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PORTUGUÊS IV AULA 8 Uma tradição descritiva inspirada na filosofia escolástica reconhece dois componentes na construção dos enunciados: dictum (o objeto da comunicação) e modus (atitude ou ponto de vista do enunciado relativamente ao objeto de sua comunicação); Modus: recursos de modalidade. É possível através do uso de verbos que expressam atitudes determinadas atitudes e advérbios, por exemplo, para variar a entoação da frase, exprimindo diferentes noções; A análise clássica da modalidade distingue quatro pares de conteúdos contrastantes: possível e impossível, certo e contestável, obrigatório e facultativo, permitido e proibido; Modo é como se chamam as diferentes formas que toma o verbo para indicar certeza, dúvida, suposição, ordem etc. Há três modos em língua portuguesa: indicativo, subjuntivo e imperativo. INDICATIVO: exprime uma ação ou um estado considerados na sua realidade ou na sua certeza, quer seja no presente, no passado ou no futuro. Esse modo é próprio dos enunciados declarativos simples. SUBJUNTIVO: encara a existência ou não existência dos fatos como algo incerto, duvidoso, eventual ou irreal. Esse modo é utilizado para representar fatos como dependentes do ponto de vista pessoal do enunciador. IMPERATIVO: expressa ideia de ordem, exortação, conselho, advertência, pedido, súplica. As formas verbais dos modos indicativo e subjuntivo variam para situar os fatos em diferentes intervalos de tempo, enquanto as formas do imperativo são invariáveis quanto ao tempo; As formas do indicativo e do subjuntivo se empregam em todas as funções da linguagem. Já as do modo imperativo são exclusivas dos usos da língua em que o enunciador se dirige explicitamente ao seu coenunciador, e frequentemente o nomeia pelo emprego de um vocativo (função conativa da linguagem). O TEMPO NOS VERBOS O tempo é a variação que indica o momento em que se dá o fato expresso pelo verbo; Os três tempos naturais são presente, pretérito e futuro. O presente é indivisível, mas pretérito e futuro subdividem-se em: NO MODO INDICATIVO: Pretérito: perfeito, mais-que-perfeito (simples e compostos); Futuro: do presente, do passado (simples e compostos). NO MODO SUBJUNTIVO: Pretérito: imperfeito, perfeito, mais-que-perfeito; Futuro: simples e composto; O PRESENTE DO INDICATIVO: Indica um fato atual, ato que ocorre no momento em que se fala (está cedo); Indica ações e estados permanentes ou assim considerados (a Terra é redonda); Expressa uma ação habitual ou uma faculdade do sujeito (bebo muito café); Dá vivacidade a fatos ocorridos no passado ou para marcar um fato futuro, mas próximo (o homem mata a mulher e recebe pena de 22 anos?). PRETÉRITO DO INDICATIVO: Pretérito imperfeito do indicativo: designa um fato passado, mas não concluído. Dá noção de continuidade, de duração do processo verbal. Exprime o fato passado habitual. Emprega-se esse modo quando nos transportamos a uma época passada mas descrevemos o que então era presente (quando criança, eu pagava goiaba da árvore); Indica uma ação passada habitual ou repetida, e para indicar fatos passados concebidos como contínuos e permanentes (íamos para lá em todas as férias/ ela sempre cantava no bar); Situa, vagamente, contos, lendas, fábulas no tempo (era uma vez...). Pretérito perfeito do indicativo: pode ser simples ou composto, e exprime fatos passados não habituais. Quando simples, indica uma ação que se produziu em certo momento do passado, ação essa completamente concluída. É utilizado para descrever o passado tal como aparece a um observador situado no presente e que o considera do presente. Quando composto, indica repetição de um ato ou continuidade até o presente em que falamos. Assisti