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1 Marcela Oliveira – Medicina 2021 Módulo Inflamação, Febre e Infecção! 1. CONCEITUAR PERIODO DE INCUBAÇÃO, PERIODO DE TRANSMISSÃO, INCIDÊNCIA E PREVALÊNCIA. PERIODO DE INCUBAÇÃO É o espaço de tempo em que o vírus ou uma bactéria leva para se proliferar nos organismos após invadi-lo, ate surgirem os primeiros sintomas da doença; Durante o período de incubação, a pessoa não apresenta sintomas, portanto, não sabe que já foi infectada. É importante o seu conhecimento para estabelecimento de medidas de profilaxia, como quarentena e vigilância sanitária dos comunicantes, que deverão ter como duração o intervalo de tempo correspondente ao período máximo de incubação da doença. PERIODO DE TRANSMISSÃO É o intervalo de tempo durante o qual o agente infeccioso pode ser transferido direta ou indiretamente de uma pessoa infectado a outra pessoa, de um animal infectado ao ser humano ou de um ser humano infectado a um animal; Nas doenças como tuberculose, sífilis e gonorréia, a transmissibilidade pode ser intermitente durante a evolução da doença. Nas doenças transmitidas por vetores, como na malária, no dengue e na febre amarela, o período de transmissibilidade é aquele no qual o agente permanece de forma infectante no sangue ou em outros tecidos da pessoa afetada em quantidade suficiente para infectar o vetor. PREVALÊNCIA Coeficiente de Prevalência: Mede a frequência de tal doença aqui/agora. Indica a relação entre o número de casos existentes de uma dada doença e a população, num determinado período de tempo, independente de serem casos novos ou antigos. Em outras palavras, faz uma fotografia da situação existente num determinado momento e vai considerar todos os casos registrados, em acompanhamento e em tratamento. Pode ser calculado em períodos de tempo variáveis, como ano, mês, semana, dia, possibilitando ações mais efetivas em situação de risco ou epidemia. PROBLEMA 01 – TEM QUE ESPERAR cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar 2 Marcela Oliveira – Medicina 2021 Quais situações são capazes de aumentar a prevalência? • Número maior de casos novos diagnosticados. • Imigração de doentes. • Diminuição da mortalidade por doenças crônicas. E o que diminui a prevalência? • Aumento do número de óbitos do agravo estudado. • Aumento do percentual de pacientes curados. • A emigração de doentes. Prevalência é igual ao número TOTAL de casos de um agravo. Já o coeficiente de prevalência, é igual à relação entre o total de casos de um agravo e a população exposta. Porém, os dois termos são muito usados como sinônimos em concursos. INCIDÊNCIA Coeficiente de Incidência: Mede a frequência de casos novos de tal doença em determinado local e tempo. Traduz a ideia de intensidade com que acontece a morbidade em uma população, mede a frequência de uma doença no tempo. Permite medir a progressão/ regressão de uma doença, através do número de casos novos que surgem a cada momento. O coeficiente de incidência, tal como o de prevalência, pode ser calculado em períodos de tempo variáveis (dia, semana, mês, ano). Dentre os coeficientes de morbidade, é o melhor para avaliar o risco de adoecer por um determinado agravo. Também é conhecido como incidência acumulada. Atenção! Incidência é igual ao número de casos NOVOS de um agravo. Já o coeficiente de incidência, é igual à relação entre o número de casos NOVOS de um agravo e a população exposta. Porém, os dois termos são muito usados como sinônimos; 2. CARACTERIZAR OS PRINCIPAIS AGENTES ETIOLOGICOS DAS INFECÇÕES DA VIA AÉREA SUPERIOR. As infecções das vias respiratórias superiores são as mais comuns na prática médica e responsáveis pela maior utilização de antimicrobianos, apesar de a maioria delas ser de causa viral. As infecções respiratórias são o principal motivo dos atendimentos a crianças nas emergências e postos de saúde, correspondendo até 40% dos atendimentos. As infecções das vias aéreas superiores são tipicamente benignas e autolimitadas na maioria das vezes. Com exceção das epiglotites, laringite bacteriana, algumas complicações como otite media com mastoidite, faringite com abcesso. Embora essas situações sejam mais raras, deve ser priorizado um diagnostico e atendimento rápido. São extremamente frequentes, ocorrendo a uma frequência de quatro a oito episódios/ano em menores de 5 anos dois a quatro episódios/ano em adultos. Do ponto de vista prático, as “vias aéreas superiores” são: • Fossas nasais; • Faringe (nasofaringe, orofaringe e hipofaringe); • Seios paranasais; • Laringe; • Traqueia. As principais síndromes clínicas das vias aéreas superiores são: resfriado comum, faringite, otites e sinusites; laringites, epiglotites e traqueítes. cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar 3 Marcela Oliveira – Medicina 2021 Em geral, as desordens do aparelho respiratório são de origem infecciosa, alérgica ou congênita. Dentre as causas infecciosas incluímos: o resfriado comum, a otite, a sinusite e a faringite. A hipertrofia da adenoide é, geralmente, secundária a processos infecciosos locais. Um caso de rinorreia ou obstrução persistente pode estar associado a condições subjacentes como: obstrução por corpo estranho ou um componente alérgico (rinite alérgica). As síndromes infecciosas das vias aéreas superiores podem ser causadas por uma grande variedade de agentes, principalmente vírus e bactérias. RINOFARINGITE VIRAL A nasofaringite viral ou resfriado comum é uma desordem infecciosa de natureza benigna e autolimitada; A definição anatômica de resfriado comum é de uma nasofaringite (ou rinofaringite) de etiologia viral que leva à inflamação da mucosa do nariz, faringe e seios paranasais. O resfriado comum predispõe, principalmente nas crianças, complicações como a otite media aguda e a sinusite. Ja faringite bacteriana não é uma complicação do resfriado comum; É importante a diferenciação de um resfriado e da gripe, pois muitas vezes são usados como sinônimos. A gripe é uma doença sistema epidêmica causada por vírus Influenza, caracterizada clinicamente por febre