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Artrite séptica aguda Osteomielite aguda Referências - Livros-texto Ortopedia e traumatologia: princípios e prática [recurso eletrônico] / [Organizadores] Sizínio K. Herbert ... [et al]. - 5. ed - Porto Alegre: Artmed, 2017. Clínica ortopédica / editores Tarcisio Eloy Pessoa de Barros Filho, Olavo Pires de Camargo, Gilberto Luis Camanho. - Barueri, SP: Manole, 2012. Tratado de Ortopedia / [Organizadores] Moisés Cohen ... [et al]. - 1. ed - [S.l.]: Roca, 2007 Referências - Recursos clínicos baseados em evidência CADILLA, Adriana. Septic arthritis in children. DynaMed, 2021. Disponível em: https://www.dynamed.com/condition/septic-arthritis-in-children. Acesso em: 1 de ago. de 2021 SEAS, Carlos. Septic arthritis in children. DynaMed, 2021. Disponível em: https://www.dynamed.com/condition/septic-arthritis-in-adults. Acesso em: 1 de ago. de 2021 KROGSTAD, Paul. Bacterial arthritis: clinical features and diagnosis in children and infants. UpToDate, 2021. 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Acute Osteomyelitis in Children. DynaMed, 2021. Disponível em: https://www.dynamed.com/condition/acute-osteomyelitis-in-children. Acesso em: 1 de ago. de 2021 https://www.dynamed.com/condition/acute-osteomyelitis-in-children Referências - Recursos eletrônicos Mostafa El-Feky et al. Septic arthritis. Radiopaedia, 2021. Disponível em: https://radiopaedia.org/articles/septic-arthritis?lang=us. Acesso em: 1 de ago. de 2021. Mohamed Saber et al. Osteomyelitis. Radiopaedia, 2021. Disponível em: https://radiopaedia.org/articles/osteomyelitis. Acesso em: 1 de ago. de 2021 https://radiopaedia.org/articles/septic-arthritis?lang=us https://radiopaedia.org/articles/osteomyelitis Osteomielite aguda Com foco em osteomielite aguda hematogênica (OHA) na criança Definição Qualquer infecção óssea que comprometa a cortical, a esponjosa e/ou o canal medular. Sinonímia: osteomielite hematogênica, osteomielite aguda hematogênica Epidemiologia Aproximadamente 50% dos casos de OHA são em menores de 5 anos e até 85% são em menores de 17 anos Predominância: 4:1 masculino Incidência em países ricos: 1 em 5-7,7*10^3 Incidência em países pobres: 1 em 0,5-2*10^3 Etiologia Principal agente em qualquer faixa etária: Staphylococcus aureus Outros agentes a depender da faixa etária Streptococcus agalactiae (neonatos) Escherichia coli (ITU e usuários de substância EV) Streptococcus pyogenes Haemophilus influenzae (ITU e usuários de substância EV) Salmonella spp. (anemia falciforme) Fatores de risco sistêmicos DM Doença vascular Idade avançada Usuários de substância EV Usuários de catéreres Abuso de álcool Neoplasia maligna Insuficiência hepática Hipóxia crônica Abuso de nicotina Endocardite Anemia falciforme Hemodialíticos Insuficiência renal Parto complicado Infecção materna transpartal Fatores de risco locaisHipoperfusão regional Trauma Linfedema crônico Arterite Fibrose radiogênica Escaras Implantes cirúrgicos Úlcera de pressão Etiopatogenia Sistema vascular metafisário possui um fluxo lentificado e com comparativamente baixa tensão de O2 favorecendo proliferação bacteriana Atividade macrofagocitária local reduzida também é uma diátese Em crianças < 18 meses, irrigação arterial não é separada pela placa de crescimento, de forma que pode haver contaminação da epífise Classificações Classificação por vias de Lew-Waldvogel Osteomielite hematogênica aguda (OHA) Osteomielite por contiguidade Com insuficiência vascular Sem insuficiência vascular Osteomielite da coluna vertebral Osteomielite crônica Classificações Classificação por tempo