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A Escola da Paciência Divina

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A Escola 
da 
Paciência Divina 
 
 
 
Silvio Dutra 
 
 
JAN/2016 
 
 
 
2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 A474 
 Alves, Silvio Dutra 
 A escola da paciência divina./ Silvio Dutra Alves. 
 – Rio de Janeiro, 2016. 
 81p.; 14,8x21cm 
 
 1. Teologia. 2. Cristianismo. 3. Virtudes. I. Título. 
 
 CDD 207 
 
 
 
 
3 
 
 Sumário 
 
A Paciência Que Devemos Ter na Vida 
Cristã............................................................................ 
 
 
 4 
Superando os Melindres................................... 
 
17 
A Pérola da Paciência.......................................... 
 
25 
O Dever da Paciência........................................... 
 
36 
A Escola da Paciência.......................................... 
 
46 
A Paciência Bíblica................................................ 
 
60 
Paciência na Aflição............................................. 
 
64 
Paciência na Tribulação (Rom 12.12)............ 
 
69 
Aprendendo com Tiago Sobre a 
Paciência Cristã Verdadeira............................ 
 
71 
 
 
 
 
 
4 
 
A Paciência Que Devemos Ter na Vida 
Cristã 
 
Há invernos espirituais que nos impõem este 
tempo de espera, se queremos ser bem 
sucedidos em nossos projetos a serviço de Deus. 
Além da direção e poder do Senhor, temos que 
ter inteligência espiritual para discernir o 
movimento do mundo espiritual para que não 
tomemos decisões precipitadas das quais não 
somente, poderemos nos lamentar 
posteriormente, como até mesmo vir a frustrar 
os projetos que Deus havia determinado realizar 
através de nós. 
A este respeito, temos muito que aprender com 
Neemias e o modo que ele se comportou na obra 
que realizou para o Senhor, ainda que nos dias 
do Velho Testamento. 
O coração de Neemias se achava em grande 
tristeza, por se encontrar assolada a cidade de 
Jerusalém. 
É desta forma que se acharão todos aqueles que 
estiverem exilados, ainda que dentro de suas 
próprias igrejas, porque assim como a cidade de 
Jerusalém estava para os judeus na Antiga 
Aliança, a Igreja está para os cristãos na Nova. 
5 
 
Quão profundas são as dores do exílio. Elas são 
indescritíveis e muito maiores do que qualquer 
dor moral ou física, porque são produzidas pela 
impossibilidade de se adorar a Deus em espírito 
e em verdade, na comunhão dos santos, por 
causa das condições prevalecentes na Igreja, 
quando esta se encontra assolada e em ruínas, 
por ter sido pisada como sal que perdeu o sabor. 
É muito mais difícil restaurar uma Igreja caída 
do que reconstruir os muros de Jerusalém. É 
com muito maior fúria que Satanás e todo o 
inferno se opõem a esta restauração da Igreja, 
do que a que experimentaram Esdras e Neemias 
em seus dias. 
Primeiro, porque que a proposta de Deus para a 
Igreja na dispensação da graça, para que possa 
andar conforme o Seu agrado é muito maior do 
que a que se exigia dos cristãos do antigo pacto, 
pois a justiça da Igreja de Cristo deve exceder 
em muito a dos escribas e fariseus. 
Entretanto, há muitas lições que podemos 
aprender do exemplo de tudo o que Deus fez 
através de Neemias para restaurar a vida 
religiosa de Israel. 
A primeira é a de que apesar de Neemias saber 
que necessitaria do apoio do rei e de muitos 
homens, a sua confiança não estava depositada 
em nenhum deles, mas somente no Senhor, e 
6 
 
demonstrou isto reiteradas vezes, como se vê 
por exemplo no verso 5, do segundo capítulo do 
seu livro, quando não ousou declarar logo ao rei 
qual era o seu intento, quando este lhe indagou 
o que desejava dele. 
Neemias fez uma oração rápida em espírito 
entre a pergunta e a resposta que daria, 
entregando certamente o caso nas mãos de 
Deus, e declarou logo em seguida o que 
desejava, mas não sem antes, fazer a introdução 
em que usou as seguintes palavras: “se teu servo 
tiver achado graça diante de ti”, como a que 
dizer que ele atenderia ao que pediria, caso Deus 
tivesse movido o coração do rei para que 
achasse graça diante dele. 
Isto é dependência real de Deus, tal como havia 
sido demonstrada anteriormente, por Davi em 
seus dias, que não costumava tomar qualquer 
decisão sem que tivesse entregado antes o caso 
nas mãos do Senhor. 
Não podemos esquecer que Ester havia 
conquistado totalmente o favor do rei da Pérsia, 
quando se casou com ele, e isto foi feito 
estrategicamente por Deus não somente para 
livrar os israelitas do extermínio intentado por 
Hamã, como também para que os judeus 
encontrassem o favor dos persas, na sua estada 
na Palestina, e isto nós vemos como o rei foi 
favorável, tanto nos dias de Esdras, quanto nos 
7 
 
de Neemias, e muito disto foi obtido, sem 
dúvida, pelo modo atencioso como os persas 
passaram a ver os judeus, por influência da 
piedosa Ester, que havia assumido o trono, ao 
lado do rei da Pérsia. 
Toda esta boa influência estava sendo produzida 
pelo próprio Senhor. 
Neemias pediu uma comissão para ir com ele, 
para reconstruir os muros de Jerusalém, e lá 
permaneceria um certo tempo aprazado, 
conforme lhe havia pedido o rei, mas este prazo 
foi prolongado, porque permaneceu em 
Jerusalém, cerca de doze anos. 
Além desta comissão, pediu também uma 
escolta, e um salvo conduto para que os 
governadores das províncias, não somente 
permitissem que atravessasse as suas 
províncias respectivas, como também que o 
provessem com o que fosse necessário, 
especialmente, madeira do Líbano, para o 
trabalho que havia projetado. 
Quando Neemias entregou as cartas do rei persa 
aos governantes das províncias, Sambalate e 
Tobias (que viriam a ser instrumentos de 
Satanás, para se oporem a ele) ficaram sabendo 
da sua missão, e extremamente irados, pelo fato 
de que alguém tivesse se levantado para 
procurar o bem dos israelitas. 
8 
 
Depois que chegou a Jerusalém, Neemias não 
declarou o que Deus havia colocado em seu 
coração a nenhum dos líderes de Israel, por 
pelo menos três dias. (Homens em verdadeira 
missão divina, nunca fazem alarde de sua 
autoridade, e da comissão que receberam da 
parte de Deus, porque sabem que a obra não é 
propriamente deles, mas do Senhor). 
Antes de tomar qualquer decisão, Neemias fez 
uma avaliação da extensão dos danos do muro 
de Jerusalém, que estavam demolidos, assim 
como suas portas, que haviam sido queimadas. E 
por motivo de prudência, fez isto à noite. 
Foi somente no momento oportuno, que 
declarou aos judeus, especialmente aos 
sacerdotes, nobres e magistrados e a todos os 
que faziam a obra de reconstrução do muro, 
qual era a obra, para a qual havia sido 
encarregado por Deus, para fazer em Jerusalém. 
Daqui, decorre um princípio muito importante, 
para todos os que têm uma chamada de Deus, 
para a realização de uma obra específica: ela 
deve ser reconhecida e apoiada pelos demais 
líderes que estiverem envolvidos nela. 
Quando falta este reconhecimento e apoio, será 
vão tentar nadar contra a correnteza. 
9 
 
Por isso Paulo não poderia prosseguir seu 
ministério juntamente com Barnabé, porque 
passou a existir discordância entre ambos 
quanto à forma de condução da obra 
missionária, para a qual haviam sido 
encarregados pela Igreja de Antioquia, 
especialmente, por terem um entendimento 
diverso quanto à participação de João Marcos 
em seus empreendimentos missionários. 
Nenhum pastor será bem sucedido em seu 
ministério, se não tiver o apoio da Igreja, e 
especialmente dos seus auxiliares diretos. 
Quando Neemias fez uma exposição quanto ao 
modo como a boa mão do Senhor fora com ele, 
particularmente quanto à comissão que havia 
recebido do rei persa, os judeus se dispuseram a 
cooperar com ele na obra que deveria ser 
realizada. 
Mas quando Sambalate, Tobias e Gesem o 
souberam, começaram a zombar deles e a 
desprezá-los infamando-lhes e acusando-lhesde estarem se rebelando contra o rei persa. 
Não é de se admirar que o diabo sempre use o 
argumento de insurreição contra a autoridade 
constituída, quando Deus levanta alguém para 
fazer a Sua vontade. 
10 
 
A mesma autoridade que os verdadeiros 
rebeldes costumam transgredir, especialmente 
a relativa à da própria Palavra de Deus, que eles 
não amam e obedecem, é a que eles costumam 
invocar para tentarem desencorajar os servos 
fiéis de Deus a prosseguirem adiante na defesa 
da verdade, em prol do verdadeiro bem da 
humanidade, que é a salvação de almas da 
condenação eterna. 
Satanás sempre projeta manter os cristãos e a 
Igreja em estado de miséria espiritual, e tudo faz 
para tentar impedir o avanço de uma verdadeira 
espiritualidade, que seja baseada no amor e na 
prática da verdade. 
Ele tudo apoiará e não perturbará os cristãos, 
desde que se mantenham na sua carnalidade, e 
não busquem santificar suas vidas na verdade 
da Palavra de Deus. 
Se os cristãos deixarem os muros de suas vidas 
caídos, em total ruína, Satanás não se levantará 
contra eles, mas ao menor movimento para 
tentarem reconstruí-los, ele logo se manifestará 
apresentando todo tipo de oposição. 
Mas, em vez de deixarmos que ele nos intimide, 
devemos fazer como fizera Neemias, que 
respondeu o seguinte aos seus inimigos, em 
face das suas acusações: “O Deus do céu é que 
nos fará prosperar; e nós, seus servos, nos 
11 
 
levantaremos e edificaremos: mas vós não 
tendes parte, nem direito, nem memorial em 
Jerusalém.” 
Isto é o que deve estar sempre bem definido e 
fixado diante de nós: não podemos permitir que 
nossos opositores se coloquem ao nosso lado na 
realização da obra que Deus nos encarregou de 
fazer. 
Devemos ter uma firme confiança, somente 
nEle, que assim como Ele nos chamou, também 
é poderoso para nos fazer prosperar no que nos 
tem ordenado. 
Mas em vez de ficarmos esperando com os 
braços cruzados, devemos nos levantar e 
edificar as pedras vivas do edifício espiritual que 
fomos chamados a construir como seus 
cooperadores. 
“Porque nós somos cooperadores de Deus; vós 
sois lavoura de Deus e edifício de Deus.” (I Cor 
3.9). 
É preciso ter muita prudência e inteligência 
espiritual, quando estamos encarregados por 
Deus para uma obra específica, como teve 
Neemias, para não darmos munição ao Inimigo, 
de modo que não leve vantagem sobre nós. 
O diabo acompanha nossos passos e levanta 
seus instrumentos para espreitar a liberdade 
12 
 
