Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Resumo de Integração Beatriz, Giovanni, José, Luiza, Nicole, Tatiana e Verônica Tutoria – integração HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA DEFINIÇÃO Hipertensão arterial (HA) é condição clínica multifatorial caracterizada por elevação sustentada dos níveis pressóricos ≥ 140 e/ou 90 mmHg. Frequentemente se associa a distúrbios metabólicos, alterações funcionais e/ou estruturais de órgãos-alvo, sendo agravada pela presença de outros fatores de risco (FR), como dislipidemia, obesidade abdominal, intolerância à glicose e diabetes melito (DM). Mantém associação independente com eventos como morte súbita, acidente vascular encefálico (AVE), infarto agudo do miocárdio (IAM), insuficiência cardíaca (IC), doença arterial periférica (DAP) e doença renal crônica (DRC), fatal e não fatal. EPIDEMIOL OGIA A prevalência estimada no Brasil é, na população adulta, de 32,5%. Essa proporção aumenta com a idade, chegando a mais de 60% na população idosa. Antes da menopausa, as mulheres apresentam uma prevalência menor do que os homens, relação que pode se inverter na pós-menopausa, sugerindo um efeito protetor do estrogênio. Após entrar na menopausa, a mulher fica mais propensa a ter pressão alta, pois perde as proteções hormonais. Sem estrógeno e progesterona, o risco para doenças cardiovasculares aumenta. Atualmente existe um aumento importante da prevalência nas crianças e adolescentes, impulsionada pela obesidade e alterações de hábitos de vida (sedentarismo, tipo de alimentação). Mais comum e mais grave em negros. Pela natureza assintomática, grande parte da população hipertensa não é diagnosticada até apresentar o seu primeiro evento cardiovascular – geralmente um AVE isquêmico. FATORES DE RISCO Idade: Quanto maior a expectativa, maior será o grau de desenvolver uma hipertensão. Excesso de peso e obesidade: aumento da prevalência de excesso de peso, obesidade aumentou em indivíduos de 35 a 64 anos e mulheres. Ingestão de sal: Um dos principais FR. Consumo máximo recomendado de 2g/dia. Sexo e etnia: maior nas mulheres e em pessoas de raça negra. Ingestão de álcool: Consumo crônico e elevado de bebidas alcoólicas aumenta a PA de forma consistente. Mulheres: efeito protetor com dose inferior a 10g de álcool/dia e risco de HA com consumo de 30-40g de álcool/dia. Homens: o risco aumentado de HA tornou-se consistente a partir de 31g de álcool/dia. Sedentarismo: é recomendado pelo menos 150 minutos semanais de atividade física considerando o lazer, o trabalho e o deslocamento. Fatores socioeconômico: Adultos com menor nível de escolaridade apresentaram maior prevalência de HÁ autorreferida. A proporção diminui naqueles que contemplam o ensino fundamental. Genética DIAGNÓSTICO A avaliação inicial de um paciente com hipertensão inclui a confirmação diagnóstica, a suspeição e a identificação de causa secundária, além da avaliação do risco CV. MRPA: três medições pela manhã, antes do desjejum e da tomada da medicação, e três à noite, antes do jantar, durante cinco dias. Outra opção é realizar duas medições em cada uma dessas duas sessões, durante sete dias. Valores acima de 135/85 mmHg são considerados anormais. MAPA: registro indireto e intermitente da PA durante 24 horas ou mais, enquanto o paciente realiza suas atividades habituais durante os períodos de vigília e sono. Uma de suas características mais específicas é a possibilidade de identificar as alterações circadianas da PA, sobretudo em relação às medições durante o sono, que têm implicações prognósticas consideráveis. São considerados anormais as médias de PA de 24hs >= 130/80mmHg, vigília >=135/85 mmHg e sono >= 120/70mmHg. INDICAÇÕES CL ÍNICAS PARA MAPA OU MRPA Suspeita de HAB (Hipertensão do Avental Branco): - HA estágio 1 no consultório. - PA alta no consultório em indivíduos assintomáticos sem LOA e com baixo risco CV total. Suspeita de HM (Hipertensão Mascarada): - PA entre 130/85 e 139/89mmHg no consultório. - PA < 140/90 mmHg no consultório em indivíduos assintomáticos com LOA ou com alto risco CV total. Identificação do EAB (Efeito do Avental Branco) em hipertensos. 2 Resumo de Integração Beatriz, Giovanni, José, Luiza, Nicole, Tatiana e Verônica Grande variação da PA no consultório na mesma consulta ou em consultas diferentes. Hipotensão postural, pós- prandial, na sesta ou induzida por fármacos. PA elevada de consultório ou suspeita de pré-eclâmpsia em mulheres grávidas. Confirmação de hipertensão resistente. INDICAÇÕES ESPECÍFICAS PARA MAPA Discordância importante entre a PA no consultório e a PA em casa. Avaliação do descenso durante o sono. Suspeita da HA ou falta de queda da PA durante o sono habitual em pessoas com apneia de sono, DRC ou diabetes. Avaliação da variabilidade da PA. CLASSIFICAÇÃO HIPERTENSÃO Quando utilizadas as medidas de consultório, o diagnóstico deverá ser sempre validado por medições repetidas, em condições ideais, em duas ou mais ocasiões, e confirmado por medições fora do consultório (MAPA ou MRPA), excetuando- se aqueles pacientes que já apresentem LOA detectada. A HAS não controlada é definida quando, mesmo sob tratamento anti-hipertensivo, o paciente permanece com a PA elevada tanto no consultório como fora dele por algum dos dois métodos (MAPA ou MRPA). NORMOTENSÃO Quando as medidas de consultório são ≤ 120/80 mmHg e as medidas fora dele (MAPA ou MRPA) confirmam os valores considerados normais. Define-se HA controlada quando, sob tratamento anti- hipertensivo, o paciente permanece com a PA controlada tanto no consultório como fora dele. PRÉ-HIPERTENSÃO A PH caracteriza-se pela presença de PAS entre 121 e 139 e/ou PAD entre 81 e 89 mmHg. Os pré-hipertensos têm maior probabilidade de se tornarem hipertensos e maiores riscos de desenvolvimento de complicações CV quando comparados a indivíduos com PA normal, ≤ 120/80 mmHg, necessitando de acompanhamento periódico. HIPERTENSÃO DO AVENTAL BRANCO O Efeito do Avental Branco é a diferença de pressão entre as medidas obtidas no consultório e fora dele, desde que essa diferença seja igual ou superior a 20 mmHg na PAS e/ou 10 mmHg na PAD. Já a hipertensão do avental branco é caracterizada por valores anormais da PA no consultório, porém com valores considerados normais pela MAPA ou MRPA HIPERTENSÃO MASCARADA É caracterizada por valores normais da PA no consultório, porém com PA elevada pela MAPA ou medidas residenciais. Fatores associados: idade jovem, sexo masculino, tabagismo, consumo de álcool, atividade física, hipertensão induzida pelo exercício, ansiedade, estresse, obesidade, DM, DRC e história familiar de HAS. HIPERTENS ÃO SISTÓLICA ISOLADA É a PAS aumentada com PAD normal. A hipertensão sistólica isolada (HSI) e a pressão de pulso (PP) são importantes fatores de risco cardiovascular (FRCV) em pacientes de meia-idade e idosos. AVAL IAÇÃO CLÍNICA ANAMNESE ▪ Obter história clínica completa com perguntas sobre o tempo de diagnóstico, evolução e tratamento prévio. 3 Resumo de Integração Beatriz, Giovanni, José, Luiza, Nicole, Tatiana e Verônica ▪ Informações sobre a história familiar são fundamentais para aumentar a certeza do diagnóstico da HAS primária. ▪ O paciente deve ser interrogado sobre fatores de risco específicos para DCV, comorbidades, aspectos socioeconômicos e estilo de vida, além do uso prévio e atual de medicamentos ou outras substâncias que possam interferir na medição da PA e/ou tratamento de HA. ▪ Devem ser pesquisados indícios que sugiram uma causa secundária para a HA. EXAME FÍSICO ▪ Medida da PA ▪ Dados antropométricos, como peso, altura - calcular IMC- e frequência cardíaca devem ser registrados. ▪ A avaliação deve englobar palpação e ausculta do coração, carótidase pulsos, medida do índice tornozelo-braquial (ITB) e realização da fundoscopia. ▪ Para o cálculo do ITB, utiliza-se a medição da PAS no braço e no tornozelo, em ambos os lados. Define-se como normal uma relação PAS braço/PAS tornozelo acima de 0,90, definindo-se a presença de DAP como: leve, se a relação é 0,71-0,90; moderada, 0,41-0,70; e grave, 0,00-0,40. É importante verificar a distribuição da gordura corporal, que caracteriza dois tipos de perfil: “pera” (mais frequente em mulheres) – o depósito de gordura é principalmente subcutâneo, com maior acúmulo de gordura em membros inferiores e nádegas, preservando a medida da cintura; e “maçã” (mais frequente em homens) – o depósito de gordura é principalmente visceral, com maior acúmulo de gordura no abdome e grande aumento da cintura, o que caracteriza a obesidade central. A gordura visceral age como um órgão endócrino e seu aumento acarreta elevação de adipocinas, substâncias pró- inflamatórias relacionadas à disfunção vascular endotelial e à insulino-resistência. Associa-se a um maior risco de desenvolver DM, HAS, dislipidemia e doença cardio e cerebrovascular. Seu acúmulo pode ser verificado por meio da medida da circunferência abdominal. Inspeção: fácies e aspectos sugestivos de hipertensão secundária. Pescoço: palpação e ausculta das artérias carótidas, verificação de turgência jugular e palpação de tireoide. Exame do precórdio: ictus sugestivo de hipertrofia ou dilatação do ventrículo esquerdo; arritmias; 3ª bulha, que sinaliza disfunção sistólica do ventrículo esquerdo; 4a bulha, que sinaliza presença de disfunção diastólica do ventrículo esquerdo; hiperfonese de 2a bulha em foco aórtico; além de sopros nos focos mitral e aórtico. Exame do pulmão: ausculta de estertores, roncos e sibilos. Exame do abdome: massas abdominais indicativas de rins policísticos, hidronefrose, tumores e