórias, como PCR. Emili Mariane- Med 3° semestre 9 Sp1-Geriatria Além disso, o aumento da idade associado à IL-6 tem sido vinculado a doenças linfoproliferativas, mieloma múltiplo, osteoporose e doença de Alzheimer. A IL-6 desempenha papel importante no processo de ruptura ou erosão da placa de aterosclerose, e tem seus valores séricos aumentados nesses eventos. Esse aumento pode estar relacionado ao aumento da PCR, já que a IL-6 promove a síntese hepática dessa proteína; porém, também a PCR tem seu efeito aterogênico, mediado em parte pela síntese de IL-6. Em homens saudáveis, níveis elevados de IL-6 estão associados ao risco aumentado de futuras isquemias miocárdicas. Os marcadores inflamatórios já estão bem estabelecidos no desenvolvimento da doença aterosclerótica e são úteis na predição de risco cardiovascular entre os indivíduos de meia idade. Alguns estudos demonstraram o papel dos níveis de PCR como um importante fator de risco cardiovascular em indivíduos saudáveis. Entretanto, alguns autores contestam esta associação. Uma pesquisa incluindo apenas idosos mostrou que a PCR e o fibrinogênio podem não ser tão úteis quanto a IL-6 e o TNF-α. Em pacientes com 65 anos ou mais, IL-6 e TNF-α têm se mostrado bons preditores de eventos cardiovasculares. Ramos et al. (2009) avaliaram o tempo para a estabilização da placa aterosclerótica nas Síndromes Coronarianas Agudas (SCA), a partir de marcadores inflamatórios como PCR, TNF-α, fibrinogênio e IL-6, e concluíram que somente a IL-6 se correlacionou de maneira significativa e independente com o surgimento de eventos cardiovasculares futuros. Esse trabalho observou ainda que fibrinogênio e o TNF-α não foram úteis na avaliação da estabilização da placa, pelo fato de não se elevarem significativamente em relação ao grupo controle. Ainda não há consenso sobre métodos de dosagem e valores de referência para a IL-6, observando-se os diversos trabalhos que utilizaram esse marcador e que foram pesquisados nesta revisão. A utilização rotineira das dosagens de citocinas, como a IL-6 e outros marcadores de atividade inflamatória como a PCR, ainda depende de mais observações; note-se que estas são metodologias de custo elevado. Proteína c-reativa (pcr) e endotélio A PCR, sintetizada nos hepatócitos sob estímulo primário da IL-6, é um marcador inflamatório. Em condições inflamatórias agudas, há elevação de seus níveis no período de seis a oito horas iniciais, podendo atingir valores de até 300 mg/dl em 48 horas. Por seu papel na inflamação e por apresentar traços normalmente detectados no sangue, é utilizada como preditor de risco para eventos cardiovasculares, através de sua interação com os fatores de risco clássicos, como Creatina kinase (CK)- Enzima encontrada principalmente na musculatura estriada, cérebro e coração. É um marcador sensível, mas inespecífico de lesão muscular, inclusive miocárdica -e Lactato desidrogenase (LDH).- O aumento do LDH é normalmente indicativo de lesão em órgãos ou tecidos. Isso porque como consequência do dano celular, o LDH contido dentro das células é liberado e fica circulante na corrente sanguínea, sendo sua concentração avaliada por meio de exame de sangue. A PCR pode ser considerada um biomarcador para o processo de disfunção endotelial e, em concentrações suprafisiológicas, como preditora de doença vascular. A PCR tem grande participação na down regulation da eNOs e também na transcrição das células endoteliais, levando assim à desestabilização da eNOS-RNA.Esse processo resulta na redução da liberação de NO. Emili Mariane- Med 3° semestre 10 Sp1-Geriatria Sua relação com a deficiência de eNOS parece ser o ponto importante na aterogênese e tal influência pode ser facilmente observada quando são avaliadas culturas de células endoteliais de aorta humana. A expressão da eNOS (abundantes neste tipo de cultura), após pré-incubação com PCR, reduz se significativamente, o que gera um aumento significativo das moléculas de adesão (Figura 2). Figura 2. Mecanismo de diminuição da produção de óxido nítrico NO por meio da inibição da enzima óxido nítrico sintase (eNOS) pela proteína c-reativa (PCR). NO – óxido nítrico; PCR – proteína c-reativa; ET – Endotelina; IL-6 Interleucina-6; 0 2 – Oxigênio; NADPH – nicotinamida adenina dinucleótido fosfato. A PCR pode agir ainda como estimuladora da endotelina ET-1, reguladora das moléculas de adesão, facilitando a entrada de LDL**no macrófago por meio das MCP-1***. Atua também como regulador do fator nuclear Kappa-beta, responsável pela facilitação de numerosos genes pró-ateroscleróticos, agindo ainda no nível das prostaciclinas vasodilatadoras, levando à redução de sua produção. A PCR induz à instabilização da camada fibrosa do ateroma, através do estímulo da matriz da metaloproteinase-1 (MMP-1), liberada com a degradação de colágeno e proteínas, assim como diminui a fibrinólise e promove a síntese do Inibidor do Ativador de Plasminogênio (PAI-1). Observa-se um aumento na adesão e na ativação plaquetária quando a PCR é liberada pelo fator tissular dos monócitos, reduzindo a concentração de NO e prostaciclinas. A PCR pode agir ainda como mediadora na formação da placa aterosclerótica, através de sua participação na inibição das proteínas mediadoras do complemento. O sistema de complementos consiste em uma complexa cascata enzimática de proteínas reguladoras que normalmente participam de mecanismos de defesa através das vias de opsonização, quimioatração de leucócitos, lise e ativação celular, além de sua atuação na promoção de fenótipo inflamatório. Alguns estudos mostram ainda que a PCR, quando em seus níveis aumentados, pode desregular o balanço entre coagulação e fibrinólise. A PCR diminui a concentração do Ativador de Plasminogênio (tPA), responsável pela lise de coágulos na parede vascular, e aumenta a concentração do PAI-1, que inibe o processo de fibrinólise (Figura 3). Isso facilita a formação de trombos na parede endotelial, aumentando também os riscos para eventos cardiovasculares. Emili Mariane- Med 3° semestre 11 Sp1-Geriatria **A lipoproteína de baixa densidade faz parte da família das lipoproteínas. É popularmente denominada colesterol ruim ou colesterol mau porque em altas taxas ela está relacionada com a aterosclerose e, portanto, está também indiretamente relacionada ao infarto e AVC, por exemplo. ***A MCP-1 é uma citocina proinflamatória com potente atividade quimiotática para monócitos e macrófagos. *A aterogênese é caracterizada pelo desenvolvimento de placas gordurosas, denominadas placas ateromatosas, na superfície interna das paredes arteriais. Figura 3. Sequência de acontecimentos desde o aumento da interleucina-6 até o acontecimento de eventos cardiovasculares. Portanto, a