Buscar

Mensagens Curtas Para Meditação Diária 5

Prévia do material em texto

Mensagens 
Curtas 5 
 
 
Para Meditação Diária 
 
 
 
 
 
Silvio Dutra 
 
 
 
 
 
 
Set/2016 
 
 
 
 
 
2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 A474 
 Alves, Silvio Dutra 
 Mensagens curtas 5./ Silvio Dutra Alves. – Rio de 
 Janeiro, 2016. 
 204.; 14,8x21cm 
 
 1. Teologia. 2. Graça 3. Fé. 
 I. Título. 
 
 CDD 230 
3 
 
Sumário 
 
O Motivo Real Para se Gloriar....................... 
 
 9 
A Glória do Evangelho...................................... 
 
11 
O Prazer Espiritual dos Que Servem a 
Deus............................................................................ 
 
 
14 
O Principal Objetivo em Nossa Vida.......... 
 
15 
A Prosperidade do Espírito............................. 
 
18 
Horrorizai-vos ó Céus! ..................................... 
 
21 
A Boa Vontade Perfeita de Deus.................. 
 
23 
Se Não Perder Não Ganhará.......................... 
 
26 
Para a Glória de Deus em Cristo Jesus..... 
 
29 
O Culto Racional a Deus.................................. 
 
32 
Ninguém se Sinta Excluído............................ 
 
35 
A Melhor Escolha................................................ 
 
36 
Preservando a Ternura de Coração........... 
 
41 
O Grande Milagre............................................... 
 
43 
4 
 
O Sábio e Poderoso Controle de Deus 
nas Nossas Aflições............................................ 
 
 
45 
O Trabalho do Grande Agricultor............... 
 
48 
As Imperfeições da Igreja aqui neste 
Mundo....................................................................... 
 
 
50 
O Mal e o Perigo de Ofensas.......................... 
 
54 
“Andarão dois juntos, se não estiverem 
de acordo?" (Amós 3.3) ..................................... 
 
 
59 
Andando Humildemente com Deus......... 
 
61 
A Fé Que nos Vem de Deus............................ 
 
63 
Como podemos Preparar Nossos 
Corações Para Suportar Reprovações..... 
 
 
66 
O Valor da Vida Está no Amor....................... 
 
72 
Quem Será o Próximo a Chorar? ................ 
 
75 
O Que é Servir a Deus? ..................................... 
 
76 
Jesus é o Único Mediador entre Deus e o 
Homem (I Timóteo 2.5) ................................... 
 
 
79 
Apascentar.............................................................. 81 
A Importância do Exercício Espiritual 
Contínuo.................................................................. 
 
83 
5 
 
Espírito de Sabedoria e de Revelação no 
Exercício da Fé...................................................... 
 
 
85 
Nossa Alegria Está em Deus e Não no 
que Temos............................................................... 
 
 
88 
Deus se Agrada do Nosso Sofrimento?.... 
 
90 
Não Há Serviço Aceitável Sem 
Consagração........................................................... 
 
 
92 
Por Que Se Alegrar Por Ter Passado 
Pela Provação? ..................................................... 
 
 
93 
Maravilhosa Experiência................................. 
 
96 
Os Escravos da “Liberdade”........................... 
 
97 
Depois da Morte Há o Juízo............................ 
 
101 
Não Errando o Alvo Proposto........................ 
 
102 
Algo Para Ser Pensado e Refletido.............. 
 
104 
Cada Um Levará Seu Próprio Fardo........... 
 
106 
Por que é Difícil a Entrada dos Ricos no 
Reino de Deus? .................................................... 
 
 
108 
Aptidão para Ver e Apreciar.......................... 
 
110 
Perdão Comprovado.......................................... 112 
6 
 
Alerta para Permanecer no Amor e na 
Verdade.................................................................... 
 
 
113 
Loucos que São Amados.................................. 
 
116 
Como se Detecta o Espírito? ......................... 
 
118 
O Que é Não Negar o Senhor?....................... 
 
120 
A Fé é uma Caminhada Constante............. 
 
122 
Como Todo o Israel Será Salvo?................... 
 
124 
O Valor Precioso da Promessa...................... 
 
127 
A Espiritualidade Provada na 
Materialidade........................................................ 
 
 
128 
Criado para Ser Espiritual e não Carnal.. 
 
129 
Por Que se Alegrar em Deus se um Dia 
Vamos Morrer? ................................................... 
 
 
131 
Não Adorando e Servindo Coisas Vãs....... 
 
132 
O Fundamento e a Coluna da Verdade..... 
 
135 
Aprende-se a Amar por Osmose................. 
 
140 
“Por que me chamais Senhor, Senhor, e 
não fazeis o que vos mando?” (Lc 6:46).... 
 
 
141 
7 
 
“Eles não Sabem o que Fazem”.................... 
 
142 
O Conselheiro Ineficaz para o Propósito 
de Deus..................................................................... 
 
 
143 
É Preciso Mais do Que Boas Intenções..... 
 
145 
Não Há Amor a Deus Sem Obediência..... 
 
149 
Por Que Deus Simplesmente não Deixa 
Pra Lá? ...................................................................... 
 
 
151 
Um Ganho que é Uma Grande Perda........ 
 
153 
Salvo Pela Perfeita Obediência de Jesus.. 
 
155 
Nossa Principal Missão Neste Mundo..... 
 
158 
Se Compadece de Nossa Miséria 
Espiritual................................................................. 
 
 
160 
Vida que Gera Vida............................................. 
 
163 
Copo Limpo no Interior e no Exterior...... 
 
166 
Nada Poderá nos Separar do Amor de 
Deus............................................................................ 
 
 
170 
Não de Modo Mecânico mas Amoroso e 
Vital............................................................................. 
 
 
173 
8 
 
Todo Ser Humano Necessita de 
Libertação.............................................................. 
 
 
175 
Tendo Bom Ânimo num Mundo de 
Aflições..................................................................... 
 
177 
Se Está Muito Fácil É Porque Está 
Errado........................................................................ 
 
 
180 
A Paz de Jesus e a de Barrabás....................... 
 
182 
A Falsa Paz de Uma Liberdade Falsa.......... 
 
183 
Salvos na Esperança da Perfeição............... 
 
186 
Somente quem Procura Acha....................... 
 
188 
Viver sem Ilusões............................................... 
 
189 
Os Fariseus Redivivos........................................ 
 
191 
Por Causa da Fé e não por Crença.............. 
 
193 
É Mesmo na Base do Toma Lá Dá Cá?....... 
 
195 
Pode Parecer Verdade mas Não é 
Verdade.................................................................... 
 
 
196 
Aprendendo do Exemplo de Charles 
Simeon...................................................................... 
 
 
198 
Peregrinando......................................................... 
 
204 
9 
 
O Motivo Real Para se Gloriar 
 
“Assim diz o SENHOR: Não se glorie o sábio na 
sua sabedoria, nem o forte, na sua força, nem o 
rico, nas suas riquezas; mas o que se gloriar, 
glorie-se nisto: em me conhecer e saber que eu 
sou o SENHOR e faço misericórdia, juízo e 
justiça na terra; porque destas coisas me agrado, 
diz o SENHOR.” (Jeremias 9.23,24) 
 
Estas palavras do Senhor através do profeta 
foram pronunciadas em meio a grandes 
repreensões contra o pecado e prática da 
iniquidade na Terra. 
Em que teriam então os homens em que se 
gloriarem quando o estado de suas almas é ruim 
e se encontra de forma latente em inimizade 
contra o Criador? 
De fato, todos os que andam sob o temor do 
Senhor e em verdadeira comunhão com ele, 
terão por diversas vezes assuas mentes em 
suspenso, como que atordoados pelo fato de 
perceberem quão fracos são e inapropriados 
para cumprirem os propósitos de Deus. 
Um sentimento de desolação e de inutilidade 
lhes invade o coração de tal forma que nada 
pode lhes arrancar disso, senão apenas a 
manifestação da graça de Deus, dando-lhes 
força para cumprirem o seu ministério, e 
quando são assim visitados pelo poder do alto, 
eles se gloriam não em si mesmos, mas no fato 
de terem sido alegrados grandemente por 
10 
 
Aquele que se tornou para eles a sua própria 
vida. 
O apóstolo Paulo, melhor do que ninguém 
experimentou em profundidade este 
sentimento, e daí ter se expressado nos 
seguintes termos: 
 
Rom 15:17 Tenho, pois, motivo de gloriar-me em 
Cristo Jesus nas coisas concernentes a Deus. 
 
2Co 11:30 Se tenho de gloriar-me, gloriar-me-ei 
no que diz respeito à minha fraqueza. 
 
Gál 6:14 Mas longe esteja de mim gloriar-me, 
senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela 
qual o mundo está crucificado para mim, e eu, 
para o mundo. 
 
 
 
 
11 
 
A Glória do Evangelho 
 
O que se costuma pensar quando se ouve a 
palavra evangelho? 
Amar o próximo, cuidar dos necessitados, 
professar a religião cristã, ter comunhão na 
igreja, etc. 
O evangelho pode englobar tudo isto e muito 
mais pensamentos do mesmo tipo, todavia não 
é nisto que reside a sua grande glória; pois aqui 
se fala de algumas consequências do efeito 
produzido pelo evangelho em nós, mas não 
aquilo que ele é em essência. 
O simples significado etimológico da palavra 
evangelho não é de muita ajuda para definir a 
glória a ele inerente, porque o anúncio de boas 
notícias, ou boas novas, como se traduz esta 
palavra grega não expressa ainda que notícias 
são estas, e qual é a sua extensão, profundidade 
e significado. 
Em que consiste então a glória do evangelho? 
Primeiro e antes de tudo na própria pessoa de 
Jesus Cristo em sua relação com a obra de 
salvação dos pecadores, conforme anunciado 
pelo anjo aos pastores de Belém que lhes disse 
que trazia a “boa-nova de grande alegria” 
(evangelho), e que esta boa-nova se referia ao 
nascimento do Salvador recém-chegado ao 
mundo. 
Deus tudo criou para a sua glória, mas que glória 
pode receber de uma criação que se corrompeu 
pelo pecado e que foi amaldiçoada? Então, é por 
12 
 
meio de Cristo que todas as coisas estão sendo 
restauradas, de modo que o propósito de Deus 
relativo à criação seja cumprido. E como isto é 
feito por meio do evangelho, então pode ser dito 
que ele é também glorioso; todavia esta glória do 
evangelho é a glória do Deus bendito, e de 
Cristo, que são os autores e os consumadores do 
evangelho. 
Por isso o apóstolo se expressou nos seguintes 
termos: 
“segundo o evangelho da glória do Deus 
bendito, do qual fui encarregado.” (I Tim 1.11). 
“nos quais o deus deste século cegou o 
entendimento dos incrédulos, para que lhes não 
resplandeça a luz do evangelho da glória de 
Cristo, o qual é a imagem de Deus.” (2 Cor 4.4). 
“o mistério que estivera oculto dos séculos e das 
gerações; agora, todavia, se manifestou aos seus 
santos; aos quais Deus quis dar a conhecer qual 
seja a riqueza da glória deste mistério entre os 
gentios, isto é, Cristo em vós, a esperança da 
glória;”(Col 1.26,27). 
Assim a glória do evangelho é a do próprio 
Cristo; porque a glória de Cristo pode ser 
conhecida somente através do evangelho, e não 
por qualquer outro meio. 
Os cristãos são chamados pelo evangelho a 
conhecerem a glória que há em Cristo, a quem 
pertence toda a plenitude da glória, quer em sua 
pessoa, quer em todos os seus atos relativos à 
criação. 
13 
 
