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Exame clínico Para que haja o adequado reconhecimento das doenças periodontais é muito importante que seja feito um diagnóstico a partir do exame clínico realizado no paciente. Quanto mais informações esse exame clínico fornecer ao dentista, mais fácil será reconhecer as diversas doenças do periodonto que podem existir na cavidade bucal, mais fácil a realização do plano de tratamento adequado e um tratamento bem sucedido. O diagnóstico em periodontia é o reconhecimento de uma alteração da saúde no periodonto, baseado em informações obtidas da história médica e dental, exames clínico e radiográfico do indivíduo e achados laboratoriais. Etapas: 1 - Anamnese: entrevista para coletar o maior número de informações sobre o paciente que possam estar relacionadas com a doença. Dados pessoais (nome, endereço, telefone, profissão) e a sua queixa principal, ou seja, que motivo o trouxe para o consulta. São indícios de doença relatados pelos pacientes: sangramento durante a escovação, migração dental e abertura de espaços entre os dentes, exposição radicular, inchaços associados a abscessos. Após a identificação da queixa e a obtenção do máximo de informações possíveis, é importante ter uma boa compreensão sobre a história médica do paciente, há doenças, hábitos e fatores que podem estar associados a uma maior progressão da doença periodontal e também é importante para o tratamento. Presença de Diabetes Melitus: maior prevalência de perda de inserção e perda óssea alveolar nos diabéticos do que nos não-diabéticos, em todas as idades (3 vezes maior). Hábitos de fumar: fumantes têm de 2 a 7 vezes mais chances de desenvolver DP do que não fumantes. Stress: eventos psicológicos e stress estão associados à maior perda de inserção. Pacientes HIV+: sistema imune comprometido -> propensão à infecção. A história dental também é um fator a ser analisado, é importante conhecer as condições atuais e doenças prévias, quais tratamentos já foram feitos,os resultados obtidos, se tiveram sucesso ou não e a história familiar. 2 - Exame físico Extrabucal: busca por sinais que podem indicar alguma condição com influência no periodonto. Ex: manchas na pele e diabéticos, sinais de síndromes que influenciam no periodonto. É importante fazer a avaliação da face, da pele, se existem assimetrias, os movimentos e condições dos olhos, o nariz se existe assimetria ou secreção, palpação de ATM, parótida, Bruna Costa músculos como esternocleidomastoideo e região anterior de pescoço. Todos esses passos são importantes para identificação de alterações sistêmicas que influenciam na terapia periodontal e também o bem estar do paciente. Exame intra-bucal: busca por sinais que podem indicar alguma condição que possa ter influência no periodonto. Ex: presença de sinais orais de doenças sistêmicas, problemas endodônticos, oclusão traumatogênica, presença de cavidades, restaurações defeituosas e raízes residuais. Exame periodontal propriamente dito: exame visual dos tecidos periodontais. Alterações inflamatórias: mudança de cor - vermelhidão/eritema, perda do contorno normal - edema. Saúde: tecido gengival de coloração rósea clara, pontilhado com aspecto casca de laranja, contorno normal de forma parabólica, ausência de edema, Doença: alteração da cor, com áreas eritematosas, aumento de volume e perda da forma parabólica do contorno gengival. Exame de sondagem periodontal: 1- Auxilia na detecção de biofilme dental: índice de placa. Deslizar a sonda na superfície do dente para detecção de biofilme. 128 = nº de faces presentes Valor aceitável de índice de placa = 20 a 30%, acima disso a qualidade de higiene bucal é inadequada. 2- Estado inflamatório do tecido gengival: índice gengival e sangramento à sondagem, o sangramento repetido indica maior risco de progressão da doença e a ausência de estabilidade periodontal. Além de identificar o valor da sondagem, identifica-se se há o sangramento. A avaliação é feita em seis sítios em cada dente da boca, sempre da posição mais distal, vestibular, e mesial, do mesmo jeito na face palatina. 6 pontos por dente, quantos pontos tiveram sangramento multiplicado por 100 e dividido pelo número total de pontos na boca, que é o número de dentes x 100. O valor aceitável é de 20 a 30%. 3 - No diagnóstico de presença de bolsa periodontal A profundidade de sondagem é considerada normal até 3 mm. Na periodontite a profundidade e o nível de inserção é maior que 3 mm em pelo menos dois sítios. É comum que haja sangramento e principalmente perda de inserção. A recessão gengival é a distância da junção cemento-esmalte à margem gengival, migração apical da margem gengival, normalmente é medida com a sonda Carolina do Norte. 