a um ótimo filme ontem (simples). Tenho lido muitos livros bons (composto). Pretérito mais-que-perfeito: indica uma ação que ocorreu antes de outra ação passada: Perguntei-lhe se ele fizera todos os exercícios; Perguntei-lhe se ele tinha feito todos os exercícios. FUTURO DO INDICATIVO Tempo verbal que situa a ação ou o estado num momento posterior ao momento em que se fala. Futuro do presente: O futuro do presente pode ser simples ou composto. Quando simples, indica fatos certos ou prováveis e incertos. (Viajarei para o paraná amanhã/ Será que chove hoje?) Quando composto, é empregado para indicar que uma ação futura está consumada antes de outra (amanhã terei acabado este trabalho); Quando composto, também é empregado para exprimir a certeza de uma ação futura (Caso eu não volte em cinco minutos, terei sido atendido); Quando composto, também é aplicado para significar incerteza sobre fatos passados (ao chegar a casa, me perguntei: terá passado aqui um furacão?). Futuro do pretérito: Quando simples, designa ações posteriores à época de que se fala (o Papa falou que renunciaria ao papado); Quando simples, também designa incerteza sobre fatos passados (quem seria aquele homem?); Quando simples, também é empregado nas afirmações condicionadas, quando se referem a fatos que não se realizaram e que provavelmente não se realizarão (se seus credores lhe pagassem o que devem, ele ficaria rico); Quando composto, indica que um fato teria acontecido no passado, mediante certa condição (se ele tivesse chegado mais cedo, nada disso teria acontecido); Quando composto, exprime a possibilidade de um fato passado e a incerteza sobre fatos passados, em certas frases interrogativas que dispensam a resposta do interlocutor (você teria sido um excelente linguista/ o que teria acontecido para justificar tamanho atraso?) PRESENTE DO SUBJUNTIVO Situando um fato num intervalo de tempo simultâneo ou posterior ao presente, o presente do subjuntivo representa-o como não concluído Acredito que eles conheçam o filme; Espero que eles venham. PRETÉRITO DO SUBJUNTIVO O pretérito imperfeito do subjuntivo pode ter valor de passado, futuro e de presente (Chovesse ou fizesse sol, dona Lúcia ia à missa/ todas as quartas, George presenteava com uma canção o primeiro que chegasse); O pretérito perfeito do subjuntivo pode exprimir um fato passado, supostamente concluído, e um fato futuro, terminado em relação a outro fato futuro (espero que você tenha encontrado sua mãe/ espero que você tenha terminado a lição quando eu voltar); O pretérito mais-que-perfeito do subjuntivo pode indicar uma ação anterior a outra ação e uma ação irreal no passado (todos os alunos que tivessem terminado a prova sairiam mais cedo/ se tivessem ganhado o campeonato, não lhes faltaria reconhecimento) FUTURO DO SUBJUNTIVO Quando simples, marca a eventualidade no futuro e é empregado em orações subordinadas: Adverbiais condicionais, conformativas e temporais, cuja oração principal vem enunciada no futuro ou no presente (se estudar, passará num concurso/ quando puder, venha falar comigo) Adjetivas cuja principal venha enunciada no futuro ou no presente (serei grato aos que me ajudarem) Quando composto, indica um fato futuro como terminado em relação a outro fato futuro (quando tiver terminado a leitura, poderá sair) PRESENTE DO IMPERATIVO Só tem um tempo, o presente, que também se aplica às ordens que se dão para o futuro e o passado. O imperativo afirmativo é um tempo misto. Para sua formação concorrem o presente do indicativo e o presente do subjuntivo; Quando negativo, basta antepor a partícula “não” às formas do presente do subjuntivo, excluída a primeira pessoa do singular. Isso se dá tanto para essa forma, quanto para a