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ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS E IMUNOLÓGICAS DO IDOSO

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1 
 
ALTERAÇÕES 
FISIOLÓGIAS E 
IMUNOLÓGICAS NO 
IDOSO 
O envelhecimento humano é 
caracterizado por declínio lento e natural 
na estrutura e na função orgânica que se 
desenvolve após a maturação sexual e o 
fenótipo adulto jovem. Em outras palavras, 
envelhecer está associado à redução ou até 
mesmo perda de determinadas ações 
fisiológicas e imunológicas, tema que será 
abordado no resumo. 
O envelhecimento é acompanhado 
de um processo que chamamos de 
senescência, pode ser entendido como 
declínio ou mesmo deterioração das 
propriedades funcionais em níveis 
celulares, teciduais e orgânicos. 
De uma maneira geral, o que os 
artigos e estudos trazem sobre o principal 
evento a respeito do envelhecimento é a 
deterioração da eficiência do sinal de 
transdução, ou seja, o mecanismo de 
sinalização celular num indivíduo idoso vai 
se tornando, ano após ano, cada vez menos 
eficiente. 
Assim, no envelhecimento 
biológico, há uma progressiva e, de certo 
modo, previsível perda da coordenação 
celular e da função tecidual, de tal maneira 
que o organismo se torna gradualmente 
menos capaz de se reproduzir e de 
sobreviver. 
 
 
 
1.Alterações fisiológicas 
1.1. Estrutura corporal 
Com o envelhecimento, ocorre uma 
alteração na massa magra do indivíduo, 
com importante perda de musculatura 
estriada esquelética. Estima-se uma perda 
de 10% dessa massa muscular entre os 30 
e os 50 anos e de cerca de 1% ao ano a 
partir dessa idade, o que ocasiona uma 
redução da taxa metabólica basal de 
aproximadamente 4% ao ano, nessa fase da 
vida. Há redução no número e volume 
das fibras musculares do tipo II, 
envolvidas no processo de contração 
muscular rápida e, também, redução no 
número de neurônios alfa motores 
espinais, principal razão para a perda de 
fibras musculares. 
Além disso, ocorre uma redução no 
volume de água do organismo, 
principalmente aquele instalado no 
compartimento intracelular. 
 
 
A sarcopenia é definida como 
redução na massa magra e na força 
muscular, sendo considerada uma marca do 
processo de envelhecimento. Vários 
mecanismos podem ser implicados no seu 
aparecimento: perda dos neurônios alfa 
motores na medula, deficiência nas 
secreções de hormônio do crescimento 
(GH) e de fator de crescimento insulina-
símile (IGF-I), deficiência na produção de 
andrógenos e de estrógenos, inadequada 
 
2 
 
ingestão proteica, desregulação na 
produção de citocinas catabólicas e 
reduzida atividade física. 
 
Portanto, a redução na massa 
muscular e a prolongada inatividade física 
nos idosos pode diminuir a sensibilidade à 
insulina e, consequentemente, impedir a 
utilização adequada de glicose, seu 
armazenamento e seu uso em tecidos 
periféricos, principalmente no músculo. 
Contudo, existe um aumento 
localizado do tecido gorduroso, 
principalmente nas regiões abdominal, 
visceral e intramuscular, o que aumenta o 
tempo de meia de vida de drogas 
lipofílicas, o que representa uma 
modificação de significância clínica para o 
idoso. 
 