que temos em Cristo, de maneira a barrar o 
nosso progresso com infâmias, perseguições e 
acusações mentirosas. 
Se ele não conseguir nos deter de um modo, 
tentará outros meios para alcançar os seus 
objetivos, que não são dirigidos propriamente 
contra as nossas pessoas, mas contra a obra que 
Deus designou fazer através de nós. 
Daí se recomendar aos cristãos, e 
especialmente àqueles que estão à frente de 
algum trabalho do Senhor, que vigiem e orem 
em todo o tempo, e que sejam perseverantes, a 
par de todas as perseguições que possam vir a 
sofrer. 
Mas, alguém dirá: “E se a perseguição vier 
exatamente da parte daqueles que foram 
levantados para liderarem a obra de Deus?”. “O 
que devem fazer os cristãos que se encontram 
debaixo da liderança deles?”. 
Primeiro, devem orar e jejuar para que saiam do 
laço do Inimigo, com o qual foram encantados e 
amarrados. 
Se as coisas persistirem por longo tempo e se 
agravarem a ponto de a Igreja se desviar 
totalmente dos objetivos de Deus traçados para 
ela, notadamente o que se refere a andar na 
prática da verdade, então é hora de começar a 
13 
 
orar para receber direção do Senhor, para 
congregar numa Igreja que não tenha 
apostatado da verdade. 
Não é por se pertencer a este ou aquele ramo 
denominacional, de reputação histórica, que 
não estamos expostos ao mesmo perigo de 
virmos a nos encontrar congregando numa 
Igreja apóstata, e não seremos justificados por 
Deus se insistirmos em permanecer nela e nas 
suas práticas desviadas da verdade, permitindo 
até mesmo sermos afastados da nossa primitiva 
fidelidade, devoção e amor a Cristo e à Sua 
Palavra, pelo mesmo argumento citado 
anteriormente, de não sermos acusados de 
promotores de divisões na Igreja. 
Ao contrário, é ordenado a todo cristão fiel que 
se afaste daqueles que não andam segundo a 
doutrina revelada na Palavra. 
“mandamo-vos, irmãos, em nome do Senhor 
Jesus Cristo, que vos aparteis de todo irmão que 
anda desordenadamente, e não segundo a 
tradição que de nós recebestes.” (II Tes 3.6). 
Assim, não pode ser considerado cisma (divisão) 
qualquer distanciamento de posições fixas e 
rígidas, que líderes assumem por sua própria 
conta e que lançam tal acusação contra todos 
que discordem deles. 
14 
 
As Escrituras não definem como cisma 
qualquer tipo de separação havida no corpo de 
Cristo, ao contrário, elas o recomendam em 
determinadas condições, conforme a que 
vemos no texto de II Tes 3.6. 
Seria cisma o fato de tanto Neemias quanto 
Esdras, terem impedido que os samaritanos se 
juntassem aos judeus no trabalho de 
reconstrução da vida nacional religiosa dos 
israelitas? 
Ou não foi zelo apropriado e aprovado por Deus, 
para a manutenção da pureza da prática da 
santidade do Seu povo? 
Este argumento que o diabo usa 
frequentemente, classificando de cismático e 
ameaçando e intimidando todo cristão que 
queira se separar do erro, para viver em 
santidade, é uma das armas mais poderosas que 
ele tem no seu arsenal, para manter cristãos 
amarrados a laços de idolatria, corrupção e 
carnalidade, que muitas vezes virão a desviá-los 
da firmeza que tinham em Cristo. 
Por isso, não são poucas as exortações 
apostólicas no sentido de que os cristãos se 
guardassem do ensino dos falsos pastores e 
mestres, saindo de debaixo da influência deles, 
porque conforme alertavam, Satanás se 
transfigura em anjo de luz e os seus ministros 
15 
 
em ministros da justiça, de modo a enlaçar os 
verdadeiros eleitos de Deus e impedi-los em sua 
caminhada rumo à perfeição cristã. 
Deste modo, podemos concluir que aqueles que 
devem ser classificados de cismáticos são 
exatamente aqueles que acusam os separatistas 
por causa do amor deles à verdade, porque são 
os que agem contra os princípios e 
mandamentos revelados na Bíblia, e que não 
trazem consigo, principalmente as doutrinas da 
graça, os que se afastam de Cristo e se separam 
dEle e da Sua verdadeira Igreja, porque ela é 
edificada no fundamento dos profetas e dos 
apóstolos, do qual Ele é a pedra angular. 
Neemias havia chorado e orado diante de Deus 
por causa da miséria em que se encontrava o 
povo de Deus na Palestina. Mas ele não parou 
nisso, de modo que nós o encontramos nas 
páginas de seu livro, tomando medidas práticas 
para reparar as coisas que necessitavam ser 
consertadas e edificadas. 
Assim, deve ser a vida do cristão. Ele não deve 
simplesmente interceder em favor de todas as 
pessoas, e chorar pela miséria em que se 
encontra o mundo de trevas, mas deve se 
esforçar de modo prático para ser um agente 
nas mãos de Deus, para a transformação 
daqueles que têm sido chamados por Ele, do 
mundo para a salvação em Cristo Jesus, bem 
16 
 
como para serem sal e luz num mundo que 
tende à putrefação e às trevas totais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17 
 
Superando os Melindres 
 
Se alguém decidir viver por sentimentos, 
certamente terá muitos problemas, porque a 
carne e o diabo sempre acharão ocasião para lhe 
ferir com suscetibilidades, ou seja, com 
melindres, amuos e sensibilidades, que são 
muito pertinentes à nossa natureza terrena. 
Então, para o propósito de vencer estes e outros 
tipos de problemas, é ordenado aos cristãos que 
aprendam a viver pela nova natureza que têm 
em Cristo, e não pela antiga natureza carnal e 
terrena. 
O amor que tudo sofre, suporta, espera e perdoa, 
e que é paciente e benigno, é sempre exercitado, 
quando nãonos deixamos vencer por nossos 
sentimentos melindrados, e triunfamos pela 
prática da Palavra de Deus, que nos ordena 
nunca termos um coração ressentido ou 
magoado, seja contra quem for. 
Honrar não depende de gostar. 
Fazer o bem não depende de sermos aceitos, 
aplaudidos e louvados. 
Respeitar não depende de sermos também 
respeitados. 
18 
 
Entender não depende de sermos entendidos. 
Amar não significa necessariamente gostar de 
algo ou alguém. 
É terrível manter uma atitude de defesa dos 
nossos sentimentos contra tudo e contra todos. 
É muito contrário ao amor que tudo sofre e 
suporta a atitude de tentarmos nos poupar a nós 
mesmos, fugindo de nos relacionarmos com os 
outros, pelo temor de sermos feridos por 
alguma palavra ou ação, que possa nos atingir e 
fazer com que fiquemos magoados. 
Não é este o tipo de prudência que nosso Senhor 
nos ordena, porque isto não é prudência, mas 
fuga e temor de viver. 
Por isso a Bíblia nos ordena que deixemos as 
coisas próprias de crianças quando chegamos a 
ser adultos. Crianças não podem enfrentar 
desafios pesados e encarar de frente as 
vicissitudes da vida, mas toda pessoa 
verdadeiramente adulta, está capacitada a fazê-
lo. 
Pessoas maduras não vivem se justificando de 
tudo o que pensem estar lhe contrariando, por 
estar em desacordo com o seu modo de pensar 
e sentir. 
19 
 
Aitofel era tão fraco emocionalmente se falando 
que se enforcou quando o parecer que dera a 
Absalão foi rejeitado em face da aceitação do 
que lhe fora dado por Husai. 
Saul procurava se vingar de todo aquele que lhe 
contrariasse, por discordar dele, mas Davi 
raramente deixava de agir segundo a vontade de 
Deus, mesmo quando era contrariado e 
aborrecido. 
Quanto não teve que suportar da parte de Joabe? 
Com que grande dignidade suportou e 
enfrentou a rebelião de seu próprio filho 
Absalão! 
Mas o exemplo máximo do espírito de paciência 
e tolerância que devemos ter especialmente em 
face dos ataques do reino das trevas, com o 
intuito de nos roubar a paz, encontramos no 
próprio Senhor Jesus Cristo, que jamais se 
deixou governar por sentimentos melindrados, 
senão exclusivamente pela vontade de Deus Pai. 
Importa termos sempre a atitude do apóstolo 
Paulo, conforme ele se expressou em I Cor 4.3: 
“Todavia, a mim mui pouco se me dá de ser 
julgado por vós, ou por qualquer tribunal 
humano; nem eu tampouco a mim mesmo me 
julgo.” (I Cor 4.3) 
20 
 
Ainda que o juízo que fizerem de nós seja de 
inspiração satânica ou não, e se tal juízo não 
corresponde à verdade, devemos nos guardar 
de qualquer tipo de melindre, porque por isto, 
seremos vencidos pelo mal, não propriamente 
do ataque que nos fizeram ou que julgamos que 
nos tenham feito, sem que fôssemos de fato 
atacados, mas, seremos vencidos pelo mal em 
nós mesmos, do nosso próprio coração 
ressentido e abatido. 
Importa então, se queremos ser sempre 
vencedores deste mal, para que possamos 
manter a nossa paz, amor e alegria, diante de 
Deus e dos homens, que tenhamos a mesma 
atitude do apóstolo Paulo, de não sermos 
conduzidos por nossos sentimentos ou pelos 
juízos de outros, mas pelo que a Palavra de Deus 
afirma acerca do nosso comportamento ou de 
nossas atitudes e reações. 
O grande alvo do reino espiritual da maldade em 
fazer com que nos firamos com 
suscetibilidades, ou seja, que fiquemos 
melindrados com o que ouvimos ou vimos, 
disseram ou fizeram em relação a nós ou a 
outros, e que não aprovamos, é principalmente 
o de produzir amarguras e ressentimentos, que 
nos afastam da comunhão com o Senhor. Por 
isso somos alertados a não abrigar tais 
sentimentos, como por exemplo no texto de Tg 
3.13-18. 
21 
 
