Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
SOCIOLOGIA INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA Cláudia de Carvalho Cosmo Rodrigo Davi Almeida http://unar.info/ead2 INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA UNIDADE 01 - INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA SOCIOLOGIA CLÁSSICA Cláudia de Carvalho Cosmo Rodrigo Davi Almeida 1 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Definir o que é Sociologia Clássica e apresentar os principais autores e textos da Sociologia Clássica. Mencionar as principais obras escritas por Durkheim, Marx e Weber e, entre parênteses, a data da sua primeira publicação; Fazer sugestões de leituras para quem desejar se aprofundar em determinada temática. ESTUDANDO E REFLETINDO Entendemos por Sociologia Clássica o conjunto dos textos de Émile Durkheim, Karl Marx e Max Weber, elaborados nos séculos XIX (Durkheim e Marx) e XX (Weber), que influenciaram e que ainda influenciam, hoje, os mais diversos estudos das Ciências Sociais (História, Economia, Geografia, Psicologia, etc.) e suas produções científicas. Ainda cabe lembrar finalmente que, se podemos facilmente classificar Durkheim e Weber como sociólogos, a situação em relação a Marx é mais complexa, pois sua formação é em Filosofia e suas publicações abrangem tanto a área da Economia Política, (sua maior e mais complexa obra – O Capital) –, como da Política, da História e da Sociologia; As ideias apresentadas, neste texto, lançam mão das informações das obras mencionadas nas Referencias Bibliográficas, tanto os textos dos clássicos (Durkheim, Marx e Weber) como o dos comentadores (Löwy, Aron, Cohn e Quintaneiro), todos citados nas mesmas referências. Durkheim e Marx praticamente nasceram com a moderna sociedade europeia industrial capitalista do século XIX e se tornaram, evidentemente, em polos opostos, seus grandes intérpretes e críticos. Puderam observar in loco a constituição e a consolidação da sociedade capitalista. O processo de constituição e a consolidação da 2 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA UNIDADE 01 - INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA SOCIOLOGIA CLÁSSICA Cláudia de Carvalho Cosmo Rodrigo Davi Almeida sociedade capitalista foram revolucionários, pois subverteu as antigas formas feudais de organização econômica, social, política, cultural europeia. Émile Durkheim nasceu em Épinal, na França, em 1858, e morreu, em 1917, em Paris. Estudou Filosofia na École Normale Supérieure de Paris, onde teve contato com as ideias de Auguste Comte e Herbert Spencer. É considerado o discípulo de Comte, mas superou seu mestre ao fundar a Sociologia como disciplina científica dotada de um objeto e método precisos, o que não havia conseguido Comte. Karl Marx nasceu em Tréveris, Alemanha, em 1818, e morreu, em Londres, em 1883. Doutorou-se em Filosofia em 1841, pela Universidade de Iena, mas não seguiu carreira acadêmica. Teve diversas influências, da Filosofia (Hegel, Feuerbach), passando pelo pensamento político socialista de Saint-Simon, Robert Owen e Charles Fourier à Economia Política (de Adam Smith e David Ricardo). Suas obras podem ser divididas, mais ou menos em três momentos que correspondem à sua evolução intelectual e radicalização política cujo auge se dá com a fundação em da 1864 da Primeira Seção da Interncional Comunista. A publicação do primeiro tomo de O Capital ocorre em 1867 e depois Marx se dedica a escrever mais dois tomos que serão publicados postumamente por Friedrich Engels, seu grande amigo e colaborador. Max Weber também se interessou pelos problemas colocados pela sociedade capitalista, com outra perspectiva teórico-metodológica e política. Weber dedicou-se ao estudo da constituição e organização racional e burocática, fenômeno que caracterizava cada vez mais a organização dos estados modernos e contemporâneos. BUSCANDO O CONHECIMENTO Principais obras da Sociologia Moderna ou Clássica: Émile Durkheim: - A divisão do trabalho social (1893). INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA UNIDADE 01 - INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA SOCIOLOGIA CLÁSSICA Cláudia de Carvalho Cosmo Rodrigo Davi Almeida 3 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” - As regras do método sociológico (1895.) - O suicídio (1897). - A educaçãol (1902). - As formas elementares da vida religiosa (1912). - Lições de Sociologia (1912). Karl Marx: a) Obras da juventude, sobretudo, filosóficas: - Diferença da Filosofia da natureza e Demócrito e Epicuro (1841). - Crítica da Filosofia do Direito de Hegel (1843). - Manuscritos econômico-filosóficos (1844.; - Teses sobre Feuerbach (1845). - A ideologia alemão (1845-1846). - Miseria da Filosofia (1847). - Manifesto do Partido Comunista (1848). - As lutas de classe na França de 1848 a 1850 (1850). b) Obras de transição: Nesse período Marx escreve, sobretudo, ensaios políticos, dentre eles, o que é considerado pela crítica um dos seus mais brilhantes estudos: "O 18 Brumário de Luís Bonaparte" (1852). Nesse período é grande seu volume de leituras econômicas; c) Obras da maturidade, sobretudo, econômicas: - Grundisse (1857-1858). - Para a Crítica da Economia Política (1859.. - Manifesto de Lançamento da Primeira Internacional (1864). - Salário, preço e lucro (1865). - O Capital: Crítica da Economia Política (1867). INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA UNIDADE 01 - INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA SOCIOLOGIA CLÁSSICA Cláudia de Carvalho Cosmo Rodrigo Davi Almeida 4 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” - A Guerra civil na França (1871). - Critica do Programa de Gotha (1875). Max Weber: - A história das companhias comerciais na Idade Média (1889). - O direito agrário romano e sua significação para o direito público e privado (1891). - O Estado Nacional e a Política Econômica (1895). - Objetividade do conhecimento na ciência política e na ciência social (1904). - A ética protestante e o espírito do capitalismo (1904). - A situação da democracia burguesa na Rússia (1905). - Sobre algumas categorias da sociologia compreensiva (1913). - Parlamento e Governo na Alemanha reordenada (1917). - A ciência como vocação (1917). - O sentido da neutralidade axiológica nas ciências políticas e sociais (1917). - Conferência sobre o Socialismo (1918). - A política como vocação (1919). - História Geral da Economia (1919). - Economia e Sociedade I e II (óbras póstumas, 1910-1921). No link a seguir, está disponível um vídeo aula da professora Cleide Aparecida Martins sobre a introdução aos estudos sociológicos. LINK: http://www.youtube.com/watch?v=rALInBgGDYM SOCIOLOGIA CLÁSSICA UNIDADE 02 - O ESTUDO DA SOCIOLOGIA Cláudia de Carvalho Cosmo Rodrigo Davi Almeida 5 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE O objetivo desta unidade é analisar o campo de estudo da sociologia e seus objetos de estudos. ESTUDANDO E REFLETINDO O estudo da sociologia se caracteriza por uma determinada abordagem da realidade, e não por um estudo puramente delimitado com um objeto de estudo estático. Isso se deve pelo caráter transitório dos fatos sociais e das múltiplas culturas existente ao redor do mundo. Partindo do pressuposto que o homem é um ser social, a cultura de cada povo é o reflexo de suas convenções e pactos concretizados entre os habitantes de uma específica população. Desse modo, a sociologia ganha um caráter abrangente, transformando em uma ferramenta de interpretação e de explicação do homem na sociedade e seu relacionamento com o próximo. Ao propor um método, a sociologia busca identificar, interpretar, relacionar, descrever e entender as simetrias da existência social do homem. O desenvolvimento da sociologia está atrelado ao desenvolvimento das cidades, da economia na era moderna, em que, certa fase do capitalismo, houve êxodos rurais, urbanização, violência urbana, movimentos sociais, que tornaram focos de estudos de diversos pesquisadores sociais quenão se contentava com as respostas dadas pelas filosofias sociais e teorias religiosas. No decorrer do século XVII, por razões dos conflitos sociais decorrentes da própria troca econômica entre os países capitalistas, os cientistas sociais começaram a identificar características singulares de sociedades que estabeleciam certo tipo de contato, gerando uma reflexão sobre conceitos que até então se tinha sobre as sociedades. Por isso, para que ocorra um entendimento firme sobre os diversos tipos 6 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA UNIDADE 02 - O ESTUDO DA SOCIOLOGIA Cláudia de Carvalho Cosmo Rodrigo Davi Almeida de sociedade, vários pesquisadores analisaram aquilo que é variável em uma sociedade e aquilo que era comum em todas as sociedades, refletindo sobre aparência e realidade, entre o necessário e o supérfluo, a finalidade de tudo isso, era estabelecer um campo científico novo para os estudos sociais. Nas primeiras etapas dos estudos sociológicos, os cientistas se inspiraram nos modelos existentes nas ciências naturais que eram respeitadas e tinha um enorme prestígio no século XIX. Ao adaptar os procedimentos dessas ciências naturais no campo social, tentaram identificar objetos, fenômenos e fatos que cumprissem o papel de “átomos” da sociedade ou elementos fundamentais para a compreensão da sociedade, resultando em explicações das mais variadas sociedades existentes no mundo. A sociologia buscava encontrar algum elemento que fosse comum em meio a tanta diversidade cultural existente no mundo. (Fonte: http://arteeducacionperu.blogspot.com.br/2012/03/importancia-de-la- educacion-artistica.html) Ao estudar a vida social, os