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ISTs, vulvovaginites, DIP;

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VAGINOSE BACTERIANA (VB): 
 
INFECÇÕES SEXUALMENTES 
TRANSMISSÍVEIS (IST’S), 
VULVOVAGINITES, DOENÇA 
INFLAMATÓRIA PÉLVICA (DIP) E 
VIOLÊNCIA SEXUAL 
 
 
 
 
O equilíbrio do ecossistema vaginal se deve a complexas interações entre 
a flora vaginal normal, os produtos metabólicos microbianos, o estado 
hormonal e a resposta imune da mulher. Quando este equilíbrio se rompe, 
ocorrem os processos inflamatórios e infecciosos. 
Dependendo do agente etiológico envolvido na gênese das vulvovaginites, 
estas podem ser classificadas em vaginites e vaginoses infecciosas e não 
infecciosas. 
As três principais causas de vulvovaginites infecciosas são: 
 
• Vaginose Bacteriana (VB); 
• Candidíase Vulvovaginal; 
• Tricomoníase; 
Entre as vaginites e vaginoses não infecciosas incluem-se: 
 
• Vaginose Citolítica; 
• Vaginite Atrófica; 
• Vulvovaginites Inespecíficas; 
 
Outras causas: fatores físicos (traumas), químicos (uso de lubrificantes e de 
absorventes internos e externos), hormonais (hiper e hipoestrogenismo), 
anatômicos e orgânicos (imunodepressão secundária à doença sistêmica, 
ou outras imunodepressões). 
 
É um conjunto de sinais e sintomas resultante de um desequilíbrio da flora 
vaginal, que culmina com uma diminuição dos lactobacilos e um 
crescimento polimicrobiano de bactérias anaeróbias estritas (Prevotella sp., 
Bacteroides sp., Mobiluncus sp., Peptostreptococcus sp., Mycoplasma 
hominis, Ureaplasma urealyticum), e de anaeróbias facultativas 
(Gardnerella vaginalis) cujo fator desencadeante é desconhecido. 
É importante destacar que todos os fatores que fazem diminuir a 
quantidade de oxigênio nos tecidos e, portanto, o seu potencial de 
oxirredução, favorecem a infecção por anaeróbios estritos. Como 
resultado, ocorre liberação de citocinas, prostaglandinas e enzimas líticas 
por estes patógenos que respondem por algumas das manifestações 
clínicas (teste de whiff positivo) e pelo substrato fisiopatológico das 
complicações da VB. Há também um pequeno aumento dos leucócitos 
que justifica a resposta inflamatória discreta. 
Cabe aqui a lembrança de que a Gardnerella vaginalis predomina na VB. 
É a principal causa de corrimento vaginal. Ocorre com maior frequência em 
mulheres com vida sexual ativa. 
 
 
• Odor desagradável (piora após o coito e no período perimenstrual) 
CARACTERIZAR VULVOVAGINITES E DESCREVER AS TRÊS PRINCIPAIS 
CAUSAS: 
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS: 
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DIAGNÓSTICO: 
• Corrimento vaginal (pequena intensidade, homogêneo, branco- 
acinzentado) 
• Atenção: O quadro não apresenta habitualmente prurido 
encontra eritematosa, e o exame do colo uterino não revela 
anormalidades. 
 
CRITÉRIOS DE AMSEL: 
 
 
 
 
Mulheres não brancas, gravidez prévia, múltiplos e novos parceiros do sexo 
feminino e masculino, uso de DIU, uso de duchas vaginais, tabagismo e a 
não utilização de condom. 
Os critérios diagnósticos clínicos: 
 
• pH igual ou maior que 4,5. 
• Teste de aminas (whiff) positivo (odor semelhante a “peixe podre” 
ao se adicionar duas gotas de KOH a 10% ao conteúdo vaginal). 
• Presenc de “Clue Cells” (células epiteliais recobertas por das mais 
 
O quadro clínico caracteriza-se por corrimento de intensidade variável, 
acompanhado de odor vaginal fétido. Por vezes, a paciente refere apenas 
o odor, estando o corrimento ausente. 
O odor fétido piora com o intercurso sexual desprotegido e durante a 
menstruação, devido à volatização de aminas aromáticas, resultantes do 
metabolismo das bactérias anaeróbias pela alcalinidade do sêmen ou do 
sangue menstrual. 
O corrimento vaginal é fluido, homogêneo, branco acinzentado (mais 
comum) ou amarelado (raro), normalmente em pequena quantidade e 
não aderente, e pode formar microbolhas. A presença de sintomas 
inflamatórios, como dispareunia, irritação vulvar e disúria, é exceção. A 
parede vaginal das mulheres com VB é de aparência normal e não 
eritematosa. 
 
A VB é relatada por alguns especialistas como a causa mais frequente dos 
sintomas vaginais que resultam em consultas médicas. 
Entre os sintomas, descarga vaginal sem irritação e com mau cheiro é 
característica, mas nem sempre está presente. Em regra, a vagina não se 
cocobacilos Gram lábeis) ao exame bacterioscópico. 
 
CRITÉRIOS DE NUGENT: 
 
 
O escore de Nugent é um sistema 
empregado para diagnosticar VB 
utilizando o exame microscópico de 
esfregaço de secreção vaginal 
corado pelo Gram. A predominância 
de três tipos de morfologia e 
coloração bacterianas: 
1. grandes bastonetes gram-positivos (Lactobacillus spp.), 
2. pequenos bastonetes com resultado variável pelo Gram (G. 
vaginalis ou Bacteroides spp.) e 
3. bastonetes curvos de Gram variável (Mobiluncus spp.). Pontuações 
entre 7 e 10 são consistentes com VB. 
Vários desfechos ginecológicos adversos são observados em mulheres com 
VB, incluindo vaginite, endometrite, endometrite pós-abortamento, doença 
inflamatória pélvica (DIP) não associada à N. gonorrhoeae ou à Chlamydia 
trachomatis e infecções pélvicas agudas após cirurgia pélvica, em especial 
histerectomia. 
FATORES DE RISCO: 
QUADRO CLÍNICO: 
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Portanto, esse critério fundamenta-se principalmente na presença ou não 
dos lactobacillus e de bacilos curvos. 
• Normal: 0 a 3; 
• Flora indefinida: 4 a 6; 
• Vaginose Bacteriana: 7 a 10. 
O tratamento de mulheres assintomáticas, não é recomendado pelo CDC. 
 
Até o momento, não existem recomendações para o tratamento do(s) 
parceiro(s) sexual(is) para melhorar o índice de cura ou prevenção das 
recorrências da VB. 
 
 
 
O tratamento da VB visa eliminar os sintomas e reestabelecer o equilíbrio da 
flora vaginal fisiológica, principalmente pela redução dos anaeróbios. De 
acordo com o Center for Disease Control (CDC), o tratamento pode ser 
realizado: 
 
RECOMENDADOS: 
 
 
• Metronidazol 500 mg por via oral duas vezes ao dia durante sete dias; 
OU 
• Metronidazol gel 0,75% – 5g (um aplicador) intravaginal ao deitar 
durante cinco dias; OU 
• Clindamicina creme 2% – 5g (um aplicador) intravaginal ao deitar 
durante sete dias. 
O Metronidazol não apresenta restricã̧ o formal de uso no 2º e 3º trimestre 
de gestação, o tratamento na gravidez deve acompanhar a mesma 
indicac o de mulheres não grávidas. Saliente-se o fato que o metronidazol 
Candidíase Vulvovaginal (CVV) é a segunda causa mais comum de 
corrimento vaginal, sendo uma infecção da vulva e vagina causada por 
um fungo do gênero Candida, Gram-positivo, dimorfo, saprófita do trato 
genital e gastrointestinal, com virulência limitada. A Candida é capaz de se 
proliferar em ambiente ácido, apesar da ação dos lactobacilos. 
A Candida é capaz de proliferar em ambiente ácido, apesar da ação dos 
lactobacilos. 
A via sexual não constitui a principal forma de transmissão, este fungo Gram- 
positivo é encontrado na vagina em 30% das mulheres sadias e 
assintomáticas. 
A candidíase é frequente no menacme, sendo rara em crianças ou na 
menopausa, sugerindo que a colonização do trato genital por fungos é 
hormônio dependente. Condições associadas com elevada produção de 
hormônios como gestação, diabetes, contraceptivos de alta dosagem 
podem associar-se a candidíase. 
vaginal pH vaginal também é absorvido no epitélio vaginal e alcança a 
circulação materna, sendo metabolizado pelo fígado. 
 
ALTERNATIVOS: 
 
 
• Tinidazol 2g por via oral duas vezes ao dia durante dois dias; OU 
• Tinidazol 1g via oral uma vez ao dia durante cinco dias; OU 
• Clindamicina 300 mg por via oral a cada 12 horas durante sete dias. 
 
