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Infecções Osteoarticulares Artrites sépticas Introdução Decorrem de invasão direta do microrganismo na articulação. É uma emergência clínica pelo potencial destrutivo articular irreversível. Podem ser: Agudas o Gonocócicas ▪ A frequência de Neisseria gonorrhoeae diminuiu como causa de artrite séptica (atualmente pouco mais de 1% dos casos), mas deve ser considerada nos adultos jovens com vida sexual ativa ▪ Menos destrutiva para articulação o Não gonocócicas ▪ S. aureus principalmente Crônicas o Fúngica o Micobactérias O Staphylococcus aureus é o principal germe associado a artrite séptica e osteomielite, se considerarmos todas as idades Grandes articulações como joelhos são as mais comuns de acometimento Geralmente se apresenta como monoartrite A artrocentese diagnóstica evidencia líquido sinovial turvo com diminuição de viscosidade e acima de 50.000/100.000 leucócitos com predomínio de polimorfonucleares O antibiótico inicial de escolha é baseado na pesquisa e coloração Gram e na situação clínica Epidemiologia e fisiopatologia A incidência de artrite bacteriana é maior em crianças do que em adultos O mecanismo de infecção articular mais comu é a via hematogênica (70% dos casos), mas pode ocorrer por o Disseminação por osteomielite adjacente o Iatrogênica após prodecimento o Trauma o Via linfática de infecção de partes moles proxima a articulação O processo infecioso causa aumento da atividade macrofágica e polimorfonucleares, e a sinóvia adquire um aspecto semelhante aos PANNUS da artrite reumatoide, granulomatosa e proliferativa Com o acúmulo dos elementos inflamatório e exsudativos, ocorre aumento da pressao intra-articular resultando em anóxia e necrose da cartilagem Etiologia O S.aureus é o agente mais comum em todas as idades Lembrar: Paciente jovem e sexualmente ativo com febre, artralgia e tenossinovite deve ser considerado hipótese de artrite gonocócica. Artrocentese A artrocentese ou punção articular é um procedimento utilizado para fins diagnósticos e terapêuticos (infiltração com corticoide, ácido hialurônico) Quadro de monoartrite sem etiologia definida, a artrocentese diagnóstica é mandatória para exclusão de artrite séptica Monoartrite = artrocentese diagnóstica Análise do líquido sinovial para definir a causa da artrite Citologia, bacterioscopia (Gram), cultura e pesquisa de cristais no líquido sinovial Tipo 1: não inflamatório, característico da osteoartrite Tipo 2: maioria das doenças reumatológicas, incluindo as autoimunes e microcristalinas OBS: Atenção para as doenças que podem ocasionalmente dar um líquido com aspecto séptico, mas que são assépticas, são elas: gota, artrite reumatoide e artrite reativa Existem artrites sépticas que podem vir com líquido sinovial inflamatório: gonocócica, fúngica, micobactérias. Manifestações clínicas Artrite séptica bacteriana não gonocócica: Início abrupto de monoartrite (dor, calor e edema) em grandes articulações de membros inferiores como joelhos e quadril Indisposição Mialgia Febre Calafrios No exame físico, além da artrite, nota- se bloqueio articular com limitação dolorosa importante Imunossuprimidos, diabéticos e indivíduos com múltiplas comorbidades podem não apresentar febre ou demais sintomas constitucionais Artrite gonocócica: Resulta da propagação da Neisseria gonorrhoeae (infecção gonocócica disseminada), um diplococo Gram- negativo, tendo como porta de entrada uma infecção sexual adquirida É a causa mais comum de artrite séptica em jovens sexualmente ativos Ocorre mais em mulheres (3 a 4 vezes mais), frequentemente nos primeiros 7 dias após início da menstruação, durante a gravidez e no pós-parto Tríade da artrite gonocócica ➔ poliartrite, tenossinovite e lesões cutâneas Doenças que se apresentam como monoartrite: Gota Artrites infecciosas (*artrites provêm de uma sinovite → a sinóvia inflamada aumenta o líquido dentro da cavidade sinovial) Hemartrose traumática Autoimunes são mais poliarticulares Bursite não é artrite Tratamento Não devemos aguardar o resultado da