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Jéssica Laís Petry Bases Farmacêuticas da Imunologia e Hematologia Clínica Hematopoese: A hematopoiese (ou hemopoese) é processo pelo qual são formadas as células do sangue. Ela abrange todos os fenômenos relacionados com a origem, a multiplicação e a maturação de células primordiais ou precursoras das células sanguíneas. Sangue é um líquido viscoso dividido em duas partes: • Parte Líquida: plasma (formado principalmente por água, mas também por íons, glicose, hormônios e proteínas. • Parte Sólida: elementos figurados que são as plaquetas e as células. * Chamamos de elementos figurados pois as plaquetas não são células, e sim, pedaços de citoplasma que se soltam das células da medula e vão parar na corrente sanguínea. Constituição do Sangue Porção Celular (45% do volume) - células Porção Acelular (55% do volume) – plasma Adulto de 70kg 5,5 litros de sangue pH alcalino básico 7,35 – 7,45 Jéssica Laís Petry Elementos do Sangue Monócito são um tipo de glóbulo branco que combate certas infecções e ajuda outras células sanguíneas a remover tecidos mortos ou danificados, destruir células cancerosas e regular a imunidade contra substâncias estranhas Linfócito são um tipo específico de glóbulo branco e estão relacionados com a proteção do nosso organismo. Podemos classificá-los em linfócito T, B e células NK. Os linfócitos são células do sistema imunológico relacionadas com a defesa do organismo. Neutrófilo são as primeiras células a migrar para sítios de infecção e desempenham importante papel na defesa contra vários patógeno Eosinófilo são especialmente importantes na defesa contra as infecções parasitárias Basófilo são células importantes para o sistema imune, estando normalmente aumentados em casos de alergia ou inflamação prolongada como asma, rinite ou urticária por exemplo Eritrócito também conhecidas como eritrócitos ou glóbulos vermelhos, são células encontradas em grande quantidade em nosso sangue, células ricas em hemoglobina, um pigmento responsável por dar cor ao sangue e que também garante o transporte de oxigênio e também de gás carbônico por essa célula Plaquetas desempenham papel essencial no processo de formação do tampão plaquetário, sendo fundamental para evitar grandes sangramentos Megacariócito é a célula da medula óssea que dá origem as plaquetas Jéssica Laís Petry Origem das Células Sanguíneas: Células Tronco As células tronco são indiferenciadas, ou seja, não são especializadas. Para ser uma célula tronco precisa possuir duas características: ter capacidade de autor renovação (originar células iguais a ela mesma) e ter capacidade de diferenciação (gerar células especializadas entre os tecidos). Células são classificadas em 3 níveis principais: Totipotentes: células que originam qualquer outra célula do corpo (tanto tecido embrionário quanto extraembrionário) Pluripotentes: células que originam qualquer outra célula do corpo exceto células do tecido extraembrionário Multipotentes: células distribuídas praticamente em todos os tecidos, no adulto e originam um numero limitado de novas células, são responsáveis pela renovação Tecido extra embrionário: placenta, cordão umbilical e saco vitelino. O saco vitelino é um anexo embrionário presente no início da gestação e desempenha importantes funções durante o desenvolvimento, tais como nutrição do embrião, síntese proteica, atividade fagocitária, transferência de materiais e também a capacidade de originar células-tronco multipotentes, através da hematopoese Jéssica Laís Petry Nas primeiras semanas da gestação, o saco vitelino é o principal local da hematopoese. A hematopoese definitiva, entretanto, deriva de uma população de células-tronco observada, pela primeira vez, na aorta dorsal. Acredita-se que esses precursores comuns às células endoteliais e hematopoiéticas (hemangioblastos) aninhem-se no fígado, no baço e na medula óssea; de 6 semanas até 6 a 7 meses de vida fetal, o fígado e o baço são os principais órgãos hematopoiéticos e continuam a produzir células sanguíneas ate cerca de duas semanas após o nascimento. A medula óssea é o sitio hematopoiético mais importante a partir de 6 a 7 meses de vida fetal e, durante a infância e a vida adulta, é a única fonte de novas células sanguíneas. As células em desenvolvimento situam-se fora dos seios da medula óssea; as maduras são liberadas nos espaços sinusais e na microcirculação medular