pesquisadores sentiram uma dificuldade em manter uma imparcialidade com o objeto estudado, diferente das ciências naturais, as ciências humanas lidam com pessoas e distanciar delas para realizar um estudo objetivo, é uma tarefa para poucos. Questões morais, econômicas e políticas aparecem em todas as etapas da pesquisa social: desde a definição do problema até o procedimento da 7 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA UNIDADE 02 - O ESTUDO DA SOCIOLOGIA Cláudia de Carvalho Cosmo Rodrigo Davi Almeida escolha do método, esses problemas de origem humana se relacionam com o pesquisador e seus resultados. Todavia, se não é possível manter a objetividade pretendida das ciências naturais na esfera das ciências humanas, ao menos, o pesquisador está comprometido com os propósitos e consequências da sua pesquisa, ele está envolvido internamente e motivado com os resultados, assim, ele tem uma disposição maior em encontrar o melhor método para as suas pesquisas. Jamais um pesquisador social olha o problema com um grau de distanciamento grande, ao lado da técnica de investigação sociológica, procuram conhecer a realidade social de forma cada vez mais apropriada. Desse modo, a sociologia se define como uma ciência que procura estudar o extenso mundo dos fenômenos que envolvem o ser humano em sua vida social, visando à intervenção na realidade com o objetivo de melhora-la. O pesquisador social não realiza a sua pesquisa de modo inteiramente imparcial, o resultado é determinado por seu envolvimento afetivo e ideológico com o objeto de estudo (Fonte: http://amagiadeeducar.spaceblog.com.br/2118019/Topico-Projeto-Virtual-e-a- sociedade-numa-grande-rede-tecida-por-muitas-maos-as-maos-dos-homens/) Mesmo não desvinculando o lado afetivo, emocional e ideológico das pesquisas sociais, a sociologia tem se mostrado excelente em fornecer resposta aos fenômenos vivenciados na sociedade, sendo capaz de explica-los e de propor soluções plausíveis. Todavia, a complexidade dos estudos sociológicos vai além do grau de interação entre o pesquisador e o objeto estudado, pois o resultado é determinado também por uma 8 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA UNIDADE 02 - O ESTUDO DA SOCIOLOGIA Cláudia de Carvalho Cosmo Rodrigo Davi Almeida maior ou menor profundidade das análises propostas. Por exemplo, a exploração do trabalho, podemos analisar ela em um determinado contexto, ou em uma escala mais ampla, ou também em uma escala global, por isso a profundidade provoca alterações no resultado da pesquisa. O fenômeno social pode ser explicado em uma esfera macrossociológica, vendo a sociedade como uma totalidade, ou pode ser explicado em uma esfera microssociológica, que analisa uma determinada parte da sociedade. São as análises sociológicas que interfere na amplitude da explicação e não da natureza dos fenômenos, tudo isso depende da vontade e objetivos do pesquisador. BUSCANDO O CONHECIMENTO Nesta unidade vimos à caracterização da sociologia como uma ciência que busca entender o ser social e seu relacionamento com o próximo. Analisar, identificar, entender são alguns dos interesses que a sociologia busca na sociedade, e ao fazer isso, ela define o seu método e seu objeto de estudo, ganhando assim, um posto de ciência humana. No seu inicio, a sociologia copiava o método e o modelo das ciências naturais, porém ao se desenvolver, foi ganhando mais autônoma e construiu um modelo próprio de pesquisa. O pesquisador, desse modo, tem mais liberdade para analisar os fenômenos sociais sem ter que manter a objetividade proposta pelo método das ciências naturais. Sendo impossível manter um grau grande de distância entre o pesquisador e objeto de estudo, os sociólogos veem isso como algo positivo, pois é necessário ter um grau relativo de afetividade ao se estudar pessoas que compõe a sociedade. No link a seguir, está disponível um vídeo aula do professor Rodrigo onde analisa o método sociológico. LINK: http://www.youtube.com/watch?v=piIMaeT2e3w 9 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA UNIDADE 03 - SOCIOLOGIA TEÓRICA E SOCIOLOGIA APLICADA Cláudia de Carvalho Cosmo Rodrigo Davi Almeida CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE O objetivo desta unidade é compreender e diferenciar a sociologia teórica e a sociologia prática. ESTUDANDO E REFLETINDO A sociologia não busca somente conhecer a realidade social, mas também busca intervir nesta realidade e modifica-la. No século XIX, onde a racionalidade era expressa em forma de ciência, o planejamento e a ação social ganharam espaço nos estudos sociológicos da época. A administração da economia capitalista, a relação comercial e política entre os países da época, instituições sociais e o desenvolvimento da globalização na Europa e no mundo, resultaram em projetos em longo prazo que tinha como fundamento, o comportamento social que refletia nos modelos de ação política, econômica e social que interagiam com as instituições sociais. Nos dias atuais vemos a necessidade absoluta em planejar a realidade social por meio das análises sociológicas, mas não podemos esquecer que essas análises se desenvolveram em uma época que as preocupações racionalistas e eruditas do Iluminismo francês eram de natureza inteiramente teórica. Desse modo, houve uma separação do pensamento social em duas partes: a sociologia teórica e a sociologia prática. A sociologia teórica teria como principal preocupação, o estabelecimento dos princípios teóricos e dos métodos de análise que possibilitariam a investigação das estruturas da sociedade humana. Para os teóricos dessa linha, as pretensões de aplicar as teorias sociológicas na realidade seriam errôneas, pois seriam prejudiciais ao desenvolvimento do espírito científico. A sociologia prática funciona contrapondo a sociologia teórica, pois tem como objetivo a intervenção na sociedade a partir de pesquisa de menor alcance, porque o objetivo dela é resolver os problemas sociais e 10 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS“DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA UNIDADE 03 - SOCIOLOGIA TEÓRICA E SOCIOLOGIA APLICADA Cláudia de Carvalho Cosmo Rodrigo Davi Almeida uma teoria muito abrangente dificulta esse trabalho da intervenção. Destarte, uma teoria estaria voltada em adquirir conhecimento desinteressado, e outra teoria busca conhecimento para a utilização na solução de problemas sociais. Essa visão dicotômica da sociologia perde força na contemporaneidade, pois ao aparecer novas teorias que une o pensamento com a ação, trás uma nova interpretação da realidade social. O sociólogo, economista e filósofo Karl Marx (1818 – 1883 propôs uma sociologia que resulta em práticas sociais voltadas a ação política organizada de sindicatos e partidos, no entanto, mesmo com esse ativismo, o sociólogo analisa de forma minuciosa a sociedade capitalista, propondo teorias de alcance globais. Essas diferenças dependem muito do interesse do pesquisador social do que a natureza do fenômeno estudado. Marx foi o primeiro intelectual a superar essa divisão da prática com a teoria, unindo e mostrando que ambas são necessárias para a compreensão e mudança da sociedade. (Fonte: www.onthisdeity.com/14th-march-1883-–-the-death-of-karl-marx/) Existe outra razão para suavizar essa distinção entre o campo prático e o teórico da sociologia. Ao analisar a sociedade, percebe-se que o próprio ato de investigar os 11 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA UNIDADE 03 - SOCIOLOGIA TEÓRICA E SOCIOLOGIA APLICADA Cláudia de Carvalho Cosmo Rodrigo Davi Almeida fenômenos sociais e de comunica-los resulta em uma forma de intervenção na sociedade. Pois, serão conhecidas essas pesquisas e influenciará na ação de um determinado grupo social ou na sociedade como um todo, por exemplo, a realização de uma pesquisa sobre a exploração do trabalho assalariado, isso se tornará nas mãos dos sindicalistas, o estopim para um movimento de melhorias salariais. Toda pesquisa científica tem um objetivo a ser alcançado, e se tem um objetivo, tem um interesse por trás dessa pesquisa, a pergunta é: a quem ela interessa? Entre os cientistas, o interesse se encontra na conquista de mais conhecimento, ao divulgar esse conhecimento obtido, o pesquisador não poderá impedir a utilização dessas informações por pessoas que tenham interesses diferentes dos interesses do pesquisador que obteve a informação. Dessa forma, vemos esse relacionamento da prática e da teoria, e que isso é determinado por interesses das pessoas. O sociólogo brasileiro Florestan Fernandes (1920 – 1995 procurou diferenciar dois campos autônomos da sociologia, um ele chamou de “sociologia geral” e outra de “sociologia aplicada”. Apesar de a distinção envolver questões de amplitude e finalidade da prática de pesquisa, o diferencial que Florestan Fernandes trás é a distinção de metodologias existente em cada campo. Por ter nascido e se desenvolvido no contexto filosófico e industrial do século XIX, a sociologia teve como interesse a análise teórica da sociedade do seu tempo, mais tarde, apareceram problemas de caráter empírico, gerando dúvidas sobre se os problemas sociais são patológicos ou anômicos e da necessidade de intervenção. O sociólogo brasileiro Florestan Fernandes, distinguiu as análises sociais em duas formas: sociologia geral e sociologia aplicada. Em cada época, uma se destaca e ganha notoriedade, tornando- a a teoria adotada pelos círculos acadêmicos. Fonte: valminillo.blogspot.com.br/2011/08/florestan- fernandes.html) 12 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA UNIDADE 03 - SOCIOLOGIA TEÓRICA E SOCIOLOGIA APLICADA Cláudia de Carvalho Cosmo