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Infecções inespecíficas de Vias aéreas Superiores

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Infecções inespecíficas de Vias aéreas Superiores 
Imunidade específica: 
A resposta imune é dita como específica, pois o corpo reconhece a substância estranha e reage seletivamente a ela. Essa imunidade é mediada, primariamente por linfócitos. Existem três principais tipos de linfócitos: 
A. Linfócitos B: quando ativados, desenvolvem-se formando plasmócitos que secretam anticorpos e também atuam como células de memória;
B. Linfócitos T: desenvolvem-se em células que atacam e destroem células infectadas por vírus (Linfócitos T citotóxicos ou TCD8+) e também em células que regulam outras respostas imunes (Linfócitos T helper ou TCD4+);
C. Natural killers: essas células atacam células infectadas por vírus e células tumorais como parte da resposta inata, mas também são células citotóxicas que liberam substâncias químicas que destroem patógenos marcados por anticorpos.
O processo de imunidade adquirida se sobrepõe ao processo de imunidade inata, pois as citocinas liberadas pela resposta inflamatória atraem linfócitos para o local de uma reação imune, e esses linfócitos liberam citocinas adicionais que aumentam ainda mais a resposta inflamatória. Além disso, a imunidade adquirida pode ser subdividida em imunidade ativa e imunidade passiva. 
A imunidade ativa é quando o corpo é exposto a um patógeno e produz seus próprios anticorpos. Essa imunidade pode ocorrer naturalmente, quando o corpo é invadido por um patógeno, ou artificialmente, através de uma vacina que contém patógenos mortos ou inativados.
Já a imunidade passiva é quando recebemos anticorpos que foram produzidos por outro organismo. A exemplo dos anticorpos que ultrapassam a placenta da mãe para o feto IgG (menos IgG II), é como se o feto estivesse recebendo uma imunização passiva da mãe. 
Os linfócitos são mediadores da resposta imune adquirida: 
Os tipos celulares se diferenciam a partir das diferentes proteínas de membrana que cada um apresenta. Assim, cada linfócito liga-se somente a um ligante em particular. Sendo assim, se cada patógeno que invade o corpo necessita de um linfócito diferente para combate-lo, existem milhões de linfócitos para os diferentes milhões de patógenos. Contudo, o corpo mantém um número muito pequeno de cada tipo diferente de linfócito, sendo, somente quando aquele patógeno especifico invadir o corpo, que o sistema imune se preocupará em produzir maiores quantidades de linfócitos para combater esse patógeno. 
Quando o indivíduo nasce, cada clone de linfócito é conhecido como linfócito virgem. Como o pequeno número de linfócitos existentes não é suficiente para combater um determinado patógeno, a primeira exposição ao antígeno ativa o clone e estimula sua divisão em um processo conhecido como expansão clonal. Entretanto, os linfócitos virgens continuam sendo produzidos ao longo de toda vida. 
Os clones de linfócitos recém-formados, se diferenciam em células efetoras e de memória. As células efetoras executam a resposta imune imediata de combate ao patógeno, enquanto as células de memória possuem uma vida longa e continuam se autorreproduzindo. Após uma exposição secundária ao antígeno, as células de memória estimulam uma rápida expansão clonal, criando uma resposta imune mais rápida e mais forte do que na primeira exposição.
Os linfócitos B tornam-se plasmócitos e células de memória:
Os linfócitos B desenvolvem-se na medula óssea, sendo que os clones desses linfócitos ativados se diferenciam em células especializadas em secretar anticorpos. Esses anticorpos, também chamados de imunoglobulinas, atuam de acordo com o nome, combatem corpos estranhos que invadiram o corpo.
O que acontece é que os linfócitos B maduros inserem moléculas de anticorpo em suas membranas celulares, e, assim que esses anticorpos reconhecerem um antígeno, emitem uma sinalização. Quando um clone do linfócito B responde a um antígeno, algumas células efetoras se diferenciam em plasmócitos que sintetizam e secretam moléculas adicionais de anticorpo em taxas absurdas. Esses anticorpos secretados pelos plasmócitos formam a imunidade humoral. 
