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Mensagens Curtas 5 Para Meditação Diária Silvio Dutra Set/2016 2 A474 Alves, Silvio Dutra Mensagens curtas 5./ Silvio Dutra Alves. – Rio de Janeiro, 2016. 204.; 14,8x21cm 1. Teologia. 2. Graça 3. Fé. I. Título. CDD 230 3 Sumário O Motivo Real Para se Gloriar....................... 9 A Glória do Evangelho...................................... 11 O Prazer Espiritual dos Que Servem a Deus............................................................................ 14 O Principal Objetivo em Nossa Vida.......... 15 A Prosperidade do Espírito............................. 18 Horrorizai-vos ó Céus! ..................................... 21 A Boa Vontade Perfeita de Deus.................. 23 Se Não Perder Não Ganhará.......................... 26 Para a Glória de Deus em Cristo Jesus..... 29 O Culto Racional a Deus.................................. 32 Ninguém se Sinta Excluído............................ 35 A Melhor Escolha................................................ 36 Preservando a Ternura de Coração........... 41 O Grande Milagre............................................... 43 4 O Sábio e Poderoso Controle de Deus nas Nossas Aflições............................................ 45 O Trabalho do Grande Agricultor............... 48 As Imperfeições da Igreja aqui neste Mundo....................................................................... 50 O Mal e o Perigo de Ofensas.......................... 54 “Andarão dois juntos, se não estiverem de acordo?" (Amós 3.3) ..................................... 59 Andando Humildemente com Deus......... 61 A Fé Que nos Vem de Deus............................ 63 Como podemos Preparar Nossos Corações Para Suportar Reprovações..... 66 O Valor da Vida Está no Amor....................... 72 Quem Será o Próximo a Chorar? ................ 75 O Que é Servir a Deus? ..................................... 76 Jesus é o Único Mediador entre Deus e o Homem (I Timóteo 2.5) ................................... 79 Apascentar.............................................................. 81 A Importância do Exercício Espiritual Contínuo.................................................................. 83 5 Espírito de Sabedoria e de Revelação no Exercício da Fé...................................................... 85 Nossa Alegria Está em Deus e Não no que Temos............................................................... 88 Deus se Agrada do Nosso Sofrimento?.... 90 Não Há Serviço Aceitável Sem Consagração........................................................... 92 Por Que Se Alegrar Por Ter Passado Pela Provação? ..................................................... 93 Maravilhosa Experiência................................. 96 Os Escravos da “Liberdade”........................... 97 Depois da Morte Há o Juízo............................ 101 Não Errando o Alvo Proposto........................ 102 Algo Para Ser Pensado e Refletido.............. 104 Cada Um Levará Seu Próprio Fardo........... 106 Por que é Difícil a Entrada dos Ricos no Reino de Deus? .................................................... 108 Aptidão para Ver e Apreciar.......................... 110 Perdão Comprovado.......................................... 112 6 Alerta para Permanecer no Amor e na Verdade.................................................................... 113 Loucos que São Amados.................................. 116 Como se Detecta o Espírito? ......................... 118 O Que é Não Negar o Senhor?....................... 120 A Fé é uma Caminhada Constante............. 122 Como Todo o Israel Será Salvo?................... 124 O Valor Precioso da Promessa...................... 127 A Espiritualidade Provada na Materialidade........................................................ 128 Criado para Ser Espiritual e não Carnal.. 129 Por Que se Alegrar em Deus se um Dia Vamos Morrer? ................................................... 131 Não Adorando e Servindo Coisas Vãs....... 132 O Fundamento e a Coluna da Verdade..... 135 Aprende-se a Amar por Osmose................. 140 “Por que me chamais Senhor, Senhor, e não fazeis o que vos mando?” (Lc 6:46).... 141 7 “Eles não Sabem o que Fazem”.................... 142 O Conselheiro Ineficaz para o Propósito de Deus..................................................................... 143 É Preciso Mais do Que Boas Intenções..... 145 Não Há Amor a Deus Sem Obediência..... 149 Por Que Deus Simplesmente não Deixa Pra Lá? ...................................................................... 151 Um Ganho que é Uma Grande Perda........ 153 Salvo Pela Perfeita Obediência de Jesus.. 155 Nossa Principal Missão Neste Mundo..... 158 Se Compadece de Nossa Miséria Espiritual................................................................. 160 Vida que Gera Vida............................................. 163 Copo Limpo no Interior e no Exterior...... 166 Nada Poderá nos Separar do Amor de Deus............................................................................ 170 Não de Modo Mecânico mas Amoroso e Vital............................................................................. 173 8 Todo Ser Humano Necessita de Libertação.............................................................. 175 Tendo Bom Ânimo num Mundo de Aflições..................................................................... 177 Se Está Muito Fácil É Porque Está Errado........................................................................ 180 A Paz de Jesus e a de Barrabás....................... 182 A Falsa Paz de Uma Liberdade Falsa.......... 183 Salvos na Esperança da Perfeição............... 186 Somente quem Procura Acha....................... 188 Viver sem Ilusões............................................... 189 Os Fariseus Redivivos........................................ 191 Por Causa da Fé e não por Crença.............. 193 É Mesmo na Base do Toma Lá Dá Cá?....... 195 Pode Parecer Verdade mas Não é Verdade.................................................................... 196 Aprendendo do Exemplo de Charles Simeon...................................................................... 198 Peregrinando......................................................... 204 9 O Motivo Real Para se Gloriar “Assim diz o SENHOR: Não se glorie o sábio na sua sabedoria, nem o forte, na sua força, nem o rico, nas suas riquezas; mas o que se gloriar, glorie-se nisto: em me conhecer e saber que eu sou o SENHOR e faço misericórdia, juízo e justiça na terra; porque destas coisas me agrado, diz o SENHOR.” (Jeremias 9.23,24) Estas palavras do Senhor através do profeta foram pronunciadas em meio a grandes repreensões contra o pecado e prática da iniquidade na Terra. Em que teriam então os homens em que se gloriarem quando o estado de suas almas é ruim e se encontra de forma latente em inimizade contra o Criador? De fato, todos os que andam sob o temor do Senhor e em verdadeira comunhão com ele, terão por diversas vezes assuas mentes em suspenso, como que atordoados pelo fato de perceberem quão fracos são e inapropriados para cumprirem os propósitos de Deus. Um sentimento de desolação e de inutilidade lhes invade o coração de tal forma que nada pode lhes arrancar disso, senão apenas a manifestação da graça de Deus, dando-lhes força para cumprirem o seu ministério, e quando são assim visitados pelo poder do alto, eles se gloriam não em si mesmos, mas no fato de terem sido alegrados grandemente por 10 Aquele que se tornou para eles a sua própria vida. O apóstolo Paulo, melhor do que ninguém experimentou em profundidade este sentimento, e daí ter se expressado nos seguintes termos: Rom 15:17 Tenho, pois, motivo de gloriar-me em Cristo Jesus nas coisas concernentes a Deus. 2Co 11:30 Se tenho de gloriar-me, gloriar-me-ei no que diz respeito à minha fraqueza. Gál 6:14 Mas longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu, para o mundo. 11 A Glória do Evangelho O que se costuma pensar quando se ouve a palavra evangelho? Amar o próximo, cuidar dos necessitados, professar a religião cristã, ter comunhão na igreja, etc. O evangelho pode englobar tudo isto e muito mais pensamentos do mesmo tipo, todavia não é nisto que reside a sua grande glória; pois aqui se fala de algumas consequências do efeito produzido pelo evangelho em nós, mas não aquilo que ele é em essência. O simples significado etimológico da palavra evangelho não é de muita ajuda para definir a glória a ele inerente, porque o anúncio de boas notícias, ou boas novas, como se traduz esta palavra grega não expressa ainda que notícias são estas, e qual é a sua extensão, profundidade e significado. Em que consiste então a glória do evangelho? Primeiro e antes de tudo na própria pessoa de Jesus Cristo em sua relação com a obra de salvação dos pecadores, conforme anunciado pelo anjo aos pastores de Belém que lhes disse que trazia a “boa-nova de grande alegria” (evangelho), e que esta boa-nova se referia ao nascimento do Salvador recém-chegado ao mundo. Deus tudo criou para a sua glória, mas que glória pode receber de uma criação que se corrompeu pelo pecado e que foi amaldiçoada? Então, é por 12 meio de Cristo que todas as coisas estão sendo restauradas, de modo que o propósito de Deus relativo à criação seja cumprido. E como isto é feito por meio do evangelho, então pode ser dito que ele é também glorioso; todavia esta glória do evangelho é a glória do Deus bendito, e de Cristo, que são os autores e os consumadores do evangelho. Por isso o apóstolo se expressou nos seguintes termos: “segundo o evangelho da glória do Deus bendito, do qual fui encarregado.” (I Tim 1.11). “nos quais o deus deste século cegou o entendimento dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus.” (2 Cor 4.4). “o mistério que estivera oculto dos séculos e das gerações; agora, todavia, se manifestou aos seus santos; aos quais Deus quis dar a conhecer qual seja a riqueza da glória deste mistério entre os gentios, isto é, Cristo em vós, a esperança da glória;”(Col 1.26,27). Assim a glória do evangelho é a do próprio Cristo; porque a glória de Cristo pode ser conhecida somente através do evangelho, e não por qualquer outro meio. Os cristãos são chamados pelo evangelho a conhecerem a glória que há em Cristo, a quem pertence toda a plenitude da glória, quer em sua pessoa, quer em todos os seus atos relativos à criação. 