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Estudo de Transformação da Paisagem - AULA 01

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Prévia do material em texto

Prof. Thiago Kich Fogaça 
ESTUDO DAS 
TRANSFORMAÇÕES 
DA PAISAGEM 
AULA 1
2 
CONVERSA INICIAL 
Olá, caro aluno! 
Você deve saber que as ações mal planejadas da nossa sociedade – tais como 
desmatamentos, ocupações irregulares, falta de manejo do solo na agricultura, 
extração mineral irregular, entre outros – causam diversos impactos aos 
ambientes, o que configura um importante debate entre os cientistas das mais 
diversas áreas. Assim, por se tratarem de temas de importância global e que 
exigem soluções imediatas, devido aos riscos que os desastres 
ambientais podem representar às sociedades humanas, os geógrafos têm 
se dedicado, entre outros assuntos, às pesquisas relacionadas ao ambiente. 
Dessa forma, as investigações relativas às consequências das ações das 
sociedades no ambiente apresentam um caráter complexo que envolve muitas 
variáveis, sendo uma possibilidade de interpretação científica os estudos sobre 
a paisagem geográfica que subsidiam o entendimento dos processos 
que envolvem a evolução e o desenvolvimento das paisagens. Em linhas 
gerais, por meio dos estudos da paisagem, os geógrafos são capazes de 
observar além dos processos naturais, os efeitos das ações humanas na 
natureza, bem como as condições de adaptação e vulnerabilidade das 
sociedades em um determinado ambiente. 
Nesta aula será apresentada a teoria geográfica da paisagem, as diferentes 
concepções teóricas e como algumas teorias são atualmente aplicadas aos 
estudos geográficos. 
Veremos também, as correntes teóricas que fundamentam a análise geográfica 
com a história da ciência e com o ensino e as práticas profissionais da 
Geografia. 
Antes de tudo, assista ao vídeo de apresentação do professor e da disciplina no 
material on-line. 
 
 
3 
 
CONTEXTUALIZANDO 
Um problema muito comum enfrentado pela sociedade dos países em 
desenvolvimento diz respeito às questões relacionadas a ocupações irregulares. 
A dificuldade em oferecer a estrutura necessária para a boa sobrevivência das 
populações mais carentes, tem levado diversas populações a habitarem em 
locais considerados de alto risco, como leitos de rios e encostas. Neste sentido 
os estudos das transformações da paisagem e do relevo são de vital importância 
para compreender a natureza dos elementos físicos que se encontram no 
ambiente habitado, sendo também importante considerar o conhecimento prévio 
que muitas populações possuem na adaptação ao ambiente, como no caso das 
comunidades ribeirinhas que entendem os processos relacionados aos regimes 
de cheia e vazante dos rios dos quais se avizinham. 
É importante perceber que a interação sociedade-ambiente se dá em um 
viés teórico, ao estudar geograficamente a paisagem e o relevo e também num 
viés empírico, ou seja, da experiência em que encontramos a influência mútua 
existente entre a população que habita uma área de risco e os elementos físicos 
que os compõe. 
Para os geógrafos a análise integrada dos fenômenos passou por diversas 
percepções, no intuito de tornar científico os estudos da paisagem, diversos 
pesquisadores se dedicaram ao aprofundamento teórico e metodológico do que 
conhecemos como ciência da paisagem. Por isso, primeiramente iremos nos ater 
a estudar os diferentes olhares geográficos sobre o conceito de paisagem. 
Preparado? 
Antes de iniciarmos nossos estudos, assista à contextualização que o professor 
Thiago Fogaça faz dos assuntos de hoje! Acompanhe as palavras dele no 
material on-line. 
 