“para o que também vos chamou mediante o 
nosso evangelho, para alcançardes a glória de 
nosso Senhor Jesus Cristo.” (II Tes 2.14). 
Assim, as riquezas da glória que Deus quis dar a 
conhecer aos seus santos são reveladas no 
evangelho, e por ele aprendemos que toda esta 
riqueza se encontra na pessoa de Cristo. 
Daí se dizer que é Cristo em nós a esperança da 
glória. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
O Prazer Espiritual dos Que Servem a Deus 
 
Que nenhum homem construa sua esperança 
de ir para o céu em cima de desobediências a 
Deus. Isto é construir sobre a areia, e a areia não 
é um bom alicerce. Caso alguém construa sobre 
um tal alicerce, quando vier a inundação, ou 
seja, a perseguição, a força disto fará com que a 
casa caia. 
O sábio construtor faz da prática da Palavra de 
Deus o alicerce para a edificação da sua alma, e 
assim ele tem o seu prazer na lei do Senhor, e na 
Sua lei medita de dia e de noite. 
O verdadeiro santo não tem prazer na lei de 
Deus por intuição, mas por inspiração do 
Espírito Santo, que faz com que tenha todo o seu 
deleite na vontade de Deus expressada na Sua 
Palavra. 
Embora um filho de Deus, não possa servi-lo 
com perfeição, todavia ele serve de bom grado, 
pois sabe que a prática persistente da Palavra o 
tornará sábio para a salvação que está em Cristo 
Jesus e que é por meio da fé nele. 
Este prazer santo surge da predominância da 
graça no coração, quando esta o enche, por 
contemplarmos a Jesus e nos dispormos a 
obedecer os seus mandamentos. 
Assim, o cristão não olha para o serviço que 
presta ao Senhor como um mero dever, mas 
como um prazer e um privilégio, porque é assim 
que o Espírito Santo, em testificação com o seu 
espírito, faz com que ele se sinta. 
15 
 
O Principal Objetivo em Nossa Vida 
 
“Isto, porém, vos digo, irmãos: o tempo se 
abrevia; o que resta é que não só os casados 
sejam como se o não fossem; mas também os 
que choram, como se não chorassem; e os que 
se alegram, como se não se alegrassem; e os que 
compram, como se nada possuíssem; e os que se 
utilizam do mundo, como se dele não usassem; 
porque a aparência deste mundo passa.” (I Cor 
7.29-31) 
 
O apóstolo Paulo chama a nossa atenção para o 
que é principal: “Irmãos, o tempo é curto", e, 
portanto, se ocupem com estas coisas como se 
vocês não as tivessem porque a aparência deste 
mundo passa. Esta é a razão pela qual ninguém, 
senão um verdadeiro cristão pode relacionar-se 
moderadamente com as coisas deste mundo. 
Por quê? Porque ninguém, senão um cristão fiel 
tem um objetivo principal que permeia toda a 
sua vida; ele busca o céu e a felicidade, porque 
isto estará com ele mais tarde e para toda a 
eternidade. 
Por isso a sua fé permeia todos os assuntos: o 
casamento, compras, o mundo. E não deve se 
importar com se entristecer ou se alegrar, 
porque há um grande e principal objetivo em 
vista. 
Ele não será negligente na execução dos seus 
deveres, relativos ao casamento, ao uso do 
dinheiro, às suas funções neste mundo, 
16 
 
procurando sempre, em tudo, fazer o melhor 
com a ajuda e a direção do Espírito Santo, 
todavia, sempre terá este sentimento de que o 
Reino de Deus e a sua justiça, sempre deve 
ocupar o lugar principal em sua mente, coração 
e ações. 
Assim, não concentrará o principal de seus 
esforços em objetivos terrenos e passageiros, 
mas naqueles que se referem a Deus e às coisas 
espirituais e eternas, porque é isto o que lhe 
ordena o seu Senhor. 
Ele sabe que o tempo é curto, e portanto, deve 
ser moderado em todas as coisas deste mundo. 
O envolver-se em demasia com tudo o que 
respeita à vida que temos aqui embaixo 
conquista totalmente as nossas afeições por 
estas coisas, e não poderemos ter e manter o 
nosso amor a Deus acima de tudo e de todos, 
conforme é ordenado por Ele. 
Se temos um afeto desmedido por qualquer 
coisa desta vida, faremos todo o empenho para 
não perdê-la, e ficaremos fatalmente 
imobilizados e desmotivados caso aconteça a 
perda, o que é de se supor, que aconteça mais 
cedo ou mais tarde. 
Daí nosso Senhor ter afirmado tão categórica e 
expressamente: “Assim, pois, todo aquele que 
dentre vós não renuncia a tudo quanto tem não 
pode ser meu discípulo.” (Lucas 14.33); “Quem 
ama a sua vida perde-a; mas aqueleque odeia a 
sua vida neste mundo preserva-la-á para a vida 
eterna.” (João 12.25); “Quem ama seu pai ou sua 
17 
 
mãe mais do que a mim não é digno de mim; 
quem ama seu filho ou sua filha mais do que a 
mim não é digno de mim; (Mat 10.37). 
Deus não consentirá que nosso afeto por Ele 
esteja em competição com qualquer outra coisa 
ou pessoa deste mundo. 
Nada e ninguém deve ser motivo para que Ele 
não seja servido em primeiro lugar por nós. 
Nem bens terrenos, ou cônjuges, ou filhos, ou 
carreira, nem nossas tristezas, nem nossas 
alegrias, enfim, nada é nada. 
De tudo cuidaremos com zelo e amor, mas não 
deixaremos de tributar a honra, o culto, o 
serviço que são devidos ao Senhor, antes de tudo 
o mais. 
Sem este sentimento e prática de renúncia 
jamais poderemos servi-lo e amá-lo do modo 
pelo qual importa fazê-lo. 
E há uma urgência no uso que fazemos de nossa 
vida aqui embaixo porque a vida é curta, e o 
tempo do nosso encontro com o Senhor é certo, 
e ele julgará todas as nossas obras. 
E o que tivermos deixado de fazer para o Senhor 
não poderá ser recuperado, porque não 
poderemos voltar atrás e começar tudo de novo. 
 
 
18 
 
A Prosperidade do Espírito 
 
“Atos 8:1 E Saulo consentia na sua morte. 
Naquele dia, levantou-se grande perseguição 
contra a igreja em Jerusalém; e todos, exceto os 
apóstolos, foram dispersos pelas regiões da 
Judeia e Samaria. 
Atos 8:2 Alguns homens piedosos sepultaram 
Estêvão e fizeram grande pranto sobre ele. 
Atos 8:3 Saulo, porém, assolava a igreja, 
entrando pelas casas; e, arrastando homens e 
mulheres, encerrava-os no cárcere. 
Atos 8:4 Entrementes, os que foram dispersos 
iam por toda parte pregando a palavra.” 
 
Permitisse o Senhor que acontecesse agora no 
Brasil – que o Senhor não o permita - o que 
sucedeu nos primeiros dias Igreja, quando era 
pura e sem mancha, sob a instrução dos 
apóstolos, conforme se vê no relato da 
perseguição que explodiu contra os cristãos 
logo depois do martírio de Estevão, 
continuaríamos sustentando a chamada 
doutrina da prosperidade material, conforme é 
ensinada e afirmada pela grande maioria das 
igrejas em nossos dias? 
Expatriados, sem bens, aprisionados, 
martirizados, permaneceram os crentes 
primitivos pregando a fé em Jesus Cristo para a 
salvação e santificação de vidas. 
Já haviam antes confirmado que estavam 
desmamados dos prazeres deste mundo quando 
19 
 
tiveram por motivo de grande alegria serem 
espoliados de seus bens e sofrido por causa do 
nome do seu Senhor. 
Havia neles abundante graça e não havia 
necessitados entre eles porque repartiam os 
seus bens a todos quantos tinham necessidades 
(Atos 4.32-34). 
“Porque não somente vos compadecestes dos 
encarcerados, como também aceitastes com 
alegria o espólio dos vossos bens, tendo ciência 
de possuirdes vós mesmos patrimônio superior 
e durável.” (Heb 10.34) 
Fosse a bênção de Deus ter muitas coisas deste 
mundo, os ímpios seriam os mais abençoados, 
porque é notório que se acha entre eles os que 
são mais ricos e poderosos segundo o mundo. 
Fosse a mera contribuição financeira para 
alguma igreja ou obra missionária, sem o 
acompanhamento de um crescimento pessoal 
na graça e no conhecimento de Jesus Cristo, o 
suficiente para nos darmos por satisfeitos com 
Cristo e ele conosco, estaríamos incorrendo em 
grosseiro autoengano. 
Fosse a acumulação de bens terrenos o sinal do 
agrado de Deus para conosco, dissociado de um 
viver segundo o que nos é ordenado na Palavra, 
onde estaria a verdadeira igreja de Cristo agora? 
Certamente de braços dados com o mundo, 
porque é o mundo que busca o que é terreno e 
não o que é celestial, divino e espiritual. 
20 
 
“Mat 6:31 Portanto, não vos inquieteis, dizendo: 
Que comeremos? Que beberemos? Ou: Com 
que nos vestiremos? 
Mat 6:32 Porque os gentios é que procuram 
todas estas coisas; pois vosso Pai celeste sabe 
que necessitais de todas elas; 
Mat 6:33 buscai, pois, em primeiro lugar, o seu 
reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos 
serão acrescentadas.” 
Por que o Senhor repreende a Igreja de 
Laodiceia e a todos os cristãos que se 
identificam com os seus hábitos? Não é 
porventura por conta da falta desta verdadeira 
piedade e santificação no viver cotidiano, pela 
negação do ego, pelo carregar da cruz e seguir 
os mesmos passos de Jesus? 
 
 
 
 
21 
 
Horrorizai-vos ó Céus! 
 
“1Pe 2:9 Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio 
real, nação santa, povo de propriedade exclusiva 
de Deus, a fim de proclamardes as virtudes 
daquele que vos chamou das trevas para a sua 
maravilhosa luz; 
1Pe 2:10 vós, sim, que, antes, não éreis povo, mas, 
agora, sois povo de Deus, que não tínheis 
alcançado misericórdia, mas, agora, alcançastes 
misericórdia.” 
 
