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Neoplasias e Cancer de Colo de útero

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Ne�p���i�s � Cân�e� d� C��o �� úte��
__________________________________________________________________________________________________________________
Tópicos abordados:
1. Cic�� ��lu���;
2. Pro���s� �e ��c��êne�� � �íve� ��l��a�;
3. O qu� é ne����si�;
4. Exa�� ��to����lógi�� � a c����s�o���;
5. Car����rís�i��s �� �ec��� �or��� d� �o�� d� úte��;
6. Cat����i�s de al����ções mo���lógi��� (ti��� ce����re�) do ex���
ci����to�ógi�� (c�a�s�fi��ção de Bet���d� - Ne�p���i� In��a�p��e���l
Cer����l - NI�);
7. Fis���a��l��i� e fa����s de ri��� do H�� e su� infl�ên�i� no
de���v���im���� do �ân�e� d� ���o d� úte��;
8. Me��s de co��ági�/p�e��nção (im���tân�i� da va����), si���� e si���m��,
di���ós�i��, t�a��m���o d� H��;
9. Man��� e re����n�ações a� pa����te co� H�� na re�� de at��ção à
saúde.
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1. Cic�� ��lu���;
➔ Visão Geral do Ciclo Celular
A função mais básica do ciclo celular é duplicar de maneira acurada a
grande quantidade de DNA nos cromossomos e então segregar o DNA
para as células-filhas geneticamente idênticas, de modo que cada célula
receba uma cópia completa de todo o genoma. Na maioria dos casos, a
célula também duplica suas outras macromoléculas e organelas e duplica
seu tamanho antes de se dividir; caso contrário, a cada vez que a célula
se dividisse ela ficaria cada vez menor. Assim, para manter o seu
tamanho, as células em divisão coordenam o seu crescimento com a sua
divisão. A duração do ciclo celular varia muito de um tipo de célula para
outro.
➔ Ciclo Celular Eucariótico:
O ciclo celular eucariótico normalmente inclui quatro fases.
Visto sob um microscópio, os dois eventos mais marcantes no ciclo
celular são quando o núcleo se divide, um processo chamado de mitose,
e quando a célula se divide em duas, um processo chamado de
citocinese. Esses dois processos juntos constituem a fase M do ciclo. Em
uma célula de mamífero típica, toda a fase M dura cerca de uma hora,
que é apenas uma pequena fração do tempo total do ciclo celular. O
período entre uma fase M e a próxima fase é chamado de interfase. Sob o
microscópio, parece, ilusoriamente, um intervalo sem ocorrências
especiais durante o qual a célula simplesmente aumenta em tamanho.
Entretanto, a interfase é um momento muito atarefado para uma célula
proliferativa e compreende as três fases restantes do ciclo celular.
Durante a fase S (S = síntese), a célula replica seu DNA. A fase S é
precedida e sucedida por duas fases de intervalo – G1 e G2 (do inglês
gap) – durante as quais a célula continua a crescer. Durante as fases de
intervalo, a célula monitora tanto seu estado interno como o meio externo.
Esse monitoramento assegura que as condições estejam adequadas para
reprodução e que os preparativos estejam completos antes de a célula se
comprometer com a principal revolução da fase S (após G1) e a mitose
(depois de G2 ). Em determinados pontos em G1 e G2, a célula decide se
vai prosseguir para a próxima fase ou interromper o processo para
permitir mais tempo para se preparar. Durante toda a interfase, uma célula
em geral continua a transcrever genes, sintetizar proteínas e aumentar a
massa. Junto com a fase S, G1 e G2 fornecem o tempo necessário para a
célula crescer e duplicar suas organelas citoplasmáticas. Se a interfase
durasse apenas o tempo suficiente para a replicação do DNA, a célula
não teria tempo para duplicar sua massa antes de se dividir e
consequentemente iria encolher a cada divisão celular.
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➔ Um sistema de controle do ciclo celular aciona os
principais processos do ciclo celular
Para assegurar que replicarão todo o seu DNA e organelas e se dividirão
de maneira ordenada, as células eucarióticas possuem uma rede
complexa de proteínas reguladoras conhecidas como sistema de
controle do ciclo celular. Esse sistema garante que os eventos do ciclo
celular – replicação do DNA, mitose e assim por diante – ocorram na
sequência estabelecida e que cada processo tenha sido completado antes
que o próximo se inicie. Para realizar isso, o próprio sistema de controle é
regulado em determinados pontos críticos do ciclo mediante
retroalimentação a partir dos processos que estão sendo realizados. Sem
essa retroalimentação, uma interrupção ou um atraso em qualquer dos
processos poderia ser desastroso. Todo o DNA nuclear, por exemplo,
deve ser replicado antes que o núcleo comece a se dividir, ou seja, uma
fase S completa deve preceder à fase M. Se a síntese de DNA é
desacelerada ou interrompida, a mitose e a divisão celular também devem
ser atrasadas. De maneira semelhante, se o DNA é danificado, o ciclo
deve interromper em G1 , S ou G2, de modo que a célula possa reparar o
dano B antes que a replicação do DNA tenha sido iniciada ou completada,
ou antes que a célula entre na fase M. O sistema de controle do ciclo
celular consegue tudo isso empregando mecanismos moleculares, muitas
vezes chamados de pontos de verificação, para pausar o ciclo em
determinados pontos de transição. Assim, o sistema de controle não
aciona a próxima etapa no ciclo, a não ser que a célula esteja preparada
apropriadamente. O sistema de controle do ciclo celular regula a
progressão pelo ciclo celular em três pontos principais. Na transição de
G1 para a fase S, o sistema de controle confirma que o meio é favorável
para a proliferação antes de prosseguir para a replicação do DNA. A
proliferação celular em animais requer tanto nutrientes suficientes quanto
moléculas-sinal específicas no meio extracelular; caso tais condições
extracelulares sejam desfavoráveis, as células podem atrasar seu
progresso por G1 repouso conhecido como G0 e até mesmo entrar em
um estado especializado de repouso conhecido como G0 e até mesmo
entrar em um estado especializado de (G zero). Na transição de G2 , S,
G2 e mitose. Qual é a fase mais para a fase M, o sistema de controle
confirma que o DNA não apresenta danos e está totalmente replicado,
assegurando que a célula não entre em mitose, a menos que o seu DNA
esteja intacto. Por fim, durante a mitose, a maquinaria de controle do ciclo
celular assegura que os cromossomos duplicados estão apropriadamente
ligados a uma máquina citoesquelética, chamada de fuso mitótico, antes
que o fuso separe os cromossomos e os segregue para as duas
células-filhas. Nos animais, a transição de G1 para a fase S é
especialmente importante como um ponto no ciclo celular onde o sistema
de controle é regulado. Sinais oriundos de outras células estimulam a
proliferação celular quando mais células são necessárias – e bloqueiam
quando não o são. Dessa forma, o sistema de controle do ciclo celular
possui um papel central na regulação do número de células nos tecidos
do corpo. Caso o sistema de controle não funcione de maneira correta de
modo que a divisão celular seja excessiva, pode ocorrer câncer.
Referências:
Bruce, A. Fundamentos da Biologia Celular. [Digite o Local da Editora]: Grupo A,
2017. 9788582714065. Disponível em:
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https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788582714065/cfi/633!/4/
4@0.00:0.00. Acesso em: 28 de fev de 2021.
2. Pro���s� �e O�c��êne�� � �íve� ��l��a�;
• O dano genético não letal está no âmago da carcinogênese. Tal dano
genético (ou mutação) pode ser adquirido pela ação de agentes
ambientais, como substâncias químicas, radiação ou vírus, ou pode ser
herdada na linhagem germinativa. A hipótese genética do câncer sugere
que uma massa tumoral resulte de expansão clonal de uma só célula
progenitora que sofreu dano genético (isto é, os tumores são
monoclonais).
• Quatro classes de genes reguladores normais — proto-oncogenes
promotores de crescimento, genes supressores de tumor inibidores do
crescimento, genes que regulam a morte celular programada (isto é,
apoptose) e genes envolvidosno reparo do DNA — são os principais
alvos do dano genético. Coletivamente, as alterações genéticas em
células tumorais conferem as vantagens de crescimento e sobrevivência
em relação às células normais, como se evidenciará na discussão a
seguir.