e, a partir dai na circulação geral. Nos primeiros anos, toda a medula óssea é hematopoiética, mas, durante o resto da infância, há substituição progressiva da medula dos ossos longos por gordura, de modo que a medula hemopoética no adulto é confinada ao esqueleto central e as extremidades proximais do fêmur e do úmero. Mesmo nessas regiões hematopoéticas, cerca de 50% da medula é composta de gordura. A medula óssea gordurosa remanescente é capaz de reverter para hematopoética e, em muitas doenças, também pode haver expansão da hematopoese aos ossos longos. Além disso, o fígado e o baço podem retomar seu papel hematopoético fetal (“hamtopoese extramedular”). Célula-Tronco Hematopoiética (CTH) Fontes: Medula óssea – cerca de 1% Sangue periférico – pequena quantidade (quase nada) Cordão Umbilical e placentário – em torno de 1,9% quase 2% A hematopoese inicia-se com uma célula-tronco pluripotente, que tanto pode autorrenovar-se como também dar origens as destintas linhagens celulares. Essas células são capazes de repovoar uma medula cujas células-tronco tenham sido eliminadas por irradiação ou quimioterapias letais. As células-tronco hematopoéticas são escassas, talvez uma em 20 milhões de células nucleadas Jéssica Laís Petry da medula óssea. Embora tenham fenótipo exato desconhecido, ao exame imunológico são CD34+, CD38- e tem a aparência de um linfócito de tamanho pequeno ou médio. Residem em “nichos” especializados. A diferenciação celular a partir da célula-tronco passa por uma etapa de progenitores hematopoéticos comprometidos, isto é, com potencial de desenvolvimento restrito. A célula-tronco tem capacidade de auto renovação, de modo que a celularidade geral da medula, em condições estáveis de saúde, permanece constante. Há considerável ampliação na proliferação do sistema: uma célula tronco, depois de 20 divisões celulares, é capaz de produzir cerca de 106 células sanguíneas maduras. As células precursoras, contudo, são capazes de responder a fatores de crescimento hematopoético com aumento de produção seletiva de uma ou outra linhagem celular de acordo com as necessidades. Características Para ser uma célula-tronco precisa ter o fenótipo (molécula que fica na membrana da célula) CD34 e CD90 e ausência do CD38 Precisa ter a capacidade de: Auto Renovação / Multiplicação: capacidade de originar mais células hematopoéticas (progenitoras). Diferenciação: capacidade de se diferenciar e se especializar em tecidos específicos Mobilização: capacidade de migração da medula óssea para a corrente sanguínea, processo fundamental em casos de transplante, quando não se deseja retirar a medula (é feita então uma estimulação com fatores de crescimento e depois realizada a coleta sanguínea) O filgrastim, também conhecido pelos nomes comerciais Granulokine e Neupogen é um fator de crescimento de glóbulos brancos (fator estimulador de colônias de granulócitos) e pertence a um grupo de medicamentos chamado citocinas. Fatores de crescimento são proteínas que são produzidas naturalmente no corpo, mas também podem ser feitas utilizando biotecnologia para uso como um medicamento. Granulokine funciona estimulando a medula óssea a produzir mais glóbulos brancos. Homing: capacidade de migração de volta para a medula óssea, processofundamental em transplante sem ele o transplante não funciona, pois ao administrar células tronco por transplante elas entram na corrente sanguínea e precisam migrar para a medula óssea da pessoa transplantada para ocorrer a pega da medula. Para que essa migração ocorra existem tecidos de suporte no estroma com moléculas produzidas que formam um caminho para facilitar a volta dessas células. A pega da medula pode levar de 1 a 3 semanas Jéssica Laís Petry MEDULA ÓSSEA É DIFERENTE DE MEDULA ESPINHAL A medula óssea é um tecido líquido que ocupa a cavidade dos ossos, e a medula espinhal é formada de tecido nervoso que ocupa o espaço dentro da coluna vertebral e tem como função transmitir os impulsos nervosos, a partir do cérebro, para todo o corpo. Estroma da medula óssea A medula óssea constitui-se em ambiente adequado para sobrevida, auto renovação e formação de células progenitoras diferenciadas. Esse meio é composto por células do estroma e uma rede microvascular. As células do estroma incluem adipócitos, fibroblastos, células endoteliais e macrófagos, e secretam moléculas extracelulares, como colágeno, glicoproteínas (fibronectina e trombospondina) e