13 “para o que também vos chamou mediante o nosso evangelho, para alcançardes a glória de nosso Senhor Jesus Cristo.” (II Tes 2.14). Assim, as riquezas da glória que Deus quis dar a conhecer aos seus santos são reveladas no evangelho, e por ele aprendemos que toda esta riqueza se encontra na pessoa de Cristo. Daí se dizer que é Cristo em nós a esperança da glória. 14 O Prazer Espiritual dos Que Servem a Deus Que nenhum homem construa sua esperança de ir para o céu em cima de desobediências a Deus. Isto é construir sobre a areia, e a areia não é um bom alicerce. Caso alguém construa sobre um tal alicerce, quando vier a inundação, ou seja, a perseguição, a força disto fará com que a casa caia. O sábio construtor faz da prática da Palavra de Deus o alicerce para a edificação da sua alma, e assim ele tem o seu prazer na lei do Senhor, e na Sua lei medita de dia e de noite. O verdadeiro santo não tem prazer na lei de Deus por intuição, mas por inspiração do Espírito Santo, que faz com que tenha todo o seu deleite na vontade de Deus expressada na Sua Palavra. Embora um filho de Deus, não possa servi-lo com perfeição, todavia ele serve de bom grado, pois sabe que a prática persistente da Palavra o tornará sábio para a salvação que está em Cristo Jesus e que é por meio da fé nele. Este prazer santo surge da predominância da graça no coração, quando esta o enche, por contemplarmos a Jesus e nos dispormos a obedecer os seus mandamentos. Assim, o cristão não olha para o serviço que presta ao Senhor como um mero dever, mas como um prazer e um privilégio, porque é assim que o Espírito Santo, em testificação com o seu espírito, faz com que ele se sinta. 15 O Principal Objetivo em Nossa Vida “Isto, porém, vos digo, irmãos: o tempo se abrevia; o que resta é que não só os casados sejam como se o não fossem; mas também os que choram, como se não chorassem; e os que se alegram, como se não se alegrassem; e os que compram, como se nada possuíssem; e os que se utilizam do mundo, como se dele não usassem; porque a aparência deste mundo passa.” (I Cor 7.29-31) O apóstolo Paulo chama a nossa atenção para o que é principal: “Irmãos, o tempo é curto", e, portanto, se ocupem com estas coisas como se vocês não as tivessem porque a aparência deste mundo passa. Esta é a razão pela qual ninguém, senão um verdadeiro cristão pode relacionar-se moderadamente com as coisas deste mundo. Por quê? Porque ninguém, senão um cristão fiel tem um objetivo principal que permeia toda a sua vida; ele busca o céu e a felicidade, porque isto estará com ele mais tarde e para toda a eternidade. Por isso a sua fé permeia todos os assuntos: o casamento, compras, o mundo. E não deve se importar com se entristecer ou se alegrar, porque há um grande e principal objetivo em vista. Ele não será negligente na execução dos seus deveres, relativos ao casamento, ao uso do dinheiro, às suas funções neste mundo, 16 procurando sempre, em tudo, fazer o melhor com a ajuda e a direção do Espírito Santo, todavia, sempre terá este sentimento de que o Reino de Deus e a sua justiça, sempre deve ocupar o lugar principal em sua mente, coração e ações. Assim, não concentrará o principal de seus esforços em objetivos terrenos e passageiros, mas naqueles que se referem a Deus e às coisas espirituais e eternas, porque é isto o que lhe ordena o seu Senhor. Ele sabe que o tempo é curto, e portanto, deve ser moderado em todas as coisas deste mundo. O envolver-se em demasia com tudo o que respeita à vida que temos aqui embaixo conquista totalmente as nossas afeições por estas coisas, e não poderemos ter e manter o nosso amor a Deus acima de tudo e de todos, conforme é ordenado por Ele. Se temos um afeto desmedido por qualquer coisa desta vida, faremos todo o empenho para não perdê-la, e ficaremos fatalmente imobilizados e desmotivados caso aconteça a perda, o que é de se supor, que aconteça mais cedo ou mais tarde. Daí nosso Senhor ter afirmado tão categórica e expressamente: “Assim, pois, todo aquele que dentre vós não renuncia a tudo quanto tem não pode ser meu discípulo.” (Lucas 14.33); “Quem ama a sua vida perde-a; mas aqueleque odeia a sua vida neste mundo preserva-la-á para a vida eterna.” (João 12.25); “Quem ama seu pai ou sua 17 mãe mais do que a mim não é digno de mim; quem ama seu filho ou sua filha mais do que a mim não é digno de mim; (Mat 10.37). Deus não consentirá que nosso afeto por Ele esteja em competição com qualquer outra coisa ou pessoa deste mundo. Nada e ninguém deve ser motivo para que Ele não seja servido em primeiro lugar por nós. Nem bens terrenos, ou cônjuges, ou filhos, ou carreira, nem nossas tristezas, nem nossas alegrias, enfim, nada é nada. De tudo cuidaremos com zelo e amor, mas não deixaremos de tributar a honra, o culto, o serviço que são devidos ao Senhor, antes de tudo o mais. Sem este sentimento e prática de renúncia jamais poderemos servi-lo e amá-lo do modo pelo qual importa fazê-lo. E há uma urgência no uso que fazemos de nossa vida aqui embaixo porque a vida é curta, e o tempo do nosso encontro com o Senhor é certo, e ele julgará todas as nossas obras. E o que tivermos deixado de fazer para o Senhor não poderá ser recuperado, porque não poderemos voltar atrás e começar tudo de novo. 18 A Prosperidade do Espírito “Atos 8:1 E Saulo consentia na sua morte. Naquele dia, levantou-se grande perseguição contra a igreja em Jerusalém; e todos, exceto os apóstolos, foram dispersos pelas regiões da Judeia e Samaria. Atos 8:2 Alguns homens piedosos sepultaram Estêvão e fizeram grande pranto sobre ele. Atos 8:3 Saulo, porém, assolava a igreja, entrando pelas casas; e, arrastando homens e mulheres, encerrava-os no cárcere. Atos 8:4 Entrementes, os que foram dispersos iam por toda parte pregando a palavra.” Permitisse o Senhor que acontecesse agora no Brasil – que o Senhor não o permita - o que sucedeu nos primeiros dias Igreja, quando era pura e sem mancha, sob a instrução dos apóstolos, conforme se vê no relato da perseguição que explodiu contra os cristãos logo depois do martírio de Estevão, continuaríamos sustentando a chamada doutrina da prosperidade material, conforme é ensinada e afirmada pela grande maioria das igrejas em nossos dias? Expatriados, sem bens, aprisionados, martirizados, permaneceram os crentes primitivos pregando a fé em Jesus Cristo para a salvação e santificação de vidas. Já haviam antes confirmado que estavam desmamados dos prazeres deste mundo quando 19 tiveram por motivo de grande alegria serem espoliados de seus bens e sofrido por causa do nome do seu Senhor. Havia neles abundante graça e não havia necessitados entre eles porque repartiam os seus bens a todos quantos tinham necessidades (Atos 4.32-34). “Porque não somente vos compadecestes dos encarcerados, como também aceitastes com alegria o espólio dos vossos bens, tendo ciência de possuirdes vós mesmos patrimônio superior e durável.” (Heb 10.34) Fosse a bênção de Deus ter muitas coisas deste mundo, os ímpios seriam os mais abençoados, porque é notório que se acha entre eles os que são mais ricos e poderosos segundo o mundo. Fosse a mera contribuição financeira para alguma igreja ou obra missionária, sem o acompanhamento de um crescimento pessoal na graça e no conhecimento de Jesus Cristo, o suficiente para nos darmos por satisfeitos com Cristo e ele conosco, estaríamos incorrendo em grosseiro autoengano. Fosse a acumulação de bens terrenos o sinal do agrado de Deus para conosco, dissociado de um viver segundo o que nos é ordenado na Palavra, onde estaria a verdadeira igreja de Cristo agora? Certamente de braços dados com o mundo, porque é o mundo que busca o que é terreno e não o que é celestial, divino e espiritual. 20 “Mat 6:31 Portanto, não vos inquieteis, dizendo: Que comeremos? Que beberemos? Ou: Com que nos vestiremos? Mat 6:32 Porque os gentios é que procuram todas estas coisas; pois vosso Pai celeste sabe que necessitais de todas elas; Mat 6:33 buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.” Por que o Senhor repreende a Igreja de Laodiceia e a todos os cristãos que se identificam com os seus hábitos? Não é porventura por conta da falta desta verdadeira piedade e santificação no viver cotidiano, pela negação do ego, pelo carregar da cruz e seguir os mesmos passos de Jesus? 