• Oncogenes são genes que induzem um fenótipo transformado quando
expresso em células. Uma importante descoberta sobre o câncer foi a
percepção de que os oncogenes, em sua maioria, são versões mutadas
ou superexpressas de genes celulares normais, os quais são chamados
de proto-oncogenes. Grande parte dos genes conhecidos codifica fatores
de transcrição, proteínas reguladoras do crescimento ou proteínas
envolvidas na sobrevivência celular e interações célula-célula e
célula-matriz. Eles são considerados dominantes pois a mutação de um
único alelo pode levar à transformação celular.
• Os genes supressores de tumor são genes que normalmente impedem o
crescimento descontrolado e, quando sofrem mutação ou se perdem de
uma célula, permitem o desenvolvimento de fenótipo transformado. Em
geral, para ocorrer transformação, ambos os alelos normais dos genes
supressores tumorais devem ser danificados. Entretanto, um estudo
recente demonstrou claramente que, em alguns casos, a perda de um só
alelo de um gene supressor tumoral pode promover transformação
(haploinsuficiência).
• Os genes supressores de tumor normalmente são
colocados em dois grupos gerais, “governantes” e “guardiões”. Os
“governantes” são os genes supressores de tumor clássicos, como os RB,
quando a mutação do gene leva à transformação pela remoção de um
importante freio à proliferação celular. Os genes “guardiões” são
responsáveis pelo sensoriamento do dano genômico. Alguns desses
genes iniciam e coreografam uma complexa “resposta de controle do
dano”. Essa resposta leva à cessação da proliferação ou, se o dano for
muito grande para ser reparado, à indução de apoptose. O TP53,
chamado de “guardião do genoma”, é um gene supressor tumoral
prototípico desse tipo. Outros genes guardiões estão diretamente
envolvidos no reconhecimento e no reparo de tipos específicos de dano
ao DNA; eles são os genes que sofreram mutação nas síndromes
autossômicas recessivas do reparo do DNA. A mutação de TP53 ou de
outros sensores de dano genômico não transforma diretamente as
células, uma vez que a perda da função de guardião não tem efeito direto
sobre a proliferação celular ou apoptose. Em vez disso, a perda dos
genes guardiões permite e acelera a aquisição de mutações em
oncogenes e genes supressores de tumor que podem levar ao
desenvolvimento do câncer. Esse aumento da taxa de mutação quase
sempre é referido como fenótipo mutante.
• Os genes que regulam a apoptose e o reparo do DNA
podem agir como proto-oncogenes (a perda de uma cópia é suficiente) ou
genes supressores de tumor (perda de ambas as cópias). Vários tipos de
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alterações podem afetar os genes causadores de câncer e levam à
transformação celular.
➔ Lesões genéticas no Câncer
As alterações genéticas que caracterizam as mutações associadas ao
câncer podem ser sutis (p. ex., mutações pontuais ou inserções e
deleções) ou grandes o bastante para produzir alterações cariotípicas. As
mutações pontuais podem ativar ou inativar os resultantes produtos de
proteína. Por exemplo, as mutações pontuais nos proto-oncogenes, como
RAS ou EGFR, resultam com frequência em superatividade da proteína,
normalmente pela alteração de um aminoácido regulador interno e
produção de uma proteína ativa. Entretanto, mutações pontuais nos
supressores tumorais, como as que afetam os genes RB ou TP53,
reduzem ou incapacitam a função da proteína codificada.
➔ Alterações Cariotípicas nos Tumores
A lesão genética que ativa oncogenes ou inativa os genes supressores de
tumor pode ser sutil (como foi descrito anteriormente) ou grande o
suficiente para ser detectada no cariótipo. Alguns cânceres têm
praticamente cariótipo normal, enquanto outros são acentuadamente
aneuplóides, com perda e ganho de muitos cromossomos inteiros ou
braços de cromossomos. Em certas neoplasias, anormalidades
cariotípicas são não aleatórias e comuns ou até características de
determinado tumor. Anormalidades específicas são identificadas na
maioria das leucemias e linfomas, e em número crescente de tumores não
hematopoéticos. Os tipos comuns de anormalidades estruturais não
aleatórias em células tumorais são (1) translocações equilibradas, (2)
deleções e (3) manifestações citogenéticas de amplificação do gene.
Referências:
Robbins, patologia básica / Vinay Kumar... [et al] ; [tradução de Claudia Coana...
et al.]. - Rio de Janeiro : Elsevier, 2013. 928 p. : il. ; 28 cm. (Capítulo 5)
3. O qu� é ne����si�;
Neoplasia literalmente significa “novo crescimento”. Diz-se que células
neoplásicas são transformadas porque continuam a se replicar,
aparentemente “desatentas” às influências regulatórias que controlam o
crescimento celular normal. As neoplasias, portanto, desfrutam de certo
grau de autonomia e tendem a aumentar de tamanho independentemente
de seu ambiente local. Sua autonomia, porém, não é absolutamente
completa. Algumas neoplasias requerem suporte endócrino, e tais
dependências algumas vezes podem ser exploradas terapeuticamente.
Todas as neoplasias dependem do hospedeiro para sua nutrição e
suprimento sanguíneo. No uso médico comum, geralmente uma neoplasia
é referida como tumor, e o estudo dos tumores é chamado de oncologia
(de oncos, “tumor”, e logos, “estudo de”). Entre os tumores, a divisão de
neoplasias em categorias benigna e maligna baseia-se no julgamento do
comportamento clínico potencial de um tumor.
• Diz-se que um tumor é benigno quando suas características micro e
macroscópicas são consideradas relativamente inocentes, indicando que
permanecerá localizado, e é tratável com a remoção cirúrgica; geralmente
o paciente sobrevive. Note-se, porém, que os tumores benignos podem
produzir mais do que massas localizadas e, algumas vezes, são
responsáveis por doença grave.
• Os tumores malignos são coletivamente referidos como cânceres, termo
derivado da palavra em latim “caranguejo” — ou seja, eles aderem a
qualquer parte onde se agarram e de maneira obstinada, semelhante ao
comportamento do caranguejo. O termo maligno aplica-se a uma
neoplasia indicando que a lesão pode invadir e destruir estruturas
adjacentes e disseminar-se para locais distantes (metástases) para
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causar morte. Nem todos os cânceres prosseguem em um curso tão
mortal. Os mais agressivos também são alguns dos mais curáveis, mas a
designação maligno constitui uma bandeira vermelha.
Todos os tumores, benignos e malignos, têm dois componentes básicos:
(1) o parênquima, constituído por células neoplásicas ou transformadas, e
(2) o estroma, constituído por tecido conectivo, vasos sanguíneos e
células inflamatórias derivadas do hospedeiro.
O parênquima da neoplasia determina principalmente o seu
comportamento biológico, e é desse componente que deriva o seu nome.
O estroma é crucial para o crescimento da neoplasia, uma vez que
contém o suprimento sanguíneo e dá suporte ao crescimento das células
parenquimatosas. Embora o comportamento biológico dos tumores reflita
principalmente o comportamento das células parenquimatosas, existe
uma percepção crescente de que as células estromais e as neoplásicas
mantêm uma “conversação” em mão dupla que influencia o crescimento
do tumor.
➔ Nomenclatura:
Tumores Benignos
Em geral, a designação dos tumores benignos é feita acrescentando-se o
sufixo -oma ao tipo celular do qual eles surgem. Um tumor benigno que
surge em tecido fibroso é um fibroma; um tumor benigno cartilaginoso é
um condroma. A nomenclatura dos tumores epiteliaisbenignos é mais
complexa. Eles são classificados, algumas vezes, com base em seu
padrão microscópico e, em outras ocasiões, com base em seu padrão
macroscópico. Outros são classificados por suas células de origem. Por
exemplo, o termo adenoma é aplicado geralmente a neoplasias benignas
epiteliais, que produzem padrões glandulares, e a neoplasias derivadas
de glândulas, mas que não mostram necessariamente padrões
glandulares. Uma neoplasia epitelial benigna que surge das células
tubulares renais e cresce em padrões do tipo glandular é denominada
adenoma, como também é uma massa de células epiteliais benignas que
não produz padrões glandulares, mas tem sua origem no córtex
suprarrenal. Os papilomas são neoplasias epiteliais benignas, que
crescem em qualquer superfície, produzem frondes micro ou
macroscópicas semelhantes a dedos. Um pólipo é uma massa que se
projeta acima de uma superfície mucosa, como no intestino, para formar
uma estrutura macroscopicamente visível. Embora seja um termo usado
com frequência para tumores benignos, alguns tumores malignos também
podem crescer como pólipos, enquanto outros pólipos (como os pólipos
nasais) não são neoplásicos, mas têm origem inflamatória. Cistadenomas
são massas císticas ocas que surgem tipicamente no ovário.
