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Introdução à técnica cirúrgica e profilaxia da infecção Hoje, 80% das complicações que se tem em procedimentos cirúrgicos estão associados com infecções. Seja a partir de descenso de pontos, presença de pus, etc. Conceito de técnica cirúrgica Técnica cirúrgica = técnica operatória. É a parte da ciência médica que estuda os procedimentos manuais e instrumentais, mediante os quais os tecidos são incisados (cortados) e reconstituídos por meio de um plano pré-determinado, com fins econômicos e terapêuticos. A intervenção/técnica cirúrgica é um procedimento físico em que se faz o corte e a sutura dos tecidos. A não ser que seja uma cirurgia de emergência, toda cirurgia deve ser pré-determinada, ou seja planejada. É importante conhecer: a patologia do animal; qual procedimento realizado para tratá-la; o estado de saúde do animal (se está anêmico ou não, o nível de plaquetas, se tem problema cardíaco, renal, hepático), porque a anestesia vai influenciar nessas patologias. São poucos os tecidos que podem se regenerar (voltar ao seu estado original com as mesmas funções e potenciais). Lembrando que regeneração é diferente de cicatrização. O tecido muscular, por exemplo, possui pouca capacidade de regeneração. Devemos estudar muito bem o caso clínico e a anatomia regional e fazer um planejamento do acesso cirúrgico para evitar manipular os tecidos de maneira desnecessária e gerar sequelas incorrigíveis. Os dissociativos, como a ketamina e o zoletil, tem por característica aumentar a frequência cardíaca. Em indivíduos cardiopatas isso não é desejável, porque eles podem enfartar. Todo fármaco administrado é metabolizado no fígado. Se o animal é hepatopata e para ele é administrado um fármaco que é metabolizado em 3 a 4 min, pode levar muito mais que isso, até horas. Os fármacos também são excretados pelos rins. Se o animal tiver nefropatia, pode ser que demore mais tempo. Para animais com pneumonia, tomar cuidado com a anestesia inalatória. Todo procedimento anestésico diminui muito a fisiologia do animal: diminui FR, PA, batimentos cardíacos, temperatura, taxa de filtração glomerular. Se o animal está com hiperpotassemia, devemos administrar um fármaco (como a glicose + insulina), para o potássio ser jogado para o interior das células e seja evitada uma bradicardia. Primeiro temos que classificar as cirurgias em eletivas ou emergenciais. Devemos conhecer e planejar os acessos cirúrgicos, além de conhecer as estruturas anatômicas que vamos manejar. Toda cirurgia é planejada, porém existem algumas que são rotineiras. Nenhuma cirurgia é igual à outra, porque tem muita variação da anatomia de um animal para outro, em relação ao tamanho dos órgãos, etc. Devemos estudar se a cirurgia é um método de intervenção da patologia apresentada pelo animal, e qual a técnica cirúrgica que é utilizada. Existe todo um planejamento antes que a cirurgia seja feita. O pós operatório das cirurgias são diferentes, podendo ser necessário fisioterapia, acupuntura, internação, mudança na alimentação, restrição de espaço, etc. O pós operatório deve ser planejado antes da cirurgia. A cirurgia pode ser feita visando fins econômicos, em casos de criações, como nas raças bulldog francês que não conseguem parir sozinhas, cirurgias para formação de rufiões, nas descórneas de bovinos, etc. Pode ser feita também visando fins terapêuticos, como ocorre nas cirurgias em pequenos animais. Nos pequenos animais as cirurgias são feitas visando muito mais fins terapêuticos. No entanto, a um tempo atrás fazíamos cirurgias em cães com fins econômicos, como o corte das orelhas e da bochecha, retirada de cauda. Só que essas cirurgias são ilegais nos dias atuais, podendo haver a cassação do CRMV. No mercado pet trabalhamos com o tratamento preventivo ou imediato de processos patológicos. Qualidades do cirurgião 1) Conhecer a anatomia e fisiologia do animal: Saber os músculos, nervos principais, a irrigação local. Ter o conhecimento de quais tecidos conseguem se regenerar e quais somente conseguem fazer a cicatrização. Lembrando que a regeneração ocorre somente em alguns órgãos (p.e. fígado) , que quando lesionados voltam a ter as mesmas características morfofuncionais que apresentava antes de ter a lesão. Já a cicatrização quando ocorre em local lesionado tem a formação de tecido fibroso (cicatriz) que não tem a mesma elasticidade e nem a mesma força e função que o tecido original. Como na musculatura esquelética, que quando lesionada leva à uma perda da amplitude de movimento. Por isso, para fazer a cirurgia devemos conhecer anatomicamente os músculos para não lesioná-los durante o procedimento. É importante sabermos se o vaso a ser cortado tem grande importância. Outro conhecimento de suma importância é a anatomia topográfica dos órgãos, pois p.e. quando vamos fazer cirurgia em abdome visando algum órgão específico, temos que saber a localização desse órgão para ver qual a incisão correta, se é pré-umbilical (incisão anterior à cicatriz umbilical), retro-umbilical (incisão na cicatriz umbilical) ou pós-umbilical (incisão posterior à cicatriz umbilical). Se eu for mexer com estômago, fígado e baço a incisão deve ser pré-umbilical. Já o intestino delgado, rim e útero são acessados por incisões retro-umbilicais, e por fim intestino-grosso, próstata e bexiga são acessados com incisão pós umbilical. 2) Ter habilidades manuais. Pode ser exercido com a prática. Mesmo se você não for hábil, tem como melhorar com o treinamento efetivo. 3) Ser humano e racional. Lembrar que hoje os pets são considerados parte da família. Os proprietários são na verdade tutores dos animais. Alguns tutores sofrem muito com a morte de seu animal. 4) Ser caprichoso. A sutura é alvo de críticas dos proprietários. Mesmo que você gaste horas em uma cirurgia no peritônio, o tutor verá somente os pontos na pele de seu animal. Portanto, ser caprichoso é muito importante. A analgesia é diferente da anestesia. Analgesia é a ausência de dor. Eles bloqueiam os receptores de dor (ex. opióides). Já a anestesia é um estado de inconsciência, em que há percepção da dor, por conta das catecolaminas atuando. Assim, é importante associar um anestésico com um opióide (analgésico). Os dissociativos são os únicos anestésicos que bloqueiam os receptores de dor. Equipe cirúrgica O indivíduo que vai trabalhar como cirurgião não consegue trabalhar sozinho como os profissionais da área de diagnóstico por imagem, patologia clínica, etc. P.e. o cirurgião quando se paramenta não pode tocar em nada que não seja estéril, não consegue controlar a anestesia do animal, se faltar material durante a cirurgia ele não pode abandonar o paciente no meio da cirurgia para repor. É uma profissão que não consegue trabalhar sozinha, necessita de uma equipe mínima cirúrgica de 4 indivíduos: *o cirurgião (comanda a cirurgia, deve estar totalmente paramentado, de pijama cirúrgico, gorro, máscara, avental cirúrgico/capote estéril que venha no mínimo até o joelho, luvas cirúrgicas estéreis; comanda o ato cirúrgico, planeja e executa); *auxiliar/instrumentador (deve estar todo paramentado igual ao cirurgião, muitas vezes é também o segundo cirurgião e capacitado igualmente ao primeiro cirurgião; O auxiliar/instrumentador é o indivíduo que fica junto ao cirurgião, manipulando junto com ele os tecidos, sustentando-os. O instrumentador fica ao lado da mesa, entregando o instrumental ao cirurgião e também deixando a mesa organizada. Nas nossas práticas, o auxiliar também é instrumentador). Algumas clínicas contratam como instrumentador o auxiliar de instrumentação ao invés de dividir os lucros da cirurgia com outro cirurgião, sendo que isso não é a coisa certa a se fazer. O mais legal a ser feito é contratar dois cirurgiões e um instrumentador; *Anestesista (É o responsável por manter o animal anestesiado e analgesiado, vivo. Sua função é a de manter o paciente vivo. É sempre o primeiro a chegar e o último a sair, pois elequem recebe e entrega os seus pacientes. Fica com o paciente até ele recobrar todas as suas funções biológicas normais. Fica sempre na cabeça do paciente, onde fica o aparelho de anestesia e de monitoramento dos parâmetros vitais. Ali também pode avaliar se tem reflexo palpebral, nistagmo, etc); * volante/Assepsista (usa pijama cirúrgico, deve usar gorro e máscara, não tem a exigência de usar avental estéril, sua função inicial é ajudar o anestesista a preparar o paciente, deve conter fisicamente, dar o MPA, faz a limpeza e tricotomia do paciente, posicionar na mesa, preparar o instrumental cirúrgico, abre o material de forma estéril para o cirurgião e auxiliar. Ajuda o cirurgião e auxiliar no processo de paramentação. Tudo que faltar durante o procedimento cirúrgico cabe ao volante providenciar). Ambiente cirúrgico ideal - Organograma do centro cirúrgico O ambiente cirúrgico ideal, tanto para pequenos quanto para grandes, deve ser composto por diversas salas. O que vamos descrever a seguir é uma sugestão de como deve ser organizado um centro cirúrgico ideal. A preparação do animal (anestesia, canulação) é feita de fora do centro cirúrgico. A primeira sala é o vestiário, onde todos os membros da equipe cirúrgica chegam, tiram a vestimenta que estão naquele momento, e colocam a roupa/pijama cirúrgico, antes de entrar na sala de paramentação. Esse procedimento é importante por conta do atendimento clínico do médico veterinário, onde o corredor do hospital é cheio de patógenos. Pode-se levar um grande número de bactérias para um lugar que não tinha ou tinha pouca quantidade de microorganismos. No vestiário também é importante tirar o sapato e colocar uma sapatilha (pró-pé) ou um outro sapato próprio. Tudo isso faz parte do protocolo de profilaxia de infecções. O pijama cirúrgico não é estéril, só está limpo e não conhece o corredor do hospital. É como uma barreira física. No bloco cirúrgico tem uma sala de