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Ancilostomíase e Necatoríase

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(
Sarah 
Michalsky
3º Período, 101
)Ancilostomíase e Necatoríase
- Classe: Nematoda.
- Família: Ancylostomidae (boca curva, distinguidos pela cápsula oral)
MORFOLOGIA
Subfamília: Ancylostominae – dentes na margem da boca.
- Exemplos: Ancylostoma duodenale, A. ceylanicum (parasita de cães e gatos, larva migrans cutânea e doença intestinal humana na fase adulta), A. brazilense e A. caninum.
Subfamília: Bunostominae.
- Exemplos: Necator americanus – lâminas cortantes circundando a boca.
- O diagnóstico de ancilostomíase e necatoríase são feitos em conjunto, os ovos são indistinguíveis.
- Os ancilostomídeos que parasitam o homem habitual ou ocasionalmente podem ser distinguidos pela morfologia da cápsula bucal e pela da bolsa copuladora.
- Macho: possui uma dilatação na parte posterior do corpo chamada bolsa copuladora.
- O ovo no estágio de mórula que geralmente é identificado no exame parasitológico de fezes. Possui casca fina e transparente.
- A larva rabditoide eclode do ovo no solo, alimentando-se no solo de bactérias, microrganismos e matéria orgânica, antes de se tornar infectante (geohelminto).
- L1 L2 no solo L3 (larva infectante acastanhada que não consegue sobreviver muito tempo no solo, precisa penetrar na pele ou mucosas do ser humano).
- A capa transparente ao redor da larva filarioide (infectante) é característica de ancilostomídeos.
A. duodenale:
- Dois pares de dentes na margem da boca.
- 8 a 11mm de comprimento (macho).
- 10 a 18mm de comprimento (fêmea) depositando 20 a 30 mil ovos por dia.
N. americanus:
- Lâminas cortantes circundando a boca.
- 5 a 9mm de comprimento (macho).
- 9 a 11mm de comprimento (fêmea) depositando 6 a 11 mil ovos por dia.
- Seus ovos são mais resistentes a insolação e temperaturas mais altas (por isso a menor produção de ovos).
AÇÃO DOS PARASITAS NO HOSPEDEIRO
- Ação traumática (ação dos dentes e a boca contra a parede intestinal do hospedeiro).
- Ação espoliativa (sangue).
- Ação enzimática anticoagulante (sangramento constante para a boca do verme).
- Pela falta de oxigenação no epitélio (anoxia) as células morrem (necrose).
- As lesões/ulcerações abandonadas pelo verme demoram a ser restauradas por conta da ação enzimática e a anoxia do tecido.
- Portanto, é visto sangramento nas fezes do indivíduo, podendo ser não coagulado e em grande quantidade.
IMPORTÂNCIA
- Aproximadamente 900 milhões de pessoas estão infectadas ao redor do mundo e 60 mil morrem anualmente.
Distribuição geográfica:
- A. duodenale: “ancilostoma do velho mundo”.
- N. americanus: “ancilostoma do novo mundo”.
- A. ceylanicum: Índia, Japão, Suriname, Indonésia, Taiwan, Tailândia, Filipinas e Brasil.
- As fêmeas depositam seus ovos no intestino delgado (duodeno).
- A larva infectante precisa encontrar o hospedeiro entre 3 a 4 semanas.
- Se engolir as larvas do N. americanus, elas serão destruídas no suco gástrico. Apenas a infecção ativa será infectante.
- O sinal de porta de entrada da larva é uma lesão puntiforme que causa certo prurido, caindo na corrente sanguínea.
- A transformação de L3 para L4 é no nível dos alvéolos pulmonares, resultando em traumatismo.
PATOGENIA
- Etiologia primária e secundária.
- 1ª migração e instalação dos parasitas no hospedeiro.
- 2ª permanência dos parasitas no hospedeiro – fenômenos bioquímicos e hematológicos.
Etiologia primaria:
- Intensidade das lesões: número de larvas e sensibilidade do hospedeiro.
- Penetração pela pele: lesões traumáticas e fenômenos vasculares (rupturas e vermelhidão), dermatite urticariforme (prurido mais ou menos intenso), edema, “sensação de picada”. Pode ocorrer infecção secundária por causa da porta aberta pelas larvas.
- Alterações pulmonares – tosse, febrícula e eosinofilia sanguínea. Pode haver síndrome de Loeffler.
Etiologia secundária:
- Intensidade dos sintomas: número de parasitos (carga parasitária).
- Sintomas abdominais: dor epigástrica, diminuição de apetite, indigestão, cólica, indisposição, náuseas e vômitos.
SINTOMATOLOGIA DA FASE CRÔNICA
- Costuma haver hipotensão com aumento da diferença entre a pressão máxima e a mínima.