1.2. Sistema endócrino 
a) Hormônio do Crescimento (GH) 
A secreção e as concentrações 
séricas de GH diminuem com a idade, tanto 
no estado basal como em resposta aos 
estímulos e, em paralelo, há redução das 
concentrações séricas do fator de 
crescimento induzido pelo GH, insulin-like 
growth fator 1 (IGF-I), fenômeno 
conhecido como somatopausa. Além disso, 
está associada à redução na secreção do 
hormônio de liberação do GH hipotalâmico 
(GHRH) e à diminuição na responsividade 
somatotrófica ao GHRH. 
Normalmente, a secreção de GH 
ocorre, principalmente, durante o sono em 
suas fases de ondas lentas. Portanto, a 
presença de distúrbios do sono, tão comum 
em idosos, também pode afetar 
negativamente esse processo. 
b) Hormônio antidiurético (ADH) 
Nos idosos, a responsividade renal 
ao ADH encontra-se reduzida, tornando-os 
mais vulneráveis à privação de água. A 
secreção de ADH frente à elevação da 
osmolalidade plasmática (mediada por 
osmorreceptores) pode ou não estar 
aumentada em idosos, enquanto a resposta 
à depleção volumétrica (mediada por 
barorreceptores) está aumentada. Em 
síntese, o idoso sente menos sede, logo está 
mais sujeito a um quadro de desidratação. 
c) Melatonina 
A secreção de melatonina pela 
glândula pineal diminui durante o processo 
de envelhecimento. Essa diminuição pode 
estar associada à pior qualidade de sono 
nos idosos. 
d) Função adrenocortical 
A glândula suprarrenal envelhecida 
não apresenta significantes aspectos de 
atrofia, embora se observe aumento de 
tecido fibroso em seu parênquima. 
Entretanto, em idosos, podem ocorrer 
algumas alterações na secreção dos três 
principais hormônios adrenocorticais: 
➢ Cortisol e ACTH: As taxas de 
secreção de cortisol diminuem com 
a idade, mas não há alterações 
 
3 
 
significativas em sua concentração 
sérica, mesmo em indivíduos muito 
velhos, devido à redução na taxa de 
sua depuração metabólica. Os 
níveis séricos basais do hormônio 
adrenocorticotrófico (ACTH) 
também permanecem inalterados, 
assim como a frequência dos seus 
pulsos secretores. Após um 
estímulo estressor, tal como doença 
aguda ou cirurgia, os níveis de pico 
sérico de cortisol são maiores e 
permanecem elevados por mais 
tempo nos idosos, quando 
comparados aos adultos jovens. 
Portanto, possivelmente, a 
sensibilidade ao mecanismo de 
feedback negativo do eixo 
hipotálamo-hipófise-suprarrenal 
esteja diminuída com a idade; 
➢ Aldosterona: As taxas de secreção 
de aldosterona e também suas 
concentrações séricas se reduzem 
com a idade, em tal magnitude que, 
próximo aos 70 anos, essa queda 
pode se aproximar de 50%; 
➢ Deidroepiandrosterona (DHEA): 
Os esteroides suprarrenais – DHEA 
e sua forma sulfatada (DHEAS) – 
são os principais esteroides 
encontrados na circulação humana. 
Secretados pelo córtex suprarrenal, 
são precursores dos hormônios 
esteroides sexuais masculinos e 
femininos, que incluem a 
testosterona, o estradiol e a 
progesterona. Devido a sua menor 
secreção, seus níveis séricos, bem 
como os de todos os andrógenos, 
declinam com a idade em tal monta 
que, por volta dos 75 anos, 
alcançam uma redução de 20%. 
Entretanto, o significado clínico 
dessa diminuição ainda é 
controverso. 
 
e) Função adrenomedular 
Enquanto as concentrações séricas 
de epinefrina são semelhantes ou até 
levemente inferiores em idosos quando 
comparadas às de adultos jovens, as de 
norepinefrina são mais elevadas. Esses 
altos níveis de norepinefrina refletem um 
aumento da atividade do sistema nervoso 
simpático e não da medula suprarrenal. 
 
 Regulação alimentar 
Na senescência, a regulação 
alimentar depende também de alterações 
endócrinas encontradas durante o 
envelhecimento, particularmente, 
associadas aos hormônios insulina, leptina 
e adiponectina. 
 Em idosos, por exemplo, a 
sensibilidade à ação da insulina está 
reduzida, podendo-se constatar, com 
frequência, estados de hiperinsulinemia e 
de diminuição na tolerância à glicose. Essa 
observada resistência insulínica encontra-
se, pelo menos parcialmente, relacionada 
com a diminuição da proteína carreadora 
de glicose (GLUT 4) no tecido muscular. 
Com o aumento da idade há 
diminuição das concentrações séricas de 
leptina, um hormônio que promove 
diminuição do apetite e é produzido pelo 
tecido adiposo de modo proporcional à 
massa de gordura corporal existente no 
organismo que, como comentado 
anteriormente, diminui na senescência. 
É conhecido que a adiponectina é 
um hormônio proteico secretado pelos 
adipócitos, que produz redução na 
resistência insulínica, apresenta 
propriedades anti-inflamatórias e diminui o 
risco aterogênico. Contudo, seus índices de 
secreção são inversamente proporcionais à 
quantidade de gordura visceral abdominal, 
a qual, como já dito, aumenta com a idade.4 
 