 
Episódios esporádicos de CVV geralmente ocorrem sem fator 
desencadeante identificado. No entanto, existem situações que 
predispõem ao seu aparecimento, como: gravidez; uso de contraceptivos 
orais com altas dosagens de estrogênio; terapia de reposição hormonal 
somente com estrogênio; diabetes mellitus (descompensado); uso de DIU; 
tireoidopatias; obesidade; uso de antibióticos, corticoides ou 
FATORES DERISCO: 
TRATAMENTO: 
CANDIDÍASE VULVOVAGINAL (CVV): 
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QUADRO CLÍNICO: 
DIAGNÓSTICO: 
TRATAMENTO: 
imunossupressores; hábitos de higiene e vestuário inadequados (diminuem 
a ventilação e aumentam a umidade e o calor local); contato com 
substâncias alérgenas e/ou irritantes (ex.: talco, perfume, desodorante); 
alterações na resposta imunológica (imunodeficiência, estresse), inclusive a 
infecção pelo HIV. 
 
O quadro clínico da vulvovaginite fúngica caracteriza-se por prurido, de 
intensidade variável, acompanhado por corrimento geralmente 
esbranquiçado (fluido ou com aspecto de “leite talhado”); dependendo 
da intensidade do processo inflamatório, pode haver queixa de 
desconforto, dor, disúria e dispareunia. 
Ao exame ginecológico, é frequente observar hiperemia vulvar, edema e 
fissuras. O exame especular mostra hiperemia da mucosa vaginal e 
conteúdo vaginal esbranquiçado, em quantidade escassa, moderada ou 
abundante, de aspecto espesso ou flocular, aderido ou não às paredes 
vaginais. O pH vaginal encontra-se geralmente abaixo de 4,5. O teste das 
aminas (whiff test) é negativo na candidíase. 
 
Na maioria dos casos, o quadro clínico e o exame a fresco são suficientes 
para o diagnóstico. Na vigência de candidíase vulvovaginal recorrente, a 
realização de cultura (meios de ágar-Sabouraud ou Nickerson) pode ser útil 
para avaliar a presença de espécies não albicans. 
Além da anamnese e do exame ginecológico cuidadosos, é necessária a 
comprovação laboratorial para o correto diagnóstico. Os exames 
microbiológicos compreendem: 
1. Bacterioscopia a Fresco: realizada colocando-se em uma lâmina de 
vidro uma gote de conteúdo vaginal e uma gota de solução salina 
ou de hidróxido de potássio a 10%. Visualizam-se ao microscópio as 
hifas e/ou esporos, característicos da infecção. O exame com KOH, 
embora evidencie claramente o fungo pode dificultar a visualização 
das células descamativas. Lembrar que o exame a fresco pode ser 
negativo em aproximadamente 50% das pacientes com culturas 
positivas. Assim, se existirem sintomas e o exame a fresco for 
negativo, deve-se prosseguir a investigação diagnóstica. 
2. Bacterioscopia com Coloração pelo Método de Gram: permite 
melhor definição das hifas e esporos. Estudos tem demonstrado que 
a positividade na bacterioscopia correlaciona-se com a 
concentração de fungos na vagina. Assim em mais baixas o fungo 
será identificado apenas pela cultura. 
3. Culturas em Meios Específicos: os mais utilizados são os de 
Sabouraud e Nickerson, possibilitando também a identificação das 
espécies de fungos. 
4. PCR: utilizado basicamente para pesquisas. 
 
Para o tratamento e prevenção de novos episódios, é importante a 
eliminação ou pelo menos o controle de fatores predisponentes como 
diabetes mellitus descompensada, estados de imunossupressão, 
tabagismo, distúrbios alimentares com excesso de ingestão de hidratos de 
carbono, hábitos de higiene ou vestuário inadequados, estresse excessivo e 
outros fatores, se presentes. 
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FATORES DE RISCO: 
QUADRO CLÍNICO: 
DIAGNÓSTICO: 
TRATAMENTO: 
 
 
A tricomoníase é a infecção causada por um protozoário flagelado 
denominado Trichomonas vaginalis, anaeróbico facultativo, que possui os 
seres humanos como os únicos hospedeiros conhecidos. 
É a terceira causa mais comum de corrimento vaginal, na maioria dos casos, 
a tricomoníase encontra-se associada a outras doenças de transmissão 
sexual, além de facilitar a transmissão do HIV. 
As mulheres são em sua maioria sintomáticas, podendo, em algumas 
circunstâncias, permanecerem assintomáticas, como após a menopausa. 
Pode cursar de forma assintomática nos homens. 
 
A tricomoníase somente se relaciona com a prática da atividade sexual 
desprotegida. Assim, a tricomoníase é uma DST e sua via de transmissão é 
quase unicamente sexual. 
 
Os sintomas classicamente descritos na infecção são corrimento 
geralmente profuso, amarelado ou amarelo-esverdeado, frequentemente 
acompanhado de ardor genital, sensação de queimação, disúria e 
dispareunia. Os sintomas acentuam-se no período pós-menstrual devido à 
elevação do pH vaginal e à aquisição de ferro da hemoglobina pelo 
parasita, o que aumenta sua virulência. 
Ao exame ginecológico, geralmente se observam hiperemia dos genitais 
externos e presença de corrimento espesso, de aspecto purulento, 
exteriorizando-se pela fenda vulvar. Ao exame especular, verifica-se 
aumento do conteúdo vaginal, de coloração amarelada ou amarelo- 
esverdeada, por vezes acompanhado de pequenas bolhas. As paredes 
vaginais e a ectocérvice apresentam-se hiperemiadas, observando-se 
ocasionalmente o “colo uterino com aspecto de morango” (colpitis 
maculáreis), devido às pequenas sufusões hemorrágicas. A medida do pH 
vaginal revela valores acima de 4,5 e o teste das aminas (whiff test) pode 
ser positivo devido à presença de germes anaeróbios associados à VB. É 
importante lembrar que em muitas mulheres os sintomas podem ser discretos 
ou mesmo ausentes. 
 
Na maioria das vezes, é realizado com base nos dados da anamnese, 
achados ao exame físico, medida do pH vaginal, teste de whiff e 
microscopia a fresco do fluido vaginal. O pH vaginal normalmente é igual 
ou superior a 5,0 (entre 5,0 e 6,0). O teste de whiff é positivo, mesmo que 
fracamente. 
A cultura em meio de Diamond era considerada o método padrão-ouro 
para o diagnóstico da tricomoníase, antes que os métodos de detecção 
moleculares se tornassem disponíveis. Ela apresenta uma sensibilidade de 75 
a 96% e uma especificidade próxima de 100%. 
O Teste de Amplificação do Ácido Nucleico (NAAT) é altamente sensível. É 
o método mais sensível e específico disponível, mas só está indicado nas 
pacientes em que a suspeita de tricomoníase não foi confirmada pela 
microscopia. 
 
Deve ser sistêmico, pois o tratamento 
tópico não atinge níveis terapêuticos 
nas glândulas vaginais e na uretra. 
TRICONOMÍASE: 
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As úlceras genitais (UGs) são lesões localizadas na vulva, vagina ou colo 
uterino com perda de tecido, envolvendo a epiderme e a derme ou apenas 
a epiderme. As UGs podem se apresentar em tamanho e número variados, 
quase sempre associadas a processo inflamatório. Necrose, infecção, 
sangramento e tecido granulomatoso podem estar presentes. 
 
 
Representa uma doença infecciosa, sistêmica, de evolução crônica, sujeita 
a surtos de agudização e a períodos de latência. Na maior parte dos casos, 
é transmitida pela via sexual. Sua evolução caracteriza-se por episódios 
sintomáticos (doença ativa) interrompidos por períodos de latência. 
Apresenta fácil detecção, terapêutica simples, barata, e com alta eficácia. 
A contaminação durante a gestação implica em acometimento fetal, de 
gravidade preocupante. É causada por uma bactéria espiroqueta 
anaeróbia de movimentos lentos – gênero Treponema pallidum. 
A umidade é fator indispensável para o seu desenvolvimento e, por isso, as 
lesões crescem preponderantemente na boca e nas regiões genitoanais. 
 
 
SÍFILIS PRIMÁRIA: 
 
 
A lesão indicadora dessa infecção é chamada de cancro, onde as 
espiroquetas são abundantes. É uma úlcera clássica, isolada, firme ao 
toque, com bordas arredondadas levemente elevadas e uma base 
integrada não infectada. No entanto, pode se tornar infectada 
secundariamente e dolorosa. Em geral, os cancros são encontrados no colo 
uterino, na vagina ou na vulva, mas também podem se formar na boca ou 
ao redor do ânus. Essa lesão pode se desenvolver em 10 dias a 12 semanas 
após a exposição, com um período médio de incubação de três semanas. 
O período de incubação está diretamente relacionado ao grau de 
inoculação. Sem tratamento, essas lesões cicatrizam espontaneamente em 
até seis semanas. 
 
