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Patologia Luiza Andrade 71C Apoptose e Necrose Quando células estão em homeostasia e se deparam com um agente lesivo ou um estresse, elas podem (ou não) se adaptar. Se esses agentes atuarem por um tempo e intensidade pequena, essas células são capazes de retornar ao seu estado de homeostasia à injuria reversível. Caso eles persistam e sejam intensos, impedem a célula de retornar ao seu estado de homeostasia e ultrapassam o limiar de adaptação à injúria irreversível (morte celular). Agentes lesivos que podem levar a morte celular: • Privação de O2 (hipóxia): asfixia e altitudes; • Isquemia: obstrução arterial; • Agentes físicos: trauma mecânico, queimaduras; • Agentes químicos: poluentes, álcool, drogas; • Agentes infecciosos: vírus, bactéria e fungos; • Reações imunológicas: doenças autoimunes; • Alterações nutricionais: obesidade e desnutrição; • Defeitos genéticos. A morte celular pode ser fisiológica ou patológica: Fisiológica: • Autofagia: independente de caspase • Apoptose: independente de caspase ou dependente de caspase à via dos receptores de morte. via mitocondrial ou via reticulo endoplasmático • Outras causas Patológica: • Apoptose: dependente de caspase à via dos receptores de morte. via mitocondrial ou via RE • Necrose Autofagia: É causada por estresse celular, tais como privação de nutrientes. Os genes da autofagia são ativados e levam a formação de vacúolos que envolverão organelas celulares. Neste ambiente, estas organelas serão degradadas, após a fusão da vesícula com os lisossomos. Em todos os tipos, o material digerido pode ser reciclado pela célula, seja pra síntese proteica, processos de gliconeogênese ou para gerar energia. A autofagia tem um papel fisiológico importante, mas alterações podem gerar ou se associar a patologias. Existem três mecanismo diferentes: • Macroautofagia: formação de uma vesícula ao redor de uma organela celular que precisa ser degradada. O lisossoma se funde ao autolissosoma e vai ocorrer degradação da eestrutura • Microautofagia: não há formação da vesícula. Os lissosomas são capazes de endocitar (invaginação da membrana do próprio lissosoma) moléculas que precisam ser degradadas, por exemplo, aminoácidos. • Autofagia mediada por proteínas especiais da célula à chaperonas: são proteínas de choque térmico (ex: HSC70), que são capazes de perceber o substrato que precisa ser degradado, como um substrato malformado. Ela se liga e leva pelo receptor de membrana do lissosoma, que é uma proteína chamada LAMP2a (fuciona como um canal) pra dentro do lissosoma. Esse canal abre e a proteína e degradada dentro do lissosoma. Funções da autofagia: • Morte celular • Processo do envelhecimento • Doenças: câncer, diabetes tipo 2, cardiomiopatias, doenças neurodegenerativas, esteatose hepática, doenças infecciosas e na resposta imune inata. Correlação clínica: HIV à Quando ocorre a infecção pelo vírus, ele libera uma proteína que está no RNA mensageiro, e ela causa impedimento nos processos de autofagia que deveriam acontecer dentro do linfócito TCD4, para que o linfócito pudesse destruir o vírus. Como a autofagia fica descontrolada, a célula perde a capacidade de se defender e, essa ausência da autofagia ativa a apoptose da célula o que causa diminuição de linfócitos TCD4. Alzheimer à é a doença neurodegenrativa mais comum no mundo e as mudanças patológicas ocorrem entre 20 e 30 anos após o início das perdas cognitivas Alzheimer hereditário é determinado pela expressão de alguns genes com a proteína percursora b-amiloide (APP), presenilina 1 e 2 (causam a forma hereditária do Alzheimer) além de outros distúrbios que podem promover essa patologia. Alzheimer não hereditário: caracterizado pela ocorrência de placas senis, formadas pelos agregados extracelulares dos peptides b-amilóide e emaranhados intracelulares de neurofibrilas, causados pela hiperfosforilação da proteína Tau à causa patológica mais importante. Como ocorrem as alterações no Alzheimer? Existe um acúmulo das placas amiloides