PCR, além de um marcador inflamatório de aterosclerose e eventos coronarianos, é também um mediador de doença devido à sua contribuição na formação de lesão, na ruptura das placas e nos mecanismos de trombose coronariana. Conclusão Concluímos através dos artigos revisados que o aumento demarcadores inflamatórios está relacionado com a disfunção endotelial. O aumento de alguns destes marcadores, como Il-6, que estimula o aumento de PCR, está relacionado com a diminuição da concentração de NO pela diminuição da atividade da eNOS. Essa diminuição pode ocasionar uma menor vasodilatação dependente do endotélio, o que pode aumentar os riscos de disfunção endotelial e doenças cardiovasculares. Aterosclerose Emili Mariane- Med 3° semestre 12 Sp1-Geriatria Definição A aterosclerose é um processo multifatorial e é caracterizada pelo depósito de gordura, cálcio e outros elementos na parede das artérias, reduzindo seu calibre e trazendo um déficit sanguíneo aos tecidos irrigados por elas. Ela é a principal causa de doença cardiovascular (DCV), como infarto agudo do miocárdio (IAM) e acidente vascular cerebral (AVC), que são as duas principais causas de morte no mundo ocidental. O processo aterosclerótico é identificado geralmente a partir da meia ou após algum evento cardiovascular (IAM ou AVC), no entanto, estudos atuais indicam que o processo aterosclerótico começa a se desenvolver na infância. Fisiopatologia A lesão aterosclerótica nas artérias, que começam silenciosamente na infância, ocorre primariamente a partir de dois processos: acúmulo de colesterol e a proliferação de células musculares lisas na túnica íntima. O ateroma é formado a partir dessas células musculares lisas, além de leucócitos derivados do sangue e de uma quantidade variável de tecido conjuntivo, formando uma placa fibrosa que se projeta para dentro do lúmen modificando a túnica média e levando a uma série de complicações circulatórias. O desenvolvimento da placa inicia com a ativação de células endoteliais, incluindo a produção exagerada de moléculas de adesão para leucócitos. Normalmente, essas moléculas de adesão não são expressas, mas na presença de fatores de risco, como hipercolesterolemia, hipertensão e tabagismo, aumenta o recrutamento de células inflamatórias do sangue. O processo inflamatório mantido pela presença dos leucócitos ajuda a criar um estado pró-trombótico nos vasos. Os estágios histológicos da aterosclerose incluem estrias gordurosas, capa fibrosa, placas fibrosas e lesões avançadas. No primeiro estágio ocorre o espessamento focal da íntima na artéria com acúmulo de matriz extracelular e de macrófagos que expressam receptores “scavengers”, que captam LDL e outras lipoproteínas, e se transformam em células espumosas, formando a estria gordurosa. Seta menor = linha gordurosa com espessamento da íntima. Seta maior= núcleo lipídico mole. Emili Mariane- Med 3° semestre 13 Sp1-Geriatria No segundo estágio, os ateromas formam placas com núcleo lipídico bem definido coberto por capa fibrosa, formada principalmente por colágeno. Posteriormente forma-se a placa fibrosa, que evolui da estria gordurosa por meio do acúmulo de tecido conjuntivo com um número aumentado de células musculares lisas cheias de lipídios e, frequentemente, um pool lipídico extracelular mais profundo. As lesões ateroscleróticas mais avançadas geralmente contêm um núcleo necrótico rico em lipídios e, eventualmente, regiões calcificadas. A aterosclerose primariamente afeta artérias elásticas como a aorta, a carótida e as ilíacas, mas também pode comprometer as grandes e médias como a coronária e as poplíteas. Quadro clínico da aterosclerose Os sintomas da doença aterosclerótica são mais frequentes nas artérias que irrigam o coração, o cérebro, os rins, as extremidades e o intestino delgado. No entanto, a aterosclerose é geralmente assintomática até que a estenose da placa exceda 70 ou 80 por cento do diâmetro luminal, o que pode produzir uma redução no fluxo, como ocorre com o fluxo sanguíneo coronário para o miocárdio. O Infarto do miocárdio, infarto cerebral e aneurisma aórtico são as maiores consequências dessa doença. Além disso, a diminuição na irrigação pode levar à gangrena dos membros inferiores ou à oclusão mesentérica. Diagnóstico da aterosclerose Em muitos casos o diagnóstico ocorre em uma situação de emergência, como por exemplo após um infarto ou derrame. No entanto, no intuito de prevenir um evento cardiovascular, idealmente todos as pessoas deveriam realizar exames periódicos para rastreamento e tratamento dos fatores de risco para o desenvolvimento da aterosclerose. Pacientes com alta probabilidade de aterosclerose ou com sintomas compatíveis podem necessitar de avaliação através de exames mais específicos, como teste ergométrico, cintilografia, tomografia ou cateterismo. Nos pacientes com aterosclerose, é importante calcular o risco cardiovascular, que se faz principalmente por meio de escores. Esta ação ajuda orientar esforços preventivos, não pelos riscos atribuíveis à elevação de fatores isolados, como a pressão arterial ou o colesterol, mas pelo somatório de riscos decorrentes de múltiplos fatores, estimado em cada indivíduo com aterosclerose. O principal utilizado no Brasil é o Escore de Framingham, que demonstra o risco do indivíduo desenvolver um evento cardiovascular maior, definido por IAM, AVC ou morte por causa cardiovascular, em 10 anos. Tratamento da aterosclerose O tratamento para aterosclerose consiste na prevenção de eventos cardiovasculares maiores, instituindo-se estilo de vida saudável. As mudanças no estilo de vida, que comprovadamente diminuem o risco de doenças cardiovasculares, inclui rotina com exercícios físicos regulares, alimentação balanceada, cessação do tabagismo e com baixo consumo de gorduras e sal, além do controle dos fatores de risco para doenças como obesidade, diabetes, hipertensão e colesterol. Pacientes com baixo ou moderado risco cardiovascular, segundo o Escore de Framingham, e sem evento cardiovascular maior prévio devem ser tratados apenas com mudança no estilo de vida e controle medicamentoso da hipertensão ou diabetes. Todos os pacientes com alto risco cardiovascular segundo Escore de Framingham, devem utilizar estatina de alta potência, independentemente do colesterol LDL basal. Para os pacientes com Emili Mariane- Med 3° semestre 14 Sp1-Geriatria evento cardiovascular maior prévio, além da estatina, recomenda-se terapia com aspirina dose protetora (100-300mg) em longo prazo. Trombose A trombose venosa profunda (TVP), juntamente com o tromboembolismo pulmonar (TEP), constitui o tromboembolismo venoso (TEV). É uma doença causada pela coagulação do sangue no interior das veias. A