SÍFILIS SECUNDÁRIA: 
 
 
Esta fase está associada à bacteriemia e desenvolve-se em seis semanas a 
seis meses após o surgimento do cancro. Sua manifestação é um exantema 
maculopapular que pode envolver todoo corpo e inclui palmas, plantas e 
mucosas. Esse exantema dissemina ativamente as espiroquetas. Nas áreas 
corporais quentes e úmidas, esse exantema pode produzir placas grandes, 
rosadas ou cinzas esbranquiçadas, altamente infecciosas, denominadas 
condylomata lata. Como a sífilis é uma infecção sistêmica, outras 
manifestações podem incluir febre e mal-estar. Além disso, sistemas 
orgânicos, como renal, hepático, osteoarticular e o nervoso central (SNC) 
(meningite), podem ser envolvidos. 
 
SÍFILIS LATENTE: 
 
 
Denomina-se sífilis latente secundária o período de um ano após o 
surgimento de sífilis secundária sem tratamento, durante o qual podem surgir 
sinais e sintomas secundários. Entretanto, as lesões associadas a essas 
manifestações, em geral, não são contagiosas. A sífilis latente tardia é 
CARACTERIZAR AS PRINCIPAIS ISTS (QUADRO CLÍNICO, 
ETIOLOGIA, TRANSMISSÃO E TRATAMENTO): 
SÍFILIS: 
QUADRO CLÍNICO: 
 
Pode ser transmitida pela via sexual 
ou transplacentária, podendo ser 
classificada, respectivamente, em 
sífilis adquirida ou congênita. Em 
termos epidemiológicos, ambas 
são divididas em recente e tardia. 
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DIAGNÓSTICO: 
definida como aquela na qual se tenha passado um ano desde a infecção 
inicial. 
 
SÍFILIS TERCIÁRIA: 
 
 
Esta fase da sífilis não tratada pode surgir até 20 anos após a latência. 
Durante essa fase, evidencia-se o envolvimento cardiovascular, do SNC e 
do sistema musculo esquelético. 
de quatro vezes no título (duas diluições) em paciente previamente tratada 
para sífilis determina a necessidade de confirmação com testes específicos 
para treponema. Assim, para a confirmação do diagnóstico em uma 
paciente com resultado positivo para teste não treponêmico de anticorpo 
ou com suspeita clínica de sífilis, as melhores opções são FTA-ABS ou TP-PA. 
Finalmente, para as medições quantitativas de títulos de anticorpos para 
avaliar a resposta ao tratamento, os testes mais utilizados são RPR ou VDRL. 
 
 
 
A infecção ocorre na sífilis recente pelo contato e na sífilis latente por meio 
do fluido corporal (principalmente pelo sangue). O contágio pode ser 
direto, quase sempre genital, e, mais raramente, cutâneo e bucal. A 
espiroqueta é capaz de penetrar o organismo através da pele ou das 
mucosas, determinando, no local da inoculação, a lesão característica da 
fase primária, o protossifiloma. 
 
A sífilis precoce é diagnosticada principalmente pelo exame em campo 
escuro ou pelo teste de imunofluorescência direta do líquido da lesão. Na 
ausência de diagnóstico positivo, o diagnóstico suposto pode ser 
confirmado com os testes sorológicos não treponêmicos: (1) teste VDRL ou 
(2) teste da reagina plasmática rápida (RPR). 
 
Como alternativa, pode-se optar pelos testes treponêmicos: (1) teste de 
absorção de anticorpo de treponema ou (2) teste de aglutinação passiva 
para anticorpo contra Treponema pallidum. Os médicos devem estar 
familiarizados com o uso dos testes sorológicos para sífilis. 
Para rastreamento na população, os testes RPR ou VDRL são apropriados. 
Para aferições quantitativas dos títulos de anticorpos para avaliar a resposta 
ao tratamento, costuma-se utilizar os testes RPR ou VDRL. O resultado 
positivo em uma paciente que tenha sido tratada para sífilis ou o aumento 
A penicilina é o agente terapêutico de primeira linha para essa infecção, e 
a escolha primária é a penicilina benzatina. Com o tratamento, pode haver 
uma resposta aguda e febril autolimitada, chamada de reação de Jarisch- 
Herxheimer, dentro das primeiras 24 horas após o tratamento da doença 
inicial, acompanhada de cefaleia e mialgia. 
Assim como com todas as DSTs, as pacientes tratadas para sífilis e seus 
contatos sexuais devem ser testadas para outras DSTs. As pacientes com 
envolvimento neurológico ou cardíaco evidente devem ser tratadas por um 
especialista em doenças infecciosas. Após o tratamento inicial, as mulheres 
devem ter consultas agendadas em intervalos de seis meses para avaliação 
clínica e novos testes sorológicos. Espera-se redução de quatro vezes na 
titulação. Caso isso não 
ocorra, o tratamento 
terá fracassado ou a 
paciente foi 
reinfectada. 
 
Nesse caso deve ser 
reavaliada e retratada. 
A recomendação para 
retratamento é 
penicilina G benzatina, 
2,4 milhões de unidades 
IM/semana, por três 
TRATAMENTO: 
TRANSMISSÃO: 
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ETIOLOGIA: 
QUADRO CLÍNICO: 
TRANSMISSÃO: 
DIAGNÓSTICO: 
TRATAMENTO: 
semanas. Assim, no caso de não ser possível acompanhar de perto as 
pacientes alérgicas à penicilina ou quando sua adesão ao tratamento for 
questionável, recomenda-se teste cutâneo, dessensibilização e tratamento 
com penicilina benzatina IM. 
 
 
A doença ulcerativa genital granuloma inguinal também é conhecida 
como donovanose, e é causada por uma bactéria intracelular gram- 
negativa, Calymmatobacterium (Klebsiella) granulomatis. 
 
Doença crônica progressiva, de baixo contágio. Mais frequente nas regiões 
tropicais, na raça negra e em pessoas de baixo nível socioeconômico. 
Acomete preferencialmente pele e mucosas das regiões genitais, perianais 
e inguinais. 
 
Inicialmente, apresenta-se como uma pápula ou nódulo indolor, única ou 
múltipla, de localização subcutânea, geralmente nos lábios ou no introito 
vaginal. A lesão evolui para ulceração de borda plana ou hipertrófica, bem 
delimitada, com fundo granulomatoso, vermelho-viva e friável 
(sangramento fácil ao toque), que evolui lentamente para lesão vegetante 
ou ulcerovegetante. Por autoinoculação, vão surgindo lesões satélites que 
se unem, alcançando grandes áreas. Não cursa normalmente com adenite, 
somente pseudobubões (granulações subcutâneas) quase sempre 
unilaterais, e que podem ser confundidos com aumento linfonodal. São 
encontrados na região inguinal, em geral unilaterais, e são causados por 
granulações subcutâneas devido à inflamação local. 
Pode evoluir para forma elefantiásica na mulher, devido à obstrução 
linfática. Esta sequela pode exigir correção cirúrgica. Os locais mais 
acometidos na mulher são dobras e região perianal, como os lábios 
menores, região perineal, e às vezes, colo e trato genital superior 
 
Pode ocorrer por contaminação fecal ou autoinoculação. Sua transmissão 
provavelmente não é somente sexual, pois pode ser encontrada em 
crianças, jovens inativos sexualmente, é rara em profissionais do sexo, rara 
em parceiros de casos-índice e não possui período de incubação definido. 
A região genital é afetada em 90% dos casos e a inguinal em 10% 
Parece que o grau de contágio dessa doença é médio, requerendo 
exposições repetidas, e possui um período longo de incubação, que varia 
de trinta dias a seis meses (média de cinquenta dias). 
 
Realizado através da identificação dos corpúsculos de Donovan em 
esfregaço com coloração de Wright, Giemsa ou Leishman ou 
histopatológico. 
 
A cura é incomum na ausência de tratamento. A lesão evolui para extensa 
destruição tecidual com cicatrizes retráteis, deformidades cutâneas e 
estase linfática. 
O Ministério da Saúde recomenda a adição de um aminoglicosídeo 
(gentamicina 1 mg/kg IV 8/8 horas) por pelo menos três semanas ou até a 
cicatrização das lesões caso não haja melhora evidente após os primeiros 
dias de terapia com ciprofloxacina ou eritromicina. 
O CDC recomenda que parceiros que tiveram contato sexual com mulheres 
que desenvolveram o granuloma inguinal, nos 60 dias que precederam o 
aparecimento dos sintomas, deverão ser examinados. No entanto, o valor 
GRANULOMA INGUINAL: 
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da terapia empírica na ausência de sinais clínicos e sintomas não foi 
estabelecido. Já o Ministério da Saúde considera que, devido à baixa 
infectividade, não é necessário o tratamento dos parceiros sexuais. O 
critério de cura é clínico, baseado no desaparecimento da lesão. 
 
 
A paciente com a doença se apresenta inicialmente com uma pápula 
eritematosa que evolui para pústula que sofre ulceração em 48 horas. As 
bordas dessasúlceras dolorosas, em geral, são irregulares, com limites 
eritematosos sem enduração. A base da úlcera costuma ser avermelhada 
e granular e, em contraste com o cancro sifilítico, tem consistência 
amolecida. Em regra, as lesões são recobertas com material purulento e, 
quando secundariamente infectadas, exalam odor fétido. 
Nas mulheres as localizações mais comuns são a fúrcula vulvar, o vestíbulo, 
o clitóris e os grandes lábios. As úlceras no colo uterino ou na vagina podem 
ser duras. Simultaneamente, quase metade das pacientes desenvolverá 
linfadenopatia inguinal mole unilateral ou bilateral. Quando as úlceras são 
grandes e flutuantes, são chamadas de bubão. Às vezes podem supurar e 
formar fístulas, e sua drenagem resultará na formação de outra úlcera. 
 
