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( Sarah Michalsky 3º Período, 101 )Micobactérias - Mais de 50 espécies – patogênicas e não patogênicas. - Sempre patogênicas (indicam doenças): Mycobacterium tuberculosis, M. leprae e M. bovis. - Potencialmente patogênicas: Mycobacterium avium-intracellulare (paciente HIV positivo), M. kansasii. Raras: M. genavense, M. haemophilum, etc. - Não patogênicas: M. gordonae, M. flavescens, M. fallax e M. gastri. MYCOBACTERIUM TUBERCULOSIS Epidemiologia: - OMS cerca de cem milhões de pessoas/ano em países subdesenvolvidos (30% a 60% dos adultos estão infectados). - Previsão: até 2020, um bilhão de pessoas sejam infectadas, 200 milhões adoeçam e 35 milhões possam morrer. - No Brasil, 2005 a 2014, uma média de 70 mil casos novos e 4.400 mortes por tuberculose, por ano. - A distribuição por formas clínicas mostrou: 60,7% de pulmonares com baciloscopia positiva, 24,9% de pulmonares sem confirmação bacteriológica (apresenta clínica, porém escarro negativo, principalmente em mulheres idosas) e 14,4% de extrapulmonares. - Atinge, principalmente, idade produtiva entre 15 a 59 anos (70%). - HIV modificou a epidemiologia e dificultou o controle. A infecção por HIV é o maior fator de risco. As chances de que a infecção evolua para doença tuberculosa são de 8% a 10% ao ano em indivíduos infectados pelo HIV. - Segundo lugar entre as doenças oportunistas ligadas a AIDS (candidíase oral primeiro). - Outros grupos de risco: alcoólatras (ingere muito álcool, não se alimenta e não dorme direito – baixa imunidade) e desnutridos (baixa imunidade). - A probabilidade de nos contaminarmos por tuberculose é baixa porque nos vacinamos e possuímos vida saudável (come e dorme bem, sistema imunológico funcionando corretamente). Porém, dependerá da carga de microrganismos que entrar em contato. - Importante saber: doenças que mimetizam as outras (diagnóstico diferencial) tuberculose, sífilis, HIV e lúpus. Características: - Robert Koch, 1882 – Mycobacterium tuberculosis bacilo de Koch (BK). - Bastonetes imóveis, não esporulados, não capsulados e aeróbios obrigatórios. - Crescimento lento entre 12 a 24 horas para divisão binária simples – complexa parede celular (nutrientes passam lentamente pela membrana, explica a lenta reprodução). - Possui 3 a 8 semanas de incubação (média de 2 meses para aparecer sintomas). - Parasito intracelular facultativo – latência. Ele vive e se reproduz fora da célula (suscetível ao sistema imune), porém o mecanismo de patogenia é somente dentro da célula. Parece celular: - Rica em ácidos micólicos (gordura): resistência à dessecação, descoloração por álcool e ácido e a diversos agentes químicos e antibióticos – responsável pela formação de granuloma. Impede a formação do fagolisossoma, por isso a multiplicação começa dentro do fagossoma e depois no citoplasma. - Sensível ao calor e radiação ultravioleta. - Fica vivo no ambiente úmido por até 6 meses (resistência fora do organismo). - Considerado gram-positivo no GRAM pelas características de sua parede celular, caso a camada de ácidos micólicos seja removida. - Coloração de Ziehl-Nielsen – bacilos álcool-ácido resistentes (BAAR), corados em tom avermelhado. - Álcool-ácido resistência é a capacidade das micobactérias de reter corantes, não descorando mesmo após lavagem com solução de álcool e ácido. Patogenia: - Transmissão: maioria por inalação (perdigotos e poeira) e minoria por ingestão (leite não pasteurizado). - Quatro desfechos: controle na porta de entrada (imunidade inata com cura total em pessoas saudáveis, não desenvolverão a doença), doença ativa (apresenta sinais e sintomas), tuberculose latente (tuberculose infecção, a maioria não evolui para doença ativa) ou sair da latência e evoluir para doença. - Influenciado por: (1) número de bacilos no inóculo e sua multiplicação subsequente e (2) resistência e hipersensibilidade do hospedeiro. - 3º: o macrófago ativado libera interleucinas para formar novos macrófagos quando os bacilos começam a se multiplicar no interior de fagossomos, formando um tubérculo, que se fundem como uma “parede” para conter a doença e se associam a leucócitos. Alguns macrófagos não conseguem chegar para destruir a bactéria por conta do aglomerado já formado, mas libera – à distância – enzimas que causam lesão pulmonar inflamatória. - 4º: granuloma formado por células inflamatórias e fibrina pode se calcificar lentamente e ficar latente (tuberculose infecção, sem sinais e sintomas). - 5º: granuloma se liquefaz e ao se romper cai na árvore brônquica (tuberculose cavitária com bacilos crescendo fora dos macrófagos), ativando a tosse e eliminando escarro (parênquima pulmonar liquefeito) contendo grande quantidade de bacilos. Os vasos sanguíneos podem se romper e causar