TVP ocorre principalmente em membros inferiores, podendo ser dividida em TVP distal (acomete vasos distais às veias poplíteas) e TVP proximal (acomete veias poplíteas, femoral ou ilíacas). A TVP proximal tem pior prognóstico pelo risco aumentado de TEP. Fisiopatologia e fatores de risco A fisiopatologia da doença está relacionada a três fatores (Tríade de Virchow): estase venosa, estados de hipercoagulabilidade e lesão endotelial. Esses fatores levam ao recrutamento de plaquetas ativadas, as quais liberam mediadores pró-inflamatórios, desencadeando cascata de reações que resultam em agregação plaquetária e síntese de trombina dependente de plaquetas. Trombos venosos se formam em ambiente de estase, baixa tensão de oxigênio e aumento da expressão de genes pró-inflamatórios. Quadro Clínico Achados clínicos se relacionam com a doença em apenas 50% dos casos. Quando presentes, podem consistir de: dor, edema (principalmente unilateral e assimétrico), eritema, cianose, dilatação do sistema venoso superficial, aumento de temperatura, empastamento muscular e dor à palpação. O sinal de Homans (dor a dorsiflexão do pé) pode estar presente, mas tem pouco valor diagnóstico. Quando a diferença de diâmetro entre as duas panturrilhas é maior do que 3 cm, a probabilidade de TVP aumenta significativamente. Os achados clínicosisoladamente apresentam desempenho insatisfatório para o diagnóstico de TVP, sendo necessário o uso de critérios específicos. Dentre esses critérios, o escore de Wells para TVP (Tabela 1) é o de melhor validação. Emili Mariane- Med 3° semestre 15 Sp1-Geriatria AVC O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é uma lesão cerebral secundária a um mecanismo vascular e não traumático. É caracterizada pela instalação de um déficit neurológico focal, repentino e não convulsivo, com duração maior que 24 horas (o que o difere de um ataque isquêmico transitório) ou com alteração nos exames de imagem. Os AVCs são classificados como isquêmicos (AVCi) ou hemorrágicos (AVCh), de acordo com o processo patológico subjacente. Sendo que os AVCi são os mais comuns, representando 85%. Enquanto que os AVCh correspondem a 15% dos casos. Fisiopatologia do AVC O AVC isquêmico é causado por uma obstrução súbita do fluxo arterial encefálico. Enquanto que o AVC hemorrágico é consequência de uma ruptura de estruturas vasculares cerebrais. A origem do AVCi pode ser trombótica ou embólica. Nas situações em que não é possível determinar a causa do AVC isquêmico, mesmo após a investigação correta, ele é denominado de AVC criptogênico. O que difere o AVC embólico do trombótico é a origem do trombo que ocasionou a obstrução. No AVC trombótico, o trombo é formado na própria artéria envolvida no AVC. Já no embólico ele é proveniente de outra região e se desloca pela circulação até impactar na artéria cerebral. Pode ocorrer formação de um trombo em determinada artéria (carótidas, arco aórtico) e esse trombo é deslocado pelo fluxo sanguíneo até obstruir uma artéria cerebral de calibre menor. Ou pode ser do tipo cardioembólico, quando se formam trombos intracavitários devido algum prejuízo cardíaco, como fibrilação atrial, infarto agudo do miocárdio e cardiomiopatia dilatada. A interrupção do fluxo sanguíneo priva neurônios, glia e células vasculares do oxigênio e glicose. Caso o fluxo sanguíneo não seja restaurado prontamente, ocorre a morte do tecido cerebral (infarto) dentro do núcleo isquêmico. O padrão de morte celular depende da gravidade da isquemia. Em isquemias leves, a vulnerabilidade seletiva de algumas populações neuronais leva à perda somente dessas populações. Numa isquemia grave, ocorre uma necrose neuronal seletiva, onde todos os neurônios morrem, mas as células gliais e vasculares são preservadas. Já numa isquemia completa e permanente, ocorre uma pan-necrose, onde todos os tipos celulares serão afetados. Circundando o núcleo da região isquêmica, existe uma área chamada zona de penumbra, onde a isquemia é incompleta. Nesse local, a lesão celular é potencialmente reversível, desde que o fluxo sanguíneo seja restaurado (por recanalização do vaso ocluído ou circulação colateral). É justamente essa área de penumbra o alvo do tratamento do AVCi agudo, buscamos sempre tentar salvar a área de penumbra. Por isso o tratamento imediato e tão importante. Outro fator envolvido na fisiopatologia do AVC é o edema cerebral. A isquemia leva ao edema vasogênico, quando o líquido intravascular extravasa para o parênquima cerebral. Esse edema costuma ocorrer alguns dias após o AVC e pode causar herniação cerebral e, consequentemente, óbito. Além do edema vasogênico, pode ocorrer o edema citotóxico. A isquemia causa redução do ATP intracelular, sem energia as bombas iônicas não funcionam. Uma das principais bombas das nossas células é a bomba de sódio e potássio, sem ela não há o equilíbrio iônico e ocorre um influxo de sódio e cálcio para o interior dos neurônios. Consequentemente, com a entrada de sódio há também Emili Mariane- Med 3° semestre 16 Sp1-Geriatria entrada de água nas células, causando um edema celular importante que pode levar à ruptura neuronal. O AVCh interfere na função cerebral por meio de vários mecanismos, incluindo a destruição ou compressão do tecido cerebral e compressão de estruturas vasculares, levando a isquemia secundária e edema. O AVCh pode se apresentar de 2 formas: Hemorragia Intraparenquimatosa (HIP) ou Hemorragia Subaracnóidea (HSA). A hemorragia intraparenquimatosa é causada pela ruptura de pequenas artérias perfurantes, ocasionando sangramento dentro do parênquima cerebral, provocando um edema/inchaço nas estruturas locais que levará à lesão neurológica. O principal fator de risco associado aqui é a hipertensão arterial sistêmica. Já a hemorragia subaracnóidea, normalmente está muito relacionada à ruptura de aneurismas e malformações arteriovenosas e acarreta em sangramento no espaço subaracnóideo. Manifestações Clínicas O AVC é uma doença tempo-dependente. Ou seja, quanto mais precoce ele for identificado e tratado, maior a chance de recuperação completa. Por isso, a clínica é de extrema importância. Os sinais e sintomas dependem da área do cérebro acometida e incluem, geralmente: fraqueza ou formigamento em face, braços ou pernas; alterações na visão (uni ou bilateral); confusão, alterações na fala e/ou compreensão; alteração do equilíbrio e/ou coordenação; tontura; alterações na marcha; cefaleia súbita e intensa (mais relacionada com AVCh). Na maioria das vezes, o território mais acometido é o suprido pela Artéria Cerebral Média. Portanto, é interessante saber as principais manifestações associadas a um AVC nessa artéria. O quadro clássico da oclusão do tronco da ACM é