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79 Ana Lúcia Bertarello Zeni METABOLISMO DO GLICOGÊNIO E SÍNTESE DE GLICOSE “DE NOVO” GLICOGENÓLISE Via de degradação do glicogênio em glicoses. OCORRÊNCIA = fígado e músculo esquelético. O Glicogênio possui ligações 1 – 4 e para as ramificações ligações 1 – 6, para degradar ligações de 1 – 4 das extremidades é necessária a enzima Glicogênio Fosforilase que através de fosforólise libera glicose 1 fosfato, quando restam 4 resíduos de glicose antes da ramificação (Dextrina limite) a enzima transferase transfere 3 resíduos de glicose destes para outro ramo, a ligação 1 – 6 esta agora isolada e será quebrada pela 1-6 glicosidase liberando glicose. Neste momento a glicogênio-fosforilase libera as outras glicoses até chegar próximo a uma ramificação e então começa tudo novamente. FINALIDADE: No fígado esta glicose 1 – fosfato é transformada em glicose para equilibrar os níveis sanguíneos enquanto que no músculo ela será utilizada para produção de energia, sendo utilizada fosfatada. GLICOGÊNESE Via de síntese do glicogênio a partir de moléculas de glicose. OCORRÊNCIA = fígado e músculo esquelético. Neste processo a glicose sofre primeiro uma fosforilação após ela é ligada a uma molécula intermediária chamada Uridina Trifosfato (UTP) formando o complexo Uridina Difosfato Glicose (UDP-G). Para a incorporação de uma molécula de glicose ao glicogênio utiliza-se 2 ATP, o primeiro para a fosforilação da glicose e o segundo para a regeneração do UDP a UTP, para incorporar a glicose nova ao glicogênio remanescente é necessária a enzima glicogênio sintase. 80 Ana Lúcia Bertarello Zeni FINALIDADE: - Guarda energia em forma de glicoses. Vantagens em armazenar energia em forma de glicogênio: - rapidez na quebra da glicose (mobilização muscular); - Degradação da glicose sem O2 ; - Preferência de órgãos pela glicose; - Conversão em glicose para o sangue e - Redução da osmolaridade. GLICONEOGÊNESE Via de produção de glicose “de novo”, isto é, a produção de glicose a partir de aas, lactato e glicerol. OCORRÊNCIA = Fígado e rins. A gliconeogênese é um processo inverso ao da glicólise utilizando a maioria das enzimas com exceção de 3 passos enzimáticos. Passo n o 10, 3 e 1. Para tanto, são utilizados novos passos chamados de contornos. O 1 o (último passo da glicólise) exige a enzima mitocondrial que transforma PIRUVATO OXALOACETATO com gasto de ATP, este agora é transformado em FOSFOENOLPIRUVATO gastando + 1 GTP (guanosinatrifosfato). O 2 o acontece no passo n o 3 onde é formada a frutose 6- fosfato através da enzima frutose 1,6 bisfosfatase. O 3 o contorno acontece no passo n o 1 (primeiro passo da glicólise) quando glicose 6 – fosfato através da glicose 6 -fosfatase forma glicose. FINALIDADE: Produzir glicose a partir de substratos não glicídicos. OBS: fazendo o balanço energético observa-se que aas e lactato gastam 6 ATP para formar 1 glicose enquanto que, o glicerol gasta 2 ATP. GLICOGENÓLISE 81 Ana Lúcia Bertarello Zeni ED: Enzima desramificadora 82 Ana Lúcia Bertarello Zeni GLICOGÊNESE A síntese de glicogênio utiliza como precursor uma forma ativada de glicose e gasta 2 ATP por glicose incorporada. O glicogênio é sintetizado por uma via de degradação. A síntese consiste na repetida adição de resíduos de glicose às extremidades de um núcleo de glicogênio. A glicose a ser incorporada deve estar sob uma forma ativada, ligada a um nucleotídeo de uracila, constituindo a uridina difosfato glicose (UDP - G). O UDP – G é produzido, a partir de glicose, pela seguinte série de reações: Glicose + ATP Glicose 6 – fosfato + ADP + H + Glicose 6 – fosfato Glicose 1 – fosfato Glicose 1 – fosfato + UTP UDP – G + PPi . Esta última reação é catalizada pela glicose 1-fosfato uridil tranferase. O UDP – G é substrato da glicogênio sintase, a enzima que, efetivamente, catalisa a síntese: UDP-G + (Glicogênio)n resíduos de glicose (Glicogênio) n+l resíduos + UDP O UDP produzido na reação catalisada pelo glicogênio sintase é reconvertido a UTP à custa de ATP, pelo nucleosídio difosfato quinase, e o pirofosfato (HP2 O7 3- ou PPi) é hidrolisado por ação da pirofosfatase, produzindo fosfato inorgânico (HPO 4 2- ou Pi ): UDP + ATP UTP + ADP PPi + H2 O 2 Pi + H + A soma de todas as reações anteriores é: Glicose + 2 ATP + (Glicogênio) n resíduos de glicose + H2 O (Glicogênio) n+l resíduos +2 ADP + 2 Pi mostrando num gasto de 2 ATP para cada resíduo de glicose incorporado ao glicogênio. 83 Ana Lúcia Bertarello Zeni Formação de uma ramificação da cadeia do glicogênio. A síntese prossegue por adição de resíduos de glicose às extremidades não-redutoras catalisada pelo glicogênio sintase. 