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Artrite séptica e osteomielite Palestra 32 – 13/05 – Bruna Mendonça ARTRITE SÉPTICA → Decorrem da interação de patógenos pertencentes ao grupos de bactérias, vírus ou fungos com o hospedeiro, resultando em uma resposta inflamatória sinovial, cuja evolução pode ser aguda, subaguda ou crônica. → Elas são dívidas em: - agudas: não gonocócicas e gonocócicas. - crônicas. → É considerada uma emergência clínica. → Atraso no diagnóstico e/ou tratamento geram uma destruição irreversível articular e aumento da mortalidade. EPIDEMIOLOGIA - não há dados oficiais no Brasil. - incidência anual estimada de 2-6 casos/100.000 pessoas. - mais incidente em homens, sendo 1,5:1 mulheres. - sem diferença entre as raças. →CRIANÇAS: - neonato: rara, mais relacionada com origem hospitalar. - hospitalar S. aureus e bacilos Gram-negativos são os agentes etiológicos mais encontrados. - ambiente extra-hospitalar: estreptococo é o mais comum. →ENTRE 2 MESES E 2 ANOS: - H. Influenzae: mais da metade dos casos de artrite infecciosa. - joelho é o local mais afetado, seguido pelo quadril. →IDOSOS: - S. aureus: 50% dos casos. - Estreptococos e bacilos gram negativos: 50% dos casos. ETIOLOGIA → Gonocócica: é o tipo mais comum em adultos e jovens. → Não gonocócicas: - bactérias Gram-positivas – 75 a 80% - S. aureus – 60% das artrites infecciosas em adultos. - estreptococo beta-hemolítico – 30% dos casos de artrite séptica – infecção cutânea ou de partes moles periarticulares. - bacilos gram negativos – 10% - E. coli, klebsiella pneumoniae, Salmonella ssp. e Pseudomonas ssp. – mais frequentes nas artrites sépticas em neonatos, pacientes com doenças crônicas, idosos ou usuários de drogas injetáveis. → Microorganismo anaeróbico – 5 a 7% - bactérias anaeróbicas ou facultativas – geralmente após mordeduras humanas, úlcera de decúbito ou abcessos intra-abdominais disseminam-se para articulações adjacentes. → Micobactérias e fungos: em imunodeprimidos. FATORES DE RISCO Stefany Margini – T52 FMIT – SOI V - idade > 80 anos; - DM; - alcoolismo; - condições que causam danos na integridade da pele como psoríase, eczema e úlceras; - cirurgia articular prévia e prótese articular; - cirrose hepática; - doença renal crônica – diálise; - neoplasias e uso de quimioterápicos; - usuários de drogas endovenosas; - hemofílicos; - transplantados; - pacientes com AIDS; - hipogamaglobulinemia; - doenças com comprometimento imunológico. FISIOPATOLOGIA A sinóvia é altamente vascularizada, e a falta de uma membrana protetora a torna vulnerável ao crescimento bacteriano. Por isso, os patógeno alcançam o espaço articular via disseminação hematogênica a partir de um processo infeccioso a distância (ex: pneumonia/infecções cutâneas). Após isso, evolui com a proliferação bacteriana no líquido sinovial, ocasionando um aumento da atividade fagocítica das células sinoviais, fazendo com que a sinóvia torne-se infectada levando à sua proliferação e provocando a degradação enzimática, neovascularização e desenvolvimento do tecido de granulação. Por fim, o acúmulo de elementos purulentos irá aumentar a pressão intra-articular e o fluxo sanguíneo sinovial fica tamponado, resultando em anóxia dessa cartilagem, acarretando em necrose articular. QUADRO CLÍNICO - instalação súbita; - febre/calafrios; - queda doe estado geral; - dor intensa com derrame articular e limitação acentuada dos movimentos ativos e passivos articulares; - 80-90% monoarticular; - 10-20% poliarticular, principalmente nos portadores de quadros gonocócicos; Acometimento: 50% joelho, 15% quadril, 9% tornozelo, 8% cotovelo, 6% punho, 5% ombro. Quadro bem típico de proval úlceração que evoluiu para um quadro de inflamação na articulação, deixando a pele extremamente fina e sensíveil, DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL - artropatias inflamatórias autoimune. - artropatias por cristais: gota/doença por depósito de pirofosfato de cálcio. - artrite traumática. - atrites associadas a lesões metastáticas. Artrite reumatoide Artrite séptica Gota A artrite reumatoide é muito diferente da artrite séptica, uma das maneiras que podemos diferenciar é por meio do exame físico, quadro clínico etc. EXAMES COMPLEMENTARES - hemograma: leucocitose. - VHS / PCR: provas inflamatórias (elevadas) - hemoculturas: taxa de positividade em torno de 50% - punção articular com cultura: celularidade > 50.000/mm3, 75% de polimorfonucleares, glicose baixa (devido o mecanismo da bactéria estar consumindo). → Investigação por imagem - radiografia simples: baixa sensibilidade inicial nas 2-3 primeiras semanas, não evidenciando muito alteração, podendo ser encontrado uma osteopenia e mais a frente uma destruição articular e osso subcondral. - ultrassom: pode ser útil para quantificação do derrame articular e também na alteração do fluxo Doppler na sínovia. - tomografia computadorizada: auxilia no diagnóstico quando há envolvimento de quadril, ombros, esternoclavicular e sacroilíaca por serem locais de difícil aspiração para colher o líquido. - ressonância magnética: pode ser utilizada em fase inicial, pois irá ajudar a visualizar edema nas partes moles, sinovite, diferenciar uma possível osteomelite e irá mensuração o derrame celular. Imagem: raio x simples de criança, pois ainda não terminou de colar as epífises. É possível a visualização de uma destruição de cartilagem, sendo com isso uma fase mais adiantada da artrite séptica). TRATAMENTO - internação hospitalar por ser um quadro de início imediato. - inicio de antibiótico terapia empírica enquanto aguarda a avaliação do agente etiológico por meio do líquido sinovial. - punção aspirativa diária, drenagem artrocópia, limpeza intra-articular (lavagem de todo conteúdo purulento, abscesso que estiver na articulação). - terapia antibiótica inicial baseada no quadro clínico e possível agente etiológico. - a duração da terapia antibiótica requer um período de 2 a 4 semanas. - antibióticos parental - endovenoso, pode ser convertido para via oral após no mínimo 2 semanas de terapia parenteral - a depender da evolução e do agente etiológico. - em caso de artrite séptica por Gram-negativo e S.aureus, recomenda-se terapia endovenosa por 4 semanas. Esse paciente ficará um tempinho no hospital para esse tratamento associado a limpeza diária da articulação, as vezes até cirurgicamente. Analisa qual o provável agente etiológico, ou quando já se sabe qual é. Obs: o alternativo é em caso de falta da primeira escolha. COMPLICAÇÕES E PROGNÓSTICO → Mortalidade: de 10 a 20% em pacientes com: - > 65 anos. - imussupressão. - doenças coexistentes. → Artrite séptica poliarticular especialente quando por S.aureus ou em pacientes com artrite reumatoide tem taxa de mortalidade que atinge 50%. → Atrite séptica relacionada a pneumococo a mortalidade gira em torno de 20%, podendo evoluir com desfechos mais graves como: - desfechos com amputação. - grave deterioração da função articular. → Infecção por S. aureus: 50% dos pacientes apresentam perda de função articular. → Geral: 40% evolui com piora permanente da função articular. CONSIDERAÇÕES SOBRE INFECÇÃO EM PRÓTESES ARTICULARES → 0,86% a 1,1%: infecção na prótese articular artroplasias de joelho. → 0,5 a 1,17%: infecção na prótese articular artroplasias em quadril. → Fatores de risco: - fratura prévia - artroplásias em artrite reumatoide - IMC elevado - infecção no sítio cirúrgico e revisão de artroplastia. → Bactérias aderente à superfície da prótese faz-se necessário avaliar a necessidade da remoção da prótese para erradicar a infecção. OSTEOMELITE Distúrbio inflamatório do osso, causado pela infecção por microorganismos que leva à destruição e necrose óssea. A inflamação pode envolver o córtex e/ou a medula óssea. A bactéria pode atingir o osso por três caminhos: 1. Invasão direta hematogênica a partir de uma bacteremia, eventualmente uma septicemia. 