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PROGRAMA DE INTEGRAÇÃO SAÚDE COMUNIDADE - APS

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DOS GUARARAPES
ESCOLA DE SAÚDE E EDUCAÇÃO
BACHARELADO EM BIOMEDICINA,
ENFERMAGEM E PSICOLOGIA
PROGRAMA DE INTEGRAÇÃO SAÚDE COMUNIDADE
ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA: ATENÇÃO PRIMÁRIA ARTICULADA
COM A POPULAÇÃO NEGRA
DISCENTES:
BIOMEDICINA:
MARIA EDUARDA SANTOS GUEDES
MILLENA BEATRIZ DA SILVA
ENFERMAGEM:
BRUNA EDUARDA GARCIA VALENÇA
BRUNA VANESSA VIANA DA SILVA
MARIA LUÍZA FERREIRA DE LIMA
RAYANNE BEATRIZ FÉLIX DE MORAIS
PSICOLOGIA:
ANA LUIZA GOMES DA SILVA
BIANCA PAULA DA SILVA BELO
GABRIELA SOUZA FONSÊCA
MARIA JÚLIA CARNEIRO
MARTA CIBELE DA SILVA CORREIA
PEDRO HENRIQUE ANDRADE VIDAL
SHIRLEY LIMA CEZAR CARVALHO
THAYNA MARIA DA SILVA CRUZ
JABOATÃO DOS GUARARAPES
2021.1
Introdução
A Constituição Federal de 1988 instituiu o Sistema Único de Saúde (SUS), regulado
pela Lei n° 8080/90, sendo a saúde um direito de todos e dever do Estado. Os cidadãos
brasileiros passaram a ter direito a uma saúde gratuita e universal custeadas pela União,
estados e municípios. Além disso, o SUS é formado por cinco princípios básicos norteadores,
são eles: a universalidade, integralidade, descentralização, equidade e participação social.
A atenção primária é a porta de entrada dos usuários. Ela proporciona principalmente
a prevenção de doenças e encaminha os usuários mais graves para atendimentos de maior
complexidade. A atenção básica está presente em programas governamentais como Estratégia
Saúde da Família (ESF) que direciona alguns serviços a Unidade Básica de Saúde (UBSs)
como vacinação, exames de sangue e consultas médicas, Programa Brasil Sorridente e
tratamento bucal.
É importante pontuar que o Brasil é um país que acredita no mito da democracia
racial, quando na verdade ainda estamos muito distantes de alcançá-la. Logo, entende-se que
os profissionais de saúde vão reproduzir o racismo em sua prática.
Assim, a população negra enfrenta dificuldades de acesso à saúde e quando
conseguem o atendimento muitas vezes é precário e permeado de racismo. Outro ponto
relevante é que os prontuários não indicam cor/raça comprometendo a elaboração de políticas
públicas. É partindo dessas questões que percebe-se o fracasso das instituições em
proporcionar equidade (Santos, Tocantins, 2015).
A partir do exposto acima, o Conselho Nacional de Saúde criou em 2006, a Política
Nacional de Saúde Integral da População Negra instituída pela portaria de n° 992 de 13 de
maio de 2009 a fim de promover saúde de qualidade, atenção às doenças de maior
predominância e combater o racismo nos espaços de saúde.
O presente trabalho tem como proposta fazer uma síntese sobre artigos relacionados à
atenção primária e a população negra e levantar questionamentos frente ao racismo presente
na sociedade brasileira e consequentemente no sistema de saúde.
Artigo I. Atenção primária à saúde: um ensaio sobre conceitos aplicados aos
estudos nacionais (PORTELA, 2017).
O Brasil está passando por uma orientação normativa do Ministério da Saúde no
sentido de fazer uma reforma da Atenção Primária à Saúde orientada à Estratégia Saúde da
Família, com adesão dos especialistas das instituições de ensino e pesquisa, para
transformar-se em uma porta de entrada de resoluções deste sistema de saúde. Observa-se o
fornecimento de evidências de que a tendência em avaliar a Atenção Primária à Saúde no
Brasil, tendo como referência única a Estratégia de Saúde da Família, que limita a
determinação do universo dos serviços de saúde, que, potencialmente englobam as
características definidas como inerentes à APS.