aneurismas. Identificação de sopros abdominais na aorta e nas artérias renais. Extremidades: palpação de pulsos braquiais, radiais, femorais, tibiais posteriores e pediosos. A diminuição da amplitude ou o retardo do pulso das artérias femorais sugerem coarctação da aorta ou doença arterial periférica. Avaliação de edema. Exame neurológico. Exame de fundo do olho: identificar estreitamento arteriolar, cruzamentos arteriovenosos patológicos, hemorragias, exsudatos e papiledema. O exame de fundo de olho deve ser sempre feito ou solicitado na primeira avaliação, em especial em pacientes com HAS estágio 3 que apresentam diabetes ou lesão em órgãos-alvo. INVESTIG AÇÃO L ABORATORIAL Objetivo: detectar lesões subclínicas ou clínicas em órgãos- alvo, no sentido de melhorar a estratificação de risco CV. Para a estratificação do risco CV global, deverão ser levados em conta os FR clássicos, assim como novos FR que foram identificados, apesar de ainda não incorporados nos escores clínicos de estratificação de risco. Entre os novos FR destacam-se glicemia de jejum entre 100 mg/dL e 125 mg/dL, hemoglobina glicada (HbA1c) anormal, obesidade abdominal (síndrome metabólica), PP (PAS-PAD) > 65 mmHg em idosos, história de pré-eclâmpsia e história familiar de HA (em hipertensos limítrofes). A avaliação laboratorial deve fazer parte da rotina inicial de todo paciente hipertenso. Avaliação laboratorial básica: Análise de urina (EAS, urina tipo 1 ou sumário de urina) Potássio plasmático Creatinina plasmática e estimativa da taxa de filtração glomerular Glicemia de jejum Lipidograma completo Ácido úrico plasmático Eletrocardiograma Objetivos da avaliação clínica e laboratorial: Confirmação do diagnóstico de HA por medição da PA, identificação dos FRCV, pesquisa de LOAS e/ou presença de outras doenças 4 Resumo de Integração Beatriz, Giovanni, José, Luiza, Nicole, Tatiana e Verônica associadas, estratificação do risco CV global, avaliação de indícios para a suspeita de HÁ secundária. EXAMES COMPL EMENTARES Exames recomendados em populações indicadas: Radiografia de tórax (ex.cardiomegalia), ecocardiograma, US das carótidas, US renal ou com doppler, HbA1C (glicemia dos últimos 3 meses), teste ergométrico (suspeita de DAC), MAPA, VOP (avaliar rigidez arterial) e RNM do cérebro. U RGÊNCIA X EMERGÊNCIA As UH são situações clínicas sintomáticas em que há elevação acentuada da PA (definida arbitrariamente como PAD ≥ 120 mmHg) sem LOA aguda e progressiva. As EH são situações clínicas sintomáticas em que há elevação acentuada da PA (definida arbitrariamente como PAD ≥ 120 mmHg) com LOA aguda e progressiva. *LOA= lesão de órgão alvo. PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE EH E UH Urgência Emergência Nível pressórico elevado acentuado PAD >120mmHg Nível pressórico elevado acentuado PAD> 120mmHg. Sem LOA aguda e progressiva Com LOA aguda e progressiva Combinação medicamentosa oral Medicamento parenteral Sem risco eminente de morte Com risco eminente de morte Acompanhamento ambulatorial precoce (7 dias) Internação em UTI COMPLICAÇÕES DA HAS AVE A HA é o principal fator de risco para AVE, principalmente o hemorrágico. O diagnóstico é baseado em exame neurológico completo. Para avaliar a gravidade do quadro, deve-se utilizar a escala do NIHSS (National Institute of Health Stroke Scale). A TC do crânio e a RNM permitem definir o tipo do AVE e o território envolvido, do qual, em geral, 85% é isquêmico e 15%, hemorrágico. SÍNDROMES CORONARIANAS AGUDAS Podem estar acompanhadas de elevação da PA, devido a um reflexo do miocárdio isquêmico. O aumento da RVP eleva a demanda de oxigênio miocárdico, pelo aumento da tensão parietal do ventrículo esquerdo. Os nitratos IV reduzem a RVP, melhoram a perfusão coronariana e possuem importante efeito venodilatador sistêmico, reduzindo a pré-carga e o consumo de oxigênio miocárdico. O NPS não está indicado devido a um mecanismo de roubo de fluxo causado pela vasodilatação generalizada dos vasos coronarianos de resistência. EDEMA AGU DO DE PUL MÃO Cerca de um terço dos pacientes admitidos com EAP e Emergência Hipertensiva tem função ventricular esquerda preservada. A isquemia miocárdica também pode estar envolvida na fisiopatogenia do EAP associado à EH. A EH com quadro de EAP deve ser controlada em UTI, com medicação via parenteral, monitoramento e diminuição gradativa da PA. DISSECÇÃO AGU DA DA AORTA Com dor precordial e elevação da PA. A progressão da dissecção está relacionada ao valor de PA e à velocidade de ejeção ventricular. A PAS alvo (120 mmHg) deve ser alcançada em 20 minutos. 5 Resumo de Integração Beatriz, Giovanni, José, Luiza, Nicole, Tatiana e Verônica LESÃO RENAL AGUDA RAPIDAMENTE PROG RESSIVA Comprometimento agudo e progressivo da função renal é observado em pacientes admitidos em unidades de emergência hospitalar. Indivíduos com maior comprometimento da função renal apresentam importante disfunção cardíaca e têm maior prejuízo da função renal durante episódios de elevação acentuada da PA, que cursa com altas taxas de mortalidade hospitalar. A LRA rapidamente progressiva é definida como agravamento súbito da função renal em um período de 48 horas e têm critérios específicos de classificação. O tratamento inclui hidralazina, DIU de alça e BB. Quando não houver resultado, pode-se considerar NPS até realização de diálise. Complicações cerebrais: Encefalopatia, hemorragia, trombose, AVC, demência. Complicações cardíacas: Hipertrofia ventricular esquerda, insuficiência cardíaca, arritmia, angina, infarto do miocárdio. Complicações na retina: Hemorragia + Exsudato, papiledema. Complicações vasculares: Dissecção da aorta, placas ateromatosas. Aorta, carótidas, coronárias. Complicações renais: Nefroesclerose, insuficiência renal. HIPERTENSÃO PRIMÁRIA Teorias sobrea patogênese da hipertensão primária Teoria 1: Heterogeneidade dos néfrons. Uma subpopulação de néfrons possui uma arteríola aferente de calibre reduzido, estimulando a produção excessiva de renina no parênquima renal, suficiente para aumentar a retenção de sódio e líquido. Teoria 2: Redução do nº de néfrons. A hiperfiltração dos néfrons remanescentes leva á esclerose glomerular, com consequente retenção de sal e líquido. A criança que nasce com baixo peso (rins de tamanho menor) tem maior chance de ser hipertensa na vida adulta. Teoria 3: Não modulação da angiotensina II intrarrenal. A presença de níveis não suprimíveis de angiotensina II no parênquima rena, proporcionando uma hipersensibilidade ao sódio. Teoria 4: Hiperativação do SNS. O estresse crônico e alterações primárias dos centros barorreguladores podem manter uma hiperatividade adrenérgica, responsável por vasoconstrição periférica, pelo remodelamento vascular, pelo aumento da renina-angiotensina intrarrenal e pelo aumento inicial do DC. Teoria 5: Resistência à insulina e hiperinsulinemia. Quase 100% dos hipertensos obesos e 40% dos não obesos apresentam resistência periférica à insulina e hiperinsulinemia. Hiperinsulinemia é um fator preditivo de HAS. O excesso de insulina pode elevar a pressão arterial através de: 1- Aumento da reabsorção renal de sódio, 2- Aumento da atividade simpática, 3 – Hipertrofia da musculatura lisa vascular por seu efeito mitogênico, 4 -aumento do cálcio citossólico no tecido vascular. HIPERTENSÃO SECUNDÁRIA Principais causas Hiperaldosteronismo primários (HAP): É um grupo de doenças nas quais a produção de aldosterona está aumentada de uma forma relativamente autônoma em relação ao sistema renina-angiotensina, não sendo supressível por sobrecarga salina ou bloqueio do SRAA. Essas doenças são representadas, principalmente, pela hiperplasia bilateral das adrenais (HBA) e pelo adenoma unilateral produtor de aldosterona (APA), mas podem ser causadas por hiperplasia adrenal unilateral, carcinoma adrenal, tumores extra- adrenais produtores de aldosterona ou ter origem genética. *Lembrando que a aldosterona é um hormônio que atua sobre os túbulos distais e sobre os túbulos coletores, estimulando a reabsorção de sódio do filtrado glomerular. Síndrome de Cushing: Essa síndrome é devida ao excesso de cortisol, que aumenta a retenção de sódio e água promovendo expansão de volume, sendo esse fato um dos fatores da síndrome relacionados com o aparecimento de HAS em cerca de 80% dos casos. A causa do excesso de cortisol pode ser exógena, devido à administração de glicocorticoides ou do hormônio adrenocorticotrópico (ACTH), ou endógena, por excesso de produção de cortisol ou de ACTH. Feocromocitoma: São tumores que se localizam na medula adrenal, produzem catecolaminas e se associam ao quadro clínico de HAS. Incluída entre as catecolaminas estão a epinefrina (adrenalina) e a norepinefrina (noradrenalina). Coarctação da aorta: É caracterizada por constrição da aorta localizada próxima ao canal arterial ou do ligamento arterioso. Uma coarctação hemodinamicamente significante requer um gradiente de pressão maior que 20 mmHg entre medidas pré e pós-constrição, com ou sem hipertensão sistêmica. É encontrada especialmente em crianças e adultos jovens, sendo a quarta causa mais frequente de cardiopatia congênita. É mais prevalente no sexo masculino, requerendo tratamento cirúrgico no primeiro ano de vida. Pode ocorrer em qualquer local da aorta. É muito importante o diagnóstico precoce, pois há uma relação inversa entre o tempo de exposição à HAS e a sua reversão após a correção. Hipertensão renovascular: 5% dos pacientes. Estenose hemodinamicamente significante de uma ou ambas as artérias renais, capaz de afetar a pressão de perfusão e o fluxo sanguíneo renal, determinando, como consequência, hipertensão arterial sistêmica e, eventualmente, insuficiência renal. 