forma afirmativa. ASPECTO Tempo e modo são categorias verbais centradas no enunciador, e expressão as relações desse enunciador com sua situação comunicativa. O aspecto, por sua vez, é a caracterização da extensão do fato na linha do tempo, e nada tem a ver com o ponto de vista do enunciador; Refere-se à duração do processo verbal, independente da época em que esse processo ocorre; Essa duração pode ser apresentada como momentâneaou contínua, eventual ou habitual, completa ou incompleta. Meios de representação do aspecto em português: A oposição entre o conteúdo perfectivo (pretéritos perfeito e mais-que-perfeito) e o conteúdo imperfectivo (pretérito imperfeito); Oposição entre as formas perifrásticas de estar + gerúndio e suas respectivas formas simples (estou cantando x eu canto); A oposição entre as formas compostas de ter + particípio e as formas imperfectivas simples (tenho cantado x cantava) AULA 9 VERBOS REGULARES O verbo deve ser considerado regular quando atende aos seguintes parâmetros (caso contrário, são irregulares): a) apresenta radical invariável durante a conjugação do verbo nos diferentes tempos e modos; b) flexiona-se de acordo com o modelo que representa o tipo comum de sua conjugação. Os verbos amar, cantar e falar mantêm seus radicais durante a flexão, por exemplo (am-, cant-, fal-); Apresentam o mesmo modelo de flexão (a mesma vogal temática), ou seja, as mesmas desinências modo-temporais (DMTs) e desinências número-pessoais (DNPs) nas diferentes flexões (amo, falo, canto, amarei, cantarei, falarei); O padrão geral dos verbos portugueses é constituído de um morfema lexical, acrescido ou não de uma vogal temática e de um ou mais morfemas flexionais. Assim, há uma fórmula geral da estrutura do verbo regular, constituída de radical [R] e vogal temática (VT) que constituem o tema (T) do verbo; e sufixos flexionais (SF) que são, respectivamente, DMT e DNP. T (R+VT) + SF (DMT + DNP) Em algumas flexões de verbos regulares, VT, DMT e DNP podem ser constituídos por morfema zero. MORFEMAS FLEXIONAIS E VOGAL TEMÁTICA NOS VERBOS REGULARES Algumas recapitulações: Radical: é o morfema-base na constituição do vocábulo, na medida em que representa sua significação externa. Para identificá-lo, basta extrair a terminação -ar, -er, -ir do infinitivo (estado natural do verbo). No caso dos verbos derivados (como abusar, derivado de usar) identifica-se os afixos e os separa dos radicais, de modo a encontrar o radical primário; ou exclui-se as terminações de modo a encontrar os radicais secundários. Vogal temática: recebe esse nome por ser a responsável pela construção do tema quando anexada ao radical. O tema, por sua vez, é a parte pronta da palavra para funcionar no discurso e para receber a desinência ou sufixo. São as vogais da terminação dos verbos. Não se apresenta em todas as flexões verbais. DMT: indica tempo e modo verbais; DNP: indica número e pessoa verbais. PARADIGMAS DAS CONJUGAÇÕES VERBAIS PRESENTE DO INDICATIVO PRETÉRITO IMPERFEITO DO INDICATIVO PRESENTE DO SUBJUNTIVO PRETÉRITO PERFEITO DO INDICATIVO PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO DO INDICATIVO PRETÉRITO IMPERFEITO DO SUBJUNTIVO FUTURO DO SUBJUNTIVO FUTURO DO PRESENTE FUTURO DO PRETÉRITO INFINITIVO PESSOAL IMPERATIVO O imperativo masculino é conjugado do mesmo modo que o presente do subjuntivo. O imperativo afirmativo segue o mesmo modelo, com a exceção das segundas pessoas do singular e do plural, flexionadas como acima (supressão do –s final). AULA 10 FORMAS NOMINAIS DO VERBO As formas nominais do verbo são assim consideradas por não definirem as pessoas do discurso (exceto o infinitivo pessoal) e por possuírem, quando possível, desinências nominais idênticas às que caracterizam