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Universidade Federal de Campina Grande — UFCG Centro de Tecnologia e Recursos Naturais — CTRN Unidade Acadêmica de Engenharia Civil — UAEC Laboratório de Engenharia de Pavimentos — LEP Curso de graduação em Engenharia Civil Campus Sede — CEP: 58109-970 Relatório de Experimento: Materiais Betuminosos Docente: Carina Silvani Discentes: Amanda dos Santos Queiroz (118210219) Gabriel Hugo Silva de Lima (118210585) Maria Laura Fernandes Bezerra (118210462) Campina Grande, 18 de março de 2021. 2 Materiais de Construção Experimental Relatório sobre ensaios de Materiais Betuminosos Período 2020.1e Relatório apresentado à disciplina de Materiais de Construção Experimental, da Unidade Acadêmica de Engenharia Civil do CTRN da UFCG como requisito básico para obtenção da nota do 1º estágio. 3 1. INTRODUÇÃO Materiais betuminosos são associações de hidrocarbonetos solúveis em bissulfeto de carbono. São subdivididos em duas categorias: os asfaltos e os alcatrões: ● Asfaltos: são obtidos através de destilação do petróleo. Podem ser naturais ou provenientes da refinação do petróleo. ● Alcatrões: são obtidos através da refinação de alcatrões brutos, que por sua vez vêm da destilação de carvão mineral. Os materiais betuminosos estão presentes em cerca de 95% das estradas pavimentadas, são materiais que têm papel fundamental na construção civil. Com isso torna-se necessário um estudo deles para que se possa usá-lo de forma adequada nas construções. A caracterização dos materiais fornece informações necessárias para determinação do desempenho do material em campo. Essa caracterização é feita através de ensaios em laboratórios. Para os materiais betuminosos os ensaios de caracterização além de prever o desempenho do material em campo, fornecem dados importantes no que se refere à segurança, aos riscos de transporte, armazenagem e manuseamento do produto. Assim, temos que os ensaios de ponto de fulgor, penetração, ponto de amolecimento e viscosidade são de extrema importância no estudo dos materiais betuminosos. 1.1. Materiais betuminosos utilizados em pavimentação: ● Cimentos asfálticos de petróleo (CAP) ● Asfaltos diluídos (ADP) ● Emulsões asfálticas (EAP) ● Asfaltos modificados por polímero (AMP) ● Asfaltos modificados por borracha (AMB) O CAP é a base de todos os outros produtos. Cimentos Asfálticos de Petróleo (CAPs) são o produto básico da destilação do petróleo, são semi-sólidos à temperatura ambiente, necessitando de 4 aquecimento para adquirir consistência adequada para utilização. Os CAPs são constituídos por 90 a 95% de hidrocarbonetos e por 5 a 10% de heteroátomos (oxigênio, enxofre, nitrogênio e metais – vanádio, níquel, ferro, magnésio e cálcio) unidos por ligações covalentes. Os cimentos asfálticos de petróleos brasileiros têm baixo teor de enxofre e de metais, e alto teor de nitrogênio, enquanto os procedentes de petróleos árabes e venezuelanos têm alto teor de enxofre (Leite, 1999). A composição do CAP é bastante complexa, sendo que o número de átomos de carbono por molécula varia de 20 a 120. A composição varia com a fonte do petróleo, com as modificações induzidas nos processos de refino e durante o envelhecimento na usinagem e em serviço. Uma análise elementar pode apresentar as seguintes proporções de componentes: carbono de 82 a 88%; hidrogênio de 8 a 11%; enxofre de 0 a 6%; oxigênio de 0 a 1,5% e nitrogênio de 0 a 1%. A característica de termoviscoelasticidade desse material manifesta-se no comportamento mecânico, sendo suscetível à velocidade, ao tempo e intensidade de carregamento, e à temperatura de serviço. O comportamento termoviscoelástico é mais comumente assumido do que o termoviscoplástico, com suficiente aproximação do real comportamento do material. O CAP é um material quase totalmente solúvel em benzeno, tricloroetileno ou em bissulfeto de carbono, propriedade utilizada como um dos requisitos de especificações. Classificação dos CAPs segundo sua Viscosidade Absoluta a 60ºC (em poises): • CAP 7: η = 700 a 1500 poises • CAP20: η = 2000 a 