6 Resumo de Integração Beatriz, Giovanni, José, Luiza, Nicole, Tatiana e Verônica A hipertensão renovascular (HR) é definida como HAS decorrente de uma isquemia renal, geralmente causada por uma lesão obstrutiva parcial ou completa de uma ou ambas as artérias renais. A lesão pode ser intrínseca (aterosclerose, fibrodisplasia muscular ou arterite), ou alterações no fluxo sanguíneo renal (fístula arteriovenosa ou aneurismas), ou, mais raramente, compressão extrínseca (tumores, hematomas, fibrose etc.). A estenose aterosclerótica de artéria renal é geralmente progressiva. Cerca de 40% das obstruções arteriais acima de 75% evoluem para obstrução total entre um a cinco anos Hipotireoidismo: No hipotireoidismo o rendimento cardíaco está reduzido, o que faz aumentar a resistência periférica, logo, há aumento na PA. Hipertireoidismo: Acompanhado por um aumento dos receptores β adrenérgicos em alguns tecidos, incluindo o coração. Os receptores beta são receptores pós-sinápticos da adrenalina (epinefrina) e noradrenalina (norepinefrina). Aumento do débito cardíaco, através do aumento da frequência cardíaca e do aumento do volume expulso com cada batimento (aumento da fração de ejeção). Hiperparatireoidismo: Hiperparatireoidismo primário pode ser devido a um adenoma ou a hiperplasia da glândula paratireoide. O hiperparatireoidismo secundário geralmente surge em estágios avançados de insuficiência renal crônica. Existe ainda o pseudo-hiperparatireoidismo, que é devido a uma resistência à ação do paratormônio. Em todas essas situações é frequente HAS com prevalências de 10% a 70% em hiperparatireoidismo primário e 40%–50% em pseudo-hiperparatireoidismo. As causas que levam ao aumento da PA são multifatoriais. O quadro clínico manifesta-se, geralmente, por história de litíase renal, osteoporose, depressão, letargia e fraqueza muscular. O diagnóstico é feito pela dosagem de cálcio e PTH. A correção cirúrgica do hiperparatireoidismo reduz a PA dos hipertensos e não modifica a PA nos normotensos. Acromegalia: Doença geralmente causada por adenoma hipofisário secretor de hormônio do crescimento (GH) e do fator de crescimento insulina-símile tipo 1 (IGF-1). Manifesta-se por progressivo crescimento exagerado de mãos, pés e ossos faciais, espaçamento dentário, prognatismo, macroglossia, sudorese abundante, alterações respiratórias, CV, metabólico-endócrinas e músculo- esqueléticas. Induzida por medicamentos: As classes de medicamentos imunossupressores, anti- inflamatórios, anorexígenos/ sacietógenos, hormônios, antidepressivos, drogas ilícitas e álcool. ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO CARDIOVASCULAR Auxilia na decisão terapêutica e permite uma análise prognóstica. Modelos multifatoriais de estratificação de risco podem ser utilizados para uma classificação de risco individual mais precisa. Pode ser baseado em estratégias: Primeira: é determinar o risco global diretamente relacionado à hipertensão. Nesse caso, a classificação do risco depende dos níveis da PA, dos fatores de risco associados, das LOAs e da presença de DCV ou doença renal. Segunda: é determinar o risco de um indivíduo desenvolver DCV em geral nos próximos 10 anos. Embora essa forma de avaliação não seja específica para o paciente hipertenso, pois pode ser realizada em qualquer indivíduo entre 30 e 74 anos, vale ressaltar que a HA é o principal FRCV. DECISÃO DE TRATAMENTO PA DE 130- 139/ 8 5-89 MMHG Recomendam-se medidas não medicamentosas para essa faixa pressórica. Há menor risco de desenvolvimento de HA nos que adotavam hábitos de vida saudável. O tratamento medicamentoso pode ser considerado nos pré- hipertensos com PA de 130-139/85-89 mmHg e história prévia de DCV ou naqueles com risco CV alto, sem DCV, mas não há evidências de benefício naqueles com risco moderado. ESTÁGIO 1 DE RISCO B AIXOE MODER ADO Aqui a terapia não farmacológica deve ser tentada por 3 (moderado) e 6 (baixo risco) meses, findos os quais, a falta de controle da PA condicionará o início de terapia farmacológica. Faz-se imperativo, contudo, acompanhar esses indivíduos com avaliação periódica da adesão às medidas não farmacológicas. Constatada a falta de adesão ou a piora dos valores pressóricos, dever-se-á iniciar precocemente a terapia farmacológica. ESTÁGIOS 2 E 3 E/OU DE AL TO RISCO Indivíduos com PA ≥ 160/100 mmHg e/ou portadores de risco CV estimado alto, mesmo no estágio 1, devem iniciar de imediato o tratamento medicamentoso associado à terapia não medicamentosa. 7 Resumo de Integração Beatriz, Giovanni, José, Luiza, Nicole, Tatiana e Verônica HIPERTENSOS IDOSOS Recomenda-se o início da terapia farmacológica anti- hipertensiva em idosos a partir de níveis de PAS ≥ 140 mmHg, desde que bem tolerado e avaliando-se as condições gerais do indivíduo. Nos muito idosos, ou seja, naqueles com idade ≥ 80 anos, o limite para início da terapia farmacológica aumenta para uma PAS ≥ 160 mmHg. JOVENS COM H IPERTENSÃO SISTÓLICA ISOLADA O tratamento não teria benefícios significativos, sendo recomendada a adoção de medidas não medicamentosas, com monitorização de LOA. O tratamento da HSI deve ter início imediato de terapia farmacológica caso seu risco CV seja alto. TRATAMENTO NÃO MEDICAMENTOSO Peso corporal: Reduções de peso e de CA correlacionam-se com reduções da PA e melhora metabólica. Aspectos nutricionais: Padrão alimentar: A adoção de um padrão alimentar dentro os vários existentes reduz a PA. Consumo de sal: limite de consumo diário de sódio em 2,0 g está associado à diminuição da PA. Ác graxos insaturados: Os ácidos graxos ômega-3 provenientes dos óleos de peixe estão associados com redução modesta da PA. Fibras: a ingestão de fibras promove discreta diminuição da PA, destacando-se o beta glucano proveniente da aveia e da cevada. Oleaginosas: consumo de oleaginosas auxilia no controle de vários FRCV, mas poucos estudos relacionam esse consumo com a diminuição da PA. Laticínios e vit. D: ingestão de laticínios, em especial os com baixo teor de gordura, reduz a PA, o leite contém vários componentes como cálcio, potássio e peptídeos bioativos que podem diminuir a PA, já níveis séricos baixos de vitamina D se associaram com maior incidência de HA. Alho: discreta diminuição da PA tem sido relatada com a suplementação de várias formas do alho. Café e chá verde: apesar de rico em cafeína, substância com efeito pressor agudo, possui polifenóis que podem favorecer a redução da PA, alguns estudos sugerem que esse chá possa reduzir a PA quando consumido em doses baixas, pois doses elevadas contêm maior teor de cafeína e podem elevar a PA. Chocolate amargo: com pelo menos 70% de cacau pode promover discreta redução da PA, devido às altas concentrações de polifenóis. Álcool: consumo habitual de álcool eleva a PA de forma linear e o consumo excessivo associa-se com aumento na incidência de HA. Exercício físico: Inatividade/atividade física: A inatividade física tem sido considerada “o maior problema de saúde pública” por ser o mais prevalente dos FR e a segunda causa de morte no mundo. A prática regular de atividade física pode ser benéfica tanto na prevenção quanto no tratamento da HA, reduzindo ainda a morbimortalidade CV. Exercício físico. Exercício aeróbico: O treinamento aeróbico reduz a PA casual de pré-hipertensos e hipertensos. Ele também reduz a PA de vigília de hipertensos e diminui a PA em situações de estresse físico, mental e psicológico. O treinamento aeróbico é recomendado como forma preferencial de exercício para a prevenção e o tratamento da HA. Exercícios resistidos dinâmicos e estáticos: O treinamento resistido dinâmico ou isotônico (contração de segmentos corporais localizados com movimento articular) reduz a PA de pré- hipertensos, mas não tem efeito em hipertensos. Cuidados: Recomenda-se que hipertensos com níveis de PA mais elevados ou que possuam mais de 3 FR, diabetes, LOA ou cardiopatias façam um teste ergométrico antes de realizar exercícios físicos em intensidade moderada. Cessação do tabagismo: O tabagismo aumenta o risco para mais de 25 doenças, incluindo a DCV. No entanto, não há evidências que a cessação do tabagismo reduza a PA. Respiração lenta: promove a redução da PA casual. Controle do estresse. TRATAMENTO MEDI CAMENTOSO A pressão arterial é o produto do débito cardíaco e da resistência vascular periférica. Os fármacos reduzem a pressão arterial ao agir na resistência periférica, débito cardíaco ou em ambos. Os fármacos podem reduzir o débito cardíaco ao inibir a contratilidade do miocárdio ou reduzir a pressão de enchimento do ventrículo. A redução na pressão de enchimento do ventrículo pode ser alcançada através de ações sobre o tônus venoso ou no volume de sangue usando efeitos renais. Há evidências científicas através de estudos clínicos de desfechos que mostram benefícios do tratamento realizado com o uso de diuréticos, BB (BCC), inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA) e bloqueadores dos receptores AT1 da angiotensina II (BRA). A proteção observada não depende do tipo de fármaco empregado, mas fundamentalmente da redução da PA. Os benefícios obtidos com os BB são menores devendo ser reservados para situações específicas. Os benefícios são maiores quanto maior o risco CV, mas ocorrem mesmo em pequenas elevações da PA. 8 Resumo de Integração Beatriz, Giovanni, José, Luiza, Nicole, Tatiana e Verônica PRINCÍPIOS GERAIS DO TRATAMENTO Orientações: uso contínuo, eventual necessidade de ajuste de doses, troca ou associação de medicamentos e