 
Acredita-se que a infecção ocorra por múltiplas microabrasões epidérmicas 
durante o coito. Este dado baseia-se em experiências clínicas, que 
demonstraram a necessidade de abrasão cutânea para ocorrência da 
infecção. 
 
Cancro mole é uma das DSTs clássicas causada por um bacilo sem 
motilidade, não formador de esporos, facultativo, gram-negativo, o 
Haemophilus ducreyi. Em geral, o período de incubação é de 3 a 10 dias, e 
o acesso ao hospedeiro requer a presença de fissura na pele ou na mucosa. 
O cancro mole não causa reação sistêmica, e não há síndrome prodrômica 
descrita. 
 
 
Nenhum método de identificação possui uma sensibilidade adequada. 
 
1. Exame Físico: é bem sugestivo. O achado de úlcera dolorosa com 
adenopatia inguinal dolorosa é bastante sugestivo e quando se 
associa à presença de supuração, é considerada patognomônica. 
Sua diferenciação clínica pode ser difícil mesmo quando realizada 
por observadores muito experientes. 
2. Bacterioscopia com Coloração de Gram ou Giemsa: pode ser 
utilizado com material da punção do bubão ou raspado das bordas 
QUADRO CLÍNICO: 
TRANSMISSÃO: 
DIAGNÓSTICO: 
CANCRO MOLE: 
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TRATAMENTO: 
LINFOGRANULOMA VENÉREO (LGV): 
 
QUADRO CLÍNICO: 
da lesão, com sensibilidade de 70%. Serão encontrados germes 
Gram-negativos intracelulares (cocobacilos) com as extremidades 
mais coradas, dispostos em cadeias longas e paralelas (paliçada ou 
impressão digital), em disposição em “cardume de peixe” ou em 
cadeias isoladas. É grande a chance de falso-negativos. 
3. Cultura: a cultura com identificação do Haemophilus ducreyi faz o 
diagnóstico definitivo. No entanto, apresenta difícil execução pelas 
exigências de crescimento do bacilo que necessita do fator X 
(ferriprotoporfirina, derivada da hemoglobina não destruída por 
ocasião do aquecimento indispensável para o preparo do Ágar 
chocolate). Na cultura identifica-se crescimento em pares e em 
cadeias paralelas. O CDC não recomenda o diagnóstico de 
cancroide baseado na identificação do micro-organismo pela 
cultura. 
4. PCR: alta sensibilidade, porém de alto custo e pouco disponível. 
Segundo o CDC, o diagnóstico presuntivo do cancro mole é definido 
por: presença de uma ou mais lesões ulceradas; ausência de 
evidência do T. pallidum em exame de campo escuro ou teste 
sorológico (este realizado após sete dias do aparecimento da 
lesão); aspecto da úlcera e da linfadenopatia regional 
característicos do cancroide; teste negativo (PCR, cultura) para 
herpesvírus na lesão ulcerada. 
 
O tratamento bem-sucedido resultará em melhora sintomática em três dias 
e evidência objetiva de melhora em uma semana. A linfadenopatia cura 
mais devagar e, se flutuante, podem ser necessárias uma incisão e uma 
drenagem. Aquelas mulheres com infecção por HIV coexistente podem 
precisar de um tratamento mais prolongado, e as falhas de tratamento são 
mais comuns. Portanto, alguns regimes mais longos são recomendados para 
o tratamento inicial de pacientes sabidamente infectadas com HIV. 
 
 
 
Essa doença genital ulcerativa é causada pela Chlamydia trachomatis, 
sorotipos L1, L2 e L3. O ciclo de vida da clamídia é formado por três fases. 
Inicialmente, partículas infectantes (corpos elementares) penetram na 
célula do hospedeiro, onde se desenvolvem, evoluindo para corpos 
reticulares metabolicamente ativos. A divisão binária dentro da célula 
permite que os corpos reticulares se transformem em múltiplos corpos 
elementares. Finalmente, estes corpos são liberados por exocitose. 
 
Em geral, a infecção divide-se em três fases, como se segue: (1) vesícula ou 
pápula pequena; (2) linfadenopatia inguinal ou femoral; e (3) síndrome 
anogenitorretal. Seu período de incubação varia entre três dias e duas 
semanas. As pápulas iniciais cicatrizam rapidamente e não deixam 
cicatrizes. Surgem principalmente na fúrcula vulvar e na parede vaginal 
posterior até o colo uterino. A inoculação repetida pode resultar em lesões 
em várias regiões. 
Durante a segunda fase, algumas vezes denominada síndrome inguinal, 
observa-se o aumento progressivo dos linfonodos inguinal e femoral. Os 
linfonodos aumentados e dolorosos podem fundir-se em qualquer lado do 
ligamento inguinal, criando um “bubão” característico, que aparece em 
até 20% das mulheres infectadas. Além disso, os linfonodos aumentados 
podem romper completamente a pele, resultando em drenagem crônica 
por fístulas. É possível haver febre antes do rompimento. É comum as 
@resumosdamed_ 
11 
 
 
DIAGNÓSTICO: 
TRATAMENTO: 
QUADRO CLÍNICO: 
Normalmente, os sintomas são mais graves, mas pode não produzir 
sintomas. Os pródromos incluem prurido, ardência, hipersensibilidade, 
queimação e parestesia. 
mulheres com LGV desenvolverem infecção sistêmica e manifestarem mal- 
estar e febre. Além disso, pneumonia, artrite e hepatite são relatadas com 
essa infecção. 
Na terceira fase do LGV, a paciente desenvolve prurido retal e descarga 
mucoide pelas úlceras retais. Se forem infectadas, a descarga tornar-se-á 
purulenta. Essa apresentação é resultado da obstrução linfática que sucede 
a linfangite e que, em princípio, pode resultar em elefantíase da genitália 
externa e fibrose do reto. O sangramento retal é comum, e a paciente pode 
se queixar de cólicas, dores abdominais com distensão abdominal, dor retal 
e febre. É possível haver peritonite em consequência de perfuração 
intestinal. Também há relatos de estenose da uretra e da vagina. 
 
O LGV pode ser diagnosticado depois da avaliação clínica com exclusão 
de outras etiologias e teste positivo para clamídia. Uma sorologia com título 
≥ 1:64 corrobora o diagnóstico. Além disso, pode ser realizada cultura para 
C. trachomatis ou teste por imunofluorescência ou PCR de amostras obtidas 
nos linfonodos por esfregaço ou aspiração. 
 
O esquema recomendado pelo CDC é doxiciclina, 100 mg, por via oral 
(VO), duas vezes ao dia, por 21 dias. Como alternativa, eritromicina base, 
500 mg, VO, quatro vezes ao dia, pelo mesmo período. Recomenda-se que 
parceiros sexuais dos 60 dias anteriores sejam testados para infecção uretral 
ou cervical e tratados de modo idêntico com o esquema-padrão 
anticlamídia. 
 
 
É a doença ulcerosa genital de maior prevalência e é uma infecção 
crônica. O vírus penetra nas terminações dos nervos sensoriais e é 
transportado retrogradamente pelo axônio para as raízes dos gânglios 
dorsais, onde fica potencialmente latente por toda a vida. A reativação 
espontânea por várias causas resulta no transporte anterógrado de 
partículas/proteínas do vírus para a superfície, onde se dissemina, com ou 
sem formação de lesões. Postulou-se que mecanismos imunológicos 
controlariam a latência e a reativação. 
Há dois tipos do vírus herpes simples, o HSV-1 e o HSV-2. O HSV-1 é a causa 
mais frequente das lesões orais. O HSV-2 costuma ser encontrado nas lesões 
genitais, embora ambos os tipos possam causar herpes genital. 
 
Apresenta duas formas básicas de infecção: a primária e a recorrente. 
 
PRIMÁRIA: 
 
 
 
As lesões cutâneas sucedem os sintomas prodrômicos em horas ou dias. 
Estas são transmitidas por contato direto ou fômites. Caracterizam-se por 
pápulas eritematosas de 3 a 10 mm, seguindo-sede vesículas agrupadas 
com conteúdo citrino. As vesículas se rompem e originam ulcerações 
dolorosas, com bordas lisas, de mínima profundidade, não ultrapassando 1 
mm e que não sangram à manipulação. Posteriormente, são recobertas por 
crostas sero-hemáticas que cicatrizam por completo. 
Após a infecção primária, sintomática ou não, o vírus ascende através dos 
nervos periféricos sensoriais, penetra nos núcleos das células ganglionares e 
entra em estado de latência. 
No homem, as lesões são mais frequentes na glande e no prepúcio; em 
alguns casos, observa-se corrimento genital e disúria. Na mulher, as lesões 
HERPES GENITAL: 
@resumosdamed_ 
12 
 
 
TRANSMISSÃO: 
DIAGNÓSTICO: 
TRATAMENTO: 
são mais frequentes nos pequenos lábios, no clitóris, nos grandes lábios, na 
fúrcula e no colo do útero. 
 