e fibrilas, e isso ocorre pela clivagem errada da proteína amiloide. Quando é clivada de forma correta, acontece em três pontos, pela ação de enzimas. Temos a beta secretase, alfa secretase e gama secretase que vão permitir a clivagem correta. Quando a clivagem é incorreta, a beta cliva no local errado da proteína, e ela produz um fragmento solúvel sem ação da alfa secretase. Isso gera o peptídeo beta, a que é agregado de beta amiloide, existente na membrana dos neurônios. Além disso, a clivagem da proteína pela enzima beta secretase, junto com a gama secretase, produz a beta amiloide que é insolúvel e toxica para as terminações sinápticas e altera a fosforilação da proteína tau. A autofagia defeituosa à não há degradação da proteína tau à acúmulo à contribui na patologia. Consequência do beta amiloide: • Formação de placa senis: áreas pequenas e arredondadas na estrutura das sinapses à corada com técnica de prata à possível observar o peptídeo beta amiloide • Emaranhados neurofibrilares (novelos) à corados com técnica de prata à possível observar a proteína tau hiperfoforilada Apoptose: Características gerais: • Morte celular programada especialmente durante o desenvolvimento fetal e ocorre em resposta a ciclos hormonais (endométrio, por exemplo); • É um controle normal em tecidos em proliferação (epitélio intestinal, por exemplo); • As células encolhem e não incham à não ocorre tumefação; • Os núcleos ficam condensados e acabam sofrendo fragmentação, entretanto não há fragmentação da membrana celular à material intracelular não extravasa, é fragmentando e revestido por membrana: chamados de corpos apoptóticos à são fagocitados pelos macrófagos. Apoptose participando da maturação dos linfócitos T no timo: durante o prcesso de maturação, os linfócitos T que não conseguem reconhecer antígeno ou que reconhece nosso próprio antígeno são separados para morrer por apoptose. Eles são representados na imagem como corpos apoptóticos O núcleo se condensa, a cromatina fica compactada, fragmentada e na periferia da célula. Existem várias vesículas também, contendo as partes celulares e, depois, serão fagocitadas por macrófagos. Corpos apoptóticos Apoptose no fígado: Importante lembrar que a apoptose (diferente da necrose) pode atingir uma só célula. É possível perceber na imagem que os hepatócitos estão morrendo individualmente de lesão por infecção à hepatite viral. As células apoptóticas são aumentadas, rosadas pela perda de detalhes citoplasmáticas e sem núcleos. O núcleo celular e o citoplasma tornam-se fragmentados à medida que enzimas, como as caspases, destroem os componentes celulares. Alterações morfológicas e bioquímicas na apoptose: Externamente: células encolhem e reduzem o volume, ocorre formação de vesículas e bolhas na membrana. Mudança de posição da fosfatilserina na monocamada externa (normalmente fica na monocamada interna) à por isso os macrófagos conseguem reconhecer os corpos apoptótico. Internamente: citoplasma vacuolizado e condensado, desorganização da mitocôndria com liberação de fatores pró-apoptoticos (citocromo c), ativação da via das caspases, agregação e fragmentação da cromatina e degradação de enzimas e do citoesqueleto. É possível observar que o tamanho está diminuído; há perda de adesividade à a célula se desliga das demais células vizinhas (perda dos desmossomos e junções de oclusão e adesão). Isso da origem aos corpos apotóticos revestidos pela membrana que posteriormente serão fagocitados pelos macrófagos. A apoptose é uma morte limpa, uma vez que não tem extravasamento do material citoplasmático à não há ativação da resposta inflamatória (diferente da necrose). Importância da apoptose: Condições fisiológicas: • Desenvolvimento embrionário: metamorfose (insetos, por exemplo), morfogênese (humanos, formação do esôfago,por exemplo) e sinaptogenese (formação do tecido nervoso). • Adulto: garante homeostasia tecidual substituindo células mortas por células novas, seleção tímica negativa dos linfócitos T auto reativos ou incapazes de reconhecer