Os centros de saúde primários devem resolver os problemas de saúde da maioria da
população de forma articulada e com o apoio de centros de saúde secundários e hospitais de
ensino, e atuar como porta de entrada e núcleo do sistema.
A proposta deste documento se baseia na constituição de um sistema nacional de
saúde na Inglaterra e propõe uma série de dimensões importantes nas discussões
contemporâneas, sobre a organização do sistema de saúde, com foco na APS, como primeiro
contato.
Como resultado, a distribuição relativa das publicações também foi diferente durante
este período. Na segunda década, as publicações com dois descritores ao mesmo tempo
ganharam aproximadamente quatro por cento da receita, enquanto as publicações que usavam
o termo "estratégia de saúde da família" e se separavam do termo "atenção primária à saúde"
diminuíram em cerca de 14 pontos percentuais.
Esse comportamento reforça o pressuposto de que a orientação normativa do
Ministério da Saúde visa à reforma do sistema de APS com base na ESF, e tem recebido
amplo apoio da secretaria municipal de saúde e de especialistas de instituições de ensino e
pesquisa. Uma mudança conceitual passo a passo entre os dois.
A atenção ao primeiro contato tem o objetivo de um sistema de saúde organizado a
partir da APS existe um ponto de fácil acesso para cada novo problema. Assim, nesses
sistemas as pessoas que acreditam que possuem um problema de saúde deve poder recorrer a
um profissional apto a oferecer atenção oportuna e ajudá-los a compreender se essa condição
é grave o suficiente para necessitar cuidado adicional ou se é um problema autolimitado, que
não precisa de serviços de saúde mais especializados.
O debate sobre os profissionais da APS é importante porque as decisões naturalmente
influenciam a política a respeito da formação em saúde, da organização e do financiamento
dos serviços. A medição de parte do desempenho da APS geralmente envolve informações
referentes ao local em que a atenção foi buscada. Em 1988 o Brasil experimentou uma
reforma tardia, com a criação do SUS introduzindo modificações expressivas no
funcionamento do sistema de saúde em curto espaço de tempo.
O Programa Saúde da Família (PSF), implantado em 1994, se transformou
progressivamente na principal estratégia do MS para a reestruturação do modelo de atenção à
saúde e vem provocando alterações tanto nas modalidades de alocação de recursos e formas
de remuneração das ações de saúde, quanto na organização dos serviços. A Saúde da Família
trouxe ainda a missão de ser implementada em caráter substitutivo em relação à rede de APS
tradicional, ou seja, dos ambulatórios focados nas especialidades médicas básicas (pediatria,
ginecologia e obstetrícia e clínica geral) e sobretudo nas especialidades menos generalistas.
Em diversos municípios brasileiros, as fronteiras entre a APS e a atenção especializada ainda
não são claras, principalmente naqueles de grande porte, com forte concorrência da APS com
outros modelos e formas de organização de serviços de saúde historicamente consolidados.
Os sistemas de saúde de grandes cidades brasileiras herdaram modelos organizados
para ofertar serviços em estruturas mais complexas e diversificadas. Nesses sistemas, em
geral a obtenção da atenção ao primeiro contato não ocorre exclusivamente em unidades
convencionalmente categorizadas em serviços de APS, como os módulos de Saúde da
Família.
Diante de contextos nacionais especiais em que a precisão dessas informações é
inviável, este trabalho sugere a adoção, para fins operacionais, da definição de "serviço de
APS" como todo serviço de atenção ambulatorial de primeiro nível ou de entrada de pessoas
no sistema de saúde de forma não referenciada (estabelecimentos sem internação), ou seja,
todo serviço responsável pelo atendimento ambulatorial inicial da população usuária. Nesse
sentido, demonstra-se que a atenção ambulatorial pode ser incorporada ao conjunto de
atividades consideradas básicas para efeito de avaliação de desempenho dos sistemas de
saúde nacionais, e que, em países de baixa renda, a maioria das pessoas se dirige a estes
serviços ambulatoriais para a prevenção ou tratamento da maioria das doenças comuns.