21 Horrorizai-vos ó Céus! “1Pe 2:9 Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz; 1Pe 2:10 vós, sim, que, antes, não éreis povo, mas, agora, sois povo de Deus, que não tínheis alcançado misericórdia, mas, agora, alcançastes misericórdia.” “Atos 3:11 Apegando-se ele a Pedro e a João, todo o povo correu atônito para junto deles no pórtico chamado de Salomão. Atos 3:12 À vista disto, Pedro se dirigiu ao povo, dizendo: Israelitas, por que vos maravilhais disto ou por que fitais os olhos em nós como se pelo nosso próprio poder ou piedade o tivéssemos feito andar?” Isto sempre existiu, mas o que está ocorrendo agora é estarrecedor! Os céus se recolhem em indignação pela ignomínia contra o santo e elevado nome de Jesus Cristo. Os anjos desviam a sua face para não verem a grande desonra que é feita ao Deus Altíssimo. Pessoas que se levantam em nome de Cristo para proclamarem a si mesmas e não as virtudes daquele que as chamou das trevas para a sua maravilhosa luz. 22 Desfilam diante dos incautos a exibição dos seus supostos e próprios poder e piedade, e se gloriam ante a admiração e louvores que recebem sem terem pregado o genuíno evangelho, diferentemente do apóstolo Pedro, que o havia aprendido diretamente de Cristo e pela genuína instrução do Espírito Santo. Furtam de Deus e de nosso Senhor Jesus Cristo a glória que é devida exclusivamente a eles. Gostam de desfilar como estrelas da mídia, anunciando a si mesmos, e usando o nome de Jesus por pretexto. Esquecidos da pedra de onde foram cortados, porque antes nem sequer eram povo de Deus, mas foram alcançados pela exclusiva e muita misericórdia de Deus para com eles, em razão dos seus muitos pecados e a condição de pecadores que ainda carregamos conosco até que sejamos livrados completamente disto pelo nosso encontro com o Senhor no céu. Falta-lhes a humildade que havia em Pedro, e o seu reconhecimento que deveria rejeitar com toda a ênfase o louvor que as pessoas queriam devotar a ele e a João, por conta de terem sido os instrumentos de Jesus para que o coxo de nascença fosse curado à porta do templo. Horrorizai-vos ó céus, porque os dias trabalhosos são chegados a nós na sua maior intensidade! 23 A Boa Vontade Perfeita de Deus Somos incentivados a sermos sinceros suplicantes decididos a receber as graças do Espírito de Deus, porque temos a certeza de que ele está disposto a concedê-las. Nosso Salvador nos encoraja a fazê-lo, quando usou a ilustração de um pai, que não pode ir contra a natureza e se livrar de suas afeições para negar atender às necessidades de seu filho, e não lhe dará para a sua subsistência uma pedra em lugar de pão, ou uma serpente no lugar de peixe. Assim, se o homem que possui uma natureza terrena má, decaída no pecado, se apressa a atender de boa vontade às necessidades de seu filho, quanto mais Deus, que é o Pai perfeitamente amoroso, que possui uma natureza santa e bondosa, jamais deixará de dar o Espírito Santo e as graças do Espírito, àqueles que o desejarem como uma necessidade essencial a ser atendida em suas vidas. Ainda que por vezes, Deus coloque a nossa busca do Espírito Santo, à prova, parecendo não estar disposto a não concedê-lo a nós, devemos agir como a mulher da parábola do Juiz Iníquo, que insistente e importunamente continuou lhe clamando que julgassea sua causa com justiça. E a conclusão que nosso Senhor apresenta para esta parábola é a de que, se um juiz ímpio, que não age de bom grado, não deixou de atender àquela mulher pelo motivo de não continuar 24 sendo importunado, diferentemente dele, Deus que tem prazer e boa vontade em nos atender, quando recorremos ao seu Trono de Graça, à busca da justiça eterna para as nossas vidas, justiça pela qual podemos ser transformados à imagem e semelhança de Jesus, jamais deixará de conceder isto àqueles que o buscarem com um coração realmente desejoso de obtê-lo, o que poderão demonstrar pela insistência em pedi-lo até que o tenham recebido. Não devemos portanto, conceber ou atribuir a Deus qualquer inclinação para ser indiferente a nós, ou então para agir de má vontade para conosco. A Sua inclinação é sempre para fazer o bem, assim como uma mãe se aplica com cuidado e carinho para alimentar os seus filhos, e para satisfazer todas as suas necessidades, para que sejam saudáveis em tudo. O Senhor colocou esta inclinação nos pais para que possamos entender por quais sentimentos ele é dirigido na sua relação com os seus filhos. E assim como os pais terrenos negam a seus filhos aquilo que possa ser prejudicial à sua saúde ou desenvolvimento pessoal, de igual modo nosso Pai celestial agirá em relação a nós, nos negando aquelas coisas que possam enfraquecer ou prejudicar o desenvolvimento do homem interior, que recebemos no novo nascimento (regeneração) do Espírito Santo. Portanto tudo o que lhe pedirmos com as pirraças do velho homem, não pode estar contemplado na promessa, e seremos por Ele 25 disciplinados, assim como os pais terrenos fazem com seus filhos pirracentos. Busquemos as coisas do Espírito Santo, o reino de Deus e a sua justiça, e todas as nossas demais necessidades serão atendidas por Deus, na forma de acréscimo àquelas coisas espirituais que devemos buscar em primeiro lugar. 26 Se Não Perder Não Ganhará “João 12:24 Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, produz muito fruto. João 12:25 Quem ama a sua vida perde-a; mas aquele que odeia a sua vida neste mundo preservá-la-á para a vida eterna.” Se formos interpretar de modo literal a verdade proferida nas palavras de nosso Senhor Jesus Cristo - de que quem ama a vida a perde, e de que quem a odeia a preserva para a vida eterna – poderemos pensar que está sendo afirmado algum tipo de absurdo, e na verdade o seria caso o sentido destas palavras fosse interpretado segundo a razão natural e comum do mundo; todavia elas expressam de forma resumida o grande segredo de se alcançar a vida eterna não somente para este mundo quanto para o vindouro. Porque importa que sejam interpretadas em seu significado espiritual, com a ajuda da iluminação do Espírito Santo, que é o único que pode nos tornar capazes de discernir espiritualmente as realidades que são espirituais. Primeiro, Jesus aplicou este ensino do céu ao seu próprio caso, pois não viveu para fazer a sua própria vontade, senão a de Deus Pai que o enviou para morrer no nosso lugar. Ele se esvaziou completamente e tomou a forma humana e de servo, não sendo dirigido pelo seu 27 próprio ego, mas pelo Espírito Santo que o guiava em tudo. Jesus não é somente a vida eterna, a sua fonte, como também o caminho e a verdade que nos conduzem também à vida eterna, pelo mesmo caminho que ele seguiu. O morrer para o eu, para se viver pela vontade e poder de Deus é o grande segredo disto, que Jesus veio revelar em si mesmo. Por isso ele venceu a morte, e não pôde a sua vida ser retida pelo sepulcro, e se encontra agora assentado em glória à destra do Pai no céu, intercedendo continuamente por nós, para que alcancemos a vida eterna e que a vivamos do modo digno pelo qual importa ser vivida. Agora, em relação a nós, quão indispostos somos a fazer morrer o modo de viver pelo nosso ego, quão apegados somos à nossa vontade e ao mundo, e então necessitamos - diferentemente do Senhor Jesus que não tinha qualquer pecado – de mortificar a nossa natureza terrena pecaminosa, para que tendo a nossa mente renovada, possamos conhecer de modo experimental a boa, perfeita e agradável vontade de Deus, pela qual somos santificados. Perdas de entes queridos e coisas que amamos nos causam grande sofrimento, e por isso tememos abandonar esta coisa que é a primeira em ordem a amarmos mais do que tudo, a saber, o nosso modo de viver neste mundo, ao qual nosso Senhor se refere como algo que devemos aprender a odiar, porque está cheio de hábitos e 28 desejos que são contrários à justiça e santidade de Deus. Então, se não odiarmos esta vida pecaminosa mundana, a nossa condição espiritual permanece sendo de morte, que por fim virá a ser morte eterna, e não vida eterna, conforme é prometido àqueles que a odiarem, por amarem o modo de vida celestial, espiritual e divino. Em muitos outros textos da Bíblia vemos esta verdade de João 12.24,25, sendo reafirmada, e para nossa apreciação, estamos destacando alguns deles a seguir: Mateus 16:25 Porquanto, quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a vida por minha causa achá-la-á. Mateus 10:39 Quem acha a sua vida perdê-la-á; quem, todavia, perde a vida por minha causa achá-la-á. Lucas 14:26 Se alguém vem a mim e não aborrece a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs e ainda a sua própria vida, não pode ser meu discípulo. Lucas 17:33 Quem quiser preservar a sua vida perdê-la-á; e quem a perder de fato a salvará. 29 Para a Glória de Deus em Cristo Jesus “Se alguém fala, fale de acordo com os oráculos de Deus; se alguém serve, faça-o na força que Deus supre, para que, em todas as coisas, seja Deus glorificado, por meio de Jesus Cristo, a quem pertence a glória e o domínio pelos séculos dos séculos. Amém!” (I Pe 4.11) Para ser glorificado, Deus determinou em seu conselho eterno que na dispensação do evangelho somente lhe será aceitável aquilo que fizermos por meio de Jesus Cristo, porque tem designado ao seu Filho Unigênito a glória e o domínio eterno. Adorar a Deus em espírito e em verdade, conforme nosso Senhor ensinou que importa fazê-lo, somente poderá ser uma adoração verdadeira quando estiver baseada na própria pessoa e poder de Jesus Cristo, e em tudo o que ele nos ensinou quanto ao que devemos ser e fazer, em todo o procedimento santo, segundo a verdade que ele definiu como sendo a Palavra de Deus em Jo 17.17. A adoração verdadeira não consiste portanto somente em louvor ou em palavras que afirmemos relativas à mesma, mas aquilo que tem sido implantado por Cristo em nossas vidas e obras. 