antígenos e em citotoxidade mediada por células (célula invadida por parasita pode levar a célula a apoptose) Condições patológicas: • Câncer: as células perdem os receptores pra apoptose, vira uma célula eterna • Doenças autoimunes: os linfócitos que precisavam ser destruídos não são, pois não é possível ativar a apoptose • Doenças neurodegenerativas (HIV, osteoporose e envelhecimento): elevação da apoptose, o que leva a diminuição no número de células ou atrofia Apoptose e proliferação celular na homeostase tecidual: O corpo tem mecanismo para produzir célula e faz por meio de divisão celular (mitose): chamado de proliferação celular. O mecanismo de morte limpa é a apoptose. Precisa haver um equilíbrio entre proliferação e apoptose para garantir a homeostasia. APOPTOSE NO FÍGADO • A apoptose é um processo mais ordenado de morte celular do que a necrose e pode atingir uma só célula. Neste exemplo, os hepatócitos estão morrendo individualmente (setas) de lesão por infecção por hepatite viral. As células apoptóticas são aumentadas, rosadas pela perda de detalhes citoplasmáticos e sem núcleos. O núcleo celular e o citoplasma tornam-se fragmentados à medida que enzimas como as caspases destroem os componentes celulares. Equilíbrio: apoptose normal + apoptose normal Desequilibrio: • Proliferação normal + apoptose diminuída = mais células que deveria à neoplasia • Proliferação normal + apoptose aumentada = matar mais células à distrofia • Proliferação diminuida + apoptose normal = distrofia • Proliferação aumentada + apoptose normal = produzir mais células que matar à processo regenerativo e tumoral Fases da apoptose: Iniciação: conta com os mecanismos de sinalização. Possuem diferentes moléculas sinalizadoras (estresse oxidativo e mutações genéticas, por exemplo) que levam ao aumento de radicais livres e do cálcio intracelular e, esse aumento, ativa uma via intracelular de moléculas que são pró-apoptoticas, como as moleculas da família Bax (imagem ao lado). Quando elas são ativadas, criam canais na mitocôndria e levam a disfunção da mitocondria à início da apoptose. Efetora: com o desiquilíbrio da mitocôndria, ocorre liberação de moléculas, como o citocromo c (é pró-apoptótico), ativa a via das caspases e essas enzimas atuam sobre os substratos e sobre o núcleo da célula à promove a fragmentação dessas estruturas Degradação: proteólise de várias estruturas, fragmentação do núcleo, citoplasma, formação de bolhas etc Fragmentação do DNA: São quebrados pelas caspases, em fragmentos. Caspases: ricas em cisteina e aspartato (aminoácidos), responsáveis por ativar outras proteases que quebram ácidos nucleicos (edonucleases). As endoncleases fragmentam o núcleo formando os corpos apoptóticos. Vias que determinam a apoptose: Via intrínseca: A escolha entre a sobrevivência e a morte celular é determinada pela permeabilidade da mitocôndria. Quando as células são privadas de fatores de crescimento e outros sinais de sobrevivência ou são expostas a agentes que lesam o DNA (radiação, toxinas, radicais livres) ou acumulam quantidades inaceitáveis de proteínas anormalmente dobradas, um grupo de sensores é ativado. Sem injúria: família Bcl-2 e bcl x à são ativados os membros com atividade antiapoptotica à não deixam ativar a apoptose. Com injuria: família Bcl-2 à são ativados os membros pró- apoptóticos à ex: bad à se inserem dentro da membrana mitocondrial, formando canais à através dos quais o citocromo c e outras proteínas mitocondriais extravasam para o citosol. O citocromo c, em conjunto com alguns cofatores à cai no citosol à se liga a proteína adaptadora apaf-1 à forma um agregado que se liga e à ativa a caspase 9 à ativa a endonuclease à fragmentação nuclear àapoptose. Esses sensores também inibem as moléculas antiapoptóticas Via intrinsica As células privadas de fatores de crescimento não apenas ativam as proteínas pró-apoptóticas, mas mostram também níveis reduzidos de Bcl-2 e Bcl-xL, portanto tendendo o balanço, mais tarde, em direção à morte. Família Bcl-2: pró-apoptóticas (bax, bad) e anti-apóptotica (bcl-2 propriamente dito, bcl-xl). Via extrínseca: Envolve uma molécula sinalizadora que vem do ambiente externo e vai se ligar a receptores de membrana da célula (receptor ligante Fas). A molécula mais importante da família Fas-L (faz ligante) são os fatores de necrose tumoral (TNF) à tnf é. uma citocina. Ou o TNF ou Fas vai se ligar ao receptor Fas. Os receptores de morte prototípicos são do tipo TNF I e Fas ào ligante de Fas (Fas-L) é uma proteína de membrana expressa, principalmente, em linfócitos TCD8 ativados à essas células T reconhecem os alvos que expressam Fas (target cell) à as moléculas Fas são ligadas pelo Fas-L à ativação de proteínas de ligação adaptadoras à se prende ao domínio intracelular do receptor Faz à pro-caspase 8 de iniciação à clivagem da pró-caspase à ativação da caspase 8 à quebram o citoesqueleto da célula e ativam endonucleases à fragmentação do material genético, formação de vesículas na célula. Família das caspases: São proteases compostas de cisteinas e aspartato. Elas existem dentro das células em forma de zimunoogênio, ou seja, inativas e só são ativadas quando ocorre a clivagem delas. Quando ativadas atuam como enzimas fazendo a quebra dos substratos. Temos dois grupos: • Caspases iniciadoras: 1,2,4,5,8,9,10,12 e 14 à 8, 9 e 12 são as mais importantes • Caspases executoras da morte: 3,6,7 à a 3 é a mais importante Correlação clínica: • Apoptose insuficiente: câncer, doenças autoimunes e glomerulonefrite imune Via extrinsíca • Apoptose excessiva: AIDS, doença degenerativa, síndromes mielodisplásicas, doenças de fígado induzido e lesões isquêmicas. • Necrose: É a morte de células e tecidos no animal vivo e é acompanhada de inflamação. Não pode ocorrer em apenas uma célula, como na apoptose. Característica dos tecidos em processo de necrose: • é causada por desnaturação de proteínas intracelulares e digestão enzimáticas • células necróticas são incapazes de manter integridade das membranas à material citoplasmático extravasa à gera inflamação • as enzimas que vão digerir são provenientes do lissosoma de leucócitos, que fazem parte do infiltrado inflamatório • a digestão dos conteúdos celulares a resposta do hospedeiro pode demorar horas para se manifestar à evidência histológica após 4h até 12h Causas gerais da necrose: • Qualquer agente agressivo, desde que a agressão seja letal, grave, intensa, contínua ou não, mas que ultrapasse o “limiar de adaptação ou de reversibilidade da célula”; • Venenos e toxinas; • Produtos químicos: ácidos fortes, álcalis, inseticidas, mercúrio etc; • Agentes infecciosos: bactérias (Salmonella, Staphylococcus), vírus, fungos, protozoários etc; • Venenos de plantas: alcaloides hepatotóxicos.; • Perturbação circulatória: anemia, congestão e isquemia; • Lesões mecânicas: tipos de corte, esmagamento e fricção; • Físico: Temperatura extrema, eletricidade, radicais livres. Mecanismos que levam a necrose: Diminuição de energia: tudo que impede a célula de fazer fosforilação oxidativa adequada e, consequentemente, impede de obter ATP, vai ativar mecanismos que estão relacionados a necrose à hipóxia, anoxia. A mitocôndria, por exemplo, por ser sensível, é mais suscetível a danos e pode ter, além da apoptose, a ativação da via da necrose. Normalmente, a necrose é ativada quando a apoptose é inibida à se a apoptose pela via da mitocôndria não ocorre, temos a necrose. • Diminuição do ATP à é alteração na mitocôndria à fosforilação ocorre nas cristas mitocondriais. • Alteração da permeabilidade da membrana à promove maiorentrada de Cálcio à ativação de enzimas à degradam as estruturas celulares. • Produção de radicais livres à atuam em fosfolipídios, DNA, proteínas à danos. • Baixo ATP à alteração na membrana da célula à alteração do equilíbrio osmótico à lesão da membrana à digestão pelas enzimas do lissosoma à extravasamento do material celular. • Estresse no RE à proteínas mal dobradas à alteram o reticulo à libera cálcio ou sintetiza proteína errada à pode ocorrer necrose ou ser um