Tumores Malignos
A nomenclatura dos tumores malignos segue essencialmente a dos
tumores benignos, com certos acréscimos e exceções.
• Neoplasias malignas que surgem em tecidos mesenquimais
“sólidos” ou seus derivados são chamadas de sarcomas, enquanto
aquelas surgidas de células mesenquimais sanguíneas são chamadas de
leucemias ou linfomas. Os sarcomas são designados pelo tipo celular
de que são compostos, que é presumivelmente sua célula de origem.
Assim, um câncer com origem no tecido fibroso é um fibrossarcoma,
enquanto uma neoplasia maligna composta por condrócitos é um
condrossarcoma.
• Embora os epitélios do corpo derivem das três camadas germinativas,
as neoplasias malignas das células epiteliais são chamadas de
carcinomas, independentemente do tecido de origem. Assim, uma
neoplasia maligna que surge no epitélio tubular renal (mesoderma) é um
carcinoma, como o são os cânceres que surgem na pele (ectoderma) e no
epitélio do revestimento intestinal (endoderma). Além disso, o mesoderma
pode dar origem a carcinomas (epiteliais), sarcomas (mesenquimais) e
tumores hematolinfoides (leucemias e linfomas).
• Os carcinomas são ainda mais subdivididos. Os
Carcinomas que crescem em padrão glandular são chamados de
adenocarcinomas, enquanto aqueles que produzem células escamosas
são chamados de carcinomas de células escamosas. Algumas vezes,
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pode-se identificar o tecido ou órgão de origem, como na designação
adenocarcinoma de células renais. Outras vezes, o tumor mostra pouca
ou nenhuma diferenciação e deve ser chamado de carcinoma mal
diferenciado ou indiferenciado. As células transformadas em uma
neoplasia, seja benigna ou maligna, quase sempre são assemelhadas,
como se todas tivessem derivado de uma única progenitora, compatível
com a origem monoclonal dos tumores. Em alguns casos incomuns,
porém, as células tumorais sofrem diferenciação divergente, criando os
chamados tumores mistos. O melhor exemplo é o tumor misto de glândula
salivar. Esses tumores têm componentes epiteliais óbvios dispersos pelo
estroma fibromixóide, algumas vezes ancorando ilhas de cartilagem ou
osso. Acredita-se que todos esses elementos diversos derivem de células
epiteliais ou mioepiteliais, ou de ambas, e a designação preferida para
essas neoplasias é adenoma pleomórfico. O fibroadenoma da mama
feminina é outro tumor misto comum. Esse tumor benigno contém uma
mistura de elementos ductais proliferativos (adenoma) incrustados em um
tecido fibroso frouxo (fibroma). Embora somente o componente fibroso
seja neoplásico, o termo fibroadenoma continua em uso comum.
Teratoma é um tipo especial de tumor misto que contém células maduras
ou imaturas reconhecíveis ou tecidos representativos de mais de uma
camada de células germinativas e, algumas vezes, de três. Os teratomas
originam-se de células germinativas totipotentes, como aquelas
anormalmente presentes em restos embrionários sequestrados da linha
média. As células germinativas têm capacidade de se diferenciar em
quaisquer tipos celulares no corpo adulto; portanto, não surpreende que
possam dar origem a neoplasias que simulam, de maneira confusa,
porções de osso, epitélio, músculo, gordura, nervo e outros tecidos.
Pode-se notar algumas inconsistências flagrantes. Por exemplo, são
usados os termos linfoma, mesotelioma, melanoma e seminoma para
neoplasias malignas. Há outros casos de terminologia confusa:
• Hamartoma é uma massa de tecido desorganizado nativo de um local
específico. O exame histopatológico pode mostrar uma massa de células
hepáticas maduras, mas desorganizadas, vasos sanguíneos e,
possivelmente, ductos biliares dentro do fígado ou um nódulo no pulmão
contendo ilhas de cartilagem, brônquios e vasos sanguíneos. Os
hamartomas são tradicionalmente considerados malformações
desenvolvimentares, mas alguns estudos genéticos mostraram a
presença de translocações adquiridas, sugerindo origem neoplásica.
Coristoma é uma anomalia congênita que consiste em um resto
heterotópico de células. Por exemplo, um pequeno nódulo de tecido
pancreático normalmente organizado pode ser encontrado na submucosa
do estômago, duodeno ou intestino delgado. Esse resto heterotópico pode
estar repleto de ilhotas de Langerhans e glândulas exócrinas. A
designação -oma, conotando neoplasia, confere ao resto heterotópico
uma gravidade além de sua usual pouca significância. Embora a
terminologia das neoplasias lamentavelmente não seja simples, uma firme
compreensão da nomenclatura é importante por ser a linguagem pela qual
a natureza e a significância dos tumores são categorizadas. há quatro
características fundamentais pelas quais se podem distinguir tumores
benignos e malignos: diferenciação e anaplasia, velocidade de
crescimento, invasão local e metástase.
• Neoplasias benignas são compostas por células bem diferenciadas
que se assemelham estreitamente a suas contrapartes normais. Um
lipoma é constituído por células adiposas maduras carregadas com
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vacúolos lipídicos, e um condroma é constituído por células de cartilagem
maduras que sintetizam sua matriz cartilaginosa — evidência de
diferenciação funcional e morfológica. Em tumores benignos bem
diferenciados, normalmente as mitoses são raras e sua configuração é
normal.
• Neoplasias malignas caracterizam-se por ampla gama de
diferenciações celulares parenquimatosas, desde as bem diferenciadas
até as completamente indiferenciadas. Por exemplo, adenocarcinomas
bem diferenciados da tireoide podem conter folículos com aparência
normal. Algumas vezes pode ser difícil distinguir esses tumores das
proliferações benignas. Entre os dois extremos situam-se os tumores
livremente referidos como moderadamente bem diferenciados. O estroma
que contém o suprimento sanguíneo é crucial para o crescimento de
tumores, mas não ajuda na separação dos tumores benignos dos
malignos. A quantidade de tecido conjuntivo estromal determina, porém, a
consistência da neoplasia. Certos cânceres induzem um estroma fibroso
abundante (desmoplasia), tornando-os duros, os chamados tumores
cirrosos.
• Diz-se que as neoplasias malignas compostas por células
indiferenciadas são anaplásicas. A falta de diferenciação, ou anaplasia, é
considerada uma característica de malignidade. O termo anaplasia
significa literalmente “formação retrógrada” — sugerindo desdiferenciação
ou perda de diferenciação estrutural e funcional das células normais.
Taxa de Crescimento
Muitos tumores benignos crescem lentamente, e a maioria dos cânceres
cresce muito mais depressa, eventualmente disseminando-se localmente
e para sítios distantes (por metástase)e causando morte. Mas há muitas
exceções a essa generalização, e alguns tumores benignos crescem com
mais facilidade do que alguns cânceres. Por exemplo, a taxa de
crescimento dos leiomiomas (tumores benignos da musculatura lisa) do
útero é influenciada pelos níveis circulantes de estrógenos. Eles podem
aumentar rapidamente de tamanho durante a gravidez e então cessar o
crescimento, tornando-se em grande parte fibrocalcificados após a
menopausa. Outras influências, como a adequação de suprimento
sanguíneo ou restrições de pressão, também podem afetar a taxa de
crescimento dos tumores benignos. Observa-se que os adenomas da
hipófise encerrados na sela túrcica encolhem-se subitamente.
Presumivelmente, eles sofrem uma onda de necrose, à medida que o
aumento progressivo comprime seu suprimento sanguíneo. Apesar
dessas advertências e da variação na taxa de crescimento de uma
neoplasia para outra, geralmente é verdadeiro que muitos tumores
benignos aumentam de tamanho lentamente no período de meses a anos.