Após os invasores serem eliminados, os plasmócitos de vida curta morrem. Assim, poucas células de memória permanecem aguardando uma segunda infecção, para uma resposta rápida. A existência de respostas imunes secundárias é o que permite que as vacinas sejam uma proteção efetiva contra doenças.
 
Infecções das vias aéreas superiores
As infecções das vias aéreas superiores possuem uma vasta gama de agentes etiológicos, sendo de maioria viral. Na maior parte dos casos, as doenças manifestam sintomas leves, entretanto, sua alta taxa de incidência e de transmissão é a principal causa de absenteísmo no trabalho e na escola. 
Conceitualmente, as IVAS inespecíficas não têm características localizadas evidentes, sendo identificadas por uma variedade de denominações como rinite infecciosa aguda, rinofaringite/nasofaringite aguda, coriza aguda, inflamação nasal aguda e resfriado. A maior parte dos casos ocorrem por manifestação viral, sendo o rinovírus, influenza, parainfluenza, coronavírus e adenovírus os mais comuns. 
As ITRS inespecíficas normalmente se apresentam como uma síndrome catarral aguda, leve e limitada, com duração média de 1 semana. Além disso, os principais sintomas delas são rinorreia, congestão nasal, tosse e dor de garganta. Outras manifestações podem ser mais variáveis a depender do paciente sendo elas febre, mal-estar, espirros, linfadenopatia e rouquidão. No caso das infecções bacterianas secundárias, elas normalmente estão associadas a progressão da doença inicial, entretanto, secreções purulentas oriundas das narinas ou da garganta, normalmente, são mal interpretadas como indícios de rinossinusite ou faringite bacteriana. 
Quanto ao tratamento, os antibióticos não são indicados no tratamento de ITRS inespecíficas. Na ausência de evidências clinicas que comprovem a infecção bacteriana, o tratamento deve ser apenas sintomático, com o uso de descongestionantes e anti-inflamatórios não esteroides. 
Rinossinusite 
O termo rinossinusite se refere ao quadro inflamatório dos seios paranasais, sendo os seios maxilar, etmoidais, frontais e esfenoidais os mais afetados em ordem decrescente. A obstrução dos óstios, canal por onde o muco produzido nos seios passa, ou a deficiência parcial do movimento ciliar, pode resultar na retenção das secreções, e é isso que desencadeia o quadro típico de rinossinusite. A falta de eliminação desse muco, além disso, torna os seios paranasais mais suscetíveis a infecção por diversos patógenos que incluem vírus, bactérias e fungos. 
Normalmente, as rinossinusites são classificadas em agudas e crônicas, infecciosas e não infecciosas, e de acordo com o tipo de patógeno, caso seja infecciosa. 
Rinossinusite aguda 
As rinossinusites agudas são definidas como aquelas de ocorrência de até 4 semanas, e representam a maior parte dos casos. Normalmente, ela surge a partir de uma ITRS viral precedente. 
A obstrução dos óstios causando a rinossinusite pode ter diferentes etiologias, sendo elas infecciosas ou não. Dentre as não infecciosas, pode-se diferencia-las de acordo com a origem sendo: 
A. Rinite alérgica;
B. Barotrauma;
C. Exposição a irritantes químicos;
D. Tumores paranasais;
E. Doença granulomatosa. 
Já no caso das rinossinusites infecciosas, as virais são muito mais comuns que as bacterianas, sendo as principais causadoras de rinossinusite o vírus parainfluenza e influenza. No caso das infecções bacterianas, elas são mais bem descritas, sendo as principais adquiridas na comunidade o S. Pneumoniae e o Haemophilis influenzae. 