ainda do eventual aparecimento de efeitos adversos. U M ME DI CA MENT O P AR A S ER I NDI CA DO DEV E R Á, P R EF ER EN CI AL M ENT E - Ter demonstrado a capacidade de reduzir a morbimortalidade CV; - Ser eficaz por via oral; - Ser bem tolerado; - Poder ser usado no menor número de tomadas por dia; - Ser iniciado com as menores doses efetivas; - Poder ser usado em associação; - Ser utilizado por um período mínimo de quatro semanas, antes de modificações, salvo em situações especiais; - Ter controle de qualidade em sua produção. ESCOLHA DO MEDICAMENTO A preferência inicial será sempre por aqueles em que haja comprovação de diminuição de eventos CV, ficando os demais reservados a casos especiais em que haja a necessidade da associação de múltiplos medicamentos para que sejam atingidas as metas da PA. CARACTERÍSTICAS GERAIS DIU RÉTICOS Mecanismo de ação: Relacionam-se inicialmente aos seus efeitos natriuréticos, com diminuição do volume extracelular. Após quatro a seis semanas, o volume circulante praticamente se normaliza e ocorre redução da resistência vascular periférica (RVP). O efeito anti-hipertensivo não está diretamente relacionado às doses utilizadas, porém, os efeitos colaterais estão. Deve-se dar preferência aos DIU tiazídicos ou similares (clortalidona, hidroclorotiazida e indapamida) em doses baixas, pois são mais suaves e com maior tempo de ação, reservando-se os DIU de alça (furosemida e bumetanida) aos casos de insuficiência renal (creatinina > 2,0 mg/dl ou RFG calculado < 30 ml/min/1,73m 2) e situações de edema (IC ou insuficiência renal). Os poupadores de potássio (espironolactona e amilorida) são habitualmente utilizados em associação com os tiazídicos ou DIU de alça. Efeitos adversos: os principais são fraqueza, câimbras, hipovolemia e disfunção erétil. Podem acontecer hipopotassemia, hipomagnesemia, arritmias ventriculares, sobretudo extrassistolia. Intolerância à glicose por reduzir a liberação de insulina, aumentando o risco do desenvolvimento de DM tipo 2. O aumento do ácido úricoé um efeito quase universal , crises de gota nos indivíduos com predisposição. O uso de doses baixas diminui o risco dos efeitos adversos, sem prejuízo da eficácia anti-hipertensiva, especialmente quando em associação com outras classes de medicamentos. AGENTES DE AÇÃO CENTRAL Mecanismo: estímulo dos receptores α2 que estão envolvidos nos mecanismos simpatoinibitórios. Os efeitos bem definidos dessa classe são: diminuição da atividade simpática e do reflexo dos barorreceptores, contribuindo para bradicardia relativa e a hipotensão notada em ortostatismo; discreta diminuição na RVP e no débito cardíaco; redução nos níveis plasmáticos de renina e retenção de fluidos. São representantes desse grupo: metildopa, clonidina (pode ser favorável em situações de hipertensão associada), guanabenzo e os inibidores dos receptores imidazolínicos (moxonidina e rilmenidina). Efeitos adversos: reações autoimunes, como febre, anemia hemolítica, galactorreia e disfunção hepática. Em casos de reação adversa, esse pode ser substituído por outro alfa-agonista central. A clonidina apresenta um risco maior do efeito rebote com a descontinuação, especialmente quando associada a um BB, principalmente sonolência, sedação, boca seca, fadiga, hipotensão postural e disfunção erétil. BETABL OQUEADORES Mecanismo: promovem diminuição inicial do débito cardíaco e da secreção de renina, havendo readaptação dos barorreceptores e diminuição das catecolaminas nas sinapses nervosas. Os fármacos de terceira geração (carvedilol, nebivolol) além das ações anteriores, têm efeito vasodilatador por mecanismos diferentes: o carvedilol, pelo seu efeito de bloqueio concomitante do receptor alfa-1 adrenérgico; e o nebivolol, por aumentar a síntese e liberação de óxido nítrico no endotélio vascular. Efeitos adversos: Broncoespasmo, bradicardia, distúrbios da condução atrioventricular, vasoconstrição periférica, insônia, pesadelos, depressão psíquica, astenia e disfunção sexual. Os BB de primeira e segunda geração são formalmente contraindicados a pacientes com asma brônquica, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e bloqueio atrioventricular de segundo e terceiro graus, podem acarretar intolerância à glicose, induzir ao aparecimento de novos casos de DM, hipertrigliceridemia com elevação do LDL-colesterol e redução da fração HDL-colesterol. Impacto sobre o metabolismo da glicose é potencializado quando são utilizados em combinação com DIU. Os BB de terceira geração (carvedilol e o nebivolol) têm impacto neutro ou até podem melhorar o metabolismo da glicose e lipídico, possivelmente em decorrência do efeito de vasodilatação com diminuição da resistência à insulina e melhora da captação de glicose pelos tecidos periféricos. Estudos com o nebivolol também têm apontado para uma menor disfunção sexual, 9 Resumo de Integração Beatriz, Giovanni, José, Luiza, Nicole, Tatiana e Verônica possivelmente em decorrência do efeito sobre a síntese de óxido nítrico endotelial. AL FABLOQUEADORES Mecanismo: agem como antagonistas competitivos dos α1- receptores pós-sinápticos, levando a redução da RVP sem maiores mudanças no débito cardíaco. São representantes dessa classe a doxazosina, prazosina e terazosina. O efeito hipotensor é discreto como monoterapia, sendo a preferência pelo uso associado. Apresentam contribuição favorável e discreta no metabolismo lipídico e glicídico, e em especial na melhora da sintomatologia relacionada à hipertrofia prostática benigna. Efeitos adversos: hipotensão sintomática na primeira dose. O fenômeno de tolerância é frequente, necessitando aumento da dose, ao longo do uso. Incontinência urinária em mulheres pode ser causada pelo uso de alfabloqueadores. Há evidência de que os pacientes tratados com doxazosina têm maior risco de incidência de ICC. VASODILATADORES DIRETOS Mecanismo: os medicamentos que representam essa classe são hidralazina e minoxidil. Atuam diretamente, relaxando a musculatura lisa arterial, levando a redução da RVP. Efeitos adversos: da hidralazina são cefaleia, flushing, taquicardia reflexa e reação lupus-like) anorexia, náusea, vômito e diarreia. Um efeito colateral comum do minoxidil é o hirsutismo, que ocorre em aproximadamente 80% dos pacientes. Um efeito menos comum é a expansão generalizada de volume circulante e taquicardia reflexa. BLOQUEADORES DOS CANAIS DE CÁLCIO Mecanismo: redução da RVP como consequência da diminuição da quantidade de cálcio no interior das células musculares lisas das arteríolas, decorrente do bloqueio dos canais de cálcio na membrana dessas células. São classificados em 2 tipos básicos: os diidropiridínicos e os não di-idropiridínicos. Os BCC di-idropiridínicos (amlodipino, nifedipino, felodipino, nitrendipino, manidipino, lercanidipino, levanlodipino, lacidipino, isradipino, nisoldipino, nimodipino) exercem um efeito vasodilatador predominante, com mínima interferência na frequência e na função sistólica, sendo, por isso, mais frequentemente usados como anti- hipertensivos. Os não di-idropiridínicos, como as fenilalquilaminas (verapamil) e as benzotiazepinas (diltiazem), têm menor efeito vasodilatador, e podem ser bradicardizantes e antiarrítmicos, o que restringe seu uso a alguns casos específicos. Os BCC não di- idropiridínicos podem deprimir a função sistólica cardíaca. Deve-se dar preferência aos BCC de ação prolongada para que se evitem oscilações indesejáveis na FC e na PA. Uma alternativa aos BBs quando esses não puderem ser utilizados, ou mesmo, em associação, quando em angina refratária. Efeitos adversos: Edema maleolar que resulta da própria ação vasodilatadora. Cefaleia latejante e tonturas não são incomuns, rubor facial. Hipercromia do terço distal das pernas (dermatite ocre) e a hipertrofia gengival. Tais efeitos podem ser dose- dependentes. Verapamil e diltiazem podem agravar a IC, além de bradicardia e bloqueio atrioventricular. Obstipação intestinal é observada com verapamil. INIBIDO RES DA ENZIMA CON VERSORA DE ANGIOTEN SIN A ( IECA) Mecanismo: inibição da enzima conversora de angiotensina I, impedindo a transformação de angiotensina I em angiotensina II, de ação vasoconstritora. São medicações comprovadamente úteis em muitas outras afecções CV, como em IC com fração de ejeção reduzida, anti-remodelamento cardíaco pós-infarto, além de possíveis propriedades antiateroscleróticas. Também retardam o declínio da função renal em pacientes com nefropatia diabética ou de outras etiologias. Efeitos adversos: Habitualmente bem tolerados pela maioria dos pacientes hipertensos, a tosse seca é seu principal efeito colateral, acometendo 5 a 20% dos pacientes. Edema angioneurótico e erupção cutânea ocorrem mais raramente. Uso inicial em pacientes com insuficiência renal é a elevação de ureia e creatinina séricas. A longo prazo, revelam-se eficazes em reduzir a progressão da DRC. Podem provocar hiperpotassemia em pacientes com insuficiência renal, particularmente diabéticos. Podem promover redução do RFG e aumento em graus variáveis de ureia, creatina e potássio. É CONTRAINDICADO NA GRAVIDEZ, pelo risco de complicações fetais. Deve ser frequentemente monitorado em adolescentes e mulheres em idade fértil. BLOQUEADORES DOS RECEPTORES AT1 (BRA) Mecanismo: os BRA antagonizam a ação da angiotensina II por meio do bloqueio específico dos receptores AT1, responsáveis pelas ações vasoconstritoras, proliferativas e estimuladoras da liberação de aldosterona, próprias da angiotensina II. Proporciona redução da morbimortalidade CV e renal (nefropatia diabética). Efeito adverso: são incomuns os