3500 poises • CAP40: η = 4000 a 8000 poises Classificação dos CAPs segundo ensaio de Penetração, realizado a 25ºC (100g, 5s, 25ºC): • CAP 30/45 • CAP 50/70 • CAP 85/100 • CAP 100/120 5 • CAP 150/200 1.2. Utilização: ● Pavimentação – é a regularização superficial do solo com o intuito de dar passagem fácil a todo e qualquer veículo ou transeunte: ● Pavimento asfáltico – são pavimentos feitos com materiais betuminosos puros ou em misturas com agregados pétreos; ● Imprimações ou pintura de ligação – é uma fina camada feita de asfaltos diluídos ou emulsões aplicadas diretamente sobre o solo, com a função de impermeabilização e aderência, e sobre pavimento antigo com a única função de aderência; ● Concreto asfáltico – nome dado somente para pavimentos do tipo hotmixed, de graduação compacta, preparados com dosagem racional e aplicados com equipamentos e técnicas avançadas; ● Solo-asfalto – mistura de asfalto como solo natural para obter estabilização, não sendo apropriado para o tráfego de veículos; ● Impermeabilização – é a proteção das construções contra a infiltração da água. Membranas asfálticas – moldada a frio “in loco”; • Mantas asfálticas – moldada a quente na forma de tecido. ● Feltro asfáltico: São materiais largamente aplicados em impermeabilizações, constituídos de feltros ricos em algodão ou de papelão absorvente, embebidos com asfalto; uma tira de 5 cm de largura deve resistir, no mínimo a uma tração de 1,5 Mpa; ● Placas asfálticas prensadas; ● Misturas betuminosas: Os materiais betuminosos podem ser misturados entre si, sem provocar reação química apreciável a fim de melhorar as propriedades. Podem ser adicionados fileres diversos a fim de melhorar plasticidade, adesão, resistência, durabilidade etc.; ● Novos Produtos: Asfaltos modificados com polímeros – são adicionados polímeros com o intuito de aumentar a homogeneidade, durabilidade e o comportamento elástico; Asfaltos modificados com fibras – O maior 6 exemplo dessa utilização está em Interlagos a fim de aumentar a resistência mecânica do pavimento. 1.3. Objetivos: • Determinação da penetração; • Determinar o ponto de fulgor; • Determinação do ponto de amolecimento - Método do anel e bola; • Determinação da viscosidade Saybolt-Furol; 2. PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAL 2.1. Penetração: 2.1.1. Materiais: a) Recipiente de metal e cilíndrico para colocar a amostra (figura 01); b) Penetrômetro (figura 02); c) Agulha (figura 03); d) Cronômetro; e) CAP 50/70 (figura 04); f) Termômetro; Figura 1. Recipiente com a amostra do CAP. (SILVANI, 2021) Figura 2. Equipamento utilizado: Penetrômetro. (SILVANI, 2021) 7 2.1.2. Métodos: Segundo a NBR 6576/2007 e reafirmado pela DNIT 155/2010, o procedimento da penetração é a medição da distância em décimos de milímetros que uma agulha padronizada penetra verticalmente na amostra de material sob condições prefixadas de carga, tempo e temperatura. O procedimento foi iniciado alinhando a agulha no limite da superfície da amostra de CAP 50/70, que é o CAP mais utilizado no Nordeste. Em seguida soltou- se o êmbolo para medição da deflexão de penetração da agulha, onde o peso e o tempo possuem valores constantes. Após 5 segundos foi feita a leitura do resultado obtido. Assim como é indicado pela norma, o procedimento foi realizado 3 vezes, onde foi coletado em 3 pontos diferentes da amostra, distantes entre si e da borda do recipiente em 10mm no mínimo. Entretanto, vale ressaltar que emtodas as vezes que foi concluída a penetração, houve a necessidade de limpar o material com gasolina para nova utilização. 2.2. Ensaio de Ponto de fulgor: 2.2.1. Materiais: a) Vaso aberto de Cleveland; b) Termômetro; Figura 2. Agulhas. (SILVANI, 2021) Figura 4. Amostra com as 3 perfurações. (SILVANI, 2021) 8 c) Chama piloto; d) Suporte para vaso; e) Suporte para termômetro; f) Bico de Busen; g) Fonte de calor. 