estudos, onde são feitas discussões dos casos e receitas para os pós cirúrgicos. A sala de paramentação é onde o cirurgião e o auxiliar vão promover a higienização/anti sepsia das mãos e braços e fazer o processo de escarificação. É onde eles calçam o capote estéril e a luva estéril. Logo depois da assepsia, os cirurgiões vão para as salas cirúrgicas, que podem ser organizadas de acordo com a função específica (trauma, oftálmico, cirurgia de tecidos moles) ou não. O que fica definido é que procedimentos muito contaminados como limpeza dentária (tartarectomia) não são feitos dentro do bloco cirúrgico, e sim em salas de ambulatórios. Isso é devido ao fato que a remoção de placas bacterianas do tártaro libera uma grande quantidade desses microrganismos. É contra indicado fazer um procedimento cirúrgico junto com a limpeza dos dentes. Logo após a cirurgia o animal vai para a sala de recuperação, onde será monitorado por pessoas e equipamentos até estabelecer as suas funções fisiológicas. Ao final da recuperação o tutor chega e pega seu animalzinho. Todo material usado na cirurgia (compressas, pano de mesa, pano de camas, furadeiras, etc) sujos de sangue e dejetos são jogados na área suja e de lá o que é tecido vai para o expurgo e depois lavanderia, onde é lavado e esterilizado. Os tecidos são limpos, esterilizados e embalados, logo depois vão para a sala de armazenamento. Ferramentas instrumentais são limpas na área suja. O material que é limpo na sala suja é embalado e depois esterilizado na autoclave. Depois vai para a área de armazenamento, onde só pode ficar armazenado por no máximo 6-12 meses. Quando for necessário, o volante vai até a sala de armazenamento e pede os instrumentos necessários para a cirurgia. As áreas mais sujas do bloco cirúrgico são o vestiário, sala de paramentação, expurgo e a área suja. 1-O vestiário No vestiário ficam armários, onde dentro tem os pijamas cirúrgicos de cada Médico Veterinário. Não existem regras para a cor dos pijamas, mas em algumas Instituições a cor é padronizada e além disso, o preto mascara o sangue sujo, portanto é uma cor que deve ser evitada. Quando o pijama está sujo deve ser lavado. O pijama cirúrgico não necessita ser estéril, mas deve ser limpo e não pode conhecer o corredor do hospital. Da passagem do vestiário para a sala de paramentação, devemos trocar o sapato pelo propé (sapatilha de pano ou TNT). Mas hoje em dia temos trocado o uso de propé pelo crocs sem furos, pois o propé é tecido e se cair sangue nele pode contaminar nossa pele e nos contaminar. O crocs não precisa ser estéril, mas não conhece o corredor do hospital. 2-Sala de paramentação Nessa sala colocamos gorro e máscara. Obrigatoriamente, deve ter uma pia na forma de cocho (cuba comprida), que tem que ser funda para a água não respingar; as torneiras têm que ser por sensor, acionadas por pedal ou com válvulas de registro grandes. Nesta sala estarão dobrados os aventais cirúrgicos, que são autoclavados e estão dispostos em envelopes junto com luvas cirúrgicas estéreis e panos estéreis para secar as mãos. O volante é quem abre o pacote dos aventais, longe da mesa. Depois da antissepsia, o cirurgião e o auxiliar não podem tocar em mais nada que não seja estéril, por isso as torneiras não podem ser manuais. 3-Centro cirúrgico A sala cirúrgica ou bloco cirúrgico deve ter piso e parede de cor clara (facilita a visualização das sujeiras), para facilitar a visualização de sujeira. As paredes devem ser totalmente azulejadas e os cantos arredondados, para facilitar a limpeza. A sala não deve ter ralo, a não ser que seja aquele de abrir e fechar. Sala cirúrgica de grandes animais O centro cirúrgico de grandes animais segue as mesmas especificações. Em equinos, os procedimentos cirúrgicos à campo, com a abertura de cavidades, devem ser evitados por conta das clostridioses. Evitar que os procedimentos cirúrgicos sejam feitos em baias e currais, pois ali a contaminação é muito grande e a aglomeração animal também. É necessário então uma sala em que os animais não passem ou não permaneçam por muito tempo. A sala cirúrgica de grandes animais, diferentemente da de pequenos, tem uma ante-sala, que é uma sala de pré-anestesia ou preparo, em que será feita a primeira dose de anestesia, visando que o animal perca a consciência. O piso deve ser emborrachado, antiderrapante e a parede acolchoada, porque os equinos não aceitam muito a contenção física, diferente dos bovinos, e caem com muita força no chão duro podendo se machucar. Hoje em equinos é feita uma contenção química; eles resistem muito à anestesia também. A indução deve ser suave e controlada, de modo que a queda do animal não seja brusca e sejam causados traumas ou fraturas. A talha elétrica com trolley é responsável por erguer o animal da ante-sala para a sala cirúrgica, na altura um pouco maior que um metro, e colocá-lo na mesa cirúrgica. A mesa cirúrgica é hidráulica, toda acolchoada e com capacidade para toneladas. Equipamentos básicos: foco cirúrgico, que tem função de tirar a sombra e nem sempre é uma luz forte; monitor cardíaco (oferece informações de oximetria, temperatura, FC, etc); bisturi elétrico (faz corte e cauteriza os vasos), etc. Para trabalhar com equinos, obrigatoriamente fazer anestesia geral. A melhor é a inalatória, mas que pode causar uma série de transtornos como: hipotensão, bradicardia, hipóxia, principalmente se o animal estiver em decúbito dorsal. De preferência, deixar os equinos em decúbito lateral esquerdo, porque o pulmão direito é maior. Diferente de outros animais, caso haja uma parada cardiorrespiratória de um equino,dificilmente consegue-se reverter, já que manualmente é impossível fazer a força necessária. Para bovinos faz-se contenção física e são utilizados sedativos (xilazina, acepran), e não anestesia. E depois trabalha-se com bloqueios locais próximos à incisão. Dependendo do procedimento, é associado à ketamina (anestésico, que pode promover anestesia) e xilazina (sedativo que promove analgesiade vísceras), na proporção 50:10:5. Adiciona- se ao soro do animal, que estará canulado. É uma infusão contínua. Sala cirúrgica de pequenos animais É composta pela mesa cirúrgica; mesa auxiliar, onde é montado o instrumental cirúrgico; iluminação adequada; haste para soro (fluidoterapia) e/ou sangue (transfusão de sangue) e/ou pressão arterial invasiva; bisturi elétrico, utilizado para áreas em que é necessária a cauterização, como em vasos - ele funciona com descarga de energia e acaba aquecendo e queimando o tecido. Assim, pode ser que depois a sutura não cicatrize, por ali ficar um tecido morto. Aparelho de monitoração. Nunca comece a anestesiar um animal sem ele estar canulado. A mesa cirúrgica de pequenos animais é de aço inox, pode ser do tipo pantográfica (mesa com altura regulada). É de inox para ser limpa facilmente. Na mesa cirúrgica é feita a cirurgia, já na mesa auxiliar é montado todo o material cirúrgico. A sala cirúrgica deve ter uma iluminação adequada, não pode ser somente a iluminação de ambiente. Deve ter o foco cirúrgico, que quanto mais bulbos (lampadazinhas) melhor a sua função, que é tirar as sombras dos objetos. Não fazemos anestesia em nenhum animal que não esteja canulado, pois os fármacos podem causar reações de hipotensão severa, bradicardia, bradipnéia, hipotermia, etc. e temos que reverter o quadro rapidamente. O aparelho de monitoração eletrônica é muito importante, pois me dá vários parâmetros ao mesmo tempo. Me dá FC, FR, PAS, TR, etc. Como se portar no ambiente cirúrgico 1) Ter tranquilidade Há muitos aparelhos e fios ligados à energia e ao paciente. Além disso, devemos estar tranquilos e organizar a mesa auxiliar dispondo os objetos na organização correta. Outro exemplo também é o rompimento de artérias ou vasos calibrosos. É importante manter a calma, ter sangue frio, agir rapidamente e pegar uma compressa, encontrar o vaso, e depois pegar uma pinça hemostática e segurar o vaso. O animal só morreria em cerca de 3 a 4 minutos. Ou também, se a cavidade estiver aberta, pode-se comprimir a aorta para parar o fluxo – pode ficar por até 21 minutos – secar e visualizar o ramo. 2) Paramentar-se nos locais reservados, como uma barreira contra infecções. 3)Manter o silêncio dentro do ambiente do centro cirúrgico Não pode haver conversa alheia dentro do ambiente do centro cirúrgico, pois isso desestabiliza o cirurgião, e se ele mover a mão de maneira errada pode levar a sérios erros e complicações (como a lesão medular por compressão de DDIV); Mesmo que você não seja o cirurgião da cirurgia, mantenha a seriedade e não faça barulho dentro do centro cirúrgico (pessoas do lado de fora do centro cirúrgico que perdem seus animais nas cirurgias estão tristes e ao ouvirem as risadas ficam achando que o animal estava em mãos ruins). 