Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Catharina Moura – 5º Semestre, MDD IV Anemias hipoproliferativas As anemias hipoproliferativas são caracterizadas por uma redução na produção dos reticulócitos e das hemácias, independente da condição base. ¨ Anemia ferropriva Anemia ferropriva é a condição mais exacerbada da deficiência de ferro. Essa deficiência afeta todo o organismo, não apenas a eritropoese e o transporte de oxigênio, uma vez que todas as células e tecidos são constituídos por ferro. Na AF ocorre uma série de mecanismos compensatórios da anemia, como os eventos cardiovasculares, respiratórios e gastrointestinais (como o bloqueio da secreção de hepcidina, o que aumenta a absorção do ferro no duodeno). As duas principais causas são por aumento da perda de sangue (como nos ciclos menstruais com menorragia) ou por aumento da demanda de ferro (como encontramos nas gestantes, lactentes prematuros e adolescentes). A ausência de ferro irá caracterizar essa anemia como microcítica e hipocrômica (visto que a hemoglobina também necessita do ferro para a sua constituição). Além disso, a série leucocitária não costuma estar alterada, contudo, uma porcentagem significativa dos pacientes (cerca de 30%) apresenta plaquetose ou concentrações de plaquetas próximas ao limite superior, especialmente nos casos de AF por aumenta da perda de sangue (ocorre uma hiper-produção de plaquetas a fim de reverter o quadro de hemorragia). O ferro sérico está diminuído, assim como as reservas (hipoferritinemia). A transferrina costuma estar elevada (hipertransferrinemia), a fim de captar todo o ferro sérico e conduzi-lo para a medula óssea e promover, assim, a eritropoese. ð Atenção: A ferritina sérica pode estar em níveis normais em caso de AF associada ou secundária a doença inflamatória. • Principais causas: • Diagnóstico Existem diversos testes laboratoriais propostos para avaliar os diferentes compartimentos de ferro; esses compartimentos são: estoque, transporte e funcional, e são afetados sequencialmente à medida que o déficit de ferro corpóreo progride. ¨ Compartimento funcional – compreende as medidas relacionadas à produção das hemácias de acordo com a disponibilidade de ferro para a eritropoese: - Exame 1: Hemograma São os indicadores que primeiro sinalizam para o clínico uma possível alteração. As principais dosagens que devemos avaliar são: hemoglobina e os índices hematimétricos, além dos níveis de reticulócitos. • RDW = medida da anisocitose e está elevado na AF. Esse dado pode nós auxiliar na diferenciação entre AF e talassemia, pois na ferropriva o esse índice é maior (visto que há uma heterogeneidade Catharina Moura – 5º Semestre, MDD IV maior nos tamanhos), enquanto, que na talassemia, as células são bastante afetadas de forma homogênea, o que gera um índice RDW menor. • Leucograma = outro índice que deve ser avaliado, pois pode apresentar valores reduzidos nas AF, com granulocitopenia acompanhada de neutrófilos hipersegmentados (com mais de 5 fragmentos no citoplasma). - Exame 2: Esfregaço sanguíneo Permite avaliar os sinais de deficiência na formação da Hb que podem ser observados nos eritrócitos circulantes e são muito úteis para dx diferenciais. => imagem a: anemia ferropriva – apresenta hipocromia mais evidente. Além disso, podemos observar hemácias com diferentes formas: forma de charuto (eliptócitos); em forma de lágrima (dacriócitos) e hemácias com formatos indefinidos/ estranhos (esquisócitos). => imagem b: talassemia beta – apresenta microcitose mais acentuada. - Exame 3: Zincoprotofirina eritrocitária (ZPP) Em casos de redução do ferro, durante a síntese do grupo heme, o zinco substitui o ferro no anel, formando o ZPP, que permanece no eritrócito, sendo um fator passível de medição. Esse exame é simples de ser realizado, mas depende de equipamentos específicos, o que o torna limitado. Outras causas que cursam com o aumento do ZPP: envenenamento por chumbo e anemia hemolítica. - Exame 4: Determinação do ferro sérico - Exame 5: Receptor solúvel da transferrina Tem se revelado um bom método, pois esse medidor não sofre influências sistêmicas a que estão sujeitos o ferro sérico e a ferritina, por exemplo. A síntese desse receptor é determinada pelo nível tecidual de ferro, sendo que quando há