Nos casos adquiridos no ambiente hospitalar, os mais prevalentes são causados por S aureus, Pseudomonas aeruginosa, sendo as infecções frequentemente polimicrobianas. No caso dos fungos, a infecção aguda ocorre normalmente em pacientes imunocomprometidos e são invasivas que ameaçam a vida. Além disso, essas infecções fúngicas nos seios paranasais normalmente estão associadas a pacientes com cetoacidose diabética. 
 Quanto a manifestaçãoclínica da rinossinusite, os pacientes normalmente apresentam corrimento e congestão nasal, dor facial (normalmente no seio acometido e com fator de piora quando se inclina ou deita) à compressão e cefaleia. Outras manifestações incluem a tosse, espirros e febre. Além disso, normalmente a dor de dente e a halitose estão relacionadas a infecções bacterianas, sendo, fora isso, difícil de distinguir a etiologia da doença, mesmo em pacientes com corrimento nasal espesso e purulento. 
Em alguns casos avançados de rinossinusite, o paciente pode apresentar uma complicação denominada tumor edematoso de Pott, onde há um abcesso subperiosteal que faz com que o muco extravase para tecidos moles formando edema com cacifo sobre o osso frontal. Existem outras complicações que podem se fazer mais fatais, que levam a meningite, abcesso extradural e abcesso cerebral. Em paciente com infecções de origem fúngica, normalmente apresentam edema, celulite orbitários, proptose, ptose e diminuição dos movimentos extraoculares. Além disso, em paciente com rinossinusite hospitalar, eles normalmente se encontram em estado crítico, devendo ser avaliado em paciente com intubação nasotraqueal que evoluem com febre sem motivo aparente. 
No diagnóstico ambulatorial, normalmente passa a ser difícil distinguir dentre ambas as etiologias infecciosas, visto sua baixa sensibilidade e especificidade. Entretanto, algumas características norteiam essa busca sendo o tempo de duração do quadro um dos mais utilizados, visto que normalmente, quadros com menos de 10 dias de duração dificilmente são quadros bacterianos. Dessa maneira, caso o paciente apresente uma rinossinusite com duração superior a 10 dias, acompanhado pelos 3 sinais cardinais: secreção nasal purulenta, obstrução nasal e dor na face, pode se tratar de um quadro bacteriano. Além disso, a história e o quadro clínico podem nortear os achados para identificar rinossinusites agudas por bactérias anaeróbicas, fúngicas agudas e de causas não infecciosas. 
Quanto ao tratamento dessa enfermidade, a maioria dos pacientes com diagnóstico clínico melhora nos primeiros 7 dias de infecção, sem uso de antibióticos, sendo as medidas terapêuticas indicadas somente o uso de medicamentos para alívio dos sintomas e para melhorar a drenagem paranasal, como descongestionantes tópicos, orais e lavagem nasal com soro fisiológico. Além disso, pode ser prescrito o uso de glicocorticoides nasais, caso o paciente não tenha história de rinossinusite crônica nem alergias. 
Ainda, pode se considerar a antibioticoterapia em pacientes adultos com mais de 10 dias de sintomas sem melhoras, ou para pessoas que estejam com um quadro mais grave da doença, mesmo com menos de 10 dias da doença. Para isso, utiliza-se de antibióticos com espectro mais estreito que cubram o S. pneumoniae e o H. influenzae – amoxicilina ou amoxicilina/clavulanato. Além disso, não se recomenda o uso profilático de nenhum antibiótico para a prevenção de rinossinusite. No caso das infecções bacterianas hospitalares, utiliza-se um antibiótico de amplo espectro, contra patógenos frequentemente resistentes, como S. aureus e os bacilos Gram-negativos. 
Rinossinusite crônica 
A rinossinusite crônica é caracterizada por inflamação sinusal com duração superior a 12 semanas. A doença está associada, normalmente, a fungos e bactérias e é um grande desafio para a cura clínica. A rinossinusite bacteriana crônica, acredita-se que a infecção ocorra em razão de alguma deficiência de depuração mucociliar, não se tratando de infecção persistente. Na maioria dos casos de rinossinusite bacteriana crônica, os pacientes não têm problemas que subjacentes que afetem a drenagem sinusal ou inibam a ação mucociliar. 