Portanto, em idosos há diminuição das 
concentrações séricas de adiponectina. 
1.3. Sistema nervoso central 
Durante o envelhecimento, os 
principais tipos de células cerebrais sofrem 
alterações estruturais que resultam em: 
morte neuronal, retração e expansão 
dendrítica, perda e remodelação sináptica, 
além da reatividade da célula glial 
(astrócitos e micróglia). Essas alterações 
estruturais podem ter origem nas 
modificações que ocorrem nas proteínas 
citoesqueléticas e na deposição de 
proteínas insolúveis, tais como a proteína 
tau no interior das células e a substância 
amiloide no espaço extracelular. Assim, 
com o envelhecimento, há perda de massa 
e de volume cerebral que pode chegar a 
20% ao redor dos 80 anos. Nesse processo, 
a substância negra e a região temporal 
mesial no hipocampo são as áreas mais 
afetadas, sofrendo perda de cerca de 50% e 
25% de massa cerebral, respectivamente. 
No cérebro senescente, há 
considerável evidência de remodelação 
sináptica que, provavelmente, se relaciona 
às alterações na árvore dendrítica e no 
número de neurônios. Por exemplo, em 
algumas regiões do cérebro pode haver 
diminuição no número de sinapses, mas 
elas podem ser supridas pelo aumento da 
área de sinapses remanescentes; além 
disso, em outras regiões cerebrais pode não 
ocorrer perda sináptica. 
 
 
 
No processo de envelhecimento, os 
sistemas neurotransmissores também 
sofrem várias alterações, como as citadas a 
seguir: 
• Sistema colinérgico: os neurônios 
colinérgicos desempenham funções 
nos processos de aprendizado e de 
memória. Durante o 
envelhecimento pode ocorrer 
deficiência em um ou mais aspectos 
dos sinais de transdução 
colinérgica, incluindo: transporte 
de colina, síntese e liberação de 
acetilcolina, além do acoplamento 
dos receptores muscarínicos a seus 
carreadores proteicos à base de 
trifosfato de guanosina (GTP); 
• Sistema dopaminérgico: com o 
avançar da idade, ocorrem 
diminuições nos níveis de 
dopamina, de transportadores 
dopaminérgicos e de locais 
carreadores dos receptores D2 no 
striatum; 
• Sistema monoaminérgico: Os 
principais neurotransmissores 
monoaminérgicos cerebrais são a 
norepinefrina e a serotonina. O 
envelhecimento é associado à 
diminuição dos níveis de liberação 
evocada de serotonina e dos locais 
de ligação serotoninérgicos, que 
podem contribuir para distúrbios 
como a depressão; 
• Sistema de aminoácidos 
transmissores: no cérebro humano, 
 
5 
 
o glutamato é o principal 
neurotransmissor excitatório, 
enquanto que o principal 
neurotransmissor inibitório é o 
ácido gama-aminobutírico 
(GABA). Porém, pouco se sabe 
sobre o impacto causado pelo 
envelhecimento fisiológico nas vias 
de transmissão desses 
neurotransmissores. 
1.4. Sistema cardiovascular 
Uma das grandes mudanças no 
idoso é o enrijecimento das grandes 
artérias, decorrente de deposição 
aumentada de colágeno associada a 
alterações qualitativas nas fibras de 
elastina. Esse aumento na rigidez arterial 
conduz à elevação gradual da pressão 
arterial sistólica e também ao aumento da 
impedância para a ejeção ventricular 
esquerda; assim, aumenta a denominada 
pós-carga. Um marcador desse 
enrijecimento vascular é o aumento da 
velocidade da onda de pulso arterial 
observado nos idosos; lembre-se de que a 
reflexão precoce dessa onda de pulso na 
periferia resulta em maior impedância para 
a ejeção ventricular na sístole tardia. 
 