“Atos 3:11 Apegando-se ele a Pedro e a João, todo 
o povo correu atônito para junto deles no 
pórtico chamado de Salomão. 
Atos 3:12 À vista disto, Pedro se dirigiu ao povo, 
dizendo: Israelitas, por que vos maravilhais disto 
ou por que fitais os olhos em nós como se pelo 
nosso próprio poder ou piedade o tivéssemos 
feito andar?” 
 
Isto sempre existiu, mas o que está ocorrendo 
agora é estarrecedor! 
Os céus se recolhem em indignação pela 
ignomínia contra o santo e elevado nome de 
Jesus Cristo. Os anjos desviam a sua face para 
não verem a grande desonra que é feita ao Deus 
Altíssimo. 
Pessoas que se levantam em nome de Cristo 
para proclamarem a si mesmas e não as virtudes 
daquele que as chamou das trevas para a sua 
maravilhosa luz. 
22 
 
Desfilam diante dos incautos a exibição dos seus 
supostos e próprios poder e piedade, e se 
gloriam ante a admiração e louvores que 
recebem sem terem pregado o genuíno 
evangelho, diferentemente do apóstolo Pedro, 
que o havia aprendido diretamente de Cristo e 
pela genuína instrução do Espírito Santo. 
Furtam de Deus e de nosso Senhor Jesus Cristo 
a glória que é devida exclusivamente a eles. 
Gostam de desfilar como estrelas da mídia, 
anunciando a si mesmos, e usando o nome de 
Jesus por pretexto. 
Esquecidos da pedra de onde foram cortados, 
porque antes nem sequer eram povo de Deus, 
mas foram alcançados pela exclusiva e muita 
misericórdia de Deus para com eles, em razão 
dos seus muitos pecados e a condição de 
pecadores que ainda carregamos conosco até 
que sejamos livrados completamente disto pelo 
nosso encontro com o Senhor no céu. 
Falta-lhes a humildade que havia em Pedro, e o 
seu reconhecimento que deveria rejeitar com 
toda a ênfase o louvor que as pessoas queriam 
devotar a ele e a João, por conta de terem sido os 
instrumentos de Jesus para que o coxo de 
nascença fosse curado à porta do templo. 
Horrorizai-vos ó céus, porque os dias 
trabalhosos são chegados a nós na sua maior 
intensidade! 
 
 
 
23 
 
A Boa Vontade Perfeita de Deus 
 
Somos incentivados a sermos sinceros 
suplicantes decididos a receber as graças do 
Espírito de Deus, porque temos a certeza de que 
ele está disposto a concedê-las. 
Nosso Salvador nos encoraja a fazê-lo, quando 
usou a ilustração de um pai, que não pode ir 
contra a natureza e se livrar de suas afeições 
para negar atender às necessidades de seu filho, 
e não lhe dará para a sua subsistência uma pedra 
em lugar de pão, ou uma serpente no lugar de 
peixe. 
Assim, se o homem que possui uma natureza 
terrena má, decaída no pecado, se apressa a 
atender de boa vontade às necessidades de seu 
filho, quanto mais Deus, que é o Pai 
perfeitamente amoroso, que possui uma 
natureza santa e bondosa, jamais deixará de dar 
o Espírito Santo e as graças do Espírito, àqueles 
que o desejarem como uma necessidade 
essencial a ser atendida em suas vidas. 
Ainda que por vezes, Deus coloque a nossa busca 
do Espírito Santo, à prova, parecendo não estar 
disposto a não concedê-lo a nós, devemos agir 
como a mulher da parábola do Juiz Iníquo, que 
insistente e importunamente continuou lhe 
clamando que julgassea sua causa com justiça. 
E a conclusão que nosso Senhor apresenta para 
esta parábola é a de que, se um juiz ímpio, que 
não age de bom grado, não deixou de atender 
àquela mulher pelo motivo de não continuar 
24 
 
sendo importunado, diferentemente dele, Deus 
que tem prazer e boa vontade em nos atender, 
quando recorremos ao seu Trono de Graça, à 
busca da justiça eterna para as nossas vidas, 
justiça pela qual podemos ser transformados à 
imagem e semelhança de Jesus, jamais deixará 
de conceder isto àqueles que o buscarem com 
um coração realmente desejoso de obtê-lo, o 
que poderão demonstrar pela insistência em 
pedi-lo até que o tenham recebido. 
Não devemos portanto, conceber ou atribuir a 
Deus qualquer inclinação para ser indiferente a 
nós, ou então para agir de má vontade para 
conosco. A Sua inclinação é sempre para fazer o 
bem, assim como uma mãe se aplica com 
cuidado e carinho para alimentar os seus filhos, 
e para satisfazer todas as suas necessidades, 
para que sejam saudáveis em tudo. 
O Senhor colocou esta inclinação nos pais para 
que possamos entender por quais sentimentos 
ele é dirigido na sua relação com os seus filhos. 
E assim como os pais terrenos negam a seus 
filhos aquilo que possa ser prejudicial à sua 
saúde ou desenvolvimento pessoal, de igual 
modo nosso Pai celestial agirá em relação a nós, 
nos negando aquelas coisas que possam 
enfraquecer ou prejudicar o desenvolvimento 
do homem interior, que recebemos no novo 
nascimento (regeneração) do Espírito Santo. 
Portanto tudo o que lhe pedirmos com as 
pirraças do velho homem, não pode estar 
contemplado na promessa, e seremos por Ele 
25 
 
disciplinados, assim como os pais terrenos 
fazem com seus filhos pirracentos. 
Busquemos as coisas do Espírito Santo, o reino 
de Deus e a sua justiça, e todas as nossas demais 
necessidades serão atendidas por Deus, na 
forma de acréscimo àquelas coisas espirituais 
que devemos buscar em primeiro lugar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
26 
 
Se Não Perder Não Ganhará 
 
“João 12:24 Em verdade, em verdade vos digo: se 
o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica 
ele só; mas, se morrer, produz muito fruto. 
João 12:25 Quem ama a sua vida perde-a; mas 
aquele que odeia a sua vida neste mundo 
preservá-la-á para a vida eterna.” 
 
Se formos interpretar de modo literal a verdade 
proferida nas palavras de nosso Senhor Jesus 
Cristo - de que quem ama a vida a perde, e de que 
quem a odeia a preserva para a vida eterna – 
poderemos pensar que está sendo afirmado 
algum tipo de absurdo, e na verdade o seria caso 
o sentido destas palavras fosse interpretado 
segundo a razão natural e comum do mundo; 
todavia elas expressam de forma resumida o 
grande segredo de se alcançar a vida eterna não 
somente para este mundo quanto para o 
vindouro. Porque importa que sejam 
interpretadas em seu significado espiritual, 
com a ajuda da iluminação do Espírito Santo, 
que é o único que pode nos tornar capazes de 
discernir espiritualmente as realidades que são 
espirituais. 
Primeiro, Jesus aplicou este ensino do céu ao 
seu próprio caso, pois não viveu para fazer a sua 
própria vontade, senão a de Deus Pai que o 
enviou para morrer no nosso lugar. 
Ele se esvaziou completamente e tomou a forma 
humana e de servo, não sendo dirigido pelo seu 
27 
 
próprio ego, mas pelo Espírito Santo que o 
guiava em tudo. 
Jesus não é somente a vida eterna, a sua fonte, 
como também o caminho e a verdade que nos 
conduzem também à vida eterna, pelo mesmo 
caminho que ele seguiu. 
O morrer para o eu, para se viver pela vontade e 
poder de Deus é o grande segredo disto, que 
Jesus veio revelar em si mesmo. Por isso ele 
venceu a morte, e não pôde a sua vida ser retida 
pelo sepulcro, e se encontra agora assentado em 
glória à destra do Pai no céu, intercedendo 
continuamente por nós, para que alcancemos a 
vida eterna e que a vivamos do modo digno pelo 
qual importa ser vivida. 
Agora, em relação a nós, quão indispostos 
somos a fazer morrer o modo de viver pelo 
nosso ego, quão apegados somos à nossa 
vontade e ao mundo, e então necessitamos - 
diferentemente do Senhor Jesus que não tinha 
qualquer pecado – de mortificar a nossa 
natureza terrena pecaminosa, para que tendo a 
nossa mente renovada, possamos conhecer de 
modo experimental a boa, perfeita e agradável 
vontade de Deus, pela qual somos santificados. 
Perdas de entes queridos e coisas que amamos 
nos causam grande sofrimento, e por isso 
tememos abandonar esta coisa que é a primeira 
em ordem a amarmos mais do que tudo, a saber, 
o nosso modo de viver neste mundo, ao qual 
nosso Senhor se refere como algo que devemos 
aprender a odiar, porque está cheio de hábitos e 
28 
 
desejos que são contrários à justiça e santidade 
de Deus. 
Então, se não odiarmos esta vida pecaminosa 
mundana, a nossa condição espiritual 
permanece sendo de morte, que por fim virá a 
ser morte eterna, e não vida eterna, conforme é 
prometido àqueles que a odiarem, por amarem 
o modo de vida celestial, espiritual e divino. 
Em muitos outros textos da Bíblia vemos esta 
verdade de João 12.24,25, sendo reafirmada, e 
para nossa apreciação, estamos destacando 
alguns deles a seguir: 
 
Mateus 16:25 Porquanto, quem quiser salvar a 
sua vida perdê-la-á; e quem perder a vida por 
minha causa achá-la-á. 
 
Mateus 10:39 Quem acha a sua vida perdê-la-á; 
quem, todavia, perde a vida por minha causa 
achá-la-á. 
 
Lucas 14:26 Se alguém vem a mim e não 
aborrece a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e 
irmãos, e irmãs e ainda a sua própria vida, não 
pode ser meu discípulo. 
 
Lucas 17:33 Quem quiser preservar a sua vida 
perdê-la-á; e quem a perder de fato a salvará. 
 
 
 
 
29 
 
Para a Glória de Deus em Cristo Jesus 
 
“Se alguém fala, fale de acordo com os oráculos 
de Deus; se alguém serve, faça-o na força que 
Deus supre, para que, em todas as coisas, seja 
Deus glorificado, por meio de Jesus Cristo, a 
quem pertence a glória e o domínio pelos 
séculos dos séculos. Amém!” (I Pe 4.11) 
 
Para ser glorificado, Deus determinou em seu 
conselho eterno que na dispensação do 
evangelho somente lhe será aceitável aquilo 
que fizermos por meio de Jesus Cristo, porque 
tem designado ao seu Filho Unigênito a glória e 
o domínio eterno. 
Adorar a Deus em espírito e em verdade, 
conforme nosso Senhor ensinou que importa 
fazê-lo, somente poderá ser uma adoração 
verdadeira quando estiver baseada na própria 
pessoa e poder de Jesus Cristo, e em tudo o que 
ele nos ensinou quanto ao que devemos ser e 
fazer, em todo o procedimento santo, segundo a 
verdade que ele definiu como sendo a Palavra de 
Deus em Jo 17.17. 
A adoração verdadeira não consiste portanto 
somente em louvor ou em palavras que 
afirmemos relativas à mesma, mas aquilo que 
tem sido implantado por Cristo em nossas vidas 
e obras. 
1Co 10.31: Portanto, quer comais, quer bebais ou 
façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a 
glória de Deus. 
30 
 
Se não for Deus quem ocupe o lugar mais 
elevado em nossos pensamentos, que glória ele 
poderá receber da nossa parte? 
Não pode haver verdadeiro culto de adoração a 
Deus quando ele ultrapassa os limites daquilo 
que foi instituído e revelado pelo próprio Deus 
em sua Palavra para tal propósito. 
Não foi sem motivo que a Moisés foi ordenado 
que tudo fizesse segundo o modelo do 
tabernáculo que Deus lhe havia mostrado no 
Monte Sinai. 
 