a flexão dos nomes. Essas categorias derivam do tema (radical + vogal temática) acrescido das seguintes desinências verbo-nominais: -r para o infinitivo: cantar, vender, partir; -do para o particípio: cantado, vendido, partido; -ndo para o gerúndio: cantando, vendendo, partindo. Essa categoria é considerada uma das mais regulares do sistema de flexão de verbos, na medida em que apresentam flexões regulares tanto para os verbos já considerados regulares quanto para os irregulares, com raríssimas exceções. Isto é, um verbo irregular ganha as mesmas terminações de particípio, gerúndio e infinitivo que um verbo regular. Verbos pronominais Existem verbos que são sempre conjugados como pronomes átonos. Nesse caso, esses pronomes fazem parte da constituição do verbo e não possuem sentido próprio (queixar-se, apiedar-se); Esses verbos são conjugados na voz ativa, associando-se a eles os pronomes me, te, se, nos vos, se. (ela sempre se atrasa); As formas da primeira pessoa do plural perdem o –s final antes de receber o pronome enclítico (aquele que se posiciona após o verbo) [arrependemo-nos muito]. Os tempos simples na voz passiva 1. PRESENTE: formado pelo presente do indicativo do verbo ser acrescido do particípio do verbo que se quer conjugar (sou amado); 2. PRETÉRITO IMPERFEITO: formado pelo pretérito imperfeito do indicativo do verbo ser acrescido do particípio do verbo que se quer conjugar (era amado); 3. PRETÉRITO PERFEITO: formado pelo pretérito perfeito do indicativo do verbo ser acrescido do particípio do verbo que se quer conjugar (fui amado); 4. PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO: formado pelo pretérito mais-que-perfeito do indicativo do verbo ser acrescido do particípio do verbo que se quer conjugar (fora amado); 5. FUTURO DO PRESENTE: formado pelo futuro do presente do indicativo do verbo ser acrescido do particípio do verbo que se quer conjugar (serei amado); 6. FUTURO DO PRETÉRITO: formado pelo futuro do pretérito do indicativo do verbo ser acrescido do particípio do verbo que se quer conjugar (seria amado). AULA 11 VERBOS IRREGULARES São aqueles que apresentam variação no radical ao longo da flexão verbal, ou quando não obedece ao paradigma da flexão verbal dos verbos regulares. Há variação no radical: Perder – perco Sentir – sinto Trazer – trago Há variação na flexão: Eu como, falo, digo – eu estou Ele parte, ele cumpre, ele ouve – ele vem Variação no radical e na flexão Eu comia, corria, vendia – eu era Eu comi, corri, vendi – eu fui Um verbo irregular pode apresentar formas regulares: Medir – meço Medir – medes, mede, medimos Verbos irregulares fracos: aqueles cujo radical do infinitivo não se modifica no pretérito (perder – perdi); Verbos irregulares fortes: aqueles cujo radical do infinitivo se modifica no pretérito (caber – coube). FLEXÃO DOS IRREGULARES NO LIVRO AULA 12 Formas rizotônicas: acentuação tônica recai sobre o radical (ele bebe); Formas arrizotônicas: acentuação tônica recai fora do radical (nós bebemos). Verbos abundantes: possuem duas ou mais formas equivalentes PORTUGUÊS IV Aula 8 O PRESENTE DO INDICATIVO: PRETÉRITO DO INDICATIVO: FUTURO DO INDICATIVO Presente do subjuntivo Pretérito do subjuntivo Futuro do subjuntivo Presente do imperativo Aula 9 MORFEMAS FLEXIONAIS E VOGAL TEMÁTICA NOS VERBOS REGULARES PARADIGMAS DAS CONJUGAÇÕES VERBAIS Presente do indicativo Pretérito imperfeito do indicativo Presente do subjuntivo Pretérito perfeito do indicativo Pretérito mais-que-perfeito do indicativo Pretérito imperfeito do subjuntivo Futuro do subjuntivo Futuro do presente Futuro do pretérito Infinitivo pessoal imperativo AULA 10 FORMAS NOMINAIS DO VERBO Aula 11 AULA 12
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