sinalizador pra apoptose. Fases da necrose: Ação do agente lesivo se alterações morfológicas à necrobose – 6h após a lesão Alteração morfológicas percebidas microscopicamente à necrofanerosis – dias a semanas depois Ausência da célula / morte da célula à necrolise Características macroscópicas: Varia conforme o tipo morfológico da necrose: • Diminuição da consistência e elasticidade devido a lise dos constituintes celulares, verificados facilmente em órgãos parenquimatosos: fígado e pulmões – friabilidade. Alteração na coloração e aspecto geral: • Aumento da palidez e opacidade: coloração mais acinzentada quando ocorreu infarto ou isquemia; • Escurecimento do órgão, quando este estiver repleto de sangue. Características microscópicas: • Aumento da eosinofilia na coloração por H & E, atribuíveis em parte à perda de RNA citoplasmático (que liga o corante azul, hematoxilina) e em parte às proteínas citoplasmáticas desnaturadas (que ligam o corante vermelho, eosina). • Quando as enzimas digerem as organelas citoplasmáticas, o citoplasma torna-se vacuolado com granulações e aspecto corroído. • As células mortas podem ser substituídas por grandes massas fosfolipídicas, chamadas figuras de mielina, derivadas de membranas celulares danificadas. • Os precipitados fosfolipídicos são fagocitados por outras células ou degradados em ácidos graxos; a calcificação desses resíduos de ácidos graxos, após saponificação determina a calcificação das células mortas Alterações nucleares: • Cariopicnose ("Picnos" = espessamento): redução de volume e aumento da basofila, com homogeneização do núcleo (contração nuclear + condensação da cromatina); • Cariorrexe ("Rhexes" = ruptura): ruptura em vários fragmentos, com distribuição irregular da cromatina, acúmulo de grumos em torno da carioteca e posterior desintegração em grupos amorfos com perda dos limites nucleares. • Cariólise ou cromatólise ("lysis" = dissolução): dissolução da cromatina por hidrólise dos ácidos nucleicos gerando hipoacidez e redução da basofilia nuclear. • Ausência de núcleos: consequência da cariólise total. DNA disperso DNA concentrado DNA fragmentado Necrose x apoptose: Características morfológicas: à edema e tumefação na necrose (RE, mitocôndria) à degradado na necrose e na apoptose é fragmentado (sai nos corpos apoptóticos) à a principal causa da inflamação: extravasamento de estruturas Características bioquímicas Características Fisiológicas Necrose à perda da regulação homeostática iônica à digestão aleatória do DNA à não requer ATP à estimulada por estímulos não fisiológicos à resposta inflamatória à afeta grupos de células à fagocitose por macrófagos Apoptose à processo regulado com ativação de enzimas (caspase) à digestão não aleatória de DNA àdepende de ATP à liberação de fatores mitocondrial à alteração na simetria da membrana à induzida por estímulos fisiológicos à sem resposta inflamatória à afeta células individuais à fagocitose por células adjacentes ou macrófagos Tipos de necrose: coagulativa, liquefativa, gangrenosa, caseosa, gordurosa e fibrinóide. NECROSE COAGULATIVA: • É o tipo mais comum de necrose, é identificada pois os contornos arquitetônicos do tecido persistem e os detalhes celulares podem ser perdidos à o tipo de tecido pode ser reconhecido (dá pra saber se é um rim, por exemplo). • Ocorre a desnaturação (coagulação) de proteínas estruturais e enzimáticas que bloqueiam a proteólise, por isso tem a manutenção da arquitetura do tecido à tem coagulação, mas não tem atividade enzimática que destrói o tecido. • É comum em órgãos de circulação terminal à coração, pâncreas, baço, rim e suprarrenal. Rim: Infarto renal em forma de cunha (amarelo), com preservação dos contornos. O infarto ocorre em uma área vascular com perda de suprimento sanguíneo (isquemia e anóxia) e por isso são em forma de cunha. NECROSE X APOPTOSE ß Aspecto microscópico da borda do infarto, com rim normal (N) e células necróticas no infarto (I). A letra B representa o local do infarto. As células necróticas mostram contornos