4 - Diagnóstico de perda de inserção O nível de inserção clínica mede a perda de inserção do elemento dental. NIC = Distância da JCE até o fundo da bolsa (profundidade de sondagem + recessão gengival). O valor é muito parecido com o valor de profundidade de sondagem, se não houver edema, quando não existe recessão gengival. Quando existe recessão gengival o nível de inserção clínica é a soma da recessão gengival com a profundidade de sondagem. 5 - Presença de defeitos de bifurcação A sonda Nabers é inserida entre as raízes, se ela fica retida na região de bifurcação, indica que houve reabsorção óssea entre as raízes daquele dente, lesão de furca. Na lesão grau 1, há uma reabsorção óssea inter radicular que no sentido horizontal não ultrapassa 3 mm. Na grau 2, é maior que 3mm mas não houve reabsorção de todo o osso de um lado a outro. Na grau 3 não existe osso pelo menos na região mais próxima da furca, de um lado a outro. O último parâmetro do exame é a mobilidade do dente, ela reflete de certa maneira a quantidade de perda de inserção, mas existem modalidades que são causadas por outros motivos, como força oclusal excessiva. Na presença de bolsas periodontais e NIC maior que 3mm é necessário que essa informação seja complementada com exames de imagem. As periapicais são as mais utilizadas, sendo normalmente complementadas com interproximais de molares. São observados: - Presença de perda de inserção - Presença de lesão de furca e defeitos ósseos (ex: 48, mesial do 37) - Presença de lesões endodônticas Bruna Costa - Presença de sinais de sobrecarga oclusal Sonda OMS - exame periodontal simplificado Sonda Carolina do Norte ou Wiliams - exame periodontal mais detalhado Sonda Nabers - para identificação de lesão de furca Os exames laboratoriais podem ser solicitados quando durante a anamnese e a investigação da história médica temos a suspeita de uma doença sistêmica não identificada pelo paciente, também são solicitados de maneira rotineira para o pré-operatório quando cirurgias periodontais são necessárias, são solicitados: hemograma completo, coagulograma, glicose em jejum e diversos outros. Por fim, o diagnóstico deve ser descrito para a confecção do plano de tratamento. Os objetivos do plano são: prevenir a progressão da doença periodontal por meio da eliminação da infecção, restabelecer a saúde periodontal e prevenir a recorrência da doença. O tratamento tem como meta: - reduzir o nível de sangramento para um índice <25% - reduzir até eliminar o número de bolsas > 5mm. - ausência de lesões de bifurcação classe III - ausência de dor - satisfação do paciente Terapia inicial: informações sobre a doença, orientar o autocontrole de placa, raspagem supragengival e remoção de fatores de retenção de placa ex: lesões de cárie, dentes indicados para exodontia, aparelhos mal posicionados. Terapia básica: raspagem radicular, remoção de placa e cálculo da superfície radicular, alisamento radicular, técnica de instrumentação pela qual o cemento amolecido é removido e a superfície radicular fica lisa e dura, hoje em dia é utilizado o desbridamento, remoção de placa e/ou cálculo da superfície radicular sem remoção intencional de estrutura dental. Terapia cirúrgica: Cirurgias conservadoras - retalho de Kirkland, retalho de Widman modificado, retalho de Takei Cirurgiasressectivas - gengivectomia, retalho de Widman, retalho de Neumann, retalho de Friedman Cirurgias reconstrutivas - cirurgias regenerativas (substitutos ósseos, regeneração tecidual), cirurgias mucogengivais (recobrimento radicular, defeitos de rebordo, perda de papila) Terapia periodontal de suporte - TPS (acompanhamento após a terapia ativa - não cirúrgica associada a cirúrgica) Tem como objetivo impedir que a doença reincida e manter a saúde periodontal. Etapas: os intervalos são de acordo com a necessidade do paciente, atualização das histórias médica e odontológica, exames intra e extra-bucal dos tecidos moles, exame dental, avaliação da higiene oral do paciente, avaliação periodontal e acesso do risco, remoção supra e subgengival da placa bacteriana e do cálculo, retratamento da doença (se necessário) Pacientes com gengivite e periodontite leve e moderada - normalmente, terapia não cirúrgica (inicial e básica) e terapia periodontal de suporte Pacientes com periodontite mais avançada (III e IV) - necessitam de uma terapia mais complexa, terapia não cirúrgica, reavaliação do paciente, decisão da necessidade ou não da terapia cirúrgica e terapia periodontal de suporte. Bruna Costa
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