cultura do líquido sinovial para iniciar ATB empírico RN: ocacilina + gentamincina (drogas antiestafilocócicas e bactérias gram- negativas) Crianças de 1 mês a 5 anos: oxacilina + ceftriaxone (cobrir hemófilos) Adultos jovens: ceftriaxone (quadeo sugestivo de artrite gonocócica) Demais grupos: oxacilina Caso haja dúvida entre gonocócica e não gonocócica, inicia-se oxacilina + ceftriaxone A duração da terapêutica da artrite séptica não gonocócica é de 2 a 4 semanas. Concomitante ao tratamento antibiótico está indicada a drenagem da articulação por artroscopia ou artrotomia. O ortopedista deve ser avisado imediatamente na suspeita de artrite séptica Nos casos de artrite gonocócica a drenagem cirúrgica raramente é indicada e o uso do ceftriaxone é feito por 7 a 10 dias com melhora muito rápida nas primeiras 48 horas. É prescrito, associado ao ceftriaxone, azitromicina dose única uma vez frequente a presença de Clamídia. Lembrar de tratar o parceiro sexual!!! Prognóstico Na infecção estafilocócica, 50% evoluem com perda da função articular, em contraste a infecção gonocócica tem um bom prognóstico A osteomielite pode ser complicação de artrite séptica ou causa O método de imagem mais sensível para detecção é a cintilografia óssea. Nos casos de osteomielite é realizada extração de material ósseo para determinar o agente causal, o mais comum continua sendo o S. aureus. Fatores predisponentes Idade > 80 anos DM Artrite reumatoide Prótese articular Cirurgia articular recente Infecção de partes moles (é mais incomum) Alcoolismo e uso de drogas IV Injeção intrarticular de corticoide Resumo artrite infecciosa aguda A artrite infecciosa aguda é uma infecção das articulações que evolui ao longo de horas ou dias. A infecção ocorre nos tecidos sinoviais ou periarticulares e geralmente é bacteriana — em adultos mais jovens, frequentemente por Neisseria gonorrhoeae. Contudo, infecções bacterianas não gonocócicas também podem ocorrer e destruir rapidamente as estruturas articulares. Os sintomas são dor de início rápido, derrame e restrição de amplitude do movimento tanto ativo como passivo, geralmente em uma única articulação. O diagnóstico requer análise e cultura do líquido sinovial. O tratamento consiste em antibióticos IV e drenagem do pus das articulações. Caso clínico Mulher, 55 anos Queixa: dor no joelho há 2 dias HMA: há 2 dias apresentou febre, seguida de artralgia e aumento do volume da articulação do joelho direito, cursando com dificuldade para mobilizar a articulação (devido a dor). AFF: tem hipertensão arterial, usa Losartana Hábitos de vida: etilismo e tabagismo Ao exame: FC 112 bpm, FR: 16 ipm PA: 138x90mmHg e tem axilar 38ºc Regular estado geral, corado, hidratado Pele e fâneros:# mucosas:# linfonodos:# cabeça e pescoço:# AP resp:# AP cardio:# Abdômen: baço palpável 3 cm do rebordo costal Genitais:# Extremidades: edema, calor e dor a mobilização de articulação do joelho esquerdo Sistema Nervoso: # Importante saber se tem derrame articular ➔ sinal da tecla e Sweep test HD: artrite séptica Conduta: Ceftriaxona (cobre bem meningococo, pneumococo) + oxaciclina (para cobrir s. aureus) Sinal da tecla: paciente em decúbito dorsal, pressione a patela para baixo. A patela não tem mobilidade. Se houver derrame articular, a patela desce e depois se choca com as estruturas rígidas. Sweep teste: Na palpação, verificar se há diferençade temperatura entre os joelhos O líquido sinovial normal é transparente e viscoso. Diagnóstico diferencial das monoartrites Infecciosa: Bacteriana Fúngica Micobacteriana Viral Induzida por cristal: Urato monossódrico Pirofosfato de cálcio Hidrociapatita Oxalato de cálcio Hemartrose: Trauma Anticoagulação Coagulopatias Fratura Neoplásica: Tumor de células gigantes tenossinoviais Condrossarcoma Osteoma esteóide Metástase Doenças reumáticas: Artrite reumatoide Espondiloartrites LES Sarcoidose Osteoartrite: Variante erosiva Condições intrarticulares: Lesão do menisco Osteoporose Fratura Artrite séptica é uma emergência médica Osteomielites Introdução Osteomielites crônicas