caracterizado por fraqueza (déficit motor) e perda sensitiva, principalmente na face e no membro superior (déficits contralaterais à lesão – as fibras motoras e sensitivas se cruzam na decussação das pirâmides), hemianopsia do lado da fraqueza, rebaixamento da consciência e desvio do olhar para o lado da lesão. Além disso, em destros, a oclusão da ACM esquerda pode causar afasia global no paciente. Quando há acometimento da Artéria Cerebral Anterior, o paciente se manifesta com déficit sensitivo cortical (negligência) ou motor com predomínio crural (membros inferiores contralaterais), além de distúrbios de comportamento. Hemianopsia e amaurose são características de AVC de Artéria Cerebral Posterior e na lesão de artérias do sistema vértebro-basilar manifesta-se com disfunção cerebelar (ataxia, dismetria, disdiadococinesia), disfunção de nervos cranianos, alteração do nível da consciência, além de déficit motores e sensitivos. Infarto Agudo do Miocárdio. O Infarto Agudo do Miocárdio, o IAM, consiste na morte (necrose) dos cardiomióciotos, ou seja, de uma parte do tecido muscular do coração, devido a uma deficiência da oferta de nutrientes e oxigênio ao tecido, secundário a trombose, ou vasoespasmo sobre uma placa aterosclerótica. Emili Mariane- Med 3° semestre 17 Sp1-Geriatria Fisiopatologia Primeiro acontece a ruptura ou erosão de uma placa aterosclerótica, que reduz a luz do vaso e compromete significativamente o fluxo sanguíneo na artéria coronária por espasmo ou formação de trombo, ocasionando assim a isquemia cardíaca que leva a necrose dos cardiomiócitos. Quadro clínico Angina; Mal-estar generalizado; Náuseas; Vômito; Lipotimia; Palpitações; Dor epigástrica. Insuficiência cardíaca A insuficiência cardíaca é uma síndrome clínica complexa e progressiva, de caráter sistêmico. É caracterizada pela incapacidade do coração em bombear o sangue adequado para as necessidades metabólicas dos tecidos na presença de retorno venoso normal ou pela capacidade de realizar o bombeamento suficiente somente na presença de elevadas pressões de enchimento (pressão diastólica final). Em outras palavras, a insuficiência cardíaca é a incapacidade dos ventrículos se encherem e esvaziarem de sangue de forma adequada. Quais são os tipos de Insuficiência Cardíaca (IC)? A IC pode ser classificada de acordo com o ladodo coração afetado (classificação anatômica), de acordo com a função alterada (classificação funcional) e de acordo com o débito cardíaco. IC Esquerda Em relação ao “lado”, ela pode ser dita como IC direita ou esquerda. A IC esquerda é a mais comum e ocorre devido à insuficiência ventricular (dificuldade em bombear ou em relaxar) geralmente. IC Direita Já a IC direita acontece por conta da insuficiência ventricular direita, na maioria dos casos e a principal causa de insuficiência cardíaca direita é a própria insuficiência esquerda. Contudo, existem outras causas de IC direita, como o cor pulmonale, a hipertensão pulmonar primária e o tromboembolismo pulmonar. IC congestiva (ICC) ou biventricular http://tromboembolismo-pulmonar-fique-ligado-pode-ser-tep/ Emili Mariane- Med 3° semestre 18 Sp1-Geriatria É dita IC congestiva (ICC) ou biventricular quando ocorre a insuficiência dos dois lados, normalmente, iniciando pelo lado esquerdo, que, retrogradamente, leva ao acometimento do lado direito. IC Sistólica Outra forma de classificar é de acordo com a função afetada: se sistólica ou diastólica. A função sistólica é referente a capacidade dos ventrículos em bombear e ejetar o sangue para fora da cavidade do coração em direção as artérias (pulmonar e aorta). Dessa forma, a IC SISTÓLICA é aquela em que ocorre dificuldade de contrair o miocárdio e, consequentemente, de ejetar o sangue, sendo representada laboratorialmente por uma fração de ejeção REDUZIDA no ecocardiograma (FE <= 40%). É a mais comum e possui como principais etiologias a cardiopatia hipertensiva, a doença coronariana, valvopatias, cardiomiopatia dilatada idiopática, cardiomiopatia alcoólica e a doença de Chagas (nas áreas endêmicas). IC Diastólica Do outro lado, a função diastólica representa a capacidade de relaxamento dos ventrículos durante a diástole para se encher de sangue e não aumentar consideravelmente a pressão intracavitária. Sendo assim, na IC DIASTÓLICA ocorre restrição do relaxamento ventricular e, consequentemente, do seu enchimento diastólico, estando sua capacidade contrátil inalterada, isto é, sua fração de ejeção é PRESERVADA (FE >= 50%). As principais etiologias da IC diastólica são: a cardiopatia hipertensiva na fase hipertrófica, a fibrose isquêmica, cardiomiopatia hipertrófica hereditária, cardiomiopatias restritivas e desordens do endomiocárdio. IC de alto débito Por fim, podemos classificar a IC também como de alto débito ou de baixo débito. É considerada de alto débito quando ocorre aumento do trabalho cardíaco na ausência de alguma alteração orgânica no coração na tentativa ineficaz de suprir alta demanda metabólica (lembrem- se do conceito de insuficiência cardíaca) ou por fístulas arteriovenosas (desvio do sangue do leito arterial diretamente por leito venoso, sem passar por capilar). A IC de alto débito ocorre, por exemplo, na anemia grave, treotoxicose, sepse, beribéri e cirrose. IC de baixo débito Já a insuficiência cardíaca de baixo débito, que corresponde à maioria dos casos, é ocasionada principalmente por disfunção cardíaca sistólica, onde o coração não consegue bombear sangue de forma adequada. Essas classificações são de extrema importância, pois são elas que vão guiar a forma de tratar seu paciente. Emili Mariane- Med 3° semestre 19 Sp1-Geriatria Fisiopatologia da insuficiência cardíaca A IC pode ser resultado de inúmeras doenças cardíacas e/ou sistêmicas. A causa mais comum é a redução da contratilidade miocárdica (função sistólica alterada), que pode ser originada por Infarto agudo do miocárdio (IAM), fase dilatada da cardiopatia hipertensiva e miocardiopatias. Porém outras causas também são observadas, tais como as condições que interferem no enchimento ventricular (função diastólica alterada), as anormalidades mecânicas, os distúrbios da frequência e do ritmo cardíaco, a cardiopatia pulmonar e os estados de alto débito. Nos adultos, em aproximadamente 69% dos casos, a IC está associada à disfunção sistólica do ventrículo esquerdo. Já nos 40% restantes, a IC está relacionada com a disfunção diastólica, condição que vem sendo mais observada com o aumento da expectativa de vida da população. As manifestações iniciais da disfunção hemodinâmica (redução no volume de ejeção e elevação das pressões de enchimento ventriculares) apresentam efeitos em cascata nos reflexos cardíacos e na perfusão e função dos órgãos