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Neurotransmissores: Síntese, Armazenamento e Liberação

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Neurotransmissores 
 
 Nossa atual compreensão é de que os principais 
neurotransmissores estão dentro de uma de três categorias 
químicas: (1) aminoácidos, (2) aminas e (3) peptídeos. Os 
neurotransmissores aminoácidos e aminas são pequenas 
moléculas orgânicas contendo pelo menos um átomo de 
nitrogênio, os quais são armazenados em vesículas sinápticas 
e delas liberados. Os neurotransmissores peptídicos são 
moléculas grandes – cadeias de aminoácidos – armazenadas e 
liberadas de grânulos secretores. Grânulos secretores e 
vesículas sinápticas são frequentemente observados nos 
mesmos terminais axonais. Consistentemente com essa 
observação, é comum encontrarmos peptídeos nos mesmos 
terminais axonais que contêm neurotransmissores aminas ou 
aminoácidos. 
 Diferentes neurônios no SNC liberam diferentes 
neurotransmissores. A velocidade da transmissão varia 
amplamente. Formas rápidas de transmissão duram de 10 a 
100 ms e, em sua maioria, são mediadas no SNC pelos 
aminoácidos glutamato (Glu), ácido γ-aminobutírico (GABA) 
ou glicina (Gli). A amina acetilcolina (ACh) medeia a 
transmissão sináptica rápida em todas as junções 
neuromusculares. Formas mais lentas de transmissão 
sináptica podem durar de centenas de milissegundos a 
minutos; elas podem ocorrer no SNC e na periferia, sendo 
mediadas por neurotransmissores de todas as três categorias. 
 
Síntese e Armazenamento de Neurotransmissores 
A transmissão sináptica química requer que 
neurotransmissores sejam sintetizados e estejam prontos para 
liberação. Diferentes neurotransmissores são sintetizados de 
diferentes maneiras. Por exemplo, o glutamato e a glicina 
estão entre os 20 aminoácidos que são os blocos de 
construção utilizados na síntese proteica (ver Figura 3.4b); 
consequentemente, eles são abundantes em todas as células 
do corpo, incluindo os neurônios. Em contrapartida, o GABA e 
as aminas são produzidos apenas pelos neurônios que os 
liberam. Esses neurônios contêm enzimas específicas que os 
sintetizam a partir de vários precursores metabólicos. As 
enzimas envolvidas na síntese de ambos os 
neurotransmissores, aminoácidos e aminas, são transportadas 
até o terminal axonal, e, nesse local, elas rapidamente 
promovem a síntese de neurotransmissores. 
Uma vez sintetizados no citosol do terminal axonal, 
os neurotransmissores aminoácidos e aminas devem ser 
captados pelas vesículas sinápticas. Concentrar esses 
neurotransmissores dentro da vesícula é o trabalho dos 
transportadores, proteínas especiais embutidas na membrana 
vesicular. 
Mecanismos bastante distintos são usados para 
sintetizar e armazenar peptídeos nos grânulos secretores. Os 
 
peptídeos são formados quando aminoácidos são 
polimerizados nos ribossomos do corpo celular. No caso dos 
neurotransmissores peptídicos, isso ocorre no retículo 
endoplasmático (RE) rugoso. Em geral, os peptídeos longos, 
sintetizados no retículo endoplasmático rugoso, são clivados 
no aparelho de Golgi, produzindo fragmentos menores, sendo 
um deles o neurotransmissor ativo. Os grânulos secretores 
contendo os peptídeos processados no aparelho de Golgi 
desprendem-se dessa organela e são transportados ao 
terminal axonal por transporte axoplasmático. 
 
Diferenças da síntese e o armazenamento dos 
neurotransmissores aminoácidos e aminas, e os 
neurotransmissores peptídicos: 
 
 
 