 
TEMA 1 – Introdução ao Conceito de Paisagem na Geografia 
 
 
 
4 
Ao longo da trajetória da geografia enquanto ciência, diversos foram os 
pesquisadores que se dedicaram a estudar a paisagem geográfica. Assim, para 
realizarmos um estudo sobre o espaço geográfico, podemos adotar diferentes 
categorias de análise, tal como: região, território, lugar e paisagem. Dentre esses 
conceitos, o último – a paisagem – é aquele que melhor se adéqua à nossa 
proposta de compreender as transformações do ambiente. Esse importante 
conceito passou por diversas adaptações ao longo da história da Geografia, e 
por isso mesmo é necessário conhecermos um pouco mais sobre a teoria 
geográfica da paisagem. 
Veremos agora, os marcos teóricos do conceito de paisagem na Geografia, que 
são alguns dos primeiros estudos a se aprofundar na discussão deste conceito; 
a importância da teoria geral dos sistemas como referência nos estudos da 
paisagem, que já apontavam para uma perspectiva integradora, mas que, 
adquiriram funcionalidade por meio da perspectiva sistêmica; e, a partir do 
desenvolvimento de certas teorias geográficas amparadas na abordagem 
sistêmica, vamos entender a atualidade dos estudos da paisagem com enfoque 
nos estudos geomorfológicos – ou seja, do relevo. 
 
Você já observou que é comum um mesmo tema ser visto por meio de 
diversos pontos de vista? E que essas perspectivas se modificam de acordo com 
a cultura e o tempo histórico? 
 
Sendo assim, questionamos: como você definiria paisagem? Para a 
Geografia, o termo paisagem é uma importante categoria de análise, pois você 
já sabe que os geógrafos trabalham com diferentes escalas e fenômenos 
espaciais. Vamos conhecer um pouco mais sobre esse conceito como termo 
científico da Geografia, por meio de diferentes perspectivas que se encontram 
inicialmente em três escolas: a alemã, a francesa e a norte-americana. 
 
Segundo a escola alemã 
Na Alemanha, o conceito de Landschaft (paisagem) foi concebido por Alexander 
von Humboldt (1769-1859) em sua obra Ansichten der Natur (Quadros da 
 
 
5 
natureza), de 1808. Nela, os autores nos apresentam a reflexão acerca da ideia 
de paisagem como uma representação das propriedades físicas observadas em 
um determinado local ou, conforme escreve Pedras (2000, p.100), a paisagem 
humboldtiana (relativo ou pertencente a Alexander von Humboldt, naturalista 
alemão 1769-1859), seria a “transcrição exata da imagem visualizada no contato 
direto junto à natureza, e a paisagem que, embora programada pelo cálculo 
exato e pontual, vai ser manipulada e reconstruída a fim de atingir uma paisagem 
ideal”. Podemos observar assim, que a paisagem para Humboldt se fixa na 
representação dos aspectos físicos, visto que esse eminente geógrafo fez parte 
de expedições que buscavam observar os aspectos naturais dos locais 
explorados e, portanto, as experiências de Humboldt ficaram impressas em seu 
conceito de paisagem. 
 
Segundo a escola francesa 
Anos mais tarde, na França, Paul Vidal de La Blache (1845-1918) propôs a 
análise da paysage (paisagem) como categoria de análise da Geografia em seu 
livro Tableau de la Géographie de la France (Quadro da Geografia da França), 
de 1903, e também no artigo “De l’interprétation géographique des paysages” 
(Da interpretação geográfica da paisagem) de 1908, nos quais observamos o 
desenvolvimento da ideia de paysage (ou pays) que, para La Blache, estava 
pautada na interação do homem com seu espaço físico, em que determinados 
gêneros de vida poderiam se manifestar. Essa concepção de paysage 
influenciou diretamente a Geografia Francesa. 
 
Segundo a escola norte-americana 
Também é importante destacarmos, no escopo da contribuição norte-americana 
ao conceito de paisagem, o trabalho de Carl Ortwin Sauer (1889-1975), The 
Morfology of Landscape (A morfologia da paisagem), de 1925, em que ela é 
definida como “uma área composta por uma associação distinta de formas, ao 
mesmo tempo físicas e culturais”, por meio da qual “sua estrutura e função são 
determinadas por formas integrantes e dependentes” (Sauer, 1998. p.46). Sauer 
(1998) também enfatiza o aspecto cultural da paisagem, que é modelada a partir 
 