Êxo 25:9 Segundo tudo o que eu te mostrar para 
modelo do tabernáculo e para modelo de todos 
os seus móveis, assim mesmo o fareis. 
 
Êxo 25:40 Vê, pois, que tudo faças segundo o 
modelo que te foi mostrado no monte. 
 
Heb 8:5 os quais ministram em figura e sombra 
das coisas celestes, assim como foi Moisés 
divinamente instruído, quando estava para 
construir o tabernáculo; pois diz ele: Vê que 
faças todas as coisas de acordo com o modelo 
que te foi mostrado no monte.Por tudo isso entendemos que na igreja tudo 
deve estar de acordo com o padrão prescrito na 
Palavra de Deus, para que possamos render-lhe 
um culto e serviço de adoração que lhe sejam 
aceitáveis e agradáveis. 
Neste padrão prescrito na Palavra temos a 
ordenança de tudo fazer com fervor, por amor 
31 
 
ao Senhor, com toda a nossa força, alma e 
coração. Adoramos a Deus nos esforçando para 
conhecer o melhor modo de desempenharmos 
a função designada a nós por ele para servirmos 
ao corpo de Cristo, com todo empenho e 
diligência. 
Onde todas estas coisas referidas estiverem 
faltando poder-se-á afirmar que há ali um 
verdadeiro culto de adoração a Deus? 
Devemos refletir muito sobre tudo isto para que 
não nos enganemos a nós mesmos ou para que 
não permitamos ser enganados por outros 
quanto ao significado da verdadeira adoração e 
glorificação do nome de Deus. 
O culto a Deus não é um show, uma 
representação teatral, mas vidas santificadas 
que se apresentam como sacrifícios vivos no 
altar do tabernáculo celestial, e uma das 
melhores formas de se evidenciar se temos de 
fato feito isto, é por suportarmos com paciência, 
pelo poder da graça de Cristo, todas as 
tribulações pelas quais passemos neste mundo, 
por motivo de fidelidade a Deus e ao evangelho. 
Afinal, isto pode ser feito somente quando 
estamos debaixo do poder de Jesus Cristo por 
estarmos em comunhão com ele, e é nisto que o 
Pai é glorificado, porque houve o louvor da 
glória da sua graça que nos foi dada em Cristo, a 
qual nos assistiu em todas as nossas provações, 
fortalecendo-nos e dando paz e alegria aos 
nossos corações. 
 
32 
 
O Culto Racional a Deus 
 
Não podemos servir a Deus corretamente e de 
modo aceitável, a menos que nós o adoremos 
regularmente, e como podemos fazer isso, se 
formos ignorantes dos fundamentos da fé que 
são radicados na Sua Palavra? Estaremos longe 
de oferecer um "culto racional" a Deus, Rom 12.1, 
se não entendermos os fundamentos da fé 
cristã. Como o culto pode ser racional quando 
falta isto? Os fundamentos da nossa fé 
enriquecem a mente: é uma lâmpada para os 
nossos pés, que nos dirige em todo o curso do 
Cristianismo, como o olho dirige o corpo. O 
conhecimento dos fundamentos é a chave de 
ouro que abre os principais mistérios da fé. Daí 
ser tão enfatizada a necessidade de revelação 
para o conhecimento da vontade de Deus, como 
o apóstolo o expressa na sequência de Rom 12.1, 
pela apresentação de nossos corpos como 
sacrifícios vivos a Deus, pela renovação da nossa 
mente pela Palavra pelo seu Espírito, de modo 
que não conformados ao mundo, ou seja, 
estando santificados, possamos conhecer qual 
seja a Sua boa, perfeita e agradável vontade em 
relação a tudo o que revelou nas Escrituras, para 
que possamos cultuá-lo da forma correta e 
aceitável, que o apóstolo chama de “culto 
racional”, ou seja, não baseado em sentimentos, 
emoções, imaginações, e pensamentos 
oriundos do próprio homem, e não na verdade, 
como ela se encontra em Cristo Jesus, e revelada 
33 
 
na sua Palavra. Muito deste culto racional se 
refere à nossa transformação à imagem de 
Cristo, pela mortificação do pecado e 
revestimento das virtudes do Senhor 
(humildade, mansidão, ternura, bondade, amor, 
alegria, longanimidade, justiça, misericórdia 
etc). Há muito fogo estranho sendo oferecido no 
templo do Espírito que é o nosso próprio corpo. 
Quanto o Espírito é agravado e entristecido com 
isto, e somente não somos consumidos como 
foram os dois filhos de Arão no passado, porque 
estamos numa dispensação onde Deus tem sido 
completamente longânimo para com as nossas 
negligências e ignorância. Mas 
permaneceremos no erro, tendo uma vez sido 
iluminados em nosso entendimento que há um 
modo correto de se viver para Deus e cultuá-lo? 
Nosso Senhor afirmou a necessidade de 
estarmos firmemente fundados com nossa casa 
espiritual sobre a rocha do conhecimento e 
prática da Palavra. Para isto é necessário cavar 
profundamente nas Escrituras para chegarmos 
ao fundamento (Cristo) para que sejamos 
edificados pelo Espírito mediante a Palavra 
exata do evangelho. Pelo que e como interceder 
se não sabemos o que é e o que não é aprovado 
por Deus? Como disciplinar e exortar se não 
tivermos a régua do conhecimento celestial e 
divino, pela qual as ações devem ser medidas 
com amor, misericórdia e longanimidade? Se a 
semente da graça da nova criatura que foi 
implantada em nós não estiver devidamente 
34 
 
arraigada na Palavra, a planta da nova vida não 
crescerá e dará frutos, por falta de raízes fortes 
e firmes. Quando não se possui a plenitude da 
Palavra, que é a única coisa que pode satisfazer à 
alma, esta buscará o seu contentamento em 
novidades vãs, e formas de culto sensual, que 
jamais poderão mantê-la naquela paz e vida que 
Cristo veio nos dar. Se não houvesse a 
necessidade do devido aprendizado da Palavra, 
por que então Deus levantaria, pastores e 
mestres, entre outros ministérios, com o 
propósito de fazê-lo? 
 
 
 
35 
 
Ninguém se Sinta Excluído 
 
Deus demanda de nós a santidade, mas ao 
mesmo tempo fez a promessa de ser 
misericordioso para com todos os nossos 
pecados e iniquidades, e que não se lembrará 
deles e não os colocará em nossa conta para 
condenação, desde que nos voltemos para Ele 
por meio da fé em Jesus Cristo. 
Desta forma, quando falamos sobre vida 
santificada, sobre a necessidade do crescimento 
espiritual em santificação, ninguém, por maior 
pecador que seja, deve se sentir excluído da 
possibilidade de ter todos os seus pecados 
perdoados e ser reconciliado com Deus para 
sempre, porque isto é obtido pelo simples 
arrependimento e fé em Jesus Cristo. 
Porque foi para este propósito mesmo que ele 
veio a este mundo, para morrer em nosso lugar, 
de modo a satisfazer a exigência da justiça 
perfeita de Deus, de que não pode haver 
qualquer culpa naqueles que viverão em 
comunhão com ele para sempre. 
Tendo Jesus removido a nossa culpa na sua 
morte na cruz, pela fé nele, somos considerados 
inculpáveis por Deus, que nos dá o selo desta 
promessa fazendo habitar em nós Espírito Santo 
para operar a nossa transformação e 
santificação. 
 
 
 
36 
 
A Melhor Escolha 
 
“Lucas 10:38 Indo eles de caminho, entrou Jesus 
num povoado. E certa mulher, chamada Marta, 
hospedou-o na sua casa. 
Lucas 10:39 Tinha ela uma irmã, chamada 
Maria, e esta quedava-se assentada aos pés do 
Senhor a ouvir-lhe os ensinamentos. 
Lucas 10:40 Marta agitava-se de um lado para 
outro, ocupada em muitos serviços. Então, se 
aproximou de Jesus e disse: Senhor, não te 
importas de que minha irmã tenha deixado que 
eu fique a servir sozinha? Ordena-lhe, pois, que 
venha ajudar-me.” 
 
Essa história é completa em si mesma. Cristo 
tinha feito o bem por todos os lugares que 
passava, sendo isto todo o seu objetivo e ofício. E 
agora a providência e o santo amor divino o 
direcionaram a estas duas mulheres, que lhe 
haviam recebido antes em seus corações, e 
agora em sua casa; e ele lhes preparou um 
banquete mais gracioso do que elas poderiam 
lhe dar. 
Maria sentou-se aos pés de Jesus, sabendo que 
como de costume dos seus lábios sempre 
gotejava mirra preciosa em suas palavras 
graciosas, Cantares 5.13, e, portanto, ela se 
esqueceu de todas as demais coisas. 
A partir da ida de Cristo a essas mulheres 
observe que onde Deus tem começado um 
trabalho da graça, ele não irá interrompê-lo, 
37 
 
mas o aperfeiçoará até o dia do Senhor; e enviará 
os seus servos, os profetas, para efetuá-lo. 
Isto deve nos encorajar a nos esforçarmos para 
crescer na comunhão uns com os outros, se 
professamos ser guiados pelo mesmo Espírito 
pelo qual Cristo foi guiado. 
Os lábios do justo são agradáveis, e suas línguas 
são prata refinada. Às vezes, o pecado do homem 
faz com que a instrução seja inoportuna, e é 
lamentável lançar pérolas aos suínos, Mat 7.6. 
Assim, para não priorizarmosoutros interesses 
em relação à instrução que devemos buscar em 
Cristo, devemos aprender a escolher esta 
melhor parte, assim como Maria fizera no 
passado. 
Para tanto, devemos lamentar a nossa apatia e 
pedir a Deus a influência espiritual, que pode 
nos tornar dispostos. 
Não devemos impedir que os nossos afazeres 
cotidianos nos impeçam de ouvir a Cristo, tal 
como Marta fizera naquela ocasião. 
Ela estava preocupado em servir, mas não 
estava disposta a dar atenção a Cristo, porque 
considerou mais importante continuar 
preparando a refeição. 
"E Jesus, respondendo, disse-lhe: “Marta, 
Marta". 
Estas e as palavras que se seguiram contêm uma 
reprovação a Marta. O Senhor a chamou 
gentilmente pelo seu próprio nome. Cristo viu 
nela uma mistura do bem com o mal, e portanto, 
repetiu o nome dela, antes de lhe dizer: “Andas 
38 
 