O relaxamento miocárdico, um 
processo ativo que envolve gasto de 
energia, encontra-se atenuado no 
envelhecimento; possivelmente, isso 
acontece pela dificuldade na liberação de 
cálcio por parte das proteínas contráteis no 
fim da sístole e também pelo retardo na 
recaptação de cálcio pelo retículo 
sarcoplasmático. No interstício do tecido 
miocárdico há aumento tanto de colágeno 
como de tecido adiposo; essas 
modificações resultam em maior rigidez 
tecidual, situação que é potencializada pela 
hipertrofia miocítica compensatória em 
resposta ao aumento da pós-carga e 
também à apoptose dos miócitos. 
 
A resultante da combinação de 
alteração do relaxamento ventricular e de 
redução da complacência miocárdica é a 
diminuição do enchimento sanguíneo do 
ventrículo esquerdo, durante os 2/3 iniciais 
da diástole. Essas alterações são 
acompanhadas de dilatação e de hipertrofia 
atrial esquerda, e também do aumento da 
força de contração atrial; isso preserva o 
volume diastólico final do ventrículo 
esquerdo, o principal determinante do 
volume ejetado a cada sístole, bem como o 
débito cardíaco. Essas alterações na função 
diastólica do ventrículo esquerdo e no átrio 
esquerdo predispõem as pessoas idosas ao 
desenvolvimento de insuficiência cardíaca 
do tipo diastólico; ou seja, predispõem os 
idosos àquela insuficiência cardíaca em 
que há a preservação da fração de ejeção 
ventricular esquerda, bem como a arritmias 
supraventriculares, tais como a fibrilação 
atrial. 
 
 
6 
 
Nos idosos também é observada 
menor resposta à estimulação β-
adrenérgica; portanto, há diminuição da 
frequência cardíaca máxima (FC máx). 
Outras alterações que se associam à 
redução do débito cardíaco máximo 
durante o envelhecimento são o declínio do 
pico de contratilidade ventricular (mediado 
por receptores β1-adrenérgicos) e da 
vasodilatação periférica (mediada pelos 
receptores β2- adrenérgicos). Essas 
condições resultam em redução do fluxo 
sanguíneo aos músculos e à pele durante os 
exercícios, trazendo uma dificuldade 
adicional ao idoso para o controle de sua 
temperatura corpórea. 
Ocorrem, ainda, alterações 
degenerativas na área tecidual onde se 
localiza o nodo sinusal; isso resulta em 
perda progressiva das células com função 
de marca-passo, que cria uma separação 
parcial ou completa entre o nodo sinusal e 
o restante do tecido atrial. Estima-se que, 
por volta dos 75 anos, mais de 90% dessas 
células com função de marca-passo perdem 
sua capacidade de iniciar um impulso 
elétrico. 
A condução do estímulo elétrico 
por meio do nodo atrioventricular também 
se torna mais lenta e a calcificação da 
estrutura cardíaca resulta em um aumento 
da prevalência de anormalidades de 
condução infranodular, tais como o 
bloqueio fascicular anterior esquerdo e o 
bloqueio completo de ramo. 
A condução do estímulo elétrico 
por meio do nodo atrioventricular também 
se torna mais lenta e a calcificação da 
estrutura cardíaca resulta em um aumento 
da prevalência de anormalidades de 
condução infranodular, tais como o 
bloqueio fascicular anterior esquerdo e o 
bloqueio completo de ramo. 
 
 
1.5. Sistema respiratório 
No indivíduo senil, devido a 
alterações no tecido conectivo, há redução 
no tamanho das vias respiratórias, e os 
sacos alveolares tornam-se mais 
superficiais. A complacência da parede 
torácica diminui como consequência de 
modificações esqueléticas, tais como: 
acentuação da cifose dorsal, calcificações 
das cartilagens condrocostais e 
degenerações costovertebrais. 
Com a idade, a retração elástica do 
tecido pulmonar diminui, o que facilita a 
expansão pulmonar durante a inspiração 
profunda e, assim, tenderia a aumentar a 
CPT. Entretanto, devido à rigidez da 
parede torácica durante o processo de 
envelhecimento, o esforço inspiratório 
máximo não é capaz de alcançar alto 
volume pulmonar; portanto, a CPT, 
geralmente, encontra-se estável. 
Outros componentes relevantes 
para a adequada função respiratória são a 
força e a resistência da musculatura 
respiratória, sendo importante a 
observação de que a força da musculatura 
diafragmática é aproximadamente 25% 
menor em pessoas idosas saudáveis quando 
comparadas aos adultos jovens. 
 