2.1.2. Método: O ponto de fulgor em derivados de petróleo é a menor temperatura corrigida para uma pressão barométrica de 101,3 kPa, na qual a aplicação de uma chama de ensaio causa a ignição dos vapores da alíquota sob as condições específicas do ensaio, definição encontrada na NBR 11341/08. Nesse experimento foi utilizado uma emulsão, devido o tempo com o CAP ser muito demorado e o termômetro utilizado ter uma escala menor. Inicialmente é colocado uma quantidade de emulsão no vaso de Cleveland, atentando-se para não ultrapassar o nível e transbordar. Após isso, acende-se o bico de Busen aquecendo a amostra. No mesmo momento, ajusta- se o termômetro no recipiente, para poder medir corretamente a temperatura. Em seguida, quando a amostra começar a liberar vapores, acende-se a chama piloto, fazendo movimentos circulares e constantes, sobre a amostra. Cada Figura 5. Vaso contendo a amostra e na sua parte superior podemos ver o bico de Busen. (SILVANI, 2021) Figura 6. Termômetro utilizado. (SILVANI, 2021) 9 passagem deve durar, aproximadamente, 1 seg. O ponto de fulgor será apontado quando em qualquer ponto da superfície da amostra aparecer um lampejo provocado pelos vapores, a partir desse lampejo mede-se a temperatura exata. 2.2. Ponto de amolecimento ou Anel e Bola: 2.2.1. Materiais: a) Anéis de latão (figura 7); b) Bola de aço de 93,5 g; c) Becker de 800ml; d) Bico de Busen; e) Termômetro; f) Espátula; g) Placa de vidro; h) Suporte para anéis e bolas, de modo que a amostra fique a 2,54cm do fundo do recipiente (figura 8). Figura 7. Anel e Bola. (SILVANI, 2021) Figura 8. Suporte. (SILVANI, 2021) 10 2.2.2. Método: O ponto de amolecimento é a medida empírica que correlaciona a temperatura na qual o asfalto amolece quando aquecido sob certas condições particulares e atinge uma determinada condição de escoamento a partir do ponto de fusão. Esse ensaio é feito dentro da água para garantir que a temperatura seja a mesma em todos os lados da amostra. A princípio, prepara-se a execução dos anéis preenchidos com CAP, tendo uma distância a ser percorrida padrão de 1 polegada. Posteriormente, coloca- se o termômetro no meio bem próximo dos dois anéis, pois através da temperatura homogênea coletada, pode-se achar o parâmetro do experimento, ou seja, o ponto de amolecimento. Após isso, liga-se a fonte de calor para aumentar a temperatura, em teoria de 2 em 2 graus. Espera-se até que atinja a temperatura que vai fazer com que a bola penetre o CAP. O CAP de maneira geral não tem um momento exato de mudança de fase, dependendo da temperatura ele se comporta de uma maneira diferente. Caso as bolas cheguem à distância de 1 polegada juntas, a temperatura é a mesma, caso não aconteça é feito a média das duas temperaturas. Figura 9. Amostra depois de aquecida e cedida, encostando no fundo do suporte. (SILVANI, 2021) 11 2.3. Ensaio de Viscosidade: 2.3.1. Materiais: a) Viscosímetro (figura 10); b) Funil (figura 11); c) Tubo de Viscosidade; d) Frasco Receptor; e) Cronômetro. Figura10. Aparelho utilizado, com os 2 frascos receptores. (SILVANI, 2021) Figura11. Funil para derramar a amostra. (SILVANI, 2021) Figura 12. Cronômetro do Viscosímetro. Também pode-se notar a temperatura da amostra no painel ao lado direito. (SILVANI, 2021) Figura 13. Tampa do funil. (SILVANI, 2021) 12 2.3.2. Método: A viscosidade tem como objetivo medir a consistência dos materiais betuminosos em estado líquido, de uma forma prática. O procedimento de viscosidade iniciou com a inserção do CAP no funil, após isso é feita a retirada da rolha que está no funil e começa a contar o tempo que demora para o CAP escoar por um furo padrão, iniciando a contagem do escoamento pelo cronômetro e quando atingir a marca delimitada, fazemos a duplicata para comparar o tempo de escoamento e temperatura da emulsão. 3. RESULTADOS 3.1. Ensaio de Penetração: A tabela abaixo mostra os valores que foram obtidos nas medições: Tabela 1. Valores obtidos: 1ª medição 2ª medição 3ª medição Média 7,0 mm 7,15 mm 6,5 mm 6,88 mm A amostra na primeira medição apresentou o valor de 70 décimos de milímetro. Na segunda medição a deflexão obtida foi de 71,50 décimos de milímetro e por fim, na terceira medição obteve-se o valor de 65 décimos de milímetro, sendo esse o menor valor de leitura. A última medição pode ter ocorrido discrepância devido ao entortamento da agulha. Dessa forma, de acordo com a ANP-2005, a amostra é classificada como CAP 50/70. 