Rodrigo Davi Almeida A sociologia norte-americana, desenvolvida no século XX, tendo como principal escola, a escola de Chicago, não teve as mesmas preocupações teóricas da sociologia europeia. Ao contrário, os americanos desenvolveram uma sociologia voltada para os problemas emergenciais de ajustamento social, originados pela expansão do capitalismo industrial. Assim, definem-se dois campos bastante diferenciados da análise sociológica: a “sociologia geral” teria como finalidade as análises especulativas e objetivas dos problemas sociais e do método sociológico, elaborando conceitos por meio do método teórico-dedutivo, e a “sociologia aplicada” que focaria em questões específicas, resolvendo problemas delimitados, tendo como fim, o controle da vida social. BUSCANDO O CONHECIMENTO A sociologia por muito tempo foi dividida entre teoria e prática, no campo teórico, a sociologia buscava alcançar a compreensão do conceito e seu aprofundamento, sem levar em conta a sua utilidade na sociedade, e no campo prático, a sociologia tinha como objetivo desenvolver práticas para intervir na sociedade a qual o homem está inserido. Vários pensadores tentaram superar essa dicotomia sociológica, como por exemplo, o sociólogo húngaro Karl Mannheim (1893 – 1947) onde desenvolve uma sociologia do conhecimento que propõe a obrigação histórica dos modelos teóricos da sociologia, isto é, as interpretações teóricas passam a ser obrigadas a agir na história humana, desse modo, torna impossível existir teorias que não sejam integradas a necessidades especificas de uma sociedade em um determinado período histórico. Para um melhor aprofundamento dos estudos, disponibilizo um link de um artigo da pesquisadora Lúcia Lodo sobre o sociólogo Florestan Fernandes e sua reflexão sobre o fazer sociológico. LINK: http://www.cchla.ufpb.br/caos/n11/06.pdf 13 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA UNIDADE 04 - SOCIOLOGIA TÉCNICA E SOCIOLOGIA CRÍTICA Cláudia de Carvalho Cosmo Rodrigo Davi Almeida CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE O objetivo desta unidade é compreender e diferenciar a sociologia técnica e a sociologia crítica ESTUDANDO E REFLETINDO Na produção de estudos científicos sociológicos, a sociologia não se manteve somente na distinção de sociologia teórica e sociologia prátic ,a em seu desenvolvimento, o sociólogo brasileiro Octavio Ianni (1926 – 2004) distinguiu nos estudos sociais voltados para a vida prática, duas tendências específicas: a sociologia técnica e a sociologia crítica. O sociólogo brasileiro Octavio Ianni, analisou duas tendências sociológicas praticadas no campo social: a sociologia técnica e a sociologia crítica. (Fonte: http://www.unicamp.br/unicamp/unica mp_hoje/ju/marco2004/ju243pag06.ht ml) 14 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA UNIDADE 04 - SOCIOLOGIA TÉCNICA E SOCIOLOGIA CRÍTICA Cláudia de Carvalho Cosmo Rodrigo Davi Almeida A sociologia técnica se desenvolve sem se importar com a crítica, por isso o cientista social não se preocupa em tecer uma crítica ao um determinado fenômeno social, ele simplesmente tem a função de relatar os fatos sociais de uma sociedade específica. O objetivo desse tipo de sociologia é levantar dados para a ação prática dos profissionais existentes em uma sociedade. Para que isso seja possível, o pesquisador que realiza uma pesquisa técnica da sociologia, utilizando de instrumentos quantitativos. Descreve populações por meio de levantamentos que tendem a mostrar as formas de comportamento ou indicadores como de escolaridade, quantidade de eletrodomésticos em um domicílio, entre outros. Essas pesquisas buscam a praticidade desde a sua origem, funcionando como ferramenta para campanhas publicitárias e propagandas, valendo-se de instrumentos quantitativos nos quais procuram a confiança e prestígio dos questionários e formulários. Todavia, esse ramo da sociologia não desenvolve nenhum esforço para tentar explicar esses dados coletados que ultrapasse a linha do imediatismo e do funcional. A sociologia técnica buscalevantar dados práticos para diversos setores, tais como campanhas publicitárias e indicadores sociais. (fontes: http://www.ifidedigna.com.br/?page_id=135 ) Em oposição a essa tendência de pesquisa sociológica, a sociologia crítica se preocupa não com dados e descrições de fenômenos sociais, mas com os processos que as desencadeiam, os motivos que geraram tal fenômeno social compreendem-no 15 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA UNIDADE 04 - SOCIOLOGIA TÉCNICA E SOCIOLOGIA CRÍTICA Cláudia de Carvalho Cosmo Rodrigo Davi Almeida de forma crítica e profunda. De acordo com essa tendência, os dados coletados de uma pesquisa não correspondem de nenhuma forma a uma situação imediata, mas sim ao um projeto histórico mais amplo. A análise da sociologia crítica não busca somente causas ou funções de um fenômeno social, busca uma dinâmica do processo, a estrutura que ela se realiza, suas interações com outros processos sociais e instituições existentes na sociedade, mostrando inclusive suas contradições. Nesse sentido, a diferença entre a sociologia técnica da sociologia crítica estaria em sua amplitude da análise, da finalidade e do seu pragmatismo, o pesquisador participa ativamente das análises colocando a sua visão e crítica sobre o assunto. Com o passar do tempo, a sociologia crítica desenvolveu outras técnicas de pesquisas, existem numerosos instrumentos muito úteis para atingir perfis populacionais de modo preciso e linear. Os resultados dessas pesquisas são por muitas vezes, utilizados em pela mídia e em seus gráficos aparecem em jornais com a força de um amplo estudo. Luc Boltanski (1940 – atual) estudou a sociologia crítica, analisando os fenômenos sociais criticamente, ampliando suas relações e contradições com as diversas áreas da sociedade. (Fonte: http://socionomia.blogspot.com.br/2010_12_01_archive.html ) A sociologia crítica desenvolve estudos de acordo com as necessidades teóricas da ciência. Preocupa-se principalmente com o conhecimento e as investigações de hipóteses e teses sociais, buscando um entendimento crítico da vida social. Para que isso se realize, o sociólogo precisa de uma postura ética e ativa, garantindo abrangência e fidelidade à pesquisa objetiva. 16 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA UNIDADE 04 - SOCIOLOGIA TÉCNICA E SOCIOLOGIA CRÍTICA Cláudia de Carvalho Cosmo Rodrigo Davi Almeida BUSCANDO O CONHECIMENTO Ao analisar essa diferença nos dias atuais, o dilema parece menor para o sociólogo em um mundo em que o cruzamento entre os modelos explicativos é cada vez maior. Expandiu a necessidade dessa intervenção para produzir respostas mais completa dos problemas que atingem a nossa sociedade contemporânea. Por causa da globalização, as sociedades vivem uma pluralidade de manifestações empíricas que necessitam tanto de pesquisas técnicas, como análises críticas dessas manifestações. O sociólogo Alain Tourraine (1925 – atual) escreve sobre esse novo desafio da sociologia de superar as suas dicotomias na atualidade. Escreve Tourraine: [...] A sociologia hoje se desenvolve nesse caminho de mão dupla, que vai continuamente de uma preocupação teórica para outra, pragmática, de conceitos universais para realidades históricas, de situações particulares à generalização dos resultados. Nessa perspectiva, as frequentes divisões da sociologia que aqui foram expostas são essencialmente provisórias e dizem respeito à riqueza inerente ao conhecimento sociológico e às suas conquistas sucessivas tanto em um campo como em outro. (TOURRAINE apud COSTA, 2005, p.330) No link a seguir, está disponível um vídeo sobre a sociologia técnica e a sociologia crítica. LINK: http://www.youtube.com/watch?v=SqOSR4U8uP0 17 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA UNIDADE 05 - OS DADOS ESTATÍSTICOS E A SOCIOLOGIA Cláudia de Carvalho Cosmo Rodrigo Davi Almeida CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE O objetivo desta unidade é compreender a importância dos dados estatísticos para a consolidação da sociologia. ESTUDANDO E REFLETINDO Com o desenvolvimento dos estudos científicos da sociedade, o campo do conhecimento sociológico se estabeleceu no século XIX, abandonando as especulações da filosofia social. Ao procurar entender as relações entre os homens e seu meio, a ciência sociológica analisa certas leis gerais que regem toda uma sociedade, ampliando essa reflexão em um nível global. A sociologia não se contentava em descobrir leis de comportamento em uma sociedade específica, o seu objetivo inicial era alcançar a compreensão de uma lei universal que regula o comportamento de todas as sociedades do mundo. Antes que chegar a essa compreensão científica da sociedade, os estudos sociais eram guiados por visões místicas e religiosas sobre o comportamento humano e os problemas existentes na sociedade. Até mesmo entre os gregos, que tinham uma predisposição ao pensamento racional, utilizava-se da mitologia para explicar certos fenômenos sociais que aconteciam em sua sociedade. Na Idade Média, esse pensamento ganhou uma conotação religiosa, sendo as pestes existentes na época, principalmente a peste negra, resultado dos pecados dos homens e seu afastamento de Deus. No campo filosófico, um dos primeiros estudos empíricos da sociedade, iniciou com Aristóteles (384 – 322 a.C.), através da sua filosofia política. Todavia, as explicações naturais proposta pelo filósofo, mostravam-se incompletas com a identificação daquilo que se constitui de fato o social. Seguindo nessa linha filosófica, teve outros pensadores 18 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA UNIDADE 05 - OS DADOS ESTATÍSTICOS E A SOCIOLOGIA Cláudia de Carvalho Cosmo Rodrigo Davi Almeida que tentaram formular uma explicação sobre os problemas que afetam a sociedade, por exemplo, o período pós-iluminismo que analisava os fatos sociais sob uma ótica individualista, principalmente ao caracterizar os personagens históricos com os acontecimentos sociais significativos, dando a esses personagens, toda a glória e responsabilidade. Para os românticos (pós-iluministas) os fenômenos sociais eram causados por personagens específicos na nossa história, por exemplo, Napoleão Bonaparte foi responsável pelas transformações ocorridas na Europa e não o seu exercito. (O primeiro-cônsul Napoleão cruzando os Alpes no passo de Grande São Bernardo, por Jacques- Louis David, 1800) (Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Napole%C3%A3o_Bonaparte ) Desse modo, a emergência de uma análise mais concreta e legítima da realidade social, sem ter que cair no individualismo proposto pelos românticos, fez com que a sociologia se desenvolvesse com uma compreensão própria da vida social, buscando certas regularidades nos fatos sociais. Ao procurar essas regularidades sociais, os primeiros cientistas sociais perceberam que elas se apresentam sob a forma de tendências que se manifestam no tempo e no espaço. Por exemplo, quando o sociólogo francês Émile Durkheim propôs 19 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA UNIDADE 05 - OS DADOS ESTATÍSTICOS E A SOCIOLOGIA Cláudia de Carvalho Cosmo Rodrigo Davi Almeida um estudos sobre a taxa de suicídio em vários países da Europa, em certo período, o sociólogo concluiu que o suicídio é um acontecimento regular, que pode ser medido por dados estatísticos, apresentando tendências de crescimento ou de decréscimo em determinado período temporal e lugares específicos. Com a posse desses dados, o cientista social ganha um poderoso instrumento para medir, descobrir e interver na realidade social, fazer previsões ou inibir certos acontecimentos futuros, em suma, a posse de dados estatísticos,fruto da observação minuciosa da realidade, garante uma verdadeira análise do social, distanciando-se assim, das análises supérfluas de seus antecessores. Após esse rompimento do antigo modo de analisar a sociedade, os sociólogos se fixaram em bases materiais suas investigações, abandonaram o caráter especulativo das filosofias sociais, colocando no lugar, as análises do percurso histórico, do meio geográfico, das movimentações sociais, das crenças, entre outros. Junto com tudo isso, a sociologia compreende a sociedade não mais como uma soma de indivíduos, mas como um organismo. Para desenvolver esse pensamento cientifico, a sociologia necessita de procedimentos adequados para que essa análise seja profunda e completa, assim, descobriram que, a regularidade dos fatos sociais não precisa conhecer todos os indivíduos para ter uma ideia de como ele funciona, basta analisar uma amostra dessa realidade, obtida pelo princípio da representatividade. Através do princípio da representatividade, o sociólogo consegue uma análise profunda de uma realidade social. (Fonte: http://portaljusticasocial.blogspot.com.br/2011/09/problemas-sociais-no-brasil.html ) 20 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA UNIDADE 05 - OS DADOS ESTATÍSTICOS E A SOCIOLOGIA Cláudia de Carvalho Cosmo Rodrigo Davi Almeida É denominada corpus de uma investigação, aquilo que expressa exatamente o tamanho de uma realidade estudada e que julgamos representar de modo objetivo uma sociedade ou parte dela. Para o sociólogo Roland Barthes (1915 – 1980), o corpus representa uma coleção de materiais que o sociólogo decide de antecipadamente estudar, assim, a escolha de um determinado corpus é tão importante quanto o seu estudo. Esses métodos e descobertas só se tornaram possíveis, por meio dos grandes problemas que a Europa do século XIX estava vivendo. Problemas como: fome, inchaço das cidades, infraestruturas, greves, revoluções, fizeram que os pensadores da época procurassem outras respostas daquelas oferecidas pela religião e filosofia. A partir dessa nova concepção de análise da sociedade, a intervenção na sociedade se tornou mais segura e planejada, de acordo com o desenvolvimento das ciências naturais que imperavam nos círculos acadêmicos. BUSCANDO O CONHECIMENTO Vimos no decorrer desta unidade, o afastamento do pesquisador social das respostas dadas pela religião e pela filosofia, que se mostravam supérfluas a necessidade emergente da Europa do século XIX. A realidade pedia explicações mais complexas e profundas, por isso a sociologia se desenvolveu em bases materiais e objetivas, utilizando das estatísticas como uma grande ferramenta para a compreensão e manipulação dos fenômenos sociais. A sociologia passa a usufruir dos dados estatísticos para a prevenção, controle e intervenção dos fenômenos sociais, garantindo um maior controle para evitar problemas sociais futuros. Deixo um link de um artigo da pesquisadora Jéssica Josiane Schmidt da Universidade Estadual de Londrina, sobre a estatística como ferramenta pedagógica para o ensino de sociologia. LINK: http://www.uel.br/revistas/lenpes-pibid/pages/edicao-anterior-nordm.-1-vol.-1-jan-jun-2012.php 21 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA UNIDADE 06 - OS MÉTODOS DE OBSERVAÇÃO SOCIOLÓGICOS Cláudia de Carvalho Cosmo Rodrigo Davi Almeida CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE O objetivo desta unidade é compreender os métodos de observação utilizados pela sociologia. ESTUDANDO E REFLETINDO O modo sociológico de ver O pesquisador deve treinar o seu olhar para os fatos e fenômenos que integram a sociedade. A análise sensível deve ser educada, para poder enxergar a essência dos fenômenos e não uma visão parcial determinada pela cultura do observador, sendo assim, o observador que não educar suas observações, registraria os dados como caóticos e aleatórios. No campo científico, acontece a mesma coisa. O cientista desenvolve e elabora um conjunto de ideias e conceitos que tem a função de organizar a realidade cotidiana, assim, ela começa a discriminar certos fatos observáveis. Desse modo, além de portar um conjunto fechado de ideias, o cientista cria também um método para guiar as pesquisas futuras, não abrindo espaço para alternativas. O conhecimento prévio nos condiciona a ver a realidade que nos cerca de certa forma, mas isso não é totalmente negativo, pois ninguém observa algo com a mente vazia, os preconceitos científicos são necessários para ter alguma resposta inicialmente. Grandes sociólogos agiam desta forma, por exemplo, Durkheim a definir os fatos sociais, acaba separando de todas as manifestações sociais, aquele de maior relevância social. Weber faz o mesmo com as formulações do tipo ideal, isolando certas características de toda uma complexidade social. A observação não só depende dos conceitos para orienta-la, mas também de uma metodologia ou de um procedimento 22 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA UNIDADE 06 - OS MÉTODOS DE OBSERVAÇÃO SOCIOLÓGICOS Cláudia de Carvalho Cosmo Rodrigo Davi Almeida de pesquisa. A riqueza de conceitos corresponde com a riqueza da metodologia, ambas tem que caminhar juntas para que ocorra uma observação séria e completa. Assim, como vários conceitos guiam a nossa mente para uma análise crítica, a metodologia guia os nossos sentidos para uma pesquisa disciplinada e complexa, identificando diversos processos da realidade social. A elaboração de técnicas de pesquisas vem se intensificando na mesma proporção das formulações teóricas no meio sociológico. Atualmente, com a complexidade da vida social e suas transformações cada vez mais frequentes, se torna necessário cada vez mais, técnicas e métodos que direciona o olhar do sociológico para uma análise concreta e minuciosa, resultando em um planejamento eficaz das ações e sucesso nas intervenções. Indicadores A metodologia científica direciona o olhar do pesquisador para “ver” o que realmente existe nos fenômenos sociais. Isso se torna uma ferramenta indispensável para a pesquisa social, sendo a sua tarefa, a construção do conhecimento, utilizando para isso teorias, ideias e uma boa metodologia de pesquisa. Porém, existe uma relação direta entre as ideias e o jeito que é realizado as pesquisas na realidade, portanto, a metodologia não pode se equivoca, senão leva ao erro e provoca distorções na compreensão dos fenômenos sociais. Para evitar isso, o cientista social deverá se valer de indicadores que são elementos perceptíveis nos quais os conceitos se materializam, por exemplo, as mudanças de classes sociais no Brasil. Para temos uma compreensão profunda sobre esse fato social em nossa sociedade, é necessária a presença de indicadores que identifiquem a ascensão ou a queda dessas classes. Através desses indicadores, o pesquisador social direciona os seus interesses e inquietações e por um conjunto de princípios teóricos, elege certos recortes da realidade que indicam certos aspectos de seus estudos. 