A taxa de crescimento dos tumores malignos normalmente
correlaciona-se inversamente com o seu nível de diferenciação. Em
outras palavras, tumores mal diferenciados tendem a crescer mais
rapidamente do que os tumores bem diferenciados. Entretanto, há ampla
variação na taxa de crescimento. Alguns crescem lentamente durante
anos e então entram em fase de crescimento rápido, significando a
emergência de um subclone agressivo de células transformadas. Outros
crescem de forma relativamente lenta e uniforme; em casos excepcionais,
o crescimento pode chegar quase a parar. De forma ainda mais
excepcional, alguns tumores primários (particularmente coriocarcinomas)
podem se tornar totalmente necróticos, deixando apenas implantes
metastáticos secundários. Apesar dessas raridades, a maioria dos
cânceres aumenta progressivamente de tamanho com o tempo, alguns
lentamente, outros rapidamente, mas a noção de que eles “são
completamente inesperados” não é verdadeira. Muitas linhas de evidência
experimentais e clínicas documentam que a maioria dos cânceres, se não
todos, leva anos e às vezes décadas para evoluir em lesões clinicamente
manifestas. Isso é verdadeiro mesmo nas leucemias “agudas” da infância,
que muitas vezes começam durante o desenvolvimento fetal, apesar de
se manifestarem anos depois. Os tumores malignos de crescimento
rápido geralmente contêm áreas centrais de necrose isquêmica, porque o
suprimento sanguíneo tumoral, derivado do hospedeiro, falha em manter
o mesmo ritmo para atender às necessidades de oxigênio da massa
celular em expansão.
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Invasão Local
Uma neoplasia benigna permanece localizada em seu sítio de origem.
Não tem capacidade de se infiltrar, invadir ou metastatizar-se para locais
distantes, como as neoplasias malignas.
Metástase
As metástases são implantes secundários de um tumor, as quais são
descontínuas com o tumor primário e localizadas em tecidos remotos.
Mais do que qualquer outro atributo, a propriedade da metástase identifica
uma neoplasia como maligna. As neoplasias malignas disseminam-se por
uma de três vias: (1) semeadura nas cavidades corporais,
(2) disseminação linfática ou
(3) disseminação hematogênica.
A disseminação por semeadura ocorre quando as neoplasias invadem
uma cavidade corporal natural. Esse modo de disseminação é
particularmente característico dos cânceres de ovário, que muitas vezes
cobrem amplamente as superfícies peritoneais. Literalmente, os implantes
podem comprometer todas as superfícies peritoneais e, ainda assim, não
invadir os tecidos subjacentes. Há aqui uma situação em que a
capacidade de se reimplantar em outra parte parece ser distinta da
capacidade de invadir. As neoplasias do sistema nervoso central, como o
meduloblastoma ou o ependimoma, podem penetrar nos ventrículos
cerebrais e ser transportadas pelo líquido cefalorraquidiano para se
reimplantar nas superfícies meníngeas, dentro do cérebro ou na medula
espinhal. A disseminação linfática é mais típica dos carcinomas, enquanto
a disseminação hematogênica é favorecida pelos sarcomas. Há
numerosas interconexões, contudo, entre os sistemas linfático e vascular;
assim, todas as formas de câncer podem se disseminar através de um ou
ambos os sistemas. O padrão de envolvimento do linfonodo depende
principalmente do local da neoplasia primária e das vias naturais de
drenagem linfática local. Os carcinomas pulmonares que surgem nas
passagens respiratórias metastatizam-se primeiro para os linfonodos
bronquiais regionais e depois para os linfonodos traqueobronquiais e
hilares. O carcinoma da mama surge normalmente no quadrante externo
superior e dissemina-se primeiramente para os linfonodos axilares.
Entretanto, as lesões mamárias mediais podem drenar através da parede
torácica para os nodos ao longo da artéria mamária interna. Em seguida,
em ambos os casos, os linfonodos supraclaviculares e infraclaviculares
podem ser semeados. Em alguns casos, as células cancerosas parecem
atravessar os canais linfáticos dentro dos linfonodos imediatamente
próximos para serem capturadas em linfonodos subsequentes,
produzindo as chamadas metástases saltadas. As células podem
atravessar todos os linfonodos, alcançando finalmente o compartimento
vascular por meio do ducto torácico. Um “linfonodo-sentinela” é o primeiro
linfonodo regional que recebe o fluxo linfático de um tumor primário. Pode
ser identificado por injeção de corantes azuis ou radiotraçadores próximos
do tumor. A biópsia do linfonodo-sentinela permite a determinação da
extensão da disseminação do tumor e pode ser usada para planejar o
tratamento. Note-se que, embora o aumento de tamanho dos linfonodos
próximos de uma neoplasia primária deva causar preocupações quanto à
disseminação metastática, nem sempre implica envolvimento canceroso.
Os produtos necróticos da neoplasia e os antígenos tumorais com
frequência evocam respostas imunológicas nos linfonodos, como a
hiperplasia dos folículos (linfadenite) e a proliferação de macrófagos nos
seios subcapsulares (histiocitose sinusal). Assim, é necessária a
verificação histopatológica do tumor dentro de um linfonodo aumentado
de tamanho. A disseminação hematogênica é a via favorecida para os
sarcomas, mas os carcinomas também a utilizam. Como seria de esperar,
as artérias são penetradas menos prontamente que as veias. Com a
invasão venosa, as células sanguíneas seguem o fluxo venoso drenando
o local da neoplasia, com as células tumorais frequentemente parando no
primeiro leito capilar que encontram. Como a drenagem de toda a área
portal flui para o fígado e todos os fluxos sanguíneos cavais fluem para os
pulmões, o fígado e os pulmões são os locais secundários envolvidos com
mais frequência na disseminação hematogênica. Os cânceres que
surgem próximos da coluna vertebral quase sempre embolizam-se
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através do plexo paravertebral; essa via provavelmente está envolvida
nas frequentes metástases vertebrais dos carcinomas da tireoide e da
próstata. Certos carcinomas têm propensão a crescer dentro das veias. O
carcinoma de células renais muitas vezes invade a veia renal para crescer
de maneira serpenteante até a veia cava inferior, alcançando algumas
vezes o lado direito do coração. Os carcinomas hepatocelulares
geralmente penetram radículas portais e hepáticas para crescer dentro
delas nos principais canais venosos. Notavelmente, tal crescimento
intravenoso pode não ser acompanhado por disseminação ampla. Muitas
observações sugerem que a localização anatômica de uma neoplasia e
sua drenagem venosa não podem explicar totalmente as distribuições
sistêmicas das metástases. Por exemplo, os carcinomas broncogênicos
tendem a envolver as suprarrenais e o cérebro, e os neuroblastomas
disseminam-se para o fígado e para os ossos. Por outro lado, músculos
esqueléticos, embora ricos em capilares, raramente são o local dedepósitos secundários. A base molecular de tal residência
tecido-específica das células tumorais é discutida posteriormente.
Portanto, numerosas características dos tumores, normalmente permitem
a diferenciação entre neoplasias benignas e malignas.
Referências:
Robbins, patologia básica / Vinay Kumar... [et al] ; [tradução de Claudia Coana...
et al.]. - Rio de Janeiro : Elsevier, 2013. 928 p. : il. ; 28 cm. (Capítulo 5)
4. Exa�� C��op����ógi�� � Col���c��i�;
EXAME CITOPATOLÓGICO (PAPANICOLAU)
O primeiro passo é o adequado preenchimento do formulário de
requisição do exame citopatológico com letra legível e com todas as
informações referentes aos dados pessoais e da Unidade de Saúde
corretos.
O procedimento de coleta propriamente dito deve ser realizado na
ectocérvice e na endocérvice, usando a espátula de Ayres e a escovinha
tipo Campos da Paz. Após a coleta, a fixação deste material na lâmina
deve ser imediata. É fundamental não esquecer que esta lâmina e a caixa
( ou frasco) devem estar
corretamente identificados, da mesma forma que o formulário de
requisição de exames já preenchidos, todos a lápis grafite.
No caso de mulheres histerectomizadas, recomenda-se verificar se o colo
foi mantido. Havendo colo, o exame deve ser procedido regularmente. No
caso de pacientes grávidas, a coleta não é contra-indicada, mas deve ser
realizada de maneira cuidadosa podendo seguir-se de um pequeno
sangramento.
Por que preencher adequadamente todos os dados da ficha de
requisição?
Eles são essenciais para uma correta interpretação do material coletado e
para a busca das mulheres com alterações citopatológicas que não
compareceram para apanhar o seu resultado de exame ou faltarem em
alguma etapa de seu tratamento.
Muitas mulheres não retornam à Unidade de Saúde para conhecer o
resultado de seu exame. Por isso, marque uma data para retorno e a
busca de seu resultado e lembre-as, no momento da coleta de seu
exame, desta necessidade.
Quando a amostra não é satisfatória?
A amostra colhida, ao ser examinada no laboratório, será classificada em:
• amostra insatisfatória;
• amostra satisfatória, mas limitada;
• amostra satisfatória.