Liberação de Neurotransmissores 
A liberação de neurotransmissores é desencadeada 
pela chegada de um potencial de ação ao terminal axonal. A 
despolarização da membrana do terminal causa a abertura de 
canais de cálcio dependentes de voltagem nas zonas ativas. 
Esses canais de membrana são muito similares aos canais de 
sódio, exceto que eles são permeáveis ao Ca2+, em vez de ao 
Na+. Há uma grande força condutora impulsionando o Ca2+ 
para o interior. A concentração interna de cálcio – [Ca2+] – em 
repouso é muita baixa, apenas 0,0002 mM; portanto, o Ca2+ 
inundará o citoplasma dos terminais axonais assim que os 
canais sejam abertos. A elevação resultante na [Ca2+] é o sinal 
que causa a liberação dos neurotransmissores da vesícula 
sináptica. 
As vesículas liberam seus conteúdos por um 
processo denominado exocitose. A membrana da vesícula 
sináptica funde-se com a membrana pré-sináptica nas zonas 
ativas, permitindo que o conteúdo da vesícula seja derramado 
na fenda sináptica. A exocitose é rápida porque o Ca2+ entra 
precisamente nas zonas ativas, onde as sinapses estão prontas 
e esperando para liberar seus conteúdos. Neste 
“microdomínio” local que cerca a zona ativa, o cálcio pode 
alcançar concentrações relativamente altas (maiores que 0,01 
mM). 
Na presença de aumento da [Ca2+], essas proteínas 
alteram suas conformações, de modo que as bicamadas 
lipídicas das membranas vesicular e pré-sináptica se fundam, 
 
 
formando um poro que permite que o neurotransmissor 
escape para a fenda sináptica. A abertura desse poro de fusão 
exocítica continua a se expandir até que a membrana vesicular 
esteja completamente incorporada à membrana pré-
sináptica. A membrana vesicular é posteriormente recuperada 
por um processo de endocitose, e a vesícula reciclada é 
recarregada com neurotransmissor. Durante os períodos de 
estimulação prolongada, as vesículas são mobilizadas a partir 
de um estoque de vesículas que está ligado ao citoesqueleto 
do terminal axonal. A liberação dessas vesículas do 
citoesqueleto e seu ancoramento às zonas ativas também são 
dependentes da elevação da [Ca2+]. 
Os grânulos secretores também liberam 
neurotransmissores peptídicos por exocitose, de uma maneira 
dependente de cálcio, mas comumente fora das zonas ativas. 
Como os sítios de exocitose dos grânulos localizam-se à 
distância dos sítios de influxo de Ca2+, os neurotransmissores 
peptídicos normalmente não são liberados em resposta a cada 
potencial de ação que chega ao terminal. Em vez disso, a 
liberação de peptídeos geralmente requer uma série de alta 
frequência de potenciais de ação, de forma que a [Ca2+] 
através do terminal possa atingir os níveis exigidos para a 
liberação longe das zonas ativas. Diferentemente da liberação 
rápida de neurotransmissores como os aminoácidos e as 
aminas, a liberação dos peptídeos é um processo vagaroso, 
levando 50 ms ou mais. 
 
 
 
Receptores para Neurotransmissores e seus Sistemas 
Efetores 
 Os neurotransmissores liberados dentro da fenda 
sináptica afetam os neurônios pós-sinápticos por se ligarem a 
proteínas receptoras específicas que estão embutidas nas 
densidades pós-sinápticas. A ligação do neurotransmissor ao 
receptor é como inserir uma chave em uma fechadura: isso 
causa uma mudança conformacional na proteína, e esta, 
então, pode funcionar diferentemente. Embora haja bem mais 
de 100 diferentes receptores para neurotransmissores, eles 
podem ser divididos em dois tipos: canais iônicos ativados por 
neurotransmissores e receptores acoplados a proteínas G. 
 
➢ Canais Iônicos Ativados por Transmissores 
Receptores conhecidos como canais iônicos 
ativados por transmissores são proteínas transmembrana, 
compostas por quatro ou cinco subunidades, que, juntas, 
formam um poro entre elas. Na ausência do neurotransmissor, 
o poro do receptor está frequentemente fechado. Quando o 
neurotransmissor se liga a sítios específicos na região 
extracelular do canal, ele induz uma mudança conformacional 
– uma delicada torção das subunidades –, a qual, em 
microssegundos, causa a abertura do poro. A consequência 
funcional depende de quais íons podem atravessar o poro. 
Os canais iônicos ativados por transmissores 
geralmente não apresentam o mesmo grau de seletividade 
iônica que os canais iônicos dependentes de voltagem. Por 
exemplo, os canais iônicos regulados por ACh na junção 
neuromuscular são permeáveis a ambos Na+ e K+. Ainda 
assim, como regra, se os canais abertos forem permeáveis ao 
Na+, o efeito resultante seráa despolarização da membrana 
da célula pós-sináptica, que deixa de estar no potencial de 
repouso. Uma vez que isso tende a trazer o potencial de 
membrana para o limiar de geração do potencial de ação, o 
efeito é denominado excitatório. A despolarização transitória 
do potencial da membrana pós-sináptica causada pela 
liberação de neurotransmissor é denominada potencial 
excitatório pós-sináptico (PEPS). 
Se os canais ativados por transmissores são 
permeáveis ao Cl–, o efeito final será de hiperpolarização da 
célula pós-sináptica (uma vez que o potencial de equilíbrio do 
cloreto é comumente negativo). Como a hiperpolarização 
tende a levar o potencial de membrana para longe do limiar 
de geração do potencial de ação, o efeito é denominado 
inibitório. A hiperpolarização transitória do potencial de 
membrana pós-sináptico causada pela liberação de 
neurotransmissor pela pré-sinapse é denominada potencial 
inibitório pós-sináptico (PIPS). A ativação sináptica de canais 
iônicos abertos por glicina ou GABA causa um PIPS. 
 