84 Ana Lúcia Bertarello Zeni DEGRADAÇÃO SÍNTESE Glicogênio Glicogênio (n resíduos de glicose) (n + 1 resíduos de glicose) Glicose 1 – fosfato UDP-Glicose *Glicose 6-fosfato Glicose 1-fosfato Glicose Glicose 6-fosfato Glicose Esquema geral da degradação e síntese de glicogênio no fígado e no músculo. *Não existe no músculo a enzima glicose 6-fosfatase. 85 Ana Lúcia Bertarello Zeni No músculo Glicose-6-fosfato → glicólise → energia para o músculo. No fígado Glicose-6-fosfato → glicose → glicose para o sangue. DOENÇAS HEREDITÁRIAS DO METABOLISMO DO GLICOGÊNIO São conhecidas várias moléstias hereditárias cuja causa primária é a deficiência (ausência ou diminuição da atividade) de uma das enzimas envolvidas no metabolismo do glicogênio. Os portadores destas moléstias geralmente apresentam aumento no depósito de glicogênio que, em alguns casos, aparece com estrutura anormal. Doenças hereditárias do metabolismo do glicogênio. Tipo Enzima deficiente Consequências I Von Gierke Glicose 6- fosfatase Acúmulo de glicogênio hepático e aumento do fígado; inabilidade de corrigir a glicemia no jejum. II Pompe - 1,6 Glicosidase 1 Acúmulo generalizado de glicogênio, insuficiência cardiorrespiratória e morte precoce. III Cori Enzima desramificadora Glicogênio com ramificações curtas, resultantes da ação da glicogênio- fosforilase. IV Andersen Enzima ramificadora Glicogênio com cadeias muito longas não ramificadas; morte precoce. V McArdle Glicogênio fosforilase muscular Incapacidade de realizar exercícios intensos. VI Hers Glicogênio fosforilase hepática Semelhantes às do tipo I, mas menos intensas VII __ Fosfofrutoquinase muscular Semelhantes à do tipo V VIII Tarui Fosforilase quinase hepática Semelhantes às do tipo I, mas menos intensas. IX __ Glicogênio sintase hepática Diminuição do glicogênio hepático. 1 Enzima lisossômica que hidrolisa os segmentos lineares do glicogênio; em indivíduos normais, constitui uma via secundária do metabolismo do glicogênio. 86 Ana Lúcia Bertarello Zeni GLICONEOGÊNESE Fonte de energia para diferentes tecidos Compostos Tecido Glicose Ácidos graxos Corpos cetônicos Cérebro (120 g/dia) + Hemácias e leucócitos (30 g/dia) + Medula renal + Retina+ Mucosa intestinal + Fígado + + Adiposo + + Músculo esquelético e cardíaco + + + Córtex renal + + + FONTES DE GLICOSE: DIETA GLICOGENÓLISE GLICONEOGÊNESE (AA. lactato e glicerol). - Lis/Leu Relação entre diferentes órgãos na glicongênese- esta via ocorre no fígado a partir de substratos produzidos pelos músculos: lactato no esforço intenso e alanina no jejum; o lactato origina- se, ainda, de hemácias. A maior parte da glicose sintetizada destina-se ao cérebro. 87 Ana Lúcia Bertarello Zeni (ETAPA I) Piruvato + CO2 + H2 O + ATP Oxatoacetato + ADP + Pi Oxatoacetato + GTP Fosfoenolpiruvato + CO2 + GDP Para ser utilizado como substrato da piruvato carboxilase, uma enzima mitocondrial, o piruvato produzido no citossol entra na mitocôndria por ação da piruvato translocase. A piruvato carboxilase contém biotina (vitamina B7), como grupo prostético. A biotina combina-se com CO2 à custa de ATP e promove a carboxilação do piruvato produzido oxaloacetato. O oxaloacetato passa para o citossol através da lançadeira do malato-aspartato e, por ação da fosfoenolpiruvato carboxiquinase, é convertido a fosfoenolpiruvato, através de descarboxilação e fosforilação à custa de GTP. O fosfoenolpiruvato produzido nesta etapa é transformado em frutose 1,6 bisfosfato pelas enzimas que também compõem a glicólise, que como catalisam reações reversíveis, podem operar a via no sentido inverso. A conversão de piruvato em fosfoenolpiruvato compreende o transporte de piruvato para a mitocôndria, sua carboxilação a oxaloacetato, o transporte de oxaloacetato para o citossol e a transformação deste composto em fosfoenolpiruvato. 88 Ana Lúcia Bertarello Zeni (ETAPA II) Conversão de frutose 1,6 – bisfosfato a frutose 6 - fosfato. Frutose 1,6 – bisfosfato + H2 O ________________Frutose 6 – fosfato + Pi. Frutose 1,6 - bisfosfatase FOSFOFRUTOQUINASE (CONTORNO). (ETAPA III) Conversão de glicose 6- fosfato a glicose Glicose 6 – fosfato + H2 O ______________Glicose + Pi. Glicose 6- fosfatase GLICOQUINASE (CONTORNO) BALANÇO ENERGÉTICO: 2 PIRUVATO + 6 ATP + 6 H2 O + 2 NADH GLICOSE + 6 ADP + 6 Pi + 2 NAD + + 6 H+ 2 LACTATO + 6 ATP + 6 H2 O GLICOSE + 6 ADP + 6 Pi + 4 H + * FÍGADO E RINS EXCLUSIVAMENTE 89 Ana Lúcia Bertarello Zeni Bibliografia: MARZZOCO, A. Bioquímica Básica, Rio de Janeiro, Ed. Guanabara, 1999, 232p. Esquema simplificado da gliconeogênese. As reações que convertem piruvato a oxaloacetato e fosfoenolpiruvato estão detelhadas na Fig. 14.3. Deve-se ressaltar que são necessárias duas moléculas de cada um dos compostos gliconeogênicos – alanina, lactato, glicerol – para sintetizar uma molécula de glicose. 90 Ana Lúcia Bertarello Zeni
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