diminuição do ferro funcional há o estímulo para a síntese de TfR e os seus níveis se elevam. Sua principal indicação é para a diferenciação entre AF e anemia de doença crônicas, pois na AF está elevado e na ADC normal. ¨ Compartimento de transporte - Exame 1: Transferrina sérica Na deficiência de ferro, há um aumento na síntese de transferrina, cuja capacidade de ligação estará elevada ¨ Compartimento de estoque - Exame 1: Pesquisa de ferro na medula óssea Catharina Moura – 5º Semestre, MDD IV Método mais preciso para o diagnóstico de deficiência de ferro, mas, devido ao seu caráter invasivo só é realizado em casos mais complexos. - Exame 2: Ferritina sérica Apenas pequenas quantidades de ferritina estão circulantes no soro, a qual é essencialmente livre de ferro. A importância da determinação desse medidor é que sua quantificação representa uma medida precisa do ferro total estocado, pois 1 mg/L de ferritina sérica = 8 – 10 mg/L de ferro em estoque, em um indivíduo adulto. É um teste preciso e muito utilizado, mas devemos lembrar que a ferritina é uma proteína de fase aguda, tendo os seus valores aumentados em quadros infecciosos, o que pode mascarar possíveis condições de deficiência férrica. Além disso, as concentrações de ferritina sérica são diretamente influenciadas pela presença de doença hepática, como hepatite e cirrose. A instalação da deficiência de ferro é progressiva e as alterações laboratoriais têm uma dinâmica: ¨ Fase 1: depleção de estoque Nessa fase de depleção observamos a redução da ferritina, pois os estoques começam a ser utilizados para suprir as necessidades do organismo. Por conta disso, esses pacientes ainda não irão apresentar alterações nos índices hematimétricos (VCM normal; RDW normal), assim como irão apresentar valores de ZPP e TIBC normais. Apesar de não ser mostrado no gráfico abaixo, temos que lembrar que a transferrina está elevada. ð A ferritina é o medidor mais sensível para a detecção de depleção do ferro no organismo, pois ele é capaz de revelar alterações mesmo na fase 1. ¨ Fase 2: eritropoese deficiente de ferro Nessa fase já é possível observar alterações no hemograma com um discreto quadro de anemia (redução das hemoglobinas); alterações no VCM (começa a entrar em declive) e o ferro livre começa a ter uma redução vertiginosa, pois toda a reserva já foi exaurida e o que sobrou para a metabolização foi o ferro livre na circulação (que passa a ser consumido). Além disso, podemos observar que o TIBC (taxa que indica a capacidade total de ligação do ferro Catharina Moura – 5º Semestre, MDD IV à transferrina) começa a subir bastante; justamente, porque essa proteína transportadora irá buscar captar todo o ferro (aumentando assim a sua taxa de ligação) para conduzi-lo até a medula óssea. Não está representado no gráfico, mas nesse momento teremos, também, a diminuição da saturação da transferrina, a qual é representada pela relação entre o ferro sérico/ TIBC. Isso ocorre, pois apesar do aumento da força de ligação, não há ferro suficiente na circulação, o que gera uma diminuição da saturação desse transportador. ¨ Fase 3: anemia ferropriva Há um aumento considerável do RDW e os índices hematimétricos confirmam o quadro de anemia microcítica. Além disso, há o aumento do ZPP (que busca substituir o ferro no anel). ¨ Anemias associadas a doenças crônicas Também chamada de Anemia da doença inflamatória (ADI) é o segundo tipo mais prevalente em pacientes anêmicos e o primeiro em pacientes internados ou comdoenças crônicas. Esse quadro ocorre em doenças que causam ativação imune e inflamação, como canceres, doenças autoimunes e infecções crônicas. ð Atenção: tanto o câncer em si, como o seu tratamento podem ser situações causadoras da AID, pois a quimio e radioterapia tem como alvo as células em alto nível mitótico (a fim de danificar as células cancerígenas); contudo, a medula óssea, apresenta células com alto nível de mitose, e por conta disso, são afetadas durante o tratamento. • Fisiopatologia da ADI: 1) Restrição à metabolização do ferro de seus depósitos Em estados inflamatórios ocorre o aumento de diversas citocinas inflamatórias, merecendo destaque a IL-1, que atua impedindo a liberação do ferro dos macrófagos para os eritroblastos e a IL-6, que atua estimulando os hepatócitos