Nunca haverá qualquer perda em perdoar e 
esquecer ofensas reais ou supostas como tal 
sem que o sejam, porque com isto estaremos 
provando para nós mesmos que temos de fato 
nos negado para amarmos e perdoarmos os que 
nos ofendem, sejam eles nossos inimigos ou 
não. 
Sem o aprendizado desta negação do nosso ego, 
não poderemos viver a vida cristã e fazer 
qualquer serviço constante para Cristo, porque 
o inferno não dará descanso às nossas almas, 
sempre procurando nos tornar ressentidos 
contra alguém que nos tenha contrariado. 
Alarguemos então os nossos espíritos e 
corações! 
Amemos como Cristo nos ama, ou seja, 
suportando ofensas e todo tipo de pecado, 
exceto a blasfêmia contra o Espírito Santo. 
Olhemos para o Senhor, e não para nós mesmos 
ou para os outros, para acharmos o perfeito 
amor e o perfeito bem, porque isto jamais será 
achado em qualquer pessoa enquanto 
estivermos na terra. 
Estejamos prontos então a superar ofensas, 
palavras proferidas precipitadamente, juízos 
incorretos, ou qualquer ponto que possa 
suscitar algum tipo de discórdia onde deveria 
22 
 
reinar o amor, porque sempre estaremos 
sujeitos a errar, por maior que seja o nosso 
desejo de acertar. 
Todavia não erremos no dever de perdoar, de 
esquecer ofensas, de amar até mesmo nossos 
inimigos, de não guardarmos qualquer tipo de 
ressentimento ou rancor, porque nossa ira 
acabará se voltando contra nós mesmos para 
nos destruir, e nos arrancará da nossa 
comunhão com Deus. 
Lembremos que somos convocados pela Bíblia a 
sermos amadurecidos, espiritualmente se 
falando, e muito deste crescimento se 
comprova pelo modo como nos conduzimos não 
segundo os nossos sentimentos melindrados, 
mas segundo a verdade da Palavra de Deus. 
Como já dissemos antes, se alguém decidir 
continuar vivendo segundo os seus 
sentimentos, terá certamente muitos 
problemas, mas se viver segundo a Palavra de 
Deus, os problemas surgirão, mas serão 
vencidos pela verdade e pelo poder de nosso 
Senhor Jesus Cristo. 
Uma vez desfeitas as amarras do mal, o navio da 
nossa alegria, força, e amor, seguirá o seu rumo, 
vendo restauradas todas as coisas que haviam 
sido arruinadas pelo nosso mau temperamento, 
que se permitia ser vencido pelo diabo. 
23 
 
Miremo-nos no exemplo que nos foi deixado 
pelo apóstolo Paulo, o qual havia aprendido a ter 
o prazer da comunhão com Deus, o deleite de 
praticar e fazer a Sua vontade divina, em meio às 
ofensas que lhe dirigiam, nas necessidades, nas 
perseguições e nas angústias que suportava por 
causa do Seu amor a Cristo, de modo que sabia 
que importa aprendermos a conviver com os 
espinhos na nossa carne, oriundos de 
mensageiros de Satanás, que são usados para 
nos humilhar. 
“9 e ele me disse: A minha graça te basta, porque 
o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. Por isso, 
de boa vontade antes me gloriarei nas minhas 
fraquezas, a fim de que repouse sobre mim o 
poder de Cristo. 
10 Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas 
injúrias, nas necessidades, nas perseguições, 
nas angústias por amor de Cristo. Porque 
quando estou fraco, então é que sou forte.” (II 
Cor 12.9,10) 
Em troca da nossa paciência e decisão de 
suportar ofensas por amor a Cristo, o Senhor 
nos dará do Seu poder e nos fará fortes não 
somente para suportar tais ofensas e angústias, 
como também para que possamos fazer toda a 
Sua vontade, ou seja, continuarmos na prática 
do bem, mesmo para os que nos tenham 
24 
 
ofendido, ou que imaginamos que nos 
ofenderam, sem que o tivessem feito de fato. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
25 
 
A Pérola da Paciência 
 
"Eis que temos por felizes os que perseveraram 
firmes. Tendes ouvido da paciência de Jó e vistes 
que fim o Senhor lhe deu; porque o Senhor é 
cheio de terna misericórdia e compassivo.” 
(Tiago 5.11) 
 
Este texto é precedido por uma exortação 
tripla para a paciência. No versículo 7, lemos: 
"Sede pois pacientes, irmãos, até a vinda do 
Senhor." E ainda: “Eis que o lavrador aguarda 
com paciência o precioso fruto da terra, até 
receber as primeiras e as últimas chuvas.”. 
E mais adiante, no versículo 10, lemos: “Irmãos, 
tomai por modelo no sofrimento e na paciência 
os profetas, os quais falaram em nome do 
Senhor. "Somos trêsvezes exortados à 
paciência? Não está claro que necessitamos 
dela muito mais agora? Nós somos, a maioria de 
nós, deficientes nesta excelente graça e por isso 
perdemos a maioria dos privilégios e 
desperdiçamos muitas oportunidades em que 
poderíamos ter honrado a Deus. A aflição teria 
sido o fogo que removeria a nossa escória, mas a 
impaciência furtou o metal mental do fluxo de 
submissão que teria garantido a sua purificação 
adequada. Ele é inútil, desonroso, fraco e nunca 
nos trouxe benefício e jamais trará. 
Acho que somos três vezes exortados à 
paciência, pois precisaremos muito dela no 
26 
 
futuro. Entre aqui e o céu não temos qualquer 
garantia de que o caminho será fácil, ou que o 
mar será mais vítreo. Nós não temos nenhuma 
promessa de que seremos mantidos numa 
estufa como flores num jardim de inverno. 
A voz da sabedoria disse: "Seja paciente, seja 
paciente, seja paciente. Você pode precisar de 
uma medida tripla disso. Esteja pronto para a 
provação." Suponho, também, que somos 
repetidamente exortados a sermos pacientes, 
porque é uma elevada realização. É brincadeira 
de criança ser mudo como a ovelha perante os 
seus tosquiadores e ficar quieto enquanto as 
tesouras estão tirando tudo o que nos aquecia e 
consolava. O cristão mudo debaixo da vara que o 
aflige não é encontrado todos os dias. Nós 
chutamos como os bois quando sentem o 
aguilhão pela primeira vez! Nós somos, a 
maioria de nós, por anos, como um novilho 
ainda não domado. "Seja paciente, seja paciente, 
seja paciente", é a lição a ser repetida para os 
nossos corações, muitas vezes, assim como 
temos que ensinar as crianças uma e outra vez 
as mesmas palavras, até que as reconheçam 
pelo coração. 
É o Espírito Santo, sempre paciente sob nossas 
provocações, que nos chama a ser "pacientes". É 
Jesus, o sacrifício resignado, que nos cobra a "ser 
pacientes". É o Pai de longanimidade que nos 
convida a "ser pacientes". Ó vocês que estão 
27 
 
prestes a irem para o céu, sejam pacientes 
porque daqui a pouco tempo a sua recompensa 
será revelada! 
I. Não é uma virtude inédita ser PACIENTE: 
"Você já ouviu falar da paciência de Jó". 
Observe bem que a paciência de Jó foi a 
paciência de um homem como nós, imperfeita e 
cheia de fraquezas, pois, como se tem bem 
observado, ouvimos do Jó impaciente, bem 
como de sua paciência! Fico feliz que o biógrafo 
Divino era tão imparcial, pois se não tivesse 
apresentado Jó sendo um pouco impaciente, 
poderíamos ter pensado sobre a paciência como 
sendo algo completamente inimitável e acima 
do alcance dos homens comuns. Os traços de 
imperfeição que vemos em Jó provam ainda 
mais ser poderosa a graça divina que pode fazer 
grandes exemplos de constituições comuns, 
tornando-as um modelo de paciência. Eu sou 
grato que eu sei que Jó falou um pouco 
amargamente e provou ser um homem, pois 
agora eu sei que ele era um homem como eu, 
que disse: "O Senhor o deu e o Senhor o tomou: 
bendito seja o nome do Senhor". Ele era um 
homem de carne e osso como eu, pois disse: 
"Aceitaremos o bem das mãos de Deus, e não 
receberemos o mal?" Sim, era um homem de 
paixões como eu, que disse: "Embora Ele me 
mate, ainda assim eu confio nele." 
28 
 
Você já ouviu falar da paciência de seu Senhor e 
Mestre, e tentou imitá-lo, meio 
desesperançado! Mas agora você já ouviu falar 
da paciência de seu servo, Jó, e sabendo como Jó 
disse que seu Redentor vive, você deve ser 
encorajado a imitá-lo em submissão obediente à 
vontade do Senhor! "Você já ouviu falar da 
paciência de Jó", isto é, a paciência de um 
homem muito experimentado. Nós não 
teríamos ouvido falar de Jó, se ele não tivesse 
conhecido uma aflição extraordinária! Toda a 
sua riqueza foi tomada! Dois ou três empregados 
sobreviveram apenas para lhe trazer as más 
notícias, cada um dizendo: "Eu somente escapei 
para lhe contar." Seus rebanhos e suas manadas 
desapareceram. A casa em que seus filhos se 
encontravam sofreu um desastre e o homem 
principesco de Uz se sentou sobre um monturo 
e não houve sequer um ímpio que lhe 
fizesse reverência. Você já ouviu falar da 
paciência de Jó em perda e pobreza. Não têm 
visto que, se todas as posses falharem, Deus 
ainda é a sua porção? 
Além de tudo isso, Jó suportou o que é, talvez, a 
pior forma de provação, ou seja, a angústia 
mental. A conduta de sua esposa deve ter muito 
lhe pesado quando ela o tentou para "amaldiçoar 
a Deus e morrer." Ela falou como uma louca 
quando o marido precisava de consolo sábio. E 
então os "consoladores molestos" - que 
coroaram o edifício da sua miséria! Veja como 
29 
 
os amigos de Jó o afligiam com argumentos e 
acusações. Eles esfregaram sal em suas feridas! 
Eles lançaram pó nos seus olhos. Suas 
misericórdias eram cruéis, embora bem-
intencionadas 
Jó foi levado a triste luto, miséria e terrível 
tormento do corpo e da mente! Mas, apesar de 
tudo, "você já ouviu falar da paciência de Jó", e 
ouviu mais de sua paciência do que de suas 
aflições! 
A paciência de Jó foi a paciência de um homem 
que resistiu até o fim. Que homem maravilhoso 
ele foi com todas aquelas dores, ainda dando 
testemunho do seu Deus. Ele tem a sua 
integridade e não a deixará ir. E o melhor de 
tudo, ele clama: "Eu sei que o meu Redentor vive 
e que por fim se levantará sobre a terra, e depois 
que os vermes destruírem este corpo, ainda em 
minha carne verei a Deus." 
O inimigo não poderia triunfar sobre Jó, ele fez 
do monturo em que se sentou um trono mais 
glorioso do que o trono de marfim de Salomão! 
Não podemos também perseverar até o fim? O 
que dificulta a Graça Divina de ser glorificada 
em nós? 
Podemos mais uma vez dizer que a paciência de 
Jó é a virtude de quem assim se tornou uma 
grande força para o bem. "Você já ouviu falar da 
30 
 
paciência de Jó". Sim, e pessoas de todas as 
épocas já ouviram falar da paciência de Jó e o céu 
já ouviu falar da paciência de Jó, e o inferno já 
ouviu falar dela, também, e não sem resultados 
em cada um dos três mundos. Entre os homens, 
a paciência de Jó é uma força grande, mortal e 
espiritual. Esta manhã, quando meditando 
sobre ela, senti-me envergonhado e humilhado, 
como milhares fizeram antes de mim. Eu me 
perguntava: "O que eu sei de paciência quando 
eu me comparo com Jó?" E eu senti que eu era 
tão ao contrário do grande patriarca, como eu 
bem poderia ser. 
Jó foi paciente e não somos. No entanto, como eu 
pensei sobre a paciência de Jó, isto me fez ter 
esperança! Se Jó foi paciente sob provação e 
aflição, por que eu não deveria ser paciente 
também? Ele era apenas um homem, e o que foi 
trabalhado em um homem pode ser feito em 
outro! Ele tinha Deus para ajudá-lo e eu também 
tenho. Ele poderia recorrer ao Redentor, e eu 
também posso. 
II. Há uma grande e terna misericórdia de Deus 
manifestada na nossa paciência. "Tendes 
ouvido da paciência de Jó e vistes que fim o 
Senhor lhe deu; porque o Senhor é cheio de 
terna misericórdia e compassivo.” 
Na história de Jó, deve ser considerado 
corretamente, que o Senhor estava em tudo. 
31 
 