➢ Receptores Acoplados a Proteínas G 
A transmissão rápida nas sinapses químicas é 
mediada por neurotransmissores aminoácidos ou aminas 
agindo diretamente em canais iônicos. Entretanto, todos os 
três tipos de neurotransmissores, agindo em receptores 
acoplados a proteínas G, podem gerar ações pós-sinápticas 
mais lentas, mais duradouras e muito mais diversificadas. Esse 
tipo de ação do neurotransmissor envolve três passos: 1. O 
neurotransmissor liga-se ao receptor na membrana pós-
sináptica. 2. O receptor proteico ativa pequenas proteínas, 
denominadas proteínas G, as quais se movem livremente ao 
longo da face intracelular da membrana pós-sináptica. 3. As 
proteínas G ativadas, por sua vez, ativam proteínas efetoras. 
As proteínas efetoras podem ser canais iônicos 
(ativados por proteínas G) presentes na membrana, ou podem 
ser enzimas que sintetizam moléculas, denominadas segundos 
mensageiros, que se difundem para o citosol. Os segundos 
mensageiros podem ativar enzimas adicionais no citosol que, 
por sua vez, podem regular canais iônicos e alterar o 
metabolismo celular. 
O mesmo neurotransmissor pode ter diferentes 
ações pós-sinápticas, dependendo de qual receptor ele vai 
ativar. Um exemplo é o efeito da acetilcolina no coração e nos 
músculos esqueléticos. A acetilcolina diminui as contrações 
rítmicas do coração por causar uma lenta hiperpolarização das 
células musculares cardíacas. Em contrapartida, no músculo 
esquelético, a acetilcolina induz a contração por causar uma 
rápida despolarização das fibras musculares. Essas diferentes 
ações são explicadas pelos diferentes receptores envolvidos. 
No coração, o receptor metabotrópico da acetilcolina é 
acoplado, por uma proteína G, a um canal de potássio. A 
abertura do canal de potássio hiperpolariza a fibra muscular 
 
 
cardíaca e reduz a taxa de disparo dos potenciais de ação. No 
músculo esquelético, o receptor é um canal iônico ativado pela 
acetilcolina e permeável ao Na+. A abertura desse canal 
despolariza as fibras musculares e as torna mais excitáveis. 
 
➢ Autorreceptores 
Os receptores pré-sinápticos que são sensíveis aos 
neurotransmissores liberados no próprio terminal pré-
sináptico são denominados autorreceptores. São receptores 
acoplados a proteínas G que estimulam a formação de 
segundos mensageiros. As consequências da ativação desses 
receptores variam, mas um efeito comum é a inibição da 
liberação de neurotransmissores e, em alguns casos, da 
síntese de neurotransmissores. Isso permite que o terminal 
pré-sináptico regule a si próprio. 
 
Reciclagem e Degradação de Neurotransmissores 
Uma vez que os neurotransmissores liberados 
tenham interagido com receptores pós-sinápticos, eles devem 
ser removidos da fenda sináptica para permitir um novo ciclo 
de transmissão sináptica. Um maneira de isso acontecer é por 
simples difusão das moléculas de neurotransmissor através do 
líquido extracelular para longe das sinapses. Entretanto, para 
a maioria dos neurotransmissores dos tipos aminoácidos e 
aminas, a difusão é auxiliada por sua recaptação para dentro 
do terminal pré-sináptico. A recaptação ocorre por ação de 
transportadores proteicos específicos para 
neurotransmissores presentes na membrana pré-sináptica. 
Uma vez dentro do citosol do terminal, os neurotransmissores 
podem ser recarregados nas vesículas sinápticas ou 
degradados por enzimas, sendo seus produtos reciclados. 
A ação do neurotransmissor também pode ser 
terminada por degradação enzimática na própria fenda 
sináptica. 
 