 
6 
de uma paisagem natural por um grupo cultural, sendo “a cultura é o agente, a 
área o meio, e a paisagem cultural o resultado”. 
Considerando as abordagens que apresentamos acima, podemos observar que 
elas são complementares,no sentido de apresentarem avanços na concepção 
da paisagem. Humboldt contribuiu com a observação dos aspectos físicos, La 
Blache considerou a interação dos aspectos físicos e humanos e Sauer 
contribuiu com a perspectiva cultural de paisagem. Além dessas importantes 
contribuições, outras teorias foram igualmente relevantes para construir a 
perspectiva integradora da paisagem. 
Além das concepções apresentadas, outra escola de geografia que merece 
destaque nos estudos da paisagem foi a escola Russa. No final do século XIX a 
perspectiva alemã de paisagem – landshaft e a perspectiva francesa – paysage 
permearam as discussões na academia russa de geografia, devido à demanda 
por compreender o vasto território russo. 
Sobre os assuntos que estudamos, o professor Thiago Fogaça traz outros pontos 
importantes. Acesse o material on-line! 
 
TEMA 2 – A Teoria Geral dos Sistemas como Marco Integrador da 
Paisagem 
 
Conforme vimos anteriormente os estudos da paisagem na geografia tiveram um 
momento de desinteresse por parte dos geógrafos devido à onda de 
matematização e cientificidade de que se instalou a partir da década de 1920 na 
geografia. A paisagem não era vista como uma categoria que pudesse ser 
quantificada, e era considerada pouco científica para alguns. 
Foi então que entre as teorias que poderiam contribuir para os estudos da 
paisagem, que demandavam uma análise integrada dos fenômenos, podemos 
destacar a teoria geral dos sistemas (TGS), que foi proposta na década de 1950 
pelo biólogo austríaco Ludwig Von Bertalanffy (1901-1972). Em um primeiro 
momento essa teoria foi desenvolvida para atender as demandas de estudos 
relacionados à Biologia e, a partir de então, a comunidade científica passou a 
 
 
7 
conceber a natureza como um elemento passível de ser analisado 
sistematicamente. 
A TGS passou a ser utilizada por diversos ramos científicos entre eles a 
economia e mais tarde a computação. Bertalanffy (1973) entendia que os 
sistemas são compreendidos como uma entidade, e não apenas como um 
aglomerado de partes; ou seja, considerava que o todo era maior que a soma de 
suas partes, e que os elementos do sistema realizam trocas de matéria e energia 
entre si. 
Os efeitos da TGS puderam ser percebidos também nos estudos geográficos em 
que surgiram diversas outras teorias que entendiam a natureza em uma 
perspectiva sistêmica, tal como a teoria ecossistêmica e a geossistêmica, cujas 
bases iriam contribuir enormemente para os estudos da paisagem. 
De acordo com Schier (2003. p.80), até a década de 1940, a Geografia alemã 
utilizou a paisagem como categoria científica que considerava “um conjunto de 
fatores naturais e humanos (Otto Schlüter, SiegfriedPassarge e Karl Hettner) ”, 
sendo que foi somente na década de 1950 que a teoria geral dos sistemas 
passou a ser adotada pelas ciências em geral como uma perspectiva 
integradora. De acordo com Mendonça (1998), para a Geografia, esse fato 
configurou um esforço do espírito de cientificidade que os geógrafos buscavam, 
pois foi pela aplicação da teoria geral dos sistemas, associada à modelagem 
matemática e à quantificação dos fenômenos espaciais, que a chamada Nova 
Geografia (New Geography) se configurou como um modelo aceito pela 
comunidade científica da época. 
Sobre a aplicação da teoria geral dos sistemas na Geografia, Mendonça (1998) 
esclarece que a teoria ecossistêmica, proposta primeiramente pelo ecologista 
inglês Arthur Tansley (1871-1955), influenciou a Geomorfologia de Richard John 
Chorley (1927-2002), a teoria geossistêmica do russo Viktor Borisovich Sotchava 
(1905-1978), a teoria da paisagem do biogeógrafo francês Georges Bertrand 
(nascido em 1932) e a teoria ecodinâmica do também francês Jean Tricart (1920-
2003). 
Entenda melhor essa situação com a explicação do professor Thiago Fogaça. 
Confira no material on-line. 
 