alta, mialgias e prostração. No resfriado, os sinais e sintomas são mais restritos as vias aéreas superiores. ETIOLOGIA E EPIDEMIOLOGIA As crianças pequenas possuem em media de 6 a 8 episódios de resfriados comuns por ano, ao passo que os adultos apresentam cerca de 2 a 3 episódios/ano. As crianças do grupo de alto risco de IVAS (ex: irmãos mais velhos que frequenta escola, convivência com creche e pais fumantes) podem ter de 9/10 resfriados por ano. A incidência dessa doença começa a declinar após os três anos de vida. Os períodos de mais incidência são: outono, inverno e primavera. A sazonalidade depende do agente, por exemplo: rinovírus – inicio do outono e final da primavera; influenzae VSR – inverno; parainfluenza – final de outono; cocksackievírus – verão; O agente etiológico mais frequente é o rinovírus, que responde por metade ou mais dos casos. A imunidade adquirida por esse agente pode ser duradoura, no entanto ele possui cerca de 100 sorotipos diferentes. • Agentes ocasionais: coronavírus, Vírus Sincicial Respiratório (VSR), metapneumovírus. cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar4 Marcela Oliveira – Medicina 2021 • Agentes incomuns: influenza, parainfluenza, adenovírus, enterovírus (cocksackievírus e echovírus). O rinovírus e o coronavírus são agentes típicos de vias aéreas superiores, causando bronquite e pneumonia apenas raramente. Os demais vírus são agentes clássicos das infecções de vias aéreas inferiores. O período de incubação dos agentes que mais comumente causam a nasofaringite viral gira em torno de dois a cinco dias. As crianças são os maiores reservatórios para os vírus e geralmente propagam e adquirem a infecção em creches e escolas. Os vírus são transmitidos sob a forma de aerossol e partículas maiores, que são levados ao meio ambiente através de tosse e coriza de pessoas afetadas. Porem, a principal forma de transmissão dos vírus causadores do resfriado, principalmente o rinovírus e VSR é o contato direto, e não a via inalatória. Por outro lado, para o vírus influenza, a via inalatória é a mais importante, se disseminando através de pequenas partículas de aerossol. FARINGOAMIGDALITE VIRAL E BACTERIANA A faringite aguda com envolvimento das amigdalas é uma doença inflamatória da orofaringe, caracterizada por eritema e pela presença ou não de exsudato amigdaliano, ulcerações e vesículas. Em relação a etiologia, podemos afirmar que os agentes virais em 75% das vezes respondem pela maior parte dos casos. E em menor parte pelos agentes bacterianos. Sabemos que a presença ou a ausência de amigdalas não afeta a susceptibilidade em adquirir infecção faríngea; A diferenciação entre infecção viral e bacteriana é difícil em alguns casos, mas é importante uma vez que a terapia com penincilina, por exemplo, melhora substancialmente na doença bacteriana e não muda nada nas virais. VÍRUS Os principais vírus causadores de faringite são adenovírus, coronavírus, enterovírus, rinovírus, vírus sincicial respiratório, Epstei- Barr Virus (EBV) e o herpes simples vírus. O rinovírus, o coronavírus, o parainfluenza e a influenza podem causar faringite, entretanto, nesses casos, a inflamação da garganta é acompanhada dos outros sintomas de uma IVAS (resfriado comum) ou gripe. O adenovírus (agente da febre faringoconjuntival), o Coxsackievírus A (agente da herpangina), e o Epstein-Barr vírus (agente da mononucleose infecciosa) e o HSV produzem uma faringite com características mais específicas. BACTÉRIAS Entre os agentes bacterianos, o estreptococos-beta-hemolítico do grupo A (S.pyogenes) é o agente mais importante na origem dessa doença, principalmente na faixa etária entre 5 e15 anos; As maiores preocupações em relação ao estreptococo são as complicações em longo prazo, destacando a febre-reumática pelo risco de provocar sequelas cardíacas. Mais raramente, microrganismos como o Streptococcus do grupo C, Mycoplasma cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar 5 Marcela Oliveira – Medicina 2021 pneumoniae e o Arcanobacterium haemolyticum encontram-se envolvidos em episódios de faringites em adolescentes e adultos jovens, simulando uma faringoamigdalite estreptocócica com exantema, semelhante ao da escarlatina. A principal fonte de contagio é através de pacientes sintomáticos que transmitem facilmente a bactéria através da secreção nasal e da saliva. O contato próximo é o grande fator de risco para a transmissão, explicando o predomínio da doença no início do período escolar. Vale ressaltar, que o reconhecimento e o tratamento precoce da faringoamigdalite estreptocócica tem importante papel no controle da doença, já que após 24-48 horas do inicio da antibioticoterapia, o paciente não elimina mais o agente; MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS VIRAIS 1. Associadas ao resfriado comum: nestes casos a faringite não costuma estar associada a dor intensa e odinofagia. Geralmente o individuo apresenta dor de garganta moderada, corrimento nasal, tosse, mal-estar, anorexia e febre. No exame clinico, a faringite apresenta-se eritematosa e edemaciada. Eventualmente observamos exsudato no palato e nos folículos linfoides amgdalianos. Os linfonodos cervicais podem estar aumentados e as vezes dolorosos. A fase critica da doença dura em torno de 24 horas e não persiste por mais de 5 dias. 2. Adenovírus: A faringite por adenovírus geralmente é mais intensa, com sintomas proeminentes de mialgia, cefaleia, calafrios e febre de mais de 38,3C, que persiste por cinco a seis dias. A dor de garganta é importante e exsudatos amigdalianos e eritema de toda orofaringe são notados ao exame físico. Um achado muito sugestivo de infecção pelo adenovírus é a presença de conjuntivite. 3. Coxsackie A: a infecção por esse vírus determina uma forma incomum de faringite (a herpangina). No exame físico notamos pequenas vesículas, localizadas no palato mole, úvula e pilares amigdalianos anteriores. As lesões geralmente se rompem e originam ulceras esbranquiçadas. As manifestações incluem febre alta, dor de garganta e disfagia. Em alguns pacientes, um quadro de dor abdominal e anorexia podem ocorrer. 