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Atenas: Berço da Democracia e Cultura Grega

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Atenas 
 
Introdução 
Atenas foi a principal cidade-estado da Grécia 
Antiga e, em conjunto com Esparta, é um dos 
modelos utilizados para entender a organização 
política dos gregos. Foi um grande centro 
cultural, influenciado principalmente 
pelo intenso comércio com as regiões vizinhas. É 
considerada o berço da democracia, bem como a 
cidade em que floresceram a filosofia, o teatro, a 
arte e a vida urbana na Grécia. 
A pólis (ou cidade-estado) de Atenas estava 
localizada na península Ática, uma região do 
litoral grego muito acidentada e com poucas 
terras férteis. Apesar disso, a produção agrícola 
ajudou a impulsionar a economia ateniense, em 
especial pela produção de azeite, uva e cereais. 
Entretanto, foi o desenvolvimento da atividade 
comercial que impulsionou o crescimento de 
Atenas e lhe conferiu algumas de suas 
características mais importantes, como o intenso 
intercâmbio cultural, além de influenciar na 
própria estrutura da sociedade ateniense. 
Estrutura social e política 
Desde a formação das cidades-estados no 
período Arcaico (VIII – VI a.C.), a sociedade 
ateniense era dividida em alguns grupos sociais, 
que se formaram, a partir o declínio dos 
“genos”, antigas unidades de produção baseadas 
na propriedade comunal. Esses grupos eram 
divididos, tanto em razão de seu poder 
econômico, quanto político, da seguinte maneira: 
 Eupátridas: “bem-nascidos”, se constituíam 
em grandes proprietários de terra e eram 
considerados cidadãos; 
 Georgóis: pequenos proprietários, também 
livres e considerados cidadãos; 
 Demiúrgos: comerciantes que enriqueceram e 
também possuíam o status de cidadãos; 
 Metecos: estrangeiros que, em geral, se 
dedicavam ao comércio e não possuíam 
direitos políticos; 
 Escravos: inicialmente foi instituída 
a escravidão por dívida e, posteriormente, os 
escravos passaram a ser obtidos através de 
guerras. Não possuíam direito à participação 
política. 
Essa estrutura social, a partir do século VII a.C., 
começa a passar por crises em razão dos 
conflitos provocados pelas diferenciações 
sociais. 
Crises e reformas políticas 
Como a escravidão por dívida era permitida, 
muitos georgóis que fizeram empréstimos junto 
aos eupátridas e não conseguiram pagá-los, não 
apenas perderam suas propriedades como 
também se tornaram escravos. 
As pressões resultantes dessa crise 
provocaram importantes reformas na sociedade 
e na política atenienses, que podemos resumir da 
seguinte forma, de acordo com os governantes 
que as implantaram: 
Drácon (621 a.C.) 
Foi o primeiro a propor leis escritas e a torná-las 
públicas, já que antes ficavam restritas ao 
conhecimento dos eupátridas. Contudo, Drácon 
não promoveu maiores mudanças sociais e 
políticas para as camadas menos favorecidas. 
Sólon (594 a.C.) 
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Aboliu a escravidão por dívida e promoveu uma 
série de reformas que visavam reduzir alguns dos 
privilégios dos bem-nascidos. Para isso, elaborou 
uma divisão censitária da sociedade ateniense, 
que levava em conta a renda - e não o 
nascimento -, o que favoreceu os demiurgos. 
Entre suas ações, Sólon criou a “Bulé”, conselho 
que abrigava representantes de cidadãos não 
restrito a membros da aristocracia; a “Eclesia”, 
assembleia que votava as leis; e o “Hilieu”, 
tribunal de justiça ateniense. 
Clístenes (510-507 a.C.) 
Instituiu um sistema de divisão e organização da 
população em demos (de onde vem o nome 
democracia), que eram agrupados em tribos. Por 
sua vez, as tribos escolhiam representantes para 
participar da “Bulé”, com o objetivo de 
aprofundar a participação dos cidadãos na vida 
política da cidade. 
Clístenes também estabeleceu dois princípios 
políticos importantes, o da “isonomia”, que 
previa que todos os cidadãos eram iguais perante 
a lei, e o “ostracismo”, exílio de dez anos 
imposto aos que fossem considerados perigosos a 
Atenas. 
Democracia ateniense 
Embora Clístenes seja considerado o pai da 
democracia ateniense e tenha criado muitos dos 
mecanismos que a possibilitaram, seu auge 
ocorreu durante o governo do Péricles, no 
período Clássico. 
A democracia em Atenas, contudo, apresentava 
diferenças em relação às democracias modernas. 
A principal delas é que apenas os considerados 
cidadãos possuíam direitos políticos. Para ser 
cidadão, era necessário ser homem, filho de pais 
atenienses, livre e maior de idade. 
Dessa forma, mulheres, crianças, escravos e 
estrangeiros estavam excluídos das decisões 
políticas. 
A taxa de cidadãos variou ao longo do tempo, 
mas, segundo algumas estimativas, não passava 
de cerca de 15% da população de Atenas. 
A Guerra do Peloponeso e a decadência 
Com o fim das Guerras Médicas (499 e 449 
a.C.) entre gregos e persas, quando liderou a 
“Liga de Delos”, Atenas saiu fortalecida. Essa 
situação acirrou a rivalidade com outras cidades-
estados, em especial Esparta. 
Alguns aliados também já não queriam mais fazer 
parte da Liga de Delos, por julgá-la 
desnecessária após a derrota dos persas. O 
acirramento dos conflitos entre as póleis gregas 
resultou na Guerra do Peloponeso, que durou de 
431 a 404 a.C., e opôs principalmente Atenas e 
Esparta. 
Após longos anos de conflito, os espartanos 
conseguiram a vitória e impuseram sua 
hegemonia sobre a Grécia, dissolvendo a Liga de 
Delos. Essa hegemonia chegou a ser contestada 
novamente por Atenas, que voltou a se impor 
como dominante por um breve período. 
Posteriormente, foi a vez da cidade-estado Tebas. 
A imensa fragilidade das cidades-estados gregas, 
provocada por anos de conflitos, facilitou 
a invasão da Grécia por Filipe II, rei da 
Macedônia, no século IV a.C., que acabou 
eliminando a autonomia das cidades-estados. 
Contudo, apesar de ter entrado em decadência e 
ter perdido seu poder político, a herança 
cultural deixada por Atenas fez parte das 
expedições do filho de Filipe II, Alexandre, o 
Grande, pelo Oriente, e continuou a influenciar o 
mundo. 
Exercícios 
1 - “Durante a realeza, e nos primeiros anos 
republicanos, as leis eram transmitidas oralmente 
de uma geração para outra. A ausência de uma 
legislação escrita permitia aos patrícios 
manipular a justiça conforme seus interesses. Em 
451 a.C., porém, os plebeus conseguiram eleger 
uma comissão de dez pessoas — os decênviros — 
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para escrever as leis. Dois deles viajaram a 
Atenas, na Grécia, para estudar a legislação de 
Sólon”. 
COULANGES, F. A cidade antiga. São Paulo: Martins 
Fontes, 2000. 
A superação da tradição jurídica oral no mundo 
antigo, descrita no texto, esteve relacionada à 
A - adoção do sufrágio universal masculino. 
B - extensão da cidadania aos homens livres. 
C - afirmação de instituições democráticas. 
D - implantação de direitos sociais. 
Resolução B 
O texto faz referência à instituição de leis 
escritas, que na Grécia foram implementadas 
através das reformas promovidas por Drácon e 
posteriormente por Sólon. Esse novo expediente 
expandiu o conhecimento das leis para os demais 
cidadãos de Atenas, já que antes ele estava 
restrito aos eupátridas, facilitando sua 
manipulação. 
2 - Compreende-se assim o alcance de uma 
reivindicação que surge desde o nascimento da 
cidade na Grécia antiga: a redação das leis. Ao 
escrevê-las, não se faz mais que assegurar-lhes 
permanência e fixidez. As leis tornam-se bem 
comum, regra geral, suscetível de ser aplicada a 
todos da mesma maneira. 
VERNANT, J. P. As origens do pensamento grego. Rio de 
Janeiro: Bertrand Brasil, 1992 (adaptado). 
Para o autor, a reivindicação atendida na Grécia 
antiga, ainda vigente no mundo contemporâneo, 
buscava garantir o seguinteprincípio: 
 