3.2. Ensaio de Viscosidade Saybolt-Furol: Após inserir o CAP no funil e retirada da rolha que estava no funil, começou a contar o tempo que demora para a emulsão escoar pelo furo padrão, que ao final chega a um total de 60cm³ de CAP, na temperatura de 135.1 °C. Concluído o escoamento, teve-se o primeiro tempo que foi de 2 minutos 52 segundos e 49 centésimos. A segunda medição teve o tempo de 3 minutos 13 35 segundos 82 centésimos. Sendo assim, após os dois testes faz-se a média das duas temperaturas. Como não houve variação de temperatura, não precisou calcular a média. Tabela 2. Tempo cronometrado na primeiro e segundo escoamento da amostra: 1ª medição 2ª Medição 00:02:52:43 SSF 00:03:35:82 SSF 3.3. Ensaio de Ponto de amolecimento: Obteve-se a média da temperatura a partir da observação do contato da esfera 1 e 2 com a placa de fundo (50ºC e 51ºC respectivamente). A partir do cálculo da média aritmética, chegamos ao resultado abaixo: 𝟓𝟎º + 𝟓𝟏º = 𝟓𝟎, 𝟓ºC 3.4. Ensaio de Ponto de Fulgor: Após o tempo de espera para aquecer a amostra, a chama surgiu rapidamente, assim encontrando o Ponto de Fulgor a 50ºC, aferido no termômetro. Deste modo afirmou-se que o CAP, possui ponto de fulgor a 50°C, ou seja, esta é a mínima temperatura na qual o produto em contato com uma fonte externa de calor, torna-se inflamável. 14 4. CONCLUSÃO. Através dos experimentos realizados, pôde-se conhecer características específicas do CAP. Com base no ensaio de ponto de fulgor, concluímos que a mínima temperatura para que a amostra em contato com uma fonte externa se torne inflamável foi de 50 ° C. Observa-se também que o CAP utilizado na realização do ensaio penetração obteve o resultado de 6,88 mm ou 68,8 décimos de milímetro, sendo classificado como CAP 50/70, de acordo com a ANP-2005. Se tratando do ensaio de ponto de amolecimento, o material usado teve como resultado 50,5ºC, sendo a média dos valores obtidos pelo experimento. Entretanto, pode-se notar possíveis erros no experimento de penetração, observou-se ao fim da terceira medição uma diferença considerável dos valores anteriores, sendo um dos possíveis fatores de erro o alinhamento da agulha, pois o procedimento é feito no “olhômetro”, e o fato dela estar possivelmente suja e torta. Por sua vez, o ensaio de viscosidade foi o mais passível de erro, uma vez que seus resultados foram muito altos, sendo eles de 2 minutos 52 segundos e 49 centésimos na primeira medição e 3 minutos 35 segundos 82 centésimos na segunda medição. Pode-se apontar como fator que influenciou nos resultados distintos,o problema no furo do funil, fazendo com que demorasse mais e consequentemente apresentasse uma viscosidade maior, era esperado o mesmo resultado por se tratar da mesma amostra utilizada nos dois anéis. A partir dos experimentos e das discussões apontadas neste relatório, conclui- se que o CAP atende aos requisitos para utilização em nossa região, embora seja necessário realizar o teste de viscosidade novamente e, se possível, em outro aparelho para assim verificar se realmente atende aos padrões esperados. 15 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: SILVANI, Carina. Materiais Betuminosos. Notas de aula. Aula 2. SILVANI, Carina. Materiais Betuminosos. Notas de aula. Aula 3. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 11341: Derivados de petróleo – Determinação dos pontos de fulgor e de combustão em vaso aberto de Cleveland: 2008. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6560: Materiais betuminosos – Determinação do ponto de amolecimento – Método do anel e bola: 2008. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6576: Materiais asfálticos – Determinação da penetração: 2007. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR MB517: Determinação da Viscosidade Saybolt-Furol de materiais betuminosos a alta temperatura: 2003.
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