de infecção Aguda: até 2 semanas Subaguda: 2 semanas a 3 meses Crônica: mais que 3 meses Classificações Classificação por extensão anatômica e hospedeiro de Cierny-Mader Tipo 1: exclusivamente medular Tipo 2: cortical superficial Tipo 3: localizada (cortical e medular c/ estabilidade) Tipo 4: difusa (cortical e medular s/ estabilidade) Classificações Classificação por extensão anatômica de Cierny-Mader Hospedeiro Tipo A: sem comorbidades Tipo B: com comorbidades Tipo Bl: comprometimento local Tipo Bs: comprometimento sistêmico Tipo Bls: local + sistêmico Tipo C: tratamento é pior que a doença Fisiopatologia Fase inicial: processo supurativo com aumento de pressão intra-óssea e áreas de isquemia e necrose óssea Progressão: ruptura da cortical e formação de abcesso subperiosteal que pode ou não fistulizar através dos tecidos moles Metáfise extra-articular: barreira da placa fisária protege a articulação de contaminação Metáfise intra-articular (e.g., úmero, fêmur): vascularização progride intra-articularmente e predispõe a artrite séptica Progressão: descolamento do periósteo levando à periostite; formação de abcesso intra-ósseo e disseminação da infecção ao longo da diáfise Fisiopatologia Abcesso de Brodie Formação de invólucro avascular e localizado de tecido fibroso e osso esclerótico em uma porção do abcesso intra-ósseo com sintomatologia mínima Sequestro ósseo Isolamento de porções do osso entre lacunas de pus que impedem a revascularização e perpetuam a infecção Fisiopatologia Quadro clínico QP: dor intensa, progressiva, contínua em extremidade de osso longo Anamnese: sd. febril, irritabilidade, anorexia, rebaixamento do estado geral, histórico de trauma há 2-4 semanas ou infecção há 2 semanas EF: dor à palpação da extremidade óssea, dor à mobilização da articulação adjacente, sinais flogísticos, defesa ante o exame, limitação funcional Em crianças menores: quadro mais oligossintomático Sinais e sintomas Dor (81%) Sinais flogísticos (70%) Febre (62%) Redução de amplitude articular (50%) Redução da capacidade de carregar peso (50%) Local de acometimento Fêmur (20-30%) Tíbia (19-26%) Úmero (5-13%) Pelve (3-14%) Calcâneo (4-11%) Fíbula (4-10%) Outros (1-4% cada) Exames laboratoriais Hemograma: leucocitose neutrofílica com desvio à esquerda PCR/VHS: acompanhamento do processo infeccioso; se persistentemente baixos, exclui osteomielite Hemocultura: positiva em até 50% dos casos, negativa não exclui dx PCR do aspirado: aumenta sensibilidade para detecção de patógenos e pode identificar, solicitada empiricamente para patógenos mais frequentes na comunidade Punção aspirativa em osso: diagnostica o patógeno em até 70% dos casos Biópsia de osso: sinais de remodelação e reabsorção óssea ativas, presença de células inflamatórias (> 5 PMN/campo) Exames de imagem - Radiografia Exame preferencial para avaliação inicial Sensibilidade e especificidade: 14-54%, 68-70% Fase aguda: sinais inespecíficos em partes moles com baixa sensibilidade Fase subaguda (5-7d em crianças, 10-14d em adultos): rarefação óssea regional, reação periosteal (periostite, incl. triângulo de Codman), perda da estrutura trabecular, lise óssea focal Abcesso de Brodie. Ref.: https://radiopaedia.org/ articles/osteomyelitis Osteomielite crônica do fêmur distal com formação de invólucro, sequestro ósseo e cloaca. Radiografia. Ref.: https://radiopaedia.org/a rticles/bony-sequestrum?l ang=us Exames de imagem - Ultrassonografia Pode auxiliar no diagnóstico diferencial com artrite séptica Permite visualizar infiltração de partes moles e edema Útil em visualização da fistulização do abcesso subperiosteal