 
8 
 
TEMA 3 – Geossistema-Território-Paisagem 
 
Nessa perspectiva integradora, a teoria geossistêmica elaborada por 
Sotchava na década de 1960 foi difundida mundialmente pelo biogeógrafo 
Bertrand, por meio do artigo “Paysage et géographie physique globale: esquisse 
méthodologique” (Paisagem e Geografia Física global: esboço metodológico) de 
1968, republicado pela Revista RA’E GA em 2004. Nesse texto, Bertrand 
argumenta sobre a importância de embasar os estudos da paisagem na teoria 
geossistêmica, sendo fundamental adequar a escala do fenômeno, para 
mensurá-lo e cartografá-lo, o que se diferenciado conceito de ecossistema, que 
está atrelado a um elemento vivo e não a um fenômeno espacial. 
Pela teoria de Bertrand (2004), podemos concluir que a visão geossistêmica 
busca sintetizar os conhecimentos sobre a paisagem elaborados por geógrafos 
e pesquisadores anteriores a ele. Bertrand considera a dinâmica do geossistema 
passível de integrar aspectos naturais e culturais, conforme expõe no seguinte 
trecho: 
 
[...] o geossistema é um complexo essencialmente 
dinâmico mesmo em um espaço-tempo muito breve, por 
exemplo, de tipo histórico. O ‘clímax’ está longe de ser 
sempre realizado. O potencial ecológico e a ocupação 
biológica são dados instáveis que variam tanto no tempo 
como no espaço. A mobilidade biológica é bem conhecida 
(dinâmica natural da vegetação e dos solos, intervenções 
antrópicas etc.). De outro lado, parece que os naturalistas 
se interessaram pouco pela evolução própria do potencial 
ecológico que precede, acompanha ou segue as 
modificações de ordem biológica. Por exemplo, a 
destruição de uma floresta pode contribuir para a elevação 
do lençol freático ou desencadear erosões susceptíveis de 
transformar radicalmente as condições ecológicas. As 
noções de fator – limitante e de mobilidade ecológica 
 
 
9 
merecem um exame aprofundado da parte do geógrafo 
advertido dos fenômenos de geomorfogênese e de 
degradação antrópica (Bertrand, 2004, p. 147). 
 
 Ainda outros dois aspectos são destacados por Bertrand (2004): o 
primeiro está relacionado à tipologia da paisagem, ou seja, sua taxonomia 
(classificação), em que cada unidade de paisagem deve ser considerada em sua 
dinâmica e adequada à escala de análise. O segundo aspecto é relativo à 
cartografia da paisagem que, para o autor, necessita de atenção e deve ser 
apresentada detalhadamente. Sobre o cuidado na realização dos levantamentos 
da paisagem, o autor afirma: 
 
O essencial do trabalho se efetua no terreno: 
levantamentos geomorfológicos, pedológicos e 
fitogeográficos, exame das águas superficiais, 
observações meteorológicas elementares, inquéritos sobre 
o sistema de valorização econômica (gestão florestal, 
percursos pastoris, direitos de uso etc.). Essas informações 
e levantamentos temáticos são completados pelos 
trabalhos de arquivos e inquéritos diversos (cadastro, 
serviços administrativos etc.). A consulta da bibliografia 
especializada é, bem entendido, indispensável, mas ela é 
muitas vezes difícil de ser utilizada por causa da diferença 
de ponto de vista (Bertrand, 2004 p.151). 
 