No contexto da atenção primária à saúde, o antagonismo lógico acredita que os
profissionais de saúde e os usuários das unidades de saúde devem estabelecer relações de
cooperação interpessoal e mútua de longo prazo.Tem como premissa a existência de atenção
regular e seu uso ao longo do tempo. Um dos principais aspectos da medição da verticalidade
é avaliar quantos indivíduos podem identificar sua fonte de APS durante um período de
tempo e como essa fonte pode identificar seus eleitores. Outro aspecto importante é a
avaliação dos hábitos de uso para todos os assuntos, exceto aqueles encaminhados pelos
médicos da APS.
No nível populacional, as pesquisas domiciliares são geralmente usadas para avaliar e
determinar fontes comuns de atendimento. Por outro lado, na perspectiva da secretaria de
saúde, a verticalização se reflete na existência de prontuários, que indicam se o prestador de
cuidados (profissional ou corpo profissional / equipe profissional) identificou os eleitores
pelos quais é responsável.
A coordenação do cuidado em sua essência trata da disponibilidade de informações a
respeito de serviços prestados na APS de forma integrada e coordenada a demais níveis de
atenção, bem como aqueles ofertados por diferentes membros de uma equipe de profissionais
dentro da própria APS. Essa coordenação requer tanto mecanismos de transferência de
informações quanto o reconhecimento de informações. Quanto maior a transferência de
informações e o reconhecimento dos problemas dos pacientes pelos diferentes profissionais
envolvidos na atenção, maior a probabilidade de os pacientes mostrarem uma melhora
subsequente.
Nesse contexto, apresenta-se o conceito de continuidade como mecanismo inerente à
coordenação, para assegurar o cuidado sem interrupções, sem necessidade de contar com a
presença de uma fonte de atenção no decorrer do tempo, onde até mesmo indivíduos que são
acompanhados por especialistas para problemas raros ou complexos podem alcançar um alto
grau de continuidade. Já o papel especial dos especialistas seria o de cuidar de necessidades
específicas, mas sem o exceder, ou seja, em conjunto com o paciente submeter esse cuidado
ao julgamento definitivo do médico de APS.
A longitudinalidade existência de uma fonte continuada de atenção, assim como sua
utilização ao longo do tempo. A relação entre a população e sua fonte de atenção deve se
refletir em uma relação interpessoal intensa que expresse a confiança mútua entre os usuários
e os profissionais de saúde. A longitudinalidade implica a existência de uma fonte regular de
atenção e seu uso ao longo do tempo, independente da presença de problemas específicos
relacionados à saúde ou do tipo de problema. A presença do atributo de longitudinalidade
tende a produzir diagnósticos e tratamentos mais precisos, que reduzem os encaminhamentos
desnecessários para especialistas e a realização de procedimentos de maior complexidade. O
acolhimento não é necessariamente uma atividade em si, mas uma atitude que permeia toda
atividade assistencial. Consiste na busca constante de reconhecimento das necessidades de
saúde dos usuários e das formas possíveis de satisfazê-las, o que resulta em
encaminhamentos, deslocamentos e trânsito pela rede assistencial.
A integralidade traz o leque de serviços disponíveis e prestados pelo serviço de
atenção primária. Ações que o serviço de saúde deve oferecer para que os usuários recebam
atenção integral, tanto do ponto de vista do caráter biopsicossocial do processo saúde doença,
como ações de promoção, prevenção, cura e reabilitação adequadas ao contexto da APS,
mesmo que algumas ações não possam ser oferecidas dentro das unidades de APS. Incluem
os encaminhamentos para especialidades médicas focais, hospitais, entre outros. A
integralidade possui quatro dimensões: primária das ações de promoção e prevenção, atenção
nos três níveis de complexidade da assistência médica, articulação das ações de promoção,
proteção e prevenção e abordagem integral do indivíduo e das famílias. Pressupõe, portanto, a
existência de uma rede de serviços em distintos níveis de complexidade e de competências,
em que a integração entre as ações nos diversos níveis deve satisfazer o conjunto de cuidados
demandados por um indivíduo.