dificilmente levam a artrite séptica. Geralmente, a inflamação leva a uma drenagem pela pele. Pode haver até abscesso. Provocam comprometimento local (dificilmente levam o paciente a sepse) A osteomielite consiste em inflamação e destruição óssea causada por bactéria, micobactéria ou fungo Os sintomas comuns são dor óssea localizada e sensibilidade com sintomas constitucionais (em osteomielite aguda) ou sem sintomas constitucionais (em osteomielite crônica) O diagnóstico é feito por radiografia e culturas O tratamento é feito com antibióticos e, algumas vezes, cirurgia O foco inicial localiza-se na metáfise dos ossos, em virtude de maior vascularização A oesteomielite crônica ocorre quando a abordagem terapêutica da osteomielite na fase aguda é iniciada com atraso, devido ao estabelecimento tardio do diagnóstico ou falta de tratamento Na osteomielite crônica, ocorre a formação de grande quantidade de tecido necrosado e sequestro ósseo Causas Em todas as idades, a bactéria Staphylococcus aureus é o agente mais comum Estreptococos do grupo B, enterococos, hemófilos, pneumococos, gonococos, salmonelas, Treponema pallidum e pseudomonas também se constituem como agentes etiológicos Classificação Osteomielite hematogênica aguda: bactéricas procedentes de foco séptico a distância. É a forma clínica mais comum de infecção óssea. O principal agente infeccioso é o S.aureus Ocorre predominantemente em crianças Em adultos, a osteomielite vertebral é a forma mais comum Fatores de risco para osteomielite hematogênica: endocardite, presença de dispositivos intravasculares, prótese ortopédicas, uso de drogas IV, hemodiálise e anemia Osteomielite não hematogênica: Em adultos jovens: relacionada a trauma ou cirurgia Em idosos: por contiguidade (pé diabético ou úlceras de pressão) Fatores de risco: úlceras crônicas, presença de próteses ortopédicas, DM, doença vascular periférica, neuropatia periférica Osteomielite pós-traumática: decorre da contaminação direta, por ferimentos da pele ou fraturas expostas previamente infectados ou não, e que, por continuidade ou proximidade, podem ocasionar osteomielite Osteomielite por contiguidade: pacientes diabéticos com infecção nos pés ou nos casos de úlcera de pressão infectada Osteomielite crônica: permanência do processo infeccioso com presença de fragmento de osso infectado e necrosado, desvitalizado, denominado “sequestro ósseo”, responsável pela cronificação e manutenção da infecção Abscesso subperiostal ou ósseo: coleção purulenta circunscrita em um osso Osteomielite pós-operatória (cirúrgica): após cirurgia de grande porte, com tempo prolongado de exposição tecidual os pinos e parafusos utilizados atuam permitindo acesso direto ao tecido ósseo Manifestações clínicas Dor: geralmente é a primeira queixa e não cede com o uso de analgésicos comuns. Na fase crônica, a dor pode perdurar por semanas ou meses Dor à palpação da metáfise, que pode irradiar ao longo da diáfise e atingir a articulação adjacente Hiperemia na área correspondente Edema na região matafisária Impotência funcional Manifestações gerais (astenia, febre, perda de peso, sinais de toxemia) Febre: quase sempre elevada (acima de 39º C). tende a ser constante e não cedo aos antitérmicos usuais Sintomas constitucionas: febre, irritabilidade, inapetência, hipatividade (principalmente em crianças) Sinais e sintomas focais: calor, edema, dor à palpação Limitação da função: imobilidade, dor à mobilização Exames complementares Hemograma: leucocitose com desvio à esquerda Hemossedimentação: elevada, podendo chegar a 90 ou 100mm Hemocultura: positiva apenas em 50% dos pacientes Cultura e antibiograma: coletado de material no foco infeccioso para identificar o agente etiológico e sensibilidade aos antibióticos Radiografias: na fase aguda, mostra reação periostal e/ou aumento de partes moles. Alterações ósseas só aparecem 2 a 3 semanas depois TC: indicada em casos selecionados. Permite diagnóstico mais precoce Cintilografia óssea: aumento de captação nos casos agudos. Possibilita diagnóstica antes de aparecerem