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TAQUIARRITMIAS

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Raquel da Silva Rogaciano Ferreira – Medicina Unime 
TAQUIARRITMIAS 
É uma arritmia com frequência cardíaca acima de 100 bpm. Ela pode ser supraventricular e ventricular. 
Lembrando da anatomia... É supraventricular quando ocorre acima da bifurcação do feixe de His, quando 
a arritmia ocorre abaixo da bifurcação é chamada de ventricular. 
Como diferenciar ? 
 O QRS estreito (<120ms) é supraventricular ! 
 O QRS largo (>120 ms) pode ser : 
a. Ventricular → 81 % dos casos 
b. Taquiarritmia supraventricular com aberrância → 14% 
c. Taquiarritmia ventricular antidrômica → 5% 
Mecanismo da taquiarritmia 
a. Automatismo anormal → as células responsáveis pelo inicio do estímulo aumentam a frequência de 
disparo delas. Possui inicio e término gradual. Pode ser secundário ao estímulo adrenérgico (febre, 
hipotireoidismo, anemias...) 
 
b. Reentrada → vias que conduzem com velocidades 
diferentes. Nesse caso, se houver um batimento antes do 
esperado, ele irá pegar uma das outras vias (geralmente 
a via lenta). Ocorre distúrbio na condução do estímulo. O 
inicio e término são súbitos. É necessário que haja 
alteração estrutural, que são: dupla via nodal ou feixe 
anômalo (kent) ou alguma cicatriz no coração (a fibrose 
leva a via de condução lenta) 
 
c. Atividade deflagrada por pós potenciais→ ocorre por movimentação de cálcio intracelular. Ocorre 
em Intoxicação digitálica e Torsades de Pointes. 
Quadro Clínico 
Palpitação, diaforese, dor precordial, palidez, dispneia, síncope, choque, alteração do nível de consciência. 
A história de doença cardíaca estrutural prévia, como isquemia ou valvular, a história de doença 
hipertensiva, de cardiopatia familiar ou congênita, do uso de medicamentos inadequados ou drogas ilícitas 
podem indicar a possibilidade da presença de taquiarritmia. 
 
Diagnóstico 
Ocorre através de eletrocardiograma, identificando-se uma frequência cardíaca aumentada e as 
alterações que sugiram determinada arritmia. 
 
 
 
TIPOS DE ARRITMIAS 
Supraventriculares 
Figura 1 Reentrada 
 
 
Raquel Rogaciano - Medicina Unime - 2021.1 
Fibrilação Atrial: é uma das arritmias cardíaca mais comuns. 
Características: Não há onda P. Intervalo RR irregular ! 
Mecanismo de reentrada (um circuito elétrico anormal). 
A frequência cardíaca na Fibrilação Atrialgeralmente se 
encontra na faixa de 110 – 180 bpm, podendo haver casos 
acima de 180 bpm assim como abaixo de 110 bpm. As FA 
com frequência < 100 bpm é chamada de FA de baixa 
resposta ventricular. É mais comum em idosos com doença prévia do nódulo AV. 
Mas como definir essa FC na FA já que o RR é irregularmente irregular ? Bom, aqui você pode usar a técnica 
de contar os intervalos RR dentro de uma faixa de 15cm do traçado do DII longo e multiplicar por 10. Outra 
técnica é registrar o D2 longo por 10 segundos e multiplicar o resultado por 6. 
Fatores de Risco: cardiopatias (doença mitral reumática e cardiopatia hipertensiva), tireotoxicose e doença 
do nódulo sinusal, distúrbios endócrinos, drogas, doenças inflamatórias ou infiltrativas. 
Quadro clínico: pode ser assintomática e apenas um achado no ECG, porém quando sintomática há 
aumento da frequência cardíaca, palpitações, dispneia, intolerÂncia aos esforços, lipotimia, fadiga e em 
alguns casos poliúria por liberação do peptídeo natriurético atrial. 
Ao exame físico pode-se encontrar: pulso irregularmente irregular, assim como no ECG, variação da fonese 
em B1 e ausência de B4 (depende da contração atrial) 
A principal complicação é o fenômeno tromboembólico, quase sempre um AVE isquêmico. 
A instabilidade hemodinâmica se dá por: Rebaixamento do nível de consciência ou síncope; hipotensão 
arterial sintomática; edema agudo de pulmão; dor torácica anginosa. 
Tratamento: Para tratarmos precisamos saber se há instabilidade hemodinâmica ! 
 