4. Epstein-Barr: dor de garganta ocasionada por uma amigdalite exsudativa, associada a febre, cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar 6 Marcela Oliveira – Medicina 2021 linfadeniopatia cervical e esplenomegalia. Os sinais e sintomas agudos podem permanecer por ate quinze dias. MANIFETSAÇÕES CLÍNICAS BACTERIANAS A faringite estreptocócica se inicia com queixas pouco especificas como cefaleia, dor abdominal e mal estar, podendo ainda apresentar náuseas, vômitos e febre de ate 40ºC. Algumas horas depois o paciente relata dor de garganta com intensidade variável. O exsudato pode assumir a forma de uma membrana amarelo-acinzentada limitada ao tecido linfoide. O edema de úvula também pode ocorrer. E a linfadenopatia cervical anterior ou submandibular é precoce e os linfonodos aumentados são dolorosos. O achado clinico de mais consistência para o diagnostico é a presença de vermelhidão das amigdalas acompanhado ou não de exsudato, associado a petequias em palato mole. A principal complicação é a formação de abcessos peritonsilares e na parede lateral da faringe. A faringoamidgadilite estreptocócica evolui quase sempre com resolução espontânea após 4-5 dias em media, mesmo sem o uso de antibióticos. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL O primeiro passo no diagnostico de faringite aguda é diferenciar uma infecção viral de bacteriana, o que muitas vezes pode ser difícil. O swab de orofaringe, seguida de uma cultura possui uma elevada especificidade na identificação do Streptococcus pyogenes, sendo considerado o padrão ouro para diagnostico. Testes de detecção rápida de antígenos espreptococos a partir de material colhido com swab fornecem um resultado quase imediato. Esses testes têm sido recomendados apesar de não ser realizado com muita frequência na pratica. As sorologias virais não costumam ser solicitadas, a não ser em casos suspeitos de mononucleose infecciosa. Esses exames são uteis para o isolamento do agente, mas nem sempre disponíveis. Por isso não se adiar o tratamento num caso suspeito. TRATAMENTO A maioria das faringites agudas é provocada por vírus e nesses casos o tratamento é cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecelDestacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar 7 Marcela Oliveira – Medicina 2021 realizado de acordo com a sintomatologia, ou seja, utiliza-se associação de analgésicos, antipiréticos, hidratação, anestésicos tópicos e gargarejos com antissépticos. À exceção da faringite por herpes-simplex em pacientes imunossuprimidos, para os quais o aciclovir parental deve ser prescrito. A antibioticoterapia deve ser utilizada na faringite estreptocócica. Algumas complicações como a febre reumática, abcessos peritonsilares podem ser evitadas com o uso de antimicrobianos. Na pratica, muitos médicos iniciam antibiótico com base no aspecto das amígdalas, isto é, presença de exsudato purulento, somado a outros dados clínicos como febre alta e petequias em palato. O antibiótico utilizado é a penicilina benzatina em dose única, IM. A amoxicilina, a ampicilina e a penicilina V por via oral também pode ser prescrita por um período de 10 dias. Eritromicina (10 dias) ou azitromicina (por cinco dias) podem ser usadas em pacientes alérgicos à penincilina. Com o inicio da terapia antibiótica, ocorre cessação da febre dentro das primeiras 24 horas. Gargarejos com solução salina e uso de paracetamol para controle da dor e febre são medidas uteis. OTITE MÉDIA AGUDA A otite media aguda (OMA) é uma das doenças mais frequentes nas crianças, ocorrendo com maior prevalência nos dois primeiros anos de vida. Os agentes etiológicos frequentemente identificados nos casos de otite media aguda são: S. pneumoniae (30-50%), H. influenza não tipável (25-30%) e M. catarrhalis (10-15%). Contudo, este perfil etiológico vem se modificando desde a introdução da vacina antipneumocócica para crianças no calendário vacinal. Muitos vírus, especialmente o rinovírus e o vírus sincicial respiratório são comumente encontrados nos exsudatos da orelha media, algumas vezes em associação com bactérias. Ainda não se sabe ao certo o seu papel etiopatologico, ou seja, se sozinho esses vírus já seriam capazes de produzir OMA ou se facilitariam a adesão de bactérias e prejudicariam a função imune local. A suspeita clinica é fundamentada na queixa de dor no ouvido (otalgia), associada à febre, astenia, inapetência e hipoacusia flutuante. Um dado fundamental na historia da doença é a presença de um episodio prévio de rinofaringite viral antecedendo as manifestações. Sabemos que a OMA pode ser complicação de um resfriado comum em ate 30% dos casos. Otorreia fluida ou purulenta pode ocorrer em um terço dos casos e neste caso o diagnostico torna-se evidente. Na OMA, a otoscopia revela uma membrana timpânica hiperemiada, convexa e abaulada, de colocação alterada (hiperemia difusa, opacificação e pontos esbranquiçados) e com perda de mobilidade. O abaulamento é o dado mais especifico para o diagnostico de OMA. SINUSITE Normalmente, o comprometimento da mucosa nasal por um processo infeccioso viral é acompanhando de acometimento dos seios paranasais, que usualmente é autolimitado e passa despercebido. A rinossinusite é classificada como: (1) Viral autolimitada; (2) Bacteriana aguda: com duração inferior a quatro semanas e resolução completa dos sintomas; (3) Bacteriana subaguda: com mais de quatro semanas, porém menos de 12; cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar 8 Marcela Oliveira – Medicina 2021 (4) Crônica: com sinais e sintomas que persistem por mais de doze semanas. A causa mais comum de rinossinusite é uma infecção viral das vias aéreas superiores, geradora de edema e inflamação da mucosa com produção de muco espesso, que obstrui os seios paranasais e permite proliferação bacteriana secundária. Aproximadamente 0,5 a 2% dos resfriados comuns complicam com sinusite bacteriana aguda. Os principais fatores de risco para sinusite bacteriana aguda são: 1. Resfriado comum (principal causa); 2. Rinite alérgica (segunda causa); 3. Exposição à fumaça de cigarro (pais fumantes); 4. Anormalidades estruturais (ex.: desvio de septo, corpo estranho nasal, pólipo nasal, hipertrofia de adenoide). 