Uma amostra será considerada insatisfatória quando há:
• ausência de identificação na lâmina ou na requisição;
• lâmina quebrada ou com material mal fixado;
• células escamosas bem preservadas cobrindo menos de 10% de
superfície da lâmina;
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• obscurecimento por sangue, inflamação, áreas espessas, má fixação,
dessecamento etc., que impeçam a interpretação de mais de 75% das
células epiteliais.
Nestes casos não é possível se dar algum diagnóstico e por isso o exame
deve ser repetido.
Uma amostra será considerada satisfatória mas limitada quando há:
• falta de informações clínicas pertinentes;
•ausência ou escassez de células endocervicais ou metaplásicas
representativas da junção escamo-colunar (JEC) ou da zona de
transformação;
• esfregaço purulento, obscurecido por sangue, áreas espessas,
dessecamento etc.,
que impeçam a interpretação de aproximadamente 50 a 70% das células
epiteliais.
O que fazer com os resultados considerados dentro dos limites da
normalidade?
Recomenda-se que um novo exame seja realizado pelo menos a cada 3
anos. Isto não exclui a necessidade de retorno anual à Unidade de Saúde
para outras consultas, tais como exame clínico das mamas.
Como proceder se o resultado do exame citopatológico repetido
após 6 meses continuar alterado?
Espera-se a regressão espontânea das lesões (ASCUS, AGUS, NIC I e
efeito citopático compatível com HPV) em torno de 80% dos casos. Caso
o resultado continue alterado, a mulher deve ser encaminhada para a
colposcopia.
COLPOSCOPIA
A colposcopia, junto à citologia e à histologia, constitui o tripé no qual se
baseia o diagnóstico das lesões intraepiteliais e invasoras do trato genital
inferior. A colposcopia e a citologia outorgam um diagnóstico de suspeita,
sendo ambas métodos de detecção. A histologia das lesões detectadas
colposcopicamente ou por meio de curetagem endocervical certificam o
diagnóstico. A colposcopia consiste na visualização magnificada do colo
do útero e áreas adjacentes antes e depois da aplicação de ácido acético
e solução de Lugol; ela permite identificar áreas anormais ou suspeitas,
para seu estudo histológico.
➔ Fundamento da Colposcopia
O colposcópio emite um feixe de luz que reflete o estroma produzindo
uma coloração rosa quando se observa o epitélio escamoso plano
poliestratificado não queratinizado, o qual constitui uma membrana
translúcida que permite refletir parte da luz incidente; a coloração rosa é
produzida pela vascularização do estroma. O epitélio cilíndrico, de uma só
camada celular, constitui uma membrana transparente e produz uma
coloração mais avermelhada que o epitélio escamoso, poliestratificado. A
cor refletida, que é o aspecto fundamental da imagem colposcópica,
relaciona-se com a vascularização e a configuração do estroma e com a
espessura do epitélio, que atua como um filtro para a passagem da luz.
Por isso, as imagens colposcópicas são determinadas pelas
características dos epitélios, examinados sem preparação e depois da
aplicação de reativos, e sua relação com o estroma subjacente.
➔ Indicações para Colposcopia
Prevenção secundária do câncer cervical.
a) Programas de rastreamento: os meios para diagnóstico pré-clínico são,
em primeira instância, a citologia, sendo a colposcopia uma técnica de
segundo nível que identifica a lesão para seu estudo histológico e permite,
de acordo com a necessidade, que se defina uma terapêutica adequada.
b) Exame sistemático na consulta ginecológica: colposcopia simultânea à
citologia, em primeiro plano. Avaliação de citologias com atipias. A
indicação mais frequente para referir mulheres para colposcopia é a
citologia cervical anormal, geralmente descoberta como resultado do
rastreamento citológico. Na avaliação de citologias positivas, nas quais
não se acha lesão cervical, é fundamental realizar uma vaginoscopia em
busca de lesões vaginais primárias
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Diagnóstico de pacientes sintomáticas
Em pacientes que consultam por apresentar sinusorragia, spotting ou
metrorragias, é obrigatória uma colposcopia para excluir patologia
cervical, qualquer que seja o resultado do Pap, já que os da citologia.
Estudo de doenças e/ou lesões benignas
A colposcopia permite detectar patologias associadas como infecções,
doenças de transmissão sexual, pólipos, granulomas inflamatórios,
fístulas, malformações, endometriose, rompimentos e traumatismos.
Controle das lesões intraepiteliais durante a gravidez.
Em pacientes com lesões intraepiteliais de alto grau diagnosticadas
durante a gravidez, deve-se realizar seguimento estrito, citocolposcópico,
da paciente a cada dois meses até o término da gravidez, realizando nova
biópsia ante suspeita de progressão da lesão e reavaliação em torno de
6-8 semanas pós-parto para ter uma decisão terapêutica.
Localização das regiões para biópsia.
O achado colposcópico de imagens anormais no colo do útero permite
estabelecer compatibilidade diagnóstica; em todos os casos, o diagnóstico
de certeza será proporcionado pela histologia. Por isso, é função
importante do colposcopista saber interpretar as imagens encontradas
para decidir o local de biópsia, devendo coletar a quantidade de biópsias
que considerar necessárias.
Estudo topográfico das lesões
O tamanho, o comprometimento endocervical, a progressão para a vagina
e a multicentricidade das lesões devem ser avaliadas com precisão
mediante a colposcopia para selecionar a técnica terapêutica.
Genitoscopia.
A técnica colposcópica inclui o exame da vagina e da vulva para excluir
lesões primárias ou multicêntricas do trato genital inferior.
Seguimento das lesões tratadas.
As pacientes submetidas a tratamentos destrutivos locais ou excisionais
devem ser seguidas com citologia e colposcopiapara detectar
persistência (lesões presentes dentro dos 12 meses de realização do
tratamento) e recidiva (lesões presentes depois de 12 meses de
realização do tratamento).
Referências:
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Manual técnico. Prevenção do Câncer de colo de útero.
Disponível em:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/inca/manual_profissionaisdesaude
.pdf. Acesso em: 28 de fev de 2021.
TATTI, Silvio Alejandro. Colposcopia e Patologias do Trato Genital Inferior.
[Digite o Local da Editora]: Grupo A, 2010. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788536323268/cfi/115!/4/
4@0.00:0.00. Acesso em: 26 de fev de 2021.
5. Car����rís�i��s �� �ec��� �or��� d� �o�� d� úte��;
A cérvice é a porção cilíndrica, mais baixa do útero. A estrutura histológica
dessa porção difere do restante do útero. A mucosa é revestida por um
epitélio simples colunar secretor de muco. A cérvice tem poucas fibras de
músculo liso e consiste principalmente (85%} de tecido conjuntivo denso.
A extremidade externa da cérvice, que provoca saliência no lúmen da
vagina, é revestida por epitélio estratificado pavimentoso. A mucosa da
cérvice contém as glândulas mucosas cervicais, que se ramificam
intensamente. Esta mucosa não sofre mudanças notáveis durante o ciclo
menstrual e não descama durante a menstruação. Durante a gravidez, as
células das glândulas mucosas cervicais proliferam e secretam um líquido
mucoso mais abundante e mais viscoso. As secreções cervicais têm um
papel importante na fertilização. Na época da ovulação, as secreções
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http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/inca/manual_profissionaisdesaude.pdf
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/inca/manual_profissionaisdesaude.pdf
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788536323268/cfi/115!/4/4@0.00:0.00
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mucosas são mais fluidas e facilitam a penetração do esperma no útero.
Na fase luteal ou na gravidez, os níveis de progesterona alteram as
secreções mucosas de forma que elas tornam-se mais viscosas e
previnem a passagem de esperma e de microrganismos para o interior do
útero. A dilatação da cérvice que precede o parto se deve a intensa
colagenólise, que promove o amolecimento de sua parede.
Referências:
Junqueira, Luiz Carlos Uchoa, 1920-2006 Histologia básica I L.C.Junqueira e
José Carneiro. - [12. ed]. - Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013. (462)
6. Cat����i�s de al����ções mo���lógi��� (ti��� ce����re�)
do ex��� ci����to�ógi�� (c�a�s�fi��ção de Bet���d� -
Ne�p���i� In���ep����i�l C���ic�� - NI�)
O que é NIC?
A Neoplasia Intraepitelial Cervical (NIC) não é câncer e sim uma lesão
precursora, que dependendo de sua gravidade, poderá ou não evoluir
para câncer.