 
 
Raquel Rogaciano - Medicina Unime - 2021.1 
FLUTTER ATRIAL: é uma arritmia transitória, revertendo-se 
espontaneamente para ritmo sinusal ou fibrilação atrial. 
Mecanismo de macroreentrada, isto faz com que os átrios sejam 
despolarizados sempre com a mesma frequência e pela mesma 
via. O resultado eletrocardiográfico será a presença de ondas F sempre de mesma morfologia e com 
intervalo regular entre elas. O circuito passa pelo istmo, entre a valva tricúspide e o ostio da veia cava inferior 
e percorre sentido anti-horário, explicando assim as ondas f negativas. 
São características: RR regular, FC de 150 bpm, presença de ondas F com aspecto de “dente de serra” e 
negativas em DII, DIII e aVF. Nas demais derivações, não há presença de ondas de Flutter. A condução é 
2:1, ou seja, para cada 2 ondas de flutter há um QRS. 
Sintomas: palpitações, fadiga, intolerância aos esforços, tontura, dispneia e precordialgia. 
 
Figura 2 Flutter Atrial. Repare que em DII, DII e aVFI são negativas e com característica de dente de serra. 
Flutter de condução variável: isso pode ocorrer pelo uso de inibidores do nódulo AV e em indivíduos com 
doença prévia do nódulo AV. 
Flutter reverso: Taquiarritmia regular, com FC de 150 bpm, onde f positiva sem característica de dente de 
serra em DII, DIII e aVF, pois estão escondidas entre os QRS e onda T. Porém ao realizar a manobra vagal 
pode inibir transitoriamente o nódulo AV e assim visualizar melhor as ondas de flutter. 
Flutter de condução: a condução é 1:1, sendo assim a FC está altíssima, batendo 300 bpm. Está 
relacionado a instabilidade hemodinâmica. Só ocorre no uso de drogas antiarrítmicas do grupo IA. Por isso, 
essa droga deve ser administrada juntamente com um inibidor do nódulo AV associado. 
Flutter atípico: Frequência atrial > 300 bpm. 
As causas para desenvolvimento do Flutter atrial são: sobrecarga de átrios, cardiopatias, pneumopatias, IC 
sistólica, DPOC, doença mitral reumática, comunicação interatrial, pós operatório de cirurgia cardíaca. 
É uma arritmia frequentemente sintomática, podendo descompensar a IC ou a estenose mitral ou até 
mesmo se converter em Fibrilação Atrial. 
 
 
Raquel Rogaciano - Medicina Unime - 2021.1 
Conduta: 
a. Pacientes hemodinamicamente estáveis e com alta chance de reversão espontânea para ritmo 
sinusal → Controle da frequência com uso de inibidores do nódulo AV. 
b. Pacientes hemodinamicamente instáveis ou com alta chance de recidiva → Controle do ritmo → 
reversão para ritmo sinusal. 
Para reverter o flutter → cardioversão elétrica, com carga inicial de 50-100 J(onda bifásica) ou 100J (onda 
monofásica) 
Pelo risco de tromboembolismo faz-se terapia anticoagulante. 
 