A coordenação do cuidado tem como objetivo estabelecer conexões de modo a
alcançar o objetivo maior de atender às necessidades e preferências dos usuários na oferta de
cuidados em saúde, com elevado valor, qualidade e continuidade. Tem como objetivo
norteador a identificação de políticas, estratégias e instrumentos para um alcance de melhor
coordenação no Sistema Único de Saúde. O fortalecimento da APS é uma das mais potentes
medidas pró-coordenação, a diminuição de investimentos e de prioridade na Estratégia Saúde
da Família representa o enfraquecimento da consolidação de arranjos sistêmicos, capazes de
garantir a integralidade da atenção.
Artigo II. Narrativas dos profissionais da atenção primária sobre a política
nacional de saúde integral da população negra (SANTOS; SIQUEIRA, 2013).
Este artigo visa tratar sobre a percepção dos profissionais acerca da Política Nacional
de Saúde Integral da População Negra. Assim, faz-se necessário discorrer sobre a mesma.
A Política Nacional de Saúde Integral da População Negra foi instituída através da
portaria n° 992 de 13 de maio de 2009 com o objetivo geral de "Promover a saúde integral da
população negra, priorizando a redução das desigualdades étnico-raciais, o combate ao
racismo e discriminação nas instituições e serviços do SUS" (PNSIPN, 2009), pois considera
que estes atuam como determinantes sociais nas condições de saúde.
Dentre as diretrizes gerais destaca-se inclusão do tema Racismo e População Negra na
formação dos trabalhadores da saúde, fortalecimento da participação do Movimento Social
Negro nas instâncias de controle social das políticas de saúde (gestão participativa do SUS),
incentivo a produção de conhecimento científico, desconstrução de estigmas e preconceitos
aliado ao reforço de uma identidade negra positiva.
Tem como objetivos específicos garantir e ampliar o acesso de negros, em particular,
moradores das regiões periféricas e quilombolas ao acesso à saúde e identificar as suas
necessidades para planejar e definir prioridades, definir e pactuar indicadores e metas para a
promoção da equidade étnico-racial na saúde e monitorar e avaliar as mudanças na cultura
institucional, visando à garantia dos princípios antirracistas e não discriminatório.
Em relação às estratégias de gestão ressaltamos a implementação de ações na de
combate ao racismo institucional, desenvolvimento de ações específicas para a redução das
disparidades étnico-raciais nas condições de saúde e nos agravos, inclusão do quesito cor nos
instrumentos de coleta de dados nos sistemas de informações do SUS, apoio técnico e
financeiro para a implementação desta Política e etc.
Junto a isso, o artigo tem como objetivo compreender o que os profissionais de saúde
pensam em relação à PNSIPN e como se posicionam diante da mesma. A pesquisa se deu em
um Centro de Saúde na Ceilândia, Distrito Federal, e teve como participantes 10 profissionais
da equipe de atenção básica que foram submetidos à entrevistas.
Inicialmente, Santos e Siqueira (2013) destacam que o campo de estudos, pesquisa e
assistência voltados à saúde da população negra por mais legítimo, inegável e extenso, é
pouco disseminado nas mais diversas esferas sociais. Pode-se afirmar que a falta de
conhecimento, por parte dos profissionais, e a forma descompromissada notada na fala e na
forma como se posicionam é reflexo direto da falta de debates e disciplinas destinadas à saúde
da população negra no momento da formação, além do racismo que estrutura a sociedade.
O primeiro ponto de discussão que o artigo vem trazer, é a respeito da falsa ideia de
‘’igualdade’’ entre pessoas pretas e brancas. Diante dos discursos dos profissionais de saúde é
possível perceber que existe uma consciência coletiva de que pessoas pretas não precisam de
prioridades no que tange ao acesso à saúde. Os relatos por si já nos mostram como uma
enorme parcela dos profissionais de saúde são despreparadospara cuidar e acolher a
população negra em sua demanda.
Compreender a importância da PNSIPN não é somente saber quais doenças a
população negra está mais exposta, mas também é saber que as condições sociais precisam
ser levadas em consideração no contexto da população negra.
Em outros pontos do artigo, é mostrado que para essa parcela dos profissionais de
saúde, a PNSIPN é uma política excludente, que prioriza apenas uma população (negra). Em
todos os pontos levantados pela pesquisa, o principal argumento para o não reconhecimento
da PNSIPN é que vivemos em um país igual para todas as pessoas. A desigualdade social
para essas pessoas não precisa ser levada em consideração em um atendimento.