sistêmicos. Isso estimula respostas compensatórias interdependentes, envolvendo os sistemas cardiovascular e neuro-hormonal, além de alterações na fisiologia renal. As respostas neuro-hormonais consistem basicamente em três mecanismos: liberação de norepinefrina pelos nervos simpáticos do coração (eleva a FC e aumenta a contratilidade do miocárdio e resistência vascular); ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona e liberação do peptídeo natriurético atrial (estes últimos mecanismos responsáveis por ajustar os volumes de enchimento e pressão). Já a resposta cardíaca consiste principalmente no mecanismo Frank-Starling. De acordo com esse mecanismo, quanto maior for o volume diastólico final, maior será o débito cardíaco e a fração de ejeção. O volume diastólico final alto estira as fibras musculares do coração e essas, por reflexo miogênico, se contarem com mais vigor, mantendo o débito cardíaco Esses mecanismos compensatórios são gerados na tentativa do sistema cardiovascular manter a homeostasia. Inicialmente, eles conseguem manter o bom funcionamento do coração, contudo com o passar do tempo eles prejudicam o coração, causando cardiotoxicidade e remodelamento cardíaco (induz apoptose de miócitos e proliferação de fibroblastos), piorando em longo prazo os sintomas da síndrome. Sendo assim, a terapêutica da insuficiência cardíaca visa inibir esses mecanismos, basicamente, através do bloqueio do neural e do sistema renina-angiotensina-aldosterona Sintomas Os sinais e sintomas são de grande importância para a clínica da IC, embora inicialmente o paciente possa permanecer assintomático por longo período. Os sintomas são decorrentes do baixo débito e/ou da síndrome congestiva. Os sintomas do baixo débito são: síncope, palpitações, intolerância ao exercício, fadiga. Já os sintomas da síndrome congestiva vão variar de acordo com o coração afetado. Observem, a congestão sempre será retrógrada ao coração afetado, dessa forma, se a insuficiência for de ventrículo esquerdo ocorrerá congestão pulmonar, e o paciente poderá apresentar dispneia aos esforços, dispneia paroxística noturna, ortopneia e tosse seca. Se a insuficiência for de ventrículo direito, a congestão será sistêmica e o indivíduo cursará com edema de membros inferiores, turgência de jugular, reflexo hepatojugular, hepatomegalia congestiva e saciedade precoce. Outros achados do exame físico que podemos encontrar decorrente das pressões de enchimento ventriculares elevadas e, em menor extensão, do débito cardíaco reduzido são: arritmias ou Emili Mariane- Med 3° semestre 20 Sp1-Geriatria extrassístoles, pressão venosa jugular elevada, presença de estertores no exame pulmonar, presença de terceira e/ou quarta bulha. A presença de B3 nos sinaliza que provavelmente estamos diante de um coração dilatado, com alta complacência, ou seja, IC sistólica. Já a presença de B4, indica um coração com hipertrofia concêntrica, pouco complacente e com dificuldade de relaxamento ( IC diastólica). 3. Caracterizar os aspectos epidemiológicos (prevalência, incidência, morbidade e mortalidade) das doenças cardiovasculares no idoso. Prevalência O aumento no número de anos vividos com alguma doença crônica, principalmente entre indivíduos mais velhos2, tem se tornado uma das principais preocupações em saúde pública. Nesse contexto, destaca-se a morbidadepor doenças cardiovasculares (DCV), que é considerada por estudos recentes de carga de doença como a principal responsável por anos de vida perdidos ajustados por incapacidade em idosos. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), observa-se um aumento recente na carga de doenças cardiovasculares, principalmente em países de baixa e média rendas, reflexo do aumento da expectativa de vida e, consequentemente, do maior tempo de exposição aos fatores risco para as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). As doenças cardiovasculares são atualmente a principal causa de morte nos países em desenvolvimento, e espera-se que continue sendo a causa de mortalidade mais importante no mundo durante a próxima década. No Brasil, as doenças cardiovasculares são responsáveis por 27,7% dos óbitos, atingindo 31,8% quando são excluídos os óbitos por causa externas, sendo consideradas a principal causa de morte. Embora tenha sido observada uma recente redução da sua presença como causa de mortalidade , o mesmo não pode se afirmar a respeito da morbidade por DCV, considerada o fator de maior impacto no custo das internações hospitalares no país. Em 2014, 10,1% das internações no Brasil foram causadas por doenças do aparelho circulatório, e, do total dessas internações, 57,2% foram entre indivíduos de 60 anos ou mais. A associação entre a longevidade e o aumento de doenças crônicas é conhecida na literatura e os resultados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) apontam para uma maior morbidade por doenças cardiovasculares em indivíduos mais velhos13. Segundo a PNS, em 2013 a prevalência das doenças cardiovasculares na população adulta brasileira (≥ 18 anos) era de 4,2%, apresentando um gradiente crescente nos grupos de maior idade da população, sendo a prevalência de DCV entre idosos de 11,4%13. Mortalidade No período de 1996 a 2000, foram registrados 4.629.638 óbitos no Brasil, dos quais 53,8% ocorreram em pessoas com 60 anos e mais. Já nos anos de 2006 a 2010, foram lançados no SIM 5.396.557 registros de óbitos, sendo 60,5% eram relativos a pessoas idosas. Convertendo essa análise para as causas relacionadas a Doenças do Aparelho Circulatório, é possível observar que tais agravos foram responsáveis por 27,51% dos óbitos na população geral e 37,42% nos idosos, no primeiro quinquênio. Para o segundo período, esses valores foram, respectivamente, 29,19% e 37,17%. Em relação às oito principais causas de óbito, a mortalidade proporcional de idosos, por sexo, nos dois períodos avaliados no estudo. Em ambos os sexos, no primeiro quinquênio, as três principais causas de óbito https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232019000100105#B2 https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232019000100105#B13 https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232019000100105#B13 Emili Mariane- Med 3° semestre 21 Sp1-Geriatria corresponderam às doenças do sistema circulatório, em primeiro lugar, CMD, em segundo, e neoplasias, em terceiro; no segundo quinquênio, os três primeiros lugares foram: doenças do sistema circulatório, neoplasias e doenças do aparelho respiratório. Em relação às categorias de causa mais prevalentes para DCV no Brasil, pôde-se destacar que, no primeiro quinquênio, mais da metade foi causada pelas seguintes patologias: infarto agudo do