No caso da rinossinusite fúngica crônica, normalmente está associada a pacientes imunocompetentes e normalmente não costuma ser invasiva. Ela costuma estar associada a fungos hialinos (Aspergillus sp) ou dematiáceos (Curvalaria sp e Bipolaris sp). Nos casos de doença leve, normalmente ocorrem em cenários de repetitivos fracassos na antibioticoterapia. Nos casos de apresentação sintomática arrastada, muitas vezes é unilateral e apresenta opacificação em apenas um dos lados no exame de imagem, causado pelo micetoma (bola fúngica). Normalmente, a conduta é cirúrgica. 
O tratamento da doença consiste na administração de ciclos de antibióticos orientados por testes de sensibilidade e com duração de 3 a 4 semanas; administração de glicocorticoides intranasais, e irrigação do seio paranasal com solução fisiológica estéril. Além disso, é possível se considerar um tratamento cirúrgico. 
Infecções das estruturas da orelha externa
As infecções que envolvem as estruturas da orelha externa, com frequência, são difíceis de distinguir das patologias não infecciosas com manifestações clínicas semelhantes. Os médicos devem pensar em inflamações como possível causa de irritação na orelha externa, além das mais prováveis como traumatismo, picadas de inseto e exposição ao sol ou ao frio. Além disso, o diagnóstico diferencial deve incluir distúrbios autoimunes e vasculites. 
Celulite auricular 
Trata-se de uma infecção da pele sobrejacente à orelha externa que, em geral, ocorre após traumatismo leve. Clinicamente, o quadro se manifesta com hipersensibilidade, eritema, edema e calor na orelha externa, sem envolvimento aparente do canal auditivo e das estruturas internas da orelha. O tratamento consiste em compressas mornas e antibióticos orais (cefalexina), e antibióticos contra patógenos típicos da pele e tecidos moles (S. aureus e estreptococos). 
Pericondrite 
É uma infecção do pericôndrio da cartilagem auricular que normalmente ocorre após traumatismo local (perfuração, queimadura). Quando a infecção se estende para o pavilhão auricular, o paciente pode vir a desenvolver condrite, sendo as manifestações semelhantes à da celulite auricular, porém não concentrando a inflamação no lóbulo. Os principais agentes causadores são P. aeruginosa e S. aureus. O tratamento é realizado com uso de antibiótico sistêmico ativo contra P. aeruginosa e S. aureus com penicilina antipseudomonas (piperacilina), ou com penicilina resistente à penicilinase e quinolona antipseudomonas (nafcilina e ciprofloxacino).
Otite externa 
O termo otite externa se refere a um conjunto de doenças que afetam o meato acústico. Elas podem se manifestar de várias formas: localizada, difusa, crônica e invasiva. Todas são majoritariamente de origem bacteriana, sendo as principais P. aeruginosa e S. aureus.
A. Otite externa aguda localizada (furunculose): causada majoritariamente pela S. aureus, pode surgir no terço externo do canal auditivo. O tratamento normalmente é feito com uso de dicloxacilina e cefalexina.
B. Otite externa aguda difusa (orelha de nadador): causada majoritariamente pela P. aeruginosa calor, umidade e a perda de cerume protetor resultam em um aumento do pH no canal auditivo que causa irritação. É acompanhado de eritema e edema no canal auditivo, e muitas vezes começa com prurido que evolui para dor. O tratamento consiste na limpeza do canal auditivo e agentes terapêuticos de uso tópico, incluindo antibióticos. 
C. Otite externa crônica: ela é caracterizada pela irritação local repetida, e tem sua origem mais comum a drenagem de infecções da orelha média, e a introdução de objetos estranhos no canal auditivo. Além disso, outras doenças crônicas raras podem gerar a doença, como sífilis, tuberculose e hanseníase. A manifestação clínica principal é que nesse quadro a apresentação majoritária é o prurido e não a dor. 