a sintetizarem e secretarem hepcidina. A hepcidina é um peptídeo antimicrobiano produzido nas respostas inflamatórias e nos quadros de sobrecarga de ferro. Essa molécula atua se associando a ferroportina, fazendo com que o ferro permaneça retido no meio intracelular, onde Catharina Moura – 5º Semestre, MDD IV será degradado e metabolizado nos seus locais de depósito. ð Ferroportina: é a única via de saída (“porta”) para que o ferro presente no meio intracelular dos macrófagos seja transportado para a circulação. Quando a hepcidina realiza esse mecanismo de internalização da molécula do ferro, ela tem por objetivo desviar esse mineral para o metabolismo do próprio macrófago (já que o organismo está enfrentando um quadro infeccioso). Com isso, o ferro fica aprisionado e menos disponível para a eritropoese. Além disso, ocorre um aumento da produção de lactoferrina, proteína globular multifuncional que desempenha diversas funções na proteção do trato gastrointestinal. A atividade antimicrobiana, está relacionada à capacidade de sequestrar ferro dos fluidos biológicos (inibindo o crescimento das bactérias que necessitam desse nutriente) e de desestruturar a membrana de micro-organismos. ð Curiosidade: a lactoferrina é a segunda proteína mais predominante no leite materno, por conta disso, que o aleitamento é reconhecido como medida preventiva para a diarreia e infecções por retrovírus. A lactoferrina apresenta uma afinidade muito maior ao ferro quando comparado à ferritina, e por conta disso, ela é capaz de sequestrar o ferro que seria desviado para a eritropoese e para essas reservas e, assim, conduzir o ferro capturado para os macrófagos medulares. Como resultado, a transferrina fica pouco saturada, pois ela tem pouco ferro disponível para transportar para a eritropoese (hipo- transferrinemia). E a ferritina aumenta (hiperferritinemia). ð Explicando: Lembrar que ferritina é a forma molecular de armazenamento do ferro, que ocorre principalmente nas células hepáticas e macrófagos. Se o ferro está sendo retido nessas células (como vimos, por conta dos mediadores inflamatórios), irá ocorrer um aumento dessa reserva. 2) Supressão da eritropoese por mediadores inflamatórios Redução da produção de eritropoietina (EPO), assim como a redução da resposta à sua ação. 3) Redução da sobrevida das hemácias Ocorre uma redução da sobrevida dos eritrócitos, atribuída a eritrofagocitose aumentada, tanto pelos macrófagos do fígado quanto do baço. • Achados laboratoriais e clínicos: ¨ Sinais e sintomas específicos da doença de base ¨ Anemia leve a moderada (Hb ³ 8,5 - 9) ¨ Normocítica e normocrômica ¨ Hipoferremia ¨ Hipotransferrinemia ¨ Hiperferritinemia ¨ Sinais laboratoriais de inflamação: aumento da velocidade de hemossedimentação; níveis séricos de proteína C reativa e fibrinogênio. A causa da anemia muitas vezes não será evidente, por isso, é importante solicitar alguns exames de investigação, como: ¨ Função renal ¨ Função hepática ¨ Função tireoidiana - quanto aos quadros de hipotireoidismo, principalmente, pois há uma diminuição geral do metabolismo celular, o que afeta Catharina Moura – 5º Semestre, MDD IV também as células da medula óssea e, consequentemente, a eritropoese. ¨ Dosar vitamina D - a vitamina D atua bloqueando a produção de hepcidina. O bloqueio dessa proteína, impede que a mesma atue sobre o metabolismo do ferro, permitindo que o mesmo transite através da transferrina para a medula óssea. Contudo, pacientes hipovitaminados, podem apresentar anemia, por um aumento da hepcidina (bloqueio do bloqueador). ¨ Anemia megaloblástica As anemias resultantes de carências de vitamina B12 (ou cobalamina) ou folatos apresentam alterações morfológicas no sangue e da medula óssea similares, sendo conjuntamente conhecidas como Anemias Megaloblásticas. Essas doenças têm em comum uma redução seletiva na síntese de DNA, o que afeta todas as linhagens hematopoéticas, como também outros locais com alta taxa de proliferação celular, como o intestino delgado, língua e útero. • Fisiopatologia: Os folatos e a vitamina B12 são indispensáveis para a síntese da timidina, um dos nucleotídeos que compõem o DNA. Na hematopoese normal, temos a intensa proliferação celular, que implica na síntese de DNA, RNA e proteínas. A síntese inadequada de