A - Isonomia — igualdade de tratamento aos 
cidadãos. 
B - Transparência — acesso às informações 
governamentais. 
C - Tripartição — separação entre os poderes 
políticos estatais. 
D - Equiparação — igualdade de gênero na 
participação política. 
E - Elegibilidade — permissão para candidatura 
aos cargos públicos. 
 
Resolução 
A - Isonomia — igualdade de tratamento aos 
cidadãos. 
O princípio da isonomia estava presente no ideal 
de democracia grego, praticado em Atenas, e 
previa que todos os cidadãos são iguais perante a 
lei. Contudo, deve-se ressaltar que, para a 
democracia ateniense, os cidadãos eram apenas 
homens, livres, filhos de atenienses e maiores de 
idade. Mulheres, escravos e crianças não eram 
considerados cidadãos. 
3 - “E muitos a Atenas, para a pátria de geração 
divina, reconduzi, vendidos que foram - um 
injustamente, o outro justamente; e outros por 
imperiosas obrigações exilados, e que nem mais a 
língua ática falavam, de tantos lugares por que 
tinham errado; e outros, que aqui mesmo 
escravidão vergonhosa levavam, apavorados 
diante dos caprichos dos senhores, livres 
estabeleci”. 
O texto, um fragmento de um poema de Sólon – 
arconte ateniense, 594 a.C. –, citado por 
Aristóteles em “A Constituição de Atenas”, 
refere-se 
A - ao fim da tirania. 
B - à lei que permitia ao injustiçado solicitar 
reparações. 
C - à criação da lei que punia aqueles que 
conspiravam contra a democracia. 
D - à abolição da escravidão por dívida. 
E - à instituição da Bulé. 
Resolução D 
O texto faz referência à abolição da escravidão 
por dívida, prática que era adotada em Atenas e 
causou uma série de conflitos na sociedade 
ateniense, até sua abolição por Sólon em 594 
a.C.. 
Referência: 
https://querobolsa.com.br/enem/historia-
geral/atenas?utm_source=querobolsa.com.br&ut
m_source=plano-de-
estudo&utm_campaign=pde-agosto

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