4) Cuidados com a assepsia do ambiente. A assepsia é um conjunto de manobras realizadas para reduzir a quantidade de microorganismos no ambiente. São exemplos: uso de pijama cirúrgico, gorro (o cabelo mantém muitas bactérias), máscara e avental ou capote cirúrgico estéril. Dessa forma consigo diminuir a quantidade de microrganismos presentes naquele ambiente. O pijama cirúrgico é de tecido leve, enquanto o avental cirúrgico é de tecido mais grosso e de mangas longas. Já a antissepsia é quando se pega um produto químico (anti séptico), que é passado em tecidos vivos, para reduzir a carga microbiana. O pijama cirúrgico nada mais é do que uma camiseta e uma calça, de brim, e por cima dele é colocado o capote cirúrgico, que é aberto nas costas. Lembrando que a sala de cirurgia não tem janelas. Dependendo do estado do paciente e do tempo de cirurgia, o paciente acaba perdendo muito calor para o ambiente, fazendo com que ele possa entrar em hipotermia (temperatura abaixo de 32°C). O capote cirúrgico deixa de ser estéril internamente assim que o vestimos, e assim que manipulamos os tecidos, devemos tomar cuidado em manter o máximo de esterilidade nas mangas e braços, pescoço e tronco, da cintura para cima, pois é o local onde tem maior contato com o paciente. Próximo passo: colocação de gorro e máscara. O gorro é utilizado porque um dos lugares mais contaminados do organismo são o cabelo e a barba. Os pelos atuam como um filtro e acabam captando bactérias, as alojando. Já a máscara é utilizada porque a respiração do cirurgião desloca grande quantidade de ar em um único foco, podendo, assim, ser uma fonte de disseminação de microorganismos. Quando algumas bactérias estão em pequena quantidade, não são patológicas. Mas ao deslocar um grande número de bactérias (10 elevado a nona) para um único foco elas se tornam patogênicas. Quando o paciente está com a cavidade aberta, esse meio é úmido, quente e tem sangue. O sangue é muito rico para o crescimento de microrganismos. Então por isso a máscara é muito importante, mesmo em cirurgias feitas no campo. O capote ou avental cirúrgico é todo fechado na frente e aberto atrás, tecido brim mais grosso com mangas longas e altura do joelho. Ele é o único, dentre todos esses materiais, que é estéril. É estéril pois tem contato direto com o campo cirúrgico. Tem tiras de elástico que se prende nos dedos para evitar que ele corra e exponha a gente. Ele é dobrado de forma específica, de modo que quando formos nos paramentar toquemos somente na parte interna que não terá contato com o paciente, deixando a parte externa mais estéril que terá contato com o campo cirúrgico. Ele também protege o cirurgião de sangue e outros líquidos. Estéril = ausência total de microorganismos; esterilização é feita em estufa ou autoclave. Todo o material que de forma direta ou indireta pode ter contato com o campo cirúrgico deve ser estéril. Preparo do paciente Toda vez que pegamos um paciente em que será feito um procedimento cirúrgico nele, é necessário que ele passe por uma série de análises e exames laboratoriais, e é nessa etapa em que já se começa o preparo do nosso paciente. Dependendo do quadro clínico, pode-se fazer ultrassom, eletrocardiograma, etc. esses exames são detalhados de acordo com a ASA (Associação Americana de Anestesiologia) – os animais podem ser classificados de Asa 1 a Asa 5. *JEJUM Todo animal que for para a anestesia deve estar em jejum, porque muitos fármacos usados causam êmese. Pode ocorrer o risco do animal aspirar o conteúdo estomacal e gerar vômito ou uma falsa via (parada respiratória ou pneumonia por corpo estranho). O jejum deve ser prolongado para procedimentos gastrointestinais. Em ruminantes, jejum de em média 24h; Equinos de 12 a 18 horas; pequenos animais +/- 8h; jejum hídrico de 6 a 12 horas. ATT: Neonatos não podem passar de 3 horas de jejum, por conta da baixa reserva glicogênica. O jejum em ruminantes antes da cirurgia também tem outra importância além de evitar o vômito e falsa via: evitar o timpanismo. Isso porque quando eles estão sendo operados são colocados em decúbito dorsal e assim não conseguem ruminar se houver conteúdo nos pré estômagos. O jejum hídrico tem maior importância para esvaziar a bexiga urinária e assim facilitar a manipulação em cirurgias de cavidade. Procedimento eletivo = não são emergenciais, pois não causam risco de vida para o animal. Ex. castração de macho, sutura de pele. BANHO O ideal é que o animal tome banho geral no dia anterior à cirurgia; façam um controle de ectoparasitas caso o procedimento seja eletivo. E em caso de cirurgias de urgência, em que a vida do animal depende daquele procedimento, é feito um banho no local (campo cirúrgico) e depois a tricotomia. Quanto mais ampla a tricotomia, melhor. Quanto menos pêlo melhor, pois assim se o pano de campo movimentar não pega pelos se a tricotomia for ampla. Preparo do campo cirúrgico Campo cirúrgico é a região anatômica onde será realizado o procedimento cirúrgico. Tricotomia = raspagem; retirada do pelo. Deve ser feita em todo campo cirúrgico, que é o local anatômico onde será submetida a intervençãocirúrgica; o tecido que será incidido. A maioria dos procedimentos em pequenos animais é feita na linha média (linha alba). Assepsia: conjunto de manobras realizadas para evitar que tenha microrganismos em locais que não tem originalmente. Após feita a tricotomia, é feita a antissepsia. É a aplicação de antisséptico no local do campo cirúrgico. Ex. clorexidina, povidine (iodado), etc. Têm boa ação contra formas esporuladas e não causam citotoxicidades. Deve abranger toda a área tricotomizada e de preferência ser colorido, porque o tecido fica marcado, “tingido”. Antes da antissepsia, para desengordurar os tecidos, é usada uma camada de álcool. Depois é que se aplica clorexidine ou povidine. Existem duas formas de fazer a antissepsia: 1) Pega-se um punhado de gazes estéreis, encharca com antisséptico de escolha, vem no sentido cranial e leva-se em sentido caudal. Depois vem nas laterais, como que varrendo em um único sentido, mas evitando de esfregar ou ficar passando no mesmo lugar mais de uma vez. 2) Outra forma é pegar a gaze, passar nos lados direito, meio e esquerdo e descartar a gaze. Para que se tenha a ação do antisséptico no tecido, é importante encharcar a gaze. Antissepsia A antissepsia tem por objetivo retirar mecanicamente sujeiras da pele e diminuir a carga de microrganismos presentes ali. Então, é importante nunca passar a gaze em um mesmo lugar duas vezes, porque assim a sujeira não será removida. Deve ser sempre no sentido crânio-caudal ou proximal-distal. Dobramos a gaze na forma de um triângulo. É feita três a quatro vezes. *Antissepsia prévia: feita pelo antissepsista (volante) com a gaze estéril e pinça de antissepsia. Geralmente usamos na primeira vez o álcool para desengordurar e abrir os poros, logo depois usamos um antisséptico específico (clorexidine ou povidine). *Antissepsia definitiva: feita pelo auxiliar ou cirurgião. Nesse momento, todo o procedimento de antissepsia é repetido. Usa nova gaze e nova pinça estéril. A antissepsia definitiva usa somente o antisséptico de escolha. Importante: a antissepsia deve ser feita utilizando gaze esterilizada juntamente com pinça de antissepsia (Foerster). Preparo do campo cirúrgico O próximo passo é a colocação do pano de campo (PC), ou também chamado de campo, é o pano que cobre todo paciente, feito de um tecido de brim grosso, que limita o campo cirúrgico. O ideal é que o pano de campo cubra todo o animal e toda a mesa. Ele vai ter contato direto com a ferida cirúrgica e obrigatoriamente deve ser estéril. Vai ser embalado em papel cirúrgico ou papel âmbar e esterilizado na autoclave. Quem abre é o volante, que tem que tomar cuidado para não tocar no pano. Ele entrega ao indivíduo paramentado (cirurgião ou auxiliar), segurando pelo papel; e o indivíduo paramentado pega apenas o pano, não encosta no papel. Montagem do pano de campo: o pano de campo pode ser um conjunto de panos (4 inteiriços) ou até mesmo ser um pano fenestrado = pano de campo único, com um orifício no meio, com tamanhos diversos de fenestra. Os 4 panos ou o pano fenestrado devem ser presos um ao outro e fixados na pele do animal, com pinças de campo. Eles são identificados com as dimensões. Ex 20x10, para cesariana em pequenos; 50x30 para cesariana de grandes. São panos embalados em papel âmbar ou papel cirúrgico. Preparo do material auxiliar É o material que vai em cima da mesa auxiliar, onde será colocado o instrumental cirúrgico. Pano de mesa: o instrumental cirúrgico estéril, que vai ter contato direto com a ferida cirúrgica, deve ser colocado acima de um forro estéril, o chamado pano de mesa (PM), que também é estéril. No momento do procedimento, o volante desembala esse pacote, sem tocar no pano, apenas no exterior do pacote, e entregar para o auxiliar, o qual irá pegar apenas no pano. O cirurgião só pode tocar no pano estéril, sem tocar no pacote. Modo de colocar o pano de mesa na mesa auxiliar: O pano de mesa deve ser aberto, deixando ele correr, sem fazer deslocamento de ar. O pano deve cobrir todas as extremidades da mesa e pelo menos ⅔ da altura da mesa. Depois, o instrumental deve ser montado sobre a mesa. A sequência em que a mesa é montada pode variar, mas o padrão a ser seguido é agrupar os materiais cirúrgicos de acordo com a sua função. É importante que esses instrumentos sejam agrupados de acordo com sua função. Material de corte, hemostasia, sutura, de campo, auxiliar e especial agrupados de acordo com a função. Devem ser organizados/agrupados em: E = especial (materiais específicos para o procedimento que ser realizado; vai variar) S = síntese (material de sutura: fios de sutura, agulhas de sutura e os chamados porta-agulha) A = auxiliar (sustenta e segura tecidos: pinças de dissecação com e sem dente de rato) C = campo (inclui as pinças de campo ou de backaus; as compressas cirúrgicas e as gazes. Pode ser colocado também o pano de campo desembrulhado nesse quadrante) H = hemostáticas (utilizado para conter hemorragias; composto basicamente por pinças hemostáticas) D = diérese (material de corte: tesouras, cabo de bisturi) Aqui na escola, é seguida a configuração de: E – S - A C – H – D Macete: eu sempre ando com homem direito. Extremidade → dentro da mesa O material de diérese é sempre montado do mais cortante ao menos cortante (bisturi, tesouras com pontas agudas e tesouras com ponta romba), sempre do menor para o maior e sempre do reto para o curto. Para a hemostática também trabalha-se do menor para o maior, do reto para o curto. Depois de utilizado o material, devemos colocar ele no seu devido lugar. Quando se mantém a mesa organizada o procedimento flui bem. A organização da mesa em campos varia conforme o cirurgião, mas se padroniza agrupar os instrumentais com a mesma função. Organização do pessoal -O cirurgião: quando o cirurgião é destro, deve ficar ao lado direito do paciente, mas se for canhoto deve ficar ao lado esquerdo do paciente, pois o corte deve