RECORRENTE: 
 
 
As recorrências, independentemente do tipo viral, tornam-se menos 
frequentes com o passar do tempo. A recorrência é mais branda, complica 
menos, tem menor duração (média de nove dias contra doze dias da 
infecção primária), menor liberação viral e menos lesões clínicas. 
O risco de recorrência após o episódio inicial de herpes genital é de 50% 
para o tipo 1 e 80% para o tipo 2. Geralmente os episódios são mais curtos 
e mais brandos. Também podem ser precedidos por sintomas prodrômicos 
(sensibilidade local, prurido, queimação, mialgias, fisgadas) em 50% dos 
casos 
A reativação pode ser desencadeada após episódios febris, exposição 
solar, frio intenso, traumatismos, menstruação, estresse físico ou emocional, 
antibioticoterapia prolongada e imunodeficiência. A cicatrização ocorre 
em torno de 10 dias, sem sequelas estéticas devido à superficialidade das 
lesões. 
 
Transmissão sexual, inclusive orogenital. 
 
O padrão-ouro para o diagnóstico de lesão(ões) herpética(s) é a cultura 
tecidual. A especificidade é alta, mas a sensibilidade é baixa e declina à 
medida que as lesões cicatrizam. O teste da reação em cadeia da 
polimerase (PCR) é de 1,5 a 4 vezes mais sensível do que a cultura, sendo 
provável que venha a substitui-la. É importante observar que uma cultura 
negativa não significa inexistência de infecção herpética. Há testes 
sorológicos tipo-específicos para glicoproteína-G disponíveis para detectar 
anticorpos específicos para glicoproteína-G2 (HSV-2) e para glicoproteína- 
G1 (HSV-1). A especificidade do ensaio é ≥ 96%, e a sensibilidade do teste 
de anticorpos anti-HSV-2 varia entre 80 e 98 por cento. Embora esses testes 
sejam utilizados para confirmar a infecção por herpes simples, o tratamento 
e o rastreamento-padrão adicional podem ser iniciados nos casos 
clinicamente evidentes logo após o exame físico. 
 
O herpes é uma doença recorrente e incurável. O tratamento possui o 
objetivo de encurtar o curso da doença, diminuir sua intensidade e 
recorrências. 
 
TRATAMENTO SINTOMÁTICO: 
 
 
Pode ser realizado com analgésicos orais para alívio de sintomatologia 
dolorosa e limpeza local com compressas de solução fisiológica. Não 
devem ser empregados corticoides. Podem ser utilizados antibióticos 
tópicos (neomicina) nos casos de infecções secundárias. 
 
TRATAMENTO ESPECÍFICO DO PRIMEIRO EPISÓIDO: 
 
 
Pode ser realizado com aciclovir, valaciclovir ou fanciclovir por sete a dez 
dias(CDC). Caso não haja cura até dez dias pode-se estender o tratamento. 
Ou apenas o aciclovir (MS) 
 
TRATAMENTO TÓPICO OU ANTIVIRAL: 
 
 
Não erradica o vírus, mas pode reduzir a frequência e duração das 
recorrências após a infecção primária (vanciclovir, fanciclovir, aciclovir) 
quando usado de forma profilática. Não parece alterar o curso da doença 
e sua utilização deve ser desencorajada. Convém lembrar que antibióticos 
tópicos, como a neomicina, podem ser empregados nos casos de 
infecções secundárias. 
@resumosdamed_ 
13 
 
 
ETIOLOGIA: 
QUADRO CLÍNICO: 
DIAGNÓSTICO: 
TRATAMENTO DAS RECORRÊNCIAS: 
 
 
No caso de recorrência, o tratamento deve ser iniciado aos primeiros 
sintomas prodrômicos, por cinco dias de duração. 
 
TRATAMENTO EM CASOS GRAVES: 
 
 
Em caso de manifestações graves o uso de aciclovir deverá ser venoso (5 a 
10 mg/kg, 8/8h, 5-7 dias ou até regressão). 
 
TRATAMENTO SUPRESSIVO: 
 
 
Está indicado em pacientes que apresentam recidiva de seis ou mais vezes 
ao ano e consiste em aciclovir 400 mg VO duas vezes por dia (opções: 
fanciclovir 250 mg VO duas vezes ao dia, valaciclovir 500 mg ou 1 g VO uma 
vez ao dia) por seis meses a um ano. 
 
 
Muitas mulheres com N. gonorrhoeae no colo uterino são assintomáticas. 
Por essa razão, as mulheres em grupo de risco devem ser rastreadas 
periodicamente 
Neisseria gonorrhoeae é um cocobacilo gram-negativo que invade as 
células epiteliais colunares e transicionais, passando para o meio 
intracelular. Por essa razão, o epitélio vaginal não é envolvido. 
 
Os fatores de risco para pacientes portadoras de gonococos com infecção 
potencial do trato reprodutivo superior são as seguintes: idade igual ou 
inferior a 25 anos, presença de outras infecções sexualmente transmissíveis, 
antecedente de infecção por gonococos, parceiro sexual recente ou 
múltiplos parceiros, prática sexual sem preservativos, compartilhamento de 
seringas ou objetos cortantes com resíduo de sangue e profissionais do sexo. 
O rastreamento de mulheres não gestantes e de baixo risco não é 
recomendado. 
 
A gonorreia sintomática do trato reprodutivo inferior feminino pode se 
apresentar na forma de vaginite ou de cervicite. Em geral, as mulheres 
portadoras de cervicite descrevem uma secreção vaginal profusa sem 
odor, não irritante e de cor branca-amarelada. Os gonococos também 
podem infectar as glândulas de Bartholin e de Skene e a uretra, e ascender 
para o endométrio e as tubas uterinas, causando infecção no trato 
reprodutivo superior. 
 
Para a identificação do gonococo estão disponíveis os testes NAAT que 
substituíram a cultura na maioria dos laboratórios. Anteriormente as 
amostras ideais eram coletadas da ectocérvice ou da uretra. Entretanto, 
novos testes NAAT estão disponíveis para coletas específicas de vagina, 
ectocérvice ou urina. Para as mulheres submetidas à histerectomia (sem 
colo uterino), coleta-se amostra da primeira urina da manhã. Para aquelas 
com colo uterino, amostras coletadas por swab vaginal são tão sensíveis e 
específicas quanto aquelas obtidas com swab cervical. Amostras do colo 
uterino são aceitáveis nos casos em que se esteja realizando exame físico 
da pelve. As amostras de urina, embora aceitáveis, não são preferenciais 
nas pacientes com colo uterino uterina. Contudo, se esta for a opção, deve- 
se coletar o jato inicial de urina, e não o intermediário. Observe-se que esses 
testes não culturais não estão habilitados pela FDA para a identificação 
diagnóstica da doença no reto ou na faringe. Assim, nos pacientes que 
estejam sendo pesquisados para esses locais anatômicos, devem ser 
realizadas culturas. 
Todas as pacientes investigadas para gonorreia devem ser testadas para 
outras infecções sexualmente transmissíveis, e seus parceiros sexuais 
GONORREIA: 
@resumosdamed_ 
14 
 
 
TRATAMENTO: 
ETIOLOGIA: 
QUADRO CLÍNICO: 
avaliados e tratados ou encaminhados para exame e tratamento. Deve 
haver abstinência sexual até que a terapia tenha sido concluída e até que 
a paciente e os parceiros tratados tenham seus sintomas resolvidos. 
 
 
 
 
Chlamydia trachomatis é um parasita intracelular obrigatório que depende 
de células do hospedeiro para sobreviver, causando causa infecção no 
epitélio colunar. 
 
Este organismo é a segunda espécie mais prevalente entre as DSTs nos 
Estados Unidos, e sua maior prevalência está entre os jovens com menos de 
25 anos de idade. Uma vez que muitas pessoas com esses organismos são 
assintomáticas, recomenda-se rastreamento anual nas mulheres 
sexualmente ativas com idade ≥ 25 anos e naquelas consideradas de risco. 
 
Os sintomas refletem a infecção de glândulas ectocervicais, com resultante 
descarga mucopurulentaou secreções ectocervicais. Se infectado, o 
tecido ectocervical costuma se apresentar edemaciado e hiperêmico. A 
uretrite é outra infecção do trato genital inferior que pode ocorrer com 
intensa disúria. 
 