efeitos adversos relacionados aos BRA, sendo o exantema raramente observado. São CONTRAINDICADOS NA GRAVIDEZ. INIB IDORES DIRETOS DA RENINAMecanismo: Alisquireno, único representante da classe disponível para uso clínico, promove a inibição direta da ação da renina com consequente diminuição da formação de angiotensina II. Podem contribuir para a redução da PA e a proteção tissular, tais como redução da atividade plasmática de renina, bloqueio de um receptor celular próprio de 10 Resumo de Integração Beatriz, Giovanni, José, Luiza, Nicole, Tatiana e Verônica renina/pró-renina e diminuição da síntese intracelular de angiotensina II. Não existem, contudo, evidências de seus benefícios sobre morbimortalidade. Efeitos adversos: “Rash” cutâneo, diarreia, aumento de CPK e tosse. CONTRAINDICADO NA GRAVIDEZ. INÍCIO DO TRATAMENTO MEDICAMENTOSO PA estágio 1 e risco CV baixo e moderado, quando as medidas não farmacológicas não surtirem efeito após um período inicial de pelo menos 90 dias. poderá ser considerado o emprego inicial de medicação anti-hipertensiva, mesmo para esse grupo de pacientes. Para aqueles em estágio 1 e alto risco CV ou DCV estabelecida, o uso de medicamentos deverá ser iniciado de imediato. Da mesma maneira, nos casos de HA estágio 2 e 3, independentemente do risco CV, o tratamento medicamentoso deverá ser iniciado de imediato. Para os indivíduos com pré-hipertensão, a utilização de medicamentos poderá ser uma opção, levando-se em consideração o risco CV e/ou a presença de DCV. Em pacientes de 60 a 79 anos, com PAS ≥ 140 mmHg e naqueles com ≥ 80 anos com PAS ≥ 160 mmHg, o início da terapia medicamentosa deverá ser mais precoce. ESQUEMA TERAPÊUTICO Uma ou mais classes de fármacos, de acordo com a necessidade, para que sejam obtidas as metas para a PA e de acordo com situações específicas. MONOTERAPIA A monoterapia pode ser a estratégia anti-hipertensiva inicial para pacientes com HA estágio 1, com risco CV baixo e moderado. O tratamento deve ser individualizado e a escolha inicial do medicamento a ser utilizado como monoterapia deve basear-se nos seguintes aspectos: capacidade de o agente escolhido reduzir a morbimortalidade CV; mecanismo fisiopatogênico predominante no paciente a ser tratado; características individuais; doenças associadas; condições socioeconômicas. Atualmente consideradas preferenciais, a monoterapia inicial são: DIU tiazídicos (preferência para clortalidona), IECA, BRA, BCC. ▪ DIU são os fármacos que apresentam mais evidências de efetividade com relação aos desfechos CV, com claros benefícios para todos os tipos de eventos. Há situações em que a indicação de um ou outro grupo ganha destaque, de acordo com a comorbidade presente. ▪ O BB poderá ser considerado como fármaco inicial em situações específicas, como a associação de arritmias supraventriculares, enxaqueca, IC e coronariopatia, sendo que, nas duas últimas condições, deverá estar associado a outros fármacos. A posologia deve ser ajustada para que se consiga redução da PA até valores considerados adequados para cada caso (metas terapêuticas). Resultado parcial: se sem efeito adverso, aumentar a dose do medicamento em uso, podendo também ser considerada a associação com anti-hipertensivo de outro grupo terapêutico; Não houver efeitos: na dose máxima preconizada ou se surgirem eventos adversos, substituir o anti-hipertensivo inicialmente utilizado, reduzir a dosagem e associar outro anti-hipertensivo de classe diferente ou instituir uma outra associação de fármacos; Resposta inadequada: associar três ou mais medicamentos. COMBINAÇÃO DE MEDICAMENTOS HA estágio 1 e com risco CV alto ou muito alto ou com DCV associada e aqueles com estágio 2 ou 3 com ou sem outros FRCV associados devem ser considerados para o uso de combinação de fármacos. A utilização de associações de dois medicamentos em baixas dosagens em hipertensos estágio 1, mesmo com baixo ou moderado risco CV, embora não preferencial, também poderá ser considerada em casos individuais. Para a escolha dos medicamentos em associação, deve ser evitado o uso de anti-hipertensivos com mesmo mecanismo de ação. Fazem exceção a essa regra a associação de DIU tiazídicos com poupadores de potássio. O uso de DIU de alça deve ser reservado para aqueles com RFG abaixo de 30ml/ min ou com edema grave. 11 Resumo de Integração Beatriz, Giovanni, José, Luiza, Nicole, Tatiana e Verônica PARTICULARIDADES DAS ASSOCIAÇÕES As associações menos testadas devem ser reservadas para os casos em que haja necessidade de maior número de medicamentos; O uso de BB associado a DIU deve ser feito com cautela em pacientes que apresentem alterações do metabolismo dos glicídeos, pois ambos os fármacos favorecem seu agravamento; A associação de IECA com BRA não é recomendada. Combinação de IECA a BCC, comparada à associação de IECA com DIU, foi mais efetiva na redução de morbimortalidade CV e progressão de doença renal, para uma redução da PA semelhante, sobretudo em indivíduos não obesos. Verificou-se que o uso de associações fixas favorece a adesão à terapêutica, pelo uso de menor número de comprimidos. Resultado parcial: se sem efeitos colaterais aumentar a dose da combinação inicial ou acrescentar mais um anti-hipertensivo de outra classe; Meta não atingida: se já na dose máxima preconizada, ou se surgirem eventos adversos, recomenda-se a substituição da combinação; Sem controle da PA: se já nas doses máximas, não se obtiver controle da PA, devem-se associar outros anti-hipertensivos. Caso o DIU não tenha sido a primeira escolha e não esteja sendo utilizado na associação de dois fármacos, deve ser o terceiro a ser acrescentado. Seu uso potencializa a ação anti- hipertensiva de qualquer dos medicamentos iniciais. HA resistente (falta de controle da PA com o uso de pelo menos três medicamentos em dosagens máximas toleradas, sendo um deles um DIU), está indicada a associação de espironolactona. Os simpaticolíticos de ação central (clonidina) ou BB podem ser uma alternativa ao quarto fármaco, ficando o uso de vasodilatadores diretos reservado para casos especiais e em associação com DIU e BB. Perguntas norteadoras: Com base na atual diretriz, como é dado o diagnóstico de Hipertensão arterial sistêmica – HAS (de acordo com local: Consultório, Medição residencial da pressão arterial, Monitorização ambulatorial da pressão arterial)? Como é classificada a HAS? Quais são as principais causas de HAS secundária e quais sinais/sintomas chamam mais a atenção para sua suspeita? Qual o conceito de Urgência Hipertensiva Vs. Emergência Hipertensiva? Como diagnosticar e tratar? Quais são as principais medidas farmacológicas para o tratamento da HAS? • Fisiologia (Guyton / Berne) → Sistema Tubular Renal • Patologia (Hobbins e Bogliolo): →Doença Hipertensiva Vascular e Resposta Vascular a lesão. • Bioquímica (Baynes, Lehninger) → Bioenergia (Ciclo ATP-ADP) • BMC (Bruce, Lodish, Junqueira) → Membrana Plasmática. Transporte através da membrana. • Farmacologia (Goodman, Katzung) → Diuréticos e Bloqueadores de Canal de Cálcio • Semiologia (Porto e pasta com vídeo-aulas “Exame Físico e Semiologia”) → Exame físico cardiovascular / Avaliação de radiografia de tórax EXTRA Aulas de exames complementares Exames de rotina: Análise de urina, potássio plasmático, glicemia de jejum, ritmo de filtração glomerular estimado, creatinina plasmática, colesterol total, HDL-C e triglicérides plasmáticos, ácido úrico plasmático e eletrocardiograma convencional. Exames recomendados em populações indicadas: Radiografia de tórax, ecocardiograma, albuminúria, US das carótidas, US renal ou com doppler, HbA1C, teste ergométrico, MAPA, VOP (avaliar a rigidez arterial), RNM do cérebro. 12 Resumo de Integração Beatriz, Giovanni, José, Luiza,Nicole, Tatiana e Verônica PRINCIPAIS ANTI-HIPERTENSIVOS UTILIZADOS NA PRÁTICA CLÍNICA MEDICAMENTOS ANTI-HIPERTENSIVOS 13 Resumo de Integração Beatriz, Giovanni, José, Luiza, Nicole, Tatiana e Verônica INSUFICIÊNCIA CARDÍACA INTRODU ÇÃO É uma síndrome em que o coração não consegue bombear o sangue de acordo com a demanda tecidual, ou só o faz à custa de aumentos na pressão de enchimento (pressão diastólica final). A maioria dos casos é devido à perda de massa miocárdica, cursando com dilatação e/ou hipertrofia compensatória do VE. Essa resposta compensatória envolve ativação neuro-hormonal (sistema adrenérgico, sistema renina-angiotensina- aldosterona), e é justamente a hiperatividade neuro-hormonal a responsável direta pelas alterações deletérias observadas no cardiomiócito (cardiotoxidade de mediadores como epinefrina, angiotensina II e aldosterona). Na ausência de tratamento adequado, a IC será progressiva e levará o paciente a óbito. EPIDEMIOL OGIA O aumento da sua incidência tem sido vinculado ao envelhecimento da população, maior prevalência das doenças precursoras (HAS, obesidade e DM) e pela melhora da sobrevida para outras doenças cardíacas (IAM, valvopatias). Apesar da incidência e da prevalência relativas da IC serem menores em mulheres, elas constituem pelo menos a metade dos casos devido à sua expectativa de vida mais longa. Aproximadamente metade dos pacientes que evoluem com IC apresentam fração de ejeção (FE) normal ou preservada, acometendo preferencialmente mulheres, pessoas de faixas etárias mais elevadas e hipertensos. ETIOLOG IA A doença cardíaca coronariana tornou-se a causa predominante em homens e mulheres, sendo responsável por 60 a 75% dos casos. A hipertensão arterial contribui para o desenvolvimento de IC em 75% dos casos, incluindo a maioria daqueles com DAC. Por trás da IC estão entidades