23 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA UNIDADE 06 - OS MÉTODOS DE OBSERVAÇÃO SOCIOLÓGICOS Cláudia de Carvalho Cosmo Rodrigo Davi Almeida A teoria é fundamental para a idealização e escolhas dos indicadores, pois é ela que recorta a realidade, configura os limites do que deverá ser estudado e verifica a possibilidade de generalização. Ao formular o problema, os conceitos são traduzidos em formas de indicadores que são empiricamente observáveis, desse modo, o exemplo sobre a as mudanças de classes sociais, poderá se traduzir por indicadores diferentes, dependendo da bagagem teórica do sociólogo. Podem-se criar indicadores sobre a base positivista desse assunto, dando, por exemplo,um enfoque maior na questão do consumo e distribuição de renda, ou pode-se também analisar esse mesmo fenômeno sobre um olhar marxista, explorando o fenômeno por meio da desigualdade social e antagonismo de classes. A metodologia que permite o sociólogo fazer pesquisas com indicadores são análises denominadas de “pesquisas de campo” e significa a mudança de local de trabalho, saindo do escritório acadêmico e partindo para o campo onde ocorrem os fenômenos sociais. Observação É classificada como observação, a técnica de pesquisa em que o pesquisador orienta-se pela uma metodologia e por ideias e indicadores as quais seleciona e determina certos dados da realidade, buscando a explicação, sua origem e suas finalidades. A observação é uma importante ferramenta para o trabalho do sociólogo, sendo as primeiras investigações com essa ferramenta, foram os relatos dos viajantes europeus que observaram profundamente para produzir um relato justo das suas viagens. Todavia, essas primeiras observações eram simples e informais. Somente com a escola funcionalista, a observação ganhou um caráter sistemático e da realização de amplos estudos empíricos com base em dados obtidos pelo pesquisador. O pesquisador deve ter em mente que, observar não é simplesmente “olhar” para o 24 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA UNIDADE 06 - OS MÉTODOS DE OBSERVAÇÃO SOCIOLÓGICOS Cláudia de Carvalho Cosmo Rodrigo Davi Almeida fenômeno, mas saber separar um fenômeno dos demais fenômenos da realidade. O separar tão necessário para uma observação de qualidade, consiste em ver na complexa vida social, aquilo é supérfluo e desnecessário daquilo que é essencial e determina o rumo dos fatos e fenômenos sociais. Sobre as observações sociológicas, podemos destacar três fases que se desenvolvem ao longo da pesquisa social, são elas: a primeira fase é a observação baseada nos indicadores onde reúne dados considerados importantes, a segunda fase da observação é a codificação, os dados são reunidos e classificados e por último, os dados são preparados de acordo com sua significância, seguindo uma lógica que permite o pesquisador estabelecer uma relação entre eles. Observação em massa A observação pode ser realizada em um determinado grupo de pessoas, ou sobre um determinado evento quando a intenção do pesquisador é estudar um festejo ou qualquer acontecimento individual na sociedade, ou ele pode estudar um grande número de eventos ou vários grupos de pessoas, observado por vários pesquisadores onde trabalham em conjunto para encontrar uma ligação com um determinado fenômeno social. Essa observação em grande escala, buscando uma resposta para um fato em comum, é denominado de observação em massa. Esse tipo de observação foi muito usado na Inglaterra no período da Segunda Guerra Mundial, quando vários cientistas sociais sentiram a necessidade de compreender as reações populares perante a guerra que o país estava vivendo. Esse método se caracteriza através de uma convocação de voluntários que tem a tarefa de ver e relatar de modo bem detalhado, as situações específicas, registrando as opiniões e declarações dos indivíduos envolvidos nas pesquisas. Nos dias atuais, as pesquisas de marketing e as campanhas políticas se utilizam deste método para atingir resultados 25 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA UNIDADE 06 - OS MÉTODOS DE OBSERVAÇÃO SOCIOLÓGICOS Cláudia de Carvalho Cosmo Rodrigo Davi Almeida específicos. A diferença de hoje com o passado, é que as tecnologias existentes nos dias atuais auxiliam nos processos de codificação e classificação dos resultados. BUSCANDO O CONHECIMENTO No decorrer desta unidade, vimos alguns métodos utilizados pelos pesquisadores e sociólogos para a obtenção dos resultados desejados. A pesquisa social é algo muito sério, por isso ela necessita de um rigor método para assegurar que os dados não estejam equivocados. Para que isso aconteça, o sociólogo deve treinar o seu modo de ver, disciplinando-o para que possa extrair a maior quantidade de dados possíveis de um fenômeno. Ele deve também deixar se guiar pelos indicadores que irão fornecer base para uma observação sadia. Disponibilizo no seguinte link, o livro do Sociólogo Émile Durkheim intitulado “As Regras do Método Sociológico (1895)”, onde o pensador procura estabelecer regras para uma análise social segura. LINK: http://ayanrafael.files.wordpress.com/2011/08/durkheim-c3a9-as-regras- do-mc3a9todo-sociolc3b3gico.pdf 26 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA UNIDADE 07 - AS REVOLUÇÕES BURGUESAS: A REVOLUÇÃO GLORIOSA (1688 – 1689) Cláudia de Carvalho Cosmo Rodrigo Davi Almeida CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Nesta unidade analisaremos a Revolução Gloriosa que provocou uma mudança no sistema político, mostrando a possibilidade de transformações políticas no antigo regime. ESTUDANDO E REFLETINDO No período do Antigo Regime inglês (XVI – XVII), a Inglaterra era governada por reis absolutistas e a sociedade era dividida em três estados: clero, nobreza e terceiro estado. Para cada estado da época, tinha um estatuto jurídico diferente, que garantiam os direitos e obrigações a seus componentes. O clero, por exemplo, tinham a obrigação que garantir as práticas religiosas e conduzir os fiéis à salvação, a nobreza tinha como obrigação, garantir a defesa do Estado, e o terceiro estado era responsável pelo sustendo das outras classes sociais, através do trabalho. O clero e a nobreza pertenciam a um estado privilegiado, pois essas duas classes sociais não pagavam impostos ou tributos, eram julgados por tribunais especiais e ocupavam os cargos mais elevados do Estado. Os membros do terceiro estado assumiam a responsabilidade de pagar os impostos e sustentar as outras camadas, não desfrutando das decisões políticas. Desta forma, o Estado do Antigo Regime, estabelecia juridicamente, a desigualdade entre as pessoas, sendo difícil o acesso para outras camadas sociais. A lei não era igual para todos porque os seres humanos não eram reconhecidos como iguais. Essa concepção de desigualdade legal foi bastante discutida por pensadores liberais que ganhavam expressão no século XVIII. Segundo eles, os homens nascem iguais e, por isso, devem ter direitos fundamentais: à vida, à liberdade, à dignidade, à resistência contra a opressão social, entre outros. Com a expansão desses ideais pela Inglaterra, os 27 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA UNIDADE 07 - AS REVOLUÇÕES BURGUESAS: A REVOLUÇÃO GLORIOSA (1688 – 1689) Cláudia de Carvalho Cosmo Rodrigo Davi Almeida grupos que compunham o terceiro estado (comerciantes, proprietários rurais, donos de manufaturas, entre outros) começaram a se organizar e reivindicar uma sociedade mais justa e igualitária. John Locke (1632-1704) foi um dos principais pensadores liberais do século XVII, suas ideias influenciaram fortemente as revoluções burguesas, como a revolução inglesa. (fonte: http://www.iep.utm.edu/locke/ ) No século XVII, a dinastia Stuart pretendeu exercer um absolutismo centralizador, neste momento, a burguesia que participava do parlamento inglês sentiu-se prejudicada e entrou em choque com o poder do rei. Em 1628, o parlamento inglês estabeleceu, por meio da Petição de Direitos, que o rei não podia criar impostos, convocar o exercito ou prender pessoas sem prévia autorização parlamentar. Com a posse do rei Carlos I, essa petição foi suspensa e o parlamento foi fechado, realizando também a perseguição aos lideres da oposição. A reação dos opositores foi organizar tropas para lutar contra as 28 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA UNIDADE 07 - AS REVOLUÇÕESBURGUESAS: A REVOLUÇÃO GLORIOSA (1688 – 1689) Cláudia de Carvalho Cosmo Rodrigo Davi Almeida forças do rei, gerando uma guerra civil. O conflito chega ao fim com a vitória do exercito do parlamento e a captura do rei Carlos I, sendo decapitado em 30 de janeiro de 1649. Oliver Cromwell que assumiu a liderança das tropas do parlamento instalou na Inglaterra o regime republicano, comandando o país de 1649 a 1658. Após sua morte (1658), seu filho, Ricardo, assume o poder, dando, continuidade ao governo republicano. Ricardo não tinha virtudes políticas, por isso o parlamento decidiu restaurar a dinastia Stuart, convidando Carlos II a assumir o trono britânico. A restauração só foi possível, pois o parlamento definiu os limites do poder monárquico, sendo o poder do rei subordinado ao poder do parlamento. A restauração monárquica estendeu do reinado de Carlos I ao reinado de Jaime II (1685 – 1688), em seu reinado, Jaime II tentou restabelecer o absolutismo, surgindo novos conflitos. Temendo a volta do absolutismo, a maioria do parlamento decidiu tirar do poder o rei e fizeram um acordo com o príncipe Holandês Guilherme de Orange que assumiria o trono inglês com a condição de que respeitasse os poderes do parlamento. As lutas entre as forças de Guilherme e as tropas de Jaime II ficaram conhecidas como Revolução Gloriosa (1688 – 1689) que resultou na queda do monarca inglês. Com Guilherme de Orange no trono, a burguesia garantia a segurança da revolução, limitando os poderes do rei e fortalecendo o parlamento. (fonte: http://www.infoescola.com/historia/revolucao- gloriosa/) 29 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA UNIDADE 07 - AS REVOLUÇÕES BURGUESAS: A REVOLUÇÃO GLORIOSA (1688 – 1689) Cláudia de Carvalho Cosmo Rodrigo Davi Almeida Com Guilherme no trono, a Declaração de Direitos foi assinada, na qual garantia a limitação dos poderes do trono e a governança do parlamento. O rei não podia mais