- Ocorrem tonturas, vertigens, zumbidos nos ouvidos (falta de oxigenação no nervo óptico) e manchas no campo visual (falta de oxigenação no nervo óptico).
- Também, dores musculares e câimbras, sobretudo nas pernas ao caminhar (o indivíduo faz uso da anaerobiose produzindo muito lactato), cefaleia e dores precordiais.
- Na esfera genital: amenorreia, redução da libido e impotência.
- Mesmo nos adultos, a anemia traz mudanças na personalidade, como foi descrito por Monteiro Lobato na figura de “Jeca Tatu”.
- Por fim, aparecem palpitações, sopros cardíacos, dispneia aos esforços e insuficiência cardíaca congestiva.
PATOLOGIA
- Do sangue evacuado pelos helmintos, 30 a 40% do Fe são reabsorvidos pelos intestinos. O resto deve provir da dieta do paciente. Se não, as reservas hepáticas de Fe (900mg) vão diminuindo até se esgotarem e a produção de hemoglobina cai.
- Por exemplo, se em função da ingestão de Fe e da espoliação feita por 700 Necator, houver um déficit diário de 4mg de Fe, serão necessários 900/4 = 225 dias para que a anemia comece a manifestar-se.
- Razão pela qual os indivíduos parasitados podem apresentar uma taxa normal de hemoglobina durante um longo período.
- Mas a medida que a anemia progredir, haverá hemodiluição e perda menor de ferro se a espoliação permanecer de volume constante.
- Até que a quantidade de ferro perdida se iguale a ingerida, estabilizando o grau de anemia no paciente.
Sintomas abdominais:
- Anemia hematofagismo – N. americanus (0,01 a 0,04ml/dia). A. duodenale maior hematofagismo (0,05 a 0,3ml/dia).
- Diarreias sanguinolentas extremamente fétidas.
- Diminuição do apetite e apetite depravado (geofagia).
- Em casos fatais observou-se jejuno-ileíte, ulcerações, hemorragias, supuração, necrose, gangrena e peritonite.
- Fase aguda: penetração das larvas e fixação no intestino.
- Fase crônica: presença dos vermes no intestino.
a) Primários – diretamente ligados à atividade dos parasitas.
b) Secundários – decorrentes da anemia e hipoproteinemia. São os mais frequentes na ancilostomose.
OBS: primários (cessam com o tratamento) e secundários (dieta com folhas verdes, feijão, fígado).
Fatores que favorecem o desenvolvimento das larvas:
- Solo arenoso, poroso, úmido, rico em matéria orgânica e sombreado.
- Clima ou microclima com umidade e temperaturas favoráveis a vida das larvas, entre 23°C e 30°C para Ancylostoma e 30°C a 35°C para Necator.
- Diminuição da contaminação no solo: cultivo de capim cidreira, margaridas, arruda e hortelã.
PROFILAXIA
- Andar calçado.
- Lavar bem as frutas, verduras e legumes.
- Tratamento dos doentes.
DIAGNÓSTICO
- Anamnese, associação de sintomas cutâneos, pulmonares e intestinais e anemia.
- Exame parasitológico de fezes: métodos qualitativos (saber qual verme é, precisa usar os vermes adultos) e quantitativos.
- Coprocultura.
- O diagnóstico da ancilostomíase não oferece dificuldades, pois os ovos são típicos e em geral abundantes nas fezes dos pacientes.
- O exame coproscópico de um simples esfregaço feito com fezes e solução fisiológica, em lâmina de microscopia, é suficiente.
- Para estimar-se a carga parasitária, fazer uma contagem de ovos pelo método de Stoll.
- Cada 35-40 ovos por grama de fezes correspondem a uma fêmea, sendo que as fêmeas representam 50% da população helmíntica.
- Uma infecção com menos de 50 vermes é considerada leve, entre 50 e 200 já tem significação clínica, podendo causar anemia, entre 200 e 1000 é intensa e, acima de 1000 vermes, muito intensa.
TRATAMENTO
- Mebendazol: é um composto pouco solúvel e mais eficiente quando micronizado. Com 500mg em dose única (ou 100mg, 2 vezes ao dia, 3 dias) cura cerca de 100% dos casos. Praticamente sem efeitos colaterais, mas contraindicado na epilepsia.
- Albendazol: 400mg, assim como levamisol (50-150mg) são anti-helmínticos de largo espectro, o grupo do mebendazol.
- Pamoato de pirantel: produto sintético, insolúvel na água e pouco absorvível, que cura 80%dos casos com 10mg/kg de peso, durante 3 dias.
- Ferroterapia: a administração de sulfato ferroso aos pacientes com anemia é importante para uma recuperação rápida. O tratamento deve ser prolongado para refazer as reservas de ferro do organismo.
- É importante, também, a correção dos hábitos alimentares para a inclusão de boas fontes de ferro na dieta, como proteínas e vitaminas.

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