hemoptise, além de encher a árvore brônquica de sangue, com paciente evoluindo para óbito. Resposta inflamatória inicial: - Contágio parte dos bacilos são removidos (pelos nasais, turbilhonamento aéreo, reflexo da tosse ou clearance mucociliar) – outra parte atinge os alvéolos. - Nos pulmões, macrófagos residentes são as primeiras células a interagirem com o bacilo – destruição parcial – multiplicação dentro dos fagossomos dos macrófagos (tubérculo). - Macrófagos alveolares produzem citocinas – leucócitos polimorfonucleares são atraídos. - Resposta inflamatória inicial ineficiente gera meio desfavorável para o bacilo, início da ativação da resposta imune específica com anticorpos ou células. Linfócitos T e granuloma: - Linfócitos TCD4+: mais importantes na defesa imune contra o bacilo tuberculoso (ajuda/estimula os macrófagos a formarem fagolisossomas). Por isso a maior susceptibilidade a tuberculose em paciente portador de HIV. - Início da formação do granuloma. - A lesão granulomatosa com áreas de necrose caseosa, e a posterior liquefação com escavação lesional são os achados mais característicos da tuberculose. - O termo caseosa é utilizado devido à semelhança com queijo: homogênea, branco-amarelada e rica em proteínas e gorduras liberadas pelo metabolismo bacilar. Formas patogênicas da doença: 1) Primo-infecção tuberculosa: - Primeiro contato surge cancro de inoculação no pulmão, em geral único e periférico, chamado foco de Ghon. - Do cancro, os bacilos são drenados pelos linfáticos e atingem os gânglios regionais (foco ganglionar), de onde poderá ocorrer a disseminação hematogênica para todo o organismo. - Essa reação ganglionar é a principal característica da infecção primária. - O complexo formado pelo foco de Ghon, linfangite e foco ganglionar é chamado de complexo primário ou complexo de Ranke. - Nesta fase, o teste tuberculínico (PPD – derivado proteico purificado) intradérmico é positivo em duas a três semanas após o contágio ou em indivíduos recentemente vacinados. É chamada viragem tuberculínica (reator). - Essa lesão deverá estar hiperemiada (sinal de inflamação) para ser positiva. - A presença de nódulo de mesma coloração da pele não é critério diagnóstico. - A classificação “não reator” significa que o indivíduo nunca entrou em contato com o microrganismo ou foi vacinado, mas não desenvolveu imunidade. A vacina BCG protege 90% dos indivíduos, sendo de imunidade contra a tuberculose miliar (forma mais grave), então, a pessoa poderá ter a infecção mais branda. - A classificação “reator fraco” significa que o indivíduo já foi contaminado e curado ou vacinado com BCG. 2) Tuberculose primária: - Se a primoinfecção não ocorrer equilíbrio imunológico, os bacilos recém-implantados nos linfonodos e/ou parênquima pulmonar continuam a se multiplicar. - Tuberculose (doença) primária – se desenvolve nos primeiros cinco anos após a primoinfecção. - Forma-se granulomas com microrganismos latentes (cicatrizados e calcificados). - Nos raios-X desse paciente estarão presentes alguns nódulos que durante investigação entrou em contato com outro indivíduo tuberculoso. - Cerca de 5% dos indivíduos – outros 95% permanecem infectados, porém assintomáticos. - Pode manifestar-se apenas com envolvimento ganglionar, mas também pode envolver os pulmões ou se apresentarnas formas meníngea ou hematogênica. 3) Tuberculose secundária: - Após décadas da lesão primária, uma minoria dos infectados apresentará tuberculose secundária (raro), é predominante em relação à forma primária. - Maioria é por reativação (endógena) do foco latente, mas também reinfecção (exógena). - Pulmão é o órgão mais comumente atingido, principalmente a região do ápice. - O desenvolvimento de lesões cavitárias pulmonares é a característica mais importante da tuberculose secundária. 4) Tuberculose miliar: - Forma disseminada da doença. 5) Tuberculose extrapulmonar: - Penetração via respiratória (principal) e instalação em qualquer órgão. - Também por manipulação cirúrgica ou diagnóstica. - Mais frequentes: pleural, linfática, ósteo-articular, geniturinária e intestinal. - Disseminação: linfo-hematogênica, hematogênica, contiguidade (pleural, pericárdica, peritoneal e cutânea) e intracanalicular. Sinais e sintomas: - Tosse produtiva ou seca por pelo menos 15 dias. - Febre vespertina – baixa: entre 37,5°C a 38°C. - Perda de peso (10%). - Fadiga (não consegue caminhar 100m). - Falta de apetite. - Sudorese noturna. - OBS: a principal causa de tosse seca é o refluxo gastroesofágico, o tecido do esôfago é parecido com o do pulmão. Diagnóstico: - Clínico (sinais e sintomas). - Imagem (raios-x de tórax, porém TC é mais sensível). - Laboratorial (baciloscopia e cultura). - Baciloscopia: pesquisa suspeita de bacilos ácool-ácido resistentes (BAAR). - Cultura: padrão-ouro – isolamento de BAAR. Mesmo demorado (28 dias), é preciso pedir para saber qual a espécie de micobactéria tratar (antibiograma). - Amostras de escarro: três amostras consecutivas coletadas pela manhã em jejum e sem antissepsia oral – 50% sensibilidade, uma única amostra positiva já confirma diagnóstico. O indivíduo pode ser induzido ao escarro com solução de NaCl. Amostra não representativa significa saliva, o paciente só “cuspiu”. - Amostra negativa não exclui diagnóstico. - Se o indivíduo não conseguir escarrar, é feita um lavado bronco-alveolar invasivo (o indivíduo pode morrer) – 90% de sensibilidade. - Sorologia. Prevenção e controle: - Tratamento imediato e eficaz dos doentes (6 meses de terapia com uso de 3 ou 4 drogas, principalmente isoniazida e rifampicina) e acompanhamento do contato. - Imunização por BCG (cultura viva de M. bovis que se tornou avirulenta). - Ambientes arejados. - Erradicação da tuberculose no gado e pasteurização do leite. MYCOBACTERIUM LEPRAE - Causa a hanseníase (lepra). - Doença infectocontagiosa causada pelo bacilo M. leprae que atinge a pele e os nervos periféricos. - É um parasita intracelular obrigatório, com afinidade pelos macrófagos e bainha de mielina de células ao redor dos nervos periféricos (células de Schwann). - Fator de virulência: multiplicação intracelular. - Não é cultivável (não se sabe como se multiplica). Transmissão: - O homem é considerado o único reservatório natural, embora tenham sido identificados animais naturalmente infectados (como o tatu, o macaco mangabei e o chimpanzé). - Principal via de eliminação via aérea superior (secreção da mucosa nasal e orofaríngea) de pacientes das formas multibacilares sem tratamento. - Via de penetração via aérea superior. - Menos frequente eliminação pelas lesões da pele, e também sua penetração pela mesma, desde que exista solução de continuidade. - Transmissão por convívio prolongado ou íntimo. - O microrganismo possui alta infectividade (grande número de pessoas expostas apresentam anticorpos contra o bacilo) e baixa patogenicidade (apesar de grande número de pessoas infectadas, poucas adoecem). - Exercem influência no adoecimento: fatores ligados ao bacilo (exposição e quantidade), fatores ligados ao doente (resposta imunológica frente ao bacilo) e fatores ambientais (condições socioeconômicas, populacionais e sanitárias). Hanseníase indeterminada: - É a forma inicial da doença, caracterizada por área circunscrita hipoestésica ou mácula hipocrômica com periferia eritematosa (1 a 5 lesões) com redução das sensibilidades térmica e dolorosa, da sudorese e dos pelos. - Não há comprometimento de tronco nervoso. - Baciloscopia de pele negativa, forma paucibacilar (pouco ou nenhum bacilo no exame) e não contagiante. Hanseníase tuberculoide/neural: - Forte resposta imune celular (granulomas) com morte bacilar. - Lesões em placa (elevadas e totalmente preenchidas) ou de borda papulosa, limites bem nítidos, eritemato-acastanhadas, com alterações da sensibilidade térmica, dolorosa e tátil, ausência de suor e rarefação de pelos. - Forma assimétrica com poucas lesões. - Baciloscopia de pele negativa, forma paucibacilar. - Pode comprometer troncos nervosos, evidenciado por espessamento e, às vezes, dor ou choque. Hanseníase virchowiana: - Fraca resposta imune celular. - Máculas hipocrômicas infiltradas por macrófagos repletos de bacilos, formando pápulas, placas e nódulos (hansenomas), eritemato-ferruginosas, mal delimitadas, com diminuição das sensibilidades térmica, dolorosa e tátil. - Disseminação difusa na pele: queda do terço externo da sobrancelha (madarose), rarefação dos pelos, congestão nasal, diminuição da sudorese, comprometimento de mucosas, ossos, olhos e nervos periféricos. - Baciloscopia de pele positiva, forma contagiante pela secreção nasal e exsudato de suas lesões e multibacilar. Hanseníase dimorfa: - Lesões características das formas tuberculoide e virchowiana, com lesões eritemato-acastanhadas, em placas, acometimento neurológico e áreas de anestesia. Definição para hanseníase: - Pessoa que apresenta uma ou mais característica a seguir, com ou sem história epidemiológica (contato com infectado). - Lesões ou áreas da pele com alteração de sensibilidade. - Acometimento neural com espessamento do nervo, acompanhado ou não de alteração de sensibilidade e/ou força muscular. - Baciloscopia positiva para Mycobacterium leprae. Diagnóstico: - Clínico: anamnese + exame físico com alteração dermato-neurológica. Baciloscopia da pele: - Realizada no momento do diagnóstico independente da forma clínica. Feita pela drenagem da linfa do lobo da orelha. - Não se raspa lesão! - Baciloscopia positiva é determinante para forma multibacilar (virchowiana).
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