1Co 10.31: Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus. 30 Se não for Deus quem ocupe o lugar mais elevado em nossos pensamentos, que glória ele poderá receber da nossa parte? Não pode haver verdadeiro culto de adoração a Deus quando ele ultrapassa os limites daquilo que foi instituído e revelado pelo próprio Deus em sua Palavra para tal propósito. Não foi sem motivo que a Moisés foi ordenado que tudo fizesse segundo o modelo do tabernáculo que Deus lhe havia mostrado no Monte Sinai. Êxo 25:9 Segundo tudo o que eu te mostrar para modelo do tabernáculo e para modelo de todos os seus móveis, assim mesmo o fareis. Êxo 25:40 Vê, pois, que tudo faças segundo o modelo que te foi mostrado no monte. Heb 8:5 os quais ministram em figura e sombra das coisas celestes, assim como foi Moisés divinamente instruído, quando estava para construir o tabernáculo; pois diz ele: Vê que faças todas as coisas de acordo com o modelo que te foi mostrado no monte.Por tudo isso entendemos que na igreja tudo deve estar de acordo com o padrão prescrito na Palavra de Deus, para que possamos render-lhe um culto e serviço de adoração que lhe sejam aceitáveis e agradáveis. Neste padrão prescrito na Palavra temos a ordenança de tudo fazer com fervor, por amor 31 ao Senhor, com toda a nossa força, alma e coração. Adoramos a Deus nos esforçando para conhecer o melhor modo de desempenharmos a função designada a nós por ele para servirmos ao corpo de Cristo, com todo empenho e diligência. Onde todas estas coisas referidas estiverem faltando poder-se-á afirmar que há ali um verdadeiro culto de adoração a Deus? Devemos refletir muito sobre tudo isto para que não nos enganemos a nós mesmos ou para que não permitamos ser enganados por outros quanto ao significado da verdadeira adoração e glorificação do nome de Deus. O culto a Deus não é um show, uma representação teatral, mas vidas santificadas que se apresentam como sacrifícios vivos no altar do tabernáculo celestial, e uma das melhores formas de se evidenciar se temos de fato feito isto, é por suportarmos com paciência, pelo poder da graça de Cristo, todas as tribulações pelas quais passemos neste mundo, por motivo de fidelidade a Deus e ao evangelho. Afinal, isto pode ser feito somente quando estamos debaixo do poder de Jesus Cristo por estarmos em comunhão com ele, e é nisto que o Pai é glorificado, porque houve o louvor da glória da sua graça que nos foi dada em Cristo, a qual nos assistiu em todas as nossas provações, fortalecendo-nos e dando paz e alegria aos nossos corações. 32 O Culto Racional a Deus Não podemos servir a Deus corretamente e de modo aceitável, a menos que nós o adoremos regularmente, e como podemos fazer isso, se formos ignorantes dos fundamentos da fé que são radicados na Sua Palavra? Estaremos longe de oferecer um "culto racional" a Deus, Rom 12.1, se não entendermos os fundamentos da fé cristã. Como o culto pode ser racional quando falta isto? Os fundamentos da nossa fé enriquecem a mente: é uma lâmpada para os nossos pés, que nos dirige em todo o curso do Cristianismo, como o olho dirige o corpo. O conhecimento dos fundamentos é a chave de ouro que abre os principais mistérios da fé. Daí ser tão enfatizada a necessidade de revelação para o conhecimento da vontade de Deus, como o apóstolo o expressa na sequência de Rom 12.1, pela apresentação de nossos corpos como sacrifícios vivos a Deus, pela renovação da nossa mente pela Palavra pelo seu Espírito, de modo que não conformados ao mundo, ou seja, estando santificados, possamos conhecer qual seja a Sua boa, perfeita e agradável vontade em relação a tudo o que revelou nas Escrituras, para que possamos cultuá-lo da forma correta e aceitável, que o apóstolo chama de “culto racional”, ou seja, não baseado em sentimentos, emoções, imaginações, e pensamentos oriundos do próprio homem, e não na verdade, como ela se encontra em Cristo Jesus, e revelada 33 na sua Palavra. Muito deste culto racional se refere à nossa transformação à imagem de Cristo, pela mortificação do pecado e revestimento das virtudes do Senhor (humildade, mansidão, ternura, bondade, amor, alegria, longanimidade, justiça, misericórdia etc). Há muito fogo estranho sendo oferecido no templo do Espírito que é o nosso próprio corpo. Quanto o Espírito é agravado e entristecido com isto, e somente não somos consumidos como foram os dois filhos de Arão no passado, porque estamos numa dispensação onde Deus tem sido completamente longânimo para com as nossas negligências e ignorância. Mas permaneceremos no erro, tendo uma vez sido iluminados em nosso entendimento que há um modo correto de se viver para Deus e cultuá-lo? Nosso Senhor afirmou a necessidade de estarmos firmemente fundados com nossa casa espiritual sobre a rocha do conhecimento e prática da Palavra. Para isto é necessário cavar profundamente nas Escrituras para chegarmos ao fundamento (Cristo) para que sejamos edificados pelo Espírito mediante a Palavra exata do evangelho. Pelo que e como interceder se não sabemos o que é e o que não é aprovado por Deus? Como disciplinar e exortar se não tivermos a régua do conhecimento celestial e divino, pela qual as ações devem ser medidas com amor, misericórdia e longanimidade? Se a semente da graça da nova criatura que foi implantada em nós não estiver devidamente 34 arraigada na Palavra, a planta da nova vida não crescerá e dará frutos, por falta de raízes fortes e firmes. Quando não se possui a plenitude da Palavra, que é a única coisa que pode satisfazer à alma, esta buscará o seu contentamento em novidades vãs, e formas de culto sensual, que jamais poderão mantê-la naquela paz e vida que Cristo veio nos dar. Se não houvesse a necessidade do devido aprendizado da Palavra, por que então Deus levantaria, pastores e mestres, entre outros ministérios, com o propósito de fazê-lo? 35 Ninguém se Sinta Excluído Deus demanda de nós a santidade, mas ao mesmo tempo fez a promessa de ser misericordioso para com todos os nossos pecados e iniquidades, e que não se lembrará deles e não os colocará em nossa conta para condenação, desde que nos voltemos para Ele por meio da fé em Jesus Cristo. Desta forma, quando falamos sobre vida santificada, sobre a necessidade do crescimento espiritual em santificação, ninguém, por maior pecador que seja, deve se sentir excluído da possibilidade de ter todos os seus pecados perdoados e ser reconciliado com Deus para sempre, porque isto é obtido pelo simples arrependimento e fé em Jesus Cristo. Porque foi para este propósito mesmo que ele veio a este mundo, para morrer em nosso lugar, de modo a satisfazer a exigência da justiça perfeita de Deus, de que não pode haver qualquer culpa naqueles que viverão em comunhão com ele para sempre. Tendo Jesus removido a nossa culpa na sua morte na cruz, pela fé nele, somos considerados inculpáveis por Deus, que nos dá o selo desta promessa fazendo habitar em nós Espírito Santo para operar a nossa transformação e santificação. 36 A Melhor Escolha “Lucas 10:38 Indo eles de caminho, entrou Jesus num povoado. E certa mulher, chamada Marta, hospedou-o na sua casa. Lucas 10:39 Tinha ela uma irmã, chamada Maria, e esta quedava-se assentada aos pés do Senhor a ouvir-lhe os ensinamentos. Lucas 10:40 Marta agitava-se de um lado para outro, ocupada em muitos serviços. Então, se aproximou de Jesus e disse: Senhor, não te importas de que minha irmã tenha deixado que eu fique a servir sozinha? Ordena-lhe, pois, que venha ajudar-me.” Essa história é completa em si mesma. Cristo tinha feito o bem por todos os lugares que passava, sendo isto todo o seu objetivo e ofício. E agora a providência e o santo amor divino o direcionaram a estas duas mulheres, que lhe haviam recebido antes em seus corações, e agora em sua casa; e ele lhes preparou um banquete mais gracioso do que elas poderiam lhe dar. Maria sentou-se aos pés de Jesus, sabendo que como de costume dos seus lábios sempre gotejava mirra preciosa em suas palavras graciosas, Cantares 5.13, e, portanto, ela se esqueceu de todas as demais coisas. A partir da ida de Cristo a essas mulheres observe que onde Deus tem começado um trabalho da graça, ele não irá interrompê-lo, 37 mas o aperfeiçoará até o dia do Senhor; e enviará os seus servos, os profetas, para efetuá-lo. Isto deve nos encorajar a nos esforçarmos para crescer na comunhão uns com os outros, se professamos ser guiados pelo mesmo Espírito pelo qual Cristo foi guiado. Os lábios do justo são agradáveis, e suas línguas são prata refinada. Às vezes, o pecado do homem faz com que a instrução seja inoportuna, e é lamentável lançar pérolas aos suínos, Mat 7.6. Assim, para não priorizarmosoutros interesses em relação à instrução que devemos buscar em Cristo, devemos aprender a escolher esta melhor parte, assim como Maria fizera no passado. Para tanto, devemos lamentar a nossa apatia e pedir a Deus a influência espiritual, que pode nos tornar dispostos. Não devemos impedir que os nossos afazeres cotidianos nos impeçam de ouvir a Cristo, tal como Marta fizera naquela ocasião. Ela estava preocupado em servir, mas não estava disposta a dar atenção a Cristo, porque considerou mais importante