5. Tubos e sondas nasotraqueais: a sinusite é uma complicação infecciosa em potencial nos pacientes internados nas UTIs que utilizam dispositivos nasais. Os agentes que mais comumente causam rinossinusite bacteriana aguda são o Streptococcus pneumoniae (30%), o Haemophylus influenzae não tipável (20%) e a Moraxella catarrhalis (20%). A presença de múltiplos microrganismos é bem mais comum na rinossinusite crônica do que na aguda. OBSTRUÇÃO INFLAMATÓRIA AGUDA DAS VIAS AÉREAS SUPERIORES A epiglotite, laringotraqueobronquite e laringite espasmódica aguda são termos que se aplicam às doenças da laringe; estas desordens têm como característica clínica comum o estridor inspiratório e graus variados de dispneia e tiragem. Apresentam como evento fisiopatológico básico a presença de edema, podendo também ocorrer espasmo laríngeo. Com exceção da epiglotite, as obstruções infecciosas das vias aéreas superiores são causadas principalmente por agentes virais; 1. LARINGOTRAQUEOBRONQUITE OU CRUPE O vírus parainfluenzae tipos 1, 2 e 3 são responsáveis por cerca de 75% dos casos. No restante dos casos, a doença é causada por outros vírus, como o influenza, o adenovírus e o Vírus Sincicial Respiratório (VSR). A laringotraqueíte bacteriana é, na verdade, uma complicação da laringotraqueíte viral, sendo causada mais comumente pelo Staphylococcus aureus, seguindo-se a Moraxela catarrhalis e o Haemophylos influenzae. A crupe é a forma mais comum de obstrução aguda das vias aéreas superiores. A maioria dos pacientes tem uma infecção do TRS durante vários dias antes da tosse com características crupais. 2. EPIGLOTITE Embora o Haemophilus influenzae tipo B tenha sido a causa habitual da epiglotite aguda na era pré-vacinal, o Streptococcus pyogenes, o Streptococcus pneumoniae e o Staphylococcus aureus hoje são mais comumente encontrados. Essa doença representa a forma mais grave de obstrução inflamatória aguda. Seu curso é fulminante com febre alta, dor de garganta, sialorreia, dispneia, obstrução respiratória rapidamente progressiva e prostração. 3. IDENTIFICAR OS MECANISMOS DE TRANSMISSÃO E MEDIDAS PROFILÁTICAS DOS AGENTES VIRAIS E BACTERIANOS. cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar 9 Marcela Oliveira – Medicina 2021 MECANISMOS DE TRANSMISSÃO Para a transmissão de uma doença, o modo de saída de um microrganismo do corpo do hospedeiro é tão importante quanto a sua entrada. Os microrganismos podem se aproveitar de cada fluido, tecido secretado ou eliminado para deixar o hospedeiro e ser transmitido para novas pessoas. A transmissão depende da resistência do microrganismo. Alguns podem sobreviver por longos períodos na poeira, alimentos ou agua. Os microrganismos menos resistentes devem ser rapidamente transmitidos de pessoa a pessoa por contato direto. A flora cutânea é eliminada na pele descamada. E alguns patógenos sexualmente transmissíveis são transmitidos a partir de lesões cutâneas genitais. Osvírus que se replicam nas glândulas salivares são disseminados pela saliva, como o vírus da caxumba, citomegalovírus e raiva. Os vírus e bactérias que compõem a flora respiratória normal ou causam infecção do trato respiratório são eliminados nas secreções respiratórias durante a fala, tosse e espirro. A maioria dos patógenos respiratórios como a Influenza, se dissemina em grandes gotículas respiratórias. Já outros organismos como o vírus varicela-zoster são dispersos por via aerógena, em pequenas gotículas respiratórias ou de poeira. Os organismos eliminados nas fezes incluem diversos patógenos que se replicam no lúmen ou epitélio intestinal, como o rotavírus. Já os patógenos que sofrem replicação no fígado (vírus da hepatite A) ou vesícula chegam ao intestino através da bile e são eliminados nas fezes. Os patógenos que deixam o corpo através do sangue são transmitidos por vetores invertebrados, praticas medicas como transfusão de sangue, reutilização de equipamentos ou compartilhamento de seringa por usuários de drogas. A urina é uma forma de saída do hospedeiro pouco utilizado. No caso do Schistosoma haematobium, ele cresce nas veias da bexiga e libera seus ovos, que alcançam a urina. As DSTs infectam e disseminam a partir da uretra, vagina, cervix, reto ou faringe oral. Organismos que causam DST dependem do contato direto pessoa a pessoa para se disseminarem. A transmissão vertical ocorre da mãe para o feto ou recém-nascido e possui 3 rotas principais: 1. A transmissão placenta-fetal na qual é mais provável de ocorrer quando a mãe adquire primo-infecção por um patógeno durante a gestação. Nesses casos, o dano depende do estagio de desenvolvimento do feto. Por exemplo, a infecção por rubéola no primeiro trimestre pode causar malformações, enquanto que no terceiro trimestre quase não ocorre danos. 2. A transmissão durante a passagem do neonato pelo canal de parto. 3. Ou a transmissão ocorre através do leite materno (hepatite B e citomegalovírus); Microrganismos também podem ser transmitidos de animais para seres humanos (resultando em infecções zoonóticas), tanto através do contato direto quanto pelo consumo de produtos de origem anima ou indiretamente por um vetor invertebrado. PROFILAXIA VIRAL E BACTERIANA Prevenir-se de doenças virais não é uma tarefa fácil, uma vez que existem diversos vírus, os quais podem ser transmitidos de diferentes formas. Dicas para evitar doenças virais • Lavar sempre as mãos, principalmente antes de se alimentar e após ir ao banheiro. 