O mito da democracia racial continua fragilizando o acesso de pessoas negras à saúde,
à atenção básica. Profissionais de saúde esbanjam discursos racistas e excludentes,
fortalecendo o racismo estrutural que permanece na sociedade, e acompanha pessoas negras
desde seu nascimento. Os dados epidemiológicos evidenciam enfaticamente a desigualdade
na saúde entre pessoas pretas e brancas. Dessa forma, desacreditar que pretos precisam ser
compreendidos em seu contexto, é usar do seu espaço de privilégio para negar o racismo e
tentar apagar a subjetividade e cultura dessas pessoas.
Portanto, faz-se necessário, como bem aborda uma das diretrizes da PNSIPN,
‘’Fortalecer o desenvolvimento de processos de informação, comunicação e educação, que
desconstruam estigmas e preconceitos, fortaleçam uma identidade negra positiva e
contribuam para a redução das vulnerabilidades’’(PNSIPN, 2009).
Artigo III. População negra e Covid-19: reflexões sobre racismo e saúde (SANTOS,
2020).
Segundo o IBGE, existem 5 categorias de grupos étnicos definidos entre a população
que são: branco, preto, pardo, indígena e amarelo e para conveniência e fácil comunicação
denomina-se que a população negra é definida pelo somatório de pretos + pardos. Quando
fazemos o recorte por raça/cor, é indicado que pretos e pardos ocupam significativamente a
maior parte em trabalhos informais, quando comparados com os trabalhadores brancos. No
ano de 2018 esse resultado oscilou , pois foi refletido que a desigualdade é historicamente
constituída por trabalhadores sem carteira assinada.
No Brasil e no mundo, as pessoas negras são mais afetadas por diferentes problemas
de saúde, e a pandemia do coronavírus não é uma exceção. Pensar em saúde é pensar em
eqüidade, acesso aos serviços e, principalmente, a diminuição das desigualdades.
No cenário da crise pandêmica da Covid-19, a inclusão da análise em um contexto de
raça/cor só foi informada após posicionamentos de Grupos de combate ao Racismo e da
Sociedade Brasileira de Médicos de família e comunidade. Diferente de outros países, no
Brasil o lockdown só foi realizado no início da pandemia mundial, perdendo a credibilidade
por influências negativas do próprio chefe do governo, que optou por priorizar a economia e
minimizou os efeitos da doença, o que trouxe um afastamento dos verdadeiros
desdobramentos que poderiam ter sido utilizados em conjunto com o SUS.
A pobreza no Brasil tem raça/cor, sexo e etnia. Esta afirmação, interpretada por alguns
como ‘’esquizofrênica’’, está pautada em números tão cruéis quanto seu reflexo nos corpos e
nas mentes de pessoas negras.
Segundo Milton Santos (2000, apud OLIVEIRA, 2003), os pobres não estão apenas
desprovidos de recursos financeiros para consumir, a eles é oferecida uma cidadania abstrata;
que não cabe em qualquer tempo e lugar e que, na maioria das vezes, não pode ser sequer
reclamada. Por mais que se deseje negar, essa cidadania não consistente e não reivindicável,
vem sendo oferecida ao longo dos tempos, prioritariamente a pessoas negras.
O fenômeno da pobreza somado à baixa escolaridade da população negra, dificulta o
acesso dessas pessoas ao mercado de trabalho. Logo, o acesso a empregos formais se torna
uma realidade distante. Com isso, podemos enxergar a maior presença de pessoas negras em
empregos informais e de baixa remuneração.
Ainda que haja falha nos registros raça/cor, nas fichas de notificação quanto a covid
19, o quantitativo da população negra permanece o dobro nos registros que apontam esse
quesito. Inúmeros são os preenchimentos com essa ausência de informação, deixando claro a
magnitude da invisibilidade a respeito dessa temática. Não acentuar a informação raça/cor,
pode se interpretar como a subjetividade do racismo institucional. A OMS (Organização
Mundial de Saúde), concebe o racismo como um dos determinantes sociais do processo de
adoecimento e morte.