 
7 
 
1.6. Sistema renal 
A redução do fluxo sanguíneo renal 
(FSR) é acompanhada de aumento da 
resistência nas arteríolas aferentes e 
eferentes, independentementedo débito 
cardíaco ou de reduções na massa renal. 
Essa alteração contribui para a menor 
eficiência dos rins envelhecidos na 
resposta à sobrecarga ou à perda de 
líquidos e de eletrólitos. 
A redução linear no número de 
néfrons ao longo da vida é notória e, 
provavelmente, é o principal fator para o 
menor ritmo de filtração glomerular 
observado no decorrer da senescência 
renal. 
Com a perda glomerular, a área 
tubular do néfron também se degenera, 
sendo recomposta por tecido conectivo. 
Desenvolve-se o mesmo mecanismo 
compensatório, com hipertrofia e 
hiperplasia tubular nos néfrons 
remanescentes, principalmente, na região 
do túbulo contornado proximal. 
 
1.7. Sistema digestório 
 
 
1.8. Sistema hematopoiético 
A produção de certos fatores de 
crescimento, particularmente a interleucina 
6 (IL-6), o fator de necrose tumoral alfa 
(TNF-α) e interferona-γ (INF-γ), parece 
aumentar com o envelhecimento. Essas 
observações levam à noção de que a idade 
é acompanhada da desregulação da 
produção desses fatores do crescimento, 
causando produção excessiva de algumas 
citocinas e subprodução de outras e 
interferindo, também, na geração de 
glóbulos vermelhos. 
Há consistência nas publicações 
científicas de que o avançar da idade não 
modifica o número absoluto das 
populações celulares e o número de 
leucócitos e de neutrófilos circulantes se 
mantém. Presume-se, maximamente, um 
descenso leve no número de neutrófilos. 
Embora o número de plaquetas 
também não se altere com o 
envelhecimento, o fibrinogênio, os fatores 
de coagulação (V, VII, VIII e IX), o 
cininogênio de alto peso molecular e a pré-
calicreína aumentam, assim como os 
fragmentos da degradação da fibrina 
(dímero D), produzindo um estado pró-
coagulante de risco para eventos 
trombogênicos. 
 
 
 
8 
 
2. Alterações imunológicas 
As alterações do sistema 
imunológico resultantes do 
envelhecimento são denominadas de 
imunossenescência e acarretam em uma 
série de consequências para os idosos. As 
consequências mais evidentes são o 
aumento da susceptibilidade a infecções e 
a pior resposta a vacinas, resultando em 
maior morbidade e mortalidade dos idosos. 
2.1. Imunidade inata 
Apesar da maior notoriedade das 
alterações da imunidade adaptativa na 
imunossenescência, a imunidade inata 
também é afetada pelo processo de 
envelhecimento. 
 
a) Neutrófilos 
No envelhecimento, não há 
redução no número de neutrófilos, nem na 
neutrofilia (aumento no número de 
neutrófilos no sangue) resultante de 
infecção aguda. Mas ocorre uma redução 
da atividade dessas células. Ou seja, a 
função e não o número de neutrófilos 
diminui com o envelhecimento). 
Ocorre diminuição da atividade 
quimiotáxica em resposta a fatores 
derivados do complemento, o que provoca 
atraso na chegada dos neutrófilos ao local 
da infecção, permitindo maior divisão do 
agente infeccioso. 
Também foi relatada redução da 
atividade fagocítica, disfunção na 
produção de radicais livres e diminuição na 
habilidade em responder aos fatores que 
aumentam a sobrevida (com aumento da 
susceptibilidade à apoptose). 
Além disso, o aumento do número 
de neutrófilos sofrendo apoptose no tecido 
pode resultar em persistência da 
inflamação. 
b) Monócitos/macrófagos 
Com o envelhecimento, ocorre uma 
redução no número de monócitos 
circulantes. Monócitos e macrófagos de 
idosos saudáveis apresentam prejuízo na 
fagocitose e na produção de radicas livres 
(implicando em prejuízo no combate à 
infecção) e na apresentação de antígenos 
(envolvida na pior resposta dos idosos à 
vacinação). Uma vez instalada a infecção, 
idosos possuem menor habilidade de 
prevenir a sua propagação. 
Alterações na função e expressão 
dos receptores de reconhecimento padrão 
dos macrófagos acarretam em diferenças 
nos níveis de citocinas produzidas por 
macrófagos de indivíduos idosos, durante 
infecções. Não há um consenso linear 
sobre quais os efeitos do envelhecimento 
na complexa relação entre macrófagos e as 
diversas citocinas produzidas por eles. E 
nem sobre interações entre receptores de 
macrófagos, citocinas e receptores de 
citocinas tanto em macrófagos como em 
outras células imunológicas. Podem-se 
citar dois exemplos em direções opostas: a 
menor resposta dos idosos à vacina de 
influenza, e a resposta exagerada de idosos 
em infecções pelo vírus do Oeste do Nilo. 
O primeiro caso parece ser contribuído pela 
 