10 Marcela Oliveira – Medicina 2021 • Não compartilhar copos e talheres. • Lavar sempre os alimentos, dando atenção especial àqueles que serão consumidos in natura. • Alimentar-se apenas em locais que obedecem às normas da Vigilância Sanitária. • Utilizar camisinha em todas as relações sexuais para se prevenir de infecções transmitidas por meio da relação sexual, como a infecção por HIV. • Utilizar repelentes em áreas com grande quantidade de mosquitos, dando atenção especial às regiões que apresentam mosquitos Aedes aegypti. • Vacinar-se obedecendo às orientações dos calendários de vacinação. Uma grande variedade de doenças pode ser prevenida com a vacina, como a gripe, raiva, sarampo e catapora. • Evitar aglomerações de pessoas em épocas de surtos de determinadas doenças. Em surtos de gripe, por exemplo, deve-se evitar locais fechados e com muitas pessoas. • Evitar contato com pessoas doentes. • Alimentar-se bem e realizar exercícios físicos, pois esses hábitos estão relacionados com o fortalecimento do sistema imunológico. O uso dos antibióticos para fins profiláticos tem sido indicado basicamente nas seguintes situações: (1) quando a infecção a ser prevenida é bastante comum embora não ponha em risco a vida do paciente ou (2) quando é considerada rara, mas potencialmente fatal 4. DIFERENCIAR INFECÇÃO DE ORIGEM VIRAL E BACTERIANA (EPIDEMIOLOGIA, MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS, HEMOGRAMA, TRATAMENTO); VÍRUS X BACTÉRIAS Os vírus e as bactérias são micro-organismos que podem causar infecções com sintomas similares como: tosse, espirro, febre, inflamação, vômito, diarreia, fadiga e cólicas – que são meios que o sistema imunológico usa para livrar o corpo de infecções do organismo. Na infecção viral, os sintomas mais comuns são: febre baixa, que não passa de 38°C, sensação de fraqueza, dores no corpo, perda de apetite, nariz escorrendo e tosse por irritação na garganta. O tratamento é chamado sintomático, por apenas amenizar o desconforto dos sintomas, como dor de cabeça, ânsia de vomito e dores no estômago. O próprio sistema imunológico trata de expulsar o vírus do organismo, isso geralmente leva entre 3 a 10 dias. Os primeiros dias são sintomas mais fortes, diminuindo gradativamente. Se os sintomas durarem mais de uma semana sem demonstrar melhora, pode ser que a infecção seja bacteriana, ou que possa ter adquirido uma infecção bacteriana depois do vírus, conhecida como infecção bacteriana secundária. Na infecção bacteriana os sintomas são parecidos aos da infecção viral, porém a febre geralmente é alta, acima de 38°C podendo chegar a 40°C. E esse tipo de infecção tende a piorar com o tempo. A tosse pode ter uma secreção geralmente espesso e com uma coloração amarelada ou esverdeada. A infecção bacteriana costuma causar dor concentrada em uma parte específica do corpo. Por exemplo, se você contrair uma infecção de garganta bacteriana, você sentirá uma dor forte especificamente na garganta, e que irá piorar gradualmente e causar vermelhidão e placas brancas (o que não ocorre na infecção viral). HEMOGRAMA No caso das infecções, a serie branca é a primeira a se alterar, com índices elevados ou baixos a depender do causador da cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar 11 Marcela Oliveira – Medicina 2021 infecção e do estado imunológico do paciente. As infecções bacterianas apresentam elevação nos níveis de leucócitos, de uma forma geral, e no de neutrófilos, por serem mais específicos para patógenos bacterianos. O eritograma e o plaquetograma podem sofrer modificações nos casos mais graves, como sepse e choque séptico; Em casos de infecções bacterianas, é patognomônico a elevação dos neutrófilos, denominada de neutrofilia. Durante a infecção bacteriana, as células neutrofílicas na medula óssea são estimuladas a se proliferarem, amadurecerem e migrarem pela corrente sanguínea para o local de infecção. Entretanto, a depender do grau de infecção do paciente, células ainda imaturas podem ser liberadas pela medula óssea, gerando o desvio à esquerda, com presença de células imaturas na corrente sanguínea, O eritrograma pode apresentar anemia normocítica/normocrômica devido ao rompimento de algumas hemácias na corrente sanguínea ao se esbarrarem com vegetações microbianas aderidas aos vasos sanguíneos, em casos de septicemia. Nas infecções causadas por vírus, a leucocitose ocorre frequentemente à custa de linfocitose relativa e absoluta. É frequente a descrição de graus variados de atipia linfocitária. RESPOSTA IMUNOLÓGICA CONTRA MICROORGANISMOS O sistema imunológico inato fornece a defesa inicial e o sistema adaptativo fornece uma resposta mais forte e sustentada. As respostas adaptativas são mais especificas que as inatas. Além disso, induzem grandes números de células efetoras que funcionam para eliminar os microrganismos e também gerar célula de memoria que protegem o individuo de infecções subsequentes. BACTÉRIASEXTRACELULARES As bactérias extracelulares são capazes de se replicar fora das células hospedeiras, por exemplo, no sangue, em tecidos conjuntivos, e nos espaços teciduais. Em primeiro lugar, essas bactérias induzem inflamação, o que resulta na destruição dos tecidos no local da infecção. Em segundo lugar, as bactérias produzem toxinas, que têm diversos efeitos patológicos. As toxinas pode ser endotoxinas, que são componentes da parede celular bacteriana, ou exotoxinas, que são secretadas pelas bactérias. 1. IMUNIDADE INATA Os principais mecanismos da imunidade inata contra bactérias extracelulares são a ativação do complemento, a fagocitose e a resposta inflamatória. ATIVAÇÃO DO COMPLEMENTO: Os peptideoglicanos na parede celular das bactérias Gram-positivas e o LPS em bactérias Gram-negativas ativam o complemento da via alternativa. Enquanto isso, as bactérias que tem manose na sua superfície podem ligar-se a lectina ativando o complemento pela via das lectinas. O resultado dessa ativação do complemento é a opsonização e a fagocitose de bactérias. Como subproduto dessa ativação do complemento, vamos ter a estimulação de uma resposta inflamatória, recrutando e ativando os leucócitos. ATIVAÇÃO DE FAGOCITOS E INFLAMAÇÃO: os fagócitos (neutrófilos e macrófagos) utilizam receptores de superfície para reconhecer as bactérias extracelulares, e eles utilizam receptores Fc e receptores de complemento para reconhecer bactérias opsonizadas com anticorpos e proteínas do complemento, respectivamente. cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar 12 Marcela Oliveira – Medicina 2021 Além disso, as células denditricas e os fagócitos ativados pelos micro-organismos secretam citocinas, que induzem o infiltrado leucocitário nos sítios de infecção (inflamação). Os leucócitos recrutados ingerem e destroem as bactérias. 