inquieta e te preocupas com muitas coisas. 
Entretanto, pouco é necessário ou mesmo uma 
só coisa; Maria, pois, escolheu a boa parte, e esta 
não lhe será tirada.” (Luc 10.41,42). 
É provável que Marta tenha se sobrecarregado 
com um peso maior do que ela poderia suportar. 
Ninguém lhe havia imposto aquele fardo, e 
muito menos Deus o faria, mas ela o tomou por 
sua própria escolha. 
Então movida pelo orgulho teve a ousadia de 
repreender o próprio Senhor por julgá-lo como 
indiferente à sua aflição e não ter, segundo ela, 
sido sensível o bastante para repreender sua 
irmã Maria por estar Lhe ouvindo, para que ela 
o deixasse e fosse ajudá-la nos afazeres 
domésticos. 
Ainda hoje, quantos irmãos em Cristo, 
especialmente irmãs, são tentados a se 
queixarem de Cristo por não terem tempo de 
ouvi-lo por causa de suas muitas tarefas 
domésticas e outros tipos de afazeres? 
É preciso estar vigilante contra isto, porque 
Cristo não nos impede de darmos conta de 
nossas ocupações, ao contrário nos ordena isto, 
e nos fortalece e capacita para a sua realização, 
mas a Sua lei jamais mudará de que Deus e o Seu 
reino devem vir em primeiro lugar, em relação 
a tudo o mais. 
A ansiedade apaga a fé, e sem fé é impossível 
agradar a Deus. 
Por isso nosso Senhor primeiro repreendeu 
Marta para que pudesse depois instruí-la, 
39 
 
dizendo-lhe que ela deveria como sua irmã 
Maria se esforçar para estar a Seus pés, porque 
somente uma coisa é necessária para 
agradarmos a Deus, que é esta de estarmos 
sempre ao seu dispor, amando-o acima de todas 
as demais coisas. 
Se fizermos tudo neste mundo e se viermos a 
faltar nisto que é vital, somos a mais miserável 
de todas as criaturas, porque somente o ser 
humano tem uma alma para ganhar ou perder. 
O que dará o homem em troca da sua alma? 
De que vale ganhar o mundo inteiro e vir por fim 
a perder a alma? 
Por isso nosso Senhor mostrou a Marta qual era 
a sua doença e por amor lhe ministrou o 
remédio adequado. 
Antes de escrever este texto, ainda ontem eu 
meditava sobre o imenso valor que há em se ter 
o privilégio de se estar debaixo da instrução de 
ministros fiéis que pregam o verdadeiro 
evangelho de Jesus e que mantêm permanente 
comunhão com Deus. Eles são os portadores da 
riqueza de inestimável valor que é a Palavra pela 
qual somos gerados novas criaturas. 
Eles nos dão acesso de graça e pela graça à maior 
graça que pode e deve ser alcançada para se ter 
vida eterna. 
É portanto uma bem-aventurança poder 
frequentar as reuniões de oração e adoração 
onde Cristo é realmente exaltado, porque se 
tem ao alcance da mão o maior tesouro de todo 
o universo, o único capaz de enriquecer para 
40 
 
sempre o nosso espírito, ressuscitando-o de 
entre os mortos para provar da vida do próprio 
Deus. 
E enquanto Maria estava debaixo desta 
experiência, Marta estava ainda sem 
experimentá-la ou então se afastando da mesma 
por conta de sua visão que era carnal naquela 
ocasião. 
Lembremos que todas as coisas pertencentes a 
este mundo e à vida que temos em nossa relação 
com ele, nos serão tiradas um dia, mas todas as 
coisas que temos recebido por meio da nossa fé 
em Jesus Cristo jamais poderão ser tiradas de 
nós, seja até mesmo pela morte, ou por poderes 
do inferno, ou por tribulações, angústias ou pelo 
que for, conforme nos ensina Paulo em 
Romanos 8. 
 
“Entretanto, pouco é necessário ou mesmo uma 
só coisa; Maria, pois, escolheu a boa parte, e esta 
não lhe será tirada.” (Lucas 10.42) 
 
41 
 
Preservando a Ternura de Coração 
 
Para preservar a ternura de coração é 
necessário tomar cuidado com o mínimo 
pecado contra a consciência, porque o mínimo 
pecado deste tipo abre caminho para a dureza de 
coração. 
Pecados que são cometidos contra a consciência 
fazem obscurecer o entendimento, matam a 
afeição, e sugam a vida da nova criatura, de 
modo que ela não tenha força para resistir à 
menor tentação. 
E desses que pecam contra a consciência Deus 
tira o seu Espírito, e é nisto que consiste o apagar 
ou entristecer o Espírito que a Palavra tanto 
recomenda que tenhamos o cuidado de não 
fazer. 
O pecado contra a consciência nos levará de um 
grau de dureza de coração para outro maior, e 
isto fará então com que sejamos insensíveis, 
inflexíveis e não moldáveis, porque ficamos 
alijados das operações da graça de Deus. 
O coração dantes sensível ao peso do menor 
pecado, agora, estando endurecido suportará 
em graus sucessivos o peso de pecados 
abomináveis sem sentir qualquer tristeza ou 
arrependimento por isto. 
O coração sensível não suporta o peso de 
qualquer pecado, por menor que ele seja. 
Assim, deveríamos examinar nossos corações 
diariamente por meio deste critério de 
verificação, para que nos voltemos para Deus 
42 
 
pedindo-lhe humildemente que nos perdoe e 
restaure ao primeiro amor. 
Pecados contra a consciência a cauterizam de 
tal forma que ela fica insensível até mesmo às 
ameaças dos juízos de Deus constantes da Sua 
Palavra. 
 
1Tm 1:5 Ora, o intuito da presente admoestação 
visa ao amor que procede de coração puro, e de 
consciência boa, e de fé sem hipocrisia. 
 
1Tm 1:19 mantendo fé e boa consciência, 
porquanto alguns, tendo rejeitado a boa 
consciência, vieram a naufragar na fé. 
 
1Tm 3:9 conservando o mistério da fé com a 
consciência limpa. 
 
1Tm 4:2 pela hipocrisia dos que falam mentiras 
e que têm cauterizada a própria consciência, 
 
Heb 10:22 aproximemo-nos, com sincero 
coração, em plena certeza de fé, tendo o coração 
purificado de má consciência e lavado o corpo 
com água pura. 
 
1Pe 3:21 a qual, figurando o batismo, agora 
também vos salva, não sendo a remoção da 
imundícia da carne, mas a indagação de uma 
boa consciência para com Deus, por meio da 
ressurreição de Jesus Cristo; 
 
43 
 
O Grande Milagre 
 
O testemunho que dou a seguir, que poderia 
chamar de o grande milagre ou a vitória da fé, se 
refere às circunstâncias que acompanharam 
primeiro, um infarto do miocárdio que tive em 
2006, e depois, um câncer de intestino em 2010. 
Quando digo vitória da fé, não me refiro à 
capacidade de crer que seria curado, mas vitória 
da fé que é mediante a nossa comunhão com o 
Senhor Jesus Cristo. A fé que professamos nEle 
e em Sua Palavra. A fé que nos transformou em 
novas criaturas. 
Muito bem, o grande milagre não foi a cura 
propriamente dita, mas a grande paciência, paz 
e alegria sobrenaturais que me foram 
concedidas pelo poder da graça, que pude 
experimentar com a presença do Senhor 
durante todo o longo período de ambas 
enfermidades. 
Em nenhum dos casos fui impedido de 
ministrar e de continuar dando testemunho do 
grande amor e bondade do Senhor, porque era 
capacitado para isto pela graça de Jesus, e por 
vezes me surpreendia, quando nos cultos de 
adoração, me achava mais entregue ao louvor e 
adoração do Senhor, do que todos os demais 
membros da congregação que não padeciam de 
qualquer enfermidade. Ainda que não tivesse 
qualquer mérito para isto, senão por contar 
exclusivamente com a grande misericórdia e 
bondade deDeus. 
44 
 
Então o testemunho do grande milagre é este: 
Apesar de sermos pecadores limitados e 
imperfeitos, Deus é fiel em cumprir tudo o que 
nos tem prometido em sua palavra, de jamais 
nos desamparar ou abandonar, e de jamais nos 
deixar órfãos, pois estará conosco todos os dias, 
até a consumação dos séculos. 
 
“Seja a vossa vida sem avareza. Contentai-vos 
com as coisas que tendes; porque ele tem dito: 
De maneira alguma te deixarei, nunca jamais te 
abandonarei.” (Hebreus 13.5) 
 
“Não vos deixarei órfãos, voltarei para vós 
outros.” (João 14.18) 
 
“E eis que estou convosco todos os dias até à 
consumação do século.” (Mt 28.20) 
 
 
 
 
45 
 
O Sábio e Poderoso Controle de Deus nas Nossas 
Aflições 
 
“Acaso, é esmiuçado o cereal? Não; o lavrador 
nem sempre o está debulhando,”. (Isa 28:28a) 
 
A debulha da aflição não tem por propósito 
causar qualquer dano ao homem interior do 
cristão, porque o grão será mantido íntegro na 
debulha, e dele nada se perderá, senão somente 
a sua casca e palha. 
O trabalho do lavrador não é somente o de 
debulhar, mas também de preparar a terra, 
cultivá-la, plantar a semente e cuidar da 
plantação até que chegue o tempo da colheita. 
Ora, assim também procede em relação aos 
cristãos o Grande Agricultor que é Deus. 
As aflições dos homens ímpios torna-lhes mais 
orgulhosos, mas aquelas aflições que nos levam 
a orar mais e que nos levam para mais perto de 
Deus, tornando-nos mais semelhantes a Cristo, 
estas são aflições abençoadas. 
Por isso Davi disse: “Foi-me bom ter eu passado 
pela aflição, para que aprendesse os teus 
decretos." (Sl 119.71) 
Todas as aflições dos cristãos estão debaixo do 
controle de Deus, porque ele não permitirá que 
a pressão sobre o grão não exceda a medida 
adequada, de modo a não prejudicá-lo. Como 
dissemos antes, o seu objetivo é apenas o de 
remover o que não serve, a saber, a casaca do 
pecado, a palha dos maus hábitos e tudo aquilo 
46 
 
que impede o crescimento da graça que foi 
plantada por ele nos nossos corações. 
“Não vos sobreveio tentação que não fosse 
humana; mas Deus é fiel e não permitirá que 
sejais tentados além das vossas forças; pelo 
contrário, juntamente com a tentação, vos 
proverá livramento, de sorte que a possais 
suportar.” (I Cor 10.13) 
Temos um amplo testemunho nas vidas de 
muitos cristãos que saíram muito melhorados 
espiritualmente de suas aflições. 
É no nosso aperfeiçoamento espiritual até à 
plena semelhança com Cristo que Deus está 
interessado, porque foi para este propósito que 
ele nos criou. 
Quando usamos a fé que professamos para 
outros fins, estaremos certamente 
mercadejando a Palavra de Deus para objetivos 
interesseiros egoístas pecaminosos que 
afastarão os nossos ouvintes para muito além 
deste alvo proposto pelo Senhor para aqueles 
que desejam se aproximar dele. 
Assim, a paciência é recomendada na Bíblia 
para todas as aflições que experimentarmos 
porque é para este propósito que as provações 
nos são enviadas por Deus. 
“Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria 
o passardes por várias provações, sabendo que a 
provação da vossa fé, uma vez confirmada, 
produz perseverança. Ora, a perseverança deve 
ter ação completa, para que sejais perfeitos e 
íntegros, em nada deficientes.” (Tiago 1.3,4) 
47 
 
Se não nos armarmos do pensamento que 
devemos ser pacientes na tribulação e depositar 
toda a nossa confiança no Senhor, para sermos 
fortalecidos pela sua graça, certamente 
interromperemos a ação da nossa perseverança 
que deve ser completa, para que sejamos 
aprovados em nossas tribulações. 
 