continuar preparando a refeição. "E Jesus, respondendo, disse-lhe: “Marta, Marta". Estas e as palavras que se seguiram contêm uma reprovação a Marta. O Senhor a chamou gentilmente pelo seu próprio nome. Cristo viu nela uma mistura do bem com o mal, e portanto, repetiu o nome dela, antes de lhe dizer: “Andas 38 inquieta e te preocupas com muitas coisas. Entretanto, pouco é necessário ou mesmo uma só coisa; Maria, pois, escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada.” (Luc 10.41,42). É provável que Marta tenha se sobrecarregado com um peso maior do que ela poderia suportar. Ninguém lhe havia imposto aquele fardo, e muito menos Deus o faria, mas ela o tomou por sua própria escolha. Então movida pelo orgulho teve a ousadia de repreender o próprio Senhor por julgá-lo como indiferente à sua aflição e não ter, segundo ela, sido sensível o bastante para repreender sua irmã Maria por estar Lhe ouvindo, para que ela o deixasse e fosse ajudá-la nos afazeres domésticos. Ainda hoje, quantos irmãos em Cristo, especialmente irmãs, são tentados a se queixarem de Cristo por não terem tempo de ouvi-lo por causa de suas muitas tarefas domésticas e outros tipos de afazeres? É preciso estar vigilante contra isto, porque Cristo não nos impede de darmos conta de nossas ocupações, ao contrário nos ordena isto, e nos fortalece e capacita para a sua realização, mas a Sua lei jamais mudará de que Deus e o Seu reino devem vir em primeiro lugar, em relação a tudo o mais. A ansiedade apaga a fé, e sem fé é impossível agradar a Deus. Por isso nosso Senhor primeiro repreendeu Marta para que pudesse depois instruí-la, 39 dizendo-lhe que ela deveria como sua irmã Maria se esforçar para estar a Seus pés, porque somente uma coisa é necessária para agradarmos a Deus, que é esta de estarmos sempre ao seu dispor, amando-o acima de todas as demais coisas. Se fizermos tudo neste mundo e se viermos a faltar nisto que é vital, somos a mais miserável de todas as criaturas, porque somente o ser humano tem uma alma para ganhar ou perder. O que dará o homem em troca da sua alma? De que vale ganhar o mundo inteiro e vir por fim a perder a alma? Por isso nosso Senhor mostrou a Marta qual era a sua doença e por amor lhe ministrou o remédio adequado. Antes de escrever este texto, ainda ontem eu meditava sobre o imenso valor que há em se ter o privilégio de se estar debaixo da instrução de ministros fiéis que pregam o verdadeiro evangelho de Jesus e que mantêm permanente comunhão com Deus. Eles são os portadores da riqueza de inestimável valor que é a Palavra pela qual somos gerados novas criaturas. Eles nos dão acesso de graça e pela graça à maior graça que pode e deve ser alcançada para se ter vida eterna. É portanto uma bem-aventurança poder frequentar as reuniões de oração e adoração onde Cristo é realmente exaltado, porque se tem ao alcance da mão o maior tesouro de todo o universo, o único capaz de enriquecer para 40 sempre o nosso espírito, ressuscitando-o de entre os mortos para provar da vida do próprio Deus. E enquanto Maria estava debaixo desta experiência, Marta estava ainda sem experimentá-la ou então se afastando da mesma por conta de sua visão que era carnal naquela ocasião. Lembremos que todas as coisas pertencentes a este mundo e à vida que temos em nossa relação com ele, nos serão tiradas um dia, mas todas as coisas que temos recebido por meio da nossa fé em Jesus Cristo jamais poderão ser tiradas de nós, seja até mesmo pela morte, ou por poderes do inferno, ou por tribulações, angústias ou pelo que for, conforme nos ensina Paulo em Romanos 8. “Entretanto, pouco é necessário ou mesmo uma só coisa; Maria, pois, escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada.” (Lucas 10.42) 41 Preservando a Ternura de Coração Para preservar a ternura de coração é necessário tomar cuidado com o mínimo pecado contra a consciência, porque o mínimo pecado deste tipo abre caminho para a dureza de coração. Pecados que são cometidos contra a consciência fazem obscurecer o entendimento, matam a afeição, e sugam a vida da nova criatura, de modo que ela não tenha força para resistir à menor tentação. E desses que pecam contra a consciência Deus tira o seu Espírito, e é nisto que consiste o apagar ou entristecer o Espírito que a Palavra tanto recomenda que tenhamos o cuidado de não fazer. O pecado contra a consciência nos levará de um grau de dureza de coração para outro maior, e isto fará então com que sejamos insensíveis, inflexíveis e não moldáveis, porque ficamos alijados das operações da graça de Deus. O coração dantes sensível ao peso do menor pecado, agora, estando endurecido suportará em graus sucessivos o peso de pecados abomináveis sem sentir qualquer tristeza ou arrependimento por isto. O coração sensível não suporta o peso de qualquer pecado, por menor que ele seja. Assim, deveríamos examinar nossos corações diariamente por meio deste critério de verificação, para que nos voltemos para Deus 42 pedindo-lhe humildemente que nos perdoe e restaure ao primeiro amor. Pecados contra a consciência a cauterizam de tal forma que ela fica insensível até mesmo às ameaças dos juízos de Deus constantes da Sua Palavra. 1Tm 1:5 Ora, o intuito da presente admoestação visa ao amor que procede de coração puro, e de consciência boa, e de fé sem hipocrisia. 1Tm 1:19 mantendo fé e boa consciência, porquanto alguns, tendo rejeitado a boa consciência, vieram a naufragar na fé. 1Tm 3:9 conservando o mistério da fé com a consciência limpa. 1Tm 4:2 pela hipocrisia dos que falam mentiras e que têm cauterizada a própria consciência, Heb 10:22 aproximemo-nos, com sincero coração, em plena certeza de fé, tendo o coração purificado de má consciência e lavado o corpo com água pura. 1Pe 3:21 a qual, figurando o batismo, agora também vos salva, não sendo a remoção da imundícia da carne, mas a indagação de uma boa consciência para com Deus, por meio da ressurreição de Jesus Cristo; 43 O Grande Milagre O testemunho que dou a seguir, que poderia chamar de o grande milagre ou a vitória da fé, se refere às circunstâncias que acompanharam primeiro, um infarto do miocárdio que tive em 2006, e depois, um câncer de intestino em 2010. Quando digo vitória da fé, não me refiro à capacidade de crer que seria curado, mas vitória da fé que é mediante a nossa comunhão com o Senhor Jesus Cristo. A fé que professamos nEle e em Sua Palavra. A fé que nos transformou em novas criaturas. Muito bem, o grande milagre não foi a cura propriamente dita, mas a grande paciência, paz e alegria sobrenaturais que me foram concedidas pelo poder da graça, que pude experimentar com a presença do Senhor durante todo o longo período de ambas enfermidades. Em nenhum dos casos fui impedido de ministrar e de continuar dando testemunho do grande amor e bondade do Senhor, porque era capacitado para isto pela graça de Jesus, e por vezes me surpreendia, quando nos cultos de adoração, me achava mais entregue ao louvor e adoração do Senhor, do que todos os demais membros da congregação que não padeciam de qualquer enfermidade. Ainda que não tivesse qualquer mérito para isto, senão por contar exclusivamente com a grande misericórdia e bondade deDeus. 44 Então o testemunho do grande milagre é este: Apesar de sermos pecadores limitados e imperfeitos, Deus é fiel em cumprir tudo o que nos tem prometido em sua palavra, de jamais nos desamparar ou abandonar, e de jamais nos deixar órfãos, pois estará conosco todos os dias, até a consumação dos séculos. “Seja a vossa vida sem avareza. Contentai-vos com as coisas que tendes; porque ele tem dito: De maneira alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei.” (Hebreus 13.5) “Não vos deixarei órfãos, voltarei para vós outros.” (João 14.18) “E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século.” (Mt 28.20) 45 O Sábio e Poderoso Controle de Deus nas Nossas Aflições “Acaso, é esmiuçado o cereal? Não; o lavrador nem sempre o está debulhando,”. (Isa 28:28a) A debulha da aflição não tem por propósito causar qualquer dano ao homem interior do cristão, porque o grão será mantido íntegro na debulha, e dele nada se perderá, senão somente a sua casca e palha. O trabalho do lavrador não é somente o de debulhar, mas também de preparar a terra, cultivá-la, plantar a semente e cuidar da plantação até que chegue o tempo da colheita. Ora, assim também procede em relação aos cristãos o Grande Agricultor que é Deus. As aflições dos homens ímpios torna-lhes mais orgulhosos, mas aquelas aflições que nos levam a orar mais e que nos levam para mais perto de Deus, tornando-nos mais semelhantes a Cristo, estas são aflições abençoadas. Por isso Davi disse: “Foi-me bom ter eu passado pela aflição, para que aprendesse os teus decretos." (Sl 119.71) Todas as aflições dos cristãos estão debaixo do controle de Deus, porque ele não permitirá que a pressão sobre o grão não exceda a medida adequada, de modo a não prejudicá-lo. Como dissemos antes, o seu objetivo é apenas o de remover o que não serve, a saber, a casaca do pecado, a palha dos maus hábitos e tudo aquilo 46 que impede o crescimento da graça que foi plantada por ele nos nossos corações. “Não vos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e não permitirá que sejais tentados além das vossas forças; pelo contrário, juntamente com a tentação, vos proverá livramento, de sorte que a possais suportar.” (I Cor 10.13) Temos um amplo testemunho nas vidas de muitos