Os princípios da integração sináptica 
A maioria dos neurônios do SNC recebe milhares de 
sinais sinápticos de entrada que ativam combinações 
diferentes de canais iônicos regulados por neurotransmissores 
e receptores acoplados a proteínas G. O neurônio pós-
sináptico integra todo esse complexo de sinais iônicos e 
químicos para produzir uma simples forma de sinal de 
resposta ou saída: potenciais de ação. A transformação de 
muitos sinais sinápticos de entrada em um único sinal 
neuronal de saída constitui uma computação neural. A 
integração sináptica é o processo pelo qual múltiplos 
potenciais sinápticos se combinam em um neurônio pós-
sináptico. 
A corrente de entrada através desses canais 
despolariza a membrana pós-sináptica, causando o PEPS. A 
membrana pós-sináptica de uma sinapse pode ter de algumas 
dezenas até diversos milhares de canais ativados por 
transmissores; a quantidade ativada durante a transmissão 
sináptica depende principalmente da quantidade de 
neurotransmissor que é liberada. 
 
➢ Análise Quântica de PEPSs 
Cada vesícula contém aproximadamente o mesmo 
número de moléculas de transmissores (vários milhares); a 
quantidade total de transmissor liberado é algum múltiplo 
desse número. Consequentemente, a amplitude do PEPS pós-
sináptico é algum múltiplo da resposta ao conteúdo de uma 
única vesícula. Dito de outra maneira, os PEPSs em uma 
determinada sinapse são quânticos; eles são múltiplos de uma 
unidade indivisível, o quantum, o qual reflete o número de 
moléculas neurotransmissoras em uma única vesícula 
sináptica e o número de receptores disponíveis na sinapse. 
Em muitas sinapses, a exocitose de vesículas ocorre 
em uma taxa muito reduzida mesmo na ausência de 
estimulação pré-sináptica. O tamanho da resposta pós-
sináptica a essa liberação espontânea de neurotransmissores 
pode ser medido eletrofisiologicamente. Essa pequena 
resposta é um potencial pós-sináptico em miniatura, 
frequentemente chamado de mini. Cada mini é gerado pelo 
conteúdo de transmissor de uma vesícula. 
 
➢ Somação de PEPS: 
A junção neuromuscular foi desenvolvida para ser 
infalível; ela deve funcionar sempre, e a melhor maneira de se 
assegurar isso é gerando um enorme PEPS. Por outro lado, se 
cada sinapse no SNC fosse, por si própria, capaz de 
desencadear um potencial de ação em sua célula pós-sináptica 
(como faz a junção neuromuscular), então um neurônio seria 
um pouco mais do que uma simples estação de retransmissão. 
Ao contrário, a maioria dos neurônios executa computações 
sofisticadas, requerendo que muitos PEPSs sejam adicionados 
para produzir uma significante despolarização pós-sináptica. 
Esse é o significado da integração dos PEPS. 
A somação dos PEPSs representa a mais simples 
forma de integração sináptica no SNC. Há dois tipos de 
somação: espacial e temporal. A somação espacial consiste em 
adicionar PEPSs gerados simultaneamente em muitas sinapses 
em um dendrito. A somação temporal consiste em adicionar 
PEPSs gerados na mesma sinapse e que ocorrem em uma 
rápida sucessão, dentro de intervalos de 1 a 15 ms. 
 
Contribuição das Propriedades Dendríticas à Integração 
Sináptica 
Mesmo com a somação de vários PEPSs em um 
dendrito, a despolarização provocada pode, ainda, não ser 
suficiente para levar o neurônio adisparar um potencial de 
ação. Antes que o potencial de ação possa ser gerado, a 
corrente que entra pelos sítios da região de contato sináptico 
deve se propagar ao longo do dendrito e através do corpo 
neuronal até causar, na zona de gatilho, uma despolarização 
além do limiar de excitação. A efetividade de uma sinapse 
excitatória em desencadear um potencial de ação depende, 
portanto, de quão longe a sinapse está da zona de gatilho e 
das propriedades de condução da membrana dendrítica. 
 