preservados, com ausência de núcleos e infiltrado inflamatório. Suprarrenal: O contraste entre o córtex adrenal normal e o pequeno infarto pálido é grande. A área logo abaixo da cápsula é poupada por causa do suprimento de sangue dos ramos arteriais capsulares. Ilustra bem a forma e a aparência de um infarto isquêmico (pálido). à Miocárdio: Morte de células do miocárdio como resultado de injuria isquêmica promovida pela oclusão de uma artéria coronariana. Cardiomiócitos sem núcleo, entre os caridiomiócitos tem um infiltrado inflamatório (ao invés dos discos), vasos cheios de sangue, citoplasma acidófilo. É possível observas que é um tecido cardíaco, uma vez que o o órgão mantém sua arquitetura. NECROSE LIQUEFATIVA: • Ocorre a liquefação enzimática do tecido necrótico, observado frequentemente no cérebro, suprarrenal e mucosa gástrica devido a interrupção vascular. Também ocorre em áreas de infecção bacteriana (amarelada e com pus). • A zona de necrose adquire consistência mole, semifluida ou liquefeita. Encéfalo: Possível observar no canto esquerdo a necrose liquefativa. É uma massa amarelada liquefeita e pode haver remoção desse tecido necrosado, mas se forma uma cavidade, um cisto (os astrócitos não sabem fazer colágeno). Em uma paciente que teve AVE., microscopicamente, não é possível reconhecer que é um tecido encefálico, uma vez que a arquitetura não é mantida à perda e destruição de neurônios, desorganização de todo o tecido por causa das enzimas. A parte em branco representa a necrose, na direita, essas células grandes são macrófagos é contém resíduos que foram fagocitados. O contraste entre o córtex adrenal normal e o pequeno infarto pálido é grande. A área logo abaixo da cápsula é poupada por causa do suprimento de sangue dos ramos arteriais capsulares. Este é um local estranho para um infarto, mas ilustra bem a forma e a aparência de um infarto isquêmico (pálido). Macroscopicamente, o infarto cerebral no canto superior esquerdo aqui demonstra necrose liquefativa. Eventualmente, a remoção do tecido morto deixa para trás uma cavidade. Em alta ampliação, a necrose liquefativa do cérebro demonstra muitos macrófagos à direita que estão limpando os resíduos celulares necróticos. A descrição do trabalho de um macrófago inclui a fagocitose e a limpeza de restos celulares, principalmente quando há lipídios. Dois abscessos no pulmão vistos aqui são exemplos de necrose liquefativa no qual se observa um líquido central na área da lesão. Um abscesso aparece no lobo superior e o outro no lobo inferior. Esse tipo de necrose ocorre em órgãos ricos em lipídeos (como o cérebro) ou quando existe um abscesso com muitas células inflamatórias que liberam enzimas proteolíticas que destroem os tecidos ao redor. Abcesso à acúmulo de pus em uma cavidade formada acidentalmente nos órgãos em consequência de inflamação NECROSE GANGRENOSA: • A gangrena refere-se à morte do tecido corporal devido à falta de fluxo sanguíneo ou a uma grave infecção bacteriana grave. • Geralmente a gangrena afeta as extremidades, incluindo dedos dos pés, dedos e membros, mas também pode ocorrer em músculos e órgãos internos. • É uma forma de evolução da necrose (principalmente na necrose coagulativa) e resultante da ação de agentesexternos sobre o tecido necrosado. • A desidratação da região atingida, especialmente quando em contato com o ar à gangrena seca (aspecto de pergaminho). • Invasão do tecido necrosado por microrganismos anaeróbios produtores de enzimas que tendem a liquefazer os tecidos mortos e a produzir gases de odor fétido que se acumulam em bolhas entre o tecido morto e o não lesado à gangrena úmida ou pútrida. • Gangrena gasosa à secundária a contaminação do tecido necrosado com germes do gênero Clostridium que produzem enzimas proteolíticas e lipolíticas e grande quantidade de gás. Mecanismos: agressão suficiente à interrupção de funções vitais como: à interrupção da produção de ATP e síntese celular à os lisossomos perdem a capacidade de conter as hidrolases à são liberadas no citosol à ativadas