Através da divulgação de dados de pesquisa, é possível inferir que a sociedade está
envelhecendo e ficando adoecida. O número de óbitos da população negra, principalmente
idosos e jovens, vem crescendo exponencialmente. A partir disso, quando entramos em um
cenário pandêmico, onde a Covid-19 afeta pessoas, inegavelmente as pessoas negras serão as
mais atingidas pelo fato de estarem mais presentes nos serviços essenciais.
Na perspectiva dos direitos humanos, a saúde é reconhecida como o conjunto de
condições integrais e coletivas de existência, influenciado por fatores políticos, culturais,
socioeconômicos e ambientais. Nesse sentido é impossível deixar de considerar o avanço
inegável da instituição da saúde como direito de todos e dever do Estado, entretanto, a
garantia legal ao acesso universal e igualitário às ações e aos serviços de saúde não asseguram
aos negros o mesmo nível, qualidade de atenção e perfil de saúde apresentado pelos brancos.
Negros e brancos ocupam lugares desiguais nas redes sociais e trazem consigo experiências
também desiguais ao nascer, viver, adoecer e morrer.
Por isso, no contexto da pandemia, a primeira luta para a população negra é o
fortalecimento do SUS. A resposta satisfatória seria a proteção de vidas e comunidades,
colocando em cheque obviamente o enfrentamento a uma sociedade desigual, onde o legado
da pandemia Covid-19 poderia ser completamente diferente.
Conclusão
Diante dos artigos que foram abordados neste trabalho, verificamos que os
profissionais da atenção básica ainda precisam progredir em relação à saúde da população
negra. Existem desafios que precisam ser enfrentados para que possamos caminhar para um
acesso à saúde Igualitário e Integral (como propõe o SUS). Além disso, é importante
estimular as pesquisas e os debates sobre a saúde da população negra, com intuito de
promover reflexões; disseminar informações tanto para os profissionais da saúde quanto para
a população em geral; e combater as estruturas racistas que formam as mais diversas esferas
da sociedade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Artigo revisão integração Revista de enfermagem UFPE online. Disponível em:
https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaenfermagem.
ATENÇÃO BÁSICA. Fundação Oswaldo Cruz. Pense+SUS. Disponível em:
https://pensesus.fiocruz.br/atencao-basica.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. Departamento
de Apoio à Gestão Participativa. Política Nacional de Saúde Integral da População Negra :
uma política para o SUS / Ministério da Saúde, Secretaria de Gestão Estratégica e
Participativa, Departamento de Apoio à Gestão Participativa. – Brasília: Editora do Ministério
da Saúde, Brasil, 2009.
OLIVEIRA, Fátima et al. Saúde da população negra. Brasília: Organização Pan-Americana
da Saúde, v. 114, 2003.
PORTELA, Gustavo Zoio. Atenção Primária à Saúde: um ensaio sobre conceitos aplicados
aos estudos nacionais. Physis: Revista de Saúde Coletiva, v. 27, p. 255-276, 2017.
SANTOS, Márcia Pereira Alves et al. População negra e Covid-19: reflexões sobre racismo e
saúde. Estudos Avançados, v. 34, n. 99, p. 225-244, 2020.
SANTOS, Roberta Georgia; TOCANTINS, Florence Romijn. Equidade na assistência
primária à saúde da população negra: Revisão Integrativa; Revista de Enfermagem; Recife,
abr, 2015.
SANTOS, Josenaide Engracia; SIQUEIRA, Giovanna Cristina Santos. Narrativasdos
profissionais da atenção primária sobre a política nacional de saúde integral da população
negra. Saúde em Debate • Rio de Janeiro, v. 37, 2013.
SAÚDE DA POPULAÇÃO NEGRA. Atenção BásicadoRS. . Rio Grande do Sul. Disponível
em: https://atencaobasica.saude.rs.gov.br/saude-da-populacao-negra.
https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaenfermagem
https://pensesus.fiocruz.br/atencao-basica
https://atencaobasica.saude.rs.gov.br/saude-da-populacao-negra
SUS. Fundação Oswaldo Cruz. Pense+SUS. Disponível em: https://pensesus.fiocruz.br/sus
WEBPALESTRA- Saúde da População Negra: Aplicações práticas na Atenção Básica.
Repositório Institucional da UFSC. Disponível em:
https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/191446.
https://pensesus.fiocruz.br/sus
https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/191446

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