ir do lado dominante para o lado não dominante e assim aumentar a destreza do movimento e fazer um corte linear. Se cortarmos ao contrário, o corte fica irregular e a cicatrização não ocorre de maneira adequada, causando dor no paciente. As incisões sempre são craniocaudal e proximodistal pois assim respeitamos a tensão de forças dos tecidos. -O anestesista: fica perto da cabeça, onde estão os monitores e onde ele pode monitorar se o animal está induzido pelos anestésicos e analgésicos. -A mesa auxiliar: sempre no lado esquerdo da mesa de cirurgia (onde fica o auxiliar/instrumentador) na porção caudal do animal e não atrás da mesa de cirurgia. Mas se o cirurgião for canhoto, o instrumentador/auxiliar deve montar a mesa auxiliar no seu lado direito. Profilaxia da infecção Durante o procedimento cirúrgico, o principal agente que leva a infecção e a transmite para o animal é o próprio ato cirúrgico, pois nós fazemos incisões e expomos os tecidos do animal à contaminação ambiental, podendo levar bactérias para os tecidos. Por isso é importante colocar gorro e máscara, luvas estéreis, instrumental estéril e tomar medidas de assepsia e antissepsia. O ambiente cirúrgico, que compreende mesas adequadas (mesa cirúrgica e mesa auxiliar), etc. pode provocar as infecções se não for feito de maneira adequada. O ambiente cirúrgico não desinfetado, uma equipe não paramentada corretamente, tricotomia e antissepsias feitas de maneira errada, materiais não esterilizados adequadamente levam à infecção bacteriana e as complicações cirúrgicas. Por isso, é vital tomarmos medidas que diminuam as vias de transmissão das infecções durante o procedimento cirúrgico. Definições Assepsia: conjunto de procedimentos com finalidade de evitar a penetração de germes em locais que não contém ou continham pouco. Ex. colocar gorro, máscara, cortar as unhas, trocar a roupa pelo pijama cirúrgico, fazer tricotomia no animal, passar desinfetante no chão da sala cirúrgica, desinfetar as mesas, lavaras mãos, etc. É todo o conjunto executado, que inclui até mesmo a antissepsia. Antissepsia: método pelo qual uma substância química impede a proliferação de microorganismos em tecidos vivos. Ex. lavagem das mãos (álcool ou degermante nas mãos, povidine no paciente, etc) e limpeza do campo cirúrgico. A antissepsia é uma manobra de assepsia. Exemplos: tintura de iodo; álcool 96% e 70%; povidine (polivinilpirrolidona); clorexidina; água oxigenada. Álcool iodado é um ótimo antisséptico, tem potente ação, usado em cirurgias ortopédicas. -O álcool (A) 96% é puro e evapora mais rápido, diferente do álcool 70% que permanece mais tempo no tecido e assim desnatura a parede celular de microrganismos. Assim, para antissepsia, o álcool 70% é o mais recomendado. -A tintura de iodo é muito abrasiva e pode queimar o tecido. Antes, era passada uma camada de álcool, seguida pela tintura de iodo e depois álcool novamente. É chamada de antissepsia A-I-A, em que era retirado o excesso de iodo. Hoje, com o advento do clorexidine e povidine isso não é necessário mais. Então, passar álcool e depois o povidine (PVPI) ou clorexidina. Devem agir no tecido e serem retirados apenas se formarem pocinhas que possam escorrer para dentro do campo cirúrgico. Em gatos preferencialmente: álcool e clorexidina. A tintura de iodo não é mais usada pura, somente diluída no álcool, atua bem contra as leveduras, bactérias e esporos. -A água oxigenada é considerada um antisséptico muito bom, mas atua removendo a sujidade mais visível. Não é muito usada para procedimentos cirúrgicos, a não ser que o animal esteja muito sujo (ex. terra) ou queira-se limpar uma ferida aberta, como complemento da antissepsia. Evitar usar a água oxigenada com antisséptico diário. Não passar o uso de 2 dias para limpeza de ferida, porque ela passa a ser citotóxica para a mitose celular, retardando a cicatrização. -Povidine (POLIVINILPIRROLIDONA): é um composto ionóforo, podendo ser dividido em ionóforos tópicos e ionóforos detergentes/degermantes. São usados para tração microbicida, devendo ser deixados agir por pelo menos 10 minutos. Não necessita que usemos álcool após o uso do povidine. Podemos fazer 2-3 camadas de álcool e depois uma camada de povidine. Seu efeito dura de 2-3 horas. O cuidado que se deve ter ao usar os povidines é que eles são inativados na presença de matéria orgânica, como tecido necrótico, tecido exposto, sangue,etc. Os compostos ionóforos degermantes são usados para escarificar ou limpar peles muito sujas. O composto deve ser deixado no tecido por pelo menos oito minutos para que ele tenha seu efeito. -Clorexidina: existe clorexidine aquoso (na limpeza de feridas, higienização de boca), clorexidine degermante (tem função de tensoativo, usado na escarificação), clorexidine alcoólico (diversas soluções diferentes, usado em diferentes tecidos). Devemos tomar cuidado pois o clorexidine é citotóxico para as células da córnea e para as células do conduto auditivo (portanto não deve ser usado em procedimentos otológicos, por exemplo). O clorexidine tem excelente ação bactericida, mas não atua em levedura e em esporos e possui baixa atuação sobre os vírus. O clorexidine possui ação imediata e efeito residual de 48 horas. O clorexidine, diferentemente do povidine (composto ionóforo) não é inativado na presença de matéria orgânica, por isso pode ser usado na pele e em tecidos com matéria orgânica exposta. Demora cerca de cinco a dez minutos para começar a atuar. Na antissepsia das mãos nós damos preferência ao clorexidine degermante. Em casos de mucosa exposta não devemos usar o clorexidine degermante, pois ele é tensoativo e causa irritação. O mais indicado quando temos mucosa exposta é o clorexidine aquoso (normalmente ele é usado em limpezas bucais, por exemplo). Para campo-cirúrgico: A e PVPI ou A e clorexidine. Desinfecção: é o método físico ou químico utilizado para impedir a presença de germes ou microorganismos em instrumentais, utensílios e ambientes. Nunca usar em organismos vivos, porque são citotóxicos. Ex. vassoura de fogo, biocid (produto à base de iodo), creolina (super tóxica em matéria orgânica, só usar no ambiente), cloro, água sanitária (hipoclorito de sódio), amônia quaternária (ex: herbalvet) e água a 100°C (em ebulição por pelo menos 10 minutos). Esterilização: é o método mais seguro para destruição de microorganismos, ou seja, causa a destruição total destes (100%). Deve ser realizada em todo material que terá contato direto com a ferida cirúrgica (ex. luvas, fios de suturas, avental, compressas cirúrgicas, gazes, etc). -Os principais esterilizantes usados são: a autoclave, que funciona como uma panela de pressão, não diminuindo a superfície de corte dos materiais. É usado à temperatura de 120°C, à pressão de 1 atm e por 20 minutos. É a melhor opção de esterilização de instrumentais e todos os panos. -Já na estufa, que mantém materiais por 100°C por 1 hora à calor seco, pode ser que o material perca o corte e também que os tecidos próximos à parede da estufa queimem. Hoje em dia, não é mais aceito que as estufas sejam usadas para esterilização de material cirúrgico pois diminuem o tempo de meia vida dos equipamentos. Sabe-se que o pacote com os tecidos cirúrgicos foi esterilizado em estufa porque a fita que o fecha fica marcada com listras mais escuras. O ozônio também pode ser usado, assim como o oxietileno, que funciona bem para esterilização de equipamentos elétricos (ex. furadeiras, serras elétricas) – que se fossem para a autoclave seriam derretidos. O oxietileno é um gás que esteriliza equipamentos específicos como agulhas, seringas, furadeiras, etc. Esse gás é muito bom pois não enferruja o instrumental cirúrgico, contribuindo para a sua conservação. Tem algumas empresas que oferecem esse serviço pago. -Pastilha de formol: 24h. Também pode ser usada para esterilizar materiais. Ex. material em caixa de isopor com 3 pastilhas de formol vedada e lacrada, podendo ser usado 24h depois. (Algumas pessoas colocam o formol líquido em pedaços de giz e deixam o giz absorver o formol, dando origem às pastilhas de formol). No entanto, pode ficar resquícios de formol nos materiais, causando bastante irritação nos tecidos. Não é recomendado para panos e instrumentais, porque podem causar reação de corpo estranho. É mais usado para esterilizar equipamentos elétricos. Porém a pastilha de formol promove ferrugem aos metais. -Após o procedimento cirúrgico, o instrumental cirúrgico fica de um dia pro outro (24 horas) em um sabão anti desincrustante, são lavados e depois é que vão para a autoclave. Os equipamentos eletrônicos, se vendados em silicone, podem ser levados diretamente para a autoclave, ou serem colocados junto com pastilhas de formol. -Ebulição: 100°C por 10 minutos. É muito utilizado em campo, com material cirúrgico. -Pode-se também flambar o material em fogo instantâneo (álcool + fogo) como métodos de esterilização. No entanto, o fogo instantâneo pode deixar os materiais enegrecidos e sem corte. **Preparação da equipe cirúrgica** Primeira coisa, tirar a roupa e colocar o pijama cirúrgico (1), o gorro (2), o propé (3) e a máscara facial (4). Depois, saímos da sala de paramentação e iremos fazer a antissepsia das mãos e braços (5), avental cirúrgico (6) e luva cirúrgica (7). É importante seguir essa ordem! Algumas pessoas não seguem a ordem corretamente ao colocarem o pijama cirúrgico e máscara; e seguirem diretamente para a antissepsia de mãos e braços, se esquecendo do gorro. É melhor que você coloque o seu próprio gorro antes da antissepsia, pois se o volante colocar para você, pode ser que você não se acomode à maneira como ele o vestiu e isso incomoda durante a cirurgia toda. O anestesista e o volante realizam só as 4 primeiras ações (colocam pijama, gorro, propé e máscara; mas não fazem assepsia e nem colocam avental e luva. Podem colocar luvas de procedimento se desejarem para poder manipular o animal commaior