TAQUICARDIA SUPRAVENTRICULAR PAROQUIXÍSTICA (TSV OU TaquiSupra) 
 Taquicardia de frequência muito alta (120 – 250 bpm). O QRS é 
estreito(os ventrículos são ativados pela via HIS-PURKINJE), o RR é 
regular, porém geralmente não se encontra onda P. 
O QRS pode se apresentar alargado, isso ocorre porque deve ter 
surgido um bloqueio de ramo no QRS, o que também pode ser 
chamado de taquicardia supraventricular com aberrância. 
O mecanismo é por reentradda e aqui surgem dois taqui supra: 
a. Taqui supra nodal reentrante: precipitada por extrassístole atrial e tem como ubstrato 
arritmogênico a presença da via dupla nodal, a via beta e a via alfa. A maioria das pessoas só 
tem a via beta, sem ter o risco de desenvolver essa arritmia. 
b. Taquicardia AV por reentrada na via acessória→ o esímulo desce pela via acessória e sobe 
pelo nodulo AV. 
Apresentação clínica: predominio em jovens e não dependentes de cardiopatias. Manifesta-se com 
palpitações no precórdio ou no pescoço, tontura, dispneia, poliúria, síncope. Os sintomas iniciam de forma 
súbita, com caráter paroxístico. 
A conduta pode ser: 
a. Reversão aguda: manobra vagal. A droga de escolha é adenosina IV, caso não reverta usar 
verapamil IV ou Diltiazem IV. Se houver instabilidade hemodinâmica → cardioversao eletrica 
sincronizada. 
b. 
c. Terapia profilática: ablação por radiofrequência. Terapia farmacológica: antiarritmicosdo 
grupo IC ou inibidores do nodulo AV. 
 
TAQUICARDIA VENTRICULAR 
É o exemplo típico da taquicardia de QRS alargado (duranção menor que 0,12 segundos) 
RR regular, FC entre 100-300bpm, QRS alargado e aberrante com mais de 3 extrassistoles sucessivos, sem 
onda P. 
Pode ser: 
a. TV monomórfica: complexos QRS de mesma morfologia; 
mecanismo de reentrada no miocardio utilizando os ramos, 
fasciculos e fibras de purkinje. 
 
 
 
Raquel Rogaciano - Medicina Unime - 2021.1 
b. Torsades de Pointes: QRS de morfologias 
diferentes, oscilando em amplitude e 
polaridade. Ritmo de base QT longo. 
 
 
c. TV polimórfica: complexos QRS de morfologias diferentes, RR regular ou irregular; 
 
 
 
 
 
d. Ritmo idioventricular acelerado: FC entre 60-120 bpm. 
 
 
Mecanismos: 
a. Bloqueio de Ramo: quando instalado, o QRS torna-se alargado e de morfologia diferente da 
sinusal; 
b. Pré excitação ventricular: ativação ventricular pela via acessória. Como utiliza a via acessoria e 
não a HIS PURKINJE, o QRS torna-se alargado e morfologicamente diferente 
Sendo assim, outras características devem ser pesquisadas quando depararmos com uma taquiarritmia de 
QRS largo, são elas: 
a. Dissociação AV: encontro de eventuais ondas P sem relação com o QRS 
 
 
 
 
 
b. Batimento de captura e fusão: Eventualmente uma onda P que está pperdida consegue produzir 
um QRS próprio. Quando o QRS é estreito é chamado de captura, quando o QRS é misto (normal 
+largo) é chamado de fusão 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
c. QRS muito alargado: um QRS > 0,16 segundos 
 