Exames de imagem - Tomografia computadorizada Pouca utilidade no diagnóstico da fase aguda Sensibilidade e especificidade: 67%, 50% Não detecta edema de medula Tipicamente reservada para contraindicação à RNM Auxilia mais que RNM na identificação de alterações ósseas em osteomielite crônica Melhor que radiografia em avaliação de infecção de osso esponjoso (e.g., ilíaco e vértebras) Exames de imagem - Cintilografia óssea Marcador: Tecnécio-99m; alternativamente, Gálio-67 ou Índio-111 Sensibilidade e especificidade: 53-100%, 50-100% Facilita identificação de focos Requer sedação da criança com menos frequência que RNM Não avalia abcessos Fase inicial: captação óssea precoce (a partir de 24-48h de doença) em terceira fase do estudo de imagem (absorção óssea) Exames de imagem - Ressonância nuclear magnética (RNM) Maior sensibilidade e especificidade: 80-100%, 70-100% Permite diagnóstico precoce (1-2d) Útil para diferencial com neoplasias T1: destruição de osso cortical, baixo sinal em região medular sugerindo edema T2: edema de medula, sinal elevado em região de abcesso T2 C+: captação em medula, margens de abcesso, coleções subperiosteais Osteomielite do fêmur proximal direito. RNM coronal em T1 C+ fat sat Gd. Diagnóstico diferencial Artrite séptica Similar: dor em região articular rapidamente progressiva e com limitação funcional associada a sd. infecciosa Diferente: ponto-gatilho na articulação em vez de na metáfise, artrocentese não-infectada Artrite reumatoide Similar: dor, rubor e calor em região articular associada a limitação funcional Diferente: ausência de evidência de infecção Diagnóstico diferencial Neoplasias Similar: dor óssea, sd. febril Diferente: falha terapêutica, curso crônico com início lentamente progressivo, sd. paraneoplásica, sd. consumptiva Infarto ósseo Similar: alterações de imagem, dor óssea Diferente: ausência de sd. infecciosa, presença de hemoglobinopatia Diagnóstico diferencial Deficiência de vitamina C Similar: dor musculoesquelética, recusa de carregamento de peso Diferente: petéquias, equimoses, gengivorragia, hiperceratose Mímicos radiográficos Displasia fibrosa, osteoblastoma, condroblastoma, osteosarcoma Diagnóstico Diagnóstico clínico-laboratorial levando em consideração Quadro clínico Exames laboratoriais Exames de imagem Punção óssea e análise de aspirado Diagnóstico Diagnóstico confirmado: evidência histológica de inflamação/necrose de osso em biópsia OU identificação de patógeno em cultura/coloração por Gram de aspirado de punção Diagnóstico provável: clínica, exames laboratoriais e de imagem iniciais compatíveis com cultura negativa e PCR positivo ou com resposta terapêutica Diagnóstico improvável: exames de imagem avançados (RNM, cintilografia) repetidamente negativos Tratamento - Cirúrgico Punção óssea Pode ser diagnóstica e/ou terapêutica Realizada no centro cirúrgico sob anestesia tópica + sedação ou anestesia geral Punciona-se inicialmente a região mais dolorosa para aspiração do abcesso subperiosteal Caso a punção inicial não aspire pus, é puncionado o osso em si Caso qualquer das punções revele pus, está indicada a drenagem cirúrgica imediata Tratamento - Cirúrgico Drenagem cirúrgica Indicada na presença de abcesso intra-ósseo, subperiosteal ou de tecidos moles, sequestro ósseo, presença de tecido necrótico, ausência de melhora em 48-72h de ATB São realizadas perfurações ósseas com instalaçãode sistema de irrigação contínua com SF ou RL por 24-48h Tratamento - Ortopédico Indicação: após realização da drenagem Intenção: prevenção de fraturas patológicas quando há fatores de risco Imobilização do