aumentar impostos sem a autorização do parlamento, a lei passa a ter uma força maior que a vontade do rei. O absolutismo inglês chega ao fim. Após a revolução, a Inglaterra que passa a exercer uma monarquia parlamentar, garante os direitos dos cidadãos de todas as classes, tornando costume falarem que “o rei reina, mas não governa”. BUSCANDO O CONHECIMENTO Com a revolução realizada pelo parlamento inglês, a Inglaterra passa a ter mais liberdade de expressão, religiosa e política. Embora a igreja Anglicana ainda predominasse no país, o culto de outras religiões era permitido. A tolerância religiosa foi acompanhada por uma maior liberdade de expressão política e filosófica, essa liberdade de expressão fez que o novo regime fosse admirado no século XVIII por intelectuais de várias regiões da Europa. O liberalismo contribuiu de forma significativa para o desenvolvimento da revolução, tanto na parte política como na esfera econômica, as ideias liberais moldaram o pensamento da população inglesa, que lutavam por mais direitos, liberdade e igualdade entre os membros da sociedade. No link a seguir, está disponível um vídeo aula sobre a revolução inglesa ocorrida no século XVII, está disponível também outro vídeo aula sobre o filósofo John Locke e o liberalismo desenvolvimento por ele. LINK (Revolução Inglesa): http://www.youtube.com/watch?v=xvvl2BEm4Bo LINK (Liberalismo): http://www.youtube.com/watch?v=gm6KXopFx5o 31 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA UNIDADE 08 - AS REVOLUÇÕES BURGUESAS: A REVOLUÇÃO FRANCESA (1688 – 1689) Cláudia de Carvalho Cosmo Rodrigo Davi Almeida CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Nesta unidade analisaremos a Revolução Francesa que provocaram uma mudança no modo da relação de produção, derrubando uma classe social (aristocracia) e criando uma nova classe social (burguesia). ESTUDANDO E REFLETINDO A Revolução Francesa ocorre em 1789 e deve ser entendida como uma revolução política, resultante das contradições entre uma nova classe social - a burguesia – que se desenvolvia econômica, social, política e culturalmente e uma classe econômica, social, política e culturalmente contrárias àquele desenvolvimento – a nobreza. Esta por sua vez, explorava a burguesia como o campesinato, que, juntos, arcavam com a maioria dos impostos e do trabalho da sociedade francesa, sem falar no clero, também proprietário de terras e de privilégios tributários e fiscais sobre os camponeses e outros sobre a sociedade francesa. De fato, a Revolução Francesa sanciona política e juridicamente os interesses da burguesia e alguns dos interesses dos camponeses ao eliminar os privilégios da nobreza e do clero francês. A burguesia, com base nas ideias iluministas que defendiam a utilização da razão na pesquisa, na análise e na interpretação dos fenômenos sociais e naturais conduziu suas ações e expressou seus interesses na trilogia liberdade, igualdade e fraternidade. Liberdade de comércio, de pensamento, de expressão de religião; igualdade de direitos e deveres cujo princípio fundamental era (e é) "os homens nascem livres e permanecem iguais em direitos e obrigações" (princípios da “Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão” – promulgada em 26 de agosto de 1789). Princípios esses que regem até hoje as constituições democráticas e liberais como a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, nossa atual Carta Magna. 32 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA UNIDADE 08 - AS REVOLUÇÕES BURGUESAS: A REVOLUÇÃO FRANCESA (1688 – 1689) Cláudia de Carvalho Cosmo Rodrigo Davi Almeida Leia alguns artigos da “Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão” promulgada no início da Revolução Francesa, em 26/08/1789: Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão I – Os homens nascem e permanecem livres e iguais perante a lei; II – A finalidade de toda associação política é a conservação dos direitos naturais e imprescritíveis do homem; esses direitos são: a liberdade, a propriedade, a segurança e a resistência à opressão. (...) IV – A liberdade consiste em fazer tudo que não perturbe a outrem. (...) VI – A lei é a expressão da vontade geral (...); deve ser a mesma para todos, seja protegendo-os, seja punindo-os. (...) VIII – Ninguém pode ser acusado, preso, nem detido, senão nos casos determinados pela lei, e segundo as formas por ela prescritas (...). IX – Todo homem é presumido inocente, até que tenha sido declarado culpado e se for indispensável será preso, mas todo rigor que não for necessário contra sua pessoa deve ser severamente reprimido pela lei. X – Ninguém seve ser inquietado pelas suas opiniões, mesmo religiosas, desde que as suas manifestações não prejudiquem a ordem pública estabelecida pela lei, XI – a livre comunicação das opiniões e dos pensamentos é um dos direitos mais preciosos do homem; todo cidadão pode então falar, escrever, imprimir livremente (...) (Fragmento extraído de: SERIACOPI, Gislane Campos Azevedo e SERIACOPI, Reinaldo. História: volume único. 1º ed. São Paulo: Ática, 2005, p.254) Sobre esse tão importante documento, leia o que afirmou o historiador Eric Hobsbawm e reflita sobre o conteúdo desse fragmento, especialmente, em relação à expressão “sociedade democrática e igualitária”: INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA UNIDADE 08 - AS REVOLUÇÕES BURGUESAS: A REVOLUÇÃO FRANCESA (1688 – 1689) Cláudia de Carvalho Cosmo Rodrigo Davi Almeida 33 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão teria grande repercussão no mundo inteiro. “Este documento é um manifesto contra a sociedade hierárquica de privilégios nobres, mas não um manifesto a favor de uma sociedade democrática e igualitária”. ‘Os homens nascem e vivem livres e iguais perante as leis, dizia oseu primeiro artigo; mas ela também prevê a existência de distinções sociais, ainda que ‘somente no terreno da utilidade comum’. A propriedade privada era um direito natural, sagrado, inalienável e inviolável. (HOBSBAWM, Eric. A era das revoluções. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1977, p. 77) A Revolução Industrial em todas as suas fases, bem como a Revolução Francesa provocaram inúmeras transformações não apenas políticas e econômicas, mas também geraram inúmeros impactos sociais, dando origem à novas “questões sociais”, que levaram pensadores como Comte, Durkheim e Marx a investigarem tais questões e problemas. Mas, antes de passarmos ao pensamento sociológicos desses autores, leiamos o trecho abaixo no qual o historiador Eric Hobsbawm apresenta uma interessante análise da Revolução Industrial e da Revolução Francesa e de seus respectivos impactos sobre a Europa e o mundo. A Grã-Bretanha forneceu o modelo para as ferrovias e fábricas, o explosivo econômico que rompeu com as estruturas tradicionais do mundo não-europeu; mas foi a França que fez suas revoluções e elas deu suas ideias a ponto de bandeiras tricolores de um tipo ou de outro terem-se tornado emblema de praticamente todas as nações emergentes, e a política europeia (ou mesmo mundial) entre 1789 e 1917 foi em grande parte a luta a favor e contra os princípios de 1789, ou os ainda mais incendiários de 1793. A França forneceu o vocabulário e os temas da política liberal e radical- democrática para a maior parte do mundo. A França deu o primeiro grande exemplo, o conceito e o vocabulário do nacionalismo. A França forneceu os códigos legais, o 34 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA UNIDADE 08 - AS REVOLUÇÕES BURGUESAS: A REVOLUÇÃO FRANCESA (1688 – 1689) Cláudia de Carvalho Cosmo Rodrigo Davi Almeida modelo de organização técnica e científica e o sistema métrico de medidas para a maioria dos países. (HOBSBAWM, Eric. A era das revoluções. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1977, p.71) BUSCANDO O CONHECIMENTO A Revolução Francesa foi essencial para a formação do pensamento moderno, principalmente para a formação do pensamento sociológico. Com o advento da nova classe que se emergia socialmente, houve uma transformação ideológica da sociedade que via a ciência para conhecimento positivo e progressista da humanidade, uma transformação econômica onde coloca o capitalismo como base das relações econômicas, criando uma nova forma de se relacionar economicamente e também uma transformação material das cidades, inchando-as com a vinda dos camponeses. Para Comte e Durkheim, as revoluções, em geral, e a Revolução Francesa, em particular, são nefastas, pois trazem caos, desorganização, turbulências sociais e políticas que prejudicam o funcionamento regular e harmônico da vida social, entendida por eles como um corpo, um organismo social. Para Marx, a Revolução Francesa confirma sua tese, segundo a qual o motor da história é o choque dialético entre as forças produtivas em desenvolvimento e as relações sociais de produção arcaicas que entravavam aquele desenvolvimento. Mas não antecipemos demais o assunto que retomaremos em outras unidades. Finalmente, outro conjunto de revoluções francesas, com outras motivações, como as jornadas de 1830 e de 1848, em que o elemento socialista começará a aparecer nas insurreições do proletariado, e a primeira, apesar de curta, experiência de tomada de poder e a constituição de um governo operário na história mundial, a Comuna de Paris de 1871, estaria no horizonte intelectual, reflexivo e crítico de Marx. 35 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA UNIDADE 08 - AS REVOLUÇÕES BURGUESAS: A REVOLUÇÃO FRANCESA (1688 – 1689) Cláudia de Carvalho Cosmo Rodrigo Davi Almeida No primeiro link a seguir, está disponível um documentário produzido pelo canal History Channel sobre a revolução francesa. No segundo link, segue um artigo produzido pelo pesquisador Michel Vovelle sobre a revolução e seu eco na modernidade e contemporaneidade. 