alterações radiológicas RNM: não é um exame de rotina. Utilizada em casos de dúvida no diagnóstico Diagnóstico O diagnóstico de osteomielite é amparado por uma combinação de parâmetros: QUADRO CLÍNICO EXAME DE IMAGEM ISOLAMENTO DO PATÓGENO OU HISTOPATOLOGIA RESPOSTA A TERAPIA ANTIMICROBIANA EMPÍRICA Tratamento Internar para tratamento imediato. Desde que haja suspeita consistente ou certeza diagnóstica de osteomielite, o paciente deve ser levado ao centro cirúrgico para realizar punção óssea para confirmar o diagnóstico e fazer drenagem imediata do foco infeccioso Imobilização do membro afetado Obs ➔ Osteomielite sifilítica: causada pelo T.pallidum, pode ser congênita ou adquirida. Imagem típica de osteomielite crônica ➔ pertuito cutâneo com saída de fragmento ósseo Caso clínico HD: osteomielite crônica Etiologia: S. aureus? Pseudomonas? Qual exame para identificar a bactéria? Cultura de fragmento ósseo Exames: rx (só vê lesão óssea), tomografia Sinais de alarme potenciais causas graves de dor lombar Trauma recente significante (se >50 anos, qualquer trauma) Perda de peso Febre Imunossupressão Histórico de câncer Uso de drogas IV (risco maior de osteomielite) Osteoporose ou uso prolongado de corticoides (promove fragilidade óssea - risco de fratura) Idade maior que 70 (chance de CA é maior) Sinais neurológicos focais Sintomas severos e progressivos Duração maior que 6 semanas Padrão ouro: cultura de fragmento ósseo Caso não seja possível, pode fazer swab do pertuito cutâneo (amostra possivelmente contaminada) Quais possíveis motivas na falha do ATB? Focos de necrose óssea (requer debridamento, não só ATB) Abscessos ósseos (requer a excisão do foco) Cobertura inadequada Radiografia: achados Edema de partes moles (3 dias após o início da osteomielite aguda) Reação ou elevação do periósteo (10 a 21 dias após início) Esclerose lítica: 1 mês após o início (osteomielite crônica) Ultrassonografia: Coleção líquida adjacente ao osso (sem tecido mole interveniente) Espessamento do periósteo Elevação do periósteo Tomografia: Aumento da densidade da medula óssea Destruição do córtex Reação periosteal (formação de osso novo) Purulência no periósteo Sequestro (abscesso ósseo – marcador de osteomielite crônica) abscesso de Brodie: área de infecção óssea Radriografia do fêmur evidenciando a elevação do periósteo devido a um abscesso subperiosteal como resultado de osteomielite Paciente com anemia falciforme e osteomielite: pensar em SALMONELLA Cintilografia: no tornozelo direito, há mais deposiçãodo radiofármaco devido a inflamação A: radiografia demonstrando edema de partes moles B: cintilografia evidenciando acúmulo na tíbia distal em 2 fases distintas Paciente com pé diabético, tem um risco maior para osteomielite. A paciente do caso apresenta úlcera neuropática Esse quadro ocorre no indivíduo com uma neuropatia periférica e que acomete geralmente os pés, sendo um local bastante sujeito a pressão, ele perde a sensibilidade dolorosa, perde propriocepção e passa a ter um trauma exagerado O pé diabético é a entidade clínica em que há muita incidência de osteomielite Diagnóstico diferencial Infecções de partes moles Artropatia de Charcot Osteonecrose Gota Fratura Bursite tumores Neuropatias periféricas As neuropatias periféricas referem-se aos processos patológicos situados no sistema nervoso periférico que incluem os nervos cranianos do III ao XII, as raízes espinais dorsais e ventrais, os gânglios das raízes dorsais, os nervos espinais, os gânglios e os nervos autonômicos Mononeuropatias: único nervo afetado o Mononeuropatia do nervo ulnar→ perda da sensibilidade tátil superficial x discriminativa no 4º e 5º quirodáctilo da mão Mononeuropatia múltipla: acometimento de mais de um nervo de maneira assimétrica Polineuropatias: apresentação simétrica (de meia e luva) Causas de neuropatias: Trauma Hanseníase Síndrome de compressão Polineuropatias Alcoolismo DM (polineuropatia) Hanseníase no polo wirchowiano Mononeuropatia múltipla: Vasculites sistêmicas
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