NIC I é a alteração celular que acomete as camadas mais basais do
epitélio estratificado do colo do útero (displasia leve). Cerca de 80% das
mulheres com esse tipo de lesão apresentarão regressão espontânea.
NIC II é a existência de desarranjo celular em até três quartos da
espessura do epitélio, preservando as camadas mais superficiais
(displasia moderada).
NIC III é a observação do desarranjo em todas as camadas do epitélio
(displasia acentuada e carcinoma in situ), sem invasão do tecido
conjuntivo subjacente. As lesões precursoras de alto grau (NIC II e III) são
encontradas com maior frequência na faixa etária de 35 a 49 anos,
especialmente entre as mulheres que nunca realizaram o exame
citopatológico (Papanicolaou).
No resultado compatível com NIC I recomenda-se a repetição do exame
citopatológico após 6 meses. Não se esqueça de agendar esta próxima
consulta.
Nos resultados compatíveis com NIC II ou NIC III recomenda-se o
encaminhamento imediato para a colposcopia, para confirmação
histopatológica de que não há invasão do tecido conjuntivo.
O que é efeito citopático compatível com o HPV?
O exame citopatológico não diagnostica a infecção pelo HPV e nem o seu
tipo, mas existem alterações celulares que sugerem a presença deste
vírus, tais como células paraceratóticas, escamas anucleadas, coilocitose,
cariorrexis ou núcleos hipertróficos
com cromatina grosseira.
Neste caso, recomenda-se a repetição do exame citopatológico
(Papanicolau) após 6 meses.
Resultados que podem ser encontrados no exame citopatológico e
conduta a ser adotada
O que são ASCUS e AGUS?
Estes termos foram introduzidos na nomenclatura citopatológica nacional
em 1993 e correspondem às atipias de significado indeterminado em
células escamosas (ASCUS) e em células glandulares (AGUS).
Sob esses diagnósticos estão incluídos os casos com ausência de
alterações celulares que possam ser classificadas como Neoplasia
Intraepitelial Cervical, porém com alterações citopatológicas que merecem
uma melhor investigação e acompanhamento.
Recomenda-se a repetição do exame citopatológico (Papanicolaou) após
6 meses.
O que são carcinoma e adenocarcinoma?
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Carcinoma escamoso invasivo e Adenocarcinoma invasivo – ocorrem
quando as alterações celulares se tornam mais intensas e o grau de
desarranjo é tal que as
células invadem o tecido conjuntivo do colo do útero abaixo do epitélio. O
exame histopatológico irá determinar o grau da invasão, o que é
necessário para o correto tratamento.
Recomenda-se que as mulheres com este diagnóstico sejam
encaminhadas imediatamente para a colposcopia.
SISTEMA DE BETHESDA
Tradicionalmente, as alterações celulares causadas pelo HPV eram
consideradas separadamente dos verdadeiros precursores do câncer de
colo uterino, que eram divididos em quatro categorias (displasia leve,
moderada, severa e CIS) ou em três (NIC 1, NIC 2 e NIC 3), segundo as
diferentes classificações. Essas categorias refletiam o que se percebia
como um contínuo biológico das lesões cervicais. Em compensação, as
modificações realizadas pelo SB 2001 refletem o conceito atual: que estas
lesões cervicais não configuram um continuum lesional. Foi comprovado
que são duas condições completamente diferentes. Por um lado, a
infecção viral causada pelo HPV, lesão escamosa intraepitelial de baixo
grau e, por outro, um precursor do câncer cervical induzido pelo HPV, a
lesão intraepitelial de alto grau. As contribuições mais importantes do SB
são:
1) a categorização geral do esfregaço;
2) a dupla classificação das lesões escamosas cervicais; e
3) a inclusão da qualidade dos esfregaços nos laudos citológicos.
As categorias do SB são três:
1) negativo para lesão intraepitelial ou malignidade;
2) anomalias nas células epiteliais; e
3) outros.
Consideram-se negativas para LIE ou malignidade as alterações reativas,
por radiação, as alterações por DIU e as infecções causadas por
microorganismos específicos (cândida, vaginose bacteriana e herpes
simples). A classificação das lesões intraepiteliais em dois tipos de baixo
grau LIEBG e de alto grau LIEAG, ao reduzir o número de categorias,
melhora a variabilidade interobservador e a reprodutibilidade
intra-observador e, por outro lado, reflete a diferença no acompanhamento
clínico destas lesões. Nos anos 1980 e 1990, o manejo clínico das lesões
cervicais estava intimamente ligado à identificação de todos os casos de
LIE; toda lesão escamosa intraepitelial representava precursores que
exigiam colposcopia e tratamento. Atualmente, reconhece-se que as
lesões de baixo grau representam infecções autolimitadas de HPV e que
a ênfase do manejo clínico deve ser aplicada ao diagnóstico e tratamento
das lesões de alto grau. A inclusão da qualidade do esfregaço no laudo
citológico é considerada por muitos autores como o fator de controle de
qualidade mais importante, uma vez que as causas de erro em citologia
cervical são, em 70 a 80% dos casos, defeitos de amostragem. O SB
2001 recomenda incluir em todos os laudos a informação sobre o
esfregaço ser satisfatório ou insatisfatório para avaliação, incluindo
também osindicadores de qualidade, tais como presença de componente
endocervical e da zona de transformação, escurecimento do esfregaço
por sangue ou inflamação, entre outros. A presença de componente
endocervical não é necessária para que a amostra seja considerada
satisfatória. Contudo, é necessário informar se está presente ou não. Para
considerar um esfregaço insatisfatório, é necessária uma avaliação
exaustiva da amostra. Em caso de estar inadequadamente preservada,
com fraturas ou defeitos de fixação, deve ser considerada insatisfatória e
é preciso esclarecer no laudo que não foi processada, indicando as
causas. Em esfregaços processados e insatisfatórios, o laudo também
deve assinalar isso e incluir os fatores limitadores. Considera-se que um
esfregaço é insatisfatório quando 75% das células escamosas estão
escurecidas por inflamação ou glóbulos vermelhos. Considera-se
suficiente quando há mais de 8 a 12 mil células escamosas bem
preservadas em esfregaços convencionais e 5 mil nos esfregaços em
base líquida. Na presença de atipia celular, ou de qualquer anomalia
citológica, os esfregaços não devem ser informados como insatisfatórios.
O SB 2001 subclassifica as células escamosas atípicas (ASC),
enfatizando as diferenças entre probabilidade de ser uma lesão de alto ou
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baixo grau. Recomenda subdividir a ASC em duas categorias: 1) ASC-US,
células escamosas atípicas de significado indeterminado, que são
alterações sugestivas de LIE quantitativa e qualitativamente insuficientes
para um diagnóstico definitivo; e 2) ASC-H, que são células escamosas
atípicas que não permitem excluir LIEAG. Os ASC-US são anomalias
sugestivas tanto de uma lesão de baixo grau quanto de grau
indeterminado. Apesar de que a maioria das mulheres com ASC-US
apresenta um LSIL no acompanhamento, é possível ver LIEAG em 10 a
20% dos casos. Em qualquer laboratório, a maioria dos esfregaços
atípicos deve ser ASC-US; em compensação, espera-se que apenas 10%
deles sejam ASC-H. Os esfregaços ASC-H estão associados a uma
porcentagem maior de LIEAG. O SB 2001 também incorpora
modificações no laudo das anomalias das células glandulares (AGC). Os
achados glandulares atípicos devem ser informados segundo o tipo
celular de origem, endocervical ou endometrial, enquanto for possível, e a
atipia glandular deve ser informada como NOS ou como provavelmente
maligna.
Referências:
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Manual técnico. Prevenção do Câncer de colo de útero.
Disponível em:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/inca/manual_profissionaisdesaude
.pdf. Acesso em: 28 de fev de 2021.
MERCEDES, G.; (EDS.), M.E.F. Manual de Citopatologia Diagnóstica. [Digite o
Local da Editora]: Editora Manole, 2013. 9788520436066. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788520436066/cfi/91!/4/4
@0.00:29.5. Acesso em: 28 de fev de 2021.
7. fisi����ol���a e fa����s de ri��� do H�� e su� infl�ên�i�
no ����n�o�v����to �� �ân�e� d� ���o d� úte��;
O HPV, agente causador da neoplasia cervical, tem tropismo para as
células escamosas imaturas da zona de transformação. A maioria das
infecções por HPV é transitória e eliminada em poucos meses por uma
resposta inflamatória aguda e crônica. No entanto, um subconjunto de
infecções persiste, e algumas delas progridem para neoplasia intraepitelial
cervical (NIC), uma lesão precursora a partir da qual mais carcinomas
invasivos do colo do útero se desenvolvem. O HPV é detectável por
métodos moleculares em quase todos os casos de NIC e carcinoma
cervical.