 Devemos também nos encorajar com o 
pensamento verdadeiro de que estas aflições 
são designadas para durarem uma temporada, 
caso necessário, com vistas ao refinamento da 
nossa fé, I Pedro 1.6. Assim, devemos nos 
consolar com a certeza de que Deus proverá o 
escape, como ele tem sido fiel em fazê-lo com 
todos os seus servos ao longo de toda a história 
da Igreja. 
 
 
 
 
48 
 
O Trabalho do Grande Agricultor 
 
Até mesmo os eleitos de Deus são tolos, 
mundanos, avarentos, cheios de inveja, 
concupiscências, paixões, fraquezas, 
ignorância, e assim por diante. 
O arado de Deus trilhando seus corações lhes 
ajuda a terem uma terra melhor e mais fértil 
para as sementes da graça, e lhes dá força ao 
germinarem para fixarem bem suas raízes de 
forma a não serem prejudicadas pelas ervas 
daninhas, senão de outra forma, seriam 
destruídas. 
Assim, não devemos invejar aqueles que são 
poupados de aflições, e admirarmos o tipo de 
alegria carnal que eles possuem, porque diante 
de Deus são um campo estéril. 
O propósito de Deus nas aflições é o de remover 
o orgulho carnal dos nossos corações e 
vontades. 
Mas muitos dos filhos de Deus ainda clamam 
em seu sofrimento: “Oh quando haverá um final 
disto?” 
Neste caso, eu digo, veja até que ponto você tem 
se aplicado em observar à Palavra, veja em qual 
medida ela está enxertada no seu coração. 
Quando podemos ouvir a palavra com alegria, e 
os nossos esforços se aplicam desta forma, 
então estamos perto do fim da nossa aflição; 
quando o solo do coração estiver pronto para o 
crescimento da graça que foi plantada em nós 
pelo Espírito, então é chegada a hora. 
49 
 
E o fim da aflição não significará em muitos 
casos, necessariamente a solução do problema 
que nos afligia, mas a remoção do nosso 
abatimento, tristeza, quando o coração já não 
mais estará turbado com o problema, em razão 
do poder que nos é concedido por Deus para 
suportá-lo com alegria, paz e paciência. 
Temos visto isto em muitos casos de graves 
enfermidades experimentadas por servos do 
Senhor. 
Nisto conhecemos as aflições que nos vêm do 
amor de Deus, quando nos fazem ter amor à Sua 
Palavra, e nos apegarmos a ela. 
A Palavra de Deus é a semente da vida eterna 
que foi plantada em nós na nossa conversão, e 
que é poderosa para nos salvar. 
Jesus afirma expressamente na Parábola do 
Semeador que o solo é o nosso coração e que a 
semente é a Palavra. 
Assim, é nosso dever permitirmos o trabalho do 
grande Agricultor nas aflições que sofremos, 
para que esta semente germine, cresça e 
frutifique em abundância o fruto do Espírito que 
consiste em todas as virtudes conforme elas se 
encontram na pessoa de Cristo. 
 
 
 
 
 
 
 
50 
 
As Imperfeições da Igreja aqui neste Mundo 
 
“Eu estou morena e formosa, ó filhas de 
Jerusalém, como as tendas de Quedar, como as 
cortinas de Salomão. Não olheis para o eu estar 
morena, porque o sol me queimou. Os filhos de 
minha mãe se indignaram contra mim e me 
puseram por guarda de vinhas; a vinha, porém, 
que me pertence, não a guardei.” (Cantares 
1.5,6) 
 
O melhor dos santos de Deus, por mais alvo que 
esteja aqui embaixo, encontra-se num estado 
imperfeito; mas, 
apesar do estado de imperfeição dos cristãos, 
eles não devem ficar desanimados. 
Há uma glória e excelência nos santos de Deus, 
no meio de todas as suas imperfeições e 
decaimentos. 
Nos primeiros versículos do 5º capítulo de 
Cantares, a igreja tendo mostrado seu fervoroso 
amor e afeição por Cristo e anseio por uma 
comunhão mais próxima com ele, tendo 
também confessado e professado sua própria 
fraqueza e incapacidade de chegar até ele, por 
cuja causa ela diz, "Leva-me após ti, apressemo-
nos.", ela apresenta uma queixa contra aqueles 
que tentam desacreditá-la, aos quais chama de 
“filhas de Jerusalém”. 
Estas filhas às quais a igreja se dirige são como 
quem não possui a graça santificante ainda 
51 
 
nelas, ou que ao menos esta seja muito 
pequena). 
Ela (a igreja) se rendeu ao que foi dito: "Eu sou 
morena por que o sol me queimou”, isto é, 
minha condição aqui é imperfeita, sujeita ao 
pecado, à aflição; não bela, portanto, aos olhos e 
julgamentos carnais. 
Ela, nega o argumento, de ser portanto, 
desprezada pelos homens e rejeitada por Cristo 
como alguém que não tinha nada nele,ou 
melhor, os que se encontram extremamente 
queimados pelo sol podem ser belos e atraentes, 
e por isso ela diz no início do versículo que se via 
assim, interiormente rica e encantadora, como 
as tendas de Quedar e as cortinas de Salomão, e 
sabendo que podia estar sendo julgada de forma 
incorreta, se apressou em dizer: “não olheis 
para o eu estar morena”, ou seja, não me 
julguem de modo precipitado pelo que veem em 
mim. 
Temos então aqui a confissão da igreja que 
apesar de sua riqueza interior pela habitação 
que possui do Espírito de Deus, todavia ainda há 
imperfeições no homem exterior, no velho 
homem, em contraposição à perfeição da nova 
criatura em Cristo Jesus. 
Paulo revela em 1 Coríntios 13.9 esta condição de 
não existir uma perfeição completa da igreja 
enquanto neste mundo. Pois a promessa da sua 
plena perfeição será cumprida somente na volta 
daquele que é perfeito, a saber, Jesus, o Cabeça 
da igreja. 
52 
 
O apóstolo João também o confirma em I João 
1.8, onde é dito que "se dissermos que não temos 
pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, 
e a verdade não está em nós.” 
Então, até que chegue o dia da sua ressurreição, 
a igreja está com a pele ressecada pelo sol 
ardente do pecado e das aflições, e apresenta 
diversas imperfeições no seu exterior que leva 
muitos a criticá-la, até mesmo alguns que dela 
participam por desconhecerem a sua própria 
imperfeição e a verdade de que esta nos 
acompanhará todos até o dia da nossa morte. 
Os santos estão sujeitos a dores, vergonhas, seus 
corpos são vis, corruptíveis; em suas almas há 
muitos conflitos, corrupções em sua velha 
natureza, tentações, temores, tristezas; há 
falhas nos seus serviços, no seu 
arrependimento, fé, oração, etc. 
A igreja sabe então que é imperfeita, mas sabe 
também que Cristo a ama embora seja aqui 
imperfeita, porque há de completar a obra da 
qual tem se encarregado de apresentá-la a si 
mesmo no dia das bodas do Cordeiro no céu, 
sem mancha, ruga ou coisa semelhante. 
Então devemos olhar nossos pecados e falhas 
com tristeza, mas não devemos ser 
desencorajados por isto, deixando de prosseguir 
na busca da perfeição que nos está prometida e 
proposta por Deus. 
Temos um grande e poderoso libertador que 
ama seus filhos em meio a todas as suas 
deformidades. 
53 
 
Na continuidade do versículo 6 a igreja diz: “Os 
filhos de minha mãe se indignaram contra mim 
e me puseram por guarda de vinhas”; eles a 
injuriaram, e procuraram levá-la a cuidar dos 
interesses deles, de suas vinhas, de modo que 
ela diz que não pôde cuidar da sua própria vinha, 
ou seja, aquela que lhe fora designada pelo 
Senhor Jesus: “a vinha, porém, que me 
pertence, não a guardei.” Estes seus irmãos, 
filhos de sua mãe, têm o nome de irmãos, 
porque se passam por tais, mas são falsos, 
hipócritas, mestres orgulhosos do erro que se 
apoderam do rebanho de Cristo para desviar o 
coração de suas ovelhas da comunhão com Ele. 
Mas eles não logram êxito por muito tempo em 
seu intento, porque não é possível enganar os 
escolhidos do Senhor. Eles o conhecem e são 
por ele conhecidos, e ouvem a sua voz e o 
seguem, e não aos estranhos. 
Então, a igreja se expressa no versículo 7 
afirmando o seu amor e cuidado pelos 
interesses do seu Senhor: “Dize-me, ó amado de 
minha alma: onde apascentas o teu rebanho, 
onde o fazes repousar pelo meio-dia, para que 
não ande eu vagando junto ao rebanho dos teus 
companheiros.” 
 