cristãos que saíram muito melhorados espiritualmente de suas aflições. É no nosso aperfeiçoamento espiritual até à plena semelhança com Cristo que Deus está interessado, porque foi para este propósito que ele nos criou. Quando usamos a fé que professamos para outros fins, estaremos certamente mercadejando a Palavra de Deus para objetivos interesseiros egoístas pecaminosos que afastarão os nossos ouvintes para muito além deste alvo proposto pelo Senhor para aqueles que desejam se aproximar dele. Assim, a paciência é recomendada na Bíblia para todas as aflições que experimentarmos porque é para este propósito que as provações nos são enviadas por Deus. “Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria o passardes por várias provações, sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança. Ora, a perseverança deve ter ação completa, para que sejais perfeitos e íntegros, em nada deficientes.” (Tiago 1.3,4) 47 Se não nos armarmos do pensamento que devemos ser pacientes na tribulação e depositar toda a nossa confiança no Senhor, para sermos fortalecidos pela sua graça, certamente interromperemos a ação da nossa perseverança que deve ser completa, para que sejamos aprovados em nossas tribulações. Devemos também nos encorajar com o pensamento verdadeiro de que estas aflições são designadas para durarem uma temporada, caso necessário, com vistas ao refinamento da nossa fé, I Pedro 1.6. Assim, devemos nos consolar com a certeza de que Deus proverá o escape, como ele tem sido fiel em fazê-lo com todos os seus servos ao longo de toda a história da Igreja. 48 O Trabalho do Grande Agricultor Até mesmo os eleitos de Deus são tolos, mundanos, avarentos, cheios de inveja, concupiscências, paixões, fraquezas, ignorância, e assim por diante. O arado de Deus trilhando seus corações lhes ajuda a terem uma terra melhor e mais fértil para as sementes da graça, e lhes dá força ao germinarem para fixarem bem suas raízes de forma a não serem prejudicadas pelas ervas daninhas, senão de outra forma, seriam destruídas. Assim, não devemos invejar aqueles que são poupados de aflições, e admirarmos o tipo de alegria carnal que eles possuem, porque diante de Deus são um campo estéril. O propósito de Deus nas aflições é o de remover o orgulho carnal dos nossos corações e vontades. Mas muitos dos filhos de Deus ainda clamam em seu sofrimento: “Oh quando haverá um final disto?” Neste caso, eu digo, veja até que ponto você tem se aplicado em observar à Palavra, veja em qual medida ela está enxertada no seu coração. Quando podemos ouvir a palavra com alegria, e os nossos esforços se aplicam desta forma, então estamos perto do fim da nossa aflição; quando o solo do coração estiver pronto para o crescimento da graça que foi plantada em nós pelo Espírito, então é chegada a hora. 49 E o fim da aflição não significará em muitos casos, necessariamente a solução do problema que nos afligia, mas a remoção do nosso abatimento, tristeza, quando o coração já não mais estará turbado com o problema, em razão do poder que nos é concedido por Deus para suportá-lo com alegria, paz e paciência. Temos visto isto em muitos casos de graves enfermidades experimentadas por servos do Senhor. Nisto conhecemos as aflições que nos vêm do amor de Deus, quando nos fazem ter amor à Sua Palavra, e nos apegarmos a ela. A Palavra de Deus é a semente da vida eterna que foi plantada em nós na nossa conversão, e que é poderosa para nos salvar. Jesus afirma expressamente na Parábola do Semeador que o solo é o nosso coração e que a semente é a Palavra. Assim, é nosso dever permitirmos o trabalho do grande Agricultor nas aflições que sofremos, para que esta semente germine, cresça e frutifique em abundância o fruto do Espírito que consiste em todas as virtudes conforme elas se encontram na pessoa de Cristo. 50 As Imperfeições da Igreja aqui neste Mundo “Eu estou morena e formosa, ó filhas de Jerusalém, como as tendas de Quedar, como as cortinas de Salomão. Não olheis para o eu estar morena, porque o sol me queimou. Os filhos de minha mãe se indignaram contra mim e me puseram por guarda de vinhas; a vinha, porém, que me pertence, não a guardei.” (Cantares 1.5,6) O melhor dos santos de Deus, por mais alvo que esteja aqui embaixo, encontra-se num estado imperfeito; mas, apesar do estado de imperfeição dos cristãos, eles não devem ficar desanimados. Há uma glória e excelência nos santos de Deus, no meio de todas as suas imperfeições e decaimentos. Nos primeiros versículos do 5º capítulo de Cantares, a igreja tendo mostrado seu fervoroso amor e afeição por Cristo e anseio por uma comunhão mais próxima com ele, tendo também confessado e professado sua própria fraqueza e incapacidade de chegar até ele, por cuja causa ela diz, "Leva-me após ti, apressemo- nos.", ela apresenta uma queixa contra aqueles que tentam desacreditá-la, aos quais chama de “filhas de Jerusalém”. Estas filhas às quais a igreja se dirige são como quem não possui a graça santificante ainda 51 nelas, ou que ao menos esta seja muito pequena). Ela (a igreja) se rendeu ao que foi dito: "Eu sou morena por que o sol me queimou”, isto é, minha condição aqui é imperfeita, sujeita ao pecado, à aflição; não bela, portanto, aos olhos e julgamentos carnais. Ela, nega o argumento, de ser portanto, desprezada pelos homens e rejeitada por Cristo como alguém que não tinha nada nele,ou melhor, os que se encontram extremamente queimados pelo sol podem ser belos e atraentes, e por isso ela diz no início do versículo que se via assim, interiormente rica e encantadora, como as tendas de Quedar e as cortinas de Salomão, e sabendo que podia estar sendo julgada de forma incorreta, se apressou em dizer: “não olheis para o eu estar morena”, ou seja, não me julguem de modo precipitado pelo que veem em mim. Temos então aqui a confissão da igreja que apesar de sua riqueza interior pela habitação que possui do Espírito de Deus, todavia ainda há imperfeições no homem exterior, no velho homem, em contraposição à perfeição da nova criatura em Cristo Jesus. Paulo revela em 1 Coríntios 13.9 esta condição de não existir uma perfeição completa da igreja enquanto neste mundo. Pois a promessa da sua plena perfeição será cumprida somente na volta daquele que é perfeito, a saber, Jesus, o Cabeça da igreja. 52 O apóstolo João também o confirma em I João 1.8, onde é dito que "se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós.” Então, até que chegue o dia da sua ressurreição, a igreja está com a pele ressecada pelo sol ardente do pecado e das aflições, e apresenta diversas imperfeições no seu exterior que leva muitos a criticá-la, até mesmo alguns que dela participam por desconhecerem a sua própria imperfeição e a verdade de que esta nos acompanhará todos até o dia da nossa morte. Os santos estão sujeitos a dores, vergonhas, seus corpos são vis, corruptíveis; em suas almas há muitos conflitos, corrupções em sua velha natureza, tentações, temores, tristezas; há falhas nos seus serviços, no seu arrependimento, fé, oração, etc. A igreja sabe então que é imperfeita, mas sabe também que Cristo a ama embora seja aqui imperfeita, porque há de completar a obra da qual tem se encarregado de apresentá-la a si mesmo no dia das bodas do Cordeiro no céu, sem mancha, ruga ou coisa semelhante. Então devemos olhar nossos pecados e falhas com tristeza, mas não devemos ser desencorajados por isto, deixando de prosseguir na busca da perfeição que nos está prometida e proposta por Deus. Temos um grande e poderoso libertador que ama seus filhos em meio a todas as suas deformidades. 53 Na continuidade do versículo 6 a igreja diz: “Os filhos de minha mãe se indignaram contra mim e me puseram por guarda de vinhas”; eles a injuriaram, e procuraram levá-la a cuidar dos interesses deles, de suas vinhas, de modo que ela diz que não pôde cuidar da sua própria vinha, ou seja, aquela que lhe fora designada pelo Senhor Jesus: “a vinha, porém, que me pertence, não a guardei.” Estes seus irmãos, filhos de sua mãe, têm o nome de irmãos, porque se passam por tais, mas são falsos, hipócritas, mestres orgulhosos do erro que se apoderam do rebanho de Cristo para desviar o coração de suas ovelhas da comunhão com Ele. Mas eles não logram êxito por muito tempo em seu intento, porque não é possível enganar os escolhidos do Senhor. Eles o conhecem e são por ele conhecidos, e ouvem a sua voz e o seguem, e não aos estranhos. Então, a igreja se expressa no versículo 7 afirmando o seu amor e cuidado pelos interesses do seu Senhor: “Dize-me, ó amado de minha alma: onde apascentas o teu rebanho, onde o fazes repousar pelo meio-dia, para que não ande eu vagando junto ao rebanho dos teus companheiros.” 54 O Mal e o Perigo de Ofensas "Ai do mundo, por causa dos escândalos; porque é inevitável que venham escândalos, mas ai do homem pelo qual vem o escândalo!" (Mt 18.7) É muito evidente que nosso Senhor Jesus Cristo põe um peso muito grande sobre esta matéria relativa a ofensas, ele as representa como uma espada de dois gumes: 1) "Ai do mundo por causa dos escândalos!” – O mundo que se escandaliza sem motivo, com Cristo e com o evangelho, e com o bom testemunho dos seus servos, e que por esta rejeição permanece debaixo de condenação. 