2. IMUNIDADE ADAPTATIVA A imunidade humoral é uma resposta imunológica protetora contra bactérias extracelulares e funciona para bloquear a infecção, eliminar os microrganismos e neutralizar suas toxinas. As respostas de anticorpos contra bactérias são dirigidas contra antígenos da parede celular e toxinas segregadas e associadas à células. Os mecanismos efetores empregados incluem neutralização, opsonização e fagocitose, além da ativação do complemento pela via clássica. A neutralização é mediada por isotipos IgG, IgM e IgA. Opsonização é mediada por algumas subclasses de IgG e a ativação do complemento é iniciada pela produção de IgM e subclasses de IgG. Os antígenos proteicos de bactérias extracelulares também ativam as células T CD4+ auxiliares, que produzem citocinas que induzem inflamação local, aumentam as atividades fagocíticas e microbicidas de macrófagos e neutrófilos e estimulam a produção de anticorpos; Uma complicação tardia da resposta imune humoral contra a infecção bacteriana pode ser a geração de anticorpos produtores de doenças. O exemplo mais definido é uma rara infecção estreptocócica da garganta que se manifesta semanas ou meses após a infecção. A febre reumática é uma sequela da infecção laríngea. Nesse caso, a infecção leva a produção de anticorpos contra uma proteína da parede celular bacteriana. No entanto, esses anticorpos reagem cruzadamente com proteínas do miocárdio e são depositadas no coração causando inflamação. EVASÃO DA RESPOSTA IMUNOLOGICA A virulência de bactérias extracelulares possibilita aos microrganismos resistir a imunidade inata. Isso porque, as bactérias com capsulas ricas em polissacarídeos resistem a fagocitose e são mais virulentas do que as que não possui capsula. Pois essas cápsulas contem resíduos de acido siálico que inibe a ativação do complemento pela via alternativa. Um mecanismo utilizado por bactérias para evadir a imunidade humoral é a variação de antígenos de superfície. Antígenos semelhantes aos antígenos do hospedeiro (mimetismo) escapam da resposta imune, já que antígenos próprios não são reconhecidos como estranhos. BACTÉRIAS INTRACELULARES Uma característica de bactérias intracelulares facultativas é a sua capacidade de sobreviver e ate mesmo se replicar dentro do fagócito. Uma vez que esses microrganismos são capazes de encontrar um nicho onde eles são inacessíveis a anticorpos circulantes, sua eliminação requer mecanismos de 13 Marcela Oliveira – Medicina 2021 imunidade mediada por células. 1. RESPOSTA INATA A resposta imune inata contra bactérias intracelulares é mediada principalmente por fagócitos e células natural killer. Os neutrófilos inicialmente e depois os macrófagos ingerem e tentam destruir esses microrganismos, mas as bactérias intracelulares patogênicas são resistentes à degradação dentro do fagócito. E nesses casos, bactérias intracelulares ativam as células NK por induzir a expressão de ligantes de ativação e pela estimulação de IL-12 e IL-15 pelas células dentriticas e macrófagos. As células NK por sua vez produzem IFN- gama, que ativa os macrófagos e promove a morte da bactéria fagocitada. Assim, as células NK proporcionam uma defesa inicial contra estes microrganismos, antes do desenvolvimento da imunidade adaptativa. No entanto, a imunidade inata geralmente não erradica essas infecções e a erradicação requer a imunidade adaptativa mediada por células. 2. RESPOSTA ADAPTATIVA A principal resposta imunológica protetora contra bactérias intracelulares é o recrutamento e ativação de fagócitos mediados por células T (imunidade mediada por células). As células T fornecem defesa contra infecções por dois tipos de reações: células TCD4 ativam fagócitos através das ações do ligante de CD40 e IFN-gama, resultando na morte dos microrganismos que são ingeridos e sobrevivem dentro de fagócitos. E os linfócitos T citotóxicos CD8 que destroem células infectadas e eliminam microrganismos que escapam dos mecanismos de morte dos fagócitos. As células TCD4 diferenciam-se em efetoras TH1 sob a influência da IL-12. E as células T expressam o ligante de CD40 e secretam IFN-gama, e esses dois estímulos ativam macrófagos, induzindo a produção de varias substancias microbicidas. As bactérias fagocitadas estimulam respostas de células TCD8 se os antígenos bacterianos forem transportados a partir de fagossomos para o citosol ou se as bactérias escaparem dos fagossomos e entrarem no citoplasma das células infectadas. A ativação dos macrófagos, que ocorre em resposta aos microrganismos intracelulares é capaz de causar lesão tecidual. EVASÃO DA RESPOSTA IMUNOLÓGICA As bactérias intracelulares desenvolveram várias estratégias para resistir à eliminação 14 Marcela Oliveira – Medicina 2021 pelos fagócitos. Isso inclui escapar para o citosol, escondendo-se assim a partir de mecanismos microbicidas dos lisossomos. VÍRUS Os vírus são os microrganismos intracelulares obrigatórios que utilizam os componentes do ácido nucleico e a maquinaria da síntese de proteínas do hospedeiro para se replicar e se espalhar; A replicação viral interfere na síntese de proteína e função de células normais e leva à lesão e por fim à morte da célula infectada. Este resultado é um tipo de efeito citopático do vírus. Do ponto de vista epidemiológico, os vírus podem ser agrupados em 3 grupos: 1. Vírus que acometem exclusivamente humanos. Como por exemplo, o vírus da varíola, do sarampo, da caxumba, da poliomielite. Por essa característica, são agentes cujo controle é possível, especialmente se houver uma vacina preventiva eficaz. 2. Vírus que tem parte do seu ciclo biológico no ser humano e parte em outro grupo de animal ou inseto. São exemplos os arbovirus,parte do vírus influenza e o rotavirus. Do ponto de vista do controle, esse vírus representam dificuldades enormes. 