D. Otite externa invasiva (maligna): é uma doença agressiva causada, majoritariamente pela P aeruginosa, que acomete principalmente pacientes idosos diabéticos e imunocomprometidos. A doença tem início no canal externo auricular e evolui lentamente durante meses até chegar ao ouvido interno. Se não for tratada, a infecção pode migrar para a base do crânio e atingir as meninges do cérebro, podendo ser letal. Em todos os casos, deve-se realizar a limpeza do canal externoe coletar material para biópsia, para estabelecer tratamento adequado para a bactéria em questão. Quando ela evolui para um caso de otite externa necrosante, é muito importante controlar a glicemia dos diabéticos, para evitar recorrências e para que o tratamento seja bem-sucedido. 
Infecções das estruturas da orelha média
A otite média é um distúrbio inflamatório da orelha média que ocorre como resultado da disfunção da tuba de Eustáquio. A resposta inflamatória nessas doenças normalmente gera um exsudato estéril, mas que, quando causada por infecções, pode estar contaminado com vírus ou bactérias e causar uma doença aguda. 
Otite média aguda 
Normalmente ela ocorre quando patógenos da nasofaringe penetram-no líquido inflamatório acumulado na orelha média. A proliferação de patógenos nesse espaço resulta no surgimento de sinais e sintomas típicos da inflamação aguda da orelha média. A otite média aguda em geral sucede uma ITRS viral, nesses casos, sendo, normalmente, de origem bacteriana. Entretanto, os vírus causadores mais comuns são vírus sincicial respiratório (VSR), influenza, rinovírus e enterovírus. 
As manifestações clinicas podem incluir otorreia purulenta, febre, otalgia, diminuição da audição, zumbido, vertigem e eritema. Além disso, a presença de líquido na orelha média é demonstrada e confirmada pela otoscopia. Quando a infecção é bacteriana, a membrana timpânica pode se mostrar eritematosa, abaulada e retraída. 
Tem havido muita discussão quanto a utilidade dos antibióticos para o tratamento de otite média aguda, sendo normalmente utilizada em cenários onde a doença persiste por mais de 3 dias. Normalmente, é feita a administração de antiinflamatórios de forma agressiva para controlar a dor, sendo os antibióticos reservados a paciente com alto risco ou para paciente que não apresentam quadro de melhora após 48-72 horas. 
Considerando que a maioria dos estudos sobre os agentes etiológicos causadores da otite média aguda, que descreve patógenos semelhantes, o tratamento normalmente é empírico, exceto em casos em que é necessária a realização de timpanocentese. Estudos clínicos indicam que o uso de amoxicilina é eficaz e deve ser usada como primeira escolha para o tratamento da otite média. Entretanto, recomenda-se troca de esquema caso o paciente não apresente melhora no terceiro dia de tratamento, em razão da possibilidade de infecção por produtores de b-lactamase ou resistentes a penicilina. Além disso, descongestionantes nasais e anti-histamínicos frequentemente são usados como adjuvantes para reduzir a congestão e aliviar a obstrução da tuba de Eustáquio. 
Infecções orofaríngeas
As infecções orofaríngeas abrangem desde doenças leves a mais graves, ameaçadoras a vida. A manifestação clínica mais comum é a manifestação de dor de garganta, e, mesmo que as causa dessa dor possam não ser de origens infecciosas, na maioria das vezes em que ela ocorre de subido, pode ser em razão de uma faringite viral ou bacteriana. 
Faringite aguda
Os vírus respiratórios são a causa principal no desenvolvimento de faringite aguda, sendo os rinovírus e o coronavírus responsáveis por uma grande porção dos casos. Os vírus da influenza e parainfluenza também se somam como responsáveis. Dentre as causas bacterianas, a S. pyogenes corresponde a uma grande parcela de casos de faringite aguda em adultos.