muito comuns: hipertensão e a doença coronariana, etilismo, infecções virais, disfunções valvares, diabetes mellitus e doença de Chagas. No Brasil, a principal etiologia para IC é a cardiopatia isquêmica crônica, com frequência associada à HAS. Fração de ejeção reduzida (<40%): DAC, HAS, Doença de Chagas, dentre outras. Fração de ejeção preservada (>40 a 50%): Hipertrofia patológica, idade, fibrose, dentre outras. TIPOS DE IC QU ANTO AO LADO IC ESQU ERDA : Representa a grande maioria dos casos. É decorrente da disfunção do ¨coração esquerdo¨, geralmente por insuficiência ventricular esquerda (IVE). Cursa com congestão pulmonar (dispneia, ortopneia, dispneia paroxística noturna). IC DIREITA: É decorrente do ¨coração direito¨, geralmente por insuficiência ventricular direita (IVD). Cursa com congestão sistêmica (turgência de jugular patológica, hepatomegalia, ascite, edema de MMII); INSU FICIÊNCIA CARDÍACA B IVENTRICULAR - MISTA Há tanto disfunção “esquerda” quanto “direita”. Cursa com congestão pulmonar e sistêmica. A maioria das cardiopatias que levam à insuficiência cardíaca inicia-se como IVE e posteriormente evolui com comprometimento do VD. A causa mais comum de IVD é a própria IVE... QU ANTO AO MECANISMO IC SISTÓLICA - 50-60% Perda da capacidade contrátil do miocárdio, provoca dilatação ventricular (cardiopatia dilatada), redução significativa da fração de ejeção (<= 50%). Existem duas consequências principais: (1) baixo débito cardíaco; e (2) aumento do volume de enchimento (VDF) e, portanto, da pressão de enchimento ventricular, a qual será transmitida aos átrios e sistema venocapilar (congestão). 14 Resumo de Integração Beatriz, Giovanni, José, Luiza, Nicole, Tatiana e Verônica IC DIASTÓL ICA - 40-50%. Contração miocárdica normal, restrição patológica ao enchimento diastólico, elevação na pressão de enchimento e, consequentemente, aumento da pressão venocapilar (congestão). Hipertrofia muscular concêntrica, com redução da cavidade. A fração de ejeção está normal (com FE > 50%). O mecanismo pode ser uma alteração no relaxamento muscular e/ ou uma redução na complacência ventricular (“ventrículo duro” por excesso de tecido conjuntivo). QU ANTO AO DÉBITO CARDÍACO IC DE BAIXO DÉBITO – MAIORIA DOS CASOS Causada por doenças que prejudicam a capacidade de bombeamento do coração. Caracterizada por evidências clínicas de vasoconstrição com extremidades frias, pálidas, e às vezes cianóticas. Em formas avançadas, marcadas reduções no volume de batimentos são evidenciadas por um estreitamento da pressão diferencial. Disfunção sistólica VE: reduz o DC, causando hipoperfusão tecidual. Nas fases iniciais o DC pode se manter normal ao repouso, mas durante esforço físico o aumento do DC não acontece. Na fase avançada, o DC estará reduzido mesmo em repouso. Disfunção diastólica VE: limitação do DC, especialmente durante esforço físico, aumento da pressão de enchimento e, devido à taquicardia, encurtamento do tempo de diástole, o que compromete ainda mais a capacidade de enchimento do VE. IC DE AL TO DÉBITO Condições que exigem um maior trabalho cardíaco, causada por uma excessiva necessidade de DC. Em todos os casos de IC de alto débito, apesar do DC alto, ele está abaixo do desejado em face de alta requisição da função cardíaca. As extremidades estão usualmente quentes e ruborizadas, e a pressão diferencial está ampliada ou pelo menos normal. CLASSIFICAÇÃO IC COM FRAÇÃO DE EJEÇÃO PRESERVADA FEVE normal considerada como ≥50%, também classificada como disfunção diastólica. Anormalidades sutis da função sistólica foram mostradas em pacientes com ICFEp.. Os pacientes apresentam, tipicamente, um ou mais dos seguintes processos fisiopatológicos: 1. Disfunção diastólica secundária ao comprometimento do relaxamento do ventrículo esquerdo (VE), aumento da rigidez do VE ou ambos; 2. Aumento do VE associado ao aumento do volume intravascular, que pode ser devido a fatores extra cardíacos, como doença renal crônica; 3. Anormalidades no acoplamento ventrículo-arterial com aumento da rigidez ventricular sistólica e aumento da rigidez arterial; 4. Insuficiência cardíaca direita secundária à hipertensão venosa pulmonar com ou sem sobreposição da hipertensão arterial pulmonar; 5. Incompetência cronotrópica. Além destes, a hipertrofia do ventrículo esquerdo e a doença arterial coronariana são especialmente importantes na fisiopatologia dos pacientes com ICFEP. Fatores de risco: Idade avançada, hipertensão arterial (fator de risco mais importante), apneia obstrutiva do sono, doença arterial coronariana, diabetes, doença renal crônica, obesidade, fibrilação atrial, anemia e doença pulmonar obstrutiva crônica. Sinais e sintomas: São idênticos aos dos pacientes com insuficiência cardíaca (IC) com diminuição da fração de ejeção e incluem: dispneia; cansaço; edema periférico com formação de cacifos; turgência jugular. Intolerância ao exercício e descompensação aguda da IC são apresentações clínicas comuns da ICFEp. Ecodopplercardiograma: Alteração estrutural e/ou disfunção diastólica. IC FRAÇÃO DE EJEÇÃO REDUZIDA FEVE reduzida normalmente considerada como 40%. A maioria dos pacientes com ICFEr (anteriormente referido como 'IC sistólica') também tem disfunção diastólica. Até o momento, somente esses pacientes têm demonstrado de fato redução consistente da morbimortalidade com o tratamento farmacológico instituído. Ecodopplercardiograma: Alteração estrutural e disfunção sistólica. IC FRAÇÃO DE EJEÇÃO INTERMEDIÁRIA Pacientes com FEVE na faixa de 40 a 49% representam uma "área cinzenta”. Pacientes com ICFEi podem representar diferentes fenótipos, incluindo pacientes em transição da ICFEp para ICFEr, ou vice- versa, quando ocorre recuperação da fração de ejeção após tratamento adequado da ICFEr. Os pacientes com ICFEm provavelmenteapresentam disfunção sistólica principalmente leve, mas com características de disfunção diastólica. Ecodopplercardiograma: Alteração estrutural e/ou disfunção diastólica. 15 Resumo de Integração Beatriz, Giovanni, José, Luiza, Nicole, Tatiana e Verônica CLASSIFICAÇÃO FUNCIONA L, SEGUNDO NYHA Capacidade Funcional Avaliação objetiva Classe I Pacientes com cardiopatia, mas sem limitações para atividades físicas. Atividades físicas normais não causam fadiga exagerada, palpitações, dispneia ou dor anginosa. Descrição geral: Paciente assintomático. Classe II Pacientes com cardiopatia que resulta em pequena limitação das atividades físicas. Não há desconforto em repouso. As atividades físicas normais causam fadiga, palpitação, dispneia ou dor anginosa. Descrição geral: Sintomas leves. Classe III Pacientes com cardiopatia que resulta em evidente limitação das atividades físicas. Não há desconforto em repouso. Atividades físicas mínimas causam fadiga, palpitação, dispneia ou dor anginosa. Descrição geral: Sintomas moderados. Classe IV Pacientes com cardiopatia que os torna incapacitados para realizar qualquer atividade física sem desconforto. Os sintomas de IC ou de síndrome anginosa podem estar presentes mesmo durante o repouso. As tentativas de empreender qualquer atividade física resultam em aumento do desconforto. Descrição geral: Sintomas graves. ESTÁGIOS, SEGUNDO AHA A Risco de desenvolver IC. Sem doença estrutural ou sintomas de IC. Abordagens possíveis: Controle de fatores de risco para IC: tabagismo, dislipidemia, hipertensão, etilismo, diabetes e obesidade. Monitorar cardiotoxicidade. B Doença estrutural cardíaca presente. Sem sintomas de IC. Abordagens possíveis: Considerar IECA, betabloqueador e antagonistas mineralocorticoides. C Doença estrutural cardíaca presente. Sintomas prévios ou atuais de IC. Abordagens possíveis: Tratamento clínico otimizado, medidas adicionais, considerar TRC (terapia de ressincronização cardíaca), CDI (cardiodesficrilador inplantável) e tratamento cirúrgico, considerar manejo por equipe multidisciplinar. D IC refratária ao tratamento clínico. Requer intervenção especializada. Abordagens possíveis: Todas medidas acima, considerar transplante cardíaco e dispositivos de assistência ventricular. FISIOPATOLOGIA • Diversos mecanismos são ativados para compensarem a queda do DC, mantendo a PA à custa de vasoconstrição arterial periférica e de retenção de sódio e água. • Os sistemas ativados, quando mantidos em estimulação prolongada, levam ao remodelamento ventricular que representa a morte de cardiomiócitos por necrose e apoptose, sendo substituídos por fibroblastos e tecidos colágenos. Os miócitos restantes sofrem hipertrofia excêntrica. • A pressão cronicamente elevada nas câmaras cardíacas acaba causando hipertrofia e dilatação miocárdica, além de elevação das pressões nos átrios e nas circulações sistêmica e pulmonar. • A taquicardia e o aumento da contratilidade podem desencadear isquemia do miocárdio, e o aumento da pré- carga agrava a congestão pulmonar. • A vasoconstrição excessiva eleva demasiadamente a pós- carga, dificultando o esvaziamento cardíaco, além de prejudicar a perfusão dos demais órgãos. • A elevação dos níveis de vasopressina (ADH), responsável pela absorção de água livre de sódio, podendo gerar hiponatremia. • Alterações neuro-hormonais: além da vasoconstrição e retenção de sódio e água, por estimulação do SRAA e a liberação de arginina-vasopressina, promovem também vasodilatação, natriurese e diurese por meio da ação de peptídios natriuréticos do tipo B (BNPs), de prostaglandinas e bradicinina. • As endotelinas determinam ação vasoconstritora potente, retenção de sódio e água, ativação simpática e do SRAA, além de estímulo proliferativo sobre os músculos lisos, miócitos