também pela alta [Ca] à início da digestão celular (autólise). Causas: • Redução de energia por obstrução vascular (isquemia e anóxia) e inibição dos processos respiratórios; • Produção de radicais livres; • Ação direta sobre as enzimas (químicos e toxinas); • Agressão direta a membrana citoplasmática (formação de canais que permitem desequilíbrio iônico na célula). Gangrena seca: Os dedos do pé foram submetidos a uma lesão (congelamento, por exemplo) e percebe-se que é uma gangrena seca, na qual há principalmente necrose coagulativa da lesão anóxica (por causa da diminuição de circulação). Dois abscessos no pulmão vistos aqui são exemplos de necrose liquefativa no qual se observa um líquido central na área da lesão. Um abscesso aparece no lobo superior e o outro no lobo inferior. Este tipo de necrose ocorre em órgãos ricos em lipídeos (tais como o cérebro) ou quando existe um abscesso com muitas células inflamatórias que liberam enzimas proteolíticas que destroem os tecidos ao redor. Gangrena úmida: Esse termo é aplicável, uma vez que o pé possui componente liquefativo da infecção sobreposta, além de necrose coagulativa da perda do suprimento sanguíneo. Após a necrose coagulativa, um quadro infeccioso se instalou. Gangrena gasosa: • Etiologia: infecção pelo Clostridium, especialmente o Clostridium perfringense o Clostridium novyi, que produzem exotoxinas e gases. • Fatores de risco: Diabetes, aterosclerose ou câncer do colón. Geralmente após algum ferimento na pele ou nas membranas mucosas, cirurgias, punções venosas, deficiência dos vasos ou infecção decorrente de outros microrganismos. • Fisiopatologia: C. perfrigens (80% dos casos) faz parte da flora intestinal, podendo tornar-se patogênicas em certas ocasiões. Essa bactéria, em condições anaeróbicas produzem toxinas que causam necrose tecidual, destruição dos glóbulos vermelhos do sangue, diminuição da circulação por vasoconstrição e aumento da permeabilidade vascular. Membro inferior com gangrena gasosa à Necrose gangrenosa envolve os tecidos de uma parte do corpo. A inflamação vista aqui se estende sob a pele de um dedo do pé e envolve tecidos moles (tecido adiposo e conjuntivo) e ossos. Como vários tecidos tornaram-se inviáveis, é necessária a amputação dessas áreas. Necrose gangrenosa envolve os tecidos de uma parte do corpo. A inflamação vista aqui se estende sob a pele de um dedo do pé e envolve tecidos moles (tecido adiposo e conjuntivo) e ossos. Como vários tecidos tornaram-se inviáveis, é necessária a amputação dessas áreas. SINAIS, SINTOMAS E EVOLUÇÃO: início repentino, evolui de forma rápida e tem caráter grave. Inicialmente surge um inchaço tecidual no local da infecção, extremamente doloroso e crepitante, o que revela a presença de gás no tecido. A área infectada expande-se em poucos minutos e as alterações se fazem visíveis. Os sintomas sistêmicos consistem em: sudorese, febre, ansiedade, dificuldade para respirar, perda de peso, palidez, enfraquecimento e coloração amarelada na pele. O tecido afetado fica completamente destruído. Se o quadro evolui sem tratamento, manifestam-se choque, queda da pressão arterial, insuficiência renal, coma e morte. Há também mau cheiro, em virtude do gás acumulado e da putrefação da matéria orgânica. DIAGNÓSTICO: visualização direta do edema, relato dos sintomas, captação de sinais como descoloração do tecido, vesículas hemorrágicas, evidencia de gás no tecido e pela identificação de bactérias ao microscópio, com a retirada de substância do processo inflamatório. Exames de sangue podem ajudar. TRATAMENTO: A gangrena gasosa deve ser tratada através de debridamento cirúrgico, pode envolver necessidade de amputações. Devem ser administradas altas doses de potentes antibióticos e de fortes analgésicos. O tratamento pode ser complementado com oxigenioterapia hiperbárica (inalação de oxigênio a uma pressão maior que a pressão ambiente), para inibir o crescimento das bactérias anaeróbicas. NECROSE CASEOSA: • Assim denomina porque a área necrosada assume o aspecto macroscópico