Não é uma narrativa em que o diabo é o único 
ator, e controlador de tudo. O Senhor está 
evidentemente presente. Foi ele quem desafiou 
Satanás a considerar Jó. Deus não estava longe, 
enquanto seu servo sofreu! 
Na verdade, se houvesse qualquer lugar onde os 
pensamentos de Deus foram centrados mais do 
que em qualquer outro lugar, na Providência, 
naquele tempo, era onde o homem íntegro e 
reto estava arcando com o ônus da tempestade. 
O Senhor estava governando, também. Ele não 
estava presente como um mero espectador, mas 
como o dono da situação! Ele não entregou as 
rédeas a Satanás, longe disso, pois cada passo 
que o inimigo deu foi somente com a permissão 
expressa do Trono de Deus. Ele permitiu que ele 
atingisse o seu servo, mas segundo o limite que 
Ele definiu: “somente contra ele não estendas a 
tua mão." 
Quando foi concluída a primeira prova,foi 
permitido que o inimigo assolasse o seu corpo, 
mas o Senhor acrescentou: "Mas poupa-lhe a 
vida." Ao Cão do Inferno é permitido ladrar e 
rosnar, mas sua corrente não é removida e a 
coleira de contenção Onipotente está 
firmemente nele. Venham, queridos amigos, 
vocês que estão com problemas, lembrem-se 
que Deus está na sua tristeza, governando-lhes 
para o seu fim desejado. E vocês não sofreram, 
32 
 
nem no futuro irão sofrer mais do que o Amor 
Infinito permitir! 
Além disso, o Senhor estava abençoando Jó em 
toda a sua tribulação. Bênçãos incontáveis 
estavam vindo para o grande homem, enquanto 
ele parecia estar perdendo tudo. Não foi 
simplesmente que ele obteve uma porção dupla 
no final, mas o tempo todo, cada parte do 
processo da prova funcionou para o seu maior 
bem. O Senhor estava presente em todos os 
momentos do processo de refino, e quando este 
tinha chegado ao ponto adequado, nada mais 
deveria suceder a Jó que não fosse realmente 
benéfico para o cumprimento do propósito 
gracioso de Deus em relação a ele. A verdadeira 
misericórdia é obrigada, às vezes, a parecer 
difícil, por isso o mal pode ser grande e ao longo 
da vida e o cirurgião não deterá o bisturi até que 
o trabalho esteja concluído. 
A misericórdia Eterna estava apresentando sua 
energia irresistível e Jó foi chamado a suportar a 
provação até que ela fizesse dele um sábio e 
melhor homem. 
Tal é o caso com todos os santos aflitos. 
Podemos muito bem ser pacientes sob nossas 
provações, porque quando o Senhor as envia, 
Ele está governando todas as nossas 
circunstâncias. Ele está nos abençoando por 
elas, Ele está esperando para por um fim nelas. 
33 
 
Não devemos nos submeter alegremente ao Pai 
de nossos espíritos? Não é este o nosso desejo 
mais profundo: "Seja feita a Tua vontade"? 
Vamos brigar com aquele que nos abençoa? 
Vamos nos aborrecer quando o fim da provação 
está tão perto e será tão abençoado? Não! Vemos 
que o Senhor é cheio de compaixão e de 
misericórdia e, por isso, vamos ter paciência. 
Amados, vamos aceitar no futuro as tristezas 
com alegria, pois é o Amor Divino que vai 
acrescentar aos nossos anos quaisquer épocas 
tristes ainda por vir a nós. A vida de Jó poderia 
ter acabado na primeira etapa sem a provação, 
mas se o patriarca, com perfeito conhecimento 
de todas as coisas, poderia ter tido a sua escolha, 
não teria ele escolhido suportar a provação por 
causa de toda a bênção que viria da mesma? Nós 
nunca teríamos ouvido falar da paciência de Jó 
se ele tivesse continuado na sua prosperidade e 
a primeira parte de sua vida tivesse sido uma 
história comum muito pobre em comparação 
com a que hoje encontramos nas páginas das 
Escrituras! Camelos, ovelhas, servos e filhos 
formam uma imagem de riqueza, mas podemos 
ver isso em qualquer dia! A visão rara é a 
paciência, isso é o que levanta Jó à sua 
verdadeira glória! Deus estava lidando bem com 
seu servo fiel e até mesmo recompensando sua 
retidão quando Ele o considerou digno de ser 
provado. O Senhor estava tomando o caminho 
mais seguro e mais amável para abençoar e 
34 
 
honrar aquele que era um homem justo, 
temente a Deus e que se desviava do mal. 
Sem dúvida, o Senhor viu algumas falhas no 
caráter de Jó, que não podemos ver, as quais Ele 
desejava remover e, talvez, Ele também marcou 
alguns toques de graça que precisavam ser 
providos a Jó e o Amor Divino se comprometeu 
em tornar o seu caráter perfeito. 
Amados, nós não sabemos quem será 
abençoado por nossas dores, pelos nossos lutos, 
por nossas cruzes, se tivermos paciência em 
tudo isto! Especialmente este é o caso com os 
ministros de Deus, se Ele quiser fazer da 
tribulação o seu caminho para a utilidade. Se 
formos confortar as pessoas que sofrem, 
devemos, em primeiro lugar, ser afligidos nós 
mesmos. A tribulação vai tornar o nosso trigo 
apto a ser pão para os santos. A adversidade é o 
livro mais escolhido na nossa biblioteca, 
impresso em letras sombrias, mas 
grandiosamente iluminado! 
Bildade, Zofar, ou Elifaz, eram "consoladores 
molestos" porque nunca tinham sido provados 
na aflição. Vocês, de quem Deus fará filhos da 
consolação para seus familiares, devem, em sua 
medida, passar pela escola do sofrimento, uma 
espada deve passar através de seus próprios 
corações, como Simeão disse a Maria. No 
entanto, vamos todos nos lembrar que a aflição 
35 
 
não nos abençoará, se for impacientemente 
suportada. Se batermos na ponta da faca ela nos 
ferirá. Se nos rebelarmos contra as 
dispensações de Deus, podemos transformar 
medicamentos em venenos e aumentar nossa 
dor, recusando-nos a suportá-la. Seja paciente, 
seja paciente, seja paciente e da nuvem escura 
deve cair uma chuva abundante! "Você já ouviu 
falar da paciência de Jó". Imite-o. "Você viu o fim 
que o Senhor lhe deu". Sejam pacientes na 
tribulação. Alegrem-se nisto. "O Senhor é cheio 
de compaixão e de misericórdia." Apresentem-
se a ele. Oh Espírito Divino, planta em nós a doce 
flor da paciência, por amor do nosso paciente 
Salvador! Amém. 
Texto de Charles Haddon Spurgeon, em 
domínio público, traduzido, adaptado e reduzido 
pelo Pr Silvio Dutra. 
 
 
 
 
 
 
 
36 
 
O Dever da Paciência 
 
“Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria 
o passardes por várias provações, sabendo que a 
provação da vossa fé, uma vez confirmada, 
produz perseverança. Ora, a perseverança deve 
ter ação completa, para que sejais perfeitos e 
íntegros, em nada deficientes.” (Tg 1.2-4) 
Nós, neste momento somos pouco capazes de 
formar uma concepção do estado da Igreja na 
era apostólica. O Cristianismo entre nós não 
possui nenhum dos males a que os cristãos 
primitivos foram expostos. Mas a que isso é 
devido? Está o Cristianismo mudado em tudo? 
ou é menos ofensivo do que era aos olhos dos 
homens ímpios? Não. É o mesmo de sempre, e, 
se aqueles que professam ser cristãos não são 
desprezados e odiados agora como eram nos 
tempos antigos, é porque eles mantêm "apenas 
a forma de piedade, e não têm o seu poder.” 
Deixe as pessoas entrarem no espírito do 
Cristianismo, agora, quanto ao que os cristãos 
fizeram nos dias apostólicos, e eles serão 
tratados precisamente como eles foram; pelo 
menos, as leis da terra admitirão isso; e, se não 
forem perseguidos até a morte, isto não será 
procedente de terem mais amor à piedade no 
coração carnal agora, do que havia então; mas 
em razão da maior proteção que é 
proporcionada pelas leis do país, e de um 
37 
 
espírito de tolerância moderno que comumente 
é estabelecido. 
A real e vital piedade foi então universalmente 
odiada, e é assim ainda. Não foi para os judeus 
convertidos na Palestina que Tiago escreveu, 
mas para "as doze tribos que andavam 
dispersas.", ou seja os cristãos judeus que viviam 
fora dos termos de Israel. A religião não foi 
perseguida apenas parcialmente, mas em todas 
as partes e em todos os lugares, e ainda é, em 
todos os lugares, porque os cristãos são uma 
pedra de tropeço para os judeus, e loucura para 
os gregos, e todos aqueles que cultivarem isto, 
mais cedo ou mais tarde precisarão ter o 
consolo do nosso texto administrado a eles para 
apoiá-los. 
Nas palavras que lemos, vemos, 
I. A parte designada por povo de Deus. 
Nos séculos anteriores eram odiados por causa 
da justiça. 
Volte ao tempo de Abel. Você bem sabe que ele 
foi assassinado por seu próprio irmão Caim. E 
qual foi a razão da inimizade de Caim contra ele? 
Somos informados em I João 3.12: "não segundo 
Caim, que era do Maligno e assassinou a seu 
irmão; e por que o assassinou? Porque as suas 
obras eram más, e as de seu irmão, justas.”. 
38 
 