1°LINK: http://www.youtube.com/watch?v=xpiAQRqVZtQ 2°LINK: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010340141989000200003&script=sci_arttext&tlng =es INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA UNIDADE 09 - AS REVOLUÇÕES INDUSTRIAIS DOS SÉCULOS XVIII E XIX Cláudia de Carvalho Cosmo Rodrigo Davi Almeida 36 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Caracterizar as revoluções industriais europeias dos séculos XVIII e XIX; Nesta unidade compreenderemos a importância das revoluções industriais para a elaboração do pensamento sociológico científico, apontando as principais mudanças engendradas pela sociedade industrial burguesa capitalista que se consolidava, sobretudo, na Europa. Para tanto, traçaremos um breve quadro histórico que caracterizem as principais transformações econômico-sociais e políticas e técnicas, no caso das revoluções industriais. ESTUDANDO E REFLETINDO As Revoluções Industriais nos séculos XVIII e XIX As Revoluções Inglesas do século XVII, as Revoluções Francesas dos séculos XVIII e XIX e as Revoluções Industriais dos séculos XVIII e XIX inauguram e, depois, consolidam uma nova forma de organização social, econômica, política e cultural: a sociedade europeia capitalista burguesa e liberal, que, a partir do século XVIII inicia seu processo de industrialização. Processo esse não uniforme, posto que ocorresse em épocas diferentes e em lugares diferentes. De qualquer forma, a Inglaterra e França foram as pioneiras nesse processo, seguidas, depois, pela Holanda, Bélgica, Itália e Alemanha e, fora da Europa, o Japão e os Estados Unidos da América. A Primeira Revolução Industrial ocorreu na Inglaterra a partir de meados do século XVIII. Para que ela fosse possível, diversos fatores econômicos, sociais, políticos, naturais e técnicos precisaram estar disponíveis. Dinheiro que foi aplicado na construção de indústrias nascentes (de têxteis, de cerâmicas e de metalurgia), minas de 37 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA UNIDADE 09 - AS REVOLUÇÕES INDUSTRIAIS DOS SÉCULOS XVIII E XIX Cláudia de Carvalho Cosmo Rodrigo Davi Almeida carvão mineral, minério de ferro, leis parlamentares que regularam os cercados dos campos permitindo a liberação de mão-de-obra para o trabalho nas indústrias e, ainda, inventos técnicos como a máquina a vapor empregada em minas e industrias têxteis. [...] A agricultura já estava preparada para levar a termo suas três funções fundamentais numa era de industrialização: aumentar a produção e a produtividade de modo a alimentar uma população não agrícola em rápido crescimento; fornecer um grande e crescente excedentes de recrutas em potencial para as cidades e as indústrias; fornecer um mecanismo para o acúmulo de capital a ser usado nos setores mais modernos da economia [...]. (HOBSBAWM, Eric. A era das revoluções. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1977) A Segunda Revolução Industrial, além a Inglaterra, ocorreu na França, Alemanha e Itália que se unificaram, na Bélgica, na Holanda e, fora do continente europeu, no Japão e nos Estados Unidos da América, a partir de meados do século XIX. Desenvolveram novas fontes de energia, luz e calor, utilizando a eletricidade e o petróleo como forças motrizes, novas indústrias na área química e de materiais, o aço, e produziram diversos novos inventos. Além dessas diferenças, a Segunda Revolução Industrial teve um caráter técnico-científico (tecnológico), pois aplicou a ciência à indústria, permitindo uma nova etapa no processo produtivo. INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA UNIDADE 09 - AS REVOLUÇÕES INDUSTRIAIS DOS SÉCULOS XVIII E XIX Cláudia de Carvalho Cosmo Rodrigo Davi Almeida 38 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDOULSON” – UNAR” A revolução industrial no século XIX transformou as cidades em grandes centros industriais, provocando graves mudanças estruturais e sociais.(fábrica da Lever Brothers – século XIX). (Fonte: http://www.unilever.com.br/aboutus/unilever_no_brasil/unilevernobrasi.aspx ) A Revolução Industrial alterou as formas de produção e as relações de trabalho, originando o sistema fabril de produção. Abaixo você lerá um texto que mostra a evolução das formas de trabalho: 1. Sistema fabril: os membros de uma família produzem artigos para o seu consumo, e não pra venda. O trabalho não se fazia com o objetivo de atender ao mercado. Princípio da Idade Média. 2. Sistema de corporações: produção realizada por mestres artesãos independentes, com dois ou três empregados, para o mercado, pequeno e estável. Os trabalhadores eram donos tanto da matéria-prima que utilizavam como das ferramentas com que trabalhavam. Não vendiam o trabalho, mas o produto do trabalho. Durante toda a Idade Média. 3. Sistema doméstico: produção realizada em cada para um mercado em crescimento, pelo mestre-artesão com ajudantes, tal como no sistema de corporações. Com uma diferença importante: os mestres já não eram independentes: tinham ainda a propriedade dos instrumentos de trabalho, mas, INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA UNIDADE 09 - AS REVOLUÇÕES INDUSTRIAIS DOS SÉCULOS XVIII E XIX Cláudia de Carvalho Cosmo Rodrigo Davi Almeida 39 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” dependiam, para a matéria-prima, de um empreendedor que surgira entre eles e o consumidor. Passaram a serem simplesmente tarefeiros assalariados. Do século XVI ao XVIII. 4. Sistema fabril: produção para um mercado cada vez maior e oscilante, realizada fora de casa sob uma rigorosa supervisão. Os trabalhadores perderam completamente sua independência. Não possuem a matéria-prima, como ocorria no sistema de corporações, nem os instrumentos, tal como no sistema doméstico. A habilidade deixou de ser tão importante como antes, devido ao maior uso da maquia, o capital tornou-se mais necessário do que nunca. Do século XIX até hoje. (HUBERMAN, Leo. História da riqueza do homem. Rio de Janeiro, Zahar, 1979, p. 125- 126) No sistema fabril e, posteriormente no sistema industrial propriamente dito, a especialização do trabalhador, bem como o controle sobre o tempo da produção, eram pré-requisitos básicos para a obtenção de uma produtividade cuja qualidade tivesse um padrão definido e cujo tempo fosse o mínimo possível – era a aplicação da máxima “Tempo é Dinheiro”! Foi a partir da Revolução Industrial que surgiram as grandes companhias internacionais e as grandes multinacionais, dando origem às novas formas de concentração de capital e de controle sobre a produção e circulação das mercadorias. Era o que muitos autores denominam a fase “imperialista” do capitalismo em seus momentos, respectivamente colonialista e neocolonialista dos séculos XIX e XX. 40 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA UNIDADE 09 - AS REVOLUÇÕES INDUSTRIAIS DOS SÉCULOS XVIII E XIX Cláudia de Carvalho Cosmo Rodrigo Davi Almeida BUSCANDO CONHECIMENTO A Revolução Industrial trouxe grandes impactos para a vida social, sobretudo, na vida do proletariado (trabalhadores). Todos trabalhavam inclusive crianças, mulheres, idosas e os homens com suas famílias numerosas, moradias em lugares pequenos, próximos ao local de trabalho, com sua alimentação básica (sopas, pão), salários baixíssimos, com poucas formas de sociabilidade e de lazer, basicamente as festas coletivas na praça da cidade. Sobram problemas sociais como o alcoolismo, a prostituição, o desemprego, mortes por acidentes de trabalho, a fome, a mendicância e também algumas formas de resistência como a organização dos trabalhadores em sindicatos e as greves que eram bastante comuns. No link seguir, está disponível o filme Tempos Modernos (1936), do diretor a ator Charles Chaplin, onde mostra o cotidiano das fábricas do fim do século XIX e inicio do século XX. LINK: http://www.youtube.com/watch?v=0gY0JR6s38g INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA UNIDADE 10 - DAWINISMO SOCIAL Cláudia de Carvalho Cosmo Rodrigo Davi Almeida 41 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivos: Compreender o fenômeno do Darwinismo social e seus reflexos no século XIX. Nesta unidade analisaremos o Darwinismo social que provocou o avanço da industrialização em países subdesenvolvidos, levando uma ideologia capitalista para povos tribais, reorganizando-os, para que isso pudesse acontecer, eram necessários estudos sociais daqueles povos, os investimentos em estudos sociais foram bastante significativos para a sociologia que ainda não tinha se consolidado como uma ciência da sociedade. ESTUDANDO E REFLETINDO A expansão da indústria, resultado das revoluções burguesas e industriais, trouxe um amadurecimento do capitalismo e estabeleceu bases industriais de produção, todavia com todo esse avanço europeu, um novo problema surge, a economia passa por um crescimento do mercado que não obedece ao ritmo de implantação da indústria, ocasionando em crises de superprodução. Esse problema leva a milhares de falências de pequenas indústrias e negócios, as empresas sobreviventes se unem, disputando entre elas o mercado existente e a livre concorrência. Essas empresas começam a se tornar grandes monopólios associados a poderosos bancos, que passam a financiar a produção por meio do capital financeiro, gerando dívidas crescentes que só poderiam ser pagas com a expansão do mercado e da produção. Ultrapassar os limites da Europa era a única saída para garantir a sobrevivência dessas indústrias e os lucros desses bancos. Para evitar novas crises, o objetivo era investir na expansão e a conquista de novos mercados consumidores. A Europa se volta para a conquista de impérios, tendo como principais alvos, a Ásia e a África. 