DNA tem como consequência modificações no ciclo celular, retardo da duplicação e defeitos no reparo do DNA. Devido a lentidão da divisão, há aumento do número de células com quantidade de DNA; ou seja, essas células não são capazes de se diferenciar corretamente e de se dividir, permanecendo com núcleos e estruturas extremamente grandes, caracterizando uma intensa desordem da maturação nuclear das três linhagens, sendo mais evidente na eritróide. • Manifestações clínicas: Importante lembrar que o tempo necessário para que as manifestações ocorram está muito relacionado com as reservas nutricionais de cada indivíduo. ¨ Anemia macrocítica normocrômica ou hipercrômica ¨ Plaquetopenia ¨ Neutropenia ¨ Diarreia, glossite e perda do apetite ¨ Degeneração do cordão posterior da medula espinal (devido a carência de S-adenosil-metionina – proteína que a b12 apresenta correlação metabólica) => sensação de parestesia nos pés, como formigamento; distúrbios motores; redução da sensibilidade vibratória; sinal de Romberg+ e comprometimento da sensibilidade termoalgésica em bota ou em luva. Essas alterações no SN são encontradas apenas nas deficiências de B12, podendo ter também manifestações mentais, como depressão e alucinações. Tríade clássica na deficiência de B12: fraqueza + dor na língua + parestesias. ¨ Polineurite, principalmente sensorial e nas extremidades. ¨ HHcy => a qual por sua vez é fator de risco independente para aterosclerose, Catharina Moura – 5º Semestre, MDD IV aumento o risco de doenças cérebro e cardiovasculares. • Causas da carência de B12: 1) Menor ingestão de nutrientes A vitamina B12 existe primariamente em alimentos de origem animal, não sendo encontradas em frutas e vegetais. Contudo, as quantidades diárias são ínfimas, ocorrendo em veganos após vários anos sem ingerir alimentos de origem animal. 2) Menor absorção intestinal A cobalamina é um co-fator enzimático e por isso, essas moléculas quando ingeridas, vem associadas à proteínas (CblP). Uma vez no estômago, esse complexo irá sofrer a ação do ácido clorídrico e das pepsinas, o que irá liberar a cobalamina da proteína animal(Cbl - P). ð Pacientes que medicamentados com anti- ácidos (destaque para o omeprazol) apresentam uma redução de ácido clorídrico, o que pode interferir nessa etapa da absorção da vitamina b12. Quando livre, a cobalamina irá se associar à proteína R (a qual é produzida pela mucosa gástrica). Essa associação tem a finalidade de proteger a Cbl da ação de pepsinas (estabiliza a estrutura da cobalamina). Concomitante a esse processo, também no estômago, ocorre a síntese e secreção do fator intrínseco (Fi – produzido pelas célulasparietais do estômago), o qual será essencial para a absorção da vitamina b12 na região ileal. A ligação entre a vitamina b12 e o Fi só irá ocorrer no duodeno, quando o pH básico desta região, associado a enzimas pancreática irão separar a Cbl da proteína R, permitindo que o Fi se associe a mesma. ð Pacientes bariátricos, apresentam uma redução do epitélio gástrico, o que afeta a produção de ácido clorídrico, fator intrínseco e proteína P. ð Úlceras gástricas, por H. pilory, afetam diretamente a produção de fator intrínseco e proteína R, pois há uma lesão no epitélio gástrico que compromete a síntese dessas duas substâncias. ð Anemia perniciosa é uma doença autoimune, em que o paciente apresenta auto anti-corpor anti-Fi; impedindo assim a ligação da Cbl ao Fi, a nível intestinal. ð Insuficiência pancreática e pancreatite são quadros que alteram a síntese das enzimas pancreáticas, o que irá afetar a regularização do pH no duodeno, o que impede a dissociação da Cbl da proteína R. Uma vez associada a Cbl ao Fi, esse complexo segue pelo trato gastrointestinal até atingir o íleo, onde teremos, nos enterócitos, um transportador específico para o Fi. Dentro do enterócito, o complexo será dissociado e a Cbl será associada ao transportador transcolabamina 11 (Tc 11) e seguirá para a corrente sanguínea. Enquanto o Fi não é absorvido, sendo expelido sem transformação. A vitamina b12 ligada à Tc 11 adentra na circulação portal e é distribuída para as células que expressão receptores específicos para internalizar o complexo. Catharina Moura – 5º Semestre, MDD IV No plasma, a Cbl circula associada às proteínas transportadoras