Desça a todas as épocas sucessivas, e você ainda 
irá encontrar a mesma inimizade subsistindo 
entre a semente da mulher e a semente da 
serpente. Como a luz e as trevas, assim também 
Cristo e Belial, tanto em si mesmo e em seus 
membros, sempre foram, e sempre serão, 
opostos um ao outro, 2 Cor 6.14,15.Assim, a 
diversidade de provações a que os piedosos 
foram expostos, são apresentadas em resumo 
no 11º capítulo da Epístola aos Hebreus: "Alguns 
foram torturados, não aceitando seu resgate, 
para obterem superior ressurreição; outros, por 
sua vez, passaram pela prova de escárnios e 
açoites, sim, até de algemas e prisões. Foram 
apedrejados, provados, serrados pelo meio, 
mortos a fio de espada; andaram peregrinos, 
vestidos de peles de ovelhas e de cabras, 
necessitados, afligidos, maltratados (homens 
dos quais o mundo não era digno), errantes 
pelos desertos, pelos montes, pelas covas, pelos 
antros da terra.” 
Vá ao tempo de Cristo e seus apóstolos: pode-se 
esperar que a sua luz superior e piedade, e os 
inúmeros milagres com os quais a sua missão 
divina foi confirmada, iria livrá-los de tal 
tratamento mau; e, especialmente, que o 
Senhor Jesus Cristo, cujo caráter era tão 
impecável, e cuja sabedoria era infinita, fosse 
capaz de superar os preconceitos de um mundo 
enfatuado e cego. Mas eles somente foram mais 
expostos aos insultos e crueldade dos ímpios em 
39 
 
tal proporção que a sua luz brilhou com um 
esplendor mais brilhante. E todos os que nos 
primeiros séculos da Igreja se 
tornaram seguidores de Jesus, foram, em sua 
medida, submetidos às mesmas tentações, e 
tiveram que beber do mesmo cálice amargo. 
O mesmo tratamento que lhes foi dado é 
encontrado nos presentes dias. 
Temos observado que uma mera forma de 
piedade passará sem sofrer oposição; mas a 
piedade real e vital, nos sujeitará à censura em 
nossos dias, mais do que nunca. "Ora, todos 
quantos querem viver piedosamente em Cristo 
Jesus serão perseguidos.” (2 Tim 3.12). Esse tipo 
de piedade que surge a partir de si mesma e 
termina em si mesma, vai nos levar a estarmos 
no favor do mundo, mas a que é derivada 
completamente de Cristo como sua boa fonte e 
autor, e que é exercida exclusivamente para 
o avanço de sua glória, é, e sempre será, odiosa 
aos olhos dos ímpios, precipitará a fúria dos 
demônios; e um homem que incorpora isso em 
sua vida e conversação não pode escapar da 
perseguição mais do que o próprio Cristo podia. 
Receber tudo de Cristo, e fazer tudo por Cristo, 
é a própria essência da piedade cristã, e ao exigir 
isto de seus seguidores, o nosso bendito Senhor 
legou à sua Igreja uma fonte que nunca falha 
quanto ao mundo. Isto ele mesmo nos diz: "Não 
40 
 
penseis que vim trazer paz à terra; não vim trazer 
paz, mas espada. Pois vim causar divisão entre o 
homem e seu pai; entre a filha e sua mãe e entre 
a nora e sua sogra. Assim, os inimigos do 
homem serão os da sua própria casa.” (Mt 
10.34,35) 
Consequentemente, encontramos de modo 
universal, que, quando uma pessoa começa a 
viver pela fé no Senhor Jesus Cristo, e a dedicar-
se ao seu serviço, todos os seus amigos e 
parentes ficarão alarmados, e tentarão, por 
todos os métodos de ridicularização, ou ameaça, 
ou persuasão, desviá-lo de seu propósito. Deixe 
ele viver com todo o descuido de sua alma, e 
ninguém vai se incomodar com ele. Ele pode 
viver toda a sua vida em tal estado, e nenhum 
amigo vai exortá-lo a servir ao Senhor, mas a 
menor abordagem da piedade será 
desencorajada por cada amigo e parente que ele 
tiver. Não que a religião será desaprovada como 
religião em si; algum nome mal deve ser dado a 
isto em primeiro lugar, e em seguida, será 
reprovado sob esse caráter. Mas as próprias 
pessoas que mantêm na mais alta veneração os 
nomes dos apóstolos e dos grandes 
reformadores da nossa Igreja, e que elevariam 
santuários e monumentos aos santos falecidos 
punirão os santos vivos com o maior rancor; e 
fossem os apóstolos ou reformadores viverem 
novamente na terra, e receberiam o mesmo 
tratamento daqueles que lhes foi dado pelo povo 
41 
 
da época em que eles viveram. Se eles 
chamaram de Belzebu ao Dono da casa, é em vão 
para qualquer um dos seus servos abrigar a 
esperança de que ele deve escapar de uma 
acusação semelhante. 
Dolorosa como essa parte é a carne e o sangue, 
ninguém precisa temer isto, se atender às 
II. Instruções dos Apóstolo em relação a isto. 
Deus graciosamente designa a seu povo esta 
parte, a fim de promover seu bem-estar 
espiritual, e para progressivamente transformá-
los à imagem divina em verdadeira justiça e 
santidade. Daí Tiago exortar os seus irmãos que 
estavam sendo afligidos a considerarem suas 
provações como um meio para um fim; e, 
1. Para darem boas-vindas aos meios. 
A própria tendência das tentações é trabalhar a 
paciência em nossas almas. Elas, primeiro, 
operam efetivamente para a produção de 
impaciência, ou, melhor, devo dizer, para 
suscitar aquelas disposições más que se 
escondem em nossos corações. Desde que 
tenhamos o nosso orgulho em alguma medida, 
subjugado, não sabemos como suportar a 
indelicadeza que recebemos; nós nos 
preocupamos sob isto, e nos iramos como o 
novilho ainda não domado, mas quando 
42 
 
descobrimos a nossa fraqueza, temos vergonha 
disso, e nos humilhamos diante de Deus por 
conta disso, e imploramos a sua graça para nos 
apoiar, e assim, somos gradualmente instruídos 
pela disciplina, e somos, finalmente, 
"fortalecidos com todo o poder, segundo a força 
da sua glória, em toda a perseverança e 
longanimidade; com alegria, dando graças ao 
Pai", Col 1.11, que tem feito em nós uma grande 
mudança de coração e de vida que nos expõe à 
inimizade do mundo ímpio. 
Agora, quando vemos o que o nosso bom Deus 
nos designou para estas tentações, devemos não 
somente estar reconciliados com elas, mas ser 
gratos por elas, como diz o apóstolo: "tenham 
por motivo de grande alegria o passardes por 
várias tentações.", pois, o preço pode ser muito 
grande para a aquisição de algo tão valioso como 
a de um espírito manso, submisso e paciente? 
Nós submetemos nossa vontade a muitas coisas 
que desagradam a carne e o sangue para o 
avanço da nossa saúde física, e não devemos 
ficar felizes em não tomar as prescrições do 
nosso celeste Médico para a saúde de nossas 
almas? Que importa que sejam impalatáveis 
para o nossos gosto? Devemos considerar a 
aflição como algo bom, quando sabemos quais 
os benefícios que resultarão delas; e isto é 
assegurado: “que os sofrimentos da presente 
vida não são dignos de serem comparados com 
o peso da glória que há de ser revelada em nós.", 
43 
 
Rom 8.18. Quando vemos, portanto, as nuvens se 
reunindo ao nosso redor, não devemos ficar 
alarmados, mas devemos dizer sim, com o 
agricultor cuja lavoura está morrendo com a 
seca, agora Deus está prestes a renovar e 
frutificar meu coração estéril, e suas nuvens 
devem cair copiosamente na minha alma. E no 
que meditam seus inimigos, senão somente no 
mal? Isto deveria trazer qualquer preocupação 
para você, quando sabe que eles têm se 
empenhado somente para anular tudo o que é 
bom? Digo, com o profeta : "Não temais" 
quaisquer ameaças, por maiores que elas 
possam parecer, nem se queixem de qualquer 
tentação, embora seja opressiva, mas se 
alegrem em meio a elas no seu Deus, e lhe 
bendigam por estar lhes considerando “dignos 
para suportá-las”, e aceitá-las como um 
inestimável "presente de suas mãos" , "e" ter 
prazer nelas" por saber o que elas vão 
certamente produzir para o seu bem-estar e 
para a “glória de Deus”, I Pe 4.14-16. 
2. Para cultivar o fim. 
Deus tem designado as provações como um 
meio de torná-lo semelhante a ele, que "foi 
oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; 
como cordeiro foi levado ao matadouro; e, como 
ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele 
não abriu a boca.”, Is 53.7. Busquem 
experimentar esse benefício delas, e "tenha a 
44 
 
paciência a sua obra perfeita em vocês, para que 
sejas perfeitos e completos, sem faltar nada.", 
não se queixe que suas tentações são pesadas, 
ou de longa duração, mas esteja mais ansioso 
para ter a sua escória consumida, do que ter a 
intensidade do forno reduzida. Foi "por meio desofrimentos que o Senhor Jesus Cristo foi 
aperfeiçoado", Heb 2.10, e se "Ele aprendeu a 
obediência pelas coisas que sofreu", não 
devemos estar prontos para aprendê-la da 
mesma forma? Estamos sempre prontos para 
pensar que a perfeição consiste em virtude 
ativa, mas Deus não é nem um pouco menos 
honrado na virtude passiva, e quando a 
paciência até agora tem operado em sua alma 
como para fazê-lo "gloriar-se nas tribulações" 
por amor ao Senhor, e você possa dizer a partir 
do íntimo de sua alma, em todas as 
circunstâncias, "Não a minha vontade, mas seja 
feita a tua", você terá atingido aquela medida de 
santidade que constitui a perfeição, e você vai 
em breve, como o trigo que está completamente 
maduro, ser guardado no celeiro de seu Pai 
celestial. Você já leu que Jesus, depois de ter 
sofrido a cruz, desprezando a vergonha, se 
assentou à direita do trono de Deus, esteja então 
contente, por "sofrer juntamente com ele, para 
que, no devido tempo, você possa ser 
glorificado." Que este seja o seu único objetivo; e 
ore para que "o Deus de paz, que tornou a trazer 
dos mortos a nosso Senhor Jesus através do 
sangue da aliança eterna, lhe aperfeiçoe em 
45 
 
toda boa obra para fazer a sua vontade, operando 
em você o que é bom e agradável à sua vista, 
através de Cristo Jesus.” 
Tradução e adaptação feitas pelo Pr Silvio Dutra, 
de um texto de Charles Simeon, em domínio 
público. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
46 
 
A Escola da Paciência 
 
"Pacientes na tribulação" (Romanos 12.12) 
 