9 
 
menor estimulação de proteínas co-
estimulatórias em monócitos (devido às 
alterações em um tipo de receptor de 
reconhecimento padrão), importantes para 
a produção de anticorpos para o vírus da 
influenza. 
Muitos estudos mostraram um leve 
estado pró-inflamatório basal (sem a 
presença de doenças) por todo o corpo do 
idoso, que poderia influenciar a patogênia 
de várias situações crônicas relacionadas 
ao envelhecimento e que são afetadas pela 
inflamação (Doença de Alzheimer, 
diabetes tipo 2, câncer, aterosclerose, 
obesidade, osteoporose e osteoartrite, 
depressão e síndrome de fragilidade do 
idoso). O complicador para o entendimento 
desse estado inflamatório é o fato de que, 
apesar dos macrófagos serem as principais 
fontes de muitas citocinas, outras células 
(como adipócitos, fibroblastos e células 
endoteliais) também produzem essas 
proteínas. 
Esse estado inflamado pode ser 
responsável por menor produção de 
citocinas por macrófagos durante infecções 
(como se o sistema já estivesse desgastado, 
e não respondesse de forma adequada 
quando fosse necessário) e por falhas na 
apresentação de antígenos, o que poderia 
implicar em pior resposta a infecções e pior 
transição da imunidade inata para a 
adaptativa. Ainda, acredita-se que a 
inflamação relacionada ao envelhecimento 
também predisponha idosos à sepse 
(resposta inflamatória sistêmica, resultante 
de bacteremia). 
c) Células NK 
Nos idosos, o número de células 
NK está aumentado. Entretanto, a atividade 
individual de cada célula encontra-se 
reduzida com a idade. Parece haver uma 
compensação da redução na atividade 
através do aumento do número dessas 
células. 
Existe uma variação na atividade de 
células NK entre idosos, sendo que aqueles 
que possuem células NK mais citotóxicas 
(ou seja, com um nível de função 
semelhante a jovens) possuem menor 
propensão ao desenvolvimento de certos 
tumores, melhor prognóstico para alguns 
tipos de cânceres (como o câncer gástrico) 
e maior resistência a infecções virais. 
A produção de várias citocinas por 
células NK parece diminuir no 
envelhecimento, o que pode ter 
implicações na pior transição da resposta 
imune inata para a adaptativa, resultando 
em pior resposta para debelar infecções. 
As alterações relativas às células 
NK dos idosos podem ocorrer, em parte, 
por alterações na homeostase do zinco no 
envelhecimento. Alguns pesquisadores 
acreditam que a suplementação de zinco 
para idosos pode ser benéfica para 
aumentar a resistência a alguns tipos 
infecções. 
d) Células dendríticas 
O número de células dendríticas (e 
de seus precursores) parece diminuir com o 
envelhecimento. Quanto à atividade, 
idosos saudáveis conservam a capacidade 
dessas células em apresentar antígenos e 
ativar linfócitos T. Já, células dendríticas 
de idosos com síndrome de fragilidade, 
induzem uma ativação de linfócitos T mais 
fraca (o que pode estar relacionado a uma 
pior migração das células dendríticas do 
tecido para os linfonodos). Acredita-se que 
essas alterações possam influenciar a 
predisposição de idosos às infecções e a 
pior resposta às vacinas. 
 