denominadas de transcolabaminas, que são três: a) Transcobalamina 1 (Tc 1) – produzida pelos granulócitos, basófilos e neutrófilos e irão transportar a Cbl exclusivamente para essas células. E por conta disso, deficiência nesses transportadores não costumam causar alterações muito grandes no processo de transporte da vitamina b12. Contudo, esse transportador tem uma grande relevância clínica, pois em quadros infecciosos e quadros alérgicos, em que ocorrem elevada produção de granulócitos, pode ocorrer um falso aumento da vitamina b12. Como assim? Esses transportadores estarão em maior quantidade sérica visando atender as demandas metabólicas da granulocitose e, assim, transportando mais vitamina b12; o que pode gerar a falsa impressão de maior disponibilidade sérica e mascarando quadros de deficiência nutricional. Por outro lado, diminuições nesse transportador podem gerar níveis falsamente mais baixos de vitamina b12 sérica total, não representando deficiência real. 15% dos casos de diminuição da concentração de vit b12 não explicados, foram associados com a diminuição da concentração do Tc 1. b) Transcobalamina 11 (Tc 11) – produzidos pelo fígado, macrófagos e íleo, representam a fração biologicamente ativa da cobalamina, pois promove a entrada específica em todas as células do corpo. A falta desse transportador é capaz de causar anemia megalobástica, com a clínica clássica. Atenção, pois os níveis séricos de vitamina b12 poderao estar normais devido a valores mais elevados do Tc 1. c) Transcobalamina 111 (Tc 111) – pouco estudada, mas acreditam que seja uma isoproteina do Tc 11, atuando como uma lixeira de metabolitos inúteis e potencialmente perigosos analagos da vit b12 que circulam pelo sangue. São produzidos pelos granulocitos durante a coagulação, hepatócitos, mucosa gástrica e endotélio. É importante esclarecer que o Tc 111 transporta Cbl APENAS para o fígado. Ø Distúrbios gástricos - anemia perniciosa - gatrectomia parcial ou total - deficiência congênita de Fi - anormalidade do Fi Ø Má absorção ileal - insuficiência pancreática - síndrome de alça cega (fístulas, anastomoses, diverticulose...) - doença de crohn, doença celíaca - ressecção ileal - deficiência de transcobalamina II Ø Drogas Catharina Moura – 5º Semestre, MDD IV - omeprazol, bloqueadores H2, colestiramina, colchicina, neomicina, PAS. 3) Defeitos do transporte ou metabolismo 4) Aumento da excreção ou perdas 5) Aumento das necessidades fisiológicas ou patológicas Um pouco mais sobre a cobalamina: A vitamina B12 é uma vitamina hidrossolúvel, sintetizada exclusivamente por microrganismos encontrados, praticamente, em todos os tecidos animais e estocada no fígado na forma de adenosilcobalamina. Faz parte de uma família de compostos denominados genericamente de cobalaminas. A depender do ligantes pode apresentar diferentes nomes, ex: hidroxicobalamina (hidroxil) e meticobalamina (metil). No organismo humano, funciona como um co- fator essencial para duas enzimas: metionina sintase e L-metilmalonil-coA mutase, ambas diretamente envolvidas com a metabolização da homocisteína (Hcy). Quando a Hcy sofre os processos de metilação por essas enzimas, resulta na S-adenosilmetionina (SAM), a qual é o único doador de grupamentos metil para numerosas reações de metilação, incluindo aquelas para o processo de mielinização neural. Por conta disso, deficiência da b12 causará aumento do Hcy (o qual não estará sofrendo o processo de metilização) e diminuição da SAM, causando redução de importantes reações de trasnmetilação do organismo, provocando defeitos desmielinizantes no sistema nervoso. Além disso, quando não há a conversão do Hcy em metionina, ocorre a desregulação de outras vias e deficiência de diversos metabolitos, entre eles 5,10- metilenotetraidrofolato, co-fator essencial para a síntese de DNA, dificultando a divisão celular na medula; enquanto que o RNA e a síntese dos outros compostos celulares permanecem inalterados, produzindo macrocitose. A vitamina b12, participa também da rota de eliminação do excesso de Hcy. Na sua ausência, esse substrato é desviado para a formação de ácido metilmalômico (MMA), que estarão elevados no sangue e na urina; proporcionando um quadro de acidose metabólica. Todos esses achados caracterizam o quadro clínico de