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CIRROSE HEPÁTICA • Resulta da inter-relação entre diversos fatores etiológicos, que atuam ao longo dos anos - morte e regeneração celular, degradação e formação anormal da matriz extracelular; • Se caracteriza por formações de fibrose difusa, de micro e macronódulos; • Diagnóstico: por meio de dados clínicos, laboratoriais, anatomopatológicos, métodos de imagens como ultrassonografia, tomografia computadorizada, ressonância magnética, videolaparoscopia ou até pela cintigrafia; • Três lesões fundamentais: o Neoformação conjuntiva em todo o órgão, a qual insula partes do parênquima hepático; o Formação de nódulos de parênquima hepático circundados por fibrose, em geral com regeneração hepatocitária; o Subversão da arquitetura lobular. ASPECTOS PATOGENÉTICOS • A patogênese depende da inter-relação de três elementos fundamentais: necrose hepatocelular, proliferação de componentes estromais (fibrose e neoformação de vasos) e regeneração hepatocitária; • Associa-se a contínua fibrogênese - lesão dos hepatócitos, com consequente acúmulo de proteínas da matriz extracelular; o Células endoteliais, células de Kupffer, células estrelares e perissinusoidais do espaço de Disse; • Ocorre capilarização dos sinusoides, onde se depositam laminina, colágeno tipo IV e perlecans – redução dos microvilos dos hepatócitos e modificações fenotípicas das células de lto; • Nesse processo, há participação de fatores liberados de macrófagos ativados - IL-1, fator de necrose tumoral, prostaglandinas, substâncias inflamatórias, fator de crescimento derivado de plaquetas, radicais livres de oxigênio intermediários (ativação de lipócitos que se encontravam quiescentes); CLASSIFICAÇÃO ANATÔMICA • Baseia-se no diâmetro dos nódulos de regeneração e espessura dos septos fibrosos, gerando três tipos de cirrose: 1. Micronodular: nódulos pequenos, com pouca variação de tamanho, uniformes, com até 3 mm de diâmetro, septos finos de até 2 mm (os separam e envolvem todo o lóbulo); 2. Macronodular: septos de tamanhos variados, com nódulos de diâmetro entre 3 e 30 mm, multilobulares, com deformação grosseira do fígado - evolução da cirrose micronodular; 3. Mista: em um mesmo paciente, micro e macronódulos; CLASSIFICAÇÃO ETIOLÓGICA Infecciosa: • Perpetuação de lesão celular imunemediada: responsável pela instalação de hepatite crônica e cirrose em portadores dos vírus das hepatites B, D e C; Hepatite autoimune: • Inflamação do fígado de causa desconhecida; • Caracterizada por hepatite periporta (necrose periférica), proeminente infiltrado inflamatório e infiltração dos espaços portais por plasmócitos; cirrose hepática • Relacionada com citotoxicidade imunocelular - mediada por anticorpos, que se dirigem contra proteínas normais de membranas hepatocíticas, onde autoantígenos específicos encontram-se hiperexpressos; • Maior risco: pacientes HLA Dr3 e Dr4 positivos (gene associado a Lúpus e outras doenças autoimunes); Alcoólica: • Ingesta alcoólica excessiva (> 80 g de etanol/dia homens e >60 nas mulheres); • Relaciona-se com predisposição genética, estado hipermetabólico de hepatócitos centrolobulares (acumula mais acetaldeído e as células de Ito produzem mais colágeno); • Há radicais livres de oxigênio, peroxidação lipídica, reduzidas defesas antioxidantes e de formação de glutation, e agressão exercida por citocinas, com ação mediada pelas células de Kupffer – evolução com lesões necróticas focais dos hepatócitos, inflamação, acúmulo de proteínas celulares, esteatose, fibrose e regeneração micro e macronodular; Obstrução biliar: • Colangite crônica destrutiva não