segurança); já o cirurgião e o auxiliar vão até o final (colocam a roupa cirúrgica e luvas cirúrgicas). A antissepsia de braços e mãos tem por objetivos: -Remoção mecânica das sujidades mais visíveis e da oleosidade; e redução dos microrganismos presentes (temporários e permanentes). A primeira coisa a ser feita, se estiver sozinho, é abrir o envelope do avental cirúrgico e da luva. -O cirurgião e o auxiliar vão para antissepsia de braços e mãos, no sentido mão-antebraço, ou seja da ponta dos dedos (mãos em formato de concha) até os cotovelos. Ou seja, vamos no sentido mais sujo ao menos sujo. As mãos são a região mais suja do nosso corpo e devem estar mais limpas do que todo o resto. Não podemos fazer ao contrário, pois a sujeira do cotovelo vai para a mão e a contamina. -O próximo passo é espalhar o antisséptico nas mãos (pode-se usar sabão neutro com povidine, ou degermante, ou clorexidine. Você quem escolhe, mas o povidine resseca mais que o clorexidine, então na rotina cirúrgica usamos mais o clorexidine). É importante que se faça espuma. Existem escovas estéreis já encharcadas com sabão e antisséptico também, que são descartáveis. Primeiro, espalhar o degermante contido nelas e depois usar as cerdas. Caso não tenha a escova, use a ponta dos dedos. -Como usar as escovas com cerdas: você somente usa as cerdas nas pontas dos dedos (para limpar embaixo das unhas), já a esponja usamos para escarificar o resto da pele. Não usamos as cerdas no resto da pele pois elas podem abrir fissuras pequenas e aumentar a entrada de microrganismos, que contaminarão o ato cirúrgico. As cerdas da esponja podem abrir fissuras nos dedos quando fazemos mais de uma antissepsia por dia. A técnica francesa de higienização: usada em ambientes com pouca água e pouco recurso. Pegamos o degermante de escolha, espalha na mão e antebraços até promover espuma. Esfrega as pontas dos dedos na palma da mão, entrelaça as mãos e lava as costas da mão, esfrega os dedos entre si, faz a rotação da mão em direção ao cotovelo. Feito essa manobra, entrelaçamos as mãos e esperamos por 5-8 minutos, e não lavamos as mãos, pois podemos nos contaminar de novo, e assim o antisséptico fica mais tempo agindo no corpo. Lavagem: A antissepsia segue três etapas: 1) Espalhar o antisséptico até fazer muita espuma; 2) Escarificação dedo punho (unhas [limpar embaixo das unhas, um local muito contaminado]; palma da mão, costa da mão; entre os dedos [face medial→ lateral]; membrana interdigital; depois punho e cotovelo) 3) Escarificação punho cotovelo (fazer nas faces cranial, caudal, medial, lateral de punho, antebraço, cotovelo, sempre 10 golpes em cada face). -Existe a escarificação cronológica, em que se fica um minuto em cada parte; ou em número de golpes, em que são feitas 10 repetições para cada passo. Golpes não são esfregões. Na UFU padronizamos usar o número de golpes. -Sempre trabalhar com unhas curtas para fazer os procedimentos. -Retirar anéis, pulseiras, relógio, evitar usar esmaltes escuros (para não confundir com sangue). Brinco não tem problema. -Daqui a dois anos esse procedimento de escarificação das mãos e antebraços vai mudar pois a OMS pretende criar um novo modo para diminuir o gasto de água. -Depois de ter feito a sequência em um braço, fazer em outro. Enxágue: -Depois, faremos o enxágue das mãos e antebraço sentido mão-antebraço (não podemos inverter a ordem e nem deixar os dois membros anteriores se tocarem). Deixar a mão em formato de concha e a água escorrendo, sem encostar na torneira ou passar a mão no braço para ajudar no enxágue. Feita a antissepsia de mãos e braços, não tocar em nenhum objeto que não seja estéril. -Após a lavagem podemos ficar com a impressão que ainda tem sabão nas mãos, mas isso é normal. O resto do sabão sairá no procedimento de secagem com a compressa. Secagem: -Os braços devem ficar elevados, acima do cotovelo (para a sujeira dos cotovelos não descer para as mãos). O volante abre o avental cirúrgico e com a compressa cirúrgica estéril faremos a secagem das mãos (o volante não toca na compressa, só no envelope). -Agora só se pode tocar em materiais esterilizados. -Secagem: sentido dedos→ cotovelo -Secar primeiro polegar, dedos (um por um), palma e costa das mãos, punho e depois o braço. -Inverter a compressa para secar a outra mão. Nunca secar uma mão com a mesma face da compressa que usou para secar a outra mão, pois isso permite contaminação cruzada. -Não secamos o braço, somente até o cotovelo. Paramentação -Colocação do avental cirúrgico (AV). -O volante abre o papel, o cirurgião tira da embalagem, abre e entra. Como os aventais são longos, é necessário a ajuda de um auxiliar para trazê-lo até o punho, porque o cirurgião só pode tocar na parte interna. O volante, por trás do cirurgião, pega dentro do avental e termina de ajeitar e fazer as amarrações necessárias. Devemos tocar somente na parte interna do avental, evitar tocar na parte externa pois alguns microrganismos podem passar da mão para o avental. As outras pessoas não podem tocar no cirurgião e nem no auxiliar. -Colocação das luvas cirúrgicas. -Tem numeração que varia de 6 à 11, em tamanhos; são de látex mais grosso que as luvas de procedimento; são estéreis e compridas no punho (com oxietileno, embaladas com duas folhas, a externa é aberta pelo volante e a interna pelo cirurgião estéril); cobrem o punho para evitar que o avental corra. O envelope tem um símbolo que indica a aba onde devemos abrir a luva. O volante não pode jogar o segundo envelope na mesa, pois assim o contamina. -O volante pode abrir o primeiro envelope e deixá-lo sobre o papel - só o auxiliar ou o cirurgião podem tocar no envelope interno (pois fizeram assepsia de mãos e braços) A luva tem o indicativo de dedos e mão direita e esquerda; o punho delas vem dobrado. -Enquanto a mão estiver sem luvas, evitar de tocar na parte externa, para não contaminá-la. Pegar com a mão desenluvada apenas na parte interna, onde estará dobrado. -Normalmente, calçar primeiro a mão dominante e depois a mão não dominante. Depois de colocada a luva em uma das mãos, pode-se tocar na parte externa da outra luva. Com a mão enluvada evitamos tocar na parte interna da luva cirúrgica, pois o pó da luva pode causar reações de corpo estranho no tecido. Mas às vezes não conseguimos evitar que a mão enluvada toque na parte interna da luva. -Depois, entrelaçar os dedos e permanecer com os braços elevados acima do cotovelo, para evitar contaminação. Ficar em um canto da sala também, porque enquanto isso, o volante estará equipando a mesa. Precauções para uma cirurgia asséptica -Verificar que os instrumentais e utensílios foram esterilizados rigidamente (panos de campo, instrumentos, panos de mesa e de campo); que houve antissepsia adequada do campo cirúrgico (tricotomia ampla, limpeza com degermante/tensoativo seguido de antissepsia padrão - álcool seguido de pvpi ou clorexidina alcoólico); cuidados com manuseio dos tecidos, que deve ser minuciosa, e promover hemostasia perfeita, ou seja, o controle de hemorragias, não pode ser muito cruento e manipular demais a ferida, não podemos destruir os vasos sanguíneos presentes ali. Sangue na cavidade pode causar aderências futuras, por conta da fibrina, além do choque hipovolêmico, em casos de hemorragias. Além disso, o sangue será um meio de cultura para bactérias. -É interessante lavar a cavidade com solução fisiológica, para retirar coágulos e evitar possíveis aderências. Falhas técnicas da cirurgia asséptica -Primeiro, mãos e antebraço do cirurgião, que às vezes não foram corretamente higienizados; -esterilização deficiente - de instrumental, por exemplo; -boca, nariz do cirurgião, auxiliares e pessoas no ambiente cirúrgico, caso estejam sem máscara e gorro; pele do paciente, a partir de tricotomia e antissepsia deficientes. Fases fundamentais da técnica operatória e instrumentação cirúrgica -Inclui os fundamentos e instrumentais de diérese(usados para incisão tecidual), de síntese (reconstrução dos tecidos), e as manobras de hemostasia (procedimentos para controlar e impedir possíveis hemorragias). -Objetivo da intervenção cirúrgica: tratar um processo patológico por uma intervenção física. Essa intervenção é feita por procedimentos manuais ou ferramentas/instrumentais cirúrgicos classificados de acordo com a sua função. Se esse indivíduo já está doente, já tem um problema, nossa intervenção física tem que causar um mínimo de injúria. Dentre as ferramentas cirúrgicas, há aquelas que vão provocar a diérese, corte de tecidos. Aquelas que vão propiciar a síntese. Tem os instrumentais auxiliares = não têm ação direta na intervenção, mas colaboram com os demais instrumentos, sustentando e apoiando os tecidos para incisão e sutura. Instrumentais de hemostasia: promoção do controle de alguma hemorragia (pinças hemostáticas). Diérese: conjunto de manobras manuais ou instrumentais feitas para chegar no lugar da cirurgia. Existe a diérese cruenta e incruenta. Diérese Cruenta: causa grande sangramento, grande liberação de tecidos. Ex: procedimentos ortopédicos. Diérese Incruenta: pouco sangramento, não há abertura muito grande. Ex: videocirurgia, laparoscopia. DIÉRESE CRUENTA Dentro das diéreses cruentas, a principal é a incisão. 1-Incisão = ato de cortar os tecidos de maneira única e perpendicular. É feita com o bisturi. Quando estivermos realizando um procedimento de corte com o bisturi, esse procedimento deve ser único, a lâmina deve estar perpendicular ao tecido. Se a minha incisão inicial não foi suficiente, devo retornar com o bisturi para o início da incisão e incidir novamente. Se eu cerrar com o bisturi, deixo falhas (anfractuosidades), há defeito na sutura. Músculos abdominais*. 2)Exérese: retirada total ou parcial de uma estrutura anatômica (exérese de linfonodo, exérese de um tumor, etc). 3)Ressecção: é o mesmo que exérese só que em tecidos duros (ex: ressecção da cabeça do fêmur em casos de displasia coxofemoral, ressecção da falange). 