 
A análise microscópica das secreções em preparado salino em geral revela 
20 ou mais leucócitos por campo microscópico. Como exames mais 
específicos, cultura, NAAT e ensaio imunoenzimático (Elisa) estão disponíveis 
para amostras ectocervicais. 
A alternativa mais utilizada é um teste combinado para gonococo e 
clamídia. Assim como ocorre para gonorreia, surgiram novos kits de NAAT 
que permitem coletas seletivas de vagina, endocérvice ou urina. Os swabs 
com material de vagina são tão sensíveis e específicos quanto os de colo 
uterino. Amostras de colo uterino são aceitas quando a paciente estiver 
sendo submetida a exame físico da pelve, mas amostras obtidas da vagina 
são consideradas adequadas mesmo nos casos de exame físico completo 
da pelve. As amostras de urina, embora aceitas, são menos utilizadas em 
mulheres que tenham colo uterino. Contudo, para pacientes 
histerectomizadas dá-se preferência ao primeiro jato de urina. Se for 
diagnosticada C. trachomatis ou houver suspeita, recomenda-se 
rastreamento para outras DSTs. 
 
TRATAMENTO: 
 
A azitromicina tem a óbvia vantagem 
de garantir a adesão ao tratamento 
por permitir ao médico observar a 
ingestão do medicamento no 
momento do diagnóstico. Após o 
tratamento, não há necessidade de 
novo teste caso os sintomas tenham 
sido resolvidos. Para evitar outras 
infecções, recomenda-se 
abstinência sexual até que a paciente e seu(s) parceiro(s) tenham sido 
tratados e estejam assintomáticos. Os parceiros sexuais devem ser 
encaminhados para investigação ou examinados, orientados, testados e 
CLAMÍDIA: 
DIAGNÓSTICO: 
@resumosdamed_ 
15 
 
 
ETIOLOGIA: 
QUADRO CLÍNICO: 
TRANSMISSÃO: 
DIAGNÓSTICO: 
tratados. Assim como para a gonorreia, o CDC sancionou o uso de EPT para 
pacientes selecionados. 
 
 
Trata-se de um parasita intracelular, capaz de acelerar a velocidade das 
mitoses celulares, o que aumenta a chance de desenvolvimento de atipias. 
Na maioria das vezes a infecção cervical pelo HPV é transitória e regride 
espontaneamente, entre seis meses a dois anos após a exposição. No 
pequeno número de casos nos quais a infecção persiste e, especialmente, 
é causada por um tipo viral oncogênico, pode ocorrer o desenvolvimento 
de lesões precursoras, cuja identificação e tratamento adequado 
possibilitam a prevenção da progressão para o carcinoma cervical invasivo. 
Além de aspectos relacionados à própria infecção pelo HPV (tipo e carga 
viral, infecção única ou múltipla), outros fatores ligados à imunidade, à 
genética e ao comportamento sexual parecem influenciar os mecanismos 
ainda incertos que determinam a regressão ou a persistência da infecção 
e, também a progressão para lesões precursoras ou câncer. A idade 
também interfere nesse processo, sendo que a maioria das infecções por 
HPV em mulheres com menos de 30 anos regride espontaneamente, ao 
passo que acima dessa idade a persistência é mais frequente. 
 
O HPV pode acometer pessoas de qualquer idade, mas é mais frequente 
na faixa compreendida entre 20 e 40 anos, período de maior atividade 
sexual. Podemos dizer que ela é endêmica entre os indivíduos sexualmente 
ativos. 
 
Após a exposição, o vírus coloniza todo o epitélio do trato genital inferior. 
Pode, então, existir uma ampla variação individual de manifestações 
clínicas, que, provavelmente, são reguladas pela resposta imunológica 
local ou sistêmica do hospedeiro, além da presença ou ausência de 
cofatores. 
A infecção pelo HPV pode ter diferentes evoluções: cura espontânea, com 
desaparecimento do vírus; persistência do vírus associada à citologia 
normal ou a alterações citopáticas discretas; alterações celulares 
transitórias que desaparecem espontaneamente; alterações celulares que, 
apesar de persistentes, não progridem; alterações celulares que evoluem 
para carcinoma in situ ou invasivo. 
A lesão mais evidente é o condiloma acuminado, que acomete a vulva e 
a pele do períneo e, menos frequentemente, o colo uterino. 
 
A infecção é transmitida por contato, e não apenas pelo coito. O uso 
regular de preservativo pode conseguir algo em torno de 60% de proteção, 
mas áreas não protegidas podem estar associadas à transmissão. Há 
grande possibilidade de transmissão genital sem que tenha havido a 
coitarca, apenas com o contato pele a pele dos genitais dos parceiros. 
A transmissão pode também ser não sexual, transmissão por fômites. 
 
Pode haver passagem de HPV de mãe para o concepto, em especial em 
casos de lesões genitais na passagem do canal de parto, o que pode 
causar a papilomatose respiratória. No entanto, a maioria dos neonatos 
elimina a infecção até o primeiro ano de vida. 
 
Os HPV, atualmente não podem ser propagados em sistemas de culturas de 
células. Por este motivo, o diagnóstico da infecção por HPV é obtido pela 
detecção dos seus efeitos morfológicos sobre a citologia e histopatologia, 
ou do seu Ácido Desoxirribonucleico (DNA). 
PAPILOMAVÍRUS HUMANO (HPV): 
@resumosdamed_ 
16 
 
 
ENTENDER A DOENÇA INFLAMATÓRIA PÉLVICA (DIP): 
AGENTES ETIOLÓGICOS: 
(2) Lesão subclínica: 
 
® LSIL: pode ser expectante com seguimento até sua involução. 
Quadros persistentes podem ser tratados com métodos destrutivos, 
imunomodulação ou exérese dependendo do sítio; 
® HSIL: dependendo da idade pode ser seguimento (≤ 24 anos) ou 
tratamento (> 24 anos). 
(3) Lesão clínica: pode ser por imunomodulação, exérese ou destruição 
conforme o sítio, número de lesões e experiência do especialista. 
 
 
A Doença Inflamatória Pélvica (DIP) é um conjunto de sinais e sintomas 
secundário à ascensão e à disseminação, no trato genital feminino superior, 
de micro-organismos provenientes da vagina e/ou da endocérvice. Estes 
micro-organismos podem acometer o útero, trompas de falópio, ovários, 
superfície peritoneal e/ou estruturas contíguas (fígado). 
Resumidamente, a DIP é uma afecção que compreende vários espectros 
inflamatórios e infecciosos do trato genital superior feminino, que incluem 
quaisquer combinações de endometrite, salpingite, abscesso(s) tubo- 
ovariano(s) e peritonite pélvica. Ela constitui a complicação mais comum e 
grave das doenças sexualmente transmissíveis. 
 
 
 
 
 
 
 
A conduta deve variar conforme a apresentação do quadro infeccioso. 
 
(1) Infecção latente em qualquer sítio: conduta expectante. 
Entre os micro-organismos sexualmente transmissíveis, merecem destaque 
Chlamydia trachomatis e Neisseria gonorrhoeae, pois são os agentes mais 
comuns da DIP, correspondendo a dois terços dos casos. A despeito do 
evento inicial, a microbiologia da DIP é polimicrobiana. Neste contexto, 
bactérias facultativas anaeróbias (ex.: G. vaginalis, H. influenza, S. 
agalactiae, entre outros), que compõem a flora vaginal, também têm sido 
associadas à DIP. Além disso, CMV, M. genitalium, M. hominis e U. 
urealyticum podem ser associados com alguns casos de DIP. Todas as 
TRATAMENTO: 
@resumosdamed_ 
17 
 
 
mulheres que têm DIP aguda devem ser rastreadas para N. gonorrhoeae e 
C. trachomatis e testadas para HIV, sífilis e hepatites virais. 
 
A DIP é um processo agudo, à exceção dos casos provocados por micro- 
organismos causadores da tuberculose e actinomicose. A DIP tuberculosa é 
uma infecção de caráter insidioso que ocorre como consequência da 
disseminação hematogênica do bacilo de Koch. Portanto, a DIP causada 
por esse agente etiológico não é sexualmente transmissível. Ela deve ser 
suspeitada naquelas pacientes que não apresentam melhora clínica após 
a terapêutica convencional para a DIP. A DIP por Actinomyces incide em 
usuárias de Dispositivo Intrauterino (DIU). Mas, em cerca de 90% dos casos, 
a DIP é originária de agentes sexualmente transmissíveis. 
 
 
A identificação dos fatores de risco para DIP pode ajudar na prevenção e 
no manejoterapêutico das pacientes. No entanto, é importante salientar 
que o seu diagnóstico não pode jamais se fundamentar no conhecimento 
dos fatores de risco, pois frequentemente esta associação não é fidedigna. 
Em outras palavras: as mulheres sem fatores de risco poderão apresentar a 
DIP com todas as suas complicações. 
Portanto, os fatores de risco compreendem: idade < 25 anos; início precoce 
da atividade sexual; estados civil e socioeconômico; tabagismo; 
alcoolismo; uso de drogas; múltiplos parceiros sexuais; parceiro sexual 
portador de uretrite; uso de métodos contraceptivos etc. 
 