➢ Propriedades dos Cabos Dendríticos 
Há dois caminhos que a corrente sináptica pode 
seguir: por dentro do dendrito ou através da membrana 
dendrítica. Na medida em que as correntes prosseguem para 
adiante no dendrito e para longe das sinapses, a amplitude do 
PEPS diminuirá, devido ao vazamento de corrente iônica 
através dos canais de membrana. Em alguma distância do local 
do influxo da corrente, a amplitude do PEPS pode se aproximar 
de zero. 
Os dendritos reais têm comprimentos finitos, 
ramificações, tendem a afunilar, e os PEPSs são transitórios – 
todos são fatores que afetam a propagação da corrente e, 
portanto, a eficiência dos potenciais sinápticos.) A constante 
de comprimento é um índice de quão longe a despolarização 
 
 
pode se difundir em um dendrito ou axônio. Quanto maior for 
a constante de comprimento, mais provável será que os PEPSs 
gerados em sinapses distantes despolarizarão a membrana no 
cone de implantação axonal (onde está a zona de gatilho). O 
valor de λ em nosso dendrito idealizado, eletricamente 
passivo, depende de dois fatores: (1) a resistência da corrente 
fluindo longitudinalmente ao longo do dendrito, chamada de 
resistência interna (ri); e (2) a resistência da corrente fluindo 
através da membrana, chamada de resistência da membrana 
(rm). A maior parte da corrente seguirá o caminho de menor 
resistência; portanto, o valor de λ aumentará à medida que a 
rm aumentar, porque mais corrente despolarizante fluirá pelo 
interior do dendrito e menos “vazará” para fora da membrana. 
O valor de λ irá decrescer quando a ri aumentar, porque mais 
corrente fluirá através da membrana. Assim como a água fluirá 
mais longe em uma mangueira larga com poucos vazamentos, 
a corrente sináptica fluirá até um sítio mais distante em um 
dendrito largo (baixo ri) com poucos canais de membrana 
abertos (alto rm). 
A resistência interna depende apenas do diâmetro 
do dendrito e das propriedades elétricas do citoplasma; como 
consequência, ela é relativamente constante em um neurônio 
maduro. Em contrapartida, a resistência da membrana 
depende do número de canais iônicos abertos, o que muda de 
um momento para outro, dependendo de quais outras 
sinapses estão ativas. A constante de comprimento dendrítico, 
portanto, não é, de forma alguma, constante. 
 
➢ Dendritos Excitáveis 
A membrana dos dendritos é eletricamente passiva, 
o que significa que ela não teria canais iônicos dependentes de 
voltagem. Alguns dendritos no encéfalo têm membranas 
quase passivas e inexcitáveis, e, assim, obedecem às equações 
simples de cabos. Os dendritos dos neurônios motores 
espinhais, por exemplo, são bastante próximos desse modelo. 
Entretanto, a maioria dos dendritos, decididamente, não é 
passiva. Uma variedade de neurônios apresenta dendritos 
com um significativo número de canais de sódio, cálcio e 
potássio dependentes de voltagem. Os dendritos raramente 
têm canais iônicos suficientes para gerar potenciais de ação 
completamente propagáveis, como fazem os axônios. 
Contudo, os canais dependentes de voltagem nos dendritos 
podem atuar como importantes amplificadores de pequenos 
potenciais pós-sinápticos distantes gerados nos dendritos. 
PEPSs que diminuiriam até quase desaparecer em um dendrito 
longo e passivo podem, contudo, ser suficientemente grandes 
para desencadear a abertura de canais de sódio dependentes 
de voltagem, os quais, por sua vez, adicionam corrente para 
impulsionar o sinal sináptico em direção ao corpo celular. 
 
Inibição 
Um PEPS pode ou não contribuir para o potencial de 
ação propagado por um neurônio na dependência de vários 
fatores, inclusive do número de sinapses excitatórias ativas 
concomitantemente, da distância da sinapse à zona de gatilho 
e das propriedades da membrana dendrítica. Contudo, nem 
todas as sinapses no encéfalo são excitatórias. A ação de 
algumas sinapses é afastar o potencial de membrana do limiar 
do potencial de ação; essas são chamadas de sinapses 
inibitórias. As sinapses inibitórias exercem um poderoso 
controle sobre o sinal de saída de um neurônio. 
 