Há muitas escolas no mundo onde podemos 
aprender muitas lições valiosas, mas somente 
há uma em que pode ser ensinado a 
suportarmos os nossos problemas com 
paciência, e que é a escola de Cristo. Em uma 
grande escola pública um menino tem que 
enfrentar muitas dificuldades, e uma rigorosa 
disciplina, mas, no fim, isto faz dele um homem 
preparado para a vida. 
Então, na escola de Cristo, temos algumas 
tarefas muito difíceis, o uso das mesmas, nem 
sempre entendemos; a disciplina, por vezes, é 
muito severa, nossos corações ficam muitas 
vezes doridos, os nossos olhos muitas vezes 
vertem lágrimas, mas se usarmos essas lições 
da maneira correta elas irão fazer homens de 
nós, homens cristãos aqui na Terra, e nos 
preparar para o grande porvir, quando o nosso 
tempo de escola estará concluído, e iremos para 
a casa do nosso Pai. 
Quando Paulo disse aos cristãos em Roma, para 
serem pacientes na tribulação, ele estava 
escrevendo para aqueles que eram eruditos na 
escola de Cristo. Eles viviam numa das cidades 
mais pervertidas do mundo, e sob o olhar de um 
47 
 
imperador que era um monstro de crueldade. Se 
ele soubesse que eles eram cristãos, infligiria 
neles todos os tipos concebíveis de 
torturas horríveis. 
Todas as vezes que eles se encontravam para a 
adoração eles estavam em perigo de vida. No 
entanto, eles perseveraram. Por quê? Porque 
estavam na escola de Cristo, e tinham aprendido 
entre outras coisas que todo aquele que quiser 
salvar a sua vida, perdê-la-á, quem perder a sua 
vida por amor a Cristo e ao Evangelho terá a vida 
eterna. 
Aqueles mártires cristãos não poderiam ter 
suportado as suas tristezas e provações caso não 
o tivessem aprendido. Antes eles haviam 
retribuído mal por mal, murmuravam e ficavam 
aflitos, mas agora eles tinham aprendido a lição 
de serem alegres na esperança e pacientes na 
tribulação. 
Acredite-me, não há nenhuma escola como a 
escola de Cristo, nenhum professor como a 
Cruz. Em alguns hospitais há uma sala onde os 
pacientes são preparados para uma cirurgia. 
Quando eles voltam a si, eles acham que 
deixaram algo para trás deles, uma perna, um 
braço, uma mão, ou algum órgão interno, e que 
eles estão indo recomeçar a vida como pessoas 
novas e saudáveis. É assim com o povo de Cristo. 
Temos que passar pela sala de cirurgia, a sala de 
48 
 
tristezas e tentações, temos que suportar o 
bisturi afiado; e quando voltamos a nós mesmos 
achamos que deixamos algo para trás, algo que, 
talvez, era tão precioso como a nossa mão 
direita, ou o nosso olho direito, mas sabemos 
que isso significa saúde para a nossa alma, nós 
somos novas criaturas, que estavam morrendo, 
e eis que vivemos. Assim aprendemos a lição de 
ouro, muitas vezes aprendida com lágrimas, 
para sermos pacientes na tribulação. 
É frequentemente perguntado por que Deus, 
que é amor, permite tanta tristeza e sofrimento 
assim no mundo, especialmente no caso 
daqueles que estão levando as mais puras e 
santas vidas. Certamente essa pergunta e 
dúvida é muito irrazoável. Não questionamos o 
amor de um pai que castiga seu filho, ou um 
professor que governa os seus alunos de forma 
rigorosa, ou um comandante que mantém 
severa disciplina entre os seus soldados. Por que 
deveria a escola de Deus ser a única onde não há 
lágrimas que são derramadas? 
Algumas pessoas gostam muito de criticar o 
método de Deus de governar o mundo. Elas 
parecem pensar que se eles estivessem no lugar 
do Todo-Poderoso fariam muito melhor. Elas 
nos dizem que tal e tal declaração na Bíblia 
relativas aos atos de Deus não são justas, nem 
corretas; eles dizem que sabem melhor, e que 
Deus não será rigoroso para punir o que é feito 
49 
 
errado, e que não punirá o pecado, porque não 
agrada a um Pai amoroso fazer Seus filhos 
sofrerem. 
Meus irmãos, que direito temos nós para 
questionar os atos do Deus Todo-Poderoso? 
Somos mais sábios do que Deus, o filho está mais 
apto para aconselhar do que o pai, deveria o 
barro discutir com o oleiro, ou o restolho resistir 
ao poder do fogo? Não, deixe-nos sentir que o 
que Deus faz, não sabemos agora, mas 
saberemos mais tarde. Somos filhos na escola, 
vamos aprender as lições, mesmo se tivermos 
que chorar por causa delas. 
Se você fosse viajar na Suíça entre as 
montanhas, e quisesse subir até o topo do 
sublime Alpes, e os guias lhe mostrassem um 
caminho íngreme, muito estreito e, por vezes 
muito perigoso, e eles dissessem que esse é o 
caminho; e se você hesitasse, e dissesse que o 
caminho era muito difícil para você, e que 
deveria subir de alguma outra maneira, a 
resposta seria que aquela era a única maneira, e 
você não poderia chegar ao topo da montanha, 
exceto por esse caminho difícil. Assim é a 
Vontade de Deus que se quisermos chegar ao 
terreno elevado da Terra Melhor, temos que 
viajar no caminho da dor que conduz através do 
Getsêmani e do Calvário, é a Sua boa vontade 
que passemos por grande tribulação para 
chegarmos ao nosso descanso. 
50 
 
Se o jardineiro permitir que as árvores do 
jardim, ou as plantas na estufa, cresçam 
selvagens e luxuriantes à sua própria vontade, 
ele sabe que haverá pouco ou nenhum fruto no 
próximo ano. Então ele as poda. Isto parece algo 
muito duro, talvez, que os galhos e ramos devam 
ser podados e cortados tão radicalmente, mas 
veja a próxima estação, e você encontrará as 
rosas mais fortes e os frutos mais abundantes. 
Deus poda seu povo com uma dor aguda, um 
luto amargo, que produzirá mais fruto de 
santificação, mais flores brancas de pureza. 
Quando os homens vão a uma mineração de 
ouro, muitas vezes encontram o metal precioso 
alojado no quartzo. E ali ele é inútil. Então, eles 
esmagam o quartzo, e do esmagamento vem o 
ouro fino. Meus irmãos, o melhor ouro em 
nossa natureza sai no esmagamento. Nós temos 
que ser passados no moinho antes que o melhor 
de nós possa ser revelado. 
A pedra preciosa que brilha entre as joias da 
coroa teve que ser severamente cortada e 
polida, antes de ser aquilo que se tornou. Joias 
brutas são de pouco valor, elas precisam de 
métodos rígidos afiados antes de se tornarem 
realmente valiosas, e assim sucede com os 
cristãos. Deus deseja que todo o Seu povo seja 
salvo, deve ser a mais preciosa joia de ouro 
refinado, então, Ele implanta em nós a nossa boa 
51 
 
qualidade através do moinho da dor e do 
sofrimento. 
Então, Deus nos envia sofrimentos paranos 
tornar mais aptos para ajudar a outros na dura 
batalha da vida. Devemos ter trilhado o caminho 
áspero dos nossos próprios sofrimentos antes 
de estarmos aptos para orientar os outros ao 
longo do mesmo. Diz-se que os fabricantes dos 
melhores violinos produzem seu som 
maravilhoso, quebrando e consertando 
habilmente novos instrumentos, que, quando 
feitos pela primeira vez tinham pouco poder 
melodioso. Quando Deus nos quebra com um 
duro problema, Ele sabe como nos consertar 
novamente, e nós damos daí por diante a música 
da gentileza, do amor e altruísmo, que éramos 
incapazes de ter antes. Alguma vez você já viu 
homens consertando uma estrada em nossas 
grandes cidades? O rolo compressor pesado 
esmaga toda a rugosidade das pedras, e faz um 
caminho fácil para as pessoas viajarem. Assim, 
Deus nos envia provações e aflições que 
esmagam os pontos duros, afiados do nosso 
caráter, e nos faz aptos para ajudar os outros na 
viagem da terra para o céu. 
O homem próspero, com um forte corpo 
saudável, e uma voz alta e arrogante, não pode 
compreender os sentimentos do sofredor aflito, 
ou o entristecido pelo leito de morte. Ele não 
sabe, ele não pode compreender quando 
52 
 
estamos numa grande dor ou tristeza, e 
desejamos que alguém que já sentiu dor e 
tristeza, seja encontrado para ministrar a nós. 
Aquela pessoa que diz que sabe o que eu sinto. A 
mãe com seus filhos todos ao seu redor, 
saudável e feliz, não pode simpatizar 
plenamente com as tristezas daquela outra mãe 
que chora pela cama vazia onde seu filho 
querido morreu. O melhor ferro tem sido 
temperado pelo fogo e pela prensa, de modo que 
o melhor e mais verdadeiro do povo de Deus se 
formou na escola da tristeza. 
A tentação sempre tem ocupado um lugar de 
destaque na produção dos santos de Deus. Olhe 
para Elias. A melhor parte de seu caráter não se 
mostrou até que ele passou pelo vento 
impetuoso, e pelo terremoto, e o fogo. Então, ele 
pôde ouvir a voz suave que lhe falava. Irmãos, às 
vezes ouvimos Deus nos falando pela primeira 
vez, quando temos passado por uma grande 
aflição. Quando o sol estava brilhando, e todas as 
coisas sorrindo para nós, negligenciávamos a 
Deus, e não podíamos ouvi-lo falar conosco. 
Então o grande vento da aflição se levantou, e 
quebrou a nossa casa de delícias, e destruiu 
nosso barco de prazer, e depois da tempestade 
ouvimos a voz mansa e delicada. Ou o terremoto 
veio e engoliu a nossa propriedade, e os ídolos 
que fizemos por nós mesmos para adorar, e 
depois do terremoto ouvimos a voz do Senhor. 
Ou o fogo veio feroz, a tentação ardente, e 
53 
 
passamos por aquele fogo pela misericórdia de 
Deus, assim como os três jovens santos que 
foram jogados na fornalha; fomos provados no 
fogo, mas não consumidos, e depois do fogo, 
ouvimos a voz de Deus. 
São os melhores soldados aqueles que passaram 
pelo fogo e a fumaça da batalha, e são os 
melhores cristãos aqueles que enfrentaram a 
tempestade, e o fogo, e o terremoto, que têm 
conhecido a tristeza. Veja o profeta Jonas. A 
melhor parte dele não foi revelada até que ele foi 
julgado severamente. Quando Deus preparou 
algo agradável a ele, fazendo surgir 
miraculosamente uma planta frondosa, Jonas 
estava mal-humorado, descontente, e 
desobediente, Deus ainda lhe deu a aboboreira, 
com a qual Jonas se alegrou em extremo. Isso 
nos ensina que o mesmo Deus nos envia 
prosperidade, bem como tristeza, e ainda que 
descontentes e ingratos, temos recebido dele 
coisas boas, às vezes. 
Mas Deus ia fazer um homem melhor de Jonas, 
e assim ele lhe tirou a aboboreira que lhe dava 
prazer. O Senhor preparou um verme que feriu 
a planta e ela se secou. 
Deus trata assim com o Seu povo agora. Ele lhe 
tem dado algo que fez com que você ficasse 
muito alegre - saúde, dinheiro, esposa, filho. 
Talvez você pense mais neles do que em Deus. 
54 
 
