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Cirrose Hepática EPIDEMIOLOGIA: - A prevalência mundial - 3 a 5%, em adultos; No Brasil, a taxa de mortalidade por CH e outras hepatopatias crônicas é de 15,6 a cada 100 mil habitantes. - No Brasil, em 2015 foi responsável por mais quase 19K mortes por uso crônico de álcool. ETIOLOGIA E FATORES DE RISCO: - É considerada um estádio terminal de doenças hepáticas - A cirrose hepática (CH) é definida pela OMS como um processo inflamatório crônico e difuso do parênquima hepático, que promove alterações estruturais e vasculares progressivas no fígado, com formação de fibrose. - Principais alterações: fibrose difusa + regeneração nodular (macro, micronodular) + alteração na arquitetura normal do parênquima. - Tem um início assintomático e silencioso e pode descompensar - Multifatorial, destacando-se: 1) Hepatite viral crônica (B e C) 2) Hepatite Autoimune 3) Esteato hepatite não alcoólica (DHGNA) 4) Lesão hepática induzida por álcool (ativa um estado hipermetabólico -> aumenta acetaldeído e colágeno pelas células de Ito). 5) Causas metabólicas - Doença de Wilson: o cobre não é eliminado de forma adequada e se acumula, podendo atingir níveis fatais. - Hemocromatose primária: excesso de ferro - Deficiência de α-1 antitripsina 6) Uso de medicamentos: Metotroxato, a- metildopa, Isoniazida, diclofenaco 7) Alterações vasculares: - Insuficiência Cardíaca direita crônica - Síndrome de Budd Chiari 8) Colangite Biliar primária 9) Cirrose biliar secundária 10) Colangite esclerosante primária 11) Colangite destrutiva não supurativa 12) Cirrose criptogênica (não se sabe a etiologia). 13) Fibrose cística, doença celíaca (bem raro). CLASSIFICAÇÃO: segundo o diâmetro dos nódulos de regeneração + espessura dos septos fibrosos; Os nódulos de tamanho variável criados a partir da lesão dos hepatócitos-> regeneração -> cicatriz fibrosa. · MICRONODULAR: - Uniforme - Nódulos pequenos (Até 3 mm de diâmetro) Septos finos (até 2 mm) · MACRONODULAR - Forma mais avançada - Heterogêneo - Nódulos maiores (3 a 30mm) - Septos de tamanhos variados - Multinodular - Deformação grosseira do fígado · MISTO - Coexistindo micro e macro FISIOPATOLOGIA: · É UM PROCESSO DE FIBROSE E FIBRINÓLISE ! DIMINUIÇÃO DO VOLUME PLASMÁTICO/EXTRACELULAR EFETIVO -> é o volume de sangue circulante ! HIPERTENSÃO PORTAL: 1) Destruição vascular + estrutural-> dificulta o fluxo de sangue -> Aumenta a resistência vascular intra-hepática-> hipertensão portal -> Forma circulação colateral desviando a circulação portal p/ a sistêmica -> aumenta o débito cardíaco e aumenta o fluxo sanguíneo para os órgãos abdominais-> estimula o aumento da produção de óxido nítrico no território esplâncnico (hipóteses apostam em ação bacteriana causada por redução da função do sistema mononuclear fagocítico) -> diminuição da resistência arteriolar esplâncnica -> menos sangue fica circulando (volume plasmático circulante) -> 1) Aumenta os fatores neuro-humorais (SN simpático e diminuição de prostaglandinas, bradicinina)-> aumenta FC e RVP -> gerando circulação hiperdinâmica; 2) ativa o SRAA, aumentando a reabsorção de água e sódio. + Participa da formação das varizes gastroesofágicas. ! CAPILARIZAÇÃO SINUSOIDAL: - Aumenta o colágeno no espaço Disse e diminui troca de nutrientes entre sinusoides e hepatócitos ! ARTERIALIZAÇÃO HEPÁTICA: - Fluxo portal diminui -> como um método compensatório, aumenta o fluxo arterial -> consequentemente aumenta a pressão no sinusoides, estimulando mais fibroblastos. -> aumenta RVP ! SHUNTS INTRAHEPÁTICOS: - São comunicações arteriovenosas anormais -> pioram a perfusão. ! INSUFICIÊNCIA HEPATOCELULAR - Hipoalbuminemia -> diminui a pressão coloidosmótica plasmática -> hipertensão -> substâncias vasoconstritoras (menor excreção renal de sódio e água) -> ascite - Distúrbios de coagulação (trombose, sangramento, aumento do tempo de protrombina, INR) - Diminui as proteínas de ligação dos hormônios. - Anemia multifatorial (hemólise, absorção de ferro, ácido fólico); leucopenia e plaquetopenia (hiperesplenismo), redução da síntese dos fatores de coagulação, menor atividade e alargamento do tempo de protrombina. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: 1) CIRROSE HEPÁTICA COMPENSADA: - Fase inicial - Pode não ter sintomas e sinais; geralmente são vagos -> lentidão de raciocínio, emagrecimento, edema, eritema palmar, equimose, petéquias, epistaxe, aranhas vasculares, febrículas. - Diagnóstico por alterações físicas (hepatoesplenomegalia) e laboratoriais (aumento de transaminases). - História pregressa com hepatite prévia ou uso crônico de álcool - A pessoa pode nunca descompensar 2) CIRROSE HEPÁTICA DESCOMPENSADA: - Evolução da cirrose - Complicações: Icterícia, ascite (tipo porta- periumbilical ou tipo cava inferior), varizes esofágicas (hemorragia digestiva alta), encefalopatia hepática (Presença de neurotoxinas -> amônia, manganês, citocinas, benzodiazepínicos