➢ PIPSs e Inibição por Derivação 
Os receptores pós-sinápticos, na maioria das 
sinapses inibitórias, são muito similares àqueles das sinapses 
excitatórias; eles são canais iônicos ativados por 
transmissores. As únicas diferenças importantes são que eles 
ligam diferentes neurotransmissores (GABA ou glicina) e que 
eles permitem que diferentes íons passem através de seus 
canais. Os canais ativados por neurotransmissores da maioria 
das sinapses inibitórias são permeáveis unicamente a um íon 
natural, o Cl–. A abertura do canal de cloreto permite que o 
Cl− atravesse a membrana no sentido que traz o potencial de 
membrana para o potencial de equilíbrio do cloreto, ECl, cerca 
de −65 mV. Se o potencial de membrana for menos negativo 
que −65 mV quando o neurotransmissor for liberado, a 
ativação desses canais causaria um PIPS hiperpolarizante. 
Se o potencial de repouso da membrana já fosse −65 
mV, nenhum PIPS seria visível depois da ativação dos canais de 
cloreto, uma vez que o valor do potencial de membrana já 
seria igual ao ECl. Se não há PIPS visível, estará o neurônio 
realmente inibido? A resposta é sim. A ativação de uma 
sinapse excitatória conduz ao influxo de cargas positivas para 
o interior do dendrito. Essa corrente despolariza a membrana 
à medida que flui rumo ao corpo celular. No local da sinapse 
inibitória ativa, entretanto, o potencial de membrana é igual 
ao ECl, − 65 mV. Assim, nesse local, uma corrente positiva flui 
para fora através da membrana para trazer o Vm para − 65 mV. 
Essa sinapse age como um desvio elétrico, que impede que a 
corrente flua através do corpo celular até o cone de 
implantação axonal. Esse tipo de inibição é chamado de 
inibição por derivação. A verdadeira base da inibição por 
derivação é o movimento de entrada dos íons cloreto 
negativamente carregados, os quais formalmente equivalem a 
uma corrente positiva de saída. 
Assim, podemos notar que a ação das sinapses 
inibitórias também contribui para a integração sináptica. Os 
PIPS reduzem o tamanho dos PEPS, reduzindo a probabilidade 
de disparo de potenciais de ação pelo neurônio pós-sináptico. 
Além disso, a inibição por derivação age reduzindo 
drasticamente a rm e, consequentemente, a constante λ, 
permitindo, portanto, que a corrente positiva flua para fora 
através da membrana, em vez de fluir internamente no 
dendrito rumo à zona de gatilho. 
 
➢ A Geometria das Sinapses Excitatórias e Inibitórias 
As sinapses inibitórias do encéfalo que utilizam 
GABA ou glicina como neurotransmissor apresentam sempre 
a característica morfológica das sinapses tipo II de Gray. Essa 
estrutura contrasta com as sinapses excitatórias que usam 
glutamato, as quais têm morfologia das sinapses tipo I de Gray. 
Essa correlação entre estrutura e função tem sido útil para a 
resolução das relações geométricas entre sinapses excitatórias 
e inibitórias em neurônios individuais. Além de estarem 
espalhadas sobre os dendritos, as sinapses inibitórias são 
encontradas, em muitos neurônios, agrupadas sobre o corpo 
celular e próximas ao cone de implantação axonal, onde estão 
em uma posição especialmente privilegiada para influenciar a 
atividade do neurônio pós-sináptico. 
 
Modulação 
Com certeza, as sinapses com canais iônicos ativados 
por transmissores transportamo grosso das informações 
específicas que são processadas pelo sistema nervoso. 
 
 
Entretanto, há muitas sinapses com receptores acoplados a 
proteínas G que não estão diretamente associadas a canais 
iônicos. A ativação sináptica desses receptores não evoca 
diretamente PEPSs e PIPSs, mas, em vez disso, modifica a 
eficiência dos PEPS gerados por outras sinapses com canais 
iônicos ativados por neurotransmissores. Esse tipo de efeito 
sobre a transmissão sináptica é denominado modulação. 
A ativação de qualquer desses receptores iniciará 
uma cascata distinta de reações bioquímicas no neurônio pós-
sináptico, o que nem sempre inclui fosforilação e decréscimo 
da condutância da membrana. De fato, o AMPc, em um tipo 
diferente de célula, com diferentes enzimas, pode produzir 
mudanças funcionais opostas na excitabilidade celular.

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