2. Invasão a partir de um foco contíguo de infecção (geralmente uma celulite/paniculite).3. Por inoculação direta seguida a uma trauma ou ato cirúrgico. EPIDEMIOLOGIA - é um distúrbio heterogêneo. - atinge qualquer idade. - pode atingir qualquer osso. ETIOLOGIA - agente causal mais frequente: S. aureus. - pequena porcentagem: Estreptococo do grupo A. - propagação contagiosa do tecido infectado ou de prótese articular infectada. - via hematogênica. - ferimentos abertos. - fraturas expostas contaminadas ou cirurgia óssea. - ulceras por pressão ou venosa. - trauma, isquemia e corpos estranhos. - Crianças: bactérias Gram positivas são as mais comuns. - Adultos mais velhos, debilitados ou submetidos à hemodiálise: S. aureus e bactérias entéricas Gram-negativas. - Usuários de drogas injetáveis: S.aureus, Psudomonas aeruginosa e Serratia sp. - Pacientes imunocomprometidos: fungos e micobactérias. FATORES DE RISCO FISIOPATOLOGIA - a osteomelite de origem hematogênica: bactérias causadores de infecção em outro local ganham acesso à circulação sanguínea e semeiam o osso. - a infecção de foco contíguo ocorre por disseminação dos microorganismos, em geral a partir de tecidos moles adjacentes e pelo córtex ósseo. A primeira etapa decisiva na patogênese da infecção óssea é o acesso do organismo infeccioso ao osso, os microorganismos aderem ao tecido ósseo e então se multiplicam. O que irá deflagrar uma reposta inflamatória aguda por liberar leucócitos e polimorfonucleares (PMN), os quais liberam enzimas/citocinas inflamatórias. Estas aliadas aos produtos bacterianos e à isquemia vascular local + edema e enduração local geram como resultado uma diminuição do suprimento sanguíneo endosteal e estes segmentos de osso infartados e infectados passam a ser denominados de sequestro. Por fim, efeitos pró-coagulante de infecção comprometem os canais vasculares por meio da diminuição do fluxo sanguíneo e trombose vascular, acelerando assim a necrose óssea. A secreção purulenta que se forma junto ao osso esponjoso pode vazar através das brechas existentes no córtex e entrar nos tecidos moles, onde pode formar um abscesso ou migrar via trato sinusal para a superfície da pele. BIOMEMBRANA - consiste em uma comunidade de células fixas a um substrato e entre si, mergulhadas na matriz de polímeros exocelulares que elas mesmas produzem (capsulização) e apresenta alguma atividade antifagocítica. Isso faz com que essas colônias não sejam afetadas por antibióticos. - presente na maior parte dos casos de osteomelite crônica. - organismos presentes na biomembrana conseguem crescer de modo a favorecer sua dispersão. - é necessário remover o tecido doente para tratar com sucesso essas infecções mediadas por biomembrana. QUADRO CLÍNICO AGUDO - calor - edema - eritema e dor - rigidez se tiver no campo articular SISTÊMICO - febre de intensidade variável - mal estar - perda ponderal - prostração / fadiga - sudorese - vômitos QUADRO CRÔNICO - dor sobre o sítio afetado - calor, eritema e enduração local - destruição óssea - limitação da amplitude de movimentos da área afetada - ferida drenando secreção purulenta intermitentes ou continuadamente SISTÊMICOS - sudorese noturna - perda de peso/anorexia DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL - ferida no pé associada ao DM. - úlcera de pressão. - gota aguda. - radiografia - tumor ósseo. EXAMES COMPLEMENTARES - cultura do osso e/ou do abscesso - hemocultura - VHS/PCR - radiografia - TC - RM DIAGNÓSTICO - etiológico definitivo: isolamento do microorganismo causador a partir de material obtido diretamente por punção óssea. - cintilografia óssea: método mais sensível. - radiografia: na fase inicial não será efetiva devido perda óssea é inferior a 50%, manifestando-se como osteopenia. Quando tiver um comprometimento maior que 50% será possível observar a imagem de sequestro. - tomografia computadorizada: demonstra a destruição óssea, reação periosteal, sequestros e informações sobre o tecido mole circundante. - ressonância magnética: é usada para detalhar tecidos ósseos e quando há envolvimento do esqueleto axial. → Considerações finais: - a maioria das osteomelites resultam da disseminação contagiosa ou de ferimentos abertos e frequentemente evolve S.aureus e/ou diversos micro-organismos. - deve-se suspeitar de osteomelite em pacientes com dor óssea periférica localizada, febre e mal-estar ou dor vertebral refratária localizada e sensibilidade, particularmente em pacientes com fatores de risco de bacteremia recente. - fazer TC ou RM porque a osteomelite normalmente leva mais 2 semanas para ser identificada pelas rafdiografias. - tratar inicialmente com um esquema antimicrobiano de amplo espectro. - basear o tratamento nos resultados das culturas de tecido ósseo a fim de obter o melhor desfecho possível.
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