miocárdio (21,18%), acidente vascular encefálico (19,50%), insuficiência cardíaca (13,43%) e doença isquêmica crônica do coração (6,09%). No segundo quinquênio, observou-se que as mais prevalentes foram infarto agudo do miocárdio, com 22,05%, acidente vascular encefálico hemorrágico ou isquêmico, com 15,86%, insuficiência cardíaca, com 9,64% e hipertensão essencial, com 6,64% 4. Descrever os fatores que aceleram o processo de envelhecimento do sistema cardiovascular. Ao longo dos anos, cada vez mais, estudos têm demonstrando que o estilo de vida e a busca por uma melhor qualidade de vida interferem na longevidade do ser humano. Na promoção da saúde, existem mais incentivos a prática de atividades físicas e campanhas contra o tabagismo e o álcool. Isso pelo fato de que os exercícios físicos proporcionam inúmeros benefícios vitais às pessoas, que ajudariam a retardar a senilidade, já que seus efeitos irão, de certa forma, retardar alguns efeitos das mudanças fisiológicas que ocorrem com o avanço da idade cronológica. O aumento da capacidade aeróbica, do volume sistólico, da ventilação pulmonar, a diminuição da frequência cardíaca em repouso e no trabalho submáximo (VO2 máx) e da pressão arterial, são considerados benefícios do exercício físico. O exercício físico, especialmente aquele envolvendo grandes grupos musculares com deslocamentos parcial ou total da massa corporal (exercício dinâmico), promove substanciais modificações nos sistemas de captação e transporte dos gases vitais (oxigênio e dióxido de carbono). Os ajustes ventilatórios são particularmente cruciais para a manutenção das tensões gasosas artérias e do equilíbrio ácido-base sistêmico. Portanto, a resposta ventilatória é profundamente influenciada por fenômenos metabólicos sistêmicos que ocorrem em nível muscular esquelético. O estilo de vida pode influenciar de forma contrária em pessoas que não praticam atividade física, abusam da ingesta de álcool e cigarro. O cigarro tem em sua composição substâncias que fazem os tecidos dos pulmões perderem elasticidade e geram destruição parcial desses órgãos. O tabagismo é responsável por patologias como a bronquite e enfisema, assim como, problemas circulatórios e cardíacos, tornando o fumante mais propenso a problemas de saúde com a progressão da idade Tabagismo Dados de 2019 do Ministério da Saúde apontam que 9,8% dos brasileiros têm o hábito de fumar. O índice representa cerca de 22 milhões de pessoas. O tabagismo é um dos principais fatores de risco para doenças do coração, pois o hábito tem ação direta no sistema cardiovascular ao aumentar o risco de obstrução das artérias. Esta obstrução leva ao aumento da pressão arterial e até mesmo ao infarto. Consumo de álcool Entre outro hábito nocivo à saúde do coração está o consumo de álcool. O Brasil é o quinto país que mais consome bebidas com teor alcoólico na América Latina, segundo relatório de 2020 da Organização Mundial de Saúde (OMS). O 3º Levantamento Nacional sobre o Uso de Drogas pela População Brasileira, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), mostrou que mais da metade da população brasileira de 12 a 65 anos disse ter consumido bebida alcoólica alguma vez na vida. https://ccr.med.br/infarto-fique-atento-sintomas-atitudes-ajudam-prevencao/ Emili Mariane- Med 3° semestre 22 Sp1-Geriatria Já um estudo feito na Rússia revelou o impacto do consumo excessivo de álcool em casos de danos e inflamações cardíacas. Os resultados apontaram que o excesso de bebida leva ao aumento da pressão arterial, o que afeta, diretamente, o coração e seu metabolismo celular. Por se tratar de uma substância cardiotóxica, o álcool provoca alterações nas células cardíacas. Algumas células morrem e outras perdem funções em razão dessa toxicidade. O efeito dessa agressão pode ser a cardiomiopatia alcoólica. Estresse A falta de um tempo para descanso e prazer gera estresse. Quando o estresse se torna crônico, há aumento na quantidade de hormônios como adrenalina, noradrenalina e cortisol na corrente sanguínea. A frequência cardíaca e a pressão arterial são diretamente afetadas pela elevação dessas substâncias no organismo e, como consequência, pode haver comprometimento das funções do coração, levando, por exemplo, ao mal súbito. Má alimentação Um outro hábito que faz mal à saúde do coração é a alimentação não equilibrada. Uma dieta rica em alimentos gordurosos e com excesso de sal e açúcar é uma vilã e tanto para o sistema cardiovascular. O consumo desenfreadode produtos industrializados também prejudica o bom funcionamento do coração, pois sobrecarrega as artérias de substâncias tóxicas, dificultando a passagem da corrente sanguínea. A má alimentação leva ao sobrepeso e à obesidade, fatores de risco para doenças cardiovasculares. Para se ter uma ideia de como a alimentação influencia a saúde cardíaca, dados da OMS, de 2016, apontam que Coreia do Sul, França e Japão são os países com os menores índices de mortalidade por doenças do coração. Estes países têm em comum baixos níveis de obesidade e uma cultura alimentar rica em peixes e vegetais e pobre em gordura. 5. Definir doença crônica e suas implicações na responsabilidade social da família. Definição de doenças crônicas As doenças crônicas são aquelas que apresentam início gradual, com duração longa ou incerta, que, em geral, apresentam múltiplas causas e cujo tratamento envolva mudanças de estilo de vida, em um processo de cuidado contínuo que, usualmente, não leva à cura As doenças crônicas são multifatoriais, o que significa que são causadas por vários motivos, que podem ser: predisposição genética, má alimentação, sedentarismo, tabagismo, entre outros. Responsabilidade social da família. O número de pessoas que necessitam de atendimento mediante a doença crônica vem aumentando substancialmente. Em 2014, o IBGE apontava que 40% dos brasileiros sofriam de algum tipo de doença crônica, sendo que as três mais comuns eram: hipertensão, problemas na coluna e colesterol alto. Tendo em vista a porcentagem demasiada grande de brasileiros que possuem alguma doença crônica e a influência que a família ou pessoas mais próximas exercem, levantou-se o questionamento: Qual é a influência da família no tratamento do paciente com doenças crônicas? Este, por sua vez, terá desde pequenas a grandes modificações em sua rotina, tanto em questão de adaptação, quanto de suporte ao doente crônico que precisará mudar a alimentação, ou mesmo a constante necessidade de deslocamento para outros ambientes, como hospitais (IBGE, 2014). https://ccr.med.br/estresse-afeta-saude-coracao/ https://ccr.med.br/mal-subito-entenda-conheca-causas-fique-atento-sinais/ https://ccr.med.br/colesterol-alto-saiba-quais-alimentos-voce-deve-ou-nao-consumir/ Emili Mariane- Med 3° semestre 23 Sp1-Geriatria A família é o grupo primário no qual o indivíduo participa; sendo assim, sua dinâmica demanda determinados tipos de vínculos que terão interferência na formação da identidade do sujeito. António (2010) e Machado (2009) apontam que existe uma mútua relação entre a saúde e a família, e isto acaba por influenciar investigações de todas as especialidades neste campo da doença crônica. A ciência familiar ou familiologia - termo que advém de questões do campo multidisciplinar do estudo da família - afirma que a contribuição de psicoterapeutas, epidemiologistas, sociólogos e médicos está facilitando o estudo e o manejo em relação ao que a família, bem como outras pessoas em contato com o paciente doente crônico, pode fazer para minimizar o sofrimento. Ao analisar o ambiente social familiar e suas interações, observa-se que existem mudanças de comportamento por parte da família, para poder suprir a demanda que a doença crônica traz consigo. Tal movimento é bem visto, quando ainda possui caráter de estimular a autonomia do doente crônico. Portanto, o auxílio tanto no que diz respeito à saúde física, quanto no acompanhamento psicológico, é muito importante, em especial quando essas mudanças são repentinas. Vale ressaltar ainda que existem aspectos específicos culturais que influenciam a relação da família com o doente crônico, as famílias latino-americanas possuem culturalmente uma conduta de nascer e crescer próximo da família de origem, possuindo uma ligação mais próxima e emaranhada do convívio familiar. Diferenciando-se também pela diversidade racial, religiosa, sexual e política, as famílias latino-americanas - mais especificadamente a família brasileira - carregam consigo afetividade característica. Portanto, é observado que a dor de um ente da família tende a evocar a dor dos familiares Sendo assim, vislumbrar a influência da família na vida do doente crônico possui relevância social mediante estabelecimento do caminho de estratégias que podem ajudar o doente e a família a passar pelo processo de doença, bem como, conviver com ela. A família constitui um sistema complexo e dinâmico, sendo influenciado pelo meio histórico, social e cultural que vivencia; onde as relações familiares, em alguma medida, interferem no processo saúde e doença de seus membros, bem como na interpretação da experiência de cada pessoa da família diante desse processo. Sabe-se, ainda, que cada família possui características específicas que as torna única em sua maneira de ser e, devido a isso, apresenta comportamentos distintos em relação à necessidade de adaptação nos casos em que um de seus membros torna-se doente crônico. Contudo, com o tempo, há uma reestruturação dessa família e a pessoa responsável pelo cuidado exclusivo irá aparecer automaticamente, havendo para isso mudanças na dinâmica familiar e uma possível troca de papeis e funções, com o intuito de ajudar o indivíduo no processo de adoecer. Porém, mesmo sendo considerada a principal unidade de cuidado do sujeito em situação de adoecimento, a família pode encontrar dificuldades e hesitar diante de fatores estressores referentes ao cuidado em doenças crônicas. Diante disso, a doença crônica pode atuar como uma força que impulsiona os membros familiares a se concentrarem de forma intensiva no cuidado com a pessoa doente e reformularem aspectos biopsicossociais da vida familiar. Nesse cenário, entendemos que vivenciar o adoecimento, especialmente quando relacionado às doenças crônicas, significa sofrer mudanças em todos os aspectos da vida individual e familiar. Vale ressaltar também que requer atitudes facilitadoras, para o enfrentamento da situação posta, promovendo a busca pela reconstrução de uma nova realidade e identidade do sujeito doente e de sua família. Emili Mariane- Med 3° semestre 24 Sp1-Geriatria O processo de enfrentamento da doença na família depende de alguns fatores como o estágio da vida em que a família se encontra, o papel desempenhado pelo membro doente na família, as implicações que o impacto da doença causa em cada um deles e o modo como ela se organiza durante o período da doença. Neste contexto, faz-se necessário uma readequação familiar, em que todos os membros passem a desempenhar tarefas e a assumir papéis de modo a permitir o funcionamento do sistema familiar, demonstrando uma boa adaptação à situação. O modo como estas relações e adaptações acontecem, determina a classificação do sistema familiar em funcional ou disfuncional. O sistema familiar funcional é aquele no qual o grupo familiar responde aos conflitos e situações críticas visando estabilidade emocional, buscando soluções por meio de recursos próprios e de forma adequada. Os membros da família têm capacidade de harmonizar suas próprias funções em relação aos outros de forma integrada, funcional e afetiva protegendo a integridade do sistema como um todo e a autonomia funcional de suas partes. Já os sistemas familiares disfuncionais são aqueles nos quais não existe um comprometimento com a dinâmica e a manutenção do sistema por parte de seus membros, priorizando os interesses particulares em detrimento do grupo, não assumindo seus papéis dentro do sistema. Em situações de doença crônica tem-se observado que, dependendo do grau de gravidade que as pessoas atribuam a estas condições, algumas adaptações podem ou não ocorrer no seio familiar. Se a condição for assintomática, tal como ocorre em algumas doenças crônicas, como por exemplo a hipertensão arterial, as mudanças muitas vezes são vistascomo desnecessárias. Porém, ao deparar-se com o agravamento do quadro, especialmente quando ocorre algum tipo de dependência decorrente destas doenças, a situação requer a reestruturação dos papeis de todos os membros familiares. 