2) “Ai daquele por quem vem o escândalo!" – Aqueles que provocam escândalos, por carregarem o nome de Cristo, e que por não terem um procedimento condizente com a fé que professam ter, servem de motivo de tropeço para muitos que não vêm a Cristo ou que dele se afastam, por pensarem que ele tenha algo a ver com o comportamento desses insubordinados. John Owen assim se expressou quanto a isto: “Assim, nosso Senhor apresenta essas duas coisas juntamente. É necessário que haja ofensas; Deus as designou, e deve ser assim. Devemos portanto considerar para nós mesmos o tempo em que podemos estar certos que os escândalos serão abundantes, para que sejamos cautelosos quanto a isto. 55 Primeiro, é um tempo de perseguição. As ofensas serão abundantes em tempos de perseguição. Em segundo lugar, um tempo de grandes pecados é um momento de grandes escândalos, tanto contra um testemunho exemplar do evangelho, quanto em relação ao oposto disto. Isto, o Espírito Santo diz expressamente, que "nos últimos dias haverá tempos difíceis." Todos os perigos surgem de ofensas. E por quê? As concupiscências dos homens serão abundantes. Quando há uma abundância de concupiscências (cobiças), haverá uma abundância de delitos, que fazem com que os tempos sejam perigosos. Em terceiro lugar, quando há uma decadência das igrejas, quando crescem frias, é a hora dos escândalos abundarem: "por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará." Este é um tempo em que as ofensas abundarão; como todas as igrejas de Cristo parecem estar neste dia. Todas as virgens, sábias e tolas, estão dormindo. É o que eu lhes disse muitas vezes, e eu gostaria de poder dizer que eu lhes disse com choro, que estamos sob um decaimento lamentável, - caindo de nossa primeira fé, amor e obras. Agora, se todos estes tempos devem vir sobre nós - um tempo de perseguição, como ocorre agora em todo o mundo, diz o apóstolo: "Amados, não estranheis a ardente prova... certos de que sofrimentos iguais aos vossos estão-se cumprindo na vossa irmandade 56 espalhada pelo mundo”, um tempo de abundância de grandes pecados nos homens; e um tempo de grandes decaimentos em todas as igrejas, - se é assim conosco, com certeza é muito bom para nós atentarmos para a advertência de nosso Salvador: "Acautelai-vos dos escândalos". Deus designou Cristo para ser a maior ofensa no mundo, Isaías 8.14. Ele foi designado para ser uma pedra de tropeço e uma rocha de escândalo, - uma ofensa insuperável. A pobreza de Cristo no mundo e sua cruz seriam rocha de escândalo, na qual os judeus e os gentios tropeçaram e caíram, e se arruinaram por toda a eternidade.” Jesus nunca ofendeu a ninguém mas foi tomado indevidamente por muitos como sendo uma ofensa, um escândalo. E assim também seus discípulos têm da parte de Deus apenas esta única concessão de serem motivo de escândalo para alguns do mundo, por causa do bom testemunho que eles dão, na sua identificação com o Seu Salvador e Senhor. Agora, devemos ter cuidado quanto a todas as demais formas de escândalos (ofensas) que são causadas, especialmente contra as consciências de irmãos ainda fracos na fé. Mesmo que estas ofensas sejam causadas por uma má aplicação da verdade. “Acolhei ao que é débil na fé, não, porém, para discutir opiniões.” Rom 14.1. 57 “Tu, porém, por que julgas teu irmão? E tu, por que desprezas o teu? Pois todos compareceremos perante o tribunal de Deus. Como está escrito: Por minha vida, diz o Senhor, diante de mim se dobrará todo joelho, e toda língua dará louvores a Deus. Assim, pois, cada um de nós dará contas de si mesmo a Deus. Não nos julguemos mais uns aos outros; pelo contrário, tomai o propósito de não pordes tropeço ou escândalo ao vosso irmão.” (Rom 14.10-13) O apóstolo falou do tribunal de Deus para o julgamento detodos os escândalos e ofensas que tivermos feito, especialmente aqueles que servem de tropeço a pessoas que ofendemos com o nosso procedimento e que por conta disto ficaram impedidas de virem a Cristo ou de se firmarem na fé, pelo que viram ou receberam de nós e que não condiz com a nossa condição de servos de Deus. “E, por isso, se a comida serve de escândalo a meu irmão, nunca mais comerei carne, para que não venha a escandalizá-lo.” (I Cor 8.13) Se daremos contas do escândalo produzido quando estamos empenhados em defender o que nos parece verdadeiro e justo, o que se dirá então do escândalo produzido por um mau procedimento, seja ele intencional ou não? “não dando nós nenhum motivo de escândalo em coisa alguma, para que o ministério não seja censurado.” (2 Cor 6.3) 58 “Não vos torneis causa de tropeço nem para judeus, nem para gentios, nem tampouco para a igreja de Deus,” (I Cor 10.13) 59 “Andarão dois juntos, se não estiverem de acordo?" (Amós 3.3) O alvo de Deus na criação do homem é o de que este tenha comunhão amorosa com Ele. Agora, como é possível haver comunhão de espíritos onde Deus quer uma coisa e o homem outra, em relação ao mesmo assunto? O argumento liberalista aponta a importância de a vontade do homem ser respeitada por Deus, ainda que vá na contramão da Sua vontade divina. Não é necessário muito esforço para entendermos que é justamente nisto que reside o pecado. Não foi isto que Satanás e os anjos caídos fizeram e que foi a causa da sua queda? Não foi isto que Adão e Eva fizeram no Éden, e que trouxe a maldição de Deus a toda a criação? Pode haver paz na casa quando os seus habitantes andam em desacordo? E é importante lembrar que dependemos inteiramente da graça de Deus para ter harmonia em nossos lares, porque podemos ficar à mercê do ataque de demônios que podem causar terríveis ruídos em nossas comunicações e indisposições em nossos corações para com aqueles aos quais amamos. Ai de nós se não fossem repreendidos pelo poder de Cristo! Se não fosse por isto poderíamos estar permanentemente com nossos corações turbados e magoados. 60 Então importa estarmos em paz com Deus e sujeitos à Sua vontade, Palavra e poder, de modo que possamos contar não apenas com os Seus livramentos, mas sobretudo com o deleite da comunhão com Ele, que se estenderá a todos os Seus filhos. Nunca devemos esquecer que temos um estado latente ruim em nossa alma, decaída no pecado, o velho homem do qual devemos nos despojar continuamente pela mortificação do pecado. E como faremos isto sem o poder da graça de Cristo? Sem o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo? Deus não deve estar apenas em nossa casa espiritual, a saber, no nosso corpo, que é templo do Espírito, mas deve deter o pleno governo sobre a mesma. Este é o único modo de vivermos para a Sua exclusiva glória, e para o louvor da glória da Sua graça (Ef 1.6). Importa caminhar com Deus, especialmente pela razão exposta pelo apóstolo em Gálatas 5.17: “Digo, porém: andai no Espírito e jamais satisfareis à concupiscência da carne. Porque a carne milita contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne, porque são opostos entre si; para que não façais o que, porventura, seja do vosso querer.” (Gál 5.17) 61 Andando Humildemente com Deus "E andes humildemente com o teu Deus." (Miqueias 6.8) Nos dias desta exortação do profeta o povo de Israel estava tentando apaziguar-se com Deus meramente pela apresentação de sacrifícios no templo. Com isto, pensavam que ele poderia fazer vistas grossas para os seus pecados. Eles julgavam que pelo simples fato de serem descendentes de Abraão, e de ter Deus feito uma aliança com eles, que isto era suficiente para se sentirem seguros quanto ao favor de Deus em relação a eles, que lhes garantiria um viver em vitória neste mundo. O mesmo sucede com a Igreja de Cristo, quando os cristãos se sentem seguros pelo fato de terem sido justificados e regenerados quando se converteram, e não se ocupam mais com o assunto da santificação de suas vidas, por uma sincera prática da Palavra de Deus. Faríamos bem em deixar sempre soar em nossos ouvidos a indagação do profeta que foi dirigida aos israelitas: “O que o Senhor pede de ti?”, e a conclusão da resposta encontra-se no título do nosso texto. Esta mesma inquirição foi dirigida por Moisés a eles em seus dias: “Agora, pois, ó Israel, que é que o Senhor requer de ti?” (Deut 10.12). O que o Senhor requer dos cristãos? 62 Devemos responder com sinceridade a esta pergunta para nós mesmos. Deus requer a fé, a justiça a misericórdia, o amor, porque é por cumprir os seus mandamentos que provamos que o amamos de fato. Vãs serão todas as obras que fizermos em seu nome, caso não sejam acompanhadas por este esvaziamento do nosso ego, que comprova que andamos em humildade perante ele, para que possamos ser guiados à prática da sua Palavra pela instrução, direção e poder do Espírito Santo. 