supurativa: doença crônica do fígado; o Mais de 90% são mulheres de meia-idade, portadoras do anticorpo sérico antimitocôndria, com características evolutivas para cirrose; • Colangite esclerosante primária: etiologia desconhecida; aspectos histológicos representados por inflamação de ducto biliar e fibrose; o Sinais colangiográficos típicos: estenose e dilatações de duetos intra e extra-hepáticos; o Predomina entre homens em torno dos 30 anos; • Atresia de vias biliares: doença idiopática, representada por obliteração completa, localizada ou difusa, dos duetos biliares a partir do hilo até o duodeno; o Associada à trissomia 18 e ao subtipo B12 do sistema antigênico leucocitário (HLA) humano; o Crianças nascidas a termo, com icterícia já presente no segundo dia de vida, exibindo níveis séricos elevados de fosfatase alcalina (> 600 UI/ é), gamaglutamiltransferase (> 100 UI/ é) e discretos de arninotransferases (100 a 200 UI/f); o Histologia: transformação gigantocelular dos hepatócitos, proliferação e expansão de espaços portais, proliferação de duetos biliares, edema e fibrose portal; • Fibrose cística: o Desordem generalizada das glândulas exócrinas - padrão autossômico recessivo, com gene defeituoso localizado no meio do braço longo do cromossomo 7q31; o Produção e acúmulo excessivo de muco, fibrose biliar focal e cirrose com hipertensão portal; • Hipoplasia biliar intra-hepática: o Etiologia desconhecida; o Identificadas em portadores de doenças hepáticas (deficiência de a1-antitripsina), anormalidades cromossômicas (síndrome de Down), ou nas infecções intrauterinas por citomegalovírus; • Displasia artéria-hepática ou síndrome de Alagille: o Doença genética, autossômica dominante; o Rarefação de duetos biliares intra- hepáticos, fácies típica e acometimento multissistêmico - estenose pulmonar periférica, lesão ocular com envolvimento do embriotoxo posterior e vértebras em asa de borboleta; o Histologia: fibrose, ductopenia e cirrose inativa, com aspecto colangiográfico de colangite esclerosante primária; • Sarcoidose: o Histologia: grânulos não caseosos ao nível do espaço portal, alguns evoluem com destruição de duetos biliares intra- hepáticos; o Jovens caucasianos, geralmente do sexo feminino, que evoluem com cirrose do tipo biliar - pacientes são anticorpo antimitocôndria negativos; Fármacos: • Metildopa, isoniazida, nitrofurantoína, dantrolone, diclofenac; • Histologia: infiltrado inflamatório periporta, composto por linfócitos e plasmócitos, necrose periférica, existindo ou não granulomas não caseosos - colestase ductopênica pode fazer parte do quadro; • Clorpromazina: aspecto de cirrose biliar; • Metotrexato e vitamina A, arsenicais e cloreto de vinil: instalação de fibrose; • Uso prolongado coralgil e tamoxifeno, amiodarona, maleato de perexilina, cobloqueadores de canal de cálcio, cetoconazol, gríseofulvina, nimesulida, fenilbutazona, ibuprofeno, guinidina: cirrose; Metabólica: • Doença de Wilson: defeito na excreção biliar do cobre, com consequente acúmulo do metal no fígado, cérebro e córnea; o Jovens - evoluem com deterioração intelectual, tremor, disartria, distonia, anemia hemolítica, hematúria e amenorreia; o Insuficiência hepática fulminante, hepatite crônica ativa, e/ ou cirrose, compensada ou não; • Hemocromatose hereditária (HH): relacionada ao gene HFE; o Níveis séricos elevados de ferritina (> 1.000 ng/mf) e índice de saturação de transferrina (> 40%) – o ideal são níveis abaixo de 50ng/mf e de 5%; o Histologia: excesso de ferro depositado nos hepatócitos na zona 1, gerando fibrose e cirrose hepática; o Pacientes com esteato-hepatite não alcoólica e