Hiper-Homocisteinemia (HHcy). • Dosagem da vitamina B12: ¨ Dosagem dos transportadores (destaque para o Tc 11) ¨ Dosagem de metabólicos, como MMA e Hcy ¨ Dosagem de vit b12 sérica - Obs: o MMA estará elevado apenas na insuficiência de vitamina b12, enquanto a Hcy se eleva na de vitamina e de folatos. A medição dos metabólitos é super válida, pois suas alterações ocorrem precocemente nos quadros, diferente dos níveis vitamina b12 sérica; podendo ser muito úteis nos casos de pacientes assintomáticos. ¨ Anemia do doente renal As alterações hematológicas da insuficiência renal envolvem todas as linhagens hematopoéticas e a Catharina Moura – 5º Semestre, MDD IV homeostase. A anemia nesses quadros está relacionada à hipoproliferação eritropoética e à hemólise. A hipoproliferação se dá, principalmente, pela baixa concentração de eritropoietina sérica, resultante da escassa síntese desse fator, pelo rim doente. Agravando ainda mais o quadro, os elevados níveis de uremia, hormônios paratireoidianos, ribonuclease e lipoproteínas serícas encontrados por conta da insuficiência renal, atuam como inibidores da hematopoese, contribuindo para a hipoproliferação eritroide. ð Curiosidade: segundo estudos, a percentagem de pacientes anêmicos aumentou de 26,7% para 75,5% quando a taxa de filtração glomerular diminui de ³ 60 mL/min para < 15 mL/min. O componente hemolítico encontrado na IR deve- se a um defeito extracorpuscular e acredita-se que esteja relacionado com a retenção de substâncias no plasma, visto que pacientes em diálise prolongada apresentam uma sobrevida maior e os eritrócitos têm vida normal quando infundidos em pacientes saudáveis. Além disso, outros mecanismos podem estar associados ao quadro: • Achados laboratoriais: ¨ Normocromica ¨ Normocítica ¨ Ausência de anisocitose (visto quenão há deficiência em nenhum pré- requisito para a formação e maturação da hemácia, e sim uma diminuição do estímulo para essa produção). • Tratamento Esses quadros possuíram uma revolução no tratamento com o uso de EPO exógena e dos agentes estimuladores da eritropoese (AEEs), reduzindo muito as necessidades de transfundir hemácias. Inicialmente, presumiu-se que o ideal das doses seria até a normalização da concentração de Hb, entretanto, estudos clínicos subsequentes mostraram que esses níveis poderiam trazer resultados deletérios, como hipertensão arterial, crise convulsiva e trombose local de acesso venoso. Recomenda-se atualmente usar uma dose de EPO ou AAEs suficiente para atingir concentração de Hb de 10 a 12 g/dL, uma faixa que proporciona bom controle dos sinais e sintomas da anemia e com menor risco de complicações cardiovasculares associadas. Etapas de investigação das anemias • 1ª etapa: anamnese + screening + diagnóstico presuntivo. Ø História clínica ¨ Idade ¨ Sexo ¨ Etnia ¨ Dieta ¨ Período neonatal ¨ Herança ¨ Uso de drogas ¨ Infecções ¨ Exame tóxico ¨ Sintomas associados Ø Exame físico ¨ Peso ¨ Estatura ¨ Fáscies ¨ Icterícia Catharina Moura – 5º Semestre, MDD IV ¨ Alterações na pele ¨ Alterações na mucosa oral ¨ Alterações nos olhos ¨ Gânglios ¨ Hepatomegalia ¨ Esplenomegalia ¨ Extremidades Ø Doenças não hematológicas ¨ Renal ¨ Tireóide – em especial os quadros de hipotireoidismo devido a redução generalizada do metabolismo das células, o que afeta também as células medulares e a metabolização do ferro e vitamina B12, influenciando que o paciente desenvolva anemia. ¨ Metabólicas • 2ª etapa: avaliação específica Após definirmos que o paciente apresenta anemia, devemos solicitar alguns exames complementares de acordo com as suspeitas diagnosticas desenvolvidas durante o raciocínio clínico. • 3ª etapa: estudos adicionais Com os resultados em mãos, podemos iniciar a investigação etiológica da anemia, classificando-a fisiologicamente e morfologicamente. ¨ Fisiologia da anemia (mecanismo) § Hipoproliferativa X Hiperproliferativa É importante lembrar que para definirmos se uma anemia é hiperproliferativa ou hipo necessitamos dos valores dos reticulócitos, além dos valores das hemácias. § Perda sanguínea - agudas (hemorragia aguda por acidente ou procedimentos cirúrgicos) - crônicas (quadros menstruais com elevado fluxo menstrual – menorragia) ¨ Morfologia § VCM = volume corpuscular médio ¨ Classificação das anemias:
Compartilhar