 
 
 
 
 
54 
 
O Mal e o Perigo de Ofensas 
 
"Ai do mundo, por causa dos escândalos; porque 
é inevitável que venham escândalos, mas ai do 
homem pelo qual vem o escândalo!" (Mt 18.7) 
 
É muito evidente que nosso Senhor Jesus Cristo 
põe um peso muito grande sobre esta matéria 
relativa a ofensas, ele as representa como uma 
espada de dois gumes: 
1) "Ai do mundo por causa dos escândalos!” – O 
mundo que se escandaliza sem motivo, com 
Cristo e com o evangelho, e com o bom 
testemunho dos seus servos, e que por esta 
rejeição permanece debaixo de condenação. 
2) “Ai daquele por quem vem o escândalo!" – 
Aqueles que provocam escândalos, por 
carregarem o nome de Cristo, e que por não 
terem um procedimento condizente com a fé 
que professam ter, servem de motivo de tropeço 
para muitos que não vêm a Cristo ou que dele se 
afastam, por pensarem que ele tenha algo a ver 
com o comportamento desses insubordinados. 
John Owen assim se expressou quanto a isto: 
“Assim, nosso Senhor apresenta essas duas 
coisas juntamente. 
É necessário que haja ofensas; Deus as 
designou, e deve ser assim. 
Devemos portanto considerar para nós mesmos 
o tempo em que podemos estar certos que os 
escândalos serão abundantes, para que sejamos 
cautelosos quanto a isto. 
55 
 
Primeiro, é um tempo de perseguição. As 
ofensas serão abundantes em tempos de 
perseguição. 
Em segundo lugar, um tempo de grandes 
pecados é um momento de grandes escândalos, 
tanto contra um testemunho exemplar do 
evangelho, quanto em relação ao oposto disto. 
Isto, o Espírito Santo diz expressamente, que 
"nos últimos dias haverá tempos difíceis." Todos 
os perigos surgem de ofensas. E por quê? As 
concupiscências dos homens serão abundantes. 
Quando há uma abundância de concupiscências 
(cobiças), haverá uma abundância de delitos, 
que fazem com que os tempos sejam perigosos. 
Em terceiro lugar, quando há uma decadência 
das igrejas, quando crescem frias, é a hora dos 
escândalos abundarem: "por se multiplicar a 
iniquidade, o amor de muitos esfriará." Este é 
um tempo em que as ofensas abundarão; como 
todas as igrejas de Cristo parecem estar neste 
dia. Todas as virgens, sábias e tolas, estão 
dormindo. É o que eu lhes disse muitas vezes, e 
eu gostaria de poder dizer que eu lhes disse com 
choro, que estamos sob um decaimento 
lamentável, - caindo de nossa primeira fé, amor 
e obras. 
Agora, se todos estes tempos devem vir sobre 
nós - um tempo de perseguição, como ocorre 
agora em todo o mundo, diz o apóstolo: 
"Amados, não estranheis a ardente prova... 
certos de que sofrimentos iguais aos vossos 
estão-se cumprindo na vossa irmandade 
56 
 
espalhada pelo mundo”, um tempo de 
abundância de grandes pecados nos homens; e 
um tempo de grandes decaimentos em todas as 
igrejas, - se é assim conosco, com certeza é 
muito bom para nós atentarmos para a 
advertência de nosso Salvador: "Acautelai-vos 
dos escândalos". 
Deus designou Cristo para ser a maior ofensa no 
mundo, Isaías 8.14. Ele foi designado para ser 
uma pedra de tropeço e uma rocha de 
escândalo, - uma ofensa insuperável. A pobreza 
de Cristo no mundo e sua cruz seriam rocha de 
escândalo, na qual os judeus e os gentios 
tropeçaram e caíram, e se arruinaram por toda 
a eternidade.” 
Jesus nunca ofendeu a ninguém mas foi tomado 
indevidamente por muitos como sendo uma 
ofensa, um escândalo. 
E assim também seus discípulos têm da parte de 
Deus apenas esta única concessão de serem 
motivo de escândalo para alguns do mundo, por 
causa do bom testemunho que eles dão, na sua 
identificação com o Seu Salvador e Senhor. 
Agora, devemos ter cuidado quanto a todas as 
demais formas de escândalos (ofensas) que são 
causadas, especialmente contra as consciências 
de irmãos ainda fracos na fé. Mesmo que estas 
ofensas sejam causadas por uma má aplicação 
da verdade. 
“Acolhei ao que é débil na fé, não, porém, para 
discutir opiniões.” Rom 14.1. 
57 
 
“Tu, porém, por que julgas teu irmão? E tu, por 
que desprezas o teu? Pois todos 
compareceremos perante o tribunal de Deus. 
Como está escrito: Por minha vida, diz o Senhor, 
diante de mim se dobrará todo joelho, e toda 
língua dará louvores a Deus. Assim, pois, cada 
um de nós dará contas de si mesmo a Deus. Não 
nos julguemos mais uns aos outros; pelo 
contrário, tomai o propósito de não pordes 
tropeço ou escândalo ao vosso irmão.” (Rom 
14.10-13) 
O apóstolo falou do tribunal de Deus para o 
julgamento detodos os escândalos e ofensas 
que tivermos feito, especialmente aqueles que 
servem de tropeço a pessoas que ofendemos 
com o nosso procedimento e que por conta disto 
ficaram impedidas de virem a Cristo ou de se 
firmarem na fé, pelo que viram ou receberam de 
nós e que não condiz com a nossa condição de 
servos de Deus. 
“E, por isso, se a comida serve de escândalo a 
meu irmão, nunca mais comerei carne, para 
que não venha a escandalizá-lo.” (I Cor 8.13) 
Se daremos contas do escândalo produzido 
quando estamos empenhados em defender o 
que nos parece verdadeiro e justo, o que se dirá 
então do escândalo produzido por um mau 
procedimento, seja ele intencional ou não? 
“não dando nós nenhum motivo de escândalo 
em coisa alguma, para que o ministério não seja 
censurado.” (2 Cor 6.3) 
58 
 
“Não vos torneis causa de tropeço nem para 
judeus, nem para gentios, nem tampouco para a 
igreja de Deus,” (I Cor 10.13) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
59 
 
 “Andarão dois juntos, se não estiverem de 
acordo?" (Amós 3.3) 
 
O alvo de Deus na criação do homem é o de que 
este tenha comunhão amorosa com Ele. 
Agora, como é possível haver comunhão de 
espíritos onde Deus quer uma coisa e o homem 
outra, em relação ao mesmo assunto? 
O argumento liberalista aponta a importância 
de a vontade do homem ser respeitada por Deus, 
ainda que vá na contramão da Sua vontade 
divina. 
Não é necessário muito esforço para 
entendermos que é justamente nisto que reside 
o pecado. 
Não foi isto que Satanás e os anjos caídos fizeram 
e que foi a causa da sua queda? 
Não foi isto que Adão e Eva fizeram no Éden, e 
que trouxe a maldição de Deus a toda a criação? 
Pode haver paz na casa quando os seus 
habitantes andam em desacordo? 
E é importante lembrar que dependemos 
inteiramente da graça de Deus para ter 
harmonia em nossos lares, porque podemos 
ficar à mercê do ataque de demônios que podem 
causar terríveis ruídos em nossas 
comunicações e indisposições em nossos 
corações para com aqueles aos quais amamos. 
Ai de nós se não fossem repreendidos pelo 
poder de Cristo! Se não fosse por isto 
poderíamos estar permanentemente com 
nossos corações turbados e magoados. 
60 
 
Então importa estarmos em paz com Deus e 
sujeitos à Sua vontade, Palavra e poder, de modo 
que possamos contar não apenas com os Seus 
livramentos, mas sobretudo com o deleite da 
comunhão com Ele, que se estenderá a todos os 
Seus filhos. 
Nunca devemos esquecer que temos um estado 
latente ruim em nossa alma, decaída no pecado, 
o velho homem do qual devemos nos despojar 
continuamente pela mortificação do pecado. 
E como faremos isto sem o poder da graça de 
Cristo? Sem o lavar regenerador e renovador do 
Espírito Santo? 
Deus não deve estar apenas em nossa casa 
espiritual, a saber, no nosso corpo, que é templo 
do Espírito, mas deve deter o pleno governo 
sobre a mesma. 
Este é o único modo de vivermos para a Sua 
exclusiva glória, e para o louvor da glória da Sua 
graça (Ef 1.6). 
Importa caminhar com Deus, especialmente 
pela razão exposta pelo apóstolo em Gálatas 5.17: 
“Digo, porém: andai no Espírito e jamais 
satisfareis à concupiscência da carne. Porque a 
carne milita contra o Espírito, e o Espírito, 
contra a carne, porque são opostos entre si; para 
que não façais o que, porventura, seja do vosso 
querer.” (Gál 5.17) 
 
 
 
 
61 
 
Andando Humildemente com Deus 
 
"E andes humildemente com o teu Deus." 
(Miqueias 6.8) 
 
Nos dias desta exortação do profeta o povo de 
Israel estava tentando apaziguar-se com Deus 
meramente pela apresentação de sacrifícios no 
templo. 
Com isto, pensavam que ele poderia fazer vistas 
grossas para os seus pecados. 
Eles julgavam que pelo simples fato de serem 
descendentes de Abraão, e de ter Deus feito uma 
aliança com eles, que isto era suficiente para se 
sentirem seguros quanto ao favor de Deus em 
relação a eles, que lhes garantiria um viver em 
vitória neste mundo. 
O mesmo sucede com a Igreja de Cristo, quando 
os cristãos se sentem seguros pelo fato de terem 
sido justificados e regenerados quando se 
converteram, e não se ocupam mais com o 
assunto da santificação de suas vidas, por uma 
sincera prática da Palavra de Deus. 
Faríamos bem em deixar sempre soar em 
nossos ouvidos a indagação do profeta que foi 
dirigida aos israelitas: “O que o Senhor pede de 
ti?”, e a conclusão da resposta encontra-se no 
título do nosso texto. Esta mesma inquirição foi 
dirigida por Moisés a eles em seus dias: “Agora, 
pois, ó Israel, que é que o Senhor requer de ti?” 
(Deut 10.12). 
O que o Senhor requer dos cristãos? 
62 
 
Devemos responder com sinceridade a esta 
pergunta para nós mesmos. 
Deus requer a fé, a justiça a misericórdia, o 
amor, porque é por cumprir os seus 
mandamentos que provamos que o amamos de 
fato. 
Vãs serão todas as obras que fizermos em seu 
nome, caso não sejam acompanhadas por este 
esvaziamento do nosso ego, que comprova que 
andamos em humildade perante ele, para que 
possamos ser guiados à prática da sua Palavra 
pela instrução, direção e poder do Espírito 
Santo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
63 
 
A Fé Que nos Vem de Deus 
 
A fé não consiste apenas no assentimento da 
mente para com a verdade das promessas de 
Deus. Sem isto, não há fé. Mas isto por si só não 
é a fé da qual a Bíblia fala. 
 
Esta fé de mero assentimento é a fé que Satanás 
e os demônios possuem, porque eles sabem e 
creem que Deus é fiel em cumprir tudo o que 
tem prometido. E isto lhes causa dor porque não 
podem deixar de acreditar nisto. 
 
A verdadeira fé além de demandar o 
assentimento da mente, também exige o 
consentimento da vontade com toda a palavra 
revelada de Deus. 
 
O tipo de confiança em Cristo que a fé 
verdadeira possui é confiança em qualquer 
circunstância, tendo ou não tendo, sendo 
honrado ou humilhado, na saúde ou na 
enfermidade, nas perseguições sofridas por 
causa da prática ao evangelho e obediência à 
vontade de Deus. 
 