63 A Fé Que nos Vem de Deus A fé não consiste apenas no assentimento da mente para com a verdade das promessas de Deus. Sem isto, não há fé. Mas isto por si só não é a fé da qual a Bíblia fala. Esta fé de mero assentimento é a fé que Satanás e os demônios possuem, porque eles sabem e creem que Deus é fiel em cumprir tudo o que tem prometido. E isto lhes causa dor porque não podem deixar de acreditar nisto. A verdadeira fé além de demandar o assentimento da mente, também exige o consentimento da vontade com toda a palavra revelada de Deus. O tipo de confiança em Cristo que a fé verdadeira possui é confiança em qualquer circunstância, tendo ou não tendo, sendo honrado ou humilhado, na saúde ou na enfermidade, nas perseguições sofridas por causa da prática ao evangelho e obediência à vontade de Deus. A fé verdadeira habitando na alma não gera obediência mecânica a Deus, mas por amor a Ele e à sua Palavra, no poder do Espírito Santo. A fé que nos vem como dom de Deus é purificada e aumentada nas experiências que 64 temos com a fidelidade, amor e poder de Deus em nós, nas tribulações e tentações que sofremos. Esta fé ilumina a nossa mente e espírito para entendermos a Palavra de Deus. A fé genuína nos leva a conhecermos a nossa pecaminosidade e a nossa necessidade da aceitação de Cristo para ser a nossa justiça, que é o único meio de sermos livrados da maldição, da condenação eterna e da ira de Deus. Por tudo o que foi afirmado até este ponto, podemos concluir que a fé não pode ser produzida pela vontade do homem, e por isso é necessário recebê-la como um dom de Deus, que não somente dá a fé, como também a mantém, aumenta e prova para que seja refinada. Esta fé que é dom de Deus é a única que nos habilita a recebermos a Cristo da forma pela qual convém ser recebido por nós, em todos os aspectos relacionados à nossa justificação, regeneração, santificação, comunhão e tudo o mais que temos por estarmos unidos a Ele pela fé. Todavia, ainda que uma pequena fé nos habilite a receber a justificação e a regeneração, somente pelo aumento da fé em graus podemos 65 fazer progresso na santificação e no aumento da nossa comunhão com Deus. Este aumento da fé em graus se refere ao seu fortalecimento, e isto não é obtido por meio de esforço mental para crer na fidelidade de Deus em suas promessas, especialmente em circunstâncias difíceis, mas no fechamento com a vontade Deus, sem recuar ou praticar o que seja do Seu desagrado em toda e qualquer circunstância, por ter sido aperfeiçoado no conhecimento íntimo e pessoal com Jesus Cristo, experimentando de Sua presença fortificadora e consoladora em todas as situações da vida. Assim, o crescimentona graça, na fé e no conhecimento de Cristo depende de nossas experiências com a Palavra de Deus, sendo aplicada em nossas vidas pelo Espírito Santo, no decurso de nossa jornada terrena. Portanto, a firmeza nas tentações será tanto maior quanto maior for a nossa fé. Uma fé fraca nos levará a cair até mesmo em pequenas tentações. 66 Como podemos Preparar Nossos Corações Para Suportar Reprovações “Fira-me o justo, será isso uma gentileza; repreenda-me, será como óleo sobre a minha cabeça, a qual não há de rejeitá-lo. Continuarei a orar enquanto os perversos praticam maldade." (Sl 141.5) Para que possamos receber reprovações de uma forma devida, três coisas devem ser consideradas: 1. A qualificação geral do reprovador, 2. A natureza da reprovação, e, 3. O assunto relativo à mesma. O salmista deseja que seu reprovador seja uma pessoa justa : "Que o justo me fira", "repreenda- me." Dar e receber repreensões, é um ditame da lei da natureza, através do qual cada homem é obrigado a procurar o bem dos outros, e para promovê-lo de acordo com sua capacidade e oportunidade. A primeira coisa a ser considerada é dirigida por aquele amor que é devido aos outros; e a segunda, por aquilo que é devido para nós mesmos: estas são as duas grandes regras, e a medida para os deveres de todas as sociedades, seja civil ou espiritual. É desejável que aquele que reprova seja uma pessoa justa, porque deve ter um senso do mal a ser reprovado. 67 E se a repreensão for feita sem sabedoria e humildade, todos os seus benefícios serão perdidos. Por isso nosso Senhor nos diz que devemos primeiro tirar a trave de nossos olhos antes que tiremos o argueiro dos olhos do nosso irmão (Mat 7.3-5). 2. A natureza de uma reprovação deve também ser considerada. Assim cada repreensão pode ser: 1. Autoritária, (da parte de quem possui autoridade) 2. Fraterna 3. Simplesmente amigável e ocasional Há uma autoridade especial que acompanha as reprovações ministeriais na Igreja. Está em foco a reprovação pessoal privada, realizada por aqueles que detêm autoridade ministerial, porque é ordenado por Deus que os ministros exortem, repreendam, admoestem, e reprovem, conforme a ocasião exigir. Não cumprir isto significa desprezar a autoridade de Jesus Cristo que assim o determina. Ele repreende a todos quantos ama (Apo 3.19). Assim, toda autoridade para a reprovação ministerial emana dele. A repreensão autoritária dos pais é um dos principais deveres dos pais para com seus filhos. A negligência deste dever produzirá os Hofnis, Finéias e Absalões. 68 A repreensão autoritária civil é a exercida por governantes e chefes. Esta é também ordenada por Deus para o bem da sociedade civil. A repreensão fraternal é a que é comum entre os membros da mesma igreja, em virtude de suas obrigações para com Cristo e uns com os outros. (Mat 18.15; Lev 19.17; Rom 15.14; 1 Tes 5.14; Heb 3.12,13; 12.15,16). Por último, as repreensões são amigáveis ou ocasionais, quando administradas por qualquer pessoa, conforme as razões e oportunidades o exijam. Se o assunto da reprovação for verdadeiro, então deve ser devidamente considerado. Se for um assunto privado, então deve ser tratado apenas com o próprio faltoso, conforme nosso Senhor nos instrui a fazer em Mateus 18. Em se tratando de pecado público ou que seja ofensa que dê ocasião a escândalo, não precisa ser reprovado em particular. Todos os males da humanidade, seja de pessoas ou de nações, concebidos ou perpetrados, são efeitos da nossa prevaricação fatal da lei de nossa criação. Caim foi o primeiro transgressor violento e aberto das regras e limites da sociedade humana. Como de um só homem, Deus trouxe todos os demais à existência, é um dever tanto da lei de Deus quanto da própria natureza, cuidar e preservar a continuidade deste mesmo DNA comum, que nos identifica como seres 69 humanos e não como qualquer outra criatura. Daí, não furtarás, não adulterarás, não darás falso testemunho, não matarás etc. Portanto, se interpõem as reprovações e repreensões no intuito de prevenir tais transgressões e violações e para manter o bem comum e a paz e continuidade da vida em sociedade em qualquer dimensão de relacionamento considerada. Por exemplo desprezar as repreensões que sejam necessárias para a manutenção do amor fraternal é abrir uma porta para o ódio e antipatia mútuos, que, aos olhos de Deus, equivalem ao homicídio (Lev 19.17; I João 3.15). Por isso demonstramos falta de amor e respeito para com Deus e suas leis quando desprezamos as repreensões das quais nos tornamos dignos de receber, e que visam à correção do nosso procedimento, com vistas à manutenção do amor fraternal. Em princípio todos necessitamos destas repreensões porque o pecado trouxe à alma humana um estado ruim de inimizade contra Deus e contra o próximo. Quantos não foram despertados de suas apostasias em razão das repreensões que receberam? Quantos não foram despertados do sono espiritual no pecado em que se encontravam? Quantas armadilhas e tentações não foram evitadas? Daí Davi afirmar: 70 “Fira-me o justo, será isso uma gentileza; repreenda-me, será como óleo sobre a minha cabeça, a qual não há de rejeitá-lo.” Devemos portanto encarar cada reprovação que nos é dada como uma forma de dever. Isso vai remover o senso de ofensa que poderíamos ter contra o reprovador. E se estivermos convencidos de que é dever do outro nos reprovar, não podemos deixar de estar convencidos de que é nosso dever ouvi-lo e dar a devida consideração àquilo que devemos consertar. A Bíblia está repleta de exemplos quanto àqueles que se recusaram a dar ouvidos à repreensão que receberam e que caíram em ruína diante de Deus. Assim, devemos cuidar de sermos curados pela graça de Deus, de nossas disposições mentais, emocionais, iracundas, exaltadas, orgulhosas, presunçosas, preconceituosas, que nos levam a rejeitar reprovações e repreensões. “O que repreende o escarnecedor traz afronta sobre si; e o que censura o perverso a si mesmo se injuria. Não repreendas o escarnecedor, para que te não aborreça; repreende o sábio, e ele te amará.” (Prov 9.7,8). “O homem que muitas vezes repreendido endurece a cerviz será quebrantado de repente sem que haja cura.” (Prov 29.1). A norma bíblica para a repreensão é que seja feita com longanimidade (sendo tardio em se 71 irar contra o mal) e com doutrina (segundo os preceitos da Palavra de Deus), (II Tim 4.2). A melhor maneira de manter as nossas almas numa prontidão correta para receber reprovações, que possam nos ser dadas por qualquer pessoa, é manter e preservar as nossas almas e espíritos, num temor constante de reverência às repreensões de Deus, que estão registradas na sua Palavra. Foi por causa da negligência ou desprezo dessas reprovações, que Deus derramou a sua ira sobre a humanidade no dilúvio e em várias ocasiões na história de Israel, no Velho Testamento, como forma de advertência para nós a quem o fim dos tempos tem chegado. 72 O Valor da Vida Está no Amor É do Espírito Santo que o verdadeiro amor cristão surge, tanto para Deus, quanto em relação aos homens. O Espírito de Deus é um Espírito de amor, e quando entra no nosso espírito, o amor também entra com Ele. Deus é amor, e aquele que tem Deus habitando nele pelo seu Espírito, terá o amor também habitando nele. A natureza do Espírito Santo é amor; e é a própria natureza dEle que comunica aos santos, de modo que o amor é derramado abundantemente em seus corações pelo fato do Espírito Santo estar habitando neles. Nisto entendemos porque o apóstolo diz nos três primeiros versos do 13º capítulo de I Coríntios, que caso não se tenha este amor, nada aproveita ter dons, talentos, fazer
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