 
A DIP começa com a ascensão de micro-organismos pelo trato genital, mais 
precisamente pela passagem destes pelo OI do colo uterino. Este processo 
é facilitado em dois períodos: período perimenstrual e pós-menstrual 
imediato. Ela ocorre mais frequentemente nestes dois períodos pela 
abertura do colo, pela fluidez do muco cervical imposta pela ação 
estrogênica, e pela sucção do conteúdo vaginal promovida pela 
contratilidade uterina. 
O principal sintoma da DIP é a presença de descarga vaginal purulenta, 
quase sempre acompanhada de dor abdominal infraumbilical, dor em 
topografia anexial, dor à mobilização do colo uterino e febre. Podem 
ocorrer também os chamados sintomas atípicos, como sangramento 
uterino anormal (hipermenorreia ou metrorragia), dispareunia e sintomas 
urinários. Contudo, algumas mulheres desenvolvem DIP de forma 
totalmente assintomática. 
Todo processo começa com uma endometrite, que se caracteriza pela 
presença de plasmócitos no estroma endometrial. Esta é a manifestação 
inicial da DIP. É devido à endometrite que a paciente se queixa comumente 
de dor à mobilização do colo uterino e de dor abdominal infraumbilical. 
A seguir, o processo infeccioso pode se dirigir às trompas. Nesta, o 
gonococo e a clamídia causam lesão direta e indireta do epitélio ciliar, que 
induz à intensa reação inflamatória, caracterizada por edema e infiltrado 
leucocitário. Isso explica a dor à palpação do(s) anexo(s). 
A inflamação da superfície tubária pode acarretar a formação de 
aderências. Estas justificam a queixa de dor pélvica crônica que algumas 
pacientes apresentam. As aderências podem levar à oclusão do lúmen 
tubário ou à formação de traves. A oclusão da trompa justifica a sequela 
de infertilidade por fator tubário que algumas pacientes desenvolvem. 
Provavelmente, as traves são as responsáveis pelo aumento da incidência 
de gestações ectópicas. A aglutinação das fímbrias pode produzir oclusão 
tubária total e a formação de piossalpinge. 
Em alguns casos, as fímbrias envolvem o ovário, e formam o abscesso tubo- 
ovariano. O processo infeccioso pode, então, progredir em direção à 
cavidade peritoneal. Eventualmente, o conteúdo dos abscessos pode cair 
na cavidade e constituir um abscesso em fundo de saco de Douglas, ou 
entre alças intestinais, ou no espaço subdiafragmático. Neste estágio, as 
pacientes já apresentam sinais de irritação peritoneal. 
FATORES DE RISCO: 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: 
@resumosdamed_ 
18 
 
 
Nas infecções por gonococo e clamídia, podem incidir pequenos abscessos 
na superfície hepática, conhecidos como síndrome de Fitz-Hugh-Curtis 
(SFHC). A fase aguda da SFHC caracteriza-se pela presença de exsudato 
purulento visível na cápsula de Glisson, na ausência de aderências ou 
acometimento do parênquima hepático. Na fase crônica há as aderências 
do tipo “corda de violino” entre a parede abdominal anterior e a superfície 
hepática. As manifestações clínicas incluem dor pleurítica à direita e dor em 
hipocôndrio direito. 
 
 
Na fase inicial da DIP, o estado da paciente normalmente não se altera. No 
entanto, à medida que a doença progride, pode-se observar piora do 
mesmo, com surgimento de desânimo, fácies de sofrimento e ansiedade. A 
disúria pode ocorrer em 20% dos casos, principalmente se há uretrite. O 
corrimento genital purulento é referido por 50% das pacientes. A febre pode 
se manifestar em aproximadamente 30 a 40% dos casos. 
A dor pélvica aguda é o sintoma principal e se exacerba quando são 
realizadas manobras de palpação do hipogástrio e/ou das fossas ilíacas. Ao 
toque vaginal, a mobilização do colo uterino é altamente dolorosa. 
Com a progressão da doença, podem surgir sinais de irritação peritoneal, 
com exacerbação da dor e ocorrência de náuseas e vômitos. Nesta fase, 
a palpação abdominal evidenciará sinais de defesa em 90% e dor à 
descompressão em aproximadamente 70% dos casos. Massa palpável nas 
fossas ilíacas poderá ser encontrada em aproximadamente 50% dos casos 
durante o toque vaginal. Os ruídos hidroaéreos quase sempre estão 
presentes. 
 
 
O diagnóstico é difícil em função da grande variação na intensidade de 
sinais e sintomas em mulheres com esta condição – as pacientes podem 
apresentar desde infecções assintomáticas a quadros emergenciais. Para 
complicar, não existe um teste diagnóstico definitivo para o diagnóstico de 
DIP. 
Assim, embora impreciso, o diagnóstico da DIP usualmente é baseado em 
achados clínicos. O objetivo é impedir a perda de diagnóstico nos casos 
subclínicos e ser suficientemente específico para evitar a antibioticoterapia 
em mulheres não infectadas. É importante destacar que atrasos no 
diagnóstico e na instituição da conduta terapêutica contribuem para a 
ocorrência de sequelas no trato reprodutivo superior feminino. 
Tradicionalmente, o diagnóstico baseia-se na presença de três critérios 
maiores mais um critério menor, ou na presença de apenas um critério 
elaborado. Sendo que os critérios maiores ou mínimos estão relacionados à 
presença de dor. Enquanto os critérios menores ou adicionais estão 
relacionados às alterações encontradas no exame físico (com exceção de 
dor) e nos exames laboratoriais. Os critérios elaborados ou definitivos, como 
o próprio nome já diz, estão relacionados às alterações encontradas em 
procedimentos elaborados (biópsia de endométrio, exames de imagem, 
videolaparoscopia). 
 
 
Na maioria dos casos de DIP, o diagnóstico é realizado pela história clínica 
e por achados ao exame físico. Porém, como muitos casos são subagudos 
QUADRO CLÍNICO: 
DIAGNÓSTICO: 
@resumosdamed_ 
19 
 
 
TRATAMENTO: 
ou silentes, em determinadas situações está justificado o emprego de 
métodos auxiliares para o diagnóstico. 
O exame de sangue mostrará em linhas gerais os achados encontrados em 
infecções bacterianas (leucocitose com desvio para esquerda, aumento 
da VHS e da proteína C reativa). 
O diagnóstico diferencial deve considerar causas ginecológicas e não 
ginecológicas antes da instituição da terapêutica. 
 
 
Deve-se iniciar imediatamente o tratamento antimicrobiano nas mulheres 
jovens, sexualmente ativas, com queixa de desconforto ou dor pélvica, e 
que preencham os critérios clínicos para DIP. A decisão de tratar a paciente 
ou de referi-la para unidade de maior complexidade baseia-se na 
gravidade do quadro clínico e nas condições locais de trabalho para 
assistência e cuidados, considerando que o atraso no tratamento pode 
acarretar danos irreversíveis no sistema reprodutor feminino. 
Em virtude da dificuldade de diagnóstico e do potencial dano à saúde 
reprodutiva da mulher, mesmo nas DIP leves ou subclínicas, o tratamento 
empírico deve ser iniciado em mulheres jovens sexualmente ativas e 
naquelas com risco de DST, que apresentem dor pélvica sem que nenhuma 
outra causa possa ser identificada além da DIP e que possuam pelo menos 
um critério mínimo no exame pélvico. 
Neste contexto, a indicação de um determinado tipo de tratamento deve 
considerar disponibilidade, custo, aceitação da paciente e susceptibilidade 
antimicrobiana. 
 
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ACOLHIMENTO: 
 
 
 
 
Devem ser disponibilizados serviços capacitados para acolher as vítimas de 
violência sexual aptos a desencadear todos os procedimentos médicos e 
legais necessários. Dessa forma, a mulher vitimizada pode ser encaminhada 
diretamente às instituições de saúde credenciadas,e não somente ao IML. 
A principal característica desses serviços é o treinamento das equipes, 
constituídas por assistentes sociais, psicólogos e médicos, que, desde o 
acolhimento da vítima, seguem os preceitos fundamentais da ética, 
privacidade e sigilo. 
O acolhimento é realizado em ambiente reservado, estando a paciente 
amparada desde o início por um membro da equipe capacitada, um 
enfermeiro, assistente social ou psicólogo. Nesse momento, cria-se um 
ambiente seguro, buscando identificar a pertinência ou não daqueles que 
a acompanham de permanecerem com ela durante todo o atendimento. 
Após a obtenção de um breve histórico dos fatos que caracterizaram a 
violência sexual, realiza-se contato com as delegacias de referência para a 
solicitação dos exames periciais, acionando-se as unidades da Delegacia 
da Mulher ou, nos casos de vítimas menores de 14 anos, os Núcleos de 
Proteção à Criança e ao Adolescente (Nucria). Dessa forma, enfatiza-se 
que a vítima de violência sexual pode dirigir-se diretamente a uma das 
instituições de saúde credenciadas, não havendo a necessidade de 
previamente realizar boletim de ocorrência na delegacia ou de 
comparecer à sede do IML, evitando-se constrangimentos com 
consequente aumento na procura de atendimento médico e notificações 
dos casos de violência. 
A partir da análise inicial da equipe de atendimento, são solicitados exames 
periciais, podendo ser de conjunção carnal, ato libidinoso, lesões corporais 
e exame toxicológico. A conjunção carnal conceitualmente refere-se à 
DISCUTIR SOBRE A ABORDAGEM DA PACIENTE VÍTIMA DE 
VIOLÊNCIA SEXUAL: 
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21 
 
 
EXAME MÉDICO PERICIAL: 
penetração completa ou incompleta do pênis na cavidade vaginal e o ato 
libidinoso relaciona-se a qualquer outro ato de natureza sexual, diverso da 
conjunção carnal, incluindo-se o coito anal, sexo oral, manipulação genital 
e masturbação. 
 