de massa de queijo, divide características da necrose coagulativa e liquefativa (granulomas da tuberculose). • A principal características é a transformação das células necróticas em uma massa homogênea, acidófila, contendo núcleos picnóticos e na periferia, presença de núcleos fragmentados (as células perdem totalmente os seus contornos e os detalhes estruturais, mas o tecido não é liquefeito). • É característica de um foco de inflamação conhecido como granuloma. Pulmão: Necrose caseosa: pulmão tuberculoso com grande área de necrose caseosa contendo restos branco-amarelados e semelhantes a queijo. Esse tipo de necrose é uma combinação de: necrose coagulativa + necrose liquefativa + inflamação granulomatosa. A destruição do tecido é tão extensa que há áreas com espaços císticos sendo formadas quando os detritos necróticos (principalmente liquefeitos) são drenados pelos brônquios. Microscopia: caracterizada por áreas acelulares de necrose rosa (parte de cima sem núcleos), cercado por um processo inflamatório à os núcleos vistos são causados por esse infiltrado. Ocorre também a formação de um granuloma. NECROSE GORDUROSA: • Liberação de enzimas pancreáticas com autodigestão ou trauma de células gordurosas. • Necrose de células gordurosas associado a inflamação aguda à formação de depósitos de cálcio e histiócitos. Pâncreas: Necrose gordurosa na pancreatite aguda. As áreas de depósitos gredosos, brancas, representam focos de necrose gordurosa com formação de sabão de cálcio (saponificação) nos locais da degradação dos lipídeos no mesentério. A lesão dos ácinos pancreáticos leva a liberação de enzimas que danificam a gordura. Microscopia à Microscopicamente, a necrose caseosa é caracterizada por áreas acelulares de necrose rosa, como visto aqui no canto superior direito, cercado por um processo inflamatório granulomatoso. Microscopia de necrose gordurosa. Embora os contornos celulares permaneçam vagamente, as células adiposas perdem seus núcleos periféricos e seu citoplasma se torna uma massa amorfa rosa de material necrótico. NECROSE FIBRINOIDE: Depósito de material proteináceo (fibrina like) nas paredes das artérias, observado como parte de vasculites imuno-mediadas Necrose fibrinoide na artéria de paciente com poliarterite nodosa. A parede da artéria mostra área circunferencial de necrose, róseo- brilhante, com depósito de proteína e inflamação. NECROSE GOMOSA: Variedade da necrose por coagulação na qual o tecido necrosado assume aspecto compacto e elástico como borracha (goma), ou fluido viscoso como a goma arábica observada na sífilis tardia ou terciária (goma sifilítica). Consequência das necroses: Dependem de: • Órgão afetado: quanto mais essencial à vida, mais graves as consequêcias; • Extensão da lesão: quanto maiores, mais graves as consequências; • Causas da necrose: o Infarto extenso no baço: não compromete seriamente a vida do paciente... o Qualquer necrose, de qualquer extensão, no encéfalo: hemiplegias,alterações neurológicas, e mesmo a morte; Evolução das necroses: O tecido necrótico comporta-se como um corpo estranho (devido à liberação de antígenos), suscitando uma reação inflamatória na tentativa de eliminar a área necrosada • Absorção: se a área afetada for mínima à fagocitose por macrófagos. • Drenagem: se a área for próxima às vias excretoras ou se ocorrer fistulação (ruptura e drenagem de abscessos/necrose coliquativa). • Cicatrização: proliferação fibroblástica e substituição do parênquima necrótico por tecido conjuntivo fibroso. • Calcificação: comum na necrose caseosa. • Encistamento ou sequestro: formação de pseudocistos, quando a área de necrose é ampla limitando a absorção. Comum nas malacias (amolecimento e liquefação) do SNC, onde as células responsáveis pela cicatrização (astrócitos, ao contrário dos fibroblastos) não são capazes de preencher extensas áreas perdidas. Nesse caso, os astrócitos circunscrevem a área necrosada formando uma cápsula e ocorre então a formação de um cisto.
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