portadores de vírus da hepatite C: propensão a insuficiência hepatocelular ou carcinoma hepatocelular; • Deficiência de α1-anti-tripsina: o Inibe a protease sérica, impedindo o bloqueio da elastase neutrofílica – causa enfisema pulmonar e doença hepática; o Histologia: presença de glóbulos intracitoplasmáticos (PAS+) revelados por imuno-histoquímica, cirrose (nódulos regenerativos com espessasfaixas de fibrose); • Galactosemia: o Série de doenças transmitidas por herança autossômica recessiva com expressão de deficiências celulares de três enzimas: galactose-1-fosfato uridiltransferase, galactoquinase e uridina difosfato (UDP) galactose-4-epimerase; o Expressões clínicas: desnutrição, retardo no crescimento somático, formação de catarata, doença hepática progressiva, retardamento mental, resultado de deficiências enzimáticas eritrocitárias, acarretando intolerância à galactose da dieta; o Modificações histológicas: hepatoesplenomegalia e hipertensão portal; o Nas primeiras semanas de vida, identificam-se esteatose, proliferação colangiolar periporta, transformação pseudoacinar, com a progressão para cirrose podendo ocorrer em 6 meses.; • Glicogenoses: o Doenças consequentes a distúrbios do metabolismo do glicogênio; o Três tipos induzindo evolução para agressão hepatocelular: ▪ Cursam com hipoglicernia, acidose láctica, hiperuricernia, hipofosfatemia, hiperlipidernia, neutropenia e disfunção plaquetária, com desenvolvimento de adenoma hepatocelular; ▪ Evoluem com déficit de crescimento, ausência de hipoglicemia, progressiva fraqueza muscular, aumento volumétrico dos rins, enquanto no fígado evoluem com esteatose, septos fibrosos, alguns evoluindo para cirrose; ▪ Amilopectinose ou doença de Andersen: crianças evoluindo em 3 a 5 meses, com distensão abdominal, sintomas dispépticos, hipotonia, atrofia muscular, com o fígado exibindo depósitos citoplasmáticos PAS positivos, núcleo deslocado por inclusões glicogênicas, fibrose e cirrose rnicronodular; • Tirosinemia: o Desordem do metabolismo dos aminoácidos - reduzido catabolismo de tirosina; o Quatro erros autossômicos recessivos definidos pelas síndromes: Tirosinemia hereditária tipos 1, 2 e 3, e Alcaptonúria; o Crianças que evoluem com níveis séricos elevados de tirosina (30 mg/ di) e excreção acentuada do composto tirosil; ▪ Forma aguda: ocorre no RN - vômito, diarreia, anemia, com morte no 1º ano por insuficiência hepática; ▪ Forma crônica: presença de hepatoesplenomegalia, colestase, fibrose pericelular e periporta, cirrose micro e macronodular, com focos de displasia celular; • Porfirias: o Origem em anormalidades na síntese do heme - deficiências enzimáticas, recessiva ou dominante; o Pacientes cursam com manifestações clínicas neuropsiquiátricas, cutâneas ou hepáticas; o Potoporfiria eritro-hepática: excesso de produção de protoporfirinas não sofre clareamento hepatobiliar – gera agregados insolúveis nos duetos biliares, promovendo colestase, fibrose e cirrose micronodular; • Esteato-hepatite não alcoólica (EHNA): o Mecanismo patogenético: redução da oxidação mitocondrial de triglicerídios; baixa exportação hepática de ácidos graxos e lipídios; síntese hepática maior de fosfolipídios e ésteres de colesterol; acentuadas produções de radicais livres; hipersecreção de leptina e grelina; o Cirrose é observada na presença de infiltrado inflamatório com tendência à expansão para carcinoma hepatocelular; • Cirrose da criança indiana: o Entre 1 e 3 anos, predominando no sexo masculino; o Três estágios: ▪ Inicial: anorexia, irritabilidade, quadro febril, hepatomegalia e distensão abdominal; ▪ Intermediário: icterícia, esplenomegalia