Você disse em seu coração, "Ora, eu nunca serei 
movido." Você se sentou à sombra confortável 
de sua prosperidade, e pensou que o amanhã 
seria como o ontem, e Deus não estava em todos 
os seus pensamentos. Então Deus, em Sua 
misericórdia, enviou o verme, alguma coisinha 
que podia fazer coisas grandes. 
Você era forte e saudável, e se alegrava 
sobremaneira, e ficava contente com seus 
membros ativos e estrutura atlética, e alguma 
queda acidental, algum deslize ou tropeço, veio 
como o pequeno verme, e sua saúde e força em 
que você confiava, secou. Você fez um ídolo de 
uma esposa ou filho, você os amava mais do que 
a Deus, deixou que suas alegrias caseiras 
ficassem entre você e o seu dever, entre você e 
Jesus. Então, numa manhã o seu querido está 
febril e inquieto, e quase antes de conhecê-lo o 
verme veio e fez o seu trabalho, e sua planta de 
prazer ficou murcha e morreu. 
Às vezes tristezas vêm sobre tristezas, como o 
vento oriental veio sobre Jonas depois que ele 
perdeu a aboboreira. Ele era um homem melhor 
depois de ter passado por aquela nuvem de 
problemas do que quando ele estava sentado à 
vontade sob a sua planta favorita. Ele aprendeu 
a ver a mão de Deus mais claramente no dia 
sombrio de sua perda do que no sol da 
prosperidade, assim como vemos as estrelas 
mais claramente quando o mundo está escuro. 
55 
 
Jonas aprendeu a ver Deus em sua prosperidade 
e em sua adversidade. Vamos fazer o mesmo. 
Dores sem Deus são terríveis. Nunca suponha 
que o julgamento e aflição beneficiam as 
pessoas de si mesmas. Eles fazem algumas 
pessoas piores, como um criminoso é feito 
mais endurecido pelo espancamento. Dores 
somente nos beneficiam quando podemos ver a 
mão de Deus dando o remédio amargo. Luto e 
perdas podem fazer algumas pessoas 
amaldiçoarem a Deus e morrer, e torná-las 
infiéis à bondade do Senhor. 
A argila é endurecida como uma pedra no fogo, 
já a prata é derretida e purificada. Aqueles que 
não amam a Deus são como o barro, quando eles 
têm que passar pela fornalha ardente da aflição, 
eles saem mais duros do que quando entraram. 
Aqueles a quem o Espírito Santo tem dado o 
precioso fruto da paciência, veem Deus no fogo, 
e são purificados e tornados pessoas melhores. 
Sim, tristeza e perda, sem Deus são coisas 
terríveis. 
Nós lutamos, as chutamos, e apenas nos ferimos 
e nos magoamos ainda mais. A criança chamada 
a sofrer alguma dor aguda diz que pode suportar 
qualquer coisa se a mãe estiver no quarto. 
Assim, o filho de Deus pode suportar todas as 
coisas, mas se ele souber que Deus está com ele, 
e que por baixo de si estão os braços eternos. 
56 
 
Finalmente, como podemos aprender melhor a 
lição de ser pacientes na tribulação? 
Não busque problemas no meio do caminho, e 
se retire antes que você seja convidado a 
enfrentá-los. Algumas pessoas estão sempre 
olhando para as nuvens de tempestade, mesmo 
no melhor dia, e estragam as suas horas mais 
felizes, antecipando problemas. Aproveite o sol 
brilhante e a chuva como eles vêm, e acredito 
que o mesmo Deus amoroso manda ambos. 
Então mantenha-se muito próximo de Deus. Não 
viva longe de Jesus, quando você está próspero, 
e tente correr para Ele em busca de abrigo 
quando a tempestade vier. Mantenha-se perto 
dEle sempre, então você estará seguro. O pai diz 
a um filho tímido: mantenha-se sob o cuidado da 
mão de sua mãe. Durante toda a jornada da vida, 
mantenha-se seguro na mão do Senhor Jesus. 
Em tempos de prosperidade apegue-se à mão 
que alimentou os cinco mil no deserto. Em 
tempos de tristeza e provação segure-se 
rapidamente na mão que foi pregada na amarga 
cruz do Calvário. Eu disse que somente aqueles 
que têm conhecido a tristeza podem simpatizar 
com os entristecidos. Quem pode entender os 
nossos problemas, assim como Jesus? 
Há um pulsar de nossos nervos trêmulos, um 
soluço de nosso peito ofegante, uma dor de 
nossos feridas, um desolado coração que não 
encontre eco no Homem de Dores? Traga suas 
57 
 
dores e problemas a Ele em oração. Diga-lhe 
completa e voluntariamente. Abra o seucoração 
a Jesus. Muitas de nossas orações são 
desperdiçadas porque elas não têm objetivo 
definido nem propósito. Tenha um objetivo fixo, 
um objetivo bem definido diante de você, e seu 
pedido irá acertar diretamente o alvo. 
Tradução e adaptação de um sermão em 
domínio publico de Harry John Wilmot – 
Buxton 
Nota do tradutor: Louvo muito ao Senhor Jesus 
porque no dia 19-10-2013, quando traduzia este 
texto, recebi a triste notícia de que alguém 
muito querido e amado fora terrivelmente 
ferido, um ser amado que vive comigo debaixo 
do mesmo teto. Isto foi bem cedo pela manhã, 
enquanto estávamos bem no início do trabalho 
de tradução. 
Acompanhamos sua cirurgia, compramos e 
começamos a lhe ministrar os medicamentos 
necessários para a sua recuperação, e voltamos 
ao nosso posto de trabalho, para concluir a 
tarefa que havíamos começado e compartilhá-la 
com os amados antes que o dia acabasse. 
Grande é o amor e a misericórdia de Jesus que 
nos fortalece no dia da angústia para estarmos 
calmos e sossegados em Sua presença fazendo o 
58 
 
trabalho do qual fomos encarregados por Ele a 
fazer. 
O tipo de paciência cristã da qual temos falado 
esteve bem representada na vida de Charles 
Simeon, de quem temos traduzido e publicado 
vários textos que se encontram em domínio 
público, e de cuja biografia o Pr John Piper 
extraiu o seguinte testemunho: 
A Prova de Paciência de Charles Simeon 
Deixe-me finalizar com uma ilustração de um 
homem que viveu e morreu em uma batalha de 
sucesso contra a incredulidade da impaciência. 
Seu nome era Charles Simeon. Ele foi pastor na 
Igreja da Inglaterra de 1782 a 1836 na Igreja 
Trinity em Cambridge. Ele foi nomeado para sua 
igreja por um bispo contra a vontade do povo. 
Eles se opunham a ele não porque ele era um 
mal pregador mas porque ele era um 
evangelista - ele acreditava na Bíblia e clamava à 
conversão e à santidade e à missões mundiais. 
Por 12 anos o povo recusou deixá-lo dar os 
sermões nos cultos de domingo a tarde. E 
durante esse tempo eles boicotaram os cultos 
de domingo de manhã e trancaram seus bancos 
reservados de maneira que ninguém podia 
sentar-se neles. Ele pregou para pessoas nos 
corredores por 12 anos! Como ele aguentou? 
59 
 
Neste estado de coisas eu não vi outro remédio 
senão fé e paciência. [Note a conexão de fé e 
paciência!] A passagem da escritura que 
dominava e controlava minha mente era essa, 
"O servo do Senhor não deve contender." [Nota: 
A arma na luta por fé e paciência era a Palavra!] 
Era doloroso de fato ver a igreja, exceto os 
corredores, quase abandonados; mas eu 
pensava que se Deus somente desse uma 
benção em dobro para a congregação que 
comparecesse, no total seria tão bem feito 
quanto se a congregação fosse dobrada e a 
benção limitada a apenas metade da quantia. 
Isso me confortou muitas, muitas vezes, quando 
sem esse tipo de reflexão, eu teria afundado 
debaixo dos meus fardos. (Charles Simeon, por 
H.C.G.Moule, p. 39) 
Onde ele conseguiu a certeza de que se ele 
seguisse o caminho da paciência, haveria uma 
benção no seu trabalho que compensaria a 
frustração de ter todos os bancos trancados? Ele 
a conseguiu, sem dúvida, de textos como Isaías 
30:18, "Bem-aventurados aqueles que esperam 
no Senhor." A Palavra venceu a incredulidade e 
a confiança venceu a impaciência. 
 
 
 
 
 
60 
 
A Paciência Bíblica 
 
Os apóstolos Paulo, Pedro e Tiago, falaram do 
grande valor da paciência que é operada pelas 
tribulações na vida cristã (Rom 5.3,4; II Cor 1.6; 
6.4; Tg 1.3,4,12; 5.11; I Pe 2.20; 2 Pe 1.6). 
A palavra no original grego para paciência é 
hupomoné, e que é traduzida também como 
perseverança ou constância. 
Na verdade as três formas de interpretar se 
somam na transmissão do pensamento bíblico 
sobre o seu uso. 
A paciência cristã não se relaciona a indolência, 
passividade, resignação, mas à ação de 
perseverar na fé com constância no 
aprendizado e prática das virtudes que estão na 
nossa nova natureza obtida em Jesus Cristo. 
Daí o apóstolo Pedro ter se referido ao 
crescimento na graça e no conhecimento de 
Jesus, como sendo, principalmente: 
2Pe 1:5 por isso mesmo, vós, reunindo toda a 
vossa diligência, associai com a vossa fé a 
virtude; com a virtude, o conhecimento; 
2Pe 1:6 com o conhecimento, o domínio próprio; 
com o domínio próprio, a perseverança; com a 
perseverança, a piedade; 
61 
 
2Pe 1:7 com a piedade, a fraternidade; com a 
fraternidade, o amor. 
É pela graça da paciência (perseverança, 
constância) que podemos prosseguir no 
cumprimento dos nossos deveres espirituais, 
notadamente aqueles que se referem à 
proclamação e testemunho do evangelho por e 
em nossas próprias vidas. 
Nosso Senhor diz em Lucas 2;19: “É na vossa 
perseverança (paciência, constância) que 
ganhareis a vossa alma.” 
A noção comum de que a palavra paciência na 
Bíblia reporta às pessoas calmas e tranquilas, 
ainda que isto seja uma virtude requerida, não 
corresponde, como vimos, ao uso bíblico desta 
palavra, que significa a nossa persistência em 
viver o evangelho, fazendo o bem e cumprindo a 
vontade de Deus revelada nos mandamentos, 
inclusive quando nos deparamos com 
tribulações, aflições e perseguições. 
Isto deve ser aprendido na nossa carreira cristã, 
e será aperfeiçoado pelo Senhor, à medida em 
que lhe permanecermos fiéis. 
Daí Tiago ter afirmado: “Ora, a perseverança (ou 
paciência) deve ter ação completa, para que 
sejais perfeitos e íntegros, em nada deficientes.” 
(Tg 1.4) 
62 
 
Esta obra perfeita ou completa que a 
perseverança deve ter, conforme dizer de Tiago 
neste versículo citado, pode ser exemplificada 
com a vida de Abraão, a do apóstolo Paulo e 
tantos outros que completaram a sua carreira, 
não somente no sentido de a terem concluído, 
quanto também no de terem sido confirmados 
na fé, permanecendo firmes e fiéis a Deus, 
especialmente nas aflições e tribulações que 
sofreram por amor a Ele e à Sua vontade. 
Não somos chamados como cristãos, a termos e 
demonstrarmos paciência (suportar aflições em 
graça, com gratidão a Deus em nossos corações) 
em determinadas situações específicas, mas em 
todo o curso de nossas vidas, e em todas as 
circunstâncias. 
Por conseguinte, é necessário amadurecimento 
espiritual na Palavra, no poder do Espírito Santo, 
e para isto, contribuirão de modo particular as 
tribulações que experimentamos ao longo da 
nossa jornada neste mundo. 
“Rom 5:3 E não somente isto, mas também nos 
gloriamos nas próprias tribulações, sabendo 
que a tribulação produz perseverança; 
Rom 5:4 e a perseverança, experiência; e a 
experiência, esperança.” 
63 
 