cardíacos e fibroblastos. • A neprilisina, degrada peptídios vasoativos endógenos, como bradicinina, BNP e adrenomedulina, promovendo vasoconstrição, retenção adicional de sódio e remodelamento cardíaco. A inibição dessa enzima promove efeitos opostos e favoráveis na fisiopatologia da IC. 16 Resumo de Integração Beatriz, Giovanni, José, Luiza, Nicole, Tatiana e Verônica MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Os principais sintomas de IC são fadiga e falta de ar. Nos primeiros estágios da IC, a dispneia é observada apenas durante exercícios; entretanto, à medida que a doença evolui, esse sintoma passa a ser provocado por atividades cada vez menores até que, finalmente, ocorra inclusive durante o repouso. O mecanismo mais importante é a congestão pulmonar com acúmulo de líquido no interstício ou dentro dos alvéolos, estimulando a respiração rápida e superficial característica da dispneia cardíaca. Outros fatores podem contribuir para a dispneia aos esforços, incluindo redução na complacência pulmonar, aumento da resistência nas vias respiratórias, fadiga dos músculos respiratórios ou do diafragma, e anemia. ORTOPNEIA Dispneia que ocorre com o paciente em decúbito dorsal, geralmente uma manifestação tardia. Causada pela redistribuição dos líquidos a partir da circulação esplâncnica e dos membros inferiores para a circulação central do paciente deitado, resultando em aumento da pressão capilar pulmonar. Tosse noturna é outra manifestação. As forças gravitacionais fazem com que líquidos se tornem sequestrados nas pernas e pés quanto a pessoa está de pé ou sentada. Quando a pessoa assume a posição reclinada, o líquido das partes pendentes do corpo é mobilizado e redistribuído para uma circulação pulmonar já distendida. DISPNEIA PAROXÍSTICA NOTURNA ( DPN) Episódios agudos de dispneia e tosse que geralmente ocorrem à noite e despertam o paciente, em geral 1 a 3 horas após deitar. A pessoa acorda com uma sensação de extrema sufocação que se resolve quanto ela senta. Inicialmente, a experiência pode ser interpretada como o acordar de um sonho ruim. RESPIRAÇÃO CHEYNE -STOKES Geralmente associada a baixo débito cardíaco. É causada pela redução da sensibilidade do centro respiratório à PCO2 arterial. Observa-se uma fase de apneia durante a qual a PO2 cai e a Pco2 aumenta. Essas alterações nos gases arteriais estimulam o centro respiratório deprimido, resultando em hiperventilação e hipocapnia, seguidas de apneia recorrente. É um padrão de respiração periódica caracterizada por um aumento gradual na profundidade (e às vezes na frequência) de respiração até um máximo, seguido de uma diminuição que resulta em apneia. Fator de risco independente para a piora da Insuficiência cardíaca. Durante o sono, causa um despertar recorrente e, consequentemente, reduz o sono de onda lenta e de movimento rápido dos olhos (REM). O ciclo recorrente de hipoventilação/apneia e hiperventilação pode também aumentar a atividade simpática e predispor a arritmias. TOSSE CRÔNICA, SECA E NÃO PRODU TIVA Tosse que se torna pior quando a pessoa está deitada. O broncoespasmo devido a congestão da mucosa brônquica pode causar ofego e dificuldade de respirar (às vezes referida como asma cardíaca). EDEMA AGU DO DE PUL MÃO O líquido que vem dos capilares se move para o interior dos alvéolos. O líquido acumulado nos alvéolos e nas vias respiratórias causa rigidez do pulmão, torna a expansão pulmonar mais difícil e impede a função de trocas gasosas dos pulmões. Com a redução da capacidade dos pulmões de oxigenar o sangue, a hemoglobina sai da circulação pulmonar sem ter sido completamente oxigenada, resultando em falta de ar e cianose. A pessoa com um edema pulmonar grave é vista usualmente sentada e ofegante. O pulso se torna rápido, a pele é úmida e fria, e os lábios e leitos ungueais são cianóticos. À medida que o edema piora e o suprimento de oxigênio para o encéfalocai, aparecem confusão mental e estupor. A dispneia e a avidez por ar são acompanhadas por uma tosse produtiva com um catarro espumoso (semelhante a clara de ovo batida) e frequentemente tingido de sangue - o efeito do ar se misturando com a albumina do soro e das hemácias que passaram para dentro dos alvéolos. O movimento de ar através do líquido alveolar produz delicados sons crepitantes denominados estertores, que podem ser ouvidos com a ausculta torácica. À medida que o líquido se move para as vias respiratórias maiores, os estertores se tornam mais altos e mais grosseiros. FADIG A, FRAQUEZ A E CONFUSÃO MENTAL Fadiga e fraqueza frequentemente acompanham o débito diminuído do ventrículo esquerdo. A fadiga cardíaca é diferente da fadiga geral pelo fato de que ela normalmente não está presente pela manhã, mas aparece e progride conforme a atividade aumenta durante o dia. Na insuficiência cardíaca aguda ou grave do lado esquerdo, o débito cardíaco pode cair a níveis que são insuficientes para fornecer ao encéfalo um suprimento adequado de oxigênio, e existem indicações de confusão mental e de comportamento alterado. Confusão, dano à memória, ansiedade, inquietação e insônia são comuns em pessoas idosas com insuficiência cardíaca avançada, particularmente naqueles com aterosclerose cerebral (podem confundir com outras causas associadas ao envelhecimento). 17 Resumo de Integração Beatriz, Giovanni, José, Luiza, Nicole, Tatiana e Verônica RETENÇÃO DE L ÍQU IDO E E DEMA Resultam das pressões capilares aumentadas (pressões hidrostáticas aumentadas) que se desenvolvem na circulação periférica em pessoas com insuficiência cardíaca do lado direito e na circulação pulmonar em pessoas com insuficiência cardíaca do lado esquerdo. Pressão capilar aumentada → super enchimento do sistema vascular devido a retenção aumentada de sódio e de água e a congestão venosa, referida antigamente como insuficiência retrógrada, resultante do débito cardíaco prejudicado. NOCTÚRIA: aumento noturno no débito urinário que ocorre relativamente cedo no curso da insuficiência cardíaca. Ocorre devido ao débito cardíaco, fluxo sanguíneo renal e taxa de filtração glomerular aumentados que se seguem ao retorno sanguíneo aumentado para o coração quando a pessoa está em posição supina. OLIGÚRIA (diminuição no débito urinário): é um sinal tardio relacionado a um débito cardíaco gravemente reduzido e resultante insuficiência renal. A transudação de líquido para o interior da cavidade pleural (hidrotórax) ou da cavidade peritoneal (ascite) pode ocorrer em pessoas com insuficiência cardíaca avançada. HIDROTÓRAX: como as veias pleurais drenam para leitos venosos tanto sistêmicos como pulmonares, é observado mais comumente em pessoas com hipertensão envolvendo ambos os sistemas venosos. A efusão pleural ocorre à medida que o líquido em excesso nos espaços intersticiais pulmonares atravessa a pleura visceral, o que por sua vez ultrapassa a capacidade do sistema linfático pulmonar. ASCITE: ocorre em pessoas com pressão aumentada nas veias hepáticas e nas veias que drenam o peritônio. Reflete a insuficiência ventricular direita e a elevação de longa duração da pressão venosa sistêmica CAQUEXIA E DESNUTRIÇÃO Caquexia cardíaca: condição de desnutrição e de desgaste tecidual que ocorre em pessoas com insuficiência cardíaca em estágio terminal. EXAME FÍSICO ESTADO GERAL E SINAIS VITAIS Na IC leve a moderada, o paciente não aparenta desconforto em repouso, exceto quando deitado sem inclinação por alguns minutos. Nos casos mais graves, o paciente tem que se sentar ereto, sendo possível que apresente dificuldade respiratória. A PAS pode estar normal ou elevada na IC inicial, mas geralmente se encontra reduzida nos casos avançados com disfunção VE grave. A pressão de pulso pode se mostrar reduzida, refletindo redução do volume sistólico. Taquicardia sinusal e vasoconstrição periférica (esfriamento das extremidades e cianose dos lábios e leitos ungueais) causadas pela atividade adrenérgica. VEIAS JUGULARES Estima o valor da pressão atrial direita. Mais bem avaliada a 45º e quantificada em centímetros de água. No estágio inicial a pressão venosa pode estar normal em repouso, mas subir além do esperado quando o abdome é mantido pressionado. ESTASE DE JUGULAR → refere-se ao ingurgitamento das veias jugulares. A distensão das veias jugulares traduz alterações de pressão e volume dentro do átrio direito (local onde desembocam as veias cavas superior e inferior). ONDAS DO PULSO VENOSO Onda V gigante indica insuficiência tricúspide. O sistema venoso está submetido a um regime de pressão muito menor, comparado ao sistema arterial. A avaliação do pulso venoso é realizada quase que exclusivamente através da inspeção, pois é visível, mas - na maioria das vezes – não é palpável, o que facilita na sua distinção do pulso carotídeo. Onda A: se deve a contração atrial Seio descendente X ocorre pelo relaxamento atrial Onda C representa o pulso carotídeo Onda V corresponde ao enchimento atrial Seio descendente Y traduz a fase de enchimento rápido ventricular EXAME PUL MONAR Ruídos adventícios resultam de transdução de líquido do espaço intravascular para os alvéolos. Nos pacientes com edema pulmonar, os estertores podem ser amplamente auscultados em ambos os campos pulmonares, às vezes acompanhados de sibilos expiratórios. Quando presentes em paciente sem doença pulmonar concomitante, os estertores são sinais específicos da IC. O derrame pleural é causado por elevação da pressão capilar pleural que produz transudação para a cavidade pleural e se dá 18 Resumo de Integração Beatriz, Giovanni, José, Luiza, Nicole, Tatiana e Verônica mais comumente quando há