e sinais de hipertensão portal, com cirrose instalando-se entre 1 e 8 meses; ▪ Tardio: sinais de descompensação expressos por colestase, hemorragia digestiva, infecções repetidas, edema, encefalopatia hepática e morte; o Histologicamente: necrose hepatocelular, corpúsculo de Mallory ocupando > 15% dos hepatócitos, fibrose pericelular, expansão dos espaços portais por células mononucleares e neutrófilos e cirrose micronodular; Vascular: • Síndrome de Budd-Chiari: o Consequência de obstáculo ao livre fluxo sanguíneo secundário a trombose de veias hepáticas ou de veia cava inferior supra- hepática; o Observada em situações de hipercoagulabilidade (policiternia rubra vera, hemoglobinúria paroxística noturna e síndromes neoplásicas, deficiências de antitrombina III e proteína C), em mulheres em uso de anticoncepcional oral e na presença de anticorpos anticardiolipina; o Volumosa hepatomegalia e ascite tensa; o Histologia: dilatação e colagenização dos sinusoides, desaparecimento de veias centrolobulares, lobulação reversa e cirrose; • Doença venoclusiva: o Caracterizada por icterícia, hepatomegalia e ascite; • Telangiectasia hemorrágica hereditária: o Autossômica dominante; o Telangiectasias de pele e mucosas, 30% apresenta fístulas hepáticas A-V - dor no hipocôndrio direito, hepatomegalia e insuficiência cardíaca de débito elevado; o Histologicamente: estruturas vasculares portais e periportais dilatadas, volumosas e com paredes delgadas; o Tendência a evoluir com fibrose secundária e trombose; Criptogênica: • Constitui um grupo heterogêneo, de etiologia desconhecida, representando cerca de 5 a 15% das cirroses.; • São pacientes negativos para todos os marcadores séricos, radiológicos e histológicos – predomina em mulheres; • Histologicamente: ausência de espaços portais, arranjos vasculares anormais, septos fibrosos e regeneração nodular; ASPECTOS FISIOPATOLÓGICOS • Fibrose e regeneração nodular levam a hipertensão portal (aumento dos níveis pressóricos no sistema venoso portal acima de 5 mmHg da pressão da veia cava inferior), alterando a hemodinâmica; • Distúrbio hemodinâmico: formação de rede de circulação colateral - tentativa de aumentar o retorno venoso para a circulação cardiopulmonar, formando-se desvios da circulação portal para a sistêmica (varizes esofagogástricas); • Aumento do débito cardíaco com redução na resistência arteriolar esplâncnica; • Dependendo do estágio clínico, pode ocorrer diminuição do fluxo sanguíneo para o córtex renal em consequência da vasoconstrição das arteríolas aferentes, com consequente desvio de sangue para a medular - diminuição da filtração glomerular, maior reabsorção tubular de sódio e água e retenção azotada culminando com a síndrome hepatorrenal; • Distúrbios hematológicos: o Anemia: multifatorial causada por hemólise, deficiência na síntese de ácido fólico e absorção do ferro, observada nos desnutridos; o Leucopenia e plaquetopenia: hiperesplenismo; o Redução na síntese dos fatores do complexo protrombínico (II, VI, IX, X): baixa na atividade e alargamento no tempo de protrombina; • Alterações nos aminoácidos plasmáticos: provoca extensão das anastomoses portocavas; • Concentrações plasmáticas de citrulina, metionina, tirosina, fenilalanina estão aumentadas, e as de leucina, isoleucina e valina, diminuídas; • Queda da capacidade de síntese hepática: incapacidade de conversão de amônia em ureia - geração de hiperamoniemia; • Alta incidência de infecções bacterianas: alterações nos mecanismos de defesa dependentes da depressão funcional do sistema reticuloendotelial e dos granulócitos, baixos níveis de complemento e deterioração