Clinicamente, embora os sinais e sintomas sejam semelhantes entre as diferentes manifestações, as vezes eles dão indícios do agente etiológico da doença. A faringite aguda causada por vírus respiratórios como o rinovírus, normalmente não é grave e costuma estar relacionada a coriza, sendo a febre incomum. Entretanto, já no caso de faringite causada pela influenza, pode ser um quadro mais grave, associado a febre, mialgia, tosse e cefaleia. 
Como em ambas as infecções pode haver exsudação de líquidos da faringe, é difícil distinguir a etiologia na clínica. Entretanto, é sabido que em muitos casos de faringite viral por adenovírus normalmente o paciente também apresenta conjuntivite. 
No caso das doenças de origem bacteriana, as faringites estreptocócicas do grupo A, C e G normalmente tem manifestações clínicas semelhantes, variando de acordo com a gravidade dos casos. Os quadros podem evoluir de uma faringite mais leve, até uma mais grave, com febre, dor intensa, calafrios e dor abdominal. Normalmente, os achados são hiperemia faríngea e hipertrofia tonsilar com exsudação, além de apresentação de adenopatia cervical dolorosa.
O objetivo básico do diagnóstico é distinguir a faringite estreptocócica das causadas por outros agentes, principalmente vírus. Ainda não foi estabelecido padrão ouro para o diagnóstico de faringite estreptocócica, entretanto, a cultura feita a partir do swab na garganta costuma ser apropriada, mesmo não sendo capaz de diferenciar colonização e infecção. 
O tratamento com antibiótio é realizado se confirmado infecção por S.pyogene ou outro agente bacteriano, na tentativa de reduzir o risco no desenvolvimento de febre reumática. Somente nesses casos é recomendado o uso de antibióticos no tratamento para essas doenças, sendo feito com penicilina benzatina IM, ou penicilina oral por 10 dias. 
Já, no caso de faringite viral, o tratamento é exclusivamente sintomatológico, exceto nas infecçoes por influenza. No caso das infecções por influenza, o tratamento se faz com uso de amantadina e rimantadina e inibidores de neuraminidase oseltamivir e zanamivir. 
A febre reumática é a complicação mais conhecida da faringite estreptocócica aguda, mas o risco dessa doença após uma infecção aguda é bastante baixo. Outras complicações são glomerulonefrite aguda e diversos distúrbios supurativos, como abscesso peritonsilar (fleimão), otite média, mastoidite, rinossinusite, bacteremia e pneumonia – todos com baixa incidência. 
Laringite
A laringite é definida como qualquer processo inflamatório que envolva a laringe, podendo ou não ser um processo infeccioso. Na maioria das vezes, ela surge de forma aguda, sendo, no caso de infecções, similar aos patógenos que causam as demais ITRS. 
Quase todos os vírus respiratórios importantes são agentes etiológicos para laringite viral aguda, como rinovírus, influenza, parainfluenza, adenovírus, Coxsackie, coronavírus e VSR. Entretanto, a faringite também pode ser causada por infecções bacterianas por estreptococos do grupo A e C e pelo Mycobacterium tuberculosis. 
As manifestações clínicas se resumem a rouquidão e afonia, em alguns casos, sendo associada a rinorreia, congestão nasal, tosse e dor de garganta, sintomas típicos das ITRS. Além disso, o exame laringoscópico pode revelar eritema laríngeo difuso e edema.
O tratamento da laringite aguda, normalmente, está associado a umidificação e repouso da voz, não sendo recomendado o uso de antibióticos a menos que confirmado e isolado um estreptococo do grupo A o qual se trataria fazendo uso de penicilina. No caso de laringites crônicas, o tratamento se dá, após biópsia e reconhecimento, de acordo com o patógeno. 