 
Raquel Rogaciano - Medicina Unime - 2021.1 
d. Irregularidade do ritmo: Nas irregularidades muito evidentes pensamos em TV polimórfica ou FA 
de condução aberrante. 
e. Variações do QRS e do segmento ST:são sutis e sem relação com a FC. 
f. Todos os QRS precordiais positivos ou todos negativos; 
As Taquiarritimias com padrão Bloqueio de Ramo direito possuem QRS de V1 positivo e QRS de V6 negativo. 
O inverso é caracteristico de Bloqueio de Ramo Esquerdo. 
O maior risco da taquicardia ventricular é gerar fibrilação ventricular e morte súbita. 
Existem 3 tipos de Taqui ventricular que devem ser diferenciadas pelos sintomas: 
a. Taqui ventricular não sustentada: episodios de TV duram < 30 segundos e não cursam com 
instabilidade hemodinâmica. Pode ser monomórfica ou polimórfica. Por definição, mais de 3 
extrassistoles no traçado indicam taquicardia ventricular. 
b. Taqui ventricular sustentada: duração maior que 30 segundos ou cursa com instabilidade 
hemodinâmica. Pode ser monomórfica ou polimórfica. 
c. Ritmo Idioventricular acelerado: sequencia de QRS que batem entre 60 – 120 bpm. Geralmente 
é benigna e assintomática. 
 
 
 
 
 
 
 
 
TAQUICARDIA ATRIAL 
RR regular, FC entre 100-250 bpm, QRS estreito, com onda P 
morfológica diferente da sinusal. Onda P está mais próxima do QRS 
seguinte do que do anterior. 
Pode simular outras taquiarritmias, como a sinusal, o flutter atrial(se 
diferencia por frequencia das ondas), fibrilação atrial e taqui supra. 
A Taqui Atrial Multifocal apresenta-se com RR irregular, Fc entre 100 – 160bpm, QRS estreito, variação do PR 
e pelo menos 3 morfologias diferentes da onda P na mesma derivação. 
 
A Taqui Atrial com bloqueio tem característica : onda P taquicárdicas com algumas bloqueadas sem QRS . 
 
 
 
 
Raquel Rogaciano - Medicina Unime - 2021.1 
DIAGNÓSTICO DAS TAQUIARRITMIAS – 5 PERGUNTAS ESSENCIAIS 
1. Existe uma taquicardia ? 
a. A resposta é sim se houver RR com intervalo < 1.5 cm (3 quadradões) 
2. Existe onda P ? 
a. Olhar derivação D2 e procurar onda atrial que precede o QRS. Se houver onda P pode ser: 
i. Taqui sinusal : temos onda P positivas em D2 e D1 
ii. Taqui atrial: onda P morfologicamente diferente da sinusal, geralmente negativas em 
D2. 
iii. Taqui atrial multifocal: 3 ou mais morfologias diferentes de onda P na mesma 
derivação. 
b. Se não houver onda P: passe para próxima pergunta. 
3. Existe onda F de Flutter atrial ? 
a. Olhe para as derivações inferiores (D2, D3 e aVF) e para V1. É onda F toda onda com 
frequência em torno de 300 bpm, ou seja 5 quadradinhos. Geralmente tem o aspecto de 
dente de serra 
b. Se não houver onda F passe para a próxima pergunta 
4. QRS estreito ou largo ? 
a. QRS largo com duração maior que 120 ms, até que se prove o contrário é taqui ventricular. 
Se os complexos forem idênticos = monomórfica, se forem diferentes = polimórfica. Se durar 
> 30 segundos ou causar instabilidade hemodinâmica é sustentada, se não causar 
instabilidade hemodinâmica ou for < 30 segundos é não sustentada. 
b. Se o QRS for estreito passe para a próxima pergunta. 
5. Intervalo RR regular ou irregular ? 
a. Se irregular = fibrilação atrial 
b. Se regular, FC > 120 bpm = taqui supraventricular paroxística 
c. Se regular , FC < 120 bpm = taqui juncional não paroxística 
 
REFERÊNCIAS: 
• GOOGLE IMAGENS 
• SANAR RESIDÊNCIA MÉDICA 
• DIRETRIZES - CARDIOLOGIA 
 
 
 
Este material foi produzido para estudo pessoal, com referência bibliográfica das diretrizes, imagens do google e informações e dicas de aulas, obtidas através de curso para residência médica.

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