da imunidade celular; MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • A anatomia hepática está frequentemente alterada devido à atrofia do lobo hepático direito (segmentos V e VIII) e do segmento mediai do lobo esquerdo (IV), com hipertrofia do lateral do lobo esquerdo (II e III) e do lobo caudado. • Cirrose hepática compensada: poucos sinais e sintomas, suspeitando-se por hepatoesplenomegalia e hipertransaminasemia; associada ao uso crônico de álcool; o Sintomatologia vaga: astenia, epistaxe, edema, lentidão de raciocínio, emagrecimento, sendo também encontrados febrícula, aranhas vasculares, eritema palmar e referências a episódios de diarreia; • Cirrose hepática descompensada: apresenta complicações da cirrosehepática - ascite, encefalopatia e hemorragia digestiva alta; o Hálito hepático e icterícia, do tipo hepatocelular ou causada por hiper- hemólise; o Hiperpigmentação da pele (hemocromatose hereditária), dedo hipocrático com unhas esbranquiçadas, telangiectasias aracniformes (na face e no tronco), eritema palmar, alteração na distribuição dos pelos pubianos, ginecomastia, atrofia testicular, petéquias e equimoses, tremor de extremidades ou flapping; o Ascite e sinais de circulação colateral: ▪ Tipo porta: rede venosa vicariante localizada nas regiões periumbilical, epigástrica e face anterior do tórax, com fluxo do abdome para o tórax; ▪ Tipo cava inferior: formada através das veias retais, com o fluxo da mesentérica inferior, por contracorrente, atingindo a cava inferior; • Fígado pode estar aumentado, de volume, endurecido ou, então, diminuído e não palpável; • Esplenomegalia pode ser evidenciada pela ocupação do espaço de Traube, ou palpação do órgão abaixo do rebordo costal esquerdo; ASPECTOS LABORATORIAIS • Albumina: sintetizada exclusivamente no fígado - baixos níveis séricos; • Elevados valores das imunoglobulinas; • Cirrose biliar primária: aumento isolado de IgM; na alcoólica: de IgG e IgA e, em menor grau, de IgM; e de IgM nas fases iniciais das hepatites agudas; • Alfa-fetoproteína: níveis elevados no soro e em baixa concentração ( 4 a 10,5 ng/mf) nos indivíduos normais; • Aminotransferases (alanina-aminotransferase (ALT) e aspartato-aminotransferase (AST)): valores flutuantes dos níveis - permanece em torno de 5 vezes o LSN (limite superior de normalidade), predominando valores de AST sobre ALT. • Gamaglutamiltransferase (GGT): elevado na cirrose alcóolica; • Bilirrubina direta (conjugada): níveis séricos aumentados; • Diminuição da fração esterificada do colesterol total - lesão hepatocelular extensa ou grave; • Bilirrubinúria e urobilinúria: aumentadas em pacientes ictéricos; • Excreção urinária de sódio diminuída na presença de ascite; TERAPÊUTICA • Cirrose hepática não complicada: o Dieta balanceada e combate aos fatores etiológicos; o Não há indicação para administração de hepatoprotetores ou de aminoácidos de cadeia ramificada entre os bem-nutridos e estáveis; • Cirrose hepática complicada: o Hemorragia digestiva alta: ▪ Ocorre em consequência de redução volumétrica do fígado, distorção da arquitetura vascular do sistema portal e esplenomegalia; ▪ O manuseio desses doentes envolve algumas fases: 1. prevenção do aparecimento dessa complicação; 2. interrupção na vigência do surto hemorrágico; 3. bloqueio de novo surto; o Ascite e repercussões renais: ▪ Consequência da hipertensão portal, baixa síntese de albumina, associada à hipertensão linfática e hiperatividade dos sistemas renina- angiotensina-aldosterona e nervoso simpático; ▪ Pacientes apresentam retenção renal de sódio e água, com formação de edema de membros inferiores e ascite; ▪ Restrição de sal – 2g/dia; ▪ Uso de diuréticos; ▪ Espironolactona, furosemida; ▪ Ascite refratária aos diuréticos: paracentese de grande volume com infusão de albumina em doses intravenosas de 6 a 8 g por litro de ascite removido; o Encefalopatia hepática: ▪ Insuficiência hepatocelular (consequente a redução volumétrica do fígado) + desestruturação da arquitetura vascular (presença de circulação colateral e anastomoses naturais, cirúrgicas ou radiológicas) = substâncias proteicas de origem intestinal conseguem atingir a circulação sistêmica; ▪ Presença de neurotoxinas; ▪ Tratamento do fator precipitante e a redução do nível de amônia; ▪ Diminuição da produção de amônia no intestino: lactulose ou antibióticos não absorvíveis (neomicina, metronidazol, rifaximina); • L-aspartato e benzoato podem aumentar a fixação de amônia no fígado; o Síndrome hepatopulmonar - hipertensão pulmonar: ▪ Intensa hipoxemia; ▪ Pacientes evoluem com difusão gasosa pulmonar alterada - hipoxemia arterial e dilatações vasculares intrapulmonares; ▪ Tratamento unicamente eficaz é o transplante de fígado; o Varizes e Sangramento Varicoso: ▪ Redução da pressão portal – reduz o risco de desenvolvimento de varizes e hemorragia varicosa; ▪ β-bloqueadores adrenérgicos não seletivos (propanolol, nadolol); ▪ Ligadura elástica endoscópica: obliteração das varizes por meio da colocação de anéis de borracha nas colunas varicosas – usada apenas em paciente que não conseguem tolerar ou que tenham contraindicações aos β- bloqueadores, pois não tem efeito sobre a pressão portal e pode levar à hemorragia das úlceras induzidas por ligadura; ▪ Antibióticos profiláticos - prevenir infecções bacterianas (norfloxacina); ▪ Vasoconstritores: terlipressina, somatostatina e análogos da somatostatina (octreotídeo e vapreotídeo); o Síndrome Hepatorrenal: ▪ Transplante de fígado; ▪ Vasoconstritores (terlipressina, noradrenalina, octreotídeo mais midodrina) + albumina, TIPS e diálise extracorpórea de albumina; o Peritonite Bacteriana Espontânea: ▪ Antibioticoterapia: cefalosporina de terceira geração intravenosa (cefotaxima, ceftriaxona) ou ácido amoxicilina-clavulanato; ▪ Paracentese (repetida dois dias após o início dos antibióticos) ▪ Disfunção renal associada à peritonite bacteriana espontânea pode ser evitada por meio da administração intravenosa de albumina; ▪ Profilaxia: metronidazol e norfloxacina; ▪ Profilaxia antibiótica de longo prazo com norfloxacina oral: apenas em pacientes com episódio anterior de peritonite bacteriana espontânea e pacientes que têm nível de proteína ascítica menor que 1 g/L com disfunção hepática e circulatória avançada; • Prevenção primária: abstinência alcoólica, redução de comportamento de alto risco para a infecção com os vírus da hepatite e a vacinação contra hepatite B; REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: Tratado de gastroenterologia: da graduação à pós- graduação. 2. ed. -- São Paulo: Editora Atheneu, 2016. Dani, Renato. Gastroenterologia essencial I. 4. ed.- Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. Antonio Roberto Franchi-Teixeira, Fernando Antoniali, Ilka F. S. F. Boin e Luís Sérgio Leonardi. Icterícia obstrutiva: conceito, classificação, etiologia e fisiopatologia. Medicina, Ribeirão Preto, 30: 159-163, abr./jun. 1997. Lorenzi TF, Manual de Hematologia: Propedêutica e Clínica. Guanabara Koogan, 2.006, 499-506. Guyton, A. C. & Hall, J. E. Tratado de Fisiologia Medica, 12º. ed., 2002. Editora Elsevier. Robbins & Cotran, Patologia: Bases Patologicas das Doenças, 8º. ed. Editora Elsevier. Cecil. Medicina Interna. 24. ed. - Rio de Janeiro: Elsevier, 2014.