insuficiência biventricular, se unilateral, mais frequente em espaço pleural direito. EXAME CARDIOL ÓGICO Deslocamento do Ictus para abaixo do 5º EIC e/ou lateralmente para a LMC. Em paciente com sobrecarga volumétrica que tenham taquicardia ou taquipneia, geralmente implicando em comprometimento hemodinâmico é possível ouvir e palpar uma terceira bulha no ápice cardíaco. Os pacientes com ventrículo direito aumentado ou hipertrofiado podem apresentar um impulso sustentado e prolongado na linha paraesternal, estendendo-se durante toda a sístole. A B4 não é específica da IC, mas geralmente está presente nos pacientes com disfunção diastólica. Os sopros característicos de insuficiência mitral e tricúspide aparecem na IC avançada. AB DOME E MEMBROS A hepatomegalia é um sinal importante. Fígado doloroso, podendo pulsar durante a sístole nos casos de insuficiência tricúspide. A ascite é um sinal tardio, ocorre como consequência de aumento da pressão nas veias hepáticas e nas veias que drenam o peritônio. Icterícia, também tardia, é causada por disfunção hepática secundária à congestão e hipoxemia do fígado, aumento da bilirrubina direta e indireta. O edema periférico é uma das principais manifestações, é simétrico e postural, ocorrendo predominantemente em tornozelos e região pré-tibial. Edema de longa duração pode cursar com pele endurecida e pigmentada. CAQUEXIA CARDÍACA Na IC crônica pode haver perda evidente de peso e caquexia. Ocorre por elevação do metabolismo, anorexia, náuseas, vômitos e dificuldade de absorção intestinal. PROPEDÊUTICA CARDÍACA - EXTRA BULHAS ♥ B1: Fechamento das valvas atrioventriculares. Início da sístole. Melhor audível com diafragma no foco tricúspide. Desdobramento de B1: geralmente se dá pelo atraso de T1. Melhor auscultado no foco da tricúspide. ➢ Hiperfonese de B1: síndromes hiperdinâmicas, estenose mitral, magros. ➢ Hipofonese de B1: DPOC, derrame pericárdico, estenose mitral, baixo DC, obesos, fortes. ♥ B2: Fechamento das valvas semilunares.Início da diástole. Melhor audível com diafragma nos focos de base. ➢ Hiperfonese de B2: síndromes hiperdinâmicas, HAS, dilatação da aorta ascendente / artéria pulmonar, HAP. ➢ A2: é melhor audível no foco aórtico. ➢ P2: é melhor audível no foco pulmonar. ➢ Hipofonese de B2: DPOC, derrame pericárdico, estenose aórtica, hipotensão arterial, estenose pulmonar. Desdobramento de B2: Pode ser patológico ou fisiológico. Melhor auscultado na pulmonar. ♥ B3 → Choque do sangue no enchimento lento ventricular (sobrecarga de volume) ♥ B4 → Sístole Atrial (sobrecarga de pressão) SOPROS Os sopros são produzidos por vibrações decorrentes de alterações do fluxo sanguíneo. Em condições normais, o sangue flui como corrente laminar, com velocidade um pouco mais rápida na porção central. Fato fundamental é que flui sem formar turbilhões, pois, quando isso acontece, o fluxo deixa de ser laminar e surgem vibrações que originam aos ruídos denominados sopros. Os sopros aparecem na dependência de alterações: ➢ Do próprio sangue ➢ Da parede do vaso ou das câmaras cardíacas, principalmente nos aparelhos valvares. Quanto à situação no ciclo cardíaco, os sopros podem ser: Sistólicos, diastólicos e sistodiastólicos ou contínuos. SOPROS SISTÓLICOS: Classificados em: sopro sistólico de ejeção e sopro sistólico de regurgitação. Sopros sistólicos de ejeção: causados por estenose da valva aórtica ou pulmonar e se originam durante o período de ejeção ventricular. CARACTERÍSTICAS DO SOPRO DE EJEÇÃO: O sopro de ejeção começa alguns centésimos de segundo após a 1 ª bulha, intervalo que corresponde à fase de contração isovolumétrica. Neste período, a pressão intraventricular se eleva e as valvas atrioventriculares (mitral e tricúspide) se fecham, dando originando 19 Resumo de Integração Beatriz, Giovanni, José, Luiza, Nicole, Tatiana e Verônica a 1 ª bulha. Contudo, a pressão intravascular (aorta e pulmonar) ainda está mais elevada que a pressão dentro dos ventrículos, e por isso as valvas sigmoides (aórticas e pulmonares) continuam fechadas sem que haja saída de sangue dos ventrículos. Em consequência deste fato, percebe-se o sopro após a P bulha. O sopro termina antes da 2º bulha porque, na última fase da sístole, as pressões dentro dos ventrículos praticamente se igualam às pressões na aorta e na pulmonar, não havendo quase nenhuma ejeção de sangue neste momento. CARACTERÍSTICAS DO SOPRO DE REGURGITAÇÃO: É audível desde o início da sístole; por isso aparece com a 1º bulha, recobrindo-a e mascarando-a. Ocupa todo o período sistólico com intensidade mais ou menos igual e termina imediatamente antes da 2º bulha ou pode recobri-la. São causados pela regurgitação de sangue dos ventrículos para os átrios, quando há insuficiência mitral ou tricúspide, ou de um ventrículo para o outro, quando existe uma comunicação entre eles. Para se compreender o sopro de regurgitação, é necessário lembrar que, durante a fase de contração isovolumétrica, período em que as valvas atrioventriculares (mitral e tricúspide) estão se fechando, a pressão dentro dos ventrículos já está mais alta que no átrio e, por este motivo, o sangue regurgita para a câmara de menor pressão desde o início da sístole. Durante todo o período sistólico, o sangue continua regurgitando e só deixa de fazê-lo ao terminar a contração ventricular. SOPROS DIASTÓLICOS: Aparecem durante a diástole e, conforme o momento em que nela se situam, são classificados em protodiastólicos, mesodiastólicos e telediastólicos ou pré-sistólicos. Ocorrem em 2 grupos de afecções - estenoses atrioventriculares (mitral e tricúspide) e insuficiência das valvas aórtica e pulmonar- que apresentam comportamento hemodinâmico que lhes dão características semiológicas próprias. Mitral e tricúspide Aórtico Sistólico → Insuficiência. Diastólico → Insuficiência Diastólico → Estenose. Sistólico → Estenose Grau = Intensidade da lesão valvar? Nem sempre! Mitral e tricúspide sim. Aórtico e pulmonar estão relacionados com a duração. G RAU – MITRAL E TRICÚ SPIDE Grau: 1,2,3,4,5,6 1, 2 e 3: Sem frêmito. 4, 5 e 6: Com frêmito. 1- Precisa de manobra para auscultar o frêmito. ❖ Sopro da mitral: braço embaixo da cabeça, você lateralização esquerda. ❖ Foco aórtico: anterioriza. ❖ Sopro na tricúspide: manobra de Rivero Carvalho. Inspira - aumenta sopros à direta. Expira - aumenta sopro à esquerda. 2- Não precisa de manobra. 3- Extremamente audível. 4- Precisa do estetoscópio → Frêmito 5- Precisa um pouco (metade) do estetoscópio → Frêmito 6- O estetoscópio só precisa estar próximo. Às vezes, o frêmito é audível apenas com o ouvido, sem necessidade de esteto. ICTUS O ictus cordis, ou choque da ponta, é estudado pela inspeção e palpação, investigando-se localização, extensão, mobilidade, intensidade e tipo da impulsão, ritmo e frequência. Localização do ictus cordis: Mediolíneos: situa-se no cruzamento da linha hemiclavicular esquerda com o 5º espaço intercostal. Retilíneos: desloca-se aproximadamente 2 em para fora e para cima, situando-se no 4º espaço intercostal. Longilíneos: costuma estar no 6º espaço, 1 ou 2 em para dentro da linha hemiclavicular. PROPEDÊUTICA ABDOMINAL - EXTRA Técnicas → Bimanual; Lemos-Torres (empurra por trás e avalia com a outra mão na frente); Mathié (movimento em garra); Torres-Homem; Sinal de Jorbet Características → consistência (maciça; endurecida); superfície (lisa; nodular); borda (romba; fina) SINAL DE PIPAROTE Com uma das mãos o examinador golpeia o abdome por piparotes (petelecos), enquanto a outa espalmada na região contralateral, procura captar ondas liquidas contra a parede abdominal. CÍRCUL O DE SKODA Com o paciente em decúbito dorsal ou em pé, o líquido ascítico coleta-se nas partes mais declives, ou seja, flancos e andar inferior do abdome. Sendo assim, a percussão, feita desde o andar superior, delimitará uma linha semicircular na transição entre o timpanismo e a macicez ou submacicez das áreas correspondes às porções mais declives: a concavidade da linha semicircular estará voltada para a região epigástrica. 20 Resumo de Integração Beatriz, Giovanni, José, Luiza, Nicole, Tatiana e Verônica DIAGNÓSTICO DA IC Sintomas típicos Falta de ar/dispneia Ortopneia Dispneia paroxística noturna Fadiga/cansaço Intolerância ao exercício Sinais mais específicos Pressão venosa jugular elevada Refluxo hepatojugular Terceira bulha cardíaca Impulso apical desviado para a esquerda Sintomas menos típicos Tosse noturna Ganho de peso Dor abdominal Perda de apetite e perda de peso Noctúria e oligúria Sinais menos específicos Crepitações pulmonares Taquicardia Hepatomegalia e ascite Extremidades frias Edema periférico ECOCARDIOGRAMA Ecocardiograma transtorácico → exame de imagem de escolha para o diagnóstico e o seguimento de pacientes com suspeita de IC. Permite a avaliação da função ventricular sistólica esquerda e direita, da função diastólica, das espessuras parietais, do tamanho das cavidades, da função valvar, da estimativa hemodinâmica não invasiva e das doenças do pericárdio. Outros exames de imagem (Ex. ressonância magnética e tomografia computadorizada) → podem ser usados quando os não invasivos forem inconclusivos, ou para o diagnóstico de miocardiopatias específicas. PEPTÍDEOS NATRIU RÉTICOS Destacam-se os peptídeos natriuréticos BNP e NT-proBNP, cujo papel no diagnóstico de IC está bem estabelecido, desde a sala de emergência até IC crônica ambulatorial. Algumas limitações ao seu uso na prática clínica devem ser destacadas, pois estes peptídeos podem elevar-se na presença de anemia, insuficiência renal crônica (IRC), e idade avançada,
Compartilhar