O geossistema de Bertrand considera assim a morfologia, o funcionamento e o 
comportamento dos elementos a serem cartografados por meio de diferentes 
escalas espaciais que, em ordem decrescente de área, podemos apresentar 
como: zona, domínio, região, geossistema, geofácies e geótopo. Dessa forma, 
em um primeiro momento, a teoria da paisagem de Bertrand, baseada na 
concepção geossistêmica, é compreendida como um método de análise 
geográfica, cujo objetivo é facilitar o entendimento da dinâmica e da interação 
 
 
10 
dos fenômenos terrestres por parte dos geógrafos, por meio de sistematizações, 
modelagens, levantamentos e mapeamentos. 
Em outro momento, Bertrand (Bertrand.Bertrand,2007) avançam na teoria 
geossistêmica devido às demandas da sociedade por métodos que possibilitem 
não apenas o entendimento dos fenômenos, mas também que sejam passíveis 
de aplicaçãono planejamento da paisagem. Portanto, a paisagem se torna uma 
ferramenta de ação territorial, sendo o território um novo elemento a ser 
considerado nos estudos da paisagem, o qual representaria o aspecto 
socioeconômico do sistema. Bertrand e Bertrand (2007, p.142) consideram que 
o território “é de alguma forma a interpretação socioeconômica do geossistema”, 
sendo que o uso desse conceito possibilitaria a interpretação das relações 
políticas ocorridas no geossistema. 
Como você pode notar, o estudo da paisagem, desde seu início, na Geografia, 
trouxe questionamentos a respeito da integração entre paisagem cultural e 
natural. Nessa direção, Bertrand e Bertrand (2007) propõem um método de 
análise conhecido como geossistema-território-paisagem (GTP), buscando uma 
integração das diferentes formas de compreensão da paisagem. De acordo com 
Passos (2013, p.178), o geossistema passaria a ser a representação do espaço-
tempo antropizado, a entrada natural do sistema; o território seria a entrada 
socioeconômica, representando o espaço-tempo das sociedades; e, por fim, a 
paisagem representaria o espaço-tempo da cultura. 
 
Assim, podemos estabelecer que Bertrand e Bertrand (2007) realizaram um 
avanço na teoria geossistêmica, ao ir além dos elementos físicos, considerando 
também os aspectos políticos que envolvem o complexo sistema da paisagem. 
Conheça agora as regras de classificação para a correta designação do código 
a ser atribuído para determinada mercadoria. 
 
Antes desta aula, você já havia escutado o termo geossistema? E quanto a sua 
integração com as diferentes formas de compreensão da paisagem? Bem, para 
responder a essas questões o professor Thiago Fogaça preparou a videoaula a 
seguir. Confira no material on-line. 
 
 
11 
 
TEMA 4 – Ecodinâmica 
Em 1977, a Superintendência de Recursos Naturais e Meio Ambiente do 
Brasil (Supren) publicou a obra do geomorfólogo francês Jean Tricart (1920-
2003), intitulada Ecodinâmica. Nessa obra, o autor apresentou outra abordagem 
de sistemas, que buscava integrar sociedade e natureza. Nas palavras de Tricart 
(1977): “uma unidade ecodinâmica se caracteriza por certa dinâmica do meio 
ambiente que têm repercussões mais ou menos interativas sobre as 
biocenoses”. A morfodinâmica é o elemento determinante que depende do clima, 
da topografia (formas de vertentes), do material rochoso. Ela permite a 
integração desses vários parâmetros. O conceito de unidades ecodinâmicas é 
integrado ao conceito de ecossistema. Baseia-se no instrumento lógico do 
sistema e enfoca as relações mútuas entre os diversos componentes da 
dinâmica e dos fluxos de energia e matéria do ambiente. (TRICART, 1977. p.32). 
 
De acordo com Guerra e Marçal, na obra Geomorfologia Ambiental (2006, 
p.113), 
 
Tricart (1977) discute a importância da Geomorfologia no 
estudo integrado e na organização da paisagem, 
enfatizando que a ótica dinâmica deve ser relevante em 
sua abordagem e define três grandes tipos de situações: 
os meios estáveis, os meios intermediários e os meios 
instáveis. Para o autor, a evolução geomorfológica gera 
diferenciações na unidade de relevo que, associadas às 
modificações das sociedades humanas, constroem 
unidades de paisagem territorialmente bem marcadas. 
 
Assim, como podemos perceber, os compartimentos geomorfológicos – 
ou seja, do relevo – têm grande importância no estudo da paisagem. 
Evidentemente, todos os compartimentos, como clima, vegetação, solos e 
hidrografia são igualmente importantes e serão refletidos na composição das 
 
 
12 
unidades de paisagem. Entretanto, o nosso enfoque será dado ao aspecto 
geomorfológico da paisagem, por meio do qual estudaremos como a 
Geomorfologia pode contribuir para as pesquisas ambientais. 
 