Paulo continuava sua caminhada espiritual 
sempre se gloriando, mesmo nas tribulações. 
Elas jamais seriam motivo para que parasse com 
a sua fidelidade a Deus e a sua chamada 
ministerial, mesmo nas várias prisões que 
sofreu, porque sabia que tudo contribuiria 
afinal para confirmá-lo para ser inabalável na 
perseverança, na experiência e na esperança. 
Na perseverança, por ser constante em sua 
fidelidade. 
Na experiência, por conhecer com convicção 
firme e inabalável o Deus no qual havia crido. 
Na esperança, pela certeza do cuidado de Deus 
em sua vida, e da coroa de justiça que esperava 
por ele na glória. 
Ele não se gloriava nas tribulações, nem mesmo 
na sua perseverança, experiência ou esperança, 
mas em Jesus Cristo, por meio de quem recebeu 
todas as coisas que dizem respeito à salvação e à 
vida eterna. 
Ele se gloriava em Cristo nas tribulações que 
sofreu. 
Nada conseguiu fazer com que a sua glorificação 
de Deus fosse interrompida por qualquer 
circunstância, quer agradável ou desagradável. 
 
64 
 
Paciência na Aflição 
 
Os cristãos não devem ser vingativos nem 
injuriosos, mas devem bendizer aqueles que 
praticam o mal contra eles, porque a vocação 
deles para se esforçarem em prol da salvação 
dos pecadores, demandará deles tal atitude, e é 
agindo deste modo quesão abençoados por 
Deus (I Pe 3.9). 
O apóstolo confirma as palavras do Salmo 34.12-
16 como sendo a fórmula da vida abençoada por 
Deus. 
Ali se destaca a necessidade de se refrear a 
língua da maledicência e do engano; o ato de se 
separar do mal e praticar o bem, e buscar a paz e 
permanecer nela (I Pe 3.10,11). 
O motivo de tal necessidade é apresentado 
como sendo o fato de que os olhos de Deus estão 
voltados para os justos, e os Seus ouvidos 
abertos para atender às suas orações, mas o 
rosto do Senhor é contra aqueles que praticam o 
mal (I Pe 3.12). 
Para reforçar o argumento para a prática das 
coisas que havia ordenado, o apóstolo afirmou 
que não é comum que alguém se disponha a 
fazer o mal a quem é zeloso do bem. Revelando 
65 
 
com isto que é sendo zeloso do bem que se evita 
muitos males (I Pe 3.13). 
Porém, sabendo que há um sofrimento injusto 
que os cristãos padecem da parte de outros, o 
qual é permitido por Deus para a provação da fé 
deles, Pedro diz que os cristãos continuam 
sendo bem-aventurados aos olhos de Deus 
quando padecem tais sofrimentos por amor da 
justiça, e não devem temer as ameaças dos seus 
inimigos, e nem ficarem com suas mentes e 
corações turbados por causa deles, mas, 
permanecerem em santificação com Cristo em 
seus corações, sujeitando-se ao Seu Senhorio, 
de maneira que continuem dando um bom 
testemunho do evangelho, com mansidão em 
seus corações (I Pe 3.14,15). 
Os que sofrem devem ter no entanto uma boa 
consciência, isto é, eles devem se assegurar que 
não estão sofrendo por nenhum mau 
procedimento deles, de maneira que não 
tenham qualquer sustentação as palavras 
injuriosas daqueles que falam contra o seu bom 
procedimento em Cristo (I Pe 3.16). 
Afinal, sofrem pelo seu amor à verdade, não 
propriamente à verdade de fatos históricos, mas 
à verdade relativa à revelação da vontade de 
Deus para os homens, feita por e em Nosso 
Senhor Jesus Cristo. 
66 
 
Não são os seus próprios pontos de vista que 
estão defendendo, mas a verdade revelada por 
Deus, nas Escrituras, que são discernidas em 
santidade, no Espírito Santo. 
Isto lhes trará oposições e perseguições, como 
as que eles estavam padecendo sob o imperador 
romano Nero. 
O apóstolo revela que está na esfera da vontade 
soberana de Deus que passemos por 
determinadas aflições, apesar de estarmos 
fazendo o bem, e procurando somente o bem do 
nosso próximo, especialmente por lhes 
anunciar o evangelho verdadeiro que é 
poderoso para salvar as suas almas. 
Cristo havia passado pelo mesmo tipo de 
sofrimentos para servir de modelo para nós 
naquilo que sofremos por causa do nosso amor 
à justiça do evangelho (I Pe 3.17). 
Não havia nEle nenhum pecado ou injustiça 
como há em nós. Mas assim como Ele sofreu até 
a morte de cruz, para que pudesse quitar a dívida 
dos nossos pecados, nós devemos nos armar do 
mesmo sentimento estando dispostos a sofrer 
em favor da salvação dos eleitos de Deus (I Pe 
3.18). 
Cristo morreu na carne, mas não no espírito, e 
antes de que estivesse num corpo glorificado 
67 
 
depois da Sua ressurreição, Ele foi em espírito 
aos espíritos em prisão. 
Não é dito no texto bíblico qual foi o propósito da 
Sua ida até eles, mas podemos, com base no todo 
da revelação, inferir que foi provavelmente para 
pregar que a condenação daqueles espíritos 
rebeldes que haviam morrido nas águas do 
dilúvio, apesar da longanimidade de Deus ter 
esperado para lhes trazer a destruição, e nem 
assim eles se converteram com a pregação de 
Noé. 
O Senhor tendo ido a eles depois da Sua morte 
na cruz deve lhes ter revelado que foi a salvação 
que haveria nEle que eles rejeitaram por terem 
fechado seus ouvidos e corações à pregação de 
Noé. 
Certamente não foi a possibilidade de salvação 
de algum deles que Jesus foi lhes pregar porque 
estavam presos em cadeias há séculos, e seria 
impossível que Deus tivesse feito um juízo 
incorreto em relação a eles. 
Pedro citou isto em sua epístola para servir de 
alerta aos seus leitores; e para que a pregação do 
evangelho com base nesta passagem da sua 
epístola, deixasse de modo bastante claro que 
não se deve abusar da longanimidade de Deus, 
pela qual adia, mas não suspende o Seu juízo, tal 
como haviam feito aqueles que morreram no 
68 
 
dilúvio, e que não deram o devido crédito à 
pregação de Noé. 
A arca livrou Noé do dilúvio. A arca era uma 
figura de Cristo, no qual somos salvos pela nossa 
associação com Ele no nosso batismo tanto na 
Sua morte, quanto na Sua ressurreição. 
Os que dão crédito à pregação do evangelho 
serão salvos assim como Noé foi salvo, por ter 
dado crédito à Palavra de Deus (I Pe 3.19-22), que 
aponta Cristo como o Único que pode nos 
justificar do pecado, quando morremos 
juntamente com Ele para vivermos em novidade 
de vida, no Espírito. 
Há esperança se salvação enquanto vivemos 
neste mundo, porque se diz que: “E, assim como 
aos homens está ordenado morrerem uma só 
vez, vindo, depois disto, o juízo,” (Hb 9.27). 
“Evita discussões insensatas, genealogias, 
contendas e debates sobre a lei; porque não têm 
utilidade e são fúteis. 
Evita o homem faccioso, depois de admoestá-lo 
primeira e segunda vez, 
pois sabes que tal pessoa está pervertida, e vive 
pecando, e por si mesma está condenada.” (Tito 
3.9-11) 
 
69 
 
Paciência na Tribulação (Rom 12.12) 
 
Os sofrimentos e tribulações suportados com 
paciência cristã são agradáveis a Deus, 
conforme se declara em I Pe 2.18-20, porque Ele 
determinou no Seu conselho eterno, que: 
 Aqueles que pertencem a Cristo devem 
compartilhar dos Seus sofrimentos em 
alguma medida. 
Nosso Senhor foi o maior dos injustiçados, 
porque não tinha qualquer pecado, mas na sua 
identificação conosco, para a nossa salvação, 
suportou com paciência tudo o que sofreu, 
visando ao nosso bem. 
Como Seus seguidores, devemos imitar o Seu 
exemplo, em prol da salvação de outros. 
 A paciência na tribulação (Rom 12.12) dá 
aos cristãos a oportunidade de 
experimentarem o poder sobrenatural do 
Espírito Santo, que lhes é concedido para 
terem alegria e paz em meio aos seus 
sofrimentos. 
Nisto, a fé e confiança deles em Deus é 
aperfeiçoada, lhes capacitando para toda boa 
obra, em meio a toda e qualquer tribulação e 
perseguição. 
70 
 
 o gozo que se sente em meio às aflições, 
suportando as injustiças e perseguições 
sofridas com paciência, por amor ao 
Senhor e ao evangelho, é a principal 
marca da eleição do cristão, ou seja, ele 
terá a plena certeza da sua salvação, 
porque sem a assistência do Espírito 
Santo no coração, não é possível mantê-lo 
alegre e em paz em tais circunstâncias 
adversas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
71 
 
Aprendendo com Tiago Sobre a 
Paciência Cristã Verdadeira 
 
O apóstolo Tiago nos diz o seguinte, no quinto 
capítulo da sua epístola: 
“1 Eia, pois, agora vós, ricos, chorai e pranteai, 
por vossas misérias, que sobre vós hão de vir. 
2 As vossas riquezas estão apodrecidas, e as 
vossas vestes estão comidas de traça. 
3 O vosso ouro e a vossa prata se enferrujaram; e 
a sua ferrugem dará testemunho contra vós, e 
comerá como fogo a vossa carne. Entesourastes 
para os últimos dias. 
4 Eis que o salário dos trabalhadores que 
ceifaram as vossas terras, e que por vós foi 
diminuído, clama; e os clamores dos que 
ceifaram entraram nos ouvidos do Senhor dos 
exércitos. 
5 Deliciosamente vivestes sobre a terra, e vos 
deleitastes; cevastes os vossos corações, como 
num dia de matança. 
6 Condenastes e matastes o justo; ele não vos 
resistiu. 
72 
 
7 Sede pois, irmãos, pacientes até à vinda do 
Senhor. Eis que o lavrador espera o precioso 
fruto da terra, aguardando-o com paciência, até 
que receba a chuva temporã e serôdia. 
8 Sede vós também pacientes, fortalecei os 
vossos corações; porque já a vinda do Senhor 
está próxima. 
9 Irmãos, não vos queixeis uns contra os outros, 
para que não sejais condenados. Eis que o juiz 
está

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