3. Vírus preponderante em outros animais e que o ser humano representa um hospedeiro eventual. São exemplo desse grupo, o vírus rábico e parte dos influenzavirus. Esses vírus representam um risco potencial muito grande, na medida em que são de difícil controle; No aspecto clinico, os vírus apresentam algumas características peculiares. Vírus de famílias completamente distintas podem provocar síndromes clinicas parecidas, como é o caso das hepatites virais, nos quais os vírus da hepatite A (RNA), da hepatite B (DNA) e da hepatite C (DNA) provocam síndromes clinicas indistinguíveis uma da outra. Ao mesmo tempo, que o mesmo agente viral pode ser associado a manifestações clinica totalmente distintas. Um exemplo são as infecções pelos herpes-virus do tipo 1 e 2, capazes de provocar lesões vesicobolhosas em pele e mucosas mas também podem causar encefalites. 4. RESPOSTA INATA Os principais mecanismos de imunidade inata contra os vírus são a inibição da infecção por interferons do tipo I e a destruição das células infectadas mediada pelas células NK. Os interferons tipo I têm a função de inibir a replicação viral em ambas as células infectadas e não infectadas. Além disso, elas ativam as células NK para matar as células infectadas por vírus. As células NK destroem outras células infectadas por uma variedade de vírus e são um importante mecanismo de imunidade contra os vírus no início do curso da infecção, antes das respostas imunes adaptativas terem se desenvolvido. 5. RESPOSTA ADAPTATIVA A imunidade adaptativa contra as infecções virais é mediada pelos anticorpos, que bloqueiam a ligação do vírus e entram nas células hospedeiras, e por Células T citotóxicas, que eliminam a infecção matando as células infectadas. Os anticorpos antivirais ligam-se ao envelope viral ou aos antígenos do capsídeo e funcionam principalmente como anticorpos neutralizantes para impedir a fixação e a entrada do vírus nas células hospedeiras. A eliminação dos vírus que residem dentro das células é mediada por células T citotóxicas, especialmente a TCD8 que matam as células infectadas. 15 Marcela Oliveira – Medicina 2021 EVASÃO DA RESPOSTA IMUNE Os vírus podem alterar seus antígenos através de mutações pontuais e rearranjo dos genomas de RNA e, portanto, deixam de ser alvos da resposta imune. Alguns vírus inibem a apresentação de antígenos de proteínas citossólicas associados ao MHC de classe I. Alguns vírus produzem moléculas que inibem a resposta imunológica. 5. DEFINIR TERAPIA ANTIMICROBIANA PROFILÁTICA, EMPÍRICA E ESPECÍFICA E AS INDICAÇÕES DE CADA UMA. Terapia antimicrobiana é a administração de antimicrobianos em pacientes com sinais e sintomas clínicos de infecção, tendo como finalidade a cura de doença estabelecida ou combater um agente infeccioso situado em determinado foco. TERAPIA ANTIMICROBIANA PROFILÁTICA A profilaxia antimicrobiana pode ser cirúrgica ou não-cirúrgica (clínica). Aproximadamente 30 a 50% dos antimicrobianos utilizados em meio hospitalar se destinam à profilaxia cirúrgica, sendo estimado em 30 a 90% a taxa de uso inadequado, nesses casos. A profilaxia antimicrobiana, em cirurgia, é definida como o uso de antimicrobianos para prevenção de infecções no sítio cirúrgico. O procedimento é justificado quando há risco conhecido de complicações infecciosas ou quando as consequências de uma infecção forem graves e representarem custo significativo ao tratamento. O risco de contaminação durante a cirurgia define a indicação da profilaxia antimicrobiana: • Cirurgias limpas: são aquelas geralmente realizadas de forma eletiva, na ausência de processo infeccioso local, em tecidos estéreis ou de fácil descontaminação. Em condições tecnicamente adequadas, o potencial de infecção é baixo (inferior a 5%), o que, em geral, não justifica o uso profilático de antimicrobianos, exceto nos casos em que uma eventual infecção requeira tratamento complexo e represente risco significativo ao paciente. • Cirurgias potencialmente contaminadas: são aquelas realizadas com presença de supuração ou em cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar 16 Marcela Oliveira – Medicina 2021 tecidos que albergam microbiota própria, pouco numerosa e de difícil descontaminação. O potencial de infecção, nessas cirurgias, situa-se entre 8 e 15%, por isso, habitualmente, se recomenda a profilaxia antimicrobiana. • Cirurgias contaminadas: são realizadas na ausência de supuração, em tecidos com microbiota própria, abundante, de difícil descontaminação. O risco de infecção nessas cirurgias é elevado (15 a 20%), por isso se indica profilaxia. • Cirurgias infectadas: são aquelas realizadas em qualquer tecido que apresente supuração local, feridas traumáticas ocorridas há mais de seis horas do atendimento, feridas traumáticas grosseiramente contaminadas com sujeira ambiental ou fezes, ou fraturas expostas e perfurações de vísceras ocas no abdome. A infecção ocorre em mais de 50% dos casos. Os problemas comumente encontrados em profilaxia antimicrobiana estão relacionados ao momento de administração e ao uso de antimicrobiano por tempo maior que o necessário. A seleção de um antimicrobiano e o modo de administração, em profilaxia cirúrgica, deve levar em consideração: o espectro antimicrobiano (ou seja, os microrganismos prevalentes em determinados procedimentos cirúrgicos), duração da profilaxia. O antibiótico a ser indicado profilaticamente deve preencher alguns requisitos básicos: espectro de ação restrito e dirigido aos patógenos de origem endógena causadores de infecção; baixa toxicidade e custo. Os antibióticos habitualmente indicados para profilaxia cirúrgica são as cefalosporinas de primeira geração (cefalotina e cefazolina). TERAPIA ANTIMICROBIANA EMPÍRICA É aquela na qual o uso de antimicrobianos é baseado nos agentes mais prováveis da infecção. Em casos graves, admite-se a terapia empírica, sobretudo se o prazo requerido para a realização dos testes laboratoriais representarem risco significativo ao paciente. A terapia empírica deve ser baseada em dados epidemiológicos, potencial patogênico e padrão de suscetibilidade microbiana. Essa conduta pode ser exemplificada pela abordagem sindrômica no tratamento das doenças sexualmente transmissíveis. 