Agora, confira no material on-line o vídeo do professor Thiago Fogaça 
sobre este assunto. 
 
TEMA 5 – OS ESTUDOS DE GEOMORFOLOGIA NO BRASIL 
Além da influência davisiana, a Geomorfologia no Brasil foi permeada pelas 
concepções dos geógrafos franceses Emmanuel de Martonne (1973-1955) e 
Pierre Monbeig (1908-1987). Influenciado por esses pesquisadores, o geógrafo 
brasileiro Aziz NacibAb’Saber (1924-2012), considerado um dos pioneiros nos 
estudos da Geomorfologia, em 1958, apresentou na Universidade de São Paulo 
(USP) sua tese de doutorado, intitulada Geomorfologia do sítio urbano de São 
Paulo, a qual é um importante marco teórico para Geomorfologia brasileira. 
O Congresso da União Geográfica Internacional (UGI), realizado no Rio de 
Janeiro em 1956, também foi um acontecimento importante para a Geografia 
nacional e mundial, pois seus participantes tiveram a oportunidade de conhecer 
as pesquisas que estavam sendo desenvolvidas no mundo nessa época. Para a 
Geomorfologia, esse evento representou a intensificação dos questionamentos 
sobre a interpretação da origem dos materiais depositados em vertentes, 
relacionados à Paleogeomorfologia. 
Na década de 1960, acentuou-se o uso da teoria geral dos sistemas nos estudos 
geomorfológicos e, na década de 1970, os geomorfólogos passaram a estudar 
o equilíbrio dinâmico do relevo, por meio da sistematização de dados geográficos 
em ambientes computacionais, o que permitiu a introdução de uma maior 
quantidade de dados numéricos para a compreensão dos sistemas 
geomorfológicos. 
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2009), 
diversos foram os geógrafos que se dedicaram aos estudos de Geomorfologia 
no Brasil, auxiliando no desenvolvimento de seus conceitos e teorias: 
 
 
13 
Pela importância de seus trabalhos e pelo papel que desempenharam na 
formação de grande número de pesquisadores, citem-se nomes como os de Aziz 
Ab’Saber, Victor Leinz, Fernando Flávio Marques de Almeida, Rui Osório de 
Freitas, Amélia Alba Nogueira Moreira, Getúlio Vargas Barbosa, Teresa Cardoso 
da Silva, Maria Regina Mousinho de Meis, Olga Cruz, Antônio Christofoletti, 
Antônio Teixeira Guerra, Alfredo José Porto Domingues, Celeste Rodrigues 
Maio, João José Bigarella, DieterMuehe e Margarida Penteado, entre outros 
(IBGE, 2009. p.23). 
O desenvolvimento tecnológico no período pós-Segunda Guerra Mundial 
também foi um importante aliado dos geomorfólogos, pois por meio do 
aperfeiçoamento da fotogrametria e do desenvolvimento do sensoriamento 
remoto foi possível identificar e mapear as unidades de relevo. Nesse sentido, a 
Cartografia Geomorfológica passou a ser uma ferramenta essencial para a 
espacialização dos fenômenos geomorfológicos, pois tornou possível aos 
geógrafos a representação da gênese dos relevos, das estruturas e dos 
processos envolvidos. 
Desde a década de 1970, por meio de pesquisas em Cartografia, sensoriamento 
remoto e com o Projeto Radambrasil, os geógrafos puderam ter acesso a 
diversas bases de dados geográficos, que possibilitaram aprofundamento dos 
estudos geomorfológicos. Assim, o Projeto Radam Brasil representou um grande 
avanço técnico nesse período, visto que iniciou o levantamento de dados 
geográficos, primeiramente na região amazônica e depois em todo o território 
nacional. Considerando a extensão do território brasileiro, esse projeto também 
representou um importante marco no levantamento de dados ambientais, que 
passaram a ser mapeados de forma sistemática. 
 