Embora a infecção por HPV ocorra nas células escamosas mais imaturas
da camada basal, a replicação do DNA de HPV ocorre em células
escamosas sobrejacentes mais diferenciadas. Células escamosas nessa
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http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/inca/manual_profissionaisdesaude.pdf
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fase de maturação normalmente não replicam o DNA, mas as células
escamosas infectadas por HPV, sim, como consequência da expressão
de duas oncoproteínas potentes codificadas no genoma do HPV,
chamadas E6 e E7. As proteínas E6 e E7 ligam e inativam dois
supressores tumorais críticos, o p53 e o Rb, respectivamente e, ao
fazê-lo, promovem o crescimento e o aumento da suscetibilidade a
mutações adicionais que podem, eventualmente, levar à carcinogênese.
Os sorotipos reconhecidos de HPV podem ser classificados como tipos de
alto ou baixo risco com base em sua propensão para induzir
carcinogênese. A infecção de alto risco por HPV é o fator de risco mais
importante para o desenvolvimento de NIC e carcinoma. Duas cepas de
alto risco de HPV, os tipos 16 e 18, são responsáveis por
aproximadamente 70% dos casos de NiC e carcinoma cervical. Em geral,
infecções com sorotipos de alto risco de HPV são mais propensos a
persistir, o que é um fator de risco para a progressão para o carcinoma.
Esses subtipos de HPV também apresentam propensão a integrar o
genoma da célula hospedeira, um evento que está ligado à progressão.
Cepas de baixo risco de HPV (p. ex., dos tipos 6 e 11), por outro lado,
estão associadas ao desenvolvimento de condilomas do trato genital
inferior e não se integram ao genoma do hospedeiro, permanecendo
como DNA viral livre epissômico. Apesar da forte associação da infecção
pelo HPV com o câncer do colo do útero, o HPV não é suficiente para
conduzir o processo neoplásico. Como mencionado adiante, várias lesões
precursoras de alto grau de infecção por HPV não progridem para câncer
invasivo. A progressão de displasias cervicais para câncer do colo do
útero tem sido atribuída a diversos fatores, como estado imune e
hormonal ou coinfecção com outros agentes sexualmente transmissíveis.
Neoplasia Intraepitelial Cervical (NIC)
A carcinogênese relacionada com o HPV começa com a alteração
pré-cancerosa epitelial denominada NIC, que geralmente precede o
desenvolvimento de um câncer evidente por muitos anos, por vezes
décadas. Em consonância com essa ideia, a incidência de NIC atinge o
ponto máximo por volta dos 30 anos de idade, enquanto o carcinoma
invasivo atinge o ponto máximo por volta dos 45 anos de idade. A NIC
normalmente começa com displasia de baixo grau (NIC I) e progride para
displasia moderada (NIC II) e, então, displasia grave (NIC III) ao longo do
tempo; entretanto, exceções foram relatadas, e alguns pacientes já têm
NIC III quando a condição é diagnosticada pela primeira vez. De modo
geral, quanto maior o grau de NIC, maior a probabilidade de progressão; é
importante destacar, no entanto, que em muitos casos até mesmo lesões
de alto grau não evoluem para o câncer, e podem até regredir. Como as
decisões sobre o manejo do paciente são de dois níveis (ou seja,
observação versus tratamento cirúrgico), esse sistema de classificação de
três níveis foi recentemente simplificado para um sistema de dois níveis,
com NIC I renomeado para lesão intraepitelial escamosa de baixo grau
(LiEBG) e NIC II e NIC III combinados em uma categoria denominada
lesão intraepitelial escamosa de alto grau (LiEAG).
Referências:
Robbins, patologia básica / Vinay Kumar... [et al] ; [tradução de Claudia Coana...
et al.]. - Rio de Janeiro : Elsevier, 2013. 928 p. : il. ; 28 cm. (Capítulo 5)
8. Me��s de co��ági�, p�e��nção, si���� e si���m��,
di���ós�i�� � t�a��m���o d� H��;
Além de aspectos relacionados à própria infecção pelo HPV (tipo e carga
viral, infecção única ou múltipla), outros fatores ligados à imunidade, à
genética e ao comportamento sexual parecem influenciar os mecanismos
ainda incertos que determinam a regressão ou a persistência da infecção
e também a progressão para lesões precursoras ou câncer. A idade
também interfere nesse processo, sendoque a maioria das infecções por
HPV em mulheres com menos de 30 anos regride espontaneamente, ao
passo que acima dessa idade a persistência é mais frequente.
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EPIDEMIOLOGIA:
O HPV pode acometer pessoas de qualquer idade, mas é mais frequente
na faixa compreendida entre 20 e 40 anos, período de maior atividade
sexual.
Podemos dizer que ela é ENDÊMICA entre os indivíduos sexualmente
ativos. Pelo menos 50 das mulheres sexualmente ativas são ou já foram
portadoras aos 50 anos de idade. É a infecção sexualmente transmitida
mais comum do trato genital feminino. No Brasil, os dados estatísticos
são escassos e não traduzem, certamente, a verdadeira magnitude da
infecção induzida pelo HPV. No entanto, confirmam a tendência mundial
de avanço da virose.
CLÍNICA:
Após a exposição, o vírus coloniza todo o epitélio do trato genital
inferior. Pode, então, existir uma ampla variação individual de
manifestações clínicas, que, provavelmente, são reguladas pela resposta
imunológica local ou sistêmica do hospedeiro, além da presença ou
ausência de cofatores. A infecção pelo HPV pode ter diferentes
evoluções:
• Cura espontânea, com desaparecimento do vírus;
• Persistência do vírus associada à citologia normal ou a alterações
citopáticas discretas;
• Alterações celulares transitórias que desaparecem
espontaneamente;
• Alterações celulares que, apesar de persistentes, não progridem;
• Alterações celulares que evoluem para carcinoma in situ ou invasivo.
A lesão mais evidente é o condiloma acuminado, que acomete a vulva
e a pele do períneo e, menos frequentemente, o colo uterino.
Os tipos virais mais comumente associados a estas lesões são o 6 e o 11.
DIAGNÓSTICO:
As lesões exofíticas hiperplásicas são facilmente identificadas à
inspeção, porém recomenda-se a confirmação histológica. As lesões
do epitélio escamoso da ectocérvice são menos óbvias, e são, em geral,
surpreendidas em colpocitologia de rotina. Uma vez identificadas, na
dependência do tipo de lesão, está indicado o acompanhamento
citológico ou a realização de colposcopia com biópsia da área alterada.
No caso de condiloma acuminado do colo uterino, por mais típica
que possa parecer a lesão, a confirmação histopatológica é
recomendável.
Além do exame colposcópico e histológico, é possível a realização de
testes para identificação do subtipo viral a partir do seu DNA, na
tentativa de estabelecer um prognóstico. No entanto, ainda não está
claro o valor da tipagem viral na prática clínica
TRATAMENTO:
Quanto ao tratamento do HPV, é importante salientar que o objetivo
principal do tratamento não é a erradicação do vírus, pois ainda não
temos drogas ou métodos capazes de conseguir este objetivo, mas sim
destruir a lesão que está causando. Na verdade quem destrói o
vírus é o sistema imunológico da paciente.
É notório que a simples presença do vírus, sem ocasionar nenhuma
lesão, não necessita de tratamento, além do que, boa parte das
lesões, principalmente condilomas pequenos e lesões de baixo grau,
tem grande potencial de regressão espontânea. No entanto, deve-se
pensar em tratamento do HPV por vários motivos:
(a) Erradicar condilomas acuminados por questões estéticas, para
evitar infecções secundárias e para prevenção de possível
malignidade, pois, apesar de os condilomas viróticos estarem
associados principalmente a vírus de baixo risco (HPV 6 e
11), em 5% dos casos podemos encontrar também vírus de alto
risco;
(b) Prevenir a evolução para malignidade, pois as lesões cervicais
intraepiteliais de alto grau e as lesões vulvares de alto grau
podem progredir para um carcinoma invasor;
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(c) Prevenção da transmissão vertical, principalmente em condilomatose
durante a gravidez, que aumenta significativamente a possibilidade de
transmissão durante a passagem do canal de parto, que pode ocasionar a
papilomatose juvenil recorrente, além de diminuira possibilidade
de formação de condilomas gigante, o que poderia obstruir um parto
via vaginal;
(d) Prevenção da transmissão horizontal, pois a infecção pelo HPV é uma
DST e a destruição das lesões clínicas e subclínicas diminui a
possibilidade de transmissão a outros contatos.