membro com tala gessada, férula, órtese plástica ou tração em partes moles a depender do local afetado Tratamento - Antibioticoterapia Empírica EV imediatamente após coleta de material para cultura e antibioticoterapia; após resultados, específica Cobertura para SA e Gram-negativos Após 10 dias, caso haja melhora do quadro, trocar para VO Tempo de tratamento: 4-6 semanas Critério para terapia oral: s/ febre por 48h + melhora clínica e laboratorial Critério de cura: normalização de PCR/VHS após tempo mínimo de tratamento Tratamento - Antibioticoterapia Monitorização Quadro clínico diariamente PCR/VHS de 3 em 3 dias até queda de 50% ou declínio linear, daí semanalmente Acompanhamento semanal caso alta com medicação oral Não é obrigatório acompanhamento após término da antibioticoterapia, mas pode ser realizado por até 12 meses Tratamento - Clínico Vigilância infecciosa durante a internação incluindo outros focos Cuidados de analgesia, hidratação, nutrição e sedação conforme necessário Complicações - Ortopédicas Osteomielite crônica (5%) Artrite séptica Crescimento ósseo anormal Fratura patológica Necrose avascular (cabeça femoral) Amputação Complicações - Não-ortopédicas Sepse Piomiosite Carcinoma de células escamosas no sítio de drenagem Risco aumentado para doença coronariana Tromboembolia venosa (incl. trombo séptico) Prognóstico - Adultos Mortalidade: 2,8% em pacientes tratados de forma oportuna Recorrência global: 31% Recorrência em osteomielite por MRSA: 46% Prognóstico - Crianças Recorrência global: 2% Tratamento oportuno quase elimina o risco de sequelas Artrite séptica Definição Infecção de uma articulação sinovial, geralmente por bactéria piogênica, podendo levar à destruição, subluxação ou luxação articular e destruição da epífise e da linha epifisária. Sinonímia: artrite supurativa, artrite infecciosa, artrite bacteriana, artrite piogênica, artrite purulenta, pioartrose Epidemiologia Mais comum na primeira década de vida (esp. 2-3 anos) Em adultos, atinge principalmente pacientes com comorbidades (esp. artrite reumatoide, DM, LES, alcoolismo, usuários de substância, causas de imunosupressão) Predominância: 2:1 homens Incidência global: 5-12 por 10^6 Países pobres: 20 por 10^6 Países ricos: 1 por 10^6 Etiologia Patógeno mais frequente em qualquer faixa etária (25-60%): S. aureus Desconhecido em 18-70% dos casos Quase qualquer tipo de micro-organismo pode causar Etiopatogenia Formas de entrada na articulação Hematogênica Inoculação direta intra-articular Osteomielite aguda metafisária intra-capsular (drenagem, esp. fêmur proximal, úmero proximal, rádio proximal, fíbula/tíbia distal) Contiguidade (e.g., acesso venoso femoral em RNs) Fatores de risco Bacteremia Histórico recente de trauma Instrumentação recente em osso ou articulação Usuários de substância EV Imunosupressão (prematuridade, baixo peso ao nascer, HIV+) Síndrome do desconforto respiratório do RN Cateterização de artéria umbilical Histórico de ITU recente Fisiopatologia Uma vez na articulação, líquido sinovial e cartilagem avascular formam facilmente um meio de cultura para os patógenos Iniciada a inflamação, condrólise em duas etapas — destruição da matriz cartilaginosa seguida de destruição do colágeno — devido a enzimas condrolíticas endógenas e exógenas Principais enzimas: estreptoquinase e estreptodornase Associada à condrólise química, condrólise por isquemia devido ao aumento de pressão intra-articular Há evidência de que destruição articular já se inicia dentro de 24-48h do início do quadro Quadro clínico QP: dor monoarticular (90%) rapidamente progressiva e contínua Anamnese: limitação funcional e síndrome febril (febre, mal-estar, calafrios) associadas; histórico recente de trauma EF: pseudoparalisia, defesa ante tentativa de exame articular, articulação mantida em posição que maximize o volume articular (ger. leve flexão), calor e aumento de volume da articulação Exame pediátrico: sinais mais úteis são irritabilidade, recusa alimentar, aumento do volume articular e febre Em neonatos, o quadro pode ser oligossintomático com infecção óssea e articular multifocal de difícil diagnóstico Exames laboratoriais - Diagnóstico Análise de líquido coletado por artrocentese Citologia: leucocitose neutrofílica (50-100 mil, > 90% de PMN) Bioquímica: glicose 50 mg/dL < que sérica OU < 40 Cultura e antibiograma: positivo em 50-80%, negativo não exclui diagnóstico Gram: positivo em 30%, negativo não exclui diagnóstico Hemograma Leucograma: leucocitose neutrofílica com desvio Exames laboratoriais - Subsidiários PCR/VHS: acompanhamento do processo infeccioso. PCR é superior (sens. 98% vs 92%) e ambos se elevam em 24-48h do início do processo VHS: > 20mm desde a fase inicial e > 60 mm após 3-4 dias do processo Cultura de sangue: positiva em 20% dos casos; pode auxiliar em suspeita de sepse ou quando por etiologia hematogênica Exames de imagem - Radiografia Fase aguda: baixa sensibilidade; infiltração e edema de partes moles, espessamento e aumento do espaço capsular, subluxação ou luxação. Pode haver quebra da linha de Shenton Fase subaguda: achados agudos + osteopenia subcondral e/ou osteomielite concomitante Fase crônica: destruição articular com estreitamento do espaço e anquilose fibrosa ou óssea Artrite séptica do joelho esquerdo em neonato de 13 dias. Radiografia. Edema de partes moles peri-articular. Ref.: https://radiopaedia.org/cases/neonatal-knee-septic-arth ritis?lang=us Exames de imagem - Tomografia computadorizada Mesmos achados da radiografia Na ausência de trauma: nível gorduroso intra-articular pode ser um sinal específico Exames de imagem - Ultrassonografia Útil em crianças e articulações superficiais Pode ser usado para guiar artrocentese Fase aguda: coleção líquida intra-articular com ou sem debris, pode ajudar a diferenciar coleção intra-articular de subperioesteal (diferencial com osteomielite), Doppler com aumento da vascularização perissinovial Artrite séptica do joelho esquerdo em neonato de 13 dias. Ultrassonografia com Doppler. Efusão suprapatelar complexa com vascularização periférica Ref.: https://radiopaedia.org/cases/neonatal-knee-septic-arthritis ?lang=us Artrite séptica do joelho esquerdo em neonato de 13 dias. Ultrassonografia com Doppler. Efusão suprapatelar complexa com vascularização periférica Ref.: https://radiopaedia.org/cases/neonatal-knee-septic-arthritis ?lang=us Exames de imagem - Cintilografia Alta sensibilidade e baixa especificidade, auxilia na localização do processo infeccioso (esp. na pelve) Doença ativa: área de hipercaptação Exames de imagem - Ressonância nuclear magnética (RNM) Exame sensível e específico mesmo para doença inicial Útil para diferencial com osteomielite, doenças neoplásicas do esqueleto e avaliação de pacientes que já receberam tratamento, mesmo que parcial Doença ativa: coleção líquida intra-articular T1: baixo sinal em osso subcondral T2: edema perissinovial C+ (Gd): captação sinovial Artrite séptica do quadril à direita em paciente de 10 anos com quadro recente de infecção pulmonar. RNM. T2 à esquerda. T2 sat à direita. Efusão articular com diminuição do espaço articular e aumento de ganho em T2 sat sugerindo edema de medula óssea. Ref.: https://radiopaedia.org/cases/septic-arthritis-of-the-hip-joint?lang=us Diagnóstico diferencial Sinovite tóxica Similar: dor articular em quadril em pacientes pediátricos com limitação funcional Diferente: intensidade do quadro é menor, ausência de sd. infecciosa, artrocentese não-infecciosa Sinovite aguda monoarticular reumatoide Similar: dor articular com sd. febril Diferente: artrocenteseneutrofílica com PMN < 80% Diagnóstico diferencial Artrite reumatoide Similar: monoartrite (fase aguda) c/ dor articular Diferente: artrocentese com glicose idêntica à sérica, poliartrite simétrica multiarticular (fase crônica) Osteomielite Similar: dor articular/epifisial, sd. infecciosa, limitação funcional Diferente: ponto-gatilho de dor é na epífise em vez de na articulação, derrame articular não-infectado Diagnóstico Diagnóstico clínico-laboratorial levando em conta Quadro clínico Exames laboratoriais Exames de imagem Artrocentese Critérios de Kocher Auxilia a distinguir artrite séptica pediátrica de sinovite tóxica Critérios: não carregamento de peso (1 pt), temp. > 38,5 (1 pt), VHS > 40 mm/hr (1 pt), leuco > 12 mil (1 pt) Interpretação (probabilidade de artrite séptica): 0 pts: 0% 1 pts: 3% 2 pts: 40% 3 pts: 93% 4 pts: 99% Tratamento - Cirúrgico Drenagem articular com lavagem exaustiva e remoção de grumos por artrotomia, artroscopia ou agulha grossa. Ferida é mantida aberta por 24h para drenagem espontânea e então reabordada para nova limpeza e fechamento. Alternativamente, é instalado sistema de irrigação e drenagem contínua por 24-48h tendo como critério de retirada drenagem de líquido límpido por 24h ou cultura negativa do líquido drenado. Preferencialmente não exceder 48h de artrotomia aberta. Tratamento - Ortopédico Em quadros de artrite do quadril, imobilização com tala gessada para repouso articular por 10-30 dias a depender do quadro clínico Se subluxação/luxação associada, estender o tempo de imobilização Após retirada, reabilitação Tratamento - Clínico Vigilância infecciosa durante a internação incluindo outros focos Cuidados de analgesia, hidratação, nutrição e sedação conforme necessário Tratamento - Antibioticoterapia ATB empírico após artrocentese seguido de ATB específico quando antibiograma RN: penicilina semissintética (vs. Staphylococcus e Streptococcus) + aminoglicosídeo (vs. Gram-negativas) 1m-5a: cefuroxima >5a: penicilina semissintética ou cefalosporinas de primeira Duração: 2-7 dias EV + 2-4 semanas VO Critério de suspensão: PCR/VHS descendente e próximo à normalidade Tratamento - Corticoide Indicado em crianças com doença não-complicada, em fase inicial, na ausência de sinais sistêmicos e em pacientes não-comórbidos Benefícios: redução de duração de sintomas, melhora clínica acelerada, redução de tempo de internação e redução de disfunção articular em longo prazo Prescrição: dexametasona EV 0,2 mg/kg 8/8h por 4 dias no início do tratamento Complicações - Ortopédicas Deformidades articulares Desvios angulares Alongamento do membro acometido por hiperemia prolongada Fraturas patológicas na área acometida Osteonecrose Necrose avascular do quadril Infecção crônica Degeneração articular (anquilose fibrosa/óssea) Complicações - Não-ortopédicas Broncopneumonia Pericardite séptica Sepse Prognóstico Indicado acompanhamento com 6 semanas do término do quadro e ao longo do ano seguinte Com tratamento médico oportuno: 90% de cura s/ sequelas Mortalidade: 1-15% Complicações: 10-25% Fatores de mau prognóstico: demora diagnóstica (> 4 dias), infecção neonatal, infecção por SA ou Gram-negativos, osteomielite concomitante
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