Na sequência, o professor Thiago Fogaça continuará falando sobre 
Geomorfologia. Não deixe de acompanhar no material on-line. 
 
 
 
 
 
14 
SÍNTESE 
Chegamos ao fim de mais um encontro desta disciplina. Como você viu o seu 
desenvolvimento até aqui? Vale lembrar que sempre ao término de algum 
estudo, é de grande valia fazer uma sintetização, e caso tenha ficado dúvidas 
em alguma parte, nunca hesite em retomar o conteúdo, afinal é deste modo que 
você se tornará um expert no assunto! Vamos lá a uma rápida sintetização do 
que foi visto até aqui?! 
Hoje estudamos algumas diferentes perspectivas do conceitode paisagem, e 
agora você deve estar se perguntando até que ponto o conceito de paisagem 
pode interferir numa análise empírica (prática) de uma determinada paisagem? 
Quando inserimos os casos de eventos de deslizamento para refletirmos, nos 
dois casos haviam populações nos arredores das áreas afetadas, nós geógrafos 
dizemos que quando uma população se encontra numa área de risco de 
acontecer algum evento extremo ela está vulnerável, e essa visão atual veio a 
partir das discussões do conceito de paisagem do século XIX (assunto que será 
tratado na próxima aula). 
 
Veja o resumo de tudo que foi abordado nesta aula, na síntese elaborada pelo 
professor Thiago! Disponível no material on-line. 
 
REFERÊNCIAS 
BERTALANFFY, L. von. Teoria geral dos sistemas. Petrópolis: Vozes, 1973. 
SCHIER, R. A. Trajetórias do conceito de paisagem na geografia. Revista RA’E 
GA: O Espaço Geográfico em Análise, Curitiba, n. 7, p. 79-85, 2003. 
MENDONÇA, F. A. Dualidade e dicotomia na Geografia moderna. Revista RA’E 
GA: O Espaço Geográfico em Análise, Curitiba, n. 2, p. 153-165, 1998a. 
_____. Geografia e meio ambiente. São Paulo: Contexto, 1998b. 
SOTCHAVA, V. B. Por uma teoria de classificação de geossistemas de vida 
terrestre. São Paulo: Igeo/USP, 1978. 
 
 
15 
FROLOVA, Marina. A paisagem dos geógrafos russos: evolução do olhar 
geográfico entre os séculos XIX e XX. RA’E GA. UFPR: Curitiba, 2007. 
INPE. Carta imagem da Região serrana do Rio de Janeiro – RJ. 2011. Disponível 
em: http://www.inpe.br/noticias/arquivos/imagens/deslizamentonovafriburgo.jpg. 
Acesso em 12 jan. 2016. 
MOURA, Carlos. Catástrofe climática ocorrida na Região Serrana do Rio de 
Janeiro em 12/01/2011. Instituto de Pesquisas Espaciais. 2011. Disponível em: 
 http://www.cptec.inpe.br/~rupload/arquivo/120111.pdf. Acesso em: 12 jan. 
2016. 
G1. Após deslizamento de terra, rodovia de Santa Bárbara é bloqueada. 
Disponível em: http://g1.globo.com/sp/piracicaba-regiao/noticia/2016/01/apos-
deslizamento-de-terra-rodovia-de-santa-barbara-d-oeste-e-bloqueada.html. 
Acesso em: 05 jan. 2016. 
PENNAFORT, R. DANTAS, P. SPIGLIATTI, S. Número de mortos no Estado do 
Rio chega a 510; há 13 mil fora de casa. Estadão. Disponível em: 
http://brasil.estadao.com.br/noticias/rio-de-janeiro,numero-de-mortos-no-
estado-do-rio-chega-a-510-ha-13-mil-fora-de-casa,666087. Acesso em: 14 jan. 
2016. 
UHLMANN, Günter Wilhelm. Teoria Geral dos Sistemas: Do atomismo ao 
sistemismo. Instituto Siegen. São Paulo, 2002. Disponível em: 
http://www.institutosiegen.com.br/documentos/Teoria_Geral_dos_Sistemas.pdf
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