‘’ o termo crupe é usado para indicar um conjunto de doenças respiratórias agudas e predominantemente virais denominadas como síndrome de crupe. Normalmente essa síndrome causa edema acentuando na região subglótica da laringe, acometendo, majoritariamente, crianças até 6 anos ’’
Gripes e resfriados
O resfriado e a gripe comuns, são uma das infecções respiratórias mais incidentes dentre a população, podendo evoluir para otite, faringoamigdalite, laringite e pneumonia. A extensão da infecção viral é modulada pela idade, estado fisiológico e imunológico do paciente. Além disso, existem mais de 200 sorotipos diferentes de vírus responsáveis por causar a gripe, sendo o rinovírus e o coronavírus os mais prevalentes. 
Conceitualmente, o resfriado e a gripe estão agrupados dentro das rinossinusites virais, sendo definidas pela presença de sintomas nasossinusais por menos de 10 dias. O diagnóstico das IVAS é clínico, baseado em sinais e sintomas.
Na síndrome do resfriado comum, geralmente a sintomatologia é maisdiscreta, com sintomas iniciais de cefaleia, espirros, calafrios e dor de garganta e sintomas tardios de coriza, obstrução nasal, tosse e mal-estar. Na síndrome da gripe, tipicamente o início dos sintomas é súbito, caracterizado por febre alta, cefaléia intensa, tosse, dor de garganta, mialgia, congestão nasal, cansaço, fraqueza e falta de apetite, apresentando, de uma forma geral, sintomas mais intensos do que no resfriado comum.
Fisiopatologicamente, o rinovírus, por exemplo, entra via nasal ou ducto nasolacrimal e ataca os receptores ICAM-1 nas células epiteliais na rinofaringe, levando a uma up-regulação da produção de histamina, bradicinina e outras citocinas (incluindo a interleucina (IL) 1, IL-6, IL-8, fator de necrose tumoral a e leucotrienos C4). Os vírus também podem suprimir as funções dos neutrófilos, macrófagos e linfócitos, favorecendo a infecção secundária.
Os sintomas das IVAS são desencadeados em resposta à infecção viral no trato superior e à resposta imune à infecção, e não somente pela lesão celular. Após a invasão viral, há um aumento do número de macrófagos e estes estimulam a fase aguda da resposta inflamatória. Na superfície dos macrófagos existe um receptor “toll-like” que se combina com componentes virais ou bacterianos e estimulam a produção de citocinas. As citocinas agem recrutando outras células do sistema imune, desencadeiam a inflamação e geram sintomas sistêmicos como a febre. Assim, um complexo misto de citocinas e mediadores proinflamatórios geram os sintomas das IVAS. Enquanto a bradicinina é a responsável pelos sintomas locais das IVAS (como dor de garganta e congestão nasal), as citocinas são responsáveis pelos sintomas sistêmicos como a febre.
Os medicamentos que agem nos sintomas da gripe e dos resfriados são fundamentais. Fórmulas que contenham paracetamol ou dipirona geram alívio das dores de cabeça ou mialgias; fórmulas que apresentam descongestionantes sistêmicos como a pseudo-efedrina são importantes na melhora da congestão nasal, uma vez que são agonistas a-adrenérgicos e reduzem a vascularização no leito das conchas nasais, reduzindo o edema. Os antiinflamatórios não-hormonais e os anti-histamínicos podem aliviar os sintomas das IVAS, mas não reduzem o tempo da doença.
Referências: 
KASPER, Dennis L.. Medicina interna de Harrison. 19 ed. Porto Alegre: AMGH Editora, 2017
BRASIL, Gilberto Petty da Silva. Especialização em saúde da família: fundamentação teórica infecções respiratórias agudas, 2018.
SILVERTHORN, D. Fisiologia Humana: Uma Abordagem Integrada, 7ª Edição, Artmed, 2017.
Hammer, Gary D. Fisiopatologia da doença : uma introdução à medicina clínica [recurso eletrônico] / Gary D. Hammer, Stephen J. McPhee ; [tradução: Geraldo de Alencar Serra, Patricia Lydie Voeux ; revisão técnica: Renato Seligman, Beatriz GraeffSantos Seligman. - 7. ed. - Porto Alegre: MGH, 2016

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