17 Marcela Oliveira – Medicina 2021 TERAPIA ANTIMICROBIANA ESPECÍFICA A terapia específica é executada mediante identificação do microrganismo por meio de teste laboratorial ou quando a manifestação clínica é característica deste microrganismo; 6. CARACTERIZAR QUADRO GRIPAL, MECANISMO DE AÇÃO, DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO. A influenza sazonal ou gripe é uma infecção do trato respiratório, de curso autolimitado, com surtos ao longo do ano (geralmente nos meses mais frios), causados por variantes antigênicas da influenza humana em circulação. É uma das infecções mais comuns na humanidade e uma das mais contagiosas por via aérea. Os vírus influenza são vírus RNA da família Orthomyxoviridae, envelopados, altamente transmissíveis e mutáveis. O vírus da influenza humana divide-se em três tipos: A (mais mutável, responsável por epidemia e pandemias), B e C. Embora haja similaridades biológicas e estruturais, os vírus apresentam uma grande variabilidade antigênica. Somente a influenza A apresenta subtipos de acordo com as diferenças em suas glicoproteínas de superfície, hemaglutinina (H) e neuraminidase (N). A função da H é facilitar a entrada do vírus na célula,enquanto da N é facilitar a sua saída após a replicação viral. A proteção adquirida contra um sorotipo de influenza não garante proteção cruzada contra outros, razão pela qual a gripe não confere imunidade permanente e acomete pessoas de todas as idades a cada surto. Esse vírus é transmitido por via aérea e tem curto período de incubação, o que permite rápida disseminação. MECANISMO DE AÇÃO A infecção pelo vírus da influenza é transmitida de pessoa a pessoa por secreções respiratórias que contêm vírus. Virtualmente todas as células que revestem o trato respiratório permitem que haja replicação viral, embora os receptores para vírus aviários pareçam estar concentrados em células nos bronquíolos distais e alvéolos. Uma vez que o vírus inicie a infecção do epitélio do trato respiratório, ciclos sucessivos de replicação viral infectam grandes números de células e resultam na destruição do epitélio ciliado através de efeitos citopáticos diretos ou apoptose. Os sintomas sistêmicos resultam da liberação de mediadores da inflamação. Na influenza humana sazonal, o período de incubação varia de 1 A 4 dias. O curso da doença é benigno e autolimitado, com replicação viral máxima em 24 a 48 horas do início do quadro e com transmissão durando de 3 a 5 dias. Infecções bacterianas secundárias se desenvolvem como resultado da flora bacteriana alterada, lesão do epitélio brônquico e exposição de receptores celulares para bactérias. A partir da segunda semana de infecção primaria pelo vírus da influenza, há evidencias do desenvolvimento de anticorpos séricos neutralizantes. Os anticorpos secretórios se desenvolvem no trato superior e consistem de IgA. Respostas imunes mediadas por células desenvolvem- se cerca de 1 semana após a infecção; MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Os sintomas iniciam-se de forma abrupta, com febre (> 38°C, durante 3 dias) podendo estar acompanhada de hiperemia conjuntival, cefaléia (frontal ou retrorbitária), mialgia e mal-estar, acompanhados de dor de garganta e tosse seca. cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar 18 Marcela Oliveira – Medicina 2021 Em crianças, pode ocorrer febre mais alta, aumento dos linfonodos cervicais, diarréia e vômitos. Os sintomas respiratórios se tornam mais evidentes, mantendo-se por 3 a 4 dias após o desaparecimento da febre. Alguns pacientes evoluem com fraqueza ou fadiga fácil após a infecção (astenia pós- influenza), que dura várias semanas. As manifestações variam desde uma doença respiratória afebril semelhante ao resfriado até o predomínio de sinais e sintomas de doença sistêmica. Embora seja benigna, pode evoluir como uma doença grave em idosos, recém- nascidos, imunodeprimidos, gestantes e portadores de doenças crônicas. As complicações da influenza variam desde pneumonia (mais comum), miosite ou rabdomiólise (mais comum em crianças) a envolvimento do sistema nervoso central (meningite asséptica, encefalite, e síndrome de Guillain-Barré), miocardite e pericardite. A pneumonia pode ser primária, resultante do envolvimento pulmonar diretamente pelo vírus influenza e, em geral, é grave. Ou pode ser uma pneumonia secundaria causada por bactérias. DIAGNÓSTICO O diagnóstico clínico, em geral,é suficiente para o seu manejo adequado. Em alguns casos, exames complementares inespecíficos (p. ex., hemograma, radiografia de tórax etc.) podem ser necessários para a avaliação de complicações ou o diagnóstico diferencial das infecções respiratórias. Durante surtos e pandemias, a infecção por influenza pode ser confirmada por meio de cultura viral (a partir de amostras de swab de orofaringe, lavado nasal, escarro ou lavado broncoalveolar). Embora seja o exame padrão ouro do diagnostico laboratorial, são necessárias 48 a 72 horas para visualização do efeito citopático viral. Para o diagnostico rápido, utilizam-se as provas imunológicas (imunoflorescencia, imunoenzimático) e moleculares (PCR). TRATAMENTO Nos casos de influenza humana não complicada, o tratamento é basicamente voltado para o alívio dos sinais e sintomas (repouso, hidratação, medicação sintomática para febre, dor etc.). O uso de ácido acetilsalicílico (AAS) deve ser evitado na influenza, pelo risco de síndrome de Reye. A vacina é a principal medida de prevenção. A infecção por influenza sazonal pode ser prevenida por meio da vacina trivalente com as cepas de maior circulação dos vírus. No entanto, em virtude da variabilidade genética do vírus, tanto a composição das vacinas quanto as vacinações devem ser atualizadas anualmente. Nos pacientes com maior risco de doença grave, podem ser utilizadas as drogas antivirais, para o controle dos surtos de influenza sazonal. cecel Destacar cecel Destacar
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