A fé verdadeira habitando na alma não gera 
obediência mecânica a Deus, mas por amor a Ele 
e à sua Palavra, no poder do Espírito Santo. 
 
A fé que nos vem como dom de Deus é 
purificada e aumentada nas experiências que 
64 
 
temos com a fidelidade, amor e poder de Deus 
em nós, nas tribulações e tentações que 
sofremos. 
 
Esta fé ilumina a nossa mente e espírito para 
entendermos a Palavra de Deus. 
 
A fé genuína nos leva a conhecermos a nossa 
pecaminosidade e a nossa necessidade da 
aceitação de Cristo para ser a nossa justiça, que 
é o único meio de sermos livrados da maldição, 
da condenação eterna e da ira de Deus. 
 
Por tudo o que foi afirmado até este ponto, 
podemos concluir que a fé não pode ser 
produzida pela vontade do homem, e por isso é 
necessário recebê-la como um dom de Deus, 
que não somente dá a fé, como também a 
mantém, aumenta e prova para que seja 
refinada. 
 
Esta fé que é dom de Deus é a única que nos 
habilita a recebermos a Cristo da forma pela 
qual convém ser recebido por nós, em todos os 
aspectos relacionados à nossa justificação, 
regeneração, santificação, comunhão e tudo o 
mais que temos por estarmos unidos a Ele pela 
fé. 
 
Todavia, ainda que uma pequena fé nos habilite 
a receber a justificação e a regeneração, 
somente pelo aumento da fé em graus podemos 
65 
 
fazer progresso na santificação e no aumento da 
nossa comunhão com Deus. 
 
Este aumento da fé em graus se refere ao seu 
fortalecimento, e isto não é obtido por meio de 
esforço mental para crer na fidelidade de Deus 
em suas promessas, especialmente em 
circunstâncias difíceis, mas no fechamento com 
a vontade Deus, sem recuar ou praticar o que 
seja do Seu desagrado em toda e qualquer 
circunstância, por ter sido aperfeiçoado no 
conhecimento íntimo e pessoal com Jesus 
Cristo, experimentando de Sua presença 
fortificadora e consoladora em todas as 
situações da vida. 
 
Assim, o crescimentona graça, na fé e no 
conhecimento de Cristo depende de nossas 
experiências com a Palavra de Deus, sendo 
aplicada em nossas vidas pelo Espírito Santo, no 
decurso de nossa jornada terrena. 
 
Portanto, a firmeza nas tentações será tanto 
maior quanto maior for a nossa fé. Uma fé fraca 
nos levará a cair até mesmo em pequenas 
tentações. 
 
 
 
 
 
 
66 
 
Como podemos Preparar Nossos Corações Para 
Suportar Reprovações 
 
“Fira-me o justo, será isso uma gentileza; 
repreenda-me, será como óleo sobre a minha 
cabeça, a qual não há de rejeitá-lo. Continuarei a 
orar enquanto os perversos praticam maldade." 
(Sl 141.5) 
 
Para que possamos receber reprovações de uma 
forma devida, três coisas devem ser 
consideradas: 
1. A qualificação geral do reprovador, 
2. A natureza da reprovação, e, 
3. O assunto relativo à mesma. 
O salmista deseja que seu reprovador seja uma 
pessoa justa : "Que o justo me fira", "repreenda-
me." 
Dar e receber repreensões, é um ditame da lei 
da natureza, através do qual cada homem é 
obrigado a procurar o bem dos outros, e para 
promovê-lo de acordo com sua capacidade e 
oportunidade. 
A primeira coisa a ser considerada é dirigida por 
aquele amor que é devido aos outros; e a 
segunda, por aquilo que é devido para nós 
mesmos: estas são as duas grandes regras, e a 
medida para os deveres de todas as sociedades, 
seja civil ou espiritual. 
É desejável que aquele que reprova seja uma 
pessoa justa, porque deve ter um senso do mal a 
ser reprovado. 
67 
 
E se a repreensão for feita sem sabedoria e 
humildade, todos os seus benefícios serão 
perdidos. 
Por isso nosso Senhor nos diz que devemos 
primeiro tirar a trave de nossos olhos antes que 
tiremos o argueiro dos olhos do nosso irmão 
(Mat 7.3-5). 
2. A natureza de uma reprovação deve também 
ser considerada. Assim cada repreensão pode 
ser: 
1. Autoritária, (da parte de quem possui 
autoridade) 
2. Fraterna 
3. Simplesmente amigável e ocasional 
Há uma autoridade especial que acompanha as 
reprovações ministeriais na Igreja. Está em foco 
a reprovação pessoal privada, realizada por 
aqueles que detêm autoridade ministerial, 
porque é ordenado por Deus que os ministros 
exortem, repreendam, admoestem, e 
reprovem, conforme a ocasião exigir. 
Não cumprir isto significa desprezar a 
autoridade de Jesus Cristo que assim o 
determina. Ele repreende a todos quantos ama 
(Apo 3.19). Assim, toda autoridade para a 
reprovação ministerial emana dele. 
A repreensão autoritária dos pais é um dos 
principais deveres dos pais para com seus filhos. 
A negligência deste dever produzirá os Hofnis, 
Finéias e Absalões. 
68 
 
A repreensão autoritária civil é a exercida por 
governantes e chefes. Esta é também ordenada 
por Deus para o bem da sociedade civil. 
A repreensão fraternal é a que é comum entre 
os membros da mesma igreja, em virtude de 
suas obrigações para com Cristo e uns com os 
outros. (Mat 18.15; Lev 19.17; Rom 15.14; 1 Tes 5.14; 
Heb 3.12,13; 12.15,16). 
Por último, as repreensões são amigáveis ou 
ocasionais, quando administradas por qualquer 
pessoa, conforme as razões e oportunidades o 
exijam. 
Se o assunto da reprovação for verdadeiro, 
então deve ser devidamente considerado. 
Se for um assunto privado, então deve ser 
tratado apenas com o próprio faltoso, conforme 
nosso Senhor nos instrui a fazer em Mateus 18. 
Em se tratando de pecado público ou que seja 
ofensa que dê ocasião a escândalo, não precisa 
ser reprovado em particular. 
Todos os males da humanidade, seja de pessoas 
ou de nações, concebidos ou perpetrados, são 
efeitos da nossa prevaricação fatal da lei de 
nossa criação. 
Caim foi o primeiro transgressor violento e 
aberto das regras e limites da sociedade 
humana. 
Como de um só homem, Deus trouxe todos os 
demais à existência, é um dever tanto da lei de 
Deus quanto da própria natureza, cuidar e 
preservar a continuidade deste mesmo DNA 
comum, que nos identifica como seres 
69 
 
humanos e não como qualquer outra criatura. 
Daí, não furtarás, não adulterarás, não darás 
falso testemunho, não matarás etc. 
Portanto, se interpõem as reprovações e 
repreensões no intuito de prevenir tais 
transgressões e violações e para manter o bem 
comum e a paz e continuidade da vida em 
sociedade em qualquer dimensão de 
relacionamento considerada. 
Por exemplo desprezar as repreensões que 
sejam necessárias para a manutenção do amor 
fraternal é abrir uma porta para o ódio e 
antipatia mútuos, que, aos olhos de Deus, 
equivalem ao homicídio (Lev 19.17; I João 3.15). 
Por isso demonstramos falta de amor e respeito 
para com Deus e suas leis quando desprezamos 
as repreensões das quais nos tornamos dignos 
de receber, e que visam à correção do nosso 
procedimento, com vistas à manutenção do 
amor fraternal. 
Em princípio todos necessitamos destas 
repreensões porque o pecado trouxe à alma 
humana um estado ruim de inimizade contra 
Deus e contra o próximo. 
Quantos não foram despertados de suas 
apostasias em razão das repreensões que 
receberam? Quantos não foram despertados do 
sono espiritual no pecado em que se 
encontravam? Quantas armadilhas e tentações 
não foram evitadas? 
Daí Davi afirmar: 
70 
 
“Fira-me o justo, será isso uma gentileza; 
repreenda-me, será como óleo sobre a minha 
cabeça, a qual não há de rejeitá-lo.” 
Devemos portanto encarar cada reprovação que 
nos é dada como uma forma de dever. Isso vai 
remover o senso de ofensa que poderíamos ter 
contra o reprovador. 
E se estivermos convencidos de que é dever do 
outro nos reprovar, não podemos deixar de estar 
convencidos de que é nosso dever ouvi-lo e dar 
a devida consideração àquilo que devemos 
consertar. 
A Bíblia está repleta de exemplos quanto 
àqueles que se recusaram a dar ouvidos à 
repreensão que receberam e que caíram em 
ruína diante de Deus. 
Assim, devemos cuidar de sermos curados pela 
graça de Deus, de nossas disposições mentais, 
emocionais, iracundas, exaltadas, orgulhosas, 
presunçosas, preconceituosas, que nos levam a 
rejeitar reprovações e repreensões. 
“O que repreende o escarnecedor traz afronta 
sobre si; e o que censura o perverso a si mesmo 
se injuria. 
Não repreendas o escarnecedor, para que te não 
aborreça; repreende o sábio, e ele te amará.” 
(Prov 9.7,8). 
“O homem que muitas vezes repreendido 
endurece a cerviz será quebrantado de repente 
sem que haja cura.” (Prov 29.1). 
A norma bíblica para a repreensão é que seja 
feita com longanimidade (sendo tardio em se 
71 
 
irar contra o mal) e com doutrina (segundo os 
preceitos da Palavra de Deus), (II Tim 4.2). 
 
A melhor maneira de manter as nossas almas 
numa prontidão correta para receber 
reprovações, que possam nos ser dadas por 
qualquer pessoa, é manter e preservar as nossas 
almas e espíritos, num temor constante de 
reverência às repreensões de Deus, que estão 
registradas na sua Palavra. Foi por causa da 
negligência ou desprezo dessas reprovações, 
que Deus derramou a sua ira sobre a 
humanidade no dilúvio e em várias ocasiões na 
história de Israel, no Velho Testamento, como 
forma de advertência para nós a quem o fim dos 
tempos tem chegado. 
 
 
 
 
 
72 
 
O Valor da Vida Está no Amor 
 
É do Espírito Santo que o verdadeiro amor 
cristão surge, tanto para Deus, quanto em 
relação aos homens. 
O Espírito de Deus é um Espírito de amor, e 
quando entra no nosso espírito, o amor também 
entra com Ele. 
Deus é amor, e aquele que tem Deus habitando 
nele pelo seu Espírito, terá o amor também 
habitando nele. 
A natureza do Espírito Santo é amor; e é a 
própria natureza dEle que comunica aos santos, 
de modo que o amor é derramado 
abundantemente em seus corações pelo fato do 
Espírito Santo estar habitando neles. 
Nisto entendemos porque o apóstolo diz nos três 
primeiros versos do 13º capítulo de I Coríntios, 
que caso não se tenha este amor, nada aproveita 
ter dons, talentos, fazer

Continue navegando

Outros materiais