6. Reconhecer a importância do exercício físico na manutenção da saúde e controle de doenças crônicas que estão associadas aos processos degenerativos vasculares (hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus e dislipidemia). Diabetes mellitus Resumo geral O exercício físico é recomendado para a maioria dos diabéticos, pois a sua prática regular proporciona numerosos benefícios nestes indivíduos. Este fato ocorre porque o exercício reduz diretamente a concentração de glicose no sangue, aumenta a resposta dos tecidos à insulina, melhora o perfil lipídico, preserva e aumenta a massa muscular, favorece a redução do peso corporal, melhora o funcionamento do sistema cardiovascular, contribui para diminuir a média da pressão arterial, melhora os níveis da hemoglobina glicosilada, reduz a necessidade de hipoglicemiantes e a dosagem diária de insulina, atuando, dessa forma, tanto na prevenção quanto no tratamento do diabetes. Riscos O principal risco para os indivíduos diabéticos que praticam exercícios físicos ou atividades esportivas é a hipoglicemia (diminuição da glicose no sangue), que pode ocorrer durante ou após sua prática. Em várias outras situações, principalmente nos indivíduos que apresentam complicações associadas à doença ao longo dos anos, como nas ulcerações e infecções dos pés, nas doenças cardiovasculares, na insuficiência renal crônica, na neuropatia periférica e na retinopatia diabética, o exercício deverá ser evitado ou muito bem controlado. Emili Mariane- Med 3° semestre 25 Sp1-Geriatria Com a finalidade de otimizar os benefícios e minimizar possíveis riscos, o programa de exercícios a ser desenvolvido pelos diabéticos deverá ser personalizado e iniciado somente após avaliação médica e física. Sua prescrição deverá levar em conta o estado inicial do indivíduo, e os ajustes necessários no seu transcorrer serão muito mais eficientes se os esforços forem coordenados tanto pelo indivíduo quanto pela equipe de profissionais envolvidos neste processo, na busca do equilíbrio entre o esforço, a dieta e a insulina. Recomendações Seguindo estas recomendações, a maioria dos diabéticos poderá praticar exercícios físicos de maneira eficiente e segura. No entanto, durante sua prática, outras especificidades deverão ser levadas em consideração: com o objetivo de compreender os efeitos do exercício sobre a glicemia, aconselha-se um início leve no programa, com aumento gradual na duração e na intensidade do esforço; sua prática deverá ser diária, ou pelo menos 5 vezes por semana com duração de 45 a 60 minutos; evitar aplicar insulina em locais que serão muito exercitados; ingerir alimentos antes, durante e depois da prática de exercícios prolongados; sempre levar consigo um alimento contendo carboidrato para ser usado em eventual hipoglicemia; interromper o exercício mediante qualquer sinal de hipoglicemia; o calçado utilizado deverá ser confortável para evitar a formação de bolhas e calosidades; manter uma estreita relação com os profissionais envolvidos, fornecendo informações para os ajustes se necessários, além de seguir suas recomendações. Hipertensão arterial sistêmica O exercício físico (EF) é uma atividade física planejada, estruturada e repetitiva, que tem como objetivo final ou intermediário aumentar ou manter a saúde e a aptidão física, podendo propiciar benefícios agudos e crônicos. Dentre eles destacam-se a melhora no condicionamento físico; a diminuição da perda de massa óssea e muscular; o aumento da força, coordenação e equilíbrio; a redução da incapacidade funcional, da intensidade dos pensamentos negativos e das doenças físicas; e a promoção da melhoria do bem-estar e do humor, além da redução da pressão arterial (PA) pós-exercício em relação aos níveis pré-exercício. O efeito protetor do EF vai além da redução da PA, estando associado à redução dos fatores de risco cardiovasculares e à menor morbimortalidade, quando comparadas pessoas ativas com indivíduos de menor aptidão física, o que explica a recomendação deste na prevenção primária e no tratamento da hipertensão. Nas últimas décadas, o EF tem sido incorporado como uma das principais terapêuticas do paciente hipertenso, associada ao tratamento medicamentoso e às modificações de hábitos alimentares e comportamentais. O EF deve ser avaliado e prescrito em termos de intensidade, frequência, duração, modo e progressão. A escolha do tipo de atividade física deverá ser orientada de acordo com as preferências individuais, respeitando as limitações impostas pela idade, como evitar o estresse ortopédico. Paralelamente ao envelhecimento, ocorre o aumento da inatividade física, entre os idosos, como demonstrado no último levantamento do Ministério da Saúde, fator de risco que contribui para o aumento da incidência de doenças crônicas, entre estas a hipertensão arterial. De fato, o idoso é mais suscetível aos efeitos adversos do sedentarismo, ao exercício físico de intensidade elevada e à terapia medicamentosa, sendo necessária maior compreensão dos efeitos do envelhecimento associados a esses fatores. Mecanismo Emili Mariane- Med 3° semestre 26 Sp1-Geriatria Dentre os fatores hemodinâmicos verificou-se, tanto em ratos espontaneamente hipertensos quanto em humanos, que o exercício físico promove redução da pressão arterial por diminuição no débito cardíaco que está associada ao decréscimo da freqüência cardíaca, uma vez que não foram observadas alterações no volume sistólico. A queda na resistência vascular sistêmica e, conseqüentemente, na pressão arterial seria outro mecanismo alternativo proposto para explicar a queda na pressão arterial pós-exercício. Uma redução significativa nos níveis pressóricos é conseguida com treinamento de baixa intensidade (50% do consumo de oxigênio de pico). Assim, o exercício físico de baixa intensidade diminui a pressão arterial porque provoca redução no débito cardíaco, o que pode ser explicado pela diminuição na freqüência cardíaca de repouso e diminuição do tônus simpático no coração, em decorrência de menor intensificação simpática e maior retirada vagal. Alguns autores atribuem a redução da pressão arterial após exercício físico em hipertensos a alterações humorais relacionadas à produção de substâncias vasoativas, como o peptídeo natriurético atrial ou ouabaína-like, modulada centralmente. Ocorre, também, melhora na sensibilidade à insulina, além da redução da noradrenalina plasmática, sugerindo redução da atividade nervosa simpática, associada ao aumento da taurina sérica e prostaglandina E, que inibem a liberação de noradrenalina nas terminações nervosas simpáticas e redução do fator ouabaína-like, que provocaria recaptação de noradrenalina nas fendas sinápticas. Essa hipótese é contestada, uma vez que pode ser demonstrada redução da pressão arterial mesmo antes de haver redução nos níveis de noradrenalina plasmáticos. Outros autores relatam que os níveis de noradrenalina diminuem com o treinamento apenas nos indivíduos hiperadrenérgicos. Redução nos níveis da renina plasmática também foi verificada, bem como aumento na produção de ácido nítrico.O treinamento aeróbico por exercícios predominantemente isotônicos ou dinâmicos geralmente não modifica, nos normotensos, os níveis de pressão arterial sistólica e diastólica em repouso, embora a pressão arterial média possa declinar em função da menor freqüência cardíaca basal, após período de treinamento físico. Grassi et al.estudaram jovens normotensos e constataram que após 10 semanas de exercício físico, além de diminuição na pressão arterial sistólica e diastólica, houve
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