 
 
10 
 
2.2. Imunidade adaptativa 
 
a) Linfócitos T 
A involução tímica que ocorre com 
o avançar da idade é bem conhecida, e 
causa prejuízos para a maturação de 
linfócitos T dos idosos. Uma implicação 
clínica muito importante da involução 
tímica é a recuperaçãomais prolongada de 
idosos a tratamentos quimioterápicos, 
quando comparado a pacientes pediátricos. 
A quimioterapia promove uma profunda 
redução no número de linfócitos, e, nos 
idosos, a recuperação dos níveis normais 
dessas células pode levar anos, em 
contraste com o tempo de recuperação de 
crianças (meses). 
Outro fenômeno bastante descrito 
em idosos é a alteração da proporção de 
tipos de linfócitos T. Com o 
envelhecimento, linfócitos T de memória 
(específicos para antígenos já conhecidos 
pelo organismo) tornam-se mais 
numerosos em relação a linfócitos T naive 
(responsáveis pela resposta a infecções 
novas). Isso parece ocorrer devido a uma 
exposição crônica a antígenos de agentes 
infecciosos ao longo da vida (e proliferação 
das células de memória, em detrimento das 
células naive) e também devido à 
involução do timo (que se torna menos 
eficiente no fornecimento de linfócitos T 
naive). A escassez de linfócitos T naive 
pode resultar numa pior resposta à novas 
infecções pelos idosos (pneumonia, 
tuberculose, infecções do trato urinário, da 
pele e de tecidos moles).Já, o excesso de 
linfócitos T de memória está implicado em 
maior produção de citocinas, contribuindo 
para o estado pró-inflamatório dos idosos. 
A diminuição da resposta de 
linfócitos T citotóxicos ao vírus da 
influenza também é bastante relatada, o 
que pode tornar os idosos mais 
susceptíveis a esse vírus. Além disso, 
alterações nas subpopulações de linfócitos 
T citotóxicos (em partes devido às 
respostas ao citomegalo-vírus) podem estar 
relacionadas a maior susceptibilidade dos 
idosos a certos tipos de tumores, uma vez 
que essas células também são responsáveis 
pela destruição de células malignas. 
b) Linfócitos B 
Nos idosos, o número de linfócitos 
B totais não está alterado, entretanto, da 
mesma forma que os linfócitos T, há uma 
redução no número de linfócitos B naive, 
concomitantemente com um aumento no 
número de linfócitos B de memória. A 
redução de linfócitos B naive ocorre devido 
à menor produção dessas células pela 
medula óssea. O aumento do número de 
linfócitos B de memória parece ser uma 
compensação desta redução, e não parece 
ocorrer devido a exposição crônica a certos 
tipos de agentes infecciosos (como no caso 
dos linfócitos T). 
Os mecanismos de defesa mediados 
por anticorpos estão deteriorados em 
idosos. Isso parece ocorrer principalmente 
devido a falhas em linfócitos T helper em 
induzir a ativação de linfócitos B, tornando 
os idosos mais susceptíveis a pneumonias, 
influenza, gastroenterites, bronquites e 
menos responsíveis a vacinas. 
Muitos estudos relataram uma 
diminuição na capacidade em produzir 
anticorpos de alta afinidade a determinados 
agentes infecciosos. Além de alterações na 
afinidade, menor número de anticorpos 
também foi observado em idosos 
vacinados contra influenza e Streptococcus 
pneumoniae, o que provoca menor eficácia 
dessas vacinas nos idosos. 
 
11 
 
Também foi relatado um aumento 
de auto-anticorpos com o envelhecimento 
(como fator reumatóide, anticorpo anti-
histona, anticorpo anti-DNA de cadeia 
dupla e anticorpo anti-cardiolipina), que 
parece ser decorrente, em parte, do 
aumento do número de linfócitos B de 
memória. Há especulações se isso poderia 
participar da maior vulnerabilidade dos 
idosos às doenças auto-imunes. Alguns 
pesquisadores acreditam que o aumento de 
auto-anticorpos em idosos não seja 
responsável por doenças auto-imunes, uma 
vez que tais anticorpos possuem uma baixa 
especificidade para órgãos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Autor do resumo: Mário Sérgio 
Curso: Medicina / Semestre II

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