glicosaminoglicanos (ácido hialurônico e derivados condroitinicos) para formar uma matriz extracelular, além de secretarem vários fatores de crescimento necessários a sobrevivência da célula-tronco. Células do estroma são as principais fontes de fatores de crescimento, com exceção da eritropoetina – 90% são sintetizados no rim – e da trombopoetina, sintetizada principalmente no fígado. Fatores de Crescimento Hematopoiéticos (FCH) O que são? Célula-tronco sabe o rumo dela sofrendo fatores de crescimento hematopoiéticos (FCH), que são as glicoproteínas liberadas na medula óssea. Quem produz? Estroma Como Agem? Agem de duas formas: Jéssica Laís Petry De forma direta ligando-se ao receptor da célula-tronco e libera estímulos sobre ela De forma indireta estimulando outras células a liberar mais hormônios de crescimento. Os fatores de crescimento hematopoéticos são hormônios glicoproteicos que regulam a proliferação e a diferenciação das células progenitoras hematopoéticas e a função das células sanguíneas maduras. Podem agir no local em que são produzidos por contato célula a célula ou podem circular no plasma. Também podem ligar-se a matriz extracelular, formando nichos aos quais aderem as células-tronco e as células progenitoras. Os fatores de crescimento podem causar não só proliferação celular, mas também podem estimular a diferenciação, a maturação, prevenir a apoptose e afetar as funções de células maduras. Um aspecto importante dos fatores de crescimento é que eles podem agir sinergicamente no estimulo a proliferação ou diferenciação de uma célula em particular, além disso, a ação de um fator de crescimento em uma célula pode estimular a produção de outro fator de crescimento ou de um receptor de fator. Jéssica Laís Petry Quem realiza a hematopoese? ÓRGÃOS HEMATOPOIÉTICOS 1º Período (Intra-uterino) Fase pré-hepática = quando o sangue é produzido pelo saco vitelino Fase hepatoesplênica = quando há produção de sangue pelo fígado e pelo baço Fase esplenomieloide = quando há produção de sangue pelo baço e pela medula óssea 2º Período (Extra-uterino) Fase de criança (até a puberdade) = do início da vida até a puberdade todos os ossos tem medula óssea Fase de adulto (até 60 anos) = gradualmente vai diminuindo a produção sanguínea óssea Fase de idoso (acima de 60 anos) = praticamente não há mais produção sanguínea de medula óssea Jéssica Laís Petry Medula óssea Criança de 15 kg Espaço medular total = 1600 mL Medula vermelha ativa = 1000 a 1400 mL Adulto de 70 kg Espaço medular total = 2600 a 4000 mL Medula vermelha ativa = 1200 a 1500 mL Medula Vermelha – é a medula ativa, capaz de produzir sangue Medula Amarela (reversível > de 4 anos) – medula com bastante gordura, produz tecido adiposo Medula Cinza (irreversível < de 50 anos) – medula cheia de fibroblastos, incapaz de produzir sangue Componentes da Medula Óssea: - Estroma - Células hematopoiéticas Jéssica Laís Petry Fase Criança Não há reserva hematopoiética nos ossos, todo sistema está em funcionamento. Em patologias: hematopoese extramedular (fígado e baço voltam a produzir células-tronco) Casos graves: hepato e esplenomegalia Baço é o cemitério das células, todas as células mortas ficam no baço, pois é ele que fagocita as células. Então quando há acumulo de células no baço causa a talassemia maior. Jéssica Laís Petry Deformidade óssea facial (hipertrofia do osso maxilar) em paciente com talassemiamaior. Fase Adulta Involução medular (medula vermelha → amarela) Em patologias: medula amarela → vermelha (hiperplasia) Fase Idoso Menor reatividade do tecido hematopoiético Maior fragilidade do tecido hematopoiético Resposta prejudicada Transplante de Medula / Células-tronco Coletas TMO -transplante de medula óssea • Anestesia geral • Em torno de 15mL por kg • 500 a 1.200 mLda bacia Hiperplasia é o aumento benigno de um tecido devido à multiplicação das células que o compõem; hipertrofia numérica. Jéssica Laís Petry CTSP -células-tronco do sangue periférico • Administração de fator estimulante de colônias de granulócitos (por 4 –6 dias) • Coleta por aférese Sangue de cordão umbilical • Cerca de 70 – 100 ml Transplante • Processamento • Células-tronco são infundidas no paciente. • Pega do enxerto: 1-3 semanas Complicações • Falha no enxerto • Doença do enxerto contra o hospedeiro (DECH) • Infecções • Cistite hemorrágica • Recidiva da doença de base
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