 
Priorizam-se a avaliação do estado geral de saúde, a orientação e 
proteção contra as doenças de transmissão sexual, a prevenção de 
gravidez e a coleta de materiais biológicos ou outros indícios materiais que 
permitam a identificação do agressor. É fundamental que o prazo decorrido 
entre o momento da violência sexual e o atendimento hospitalar seja o 
menor possível, não ultrapassando 72 horas. Após esse período, tanto a 
profilaxia para as DST e prevenção de gravidez como a coleta de material 
biológico para identificação do agressor tornam-se muito pouco eficazes. 
O Decreto Presidencial nº 7.958/2013 “Estabelece diretrizes para o 
atendimento às vítimas de violência sexual pelos profissionais de segurança 
pública e da rede de atendimento do Sistema Único de Saúde” e os 
posteriores dispõem sobre os registros que devem constar em prontuário: 
A anamnese deve transcorrer de maneira livre e espontânea, evitando-se 
na sequência das perguntas imprimir o caráter de depoimento pré- 
formatado. As pacientes que apresentam déficit cognitivo, alterações 
mentais ou deficiência física, assim como as menores de 14 anos, são 
consideradas vítimas de violência presumida, pela vulnerabilidade em que 
se encontram. A procura dos pais para a realização de exames em menores 
vítimas de suposto abuso sexual, mesmo na ausência de evidências do fato, 
deve ser valorizado e incentivado. 
 
O exame é realizado pelo médico perito obrigatoriamente com a presença 
de uma auxiliar e, quando a vítima for menor de 14 anos, com a presença 
da mãe ou responsável. Inicialmente, procede-se ao exame geral à procura 
de lesões motivadas por agressão ou contenção forçada, historiando-as e 
localizando-as nas diversas regiões do corpo. Descrevem-se as 
características de tamanho, número, forma, e grau de comprometimento, 
diferenciando-as como recentes ou não. Alternativamente, após o 
consentimento da paciente e de forma que não a identifique, podem ser 
obtidas fotografias das lesões. 
 
 
ATENDIMENTO CLÍNICO: 
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EXAMES FORENSES: 
EXAMES PROTETIVOS: 
No reconhecimento das lesões, é importante definir as suas principais 
características: 
 
Devem ser iniciadas de imediato a profilaxia para as doenças sexualmente 
transmissíveis e a proteção para gravidez nas pacientes sem métodos de 
anticoncepção efetivo. 
 
Os exames laboratoriais de interesse médico legal são realizados pelo 
médico perito e subsidiam a investigação e identificação do(s) agressor(es), 
assim como a elaboração de laudos periciais. São eles: 
• Sangue da Pessoa Agredida: para possível posterior confronto de 
DNA, para dosagem alcoólica/toxicológica e ß HCG para mulheres 
em idade fértil; 
• Urina: para análise toxicológica; 
• Swabs: para pesquisa de sangue, espermatozóide e PSA (antígeno 
prostático específico), nas seguintes regiões: vagina, boca, vulva, 
ânus e pênis (esfregaços de regiões excepcionais podem ser 
realizados, dependendo do histórico da agressão, região entre seios, 
interglútea, ou outras superfícies corporais com relato de ejaculação 
por parte do agressor). 
• Outros Materiais: absorvente, papel higiênico, vestes íntimas e 
roupas em geral. 
 
 
 
 
Destinam-se à proteção da vítima de violência sexual: 
 
• Conteúdo Vaginal: exame bacterioscópico; pesquisa de 
clamídia e gonococo; 
• Sangue: pesquisa de HIV; hepatite B (HbsAG e anti-Hbs); hepatite 
C (anti-HCV); sífilis e β-HCG (para mulheres em idade fértil). 
EXAMES LABORATORIAIS: 
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PREVENÇÃO DE INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Após a identificação das lesões e a coleta de materiais para os exames, o 
médico perito detalhará, ao médico plantonista da instituição que acolheu 
a paciente, as lesões decorrentes de agressões físicas e/ou sexuais que 
possam requerer cuidados. O atendimento passa a integrar a rotina dos 
serviços de emergência. Procedimentos como suturas na região genital ou 
perianal são de responsabilidade do serviço de emergência do hospital. 
Com a paciente estabilizada e devidamente orientada quanto aos 
procedimentos submetidos e a necessidade de realizar sua proteção diante 
das possíveis consequências da agressão sexual, recomendam-se as 
seguintes ações: 
Indicada para todas as mulheres em período reprodutivo que tiveram 
conjunção carnal ou diante da possibilidade de contato com o sêmen na 
região genital. As pacientes que apresentam relatos duvidosos ou que 
tenham dificuldades de caracterizar a agressão sofrida devem igualmente 
receber proteção anticonceptiva. 
A AE deve ser administrada o mais precocemente possível, dentro das 
primeiras 72 horas após o abuso. A pessoa vítima de abuso sexual deve ser 
orientada quanto ao uso de preservativos nas relações sexuais 
subsequentes à violência até que sejam descartadas possíveis 
contaminações. No momento do atendimento emergencial a pessoa pode 
não dispor de interesse em ouvir sobre atividade sexual futura, desta forma, 
poderá receber apoio e informação nos atendimentos posteriores nas 
Unidades de Atenção Primária à Saúde ou no Hospital de Referência. 
 
 
É fundamental a ênfase a ser dada pela equipe de saúde para essa 
proteção. A profilaxia deve ser iniciada de imediato, com orientação para 
continuidade domiciliar. Os exames coletados são enviados aos 
ANTICONCEPÇÃO DE EMERGÊNCIA: 
CUIDADOS MÉDICOS POSTERIORES: 
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laboratórios de referência, com agendamento do retorno para a 
verificação dos resultados no serviço de infectologia. A profilaxia é realizada 
em todos os casos de exposição com risco de transmissão, 
independentemente da presença de lesões. 
A profilaxia ARV do HIV é considerada abordagem protocolar de 
emergência nos casos de violência sexual com contato de fluidos do 
agressor e deve ser iniciada idealmente nas primeiras 02 horas, ou, no 
máximo em 72 horas e o esquema terapêutico deve ser mantido por quatro 
semanas consecutivas. Caso seja possível a identificação sorológica do 
agressor e este seja negativo para HIV, a quimioprofilaxiapoderá ser 
interrompida ou não iniciada. Nos casos de estupro por pessoa 
desconhecida, deve-se considerar como soropositivo o agressor. Porém, 
resultados falso-negativos devem ser analisados dentro da condição clínica 
e contexto epidemiológico do agressor. O esquema medicamentoso nos 
casos em que o agressor é sabidamente soropositivo e está em tratamento 
deverá ser indicado por especialista, porém, até o atendimento deste 
profissional, a profilaxia deve ser iniciada considerando o esquema 
recomendado. Nos casos de abuso crônico, com exposição repetida ao 
mesmo agressor, a profilaxia não está indicada, devido às possibilidades de 
contaminação já terem ocorrido. Porém, o ciclo de violência deve ser 
interrompido e o contexto ser avaliado e individualmente. 
A imunoprofilaxia contra a hepatite B deve ser considerada nos casos em 
que haja suspeita ou confirmação de exposição da vítima ao sêmen, 
sangue ou outros fluidos corpóreos do agressor; pois pessoas com esquema 
vacinal completo não necessitam de reforço ou uso de imunoglobulina 
humana anti-hepatite B (IGHAHB). Nos casos em que não haja contato com 
fluidos, o agressor seja vacinado ou use preservativo durante todo o ato de 
violência sexual ou nos casos de violência crônica (geralmente 
intrafamiliar), a imunoprofilaxia contra hepatite B não está recomendada. 
O início da profilaxia está indicado nos casos de dúvida, desconhecimento 
do estado vacinal ou esquema vacinal incompleto e não deve estar 
condicionada a coleta e análise de exames. A primeira dose da vacina 
contra hepatite B deve ser administrada na ocasião do atendimento e as 
doses posteriores realizadas nas unidades de atenção primária à saúde, 
após análise dos exames de primeira consulta. A IGHAHB poderá ser 
administrada em até, no máximo, 14 dias após a violência sexual, mas 
recomenda-se aplicação nas primeiras 48 horas após a violência nos casos 
de não imunização, esquema vacinal desconhecido ou incompleto das 
vítimas. A gestação não contraindica a imunização com vacina ou soro, em 
qualquer idade gestacional. 
 
 
Ginecologia de Williams. 2a edição. 
 
Manual SOGIMIG de ginecologia e obstetricia

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