42 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA UNIDADE 10 - DAWINISMO SOCIAL Cláudia de Carvalho Cosmo Rodrigo Davi Almeida Nesses continentes, as empresas podiam obter matéria-prima e mão de obra a baixíssimos custos. Existiam também pequenos mercados consumidores e grandes áreas para construção de industriais e empresas de serviços, porem houve certa resistência dos povos em se adequar aos moldes do capitalismo europeu. Essa resistência se dava pelo fato de ambos os povos terem costumes diferentes, religiões diferentes, modos de se relacionar diferentes. Assim, tornava-se necessário organizar, sob novos moldes, as nações que conquistavam, para que possa tornar possível a racionalização do trabalho e sua exploração e criar consumidores para seus produtos. A “partilha do mundo” (1870-1914) (fonte: http://historiacsd.blogspot.com.br/2011/11/imperialismo-neocolonialismo- partilha.html ) Essa exploração tinha que ultrapassar o caráter egoísta das grandes empresas para que se ganhem prestígios, por isso essas grandes empresas assumiram uma imagem humanitária que ocultava a ação violenta da ação colonizadora e transformava em “missão civilizadora”. Essa “civilização” que era oferecida, mesmo contra a vontade dos nativos, era para elevar essas nações do seu estado primitivo a um nível mais 43 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA UNIDADE 10 - DAWINISMO SOCIAL Cláudia de Carvalho Cosmo Rodrigo Davi Almeida desenvolvido. Tal argumento baseava-se na ideia inquestionável que a civilização europeia era o auge de modernidade e desenvolvimento. Essa forma de pensar apoiava-se em modelos teóricos desenvolvidos pelas ciências naturais, principalmente pelo modelo teórico desenvolvido pelo cientista inglês Charles Darwin (1809 – 1882), que explica a evolução biológica das espécies animais.Segundo o biólogo, a seleção natural pressiona as espécies no sentido da sua adaptação ao ambiente, obrigando-a a se transformar continuamente com a finalidade de se aperfeiçoar e garantir a sobrevivência. Vários políticos e cientistas leram essa tese e consideraram como uma explicação teleológica das espécies. Tais ideias levadas para o âmbito social resultaram no darwinismo social, partindo do principio do qual as sociedades se modificam e se desenvolvem de forma semelhante, e que as passagens sempre representam a saída de um estágio inferior para um superior, sendo a missão dos “superiores” ajudarem os “inferiores” a saírem de seu atual estado. Os cientistas sociais da época viam os continentes asiáticos e africanos como “fosseis vivos”, exemplares do passado primitivo da humanidade. Assim, as sociedades menos tecnológicas deveriam evoluir em direção ao nível mais complexo, onde se encontra a sociedade europeia do século XIX. BUSCANDO O CONHECMENTO A utilização de conceitos das áreas biológicas e naturais para os estudos das sociedades trouxeram certas interpretações errôneas no campo social, ocasionando ações preconceituosas, frutos de interesses particulares. O caráter cultural é brutalmente negando pelas essas primeiras escolas sociológicas. Os princípios naturais são aplicados em formas de vidas completamente naturais, sem qualquer relação com o artifício, ou seja, mesmo as sociedades mais “primitivas” não podem ser julgadas por princípios de evolução natural, pois já existe uma separação com a natureza. 44 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA UNIDADE 10 - DAWINISMO SOCIAL Cláudia de Carvalho Cosmo Rodrigo Davi Almeida A complexidade da cultura humana tem limitado cada vez mais a seleção natural como princípio de compreensão da realidade. A adaptação do homem nos mais variados ambiente denuncia o grau de relatividade das teorias evolutivas. A teoria da evolução natural trouxe fundamentos para teorias sociais, como por exemplo, as evoluções das sociedades. (fonte: http://guides.wikinut.com/img/2gxor5p1-4s0kktn/Charles-Darwin!) No link a seguir, está disponível um artigo dos pesquisadores brasileiros André Strauss e Ricardo Waizbort sobre o darwinismo social. No artigo, os pesquisadores fazem uma crítica à concepção de darwinismo social de outro pesquisador brasileiro. LINK: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010269092008000300009 INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA UNIDADE 11 - O ORGANICISMO Cláudia de Carvalho Cosmo Rodrigo Davi Almeida 45 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivo: Entender os pressupostos e funcionamento da escola sociológica organicista. ESTUDANDO E REFLETINDO Com o desenvolvimento da teoria do darwinismo social, a sociologia se interessava cada vez mais pelos estudos biológicos e naturais e sua representação no campo social. Surgiu então a escola organicista, que teve diversos seguidores dentre eles, cientistas que procuravam aplicar princípios naturais em fenômenos sociais. Um exemplo desses cientistas foi o alemão Albert Schäffle (1831-1903) que desenvolveu a teoria dos “tecidos sociais”, identificando a multiplicidade social com conceitos do campo da biologia. Porém, o cientista social que mais representou o organicismo foi o filósofo inglês Herbert Spencer (1820-1903) que investigou a evolução da espécie humana fazendo um paralelo com a evolução da sociedade que seria a evolução coletiva do homem. Para o cientista social, existe uma lei que explicaria o desenvolvimento de todos os seres vivos, inclusive o próprio homem sendo os princípios da biologia aplicáveis a todos, por isso a importância de compreender a biologia para entender a sociedade. Spencer e outros cientistas da época acreditavam que existem caracteres universais presentes nos mais vários organismos vivos regidos sob um sistema cuja função essencial é a da preservação do todo social. Isso quer dizer que, em todas as formas de viva existentes na terra, existe uma lei que os pressionam para manter a preservação da espécie, isso é visível claramente em colmeias ou em alcateias e com o ser humano não seria diferente, eles se organizam para se preservar e perpetuar a sua espécie. Assim, os cientistas organicistas procuravam criar uma identidade entre as leis 46 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA UNIDADE 11 - O ORGANICISMO Cláudia de Carvalho Cosmo Rodrigo Davi Almeida biológicas e sociais, fazendo um paralelo como sendo uma pertencente à outra, dando um caráter universal ao estudo. Porém, essa análise universal nega a contribuição histórica dos povos no processo de organização social, as especificidades de cada cultura são ignoradas em prol da análise de uma lei universal existentes nas sociedades. O objetivo é estabelecer leis de evolução em que diversas sociedades humanas são tratadas como espécies: O evolucionismo, velho compadre do etnocentrismo, não está longe. A atitude nesse nível é dupla: primeiramente recensear as sociedades segundo a maior ou menor proximidade que o seu tipo de poder mantém com o nosso: em seguida afirmar explicitamente ou implicitamente uma continuidade entre todas essas formas de poder... Mas, de outra parte é muito forte a tentação de continuar a pensar segundo o mesmo esquema e recorre-se a metáforas biológicas. Daí o vocabulário: embrionário, nascente, pouco desenvolvido, etc. (Clastres apud Cristina Costa, 2005, p.70) A teoria organicista não só influenciou análises da sociedade, mas também as concepções explicativas da história. Essa concepção dizia que diversas sociedades participavam, mesmo inconscientemente, da grande história mundial, todas as sociedades estavam unidas por leis universais e todas tinham o mesmo objetivo; a evolução. Spencer é considerado o pai do “Darwinismo social” (fonte:http://en.wikipedia.org/wiki/Herbert_Spencer) 47 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA UNIDADE 11 - O ORGANICISMO Cláudia de Carvalho Cosmo Rodrigo Davi Almeida A partir dessa ideia desenvolveram-se teorias que admitiam a igualdade entre todos os seres humanos em relação às características distintas. O filósofo francês Charles Montesquieu (1689-1755) foi um dos primeiros pensadores a entender as diferenças existentes entre os povos, todavia, sem deixar de lado a ideia que existe em meio a tanta diversidade, um objetivo universal para todos os povos da terra. Montesquieu acreditava na existência de uma lei geral na sociedade, semelhante à lei natural. (Fonte: http://www.diariodocentrodomundo.com.br/conversas-com-escritores-mortos-montesquieu-fala- sobre-o-egocentrismo/ ) Desde o declínio do império romano, o conceito de história social se desenvolveu de forma bastante significativa, cujo motor desse desenvolvimento estaria fundamentado em leis gerias e invisíveis. Essas leis estão separadas de eventos individuais ao longo da história, até em uma guerra ou ascensão de um rei, essa lei não se manifestaria, pois são causas particulares. A lei que rege a história seria igual às leis naturais que agem de forma natural, que governa mesmo sem ter consciência dela, seu agir e espontâneo e objetivo, abrangendo toda a sociedade guiando-a para o progresso. No entanto, essa lei tem também seus defensores, que por acreditar no seu valor moral defende ela de qualquer ação que possa prejudicar a ordem natural das 48 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA UNIDADE 11 - O ORGANICISMO Cláudia de Carvalho Cosmo Rodrigo Davi Almeida coisas. O império romano seria o exemplo de decadência por infligir essa lei geral da sociedade. BUSCANDO O CONHECIMENTO Diversos outros pensadores estudaram a ideia da sociedade como um
Compartilhar