4)Curetagem: raspagem de tecidos neoformados e indesejáveis (faz-se curetagem em feridas antigas, excesso de granuloma, tirar excesso de granuloma). A cureta é um instrumento que se parece com a concha de feijão. Quando fazemos uma cirurgia com formação de espaço morto (espaço entre pele e SC), e não abolimos, ele favorece a formação de seroma. Para evitar formação de seroma, podemos escarificar e causar microfissuras teciduais, que promovem a cicatrização. Quando tem espaço morto com tecido morto, fazemos curetagem ou escarificação. A escarificação é feita em tecidos de granulação para reavivar as bordas e promover aderências entre tecidos. 5)Escarificação: raspagem superficial ou pequenas incisões, com intuito de promover aderência. Se eu pego uma ferida antiga, e vou unindo as bordas, não vai cicatrizar, tem tecido de granulação. Tenho que tirar excesso de tecido fibroso para promover aderência. Promovemos uma raspagem, uma escarificação. 6)Punção: feito geralmente com trocáter, para retirada de líquidos e gases. Posso puncionar um seroma, um abscesso. Ex: chegou um gato obstruído e com grande distensão da bexiga: nós fazemos punção por cistocentese para retirar o líquido. Gastrocentese - punção do estômago O termo centese é usado para indicar punção. Toracocentese para recuperar a pressão negativa torácica após a sua perda, como em casos de ruptura diafragmática com pneumotórax, ou após cirurgias torácicas. DIÉRESE INCRUENTA Diérese incruenta: inclui manobras onde há pouco sangramento, não tenho ruptura de vasos sanguíneos ou tenho pouca ruptura. São elas: 1)Divulsão: separação dos tecidos através de uma abertura já criada, sem o corte delas. Vamos apenas separar os tecidos sem cortá-los, sem cortar vasos e nervos. Posso fazer manualmente com os dedos ou tesoura. Fazemos muito isso em neoplasias cutâneas, pois não cortamos pele e ventre muscular. Entra com a tesoura fechada, abre e puxa com ela aberta. 2)Crio bisturi: é um equipamento que funciona à base de nitrogênio líquido. Quando jogamos sobre o tecido, se transforma na forma gasosa, ele retira o calor daquele tecido, o tecido cristaliza e se rompe. Há colabamento de vasos sanguíneos, consegue fazer cauterização dos tecidos sem sangramentos. 3)Bisturi elétrico: é o contrário do crio bisturi. Tem a função de cauterização e corte. O bisturi elétrico joga uma grande quantidade de energia em um único ponto, e assim as células naquele tecido acabam se desintegrando, se vaporizando, os tecidos se abrem e ao mesmo tempo há cauterização. Vem uma placa, o neutro, que fica em contato com o animal para fechar o circuito, e se não usar isso vai dar choque no animal. É acionado por um pedal. Tem a caneta com várias ponteiras, vou usar a ponteira adequada para o procedimento, as quais são esterilizadas. O bisturi elétrico tem vantagens e desvantagens: -Tem a vantagem de promover incisões rápidas sem sangramento. -Dependendo do vaso sanguíneo que estiver sangrando, faço ligadura, passo fio de sutura e amarro com muita força. -Menor corpo estranho: a quantidade de ligadura que vou fazer é menor, a quantidade de corpo estranho que eu vou deixar (fio de sutura) é menor. Desvantagens: -Como desvantagem, como eu cauterizo as bordas da ferida tem uma diminuição do aporte sanguíneo, podendo provocar um retardo e até uma não cicatrização, pode formar cicatriz frágil. Pode provocar retardo na cicatrização com decência de pontos e complicações. -O bisturi elétrico solta fagulhas, cuidado com panos de campo secos ou molhados em álcool. -Tomar cuidado com procedimentos gastrointestinais, acúmulo de gás butano. -Pode ocasionar diminuição da imunidade local, pois diminui o oxigênio local para as células de defesa e propicia o ambiente adequado ao desenvolvimento de microrganismos anaeróbios, reduz aporte sanguíneo e assim reduz a chegada de células de defesa. INSTRUMENTAIS DE DIÉRESE Trabalhamos com cabo de bisturi 3 e 4. Lâminas desde a 24 até a número 10. Há bisturi de lâmina fixa, mas quase não se trabalha mais com ela. Já usamos cabos descartáveis, mas hoje em dia quase não se usa. 23 e 24 procedimentos de rotina, com cabo 4; e lâminas 13-14 procedimentos oftálmicos com cabo 3. ● Existem algumas situações onde o silêncio no ambiente cirúrgico é extremamente necessário. Se pede o instrumental por gestos. ● Dedos fechados, movimento de punho, pedir o cabo de bisturi. ● ou balançar os dedos como se estivesse empunhando o bisturi. ● O sinal deve ser conhecido pelo cirurgião, auxiliar e instrumentador; Basicamente há três tipos de pegadas do bisturi. 1)Pegada em forma de lápis: apenas uma pequena área cortante do bisturi que entra em contato com o tecido, apenas a extremidade. Essa pegada é utilizada para incisões curtas, pequenas e precisas, pois dá mais precisão de corte. Vou utilizar em procedimentos cirúrgicos delicados, como oftálmicos, neurológicos, e de incisões curtas. Por eu usar a palma da mão como apoio, isso me dá precisão maior, o movimento feito é com os dedos. Tecidos delicados como olhos e nervos. 2)Ponta dos dedos: toda a superfície de corte da lâmina está em contato com o tecido. São incisões grandes, porém não precisas, onde o movimento que eu faço é com o braço, os dedos ficam fixos. 3)Palma da mão/palmar: o cabo de bisturi vai ficar na palma da mão, o indicador fica na frente, permitindo eu forçar o bisturi para baixo. Me permite cortes em tecidos de maior resistência, no entanto com uma certa precisão. Vamos usar na maioria dos procedimentos cirúrgicos. O movimento também é feito com o braço. Usadas em incisões de médio a longo tamanho, onde aplico pressão controlada nos tecidos e podendo realizar cortes profundos, sendo utilizada para a maioria das cirurgias. TESOURAS CIRÚRGICAS A tesoura tem cinco regiões anatômicas, e é dividida em pontas, lâminas, fulcro (local onde as duas lâminas se inserem), hastes, e argolas/anéis. Podemser classificadas de acordo com a ponta em fina-fina, romba-romba, fina-romba. 1)Fina-fina: divulsionar ou cortar tecidos resistentes, com pouco vaso e tecido nervoso. 2)Romba-romba: tecidos mais delicados, em tecidos com bastante vasos e nervos 3)Fina-romba: Em musculatura de abdômen evitar uso de fina-fina, usando a romba-fina. Posso usar uma fina-romba, desde que a ponta fina fique do lado de fora, e a romba para o lado de dentro. Quanto à forma da lâmina: pode ser curva ou reta. 1)Tesouras de lâmina reta, me promovem uma força mecânica maior que tesouras de lâmina curva, mas não tem boa visibilidade e mobilidade, sendo assim são contraindicadas em cavidades pois não vemos onde estamos cortando. 2)Tesoura de lâmina curva me permite uma visibilidade e mobilidade maior, principalmente em estruturas cavitárias, eu consigo ver a ponta da tesoura. A superfície de corte da lâmina pode ser serrilhado ou liso. 1)Serrilhado: para cortar estruturas fibrosas, cartilaginosas. 2)Lisas: são as mais usadas, só evitamos no corte de cartilagens. 1)Tesoura de Metzenbaum: lâmina curta, haste longa. É mais utilizada para corte de tecidos delicados e tecidos finos. Posso ter lâmina reta, curva, PONTA SEMPRE É ROMBA. Dica: A tesoura de nome comprido tem lâmina curta. 2)Tesoura de Mayo: a lâmina tem quase o mesmo tamanho que a haste. É utilizada para corte ou divulsão de tecidos mais duros. É uma tesoura mais rústica. Podemos ter ela nos três tipos de ponta - reta, curva, romba-romba, fina-fina, romba-fina, lisa ou serrilhada. O nome é pequeno e a lâmina é grande. Tem maior eixo mecânico de corte, usado para cortes de tecidos resistentes. Mayo e metzenbaum são tesouras de tecidos, e devemos evitar usá-las para cortar fios de sutura, pois assim nós vamos deixando a lâmina cega. 3)Tesoura de sutura: não utilizar tesoura de Metzenbaum ou de Mayo para cortar fio de sutura, tira o corte. É uma tesoura própria para cortar fio de sutura. A lâmina é mais curta, mais robusta. 4)Tesoura tira pontos: uma de suas lâminas tem uma concavidade que utilizamos para pegar em um dos lados do fio que está passado no tecido. Usada para não criar força excessiva com desconforto do paciente. 5)Tesoura de curativo: utilizada para tirar curativo, bandagem, gaze. Dependendo até para tirar gesso. Uma das suas lâminas é bem romba, para evitar que a gente corte a pele do paciente. Vamos entrar entre a pele do animal e a bandagem. Se não tiver essa ponta romba, podemos cortar a pele do animal. A tesoura também pode ser pedida por sinais, fazendo movimento de tesoura com os dedos. Tripé de base ampla: é a forma de empunhar a tesoura. Vou conseguir cortes mais precisos. Polegar em uma das argolas, dedo anular na argola de baixo, o indicador guiando a direção onde vai a tesoura, o dedo do meio ajuda a manter a tesoura. Para executar o corte preciso, precisa de três forças: oclusão (força de fechamento), cisalhamento (uma lâmina passar rente à outra) e toque (superfície de uma lâmina é invertida sobre a outra, formando sistema de guilhotina). Para ter as três forças atuando, devemos empunhar a tesoura como tripé de base ampla. -Empunhadura reversa → em casos de corte onde queremos ampliar a incisão mais caudalmente, em que nós continuamos segurando a tesoura com polegar e dedo médio nas argolas, mas retiramos o dedo indicador do meio da tesoura, invertendo seu sentido. -Corte perpendicular e sentido em direção ao cirurgião → polegar e indicador e demais dedos servindo de apoio. -Tenho que estabilizar o tecido entre as lâminas da tesoura, para o corte ser correto. -Temos que levantar o tecido (com a mão ou com pinça anatômica), colocar a tesoura, ergue o tecido, faz uma força, para que o tecido estabilize. Assim a tesoura não vai mascar o tecido. -A tesoura tem que estar o mais paralelo possível ao tecido. -Nunca a tesoura deve estar voltada para baixo. -O corte vai ser realizado mais próximo ao fulcro possível, nunca na ponta. -Nunca feche totalmente a tesoura, pois o corte não ficará perfeito, não será linear, corte com dentes (anfractuosidades). Cizalha (corte ósseo), costótomo (ressecção da cabeça do fêmur ou retirada de costela), curetas, burdizzo (castração de bovinos de forma incruenta, há secção do cordão espermático, não tenho dano a pele do escroto, o testículo fica sem irrigação, atrofia; deve ser usado em animais com bolsa escrotal pendulosa, como bovinos, não deve ser usado em equinos); emasculator (castração em equinos); serra cirúrgica (para amputação de membros); fio serra (amputação ou em casos de fetotomia em vacas para evitar cesárea); trépano (promover drenagem de sinusite de equinos, ou extração dentária pois a sua raiz dentária é muito grande); ovariótomo (está em desuso). Lembrando que a incisão é do lado não dominante para o dominante e o corte de tecidos com a tesoura é dominante para não dominante. 