Como em toda infecção, estão indicadas medidas geraiscomo higiene;
recomendação do uso de preservativo na relações sexuais;
encaminhamento do parceiro para investigação e orientação; e tratamento
das infecções secundárias.
VACINAS:
Duas vacinas estão aprovadas no Brasil: a vacina quadrivalente (HPV
6, 11, 16, 18) da Merck Sharp & Dohme (MSD) e a vacina
bivalente (HPV 16, 18) da Glaxo Smith Kline (GSK). Ambas as vacinas
compõem-se de VLP (em inglês, Virus Like Particle ou VLP) ou
partículas semelhantes ao vírus. Estas partículas ocas não contêm o
DNA infectante do vírus, mas sim seu capsídeo viral, a proteína L1 do
HPV sem poder infectante. Essas VLPs são produzidas em um fungo
(Saccharo yces cerevisiae). Cada tipo viral tem uma VLP correspondente
para uso como vacina. Assim, uma vacina bivalente tem duas VLP
(16,18). Já uma vacina quadrivalente tem quatro VLP (6, 11, 16, 18).
A via de administração de ambas as vacinas é intramuscular (0,5 ml).
A vacina quadrivalente é administrada em três doses. Inicialmente, a
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a
vacina quadrivalente para uso em meninas e mulheres com 9 a 26
anos de idade. A Anvisa aprovou também a vacina bivalente para
administração em meninas e mulheres na faixa etária de 10 a 25 anos.
Atualmente, ambas as vacinas podem ser administradas até os 45
anos.
Após a administração de dose de vacina contra HPV por via
intramuscular, acontece uma enorme produção de anticorpos circulantes
no sangue periférico, que se mantém em níveis elevados durante
anos. Atualmente, sabe-se que a proteção, após esquema vacinal
completo (três doses),possui duração de mais de cinco anos. Ainda não
está definido se haverá necessidade de uma quarta dose de reforço. Já
existe um estudo em andamento, mas será necessário aguardar seus
resultados para uma resposta definitiva.
No entanto, é preciso aguardar mais evidências para não tirar
conclusões precipitadas. A maioria dos especialistas recomenda que
uma mulher que queira engravidar em seguida à administração
das doses de vacina contra HPV espere, pelo menos, um mês após a
aplicação da terceira dose. Caso ocorra gravidez entre os intervalos
das doses, o médico deve ser avisado.
É importante salientar que, em virtude do alto custo das vacinas e quanto
ao impacto na saúde pública, elas não substituirão a citologia. Como as
vacinas não protegem contra todos os subtipos do HPV, a
colpocitologia deverá ser coletada, mesmo em mulheres vacinadas.
FATORES DE RISCO:
Fatores de risco importantes para o desenvolvimento de NIC e carcinoma
invasivo; portanto, estão diretamente relacionados com a exposição ao
HPV e incluem:
- Idade precoce na primeira relação sexual (antes dos 16 anos)
(deve ser desestimulada nos dois primeiros anos após a
menarca)
- Múltiplos parceiros sexuais
- Parceiro masculino commúltiplos parceiros sexuais anteriores
- Infecção persistente porcepas de alto risco de vírus do
papiloma.
Parceiro Sexual:
Há um risco quatro a cinco vezes maior de câncer de colo em
mulheres que tiveram parceiros com câncer de pênis. Além disso,
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parceiros com início precoce da atividade sexual, com vários episódios
prévios de DST, com visitas frequentes a profissionais do sexo, e
tabagistas aumentam a chance da parceira apresentar câncer cervical.
Outras Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST):
A presença de outras doenças sexualmente transmissíveis, como
herpes, gonorreia, sífilis ou clamídia, aumenta o risco de câncer de colo
uterino.
Uso de Anticoncepcional Oral (ACO):
São necessários estudos adicionais para desvendar qual a real
participaçãodestes medicamentos na etiopatogenia do câncer de
colo uterino. Provavelmente, a relação com o câncer de colo uterino
não se deve só aos efeitos da pílula, mas possivelmente ao
comportamento sexual deste grupo de mulheres, que se expõem mais a
doenças sexualmente transmissíveis ao não utilizarem preservativos
rotineiramente.
Deficiências vitamínicas:
No colo do útero, a vitamina A parece ser um importante fator na
manutenção da integridade do epitélio escamoso. A carência desta
vitamina está associadaao aumento da incidência do câncer de colo, e
os níveis séricos de vitaminas A e C tendem a ser
progressivamente mais baixos à medida que a doença se torna mais
avançada.
Tabagismo:
É um importante fator na gênese do câncer de colo. Está diretamente
relacionado com a carga tabágica (tempo de consumo e número de
cigarros). O mecanismo de ação está relacionado com o efeito
carcinogênico direto da nicotina e cotinina no muco cervical e com a
redução da resposta imune a partir da menor atividade das células natural
killer e da redução de IgG e IgA.
Imunidade:
Pacientes HIV positivas, lúpicas, diabéticas, transplantadas em uso
de corticoterapia ou quimioterapia e/ou radioterapia apresentam
comprometimento da sua imunidade e estão sob maior risco de
desenvolver câncer de colo uterino. Cabe aqui a lembrança de que o
carcinoma invasor do colo uterino em paciente HIV positiva é considerado
neoplasia definidora de caso de AIDS.
Deficiências de Alfa-1-antitripsina:
A deficiência de alfa-1-antitripsina é rara e é a única alteração genética
associada ao câncer de colo uterino. É mais comum na raça negra.
Baixo nível socioeconômico:
Todos os fatores de risco são mais prevalentes em mulheres de
nível socioeconômico mais baixo, o que, somado às dificuldades de
acesso aos meios de diagnóstico e tratamento precoce, confere a esta
população uma alta incidência da doença.
Referências:
medgrupo (ginecologia)
TATTI, Silvio Alejandro. Colposcopia e Patologias do Trato Genital Inferior.
[Digite o Local da Editora]: Grupo A, 2010. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788536323268/cfi/80!/4/4
@0.00:0.00. Acesso em: 28 de fev de 2021.
9. Man��� e re����n�ações a� pa����te co� H�� na re��
de ����ção à Saúde;
Não existe tratamento com comprovação científica de eficácia para a
infecção pelo HPV quando não há lesão precursora ou verrugas. Nesta
situação, fazemos o esclarecimento e recomendamos que a mulher
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https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788536323268/cfi/80!/4/4@0.00:0.00
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mantenha seu exame preventivo em dia, como recomendado acima. Caso
surja uma verruga ou seu preventivo apresente alguma suspeita de lesão
precursora, o que não é o mais frequente, ela deverá seguir a orientação
de seu médico. O tratamento das verrugas é variado e deve ser escolhido
conforme a vontade da mulher e experiência do médico. Estes podem ser
a aplicação de uma substância ácida no próprio consultório, aplicação de
medicamentos sob a forma de creme pela própria paciente ou até a
retirada cirúrgica ou cauterização elétrica, em casos especiais (múltiplas e
extensas lesões). Já as lesões precursoras podem ser tratadas
destrutivamente (por várias formas) ou retiradas cirurgicamente. A maioria
dessas lesões em mulheres jovens (até 40 anos) é retirada sob anestesia
local durante a colposcopia. Em algumas situações, mais comuns em
mulheres mais maduras, pode ser necessária uma cirurgia um pouco mais
profunda, que deve ser feita em centro cirúrgico: a conização do colo do
útero. Ambas são realizadas pela vagina e com baixo risco de
complicações.
A infecção pelo HPV é de difícil prevenção, pois depende do contato de
pele doente com pela sadia e não depende da ejaculação. Assim, a
camisinha deve ser usada durante toda a relação sexual. Ter um número
reduzido de parceiros sexuais também pode contribuir para a redução do
risco dessa infecção. Já a prevenção do câncer de colo deve ser feita pela
realização regular do preventivo
Referências:
FIOCRUZ. Prevenção e tratamento do HPV. 2018. Disponível em:
https://portal.fiocruz.br/noticia/prevencao-e-tratamento-do-hpv. Acesso em: 02
de mar de 2021.
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