naturais, neuroesteroides e substâncias dopaminérgicas), alterações na função renal, síndrome hepatopulmonar (hipoxemia arterial + dilatações vasculares intrapulmonares), hidrotórax hepático (derrame pleural sem doença cardiopulmonar primária- predomina entre alcoólatras e relaciona-se com transferência de líquido intraperitoneal ao tórax por meio de comunicações transdiafragmáticas.) - Perda ponderal, fraqueza progressiva, esplenomegalia, febre, diminuição a massa muscular, episódios de bacteremia, hálito hepático, fígado aumentado de volume, endurecido ou diminuído e não palpável. - Pode haver necrose celular ou o carcinoma hepatocelular DIAGNÓSTICO: · Albumina diminuída · Na cirrose biliar primária, ocorre aumento isolado de IgM; na alcoólica, de IgG e IgA e, em menor grau, de IgM; e de IgM nas fases iniciais das hepatites agudas. · As aminotransferase AST e ALT aumentadas · Gamaglutamiltransferase (GGT) e fosfatase alcalina (FA): aumenta em processos de envolvimento do sistema biliar (cirrose biliar primária e colangite esclerosante primária); GGT aumenta na cirrose alcoólica. · Bilirrubina direta aumenta · Lesão hepatocelular extensa/grave -> bilirrubinúria e urobilinúria aumentados em pacientes ictéricos. · Excreção diminuída do sódio em ascite -> oligúria e albuminúria ULTRASSOM: - hiperecogenicidade do parênquima,aumento da atenuação sonora e nodularidade na superfície do órgão (sinal mais específico). - atrofia do lobo hepático direito (segmentos V e VIII) e do segmento mediai do lobo esquerdo (IV), com hipertrofia do lateral do lobo esquerdo (II e III) e do lobo caudado. · SINAIS DE HIPERTENSÃO PORTAL: -esplenomegalia, ascite e presença de circulação colateral portossistêmica (sendo este o sinal eco gráfico mais específico). - recanalização da veia para umbilical é evidenciada pela US com Doppler e está presente em 35% dos casos - Outros plexos venosos demonstrados são: esplenorrenal, retroperitoneal, esplenoperitoneal, gástricos curtos, veias mesentéricas, que distalmente fazem comunicação com a rede venosa da parede abdominal. · TROMBOSE: - Imagens ecogênicas intraluminares - Doppler · CARCINOMA HEPATOCELULAR - pode invadir veias hepáticas e veia porta, causando redução do fluxo e precipitando dilatação nesses vasos. - Padrão de ecogenicidade não específico e variável - Pequenos tumores (< 2 a 5 em) tendem a ser hipoecogênicos e de aparência uniforme, enquanto os maiores geralmente são heterogêneos. TOMOGRAFIA: - sensibilidade de 63% -> é melhor avaliar com ressonância magnética ou com TC helicoidal de dupla varredura p/ ser bipsiada. - Tomografia helicoidal é a melhor, que permite a injeção de contraste desde a fase arterial até a sua passagem para a venosa, ampliando a eficácia do método. - Tomografia clássica: pode ser impossível distinguir lesões nodulares displásicas de nódulos de regeneração ou da fase inicial de desenvolvimento do carcinoma hepatocelular. - Com o suprimento sanguíneo dá para identificar lesões malignas. À medida que aumenta o grau de indiferenciação histológica -> aumentaa perfusão arterial e diminui o suprimento venoso portal. Em lesões displásicas ocorre o contrário. - O carcinoma hepatocelular é uma massa solitária ou múltipla, pode também ser do tipo infiltrativa difusa. RESSONÂNCIA MAGNÉTICA: - Investigar as formações vasulares intra e extra-hepáticas. - Descrição anatômica detalhada e lesões focais e difusas do fígado - Identificar hipertensão portal (ANGIORRESSONÂNCIA MAGNÉTICA). ENDOSCOPIA DIGESTIVA ALTA: - Varizes esofágicas, gástricas e gastropatia hipertensiva portal. BIÓPSIA É PADRÃO-OURO PROGNÓSTICO: 1. Sobrevida baixa, de 1 e 5 anos após o primeiro episódio de ascite está estimada em 50 e 20%; 2. Pacientes com síndrome hepatorrenal tipo 2 duram no máximo poucos meses 3. Pacientes com ascite, icterícia e hematêmese, a sobrevida média de 5 anos situa-se entre 7 e 19%; 4. 100% das cirroses descompensam-se em até 1 ano, baixando a sobrevida de 6 anos de 54 para 21 %; 5. Sobrevida menor em pacientes com uso crônico de álcool, baixa atividade de protrombina e hipoalbuminemia d maiores valores de fosfatase alcalina e bilirrubina total. CARCINOMA HEPATOCELULAR: TRATAMENTO: 1) CIRROSE HEPÁTICA NÃO COMPLICADA: - Dieta balanceada e combate a fatores etiológicos - Combate à fibrose, afastando o que está causando lesão no fígado - Transplante de fígado 2) CIRROSE HEPÁTICA COMPLICADA - HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTA: prevenção de varizes esofágicas e gástricas; interromper a hemorragia e bloquear novos surtos. OBJETIVOS: CONHECER A ETIOLOGIA, EPIDEMIOLOGIA E FATORES DE RISCO DA CIRROSE HEPÁTICA COMPREENDER A FISIOPATOLOGIA DA CIRROSE HEPÁTICA ENTENDER AS MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS, DIAGNÓSTICO E PREVENÇÃO DA CIRROSE COMPREENDER AS COMPLICAÇÕES, EVOLUÇÃO E PROGNÓSTICO DA CIRROSE (HEPATOCARCINOMA) CONHECER O TRATAMENTO P/ CIRROSE
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