29/03/2021 INSTRUMENTAIS AUXILIARES -O material auxiliar é um instrumental que não participa diretamente do procedimento, mas dá condições para que a diérese e a síntese aconteçam. -Este material basicamente é composto por: pinças de dissecação com e sem dente de rato. -Elas têm a função de sustentar o tecido para que os outros instrumentos possam agir, seja de diérese ou sutura. Há também as pinças de Allis. 1) Pinça de dissecação com dente de rato: preferencialmente deve ser usada para sustentar pele e musculatura, fáscias. 2) Pinça sem dente de rato: deve ser usada para sustentar parede de órgãos (ex. estômago, intestino, bexiga) e vasos sanguíneos, nervos. Empunhadura das pinças é em forma de lápis, com a mão não dominante, pois a mão dominante está empunhando um porta-agulha ou bisturi por exemplo. Pedido manual da pinça anatômica. Movimento “isso isso isso” Chaves. Indicador e polegar abrindo e fechando. 3) Pinça de Allis: é formada por duas argolas e sistema de cremalheira (trava a pinça, quanto maior o trave, maior a pressão na sua extremidade, cuidado para não causar trauma excessivo). A extremidade que tem área em contato com o tecido é muito extensa. No entanto, apenas as pontas é que tocam no tecido. Assim, essa pinça tem máxima fixação e contato mínimo, ou seja, mínimo trauma. Serve para sustentar musculatura e estômago e intestino, desde que colocado uma gaze na ponta. Pedido manual da pinça de Allis: Como se estivesse segurando um revólver, mas com o indicador e polegar dobrados. A empunhadura da pinça auxiliar de Allis é por meio do tripé de base ampla. 4) Pinça de Foerster: São pinças de assepsia, usadas para fazer curativos e antissepsia. A extremidade dela é feita para fixar a pele e o orifício. Coloca-se gaze. No fórceps uterino a extremidade é siliconizada. Todo material que não reflete diretamente no ato cirúrgico é chamado de auxiliar. Pinças de campo Backhaus: Tem argolas, cremalheiras e extremidades em gancho. Usado para prender o pano de campo no animal e impedir que ele mova-se. Podemos usar para aproximar musculatura em áreas de tensão. Pedido manual da pinça de Backhaus. Polegar abaixo do indicador e mão fechada. Instrumentais especiais São destinados a procedimentos específicos (ex. cirurgia ortopédica, ocular, etc). São escolhidos de acordo com o procedimento que iremos realizar. Pinças intestinais Doyan/Intestinais: Usado para realizar procedimentos a nível intestinal ou com outro propósito. Usada, por exemplo, para retirada de corpos estranhos, a partir de enterotomia, por exemplo. Uma das coisas que a diferencia das hemostáticas é que sua ponta é bem longa, bem maior que as hastes. Quando travada, a região do meio sempre fica com um vão. Isso faz com que ela proteja os tecidos, evitando que os esmague. Por mais que o animal tenha entrado em jejum, sempre haverá presença de um pouco de fezes no intestino. Elas servem para evitar que o conteúdo extravase para a cavidade, de forma a movimentar o bolo fecal lateralmente ao ponto de incisão e separá-lo. São pinças menos traumáticas,tem cremalheiras que criam vão, suas pontas se fecham mas criam espaço que não causa lesão em tecidos. Usamos muito para evitar que na enterotomia ocorra a contaminação da cavidade abdominal por conteúdo. Hemostasia Nada mais é do que o conjunto de manobras realizadas pelo cirurgião com o intuito de prevenir ou controlar alguma hemorragia. Ocorre por fatores intravasculares (plaquetas), vasculares (parede do vaso sanguíneo, que ao ser distendido se fecha), extravasculares (ligaduras, vasoconstritores, etc. As finalidades são: - Evitar choque por perda de sangue (choque hipovolêmico): Fazer com que nosso paciente sobreviva. A maioria dos fármacos provoca vasodilatação periférica e hipotensão, e alguns órgãos sanguíneos precisam de perfusão tecidual adequada (rins, miocárdio, etc). Ao romper um vaso, tem mais sangue saindo do organismo e consequente hipotensão agravada. - Facilitar a visualização dos tecidos: Principalmente se estiver uma cavidade repleta de sangue, não conseguimos enxergar o ponto hemorrágico. Preciso conter a hemorragia, pinçando aquele vaso. Podemos utilizar gaze para estancar sangramento, fazendo o uso adequado: não devemos esfregá-la no tecido, pois remove os coágulos dali e impede coagulação, o uso certo é pressionar a compressa acima do tecido. - Evitar anóxia de tecidos por perda de sangue: O sangue é o principal meio de transporte do oxigênio para os tecidos. - Evitar a formação de coágulos entre os tecidos. Os coágulos podem favorecer a proliferação de bactérias (lembrar do ágar sangue para cultura de bactérias). A fibrina liberada pelo coágulo causa aderência entre as vísceras, que causa muita dor. Lavar a cavidade com solução fisiológica, na mesma temperatura que o corpo, com o intuito de remover resquícios de coágulos presentes e identificar novos focos hemorrágicos. Secar com compressa; e enquanto ainda estiver saindo vermelha, indica que ainda há pontos hemorrágicos. Se estiver vermelho clarinho ou quase branco, a hemorragia foi cessada. Classificação das hemorragias -Quanto ao local (interna ou externa) Externa: É possível visualizar o sangramento. Pode ser interrompida com garrote ou torniquete. São situações fáceis de serem resolvidas, pois os vasos fazem vasoconstrição e interrompem o sangramento. Interna: São as mais perigosas, porque o sangramento não pode ser verificado. Ex. rompimento de órgão friável (baço, rim e fígado) após algum trauma. O animal chega bem e a hemorragia interna passa batido. Assim, todo animal que chega após-trauma demanda a avaliação para ver se tem hemorragia interna. No início do trauma, as catecolaminas estão aumentadas em razão da hipotensão por hipovolemia, ocasionando: midríase, mucosa pálida, frequência cardíaca ofegante, diminuição da temperatura (por vasoconstrição ou perda de fluidos na cavidade), que podem ser sinais característicos de hemorragia interna (ou não). Fazer ultrassom abdominal para verificar presença de líquido livre em abdome (“T FAST”) e fazer punção abdominal, de um a 2 dedos abaixo da cicatriz umbilical. Usar uma seringa maior (10 a 20mL) para fazer essa punção. -Juntamente com o resultado do ultrassom, enviar ou não o animal para a cirurgia. Na cirurgia, verificar todos os órgãos, com detalhamento para identificar e corrigir a hemorragia – dando ponto ou retirando a extremidade do órgão friável ou todo o órgão. Não é possível retirar todo o fígado, porque não é compatível com ele, mas pode-se retirar apenas um lobo, por exemplo. O baço pode ser retirado por inteiro. -Assim que o animal chega nós fazemos ABC do trauma, após verificar que está estabilizado, nós fazemos US e biópsia guiada. Se verificamos líquido hemorrágico, esperamos mais uma hora e faremos nova avaliação do líquido pelo US, se tiver aumentado, nós temos uma hemorragia ativa, caso não, o trauma fez alguns vasos romperem mas o organismo conseguiu provocar hemostasia. -TPC = tempo de preenchimento capilar. Deve ser em torno de 2 segundos. Se for acima disso, o animal pode estar com hipotensão ou está com hemorragia interna, porque a perda de sangue está levando a uma hipotensão. Pode ser normal em certos casos, por isso não levar como único parâmetro de avaliação. B- Classificação de acordo com o vaso 1. Arterial: Quando a hemorragia provém de uma artéria. O sangue tem uma coloração vermelho vivo e sai em jatos, de acordo com os batimentos cardíacos. Se for um vaso calibroso, sai igual em uma mangueira. 2. Venosa: É mais lenta e o sangue mais escuro; não sai em jatos. 3. capilar: Não conseguimos enxergar o vaso acometido. Normalmente acontece em áreas laceradas. Formam bolhas de sangue na superfície do órgão e de repente todo ele está repleto de sangue. Não conseguimos controlá-la, porque depende muitos dos fatores de coagulação. Um animal com erliquiose ou babesiose dá muito trabalho para controlar essa hemorragia capilar. Na maioria das vezes que a hemorragia capilar está presente, o animal tem diminuição do número de plaquetas. É uma hemostasia muito difícil de ser feita. Classificação das hemostasias 1) Preventiva: São os procedimentos realizados antes do procedimento cirúrgico, antes do tecido ser incidido. É o procedimento mais utilizado na área da medicina. Pode ser feita por meio do torniquete ou garrote. 1.1) Torniquete: Realizado com materiais fixos (ex. corda e madeira). 1.2) Garrote: Os materiais são mais elásticos. É muito usado em procedimentos ortopédicos. O membro anterior pode ser garroteado por até 1h e o posterior por até 1h30min. No entanto, esse garrote causa uma certa atrofia muscular. -A não ser que seja uma emergência, em veterinária nós normalmente não fazemos esses procedimentos. São feitos mais no momento trans-cirúrgico, e não preventivamente. 2) Hemostáticas Temporárias Todas as pinças hemostáticas são pinças de esmagamento. Elas devem ser colocadas na ponta do vaso e serem travadas com as cremalheiras. Elas provocam o esmagamento da parede dos vasos, ativando o sistema de coagulação, além do “colar” uma parede em outra. Mas, por serem consideradas pinças de esmagamento, nunca devem ser usadas em pele e musculatura. Não pinçar aleatoriamente um foco hemorrágico. É preciso secar e identificar de onde está vindo o sangue. Se isso não foi possível porque o fluxo está muito rápido e a compressa está encharcando, fazer um garrote na extremidade. O fluxo será diminuído e aí sim o ponto de hemorragia pode ser identificado. Ou então colocar o dedo no meio, no centro do corpo, próximo as vértebras, para conter o sangramento em artéria aorta ou veia cava abdominal. Uso de pinças hemostáticas, ex. Halsted ou mosquito. As pinças curvas são mais usadas em cavidades pois temos maior visibilidade do que com a pinça reta. 2.1) Pinça Halstead ou mosquito: Possuem 13 cm de comprimento, tem ranhuras transversais verticais, sistema de cremalheiras, que aumentam a força estática e estabilizam a pinça. Podem ser retas ou curvas, utilizadas para promover hemostasia de microvasos (1mm de diâmetro). 2.2) Pinça Crile: É semelhante à anterior, mas é maior. Tem tamanho variando de 13 a 16cm de comprimento. Possui ranhuras transversais horizontais em todo seu comprimento e pode ser reta ou curva. É utilizada para hemostasia de pedículo = conjunto de tecido conjuntivo, em que em seu interior há uma série de vasos sanguíneos, que não podem ser individualizados. Colocar a pinça Crile transversalmente ao pedículo. 2.3) Kelly: Tem ranhuras horizontais até metade, apenas. Tem o mesmo tamanho e porte da Crile. É usada para conter hemorragia de vasos mais calibrosos (acima de 1 mm de diâmetro). Não é indicada para conter hemorragia de pedículo, porque tem parte lisa e com isso dificultaria conter a hemorragia ali, porque pode escapar. 2.4) Kocher: É semelhante a uma Crile, mas tem dente de rato. Pode ser reta ou curva, tem ranhuras transversais. É usado para promover hemostasia em tecidos fibrosos ou com aponeuroses. Pedido manual da pinçahemostática: virar a mão para o instrumentador e colocar os dedos como tesoura, mas o polegar fica virado para cima, não fecha! 3) Definitivas: estou vendo o foco hemorrágico e irei eliminá-lo naquele momento. 3.1) Física 3.1.1) Ligadura: É feito um nó diferente do nó de sutura, em que o primeiro nó é suficiente apenas para juntar as bordas. Quando vamos fazer hemostasia, o primeiro nó tem que ser apertado, porque se ele ficar frouxo, continua tendo sangramento. É necessário promover o estrangulamento do vaso sanguíneo. De preferência, usar fios de sutura que tenham alta flexão (os multifilamentosos). O nylon, por exemplo, que é monofilamentoso, pode correr e sair. Nesses casos, é indicado a ligadura com nó simples/nó quadrado. Já o nó de cirurgião é indicado quando se estiver trabalhando em pedículos, em que há muito tecido gorduroso. -Nunca fazer a hemostasia com a força do braço, mas com a força dos polegares; -Nó quadrado = nó comum, é o melhor para fazer ligadura. Se dermos mais uma volta (não um outro nó), é chamado nó de cirurgião. Ele aumenta a fricção entre os fios, e não deixa que eles se separem. O nó quadrado é mais fácil de ser apertado. Muitas vezes, o nó do cirurgião para no meio do caminho e o vaso continua sangrando. -O nó duplo não é indicado em ligaduras sem muito tecido em volta, pois ele cria mais tensão e fica difícil de ser apertado corretamente. -A ligadura é feita em vasos acima de 2 mm de diâmetro, já os vasos menores do que 2 mm de diâmetro fazemos técnica de torção e extração e se não controlar aí fazemos a ligadura. Se a hemostasia não ocorrer com o bisturi elétrico, fazemos ligadura também. A ligadura é a forma mais confiável de promover hemostasia, mas tem desvantagens, pois quanto maior o número de ligaduras, maior o tempo de cirurgia e o paciente pode não estar bem de cirurgia, além disso é deixado um tecido estranho no animal, mesmo que absorvível. 3.1.2)Transfixação. É feita quando se trabalha com vasos muito calibrosos ou em situações em que o animal está em sepse e com órgão friável (ex. piometra com parede do órgão friável). O fio de sutura atravessa a parede do vaso, abraça ele e depois é feito o nó. Atravessando a parede do vaso, o fio não corre, fica fixo ali. A resistência da ligadura ou transfixação é inversamente proporcional ao diâmetro do fio. Um fio mais grosso faz uma ligadura pior; quanto menor o fio, mais eficiente será a hemostasia. O fio muito calibroso aumenta a fricção do vaso e não consegue arrochar o nó sobre o vaso. 3.1.3) Sutura: É muito utilizada para conter hemorragias capilares; é feita uma sutura de pressão. Pressionar o tecido para conter a hemorragia e suturá-lo. 3.1.4) Torção e tração: É feita apenas com a pinça hemostática mas só funciona com vasos de baixo calibre. É preferível conter a hemorragia com torção e tração; se não funcionar, fazer a ligadura – porque assim estaria deixando um corpo estranho no local. Identificar o ponto a ser seccionado, vir com a pinça e começar a virar ali no vaso. Empurrar a pinça um pouco pra gente, de forma a promover o esmagamento e colabamento da camada do vaso. Retirar a pinça e conferir se continua sangrando. À medida que a gente torce e esmaga, pela parede dos vasos ser elástica, eles acabam se colabando. Deve ser feita em vasos com diâmetro inferior a 2mm. 3.1.5) Tamponamento: Situação de hemorragia capilar. Pegar um chumaço de gaze, comprimir e segurar por cerca de 3 a 4 min. Soltar e ver se ativou os fatores de coagulação. 3.1.6) Eletrocoagulador: Colocar a pinça hemostática no vaso sanguíneo e depois o eletrocoagulador sobre a pinça hemostática, que irá cauterizar o tecido, e nós não criaremos descarga elétrica sobre o animal. Ele fecha o circuito entre a pinça hemostática e o vaso sanguíneo, transferindo a carga elétrica. O termocautério, de preferência, deve ser usado em superfícies secas. Usar em vasos acima de 2 mm, pois não funciona em hemorragias capilares. 3.2) Química 3.2.1) Constritores: Utilização de fármacos vasoconstritores como adrenalina, para promover vasoconstrição. Ideal somente para hemorragias capilares. Jogar a adrenalina na conjuntiva ou gengiva, locais que estão ocorrendo a hemorragia. O sangramento nesses locais é pequeno, mas dificulta a visualização e a manobra cirúrgica. 3.2.2) Iodo: Podemos tentar queimar os vasos com iodo puro. Evitar usar em mucosas e cavidade oral, é bastante tóxico. É usado em cirurgias à campo, na falta de outra opção. 3.2.3) Vitamina K: É um procedimento preventivo, porque essa vitamina deve ser administrada cerca de 7 dias antes da cirurgia. Aula 05/03/2021 SÍNTESE -Conjunto de manobras manuais e instrumentais para restabelecer os tecidos. Normas para uma boa sutura -Assepsia correta dos tecidos e material de sutura → os tecidos devem ser bem higienizados, por exemplo quando um clínico recebe um animal com ferida aberta e não retira os pelos da lesão. Sempre que recebemos animais assim, devemos fazer a tricotomia para evitar a infecção e assim podemos planejar melhor a cirurgia, se atentando também a limpar com clorexidina. Os instrumentais devem estar esterilizados, sem microrganismos, asséptico. -Anotações passadas: Temos que observar há quanto tempo ela está aberta. A literatura cita que feridas acima de 8h não devem ser suturadas, principalmente por mordedura. Fazer tricotomia na área da ferida. Não é interessante lavar a ferida todos os dias com H2O2, pois retarda a cicatrização. Lavar no máximo 3 dias com água oxigenada. Solução fisiológica é o melhor cicatrizante que tem. A campo, eu posso debridar a ferida, tirar as regiões necróticas, e colocar um dreno, deixar por até 7 dias. Sutura por cima do dreno. Se não for usar o dreno, deixe as porções mais altas e mais baixas da ferida aberta. -Cicatrização de primeira intenção: de fora pra dentro, o epitélio cicatriza primeiro (quando eu suturo). Em média em 12 dias está cicatrizado. -Cicatrização de segunda intenção: nesse tipo a ferida cicatriza de dentro para fora. Ferida aberta. Pode demorar 30-60 dias para cicatrizar. -De terceira intenção: eu começo a tratar como ferida de segunda intenção. Eu divulsiono, solto do subcutâneo, e suturar a pele. Sempre fazer tricotomia!! -Hemostasia perfeita: é importante para uma boa sutura. Presença de coágulos é meio de cultura para bactérias e pode levar à infecção. Se não suturarmos ele tem choque hipovolêmico. -Abolição do espaço morto: O espaço morto é o espaço existente entre a pele e a musculatura, ou seja, um deslocamento de subcutâneo. -Ocorre bastante em casos de atropelamento (roda trava no membro e causa descolamento de toda a pele da musculatura) e de brigas entre os cães. -Se houver espaço morto, ocorre a proliferação de bactérias anaeróbias, pois o atrito leva a formação de seroma, que é um exsudato inflamatório. Pode levar a deiscência dos pontos. Sutura-se o subcutâneo na musculatura, deixando-os juntos. Se não fazermos abolição de espaço morto, geramos a formação de abscessos com a sua fistulação. -Lábios das feridas limpos e sem anfractuosidades: o ideal é que a borda da ferida seja lisa, pois se não for (anfractuosidades) tem retardo das lesões com maior dor na sua manipulação. Devemos cortar isso com tesoura ou bisturi. Nesses espaços tem entrada de microrganismos. -Ausência de corpo estranho e tecido morto: Essas estruturas afetam a cicatrização da ferida. Quando um paciente não tem condição de ser anestesiado para remoção de corpos estranhos e tecidos mortos, pois está bem debilitado, podemos realizar tricotomia da ferida, lavar com soro fisiológico, sem usar anti séptico diretamente pois ele retarda a cicatrização (podemos diluir clorexidina aquosa a 0,05%), colocamos a bandagem úmida seca na ferida e enfaichamos. Colocamos camada de algodão hidrofílico